ANO 2 - Nº 7 - JULHO/AGOSTO - 2005 REVISTA BRASILEIRA DE TECNOLOGIA CAFEEIRA FUNDAÇÃO PROCAFÉ CONVÊNIO MAPA/FUNPROCAFÉ/UFLA ANO 2 - Nº 7 - JULHO/AGOSTO - 2005 Neste número: REPORTAGEM - Dias de campo, com bons resultados - Agrônomos poetas COMO VAI VOCÊ 03 11 13 PESQUISANDO Capa: Vista aérea dos campos e sede da Fazenda Experimental de Varginha (MAPA/Fundação PROCAFÉ). - Novo tipo de poda, por decote, em cafezais adensados - Desenvolvimento de raízes de cafeeiros enxertados - Evolução na resistência à ferrugem do cafeeiro no Timor Leste - Ocorrência de mancha-aureolada em cafeeiros na região leste de MG - Efeito da face de exposição do cafeeiro na produtividade e na qualidade dos frutos - Ataque severo de leprose do cafeeiro no sul de minas - Observações sobre a produtividade de novas variedades de café na Zona da Mata - Variações de teores foliares de macro e micro nutrientes em cafeeiros - Estudo de épocas de aplicação do inseticida thiamethoxan (Actara 250WG) - Observações sobre o suprimento de potássio em lavouras cafeeiras 14 15 17 18 19 20 20 21 23 24 NOTA DO EDITOR Dois dias-de-campo e um curso de atualização em cafeicultura deram a tônica nesse período. Foi a época adequada para mostrar, com a produção dos cafeeiros, os resultados dos experimentos executados no último ano agrícola. A divulgação da tecnologia cafeeira é um dos nossos principais objetivos. Tanto assim, que a programação de difusão terá continuidade, com a realização do 31º Congresso Brasileiro de Pesquisas Cafeeiras, na última semana de outubro, em Guarapari ES. A Revista Coffea se sente orgulhosa por fazer parte desse conjunto de ações/veículos de difusão. Nossos leitores tem enviado muitas mensagens de aprovação, dando retorno e motivando o nosso trabalho, que é feito com a maior dedicação. RESPONDE 26 RECOMENDANDO - Colheita, preparo e qualidade do café - O que fazer na pré-florada do cafeeiro - Como lidar com a ferrugem tardia 27 29 30 RESUMINDO - Dois trabalhos de pesquisa cafeeira 32 PANORAMA - Notícias da produção cafeeira 33 ANÁLISE - Avanços tecnológicos da pesquisa cafeeira nos últimos anos - No papel, tudo certo 35 40 ENTREVISTA - Rubinho: O professor de café 41 PRODUTOS E EQUIPAMENTOS - Novo grupo inseticida para controle do bicho-mineiro - Trator adequado para otimizar a colheita mecanizada do café 44 44 CARTA AO CAFEICULTOR QUEREMOS CONTINUAR TRABALHANDO Nesse número deixamos de nos dirigir aos cafeicultores, para escrever uma carta aberta ao Sr. Ministro da Agricultura - Engenheiro Agrônomo Roberto Rodrigues. Vossa Excelência é nosso colega de profissão, assim, pelo estudo e pela vasta experiência que acumulou conhece muito bem o agronegócio e a cafeicultura. Também conhece o trabalho de desenvolvimento e difusão de tecnologia cafeeira que vimos fazendo, desde a época do ex-IBC. Muitos participantes da nossa Equipe Técnica são seus colegas de turma e de Faculdade, portanto são conhecidos velhos e acompanham a sua carreira brilhante, que honra a nossa classe. Precisamos de sua ajuda. Sabemos que os orçamentos do MAPA vem sendo reduzidos, mas precisamos de um apoio mínimo, para continuarmos nosso trabalho. A SPAE e o DECAF estão de posse do projeto que encaminhamos para custeio de atividades da Fazenda Experimental de Varginha. Ajude-nos nobre colega. MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO Secretário de Produção e Agroenergia: Lineu Carlos da Costa Lima. Chefe do Departamento de Café: Vilmondes Olegário da Silva Secretário da SARC: Márcio A. Portocarrero Delegado da DFA/MG: João Vicente Diniz Fundação Procafé Presidente da Fundação Procafé: José Edgard Pinto Paiva UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS Reitor da UFLA: Antônio Nazareno Guimarães Mendes REVISTA DE TECNOLOGIA CAFEEIRA Ano 2: nº 7 julho-agosto/2005. Conselho Editorial: José Braz Matiello (Editor Executivo); Rubens José Guimarães (Coordenador UFLA); Saulo Roque de Almeida, Leonardo Bíscaro Japiassú, José Marcos Angélico Mendonça e Antônio Wander Rafael Garcia - MAPA/Fundação Procafé e Carlos Henrique Siqueira de Carvalho - Embrapa Café. Programação Visual e Impressão: Gráfica Editora Bom Pastor. Composição: Rosiana de Oliveira Pederiva e Antônio Eustáquio Miguel Tiragem: 1500 exemplares. Endereços: Alameda do Café, 1000 - Bairro Jardim Andere 37026-400 - Varginha/MG 35. 3214-1411 [email protected] e Av. Rodrigues Alves, 129 - 6º andar - Centro 20081-250 - Rio de Janeiro/RJ 21. 2233-8593 [email protected] É permitida a reprodução, desde que citada a fonte e autores. www.fundacaoprocafe.com.br REPORTAGEM 03 DIAS DE CAMPO, COM BONS RESULTADOS Nos dias 1 e 2 de julho foram realizados, na Fazenda Experimental da Fundação Procafé, em Varginha, Sul de Minas, dois dias-de-campo sobre tecnologias para a lavoura cafeeira. Como nos anos anteriores, obteve-se sucesso, reunindo, em cada dia mais de 600 participantes, técnicos, produtores e lideranças do setor, que observaram e discutiram, com os Técnicos da Pesquisa do PROCAFÉ, vários resultados obtidos dos experimentos de campo. Essa metodologia de dia-de-campo faz parte da programação anual da Fundação, servindo como uma forma de difusão dos últimos avanços obtidos. Neste ano, dois dias seguidos deram chance para mais participantes, comprovando que existe grande interesse do produtor e de Técnicos da Assistência para obter informações para a melhoria do seu trabalho junto à cafeicultura. repassados ao seu público-alvo, o produtor de café, diretamente ou através da rede de assistência. Assim pensa e sempre pensou a Equipe do PROCAFÉ, desde muitos anos atrás, quando se dispunha, para esse trabalho, de toda estrutura, no ex-IBC. Agora, com mais esforço e dificuldades, contando, por isso, com a colaboração de Empresas ligadas ao setor, não é diferente. Nossa satisfação não é pesquisar por pesquisar. É, sim, ver os resultados desse trabalho serem aplicados no dia-a-dia da lavoura cafeeira. Mostrar para provar O processo de difusão de tecnologia, baseada nos dias-de-campo, favorece o entendimento e a fixação da informação pelo produtor, através da observação dos resultados Difundir sempre no campo. Neste ano foram organizadas 8 estações de De nada adianta pesquisar, publicar campo, 5 com resultados do PROCAFÉ e 3 de trabalhos científicos, produzir resultados, se os Empresas de insumos, sendo: uso da mesmos não venham a ser difundidos, biotecnologia na propagação de cafeeiros; poda e 04 condução safra-zero; novas variedades resistentes à ferrugem; novo sistema de pulverização; e interação entre espaçamentos e irrigação de cafeeiros. Nas estações das Empresas foram mostradas as técnicas de controle de pragas e doenças dos programas Bayer, Basf e Syngenta. O roteiro, em cada dia, começou com os grupos, de 50 pessoas cada, percorrendo o roteiro das estações da Fazenda, entre 8:30 e 12:30 horas. Logo a seguir, como de costume, veio o não menos esperado congraçamento dos participantes, em um almoço patrocinado pelas colaboradoras, sem faltar “aquele” leitão a pururuca e o churrasco de costela. Complemento para lembrar Neste ano foi introduzido um instrumento auxiliar de divulgação, um boletim com todos os detalhes e os dados sobre as pesquisas que foram mostradas nos dias-de-campo. Para aqueles que não puderam estar presentes e com vistas a ampliar a difusão, vamos registrar, em seguida, as 5 matérias constantes no boletim distribuído. PRODUÇÃO DE MUDAS CLONAIS DE CAFÉ O desenvolvimento de novas variedades de café é um processo longo, que pode consumir até 30 anos de trabalho. Isto acontece, porque as plantas em melhoramento devem ser submetidas a vários ciclos de seleção para que as REPORTAGEM características de interesse agronômico possam ser fixadas, permitindo a produção de plantas uniformes através de sementes. Uma outra maneira mais rápida de desenvolver variedades de café é através da seleção de plantas matrizes. Neste método a seleção das plantas com as características de interesse pode ser feita em apenas oito anos. As plantas matrizes selecionadas são usadas para a produção de mudas clonais através de uma técnica chamada de propagação vegetativa ou propagação via embriogênese somática. Esta técnica consiste na formação de mudas de café em laboratório a partir de folhas. São as chamadas mudas clonais. Uma única folha pode dar origem a mais de 20.000 mudas de café. As mudas clonais têm exatamente as mesmas características da planta matriz, possibilitando a formação de lavouras bastante uniformes. Lavouras de mudas clonais já foram plantadas na Costa Rica para a propagação massal de híbridos e em alguns países africanos, demonstrando que é possível formar excelentes lavouras de café usando-se a embriogênese somática. A Fundação Procafé selecionou 10 plantas matrizes com alta produtividade, boa qualidade de semente e resistência ao bicho-mineiro e à ferrugem. Ao final deste ano, 10.000 mudas destas plantas serão plantadas experimentalmente em várias regiões cafeeiras. Esta é uma técnica nova para a propagação de café arábica, mas devido à possibilidade de multiplicar rapidamente plantas híbridas ou plantas que apresentam características especiais, acreditamos que em poucos anos a propagação clonal de café será bastante utilizada para o plantio de café. Nesta estação será explicado como as mudas clonais são produzidas em laboratório e será mostrado um experimento em que se compara o crescimento, o sistema radicular e a produção de plantas produzidas de mudas clonais e plantas produzidas por sementes. Abaixo, na Tabela 1, é apresentada a produtividade e a qualidade das sementes das plantas matrizes selecionadas pela Fundação Procafé. Todas as plantas selecionadas são resistentes ao bicho-mineiro e à ferrugem. Um esquema da produção de mudas clonais REPORTAGEM 05 de café via embriogênese somática é colocados em uma “batedeira” que promove mostrado na Figura 1. separação dos frutos. Assim, tem-se a lavoura esqueletada e a colheita parcialmente realizada, Tabela 1 - Produção de frutos e qualidade de restando apenas um repasse para a retirada dos semente das plantas matrizes com resistência frutos localizados na porção dos plagiotrópicos ao bicho-mineiro e à ferrugem. próxima ao tronco e a varrição. No primeiro ano agrícola após a poda, o cafeeiro apenas vegeta, Produção Planta Chocho Chato Moca Concha caracterizando o sistema, pois não existe a litros/planta (%) (%) (%) (%) Matriz produção de frutos. Justifica-se a adoção de 2003 2004 Média 1 9 8 8,5 3 92,6 7,1 0,3 práticas de manejo para que nesse período, esse 2 14 5 9,5 3 84,2 13,8 2,0 crescimento seja pleno (adubações equilibradas, 3 17 13 15 2 72,7 26,8 0,6 desbrotas, manejo de pragas e doenças e 4 8 7 7,5 5 91,8 7,3 0,9 controle do mato). 5 11 9 10 7 82,6 16,7 0,7 No ano agrícola seguinte, após esse 6 11 10 10,5 1 90,8 8,9 0,3 período de crescimento de ramos novos, o 7 12 10 11 5 88,9 11,1 0,0 8 10 11 10,5 5 87,5 9,6 2,9 cafeeiro reinicia sua fase reprodutiva, quando 9 12 14 13 8 87,2 9,9 2,9 será realizada, novamente, a poda e colheita 10 8 11 9,5 14 74,1 20,7 5,1 simultânea entre os meses de maio-setembro. PRODUÇÃO DE MUDAS CLONAIS DE CAFÉ FOLHA DA PLANTA MATRIZ SEGMENTOS DE FOLHA CALOS EMBRIONÁRIOS EMBRIÕES DIFERENCIADOS BIOREATOR SIMPLES PLÂNTULA GERMINADA DO EMBRIÃO MUDAS DE CAFÉ CLONADAS Fonte: Teixeira et al. (2005) Figura 01 SISTEMA SAFRA ZERO Características, Resultados de Pesquisa e Considerações Gerais 1. Características do Sistema Esse sistema de manejo de lavouras foi aperfeiçoado na Fazenda Mangará, situada da cidade de Ouro Fino, Minas Gerais. Trata-se de uma seqüência de operações com duração de dois anos, iniciada com o esqueletamento dos ramos do cafeeiro ainda com os frutos, que são 2. Pesquisas em andamento na Fazenda Experimental de Varginha - Primeira safra 2.1 - Diferentes níveis de adubação nitrogenada para lavouras de café porte alto em Sistema Safra Zero Este trabalho tem como objetivo determinar qual o efeito de diferentes doses de adubo nitrogenado na desenvolvimento do cafeeiro e, conseqüentemente, qual o acréscimo em produção obtido, após dois anos da realização da poda e colheita simultânea. O ensaio foi instalado em lavoura de café Mundo Novo Acaiá 474/19, com espaçamento de 3,0 x 1,0m e a poda foi realizada em setembro de 2003. Após a poda, foram aplicados os tratamentos. Na Tabela 1, estão listados as combinações de adubações nitrogenadas testadas e as respectivas produtividades. Tabela 1 - Produtividades obtidas em função de diferentes doses de adubação nitrogenada em cafeeiro porte alto no Sistema Safra Zero. Varginha, 2005. Tratamentos Safra Alta Safra Zero 0 0 0 200 0 400 200 0 200 200 200 400 400 0 400 200 400 400 Produtividade (sc/ha) 82,0 92,0 81,1 78,6 87,4 90,7 88,7 82,8 86,6 REPORTAGEM 06 Para a determinação da produtividade nas parcelas, foi realizada uma colheita parcial, coletando-se frutos nas quatro primeiras plantas, devido a 70% dos frutos estarem ainda verdes. Com base nos dados de produtividades apresentados na tabela acima, podemos observar que: - Nesse primeiro ciclo, não foram observados ganhos significativos para os diferentes níveis de adubação nitrogenada aplicados; - O material vegetativo oriundo da poda (ramos e folhas) foi retornado à lavoura, servindo como complemento nutricional; - Anterior a implantação do experimento, os níveis nutricionais foram adequados, em torno de 300kg de N/ha/ano; - É provável que nos próximos ciclos ocorram respostas significativas para a adição de doses de nitrogênio. 2.2 - Efeitos de diferentes produtos para controle de pragas e doenças no desenvolvimento do cafeeiro em Sistema Safra Zero Produtos 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Testemunha (Triadimenol + Dissulfoton) + Aldicarb Aldicarb (Triadimenol + Dissulfoton) Triadimenol (Cyproconazole + Thiametoxan) + Thiametoxan (Cyproconazole + Thiametoxan) Thiametox Cyproconazole Para a determinação da produtividade nas parcelas, foi realizada uma colheita parcial, coletando-se frutos nas três primeiras plantas, devido a 70% dos frutos estarem ainda verdes. Com base nos dados de produtividades apresentados na tabela acima, podemos observar que: - Os diferentes produtos aplicados não propiciaram ganhos significativo nas produtividades levantadas; - Levantamentos amostrais do sistema radicular demonstraram maior quantidade de raízes finas (até 3 mm de diâmetro) nas plantas que receberam tratamento com Triadimenol + Dissulfoton. - Pelo estado vegetativo atual, é provável que nos próximos anos, ocorram ganhos na produção para alguns tratamentos. Tem-se observado, em vários trabalhos realizados pela Fundação Procafé e também por outras instituições de pesquisas, que alguns produtos utilizados para o controle de pragas e doenças do cafeeiro, aplicados no solo, promovem, também, um certo efeito tônico nas plantas. Assim, o objetivo desse trabalho foi avaliar a influência desses produtos no crescimento do cafeeiro e sua contribuição na produtividade. O ensaio foi instalado em lavoura de café Catuaí Vermelho 144, com espaçamento de 4,0 x 1,0m e a poda foi realizada em setembro de 2003. A adubação foi fixa para todos os tratamentos. Após a poda, foram aplicados os tratamentos. Na Tabela 2, estão listados os produtos e dosagens testadas e as respectivas produtividades. Tabela 2 - Produtividades obtidas em função de diferentes produtos aplicados em lavoura de café Catuaí Vermelho 144 no Sistema Safra Zero. Varginha, 2005. Dosagem (kg ou L p.c./ha) ----50 (nov) + 25 (fev) 25 (fev) 50 (nov) 3 (nov) - 600L água/ha 30 (nov) + 25 (fev) 30 (nov) 25 (fev) 3 (nov) - 600 L água/ha Produtividade (sc/ha) 38,2 44,2 43,0 39,4 38,3 42,3 42,5 43,8 41,6 2.3 - Diferentes ciclos de podas em cafeeiro porte alto e porte baixo para o Sistema Safra Zero Os ensaios foram instalados em lavoura de café Mundo Novo 376/4, com espaçamento de 4,0 x 1,0m e em lavoura de Catuaí Vermelho, com espaçamento de 3,8 x 0,8m. A poda foi realizada em setembro de 2003. O objetivo maior desses trabalhos é determinar qual o melhor intervalo para se realizar a poda, após a implantação do Sistema Safra Zero em lavoura de café porte alto e porte baixo. Nesses ensaios, a colheita será realizada a cada dois anos, no Sistema de Safra Zero, a cada três anos (duas safras) e a cada quatro anos (três safras), comparados com o sistema tradicional, com e sem decote. REPORTAGEM 07 A poda foi realizada em setembro de 2003. Em 2004, a lavoura vegetou e em 2005, está com a primeira safra. Nos anos seguintes, serão avaliadas as produções dos outros tipos de manejo de poda, nos tratamentos com poda após três e quatro anos da implantação do ensaio. Na Tabela 3, estão listados os tratamentos que foram colhidos e as respectivas produtividades obtidas. Tabela 3 - Produtividades obtidas em função de diferentes tipos de podas em lavoura de Mundo Novo e Catuaí Vermelho no Sistema Safra Zero. Varginha, 2005. Tratamentos 1 Testemunha sem poda 2 Safra Zero a cada 2 anos 3 Decote Mundo Novo Catuaí Vermelho (sc/ha) (sc/ha) 89,3 69,3 50,5 81,1 39,1 55,9 desequilíbrios ecológicos provocados pela ação dos fungicidas. A partir da década de 1970 muitos pesquisas foram realizadas para se chegar às novas cultivares tolerantes à ferrugem do cafeeiro. Inicialmente com Catimores, depois com Icatus e Sarchimores e, nos últimos anos, com novos materiais híbridos lançados, destacando-se o Catucai, o Acauã, o IBC-Palma 2 e o Sabiá tardio. O uso de novas variedades tem crescido nos últimos anos em complementação aos plantios das susceptíveis Catuai e Mundo Novo. Buscam-se aprimorar os novos materiais genéticos, pois, além de resistência é preciso que eles tenham: boa produtividade, vigor, boa qualidade dos frutos (tamanho, bebida, grãos chatos, baixo chochos e conchas); maturação adequada, e porte baixo nas plantas, para facilidade da colheita e dos tratos. É necessário, ainda, superar o aparecimento de novas raças do fungo causador da ferrugem. Deste modo, os trabalhos do MAPA e Fundação Procafé vem tendo continuidade para, cada vez mais, aperfeiçoar ou melhorar as linhagens resistentes, com a seleção progressiva dos melhores plantas em gerações avançadas. Para a determinação da produtividade nas parcelas, foi realizada uma colheita parcial, coletando-se frutos nas três primeiras plantas, devido a 70% dos frutos estarem ainda verdes. Com base nos dados de produtividades apresentados na tabela acima, podemos observar que: 2) Trabalho demonstrado - o uso de podas reduziu a produção do segundo ano para os dois cultivares testados; No ensaio 112 MG 3-29, que aqui - M u n d o N o v o r e s p o n d e u m e l h o r a o apresentamos, estão sendo testadas 31 esqueletamento e decote; progênies de plantas selecionadas que se destacaram em ensaios anteriores. São seleções Considerações Gerais dentro do Catucai, e outros, conforme listagem da tabela 1. A adoção do Sistema Safra Zero proposto Os materiais que vem se destacando nesse depende de análise criteriosa que envolve: ensaio, pela sua uniformidade e boas características são: - Estande Catucai Amarelo: 24/137; 20/15 cv 479; 2 SL; cv - Sanidade do sistema radicular 612 e cvs 01 e 04. - Histórico nutricional Catucai Vermelho: 36/6; 20/15; 24/137. - Cultivar Outros Materiais: Palma II; Sabiá cova 398; - Altura de corte, entre outras. Acauã; HK 29/74 e Bem te vi. No trabalho geral de melhoramento do MAPA - Fundação Procafé estamos procurando, VARIEDADES DE CAFÉ COM também, produzir variedades com resistência RESISTÊNCIA À FERRUGEM múltipla, já estando disponíveis: O Catucai Amarelo: linhgens 2 SL e 20/15 c. 1) Objetivos 479, para Phoma e ferrugem. O Acauã: para ferrugem, nematóide M. exígua As variedades de café com resistência à e para áreas mais secas, com alto vigor. ferrugem são importantes para reduzir os gastos O Catucai 785/15: para ferrugem, para o com o controle químico e, também, minimizar os nematóide M.exígua e para regiões frias e REPORTAGEM 08 maturação atrasada. O IBC - Palma 2: para plantios mais adensados e para a ferrugem. O Siriema: clones que serão distribuídos, para resistência à ferrugem, bicho mineiro e alto vigor. Tabela 1: Competição de linhagens de café resistentes à ferrugem Plantio: 19/12/2002, e espaçamento 3,50 x 1,00m, blocos ao acaso, 5 repetições e 4 pl./parcela. ESPAÇAMENTO X IRRIGAÇÃO Item 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 Catucai Amarelo - fava grande - cv 612 (MG 3-23) Catucai Amarelo - 2 SL cv 479 cvs 335 e 757 (MG 3-19) Catucai Amarelo - 24/137 cv 388 (MG 3-25) Catucai Amarelo - 20/15 cv 479 cv 527 (MG 3-25) Catucai Amarelo - 3 S M cv 559 (MG 3-25) Catucai Amarelo - Sitio Matiello - fundo ensaio 113 (MG 3-26) Catucai Amarelo - cvs 01 e 04 - S. S. P. Catucai Amarelo - 6/30 (SSP - A.C. 1 planta) Catucai Amarelo - fava graúda – cv 806 Bord. Inf. MG 3-25 Catucai Vermelho - 19/8 cv 380 (MG 3-25) Catucai Vermelho - 785/15 cv 670 (MG 3-25) Catucai Vermelho - 24/137 cv 235 (MG 3-25) Catucai Vermelho - 36/6 cv 365 (fundo MG 3-22) Catucai Vermelho - Tolerante à Xylella -SSP cv 70 (MG 3-22) Catucai Vermelho - 20/15 cv 476 cv 626 (MG 3-25) Acaiá x Catimor - cv 398 cv 649 (MG 3-25) Acaiá x Catimor - cv 708 cv 214 cv 263 (MG 3-25) Acaiá x Catimor - cv 417 cv 2/10 SSP Palma I - cv 324 (MG - 3-25) Palma II - cv 181 (MG - 3-25) Eparrey x Sarchimor - cv 633 (MG 3-25) Sarchimor Amarelo - cv 418 (MG 3-25) Palma II - (fava graúda – Fazenda São João - Varjão de Minas) Obatã - SSP . J.C.G Acauã - cv 363 cv 375 (MG 3-22) HK 29/74 cv 557 (MG 3-13) ES 58 cv 128 (MG 3-25) Catucai Vermelho - 36/6 cv 470 cv 126 (MG 3-22) IAC 74 x Catimor - Amarelo cv 622 (Bord. Inf. MG 3-13) IAC 74 x Catimor - Vermelho cv 614 (Bord. Inf. MG 3 -13) IAC 66/69 - Catuai Amarelo (SSP) IAC 62 - Catuai Amarelo H 419-10-6-2-5-1 (Paraíso - item 10) - Canteiro de Cima H 419-10-6-2-9-1 item 11 - Canteiro de Cima IAC 144 - Catuai Vermelho - Canteiro de Cima H 419-10-6-2-10-1 item 12 - Canteiro de Cima SUPLEMENTAR 1. Justitificativa A região cafeeira do Sul de Minas vem apresentando déficits hídricos em alguns períodos, nesses últimos anos. Resultados do ensaio de irrigação em cafeeiros adultos, realizado na Fazenda Experimental de Varginha mostraram que o suprimento de água (por aspersão) em três ciclos, compreendendo molhações sempre que o déficit hídrico caia abaixo de 100mm, nos períodos de fevereiro a maio e agosto a outubro, aumentando em 78% a produtividade. Na formação do cafeeiro, o suprimento de água é importante para acelerar o desenvolvimento das plantas que assim podem REPORTAGEM 09 chegar na primeira safra com melhor potencial produtivo. A exigência em água pelo cafeeiro está ligado ao número de plantas por área, determinada pelos espaçamentos. Estamos conduzindo um ensaio para verificar a interação de espaçamentos (na rua e na linha) com a irrigação, cujo projeto, tratamentos e resultados na primeira safra estão apresentados em seguida. - Catucaí Amarelo 6/30 8. Avaliação - Produção 9. Resultados Produção na primeira safra em cafeeiros sob diferentes espaçamentos e com ou sem irrigação. Varginha-MG, 2005. 2. Título do projeto EFEITO DA IRRIGAÇÃO SUPLEMENTAR POR GOTEJAMENTO NA FORMAÇÃO DO CAFEEIRO - RESULTADOS DA 1ª SAFRA. 3. Tratamentos - 2 espaçamentos na rua 1,9m e 3,8m. - 3 espaçamentos na linha 0,5; 0,75 e 1,0m. - Com irrigação - Sem irrigação Sacas beneficiadas / ha Espaçamento Com irrigação 98,76 99,34 96,17 98,09 45,44 54,29 57,18 52,30 0,5 0,75 1,0 média 0,5 0,75 1,0 média 1,9 3,8 Sem irrigação 88,37 94,72 88,37 90,09 44,18 47,36 42,89 44,81 10. Conclusões preliminares 4. Delineamento - Blocos ao acaso: Parcelas de 6m de linha - Verificou-se superioridade para o sistema adensado com acréscimo de 45 sacas/ha sobre (bordadura dupla) e 4 repetições. o renque aberto. As distâncias na linha resultaram em produções 5. Irrigação semelhantes nessa primeira safra com ligeira - Por gotejo: gotejadores cada 0,75 cm, superioridade para 0,75m. autocompensante. - Não houve, ainda, interação entre espaçamento x irrigação. Critério: Quando o déficit chegar a 100mm, a Como o ano de 2004 teve boa distribuição de partir de agosto até julho, irriga-se colocando 75% chuvas, o acréscimo de produtividade pela da ETO. irrigação foi pequeno, sendo de cerca de 8 sacas/ha no adensado e cerca de 7 sacas no 6. Plantio renque aberto. - Em Janeiro de 2003. NOVO SISTEMA DE PULVERIZAÇÃO 7. Variedade: 200 150 100 50 0 -50 jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez -100 -150 -200 -250 -300 Ano Típico 2002 2004 Balanço Hídrico Ano típico, 2002, 2004 e 2005. Varginha - MG, 2005. 2005 REPORTAGEM 10 SOBRE A COPA DE CAFEEIROS (OVERHEAD), EM DESENVOLVIMENTO 1) Objetivos: por posição b) Vantagens Atinge áreas maiores diâmetro 12-15m, 2 pulverizando 150m por vez. Atinge topo das plantas e se redistribui Baixa deriva. Não atinge o aplicador. Trabalha com baixa pressão. O objetivo principal de qualquer sistema de aplicação de defensivos na lavoura cafeeira deve ser o de atingir, com a maior cobertura possível, as plantas ou partes dela que se deseja tratar. A planta, portanto é o ALVO e o sistema de aplicação o MEIO para se levar os c) Situações de Uso Acoplado a bomba comum e rede fixa. defensivos. Acoplado a pulverizador de mangueira. Acoplado a barra lateral do trator. 2) Sistemas de Aplicação Na cafeicultura dispõe-se, atualmente, de 2 vias de aplicação de defensivos, via pulverização (líquida) ou via solo. Dentro de cada via temos os sistemas ou tipos de equipamentos usados assim: a) Via pulverização ( na parte aérea ) - Pulverizador costal manual ou motorizado. - Pulverizador com mangueiras. - Turbo atomizador - Pulverizador de barras (pouco usado) - Canhão atomizador b) Via Solo - Formulações sólidas - Matraca - Granuladeira - Via líquida 3)Cuidados necessários d) Regulagem de Vazão Através da cor do bico (diâmetro) Através do tempo (1 a 2 minutos) por posição. e) Área Molhada Aproximadamente 150 m2 / posição f) Resultados de Deposição Ensaio: Tratamento 1: - Aplicação de oxicl. de cobre - Vazão do HOBBER 860 l/ha. - Tempo por posição = 1,5 minuto Tratamento 2: - Pulverizador costal manual 400 l/ha. Tratamento 3: - Testemunha Os principais cuidados na aplicação de Análise de cobre metálico na folhagem defensivos são os seguintes: Promover uma boa cobertura da área que se quer atingir (folhagem, solo e etc) Promover boa proteção das plantas (pelo efeito protetivo, curativo, contato, sistêmico etc) Minimizar efeitos sobre o ambiente e sobre o operador. 4) Sistema novo a)Características Elemento de baixa vazão e pressão, usado para irrigação (HOBBER) Aplicação por cima (over-head). Vazão 500 a 1000 l/ha operando 1 1,5 minuto ppm de cobre Terço superior Terço médio Terço inferior Média HOBBER 84 70 55 69,0 Costal Manual 43 110 75 76,0 Testemunha 36 37 33 35,3 Tratamentos Verificou-se que o HOBBER depositou mais cobre no terço superior e o costal manual nos terços médios e inferiores. Na média das 3 posições não houve diferença significativa entre os 2 tipos de aplicadores. REPORTAGEM Quando alguém diz que um Técnico, um Engenheiro Agrônomo, é poeta, significa, normalmente que o profissional é muito teórico, tem idéias pouco aplicáveis, está longe da realidade. Não é esse o caso de nossos dois Agrônomos, aqui focalizados, os colegas Ferroni e Leonildo, ex-Técnicos do IBC, o primeiro atualmente no MAPA e o segundo atuando como consultor. Trata-se de escritores e poetas verdadeiros, nas horas vagas, escrevendo por prazer. Curioso é constatar que ambos já trabalharam no IBC no Escritório em Três Pontas, talvez tomando a água e os mesmos ares do grande poeta Milton Nascimento, também do lugar. Mas, para não ficarmos nós só na teoria, vamos ao que interessa, os 2 trabalhos de poesia ligados à vida rural e ao café, criados pelos nossos colegas poetas. 11 c o n h e c e a inclinação no c o m e ç o d a amançação: O animal calmo e sossegado, dá mais certo no cabeçalho, boi ligeiro, d e s pa c h a d o , n a guia fica bão. O sangue do animal é importante no resultado, boi zebu é amuado, gabiru é afrontado, prá dar conta do recado, meio sangue é o indicado, a cruza do gado sempre dá bom resultado prá quem quer boi ensinado. O nome também influi, tem que ser bem estudado; Soberano é sempre bravo, Roxinho é bem mandado, Piano é um nome imponente, mas não serve prá boi da frente, devido à cacofonia, na hora de chamar a guia, o carreiro vai gritando, CARRO DE BOI Por João Batista Ferroni “fasta fulano e vem Piano”. A parelha é normal na cruza do animal, tem boiada que segue os nomes com a mesma inicial, “O carro de boi lá vai mas tem gente que prefere a trova no final. A cor Gemendo no estradão de uma boiada, quando bem combinada, pode ser Com suas rodas fazendo retinta, jaguanesa ou malhada, prá quem gosta Profundas marcas no chão enche a vista, parece coisa de revista. Vai levantando poeira Carrear tem ciência, tem que ter Poeira vermelha experiência, não pode ter preguiça. Carro de boi Poeira não enguiça, às vezes fica atolado, se for Poeira do meu sertão”. Estes versos da música POEIRA, de autoria de Luiz Bonan e Serafim Colombo Gomes, trazem muitas recordações para quem conviveu no meio rural há tempos que não se vão tão longe. Recordações das boiadas de carro, que a passo lento transportaram o progresso da região. Recordações do vocabulário próprio empregado na lida de carrear e, que hoje poucos sabem o significado: Quem lida com a criação, REPORTAGEM 12 amarrado por algum Tio sabido, na baixada, na subida, até mesmo na areia, para ser desencravado, tem que por emendado, no mínimo mais três parelhas. Muitos carros a cantar, formam uma cantoria, dá prazer ao carreiro e enche de alegria. Virar o carro é rabear, não se fala manobrar, carro cheio é tordado e grande é inteirado. Boi de coice e boi de guia é boi certo de lugar, encosta, endereita, fasta e arruma, só falta mesmo falar. Boi do meio, pé-do-coice e pé-daguia, só dá certo em seu lugar. Boi pesado é retaco, é gordo que até rola, boi bonito é pachola e pequeno é miúdo, carro de boi não tem cabeça, mas tem carro cabeçudo. O carreiro é o comandante, na boiada é quem manda, grita ôa o carro pára, fala bamo o carro anda. Candeeiro é o ajudante, um menino geralmente, bem mandado e diligente. Carreiro não é afobado, mas não chega atrasado, de cima do cabeçalho vai falando compassado, e a boiada pega a toada. O nome do arreamento é o assunto do momento, prá falar bem a verdade, com toda sinceridade, o carreiro sabe de cor desde a sua mocidade, na sua simplicidade, fala com exatidão do cambão ao cadião. O primeiro é o tamoeiro, de correia trabalhado, é cochado e esticado, prá ficar bem laceado. A canga vem depois, é a metade dos bois, vai ligando os companheiros cada junta dois a dois. A sôgra laça os chifres, e se a boiada for erada, certamente é argolada e a junta ajoujada. A brocha prende o pescoço por baixo da barbela, é ligada ao canzil pelas duas pontas dela. A tiradeira é de madeira, emparelhada ou roliça, se a madeira for de lei o carreiro tem mais cobiça. O rodeiro não é inteiro, tem cambota e mião, pela relha e o argolão é feita a união. A roda tem duas ocas em forma de bilocas, na beirada é presa a chapa, por dezenas de agulhas com formato de um pino nem tão grosso, nem tão fino. O eixo tem cantadeira vizinha da desbrugadeira, quanto mais for degolado mais o canto é oitavado. A chedra tem duas pernas, cada uma tem seis furos, cada furo um fueiro, no três quartos e no inteiro. O cocão e os chumaços é como se fossem dois braços que prendem a cantadeira e pelo atrito da madeira faz o giro da rodeira. A esteira é de bambu ou taquara trabalhada, vai em cima da mesa contornando a beirada. Ainda tem o gato, duas garras é seu formato, também tem a mecha onde o eixo é encavado, o azeiteiro na trazeira, traz o carro engraxado. O cabeçalho é peça mestra que liga a junta do coice, o descanso é o pigarro e pela orelha segura o carro. Ainda falta a chaveia, não é uma nem é meia, uma vai na tiradeira, outra perto da oreia. Por falar em carro de boi, eu também já fui carreiro há tempo que já se foi. Iniciei-me como candeeiro, com sete anos ou mais, depois de três anos inteiros, com a ordem de meus pais, tive por companheiro, meu irmão derradeiro. Carro de boi eu nunca fiz, no ofício sou aprendiz, mas com ajuda de um mestre, se for preciso eu faço, a vida ensinou-me usar esquadro, régua e compasso. CAFÉ Por Leonildo C. de Oliveira A nova semente semeada germina, Com a condição adequada combina, Desaparece para gerar a vida, À luz, a plantinha é oferecida, Como por encanto, da terra emerge, O olhar do homem para ela converge, A Felicidade envolve seu rosto, E se dedica aos cuidados com gosto, Para o campo, a muda é levada, Com os devidos cuidados é plantada, Antes porém, elabora-se o projeto, Para executar de modo correto, Logo depois, acontece o “pegamento” E inicia-se o seu desenvolvimento, Plantinha tenra que ama a mãe-terra, Quem lhe devota carinho não erra, Assemelha-se a uma criança, Que desperta nos amigos esperança; Formar um bom cafezal é necessário, E com ele despontar seu empresário, Perseguindo não só produtividade, Mas acima de tudo lucratividade; Café planta econômica centenária, A história mostra-a hereditária. Finalmente, vai aqui uma constatação e um convite: A poesia alimenta os sentimentos, a nossa alma e o café ativa nossa sabedoria. Por isso, a cultura, a arte e também todo o trabalho sempre vão melhor com um saboroso cafezinho. Va m o s t o m á - l o sempre. COMO VAI VOCÊ 13 A VELHA GUARDA DO CAFÉ DE CARATINGA Vai muito tempo desde que dois jovens começaram sua vida com a lavoura cafeeira na Zona da Mata Mineira, lá “no Caratinga”. Sérgio Stevanato chegou para trabalhar na DACAF em 1971, vindo do Serviço de Fotointerpretação do IBC/GECA, onde começou em 1968. Joaquim Eure Pereira já era velho de casa, pois começou no IBC em Caratinga, em 1957. Sérgio é Engenheiro Agrônomo por Piracicaba (1966) e Joaquim Eure por Viçosa (1954). Stevanato se dedicou mais à assistência técnica, sendo responsável pela coordenação da Equipe de Assistência Técnica da DACAF, na época com mais de 20 Engenheiros Agrônomos e 50 Técnicos Agrícolas, sediados em 10 Escritórios de Assistência. Foi também o chefe geral da DACAF de Caratinga, responsável pela execução do Plano de Renovação de Cafezais do IBC, que transformou a cafeicultura na Zona da Mata de Minas, na época produzindo com baixíssima produtividade, de 3-5 sacas/ha e com praticamente todo o café bebida RioZona, para a hoje moderna cafeicultura de Montanha, com cafezais produtivos e com a melhor qualidade, ganhando inúmeros concursos do setor. A Equipe fez a produção subir de 300-500 mil sacas por ano no início da década de 1970, para 4-5 milhões na década de 1990. Joaquim Eure, mesmo depois de muito tempo de formado, em 1978, teve motivação para cursar o mestrado na UFV. Como na ocasião trabalhava na coordenação do Laboratório de solos da Fda. Experimental de Caratinga, fez sua tese estudando os vários tipos de calcário e escórias da região. Foram dele os primeiros trabalhos que mostraram a grande importância do tipo de calcário, das doses e do modo adequado de calagem, nos cafezais em solos húmicos. Mineiro típico, bem caipira no modo de falar e de pitar o seu cigarro de palha, enfatizava que era preferível fazer calagem do que adubar, e estava com razão, pois a correção liberava nutrientes da matéria orgânica naqueles solos. Como o tempo passa, chegou a época em que nossos colegas se aposentaram. Joaquim Eure em 1989 e Sérgio em 2000. Então Eure passou a se dedicar à sua propriedade de café e Sérgio, esse continuou na mesma luta. Passou a trabalhar na Cooperativa, a dar assistência como Consultor, a fazer pesquisas de novos produtos, e, atualmente, é diretor da Cooperativa de Crédito de Caratinga. Os dois, para nossa alegria, estão bem e felizes, com saúde e com muitos amigos. É isso que eles merecem, com os nossos votos de que continuem comandando por longo tempo, em Caratinga e em toda Zona da Mata, a velha-guarda dos Técnicos do ex-IBC, pois lá em Caratinga também estão nossos “velhos” colegas: Astórico, Anselmo Edmar, Rogério, Air, Ladinho, Romeu e Geraldo. Aquele abraço a todos. PESQUISANDO 14 NOVO TIPO DE PODA, POR DECOTE, EM CAFÉZAIS ADENSADOS. J. B. Matiello - Eng. Agr. MAPA/PROCAFÉ e S. M. Mendonça e A. S. Amaral Eng. Agr. e A. S. Louback e S. Leite Filho Téc. Agr. CEPEC/Heringer. Foram estudados 3 tipos de decote (total, alternado e por apreciação), comparados à recepa, em cafezal adensado em Martins Soares-MG, em 2 ensaios (2x0,7 e 2x0,5m), com as podas executadas em 2002, sobre lavouras plantadas em 1993. Foram avaliados, até o momento, resultados de 2 safras pós poda, permitindo conclusões preliminares. Verificou-se que o decote resultou em bons níveis de produtividade iniciais, superando a testemunha, principalmente no decote alternado ou naquele por apreciação. A recepa reduziu muito a produção inicial e o esqueletamento se situou com produtividade intermediária. (linha sim , linha não), total e por apreciação (só das plantas com topo estragado); alem da recepa baixa padrão, e do esqueletamento (só no ensaio 2), mais a testemunha, sem poda. Foram avaliados os dados de produção das 2 primeiras safras pós-poda (2003-2004), para uma análise preliminar. Lavouras de café adensadas são a base para competição na cafeicultura de montanha, devido à impossibilidade de mecanização nessas áreas. Elas tem sua produtividade aumentada, tem controle de mato facilitado e tem custo de produção mais baixo. As dificuldades ocorrem com o fechamento excessivo e alongamento das plantas, dificultando a colheita. As opções de manejo de lavouras adensadas se dão através de podas, sendo mais comum a poda de recepa baixa, por lotes. No presente trabalho vem sendo estudada a possibilidade de uso de um outro tipo de poda, um decote, em cafeeiros fechados, o que não é uma prática indicada, até então, pois as plantas já perderam a saia. Com esse tipo de poda objetiva-se renovar a parte superior da planta, onde a produção se concentra, sem abrir a lavoura, o que causaria problemas por reinfestação de mato, necessidade de muita desbrota, retirada de madeira etc. Estão em andamentos 2 ensaios no CEPEC Heringer, em Martins Soares-MG, em 2 lavouras, ambas de Catuai, plantadas em 1993, com poda efetuada em set/2002. No 1º ensaio o lote está no espaçamento 2 x 0,7m e no 2 º em 2 x 0,5m. Os ensaios estão em blocos ao acaso, com 25 plantas/ parcela, sendo colhidas as 15 centrais. Foram testados o decote, em 3 opções, alternado Resultados e Conclusões Preliminares Nos quadro 1 e 2 estão incluídos os dados médios das 2 primeiras safras pós-poda, nos 2 ensaios. Verifica-se que a recepa, conforme esperado, perdeu nas produções iniciais. Quanto ao decote foram obtidos bons níveis de produtividade, superando a testemunha, principalmente no decote alternado e naquele por apreciação. O esqueletamento se comportou de forma intermediária. Esta análise preliminar mostra que o decote parece ser viável, pois mantém a produção, e, ao mesmo tempo, reduz a altura das plantas, facilitando a colheita, alem de não deixar o produtor sem safra. Nas modalidades por apreciação ou em linhas alternadas renova-se a copa dos cafeeiros gradativamente. Os ensaio vão continuar por mais 1 ciclo, com repetição de podas conforme programado. PESQUISANDO 15 Quadro 1. Produção de café (scs/ha) em lavoura adensada 2 x 0,7m sob diferentes tipos de poda Martins SoaresMG, 2004. Tratamentos Recepa total Decote total Decote alternado Decote por apreciação Testemunha 2003 7,0 35,6 33,7 48,1 Produção (scs./ha) 2004 Média 38,5 19,3 83,0 45,0 74,4 55,0 81,5 57,6 61,5 54,8 Quadro 2. Produção de café (scs./ha) em lavoura adensada 2 x 0,5m sob diferentes tipos de poda Martins Soares MG, 2004 Tratamentos Recepa total Decote total Decote alternado Esqueletamento Testemunha Produção (scs./ha) 2003 2004 6,6 0,9 48,7 0,1 63,5 0 51,3 1,7 60,8 Média 3,3 24,8 31,8 25,7 31,3 DESENVOLVIMENTO DE RAÍZES DE CAFEEIROS (Coffea arabica L.) ENXERTADOS E CONDUZIDOS EM AUSÊNCIA DE NEMATÓIDES. AL Oliveira, e-mail [email protected] Doutorando em Fitotecnia - UFLA; RJ Guimarães, e-mail: [email protected] , Prof. Dr. DAG/UFLA;: RS Guimarães - Graduando em Agronomia; AM Carvalho - Graduando em Agronomia. A técnica de enxertia em café, apesar de ainda ser pouca utilizada no Brasil, vem crescendo e adquirindo uma importância maior na produção comercial de mudas de café. Em São Paulo, por exemplo, a técnica tem sido utilizada com maior freqüência, visando diminuir as perdas ocasionadas por nematóides. No entanto, se as plantas enxertadas também apresentarem um melhor desenvolvimento de sistema radicular em comparação as plantas em pé franco quando cultivadas em solos isentos de nematóides, poderá esta técnica ser uma importante ferramenta a contribuir para o aumento da produtividade do cafeeiro. O trabalho teve como objetivo avaliar o comprimento e a massa seca de raízes de diferentes cultivares de cafeeiro, enxertadas ou não, e conduzidas em diferentes níveis de reposição de água na fase de implantação da lavoura, na ausência de nematóides. O experimento foi conduzido em casa de vegetação no setor de Cafeicultura do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras, no período maio a setembro de 2002. O delineamento estatístico utilizado foi em blocos casualizados, em esquema fatorial 4 x 2 x 5, envolvendo quatro cultivares: Acaiá Cerrado MG-1474, Icatu Amarelo IAC-3282, IAPAR-59 e Rubi MG-1192, dois tipos de mudas pé-franco e enxertadas e cinco níveis de reposição de água (40%, 60%, 80%, 100% e 120% da evapotranspiração) com intervalos entre as irrigações de dois dias. Foram utilizadas 3 repetições com 3 plantas por parcela. O plantio foi realizado com mudas entre 5 a 6 pares de folhas em vasos de volume 10 litros, contendo 8,0 litros de terra corrigido de acordo com a 5o aproximação para plantio em campo. As características avaliadas foram: comprimento de raízes (cm) e massa seca das raízes (g). O comprimento das raízes foi avaliado a partir do inicio da raíz até o ponta da raiz mais comprida; a massa seca das raízes foi determinada em estufa a 65oC até peso constante. Resultados e discussão: Verifica-se que quanto ao comprimento de raízes (Tabela 1), as plantas enxertadas, com exceção da cultivar Icatu Amarelo IAC-3282, apresentaram maior PESQUISANDO 16 comprimento de raízes em comparação as mesmas cultivares quando em pé franco. Podendo ser esta uma característica importante deste porta-enxerto a ser melhor avaliado e explorado como forma de aprofundar no solo o sistema radicular das plantas de cafeeiro. Visualiza-se na Figura 1 que o comprimento de raízes foi crescente até o nível de 100% de reposição de água. Quanto a massa seca de raízes, verificou-se valores maiores nas plantas em péfranco em todos os níveis de irrigação, sendo esta superioridade crescente em favor dos tratamentos com maiores níveis de reposição de água. Demonstrando que em condições favoráveis, as planta em pé-franco desenvolvem mais que as plantas enxertadas. Tipos de mudas Enxertadas Pé-franco Acaiá Cerrado MG-1474 37,1 a 33,4 b Conclui-se que o porta-enxerto Apoatã IAC-2258 apresentou maior comprimento de raízes em comparação aos sistemas radiculares de Coffea arabica quando em péfranco. As cultivares de Coffea arabica em pé-franco apresentaram maior massa seca de raízes que as mesmas cultivares quando enxertadas. O comprimento e a massa seca de raízes foram crescentes até o nível de 100% de reposição de água. Tabela 1 - Valores médios do comprimento de raízes de quatro cultivares de cafeeiros Coffea arabica provenientes de mudas em pé-franco e enxertadas aos sete meses após o plantio. IAPAR 59 Icatu Amarelo IAC-3282 37,8 a 37,2 a 37,2 a 33,6 b Rubi MG 1192 38,4 a 35,3 b Médias seguidas de mesma letra minúscula nas colunas não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Scott-Knott. Figura 1 - Valores médios da massa seca de raízes de três plantas no desdobramento irrigação, dentro de cada nível de tipo de muda e níveis de irrigação aos sete após o plantio. 65 60 55 50 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 40 Y= - 2,3214 x2 + 27,319 x – 18,2 r2 = 96,0 % Pé-franco Y= - 0,00402 x2 - 1,087 x – 33,4 r2 = 95,4 % Enxertadas 60 80 Níveis de reposição de água (%) Pé-franco 100 120 Enxertadas Figura 2 - Valores médios do comprimento (cm) de raízes de plantas de cafeeiros Coffea arabica provenientes de mudas com e sem enxertia em cinco níveis de reposição água aos sete meses após o plantio. Comp. raizes (cm) 45 42,1 42,3 40 36,4 35 33,2 30 27,2 25 40 60 80 100 Níveis de reposição de água (%) 120 PESQUISANDO 17 EVOLUÇÃO NA RESISTÊNCIA À FERRUGEM DO CAFEEIRO NO HÍBRIDO DE TIMOR, NO TIMOR LESTE. J.B.Matiello e S.R.Almeida - Eng. Agr. MAPA/PROCAFE e C.M.Barbosa Téc. Agr. Projeto PNUD - ABC/Gov. Timor. O Híbrido de Timor constituí um material genético de elevado interesse no programa de melhoramento visando resistência à ferrugem, tendo sido utilizado em inúmeros cruzamentos para incorpo ar essa resistência em linhagens comerciais, tendo como principal exemplo os Catimores e os Sarchimores, os Cavimores, Canários e etc. O Híbrido de Timor surgiu no país-ilha do mesmo nome, atualmente Timor Leste, sendo observado por volta de r1960, como resultado do cruzamento natural entre C. arábica e C. canephora. O material possui os fatores de resistência SH6SH6 e outros até SH9, e até pouco tempo, apresentava resistência a todos as raças fisiológicas de H. vastratrix. O Híbrido de Timor vem sendo cultivado extensivamente no Timor Leste, desde sua descoberta, ocupando, atualmente, cerca de 30 mil há no Timor Leste. No presente trabalho procurou-se avaliar o nível de resistência nos cafezais de H. Timor, em campo no Timor Leste, visando conhecer, por semelhança, o que poderia acontecer na evolução da resistência do material dele oriundo, no Brasil. Em duas visitas realizadas por Técnicos-Consultores do Projeto PNUDABC (Ministério das Relações Exteriores do Brasil), em colaboração com o Ministério da Agricultura do Timor Leste e, em seguida, através da permanência de um técnico do mesmo projeto, por 1 ano, naquele país, passou-se a conhecer, visitar lavouras e acompanhar as pragas e doenças nos cafezais. Mediante esse projeto, efetuou-se um trabalho para avaliar o nível de resistência do H. Timor, para tanto analisando os cafezais em 4 regiões (Gleno, Ermera, Lete-Foho e Maubara). Para amostragem foram tomadas áreas representativas em 10 lavouras, de cada uma, tomando-se uma área uniforme, com 200 plantas, avaliando-se as 20 plantas centrais. As avaliações foram feitas no período de julho a setembro/2003. Os cafeeiros foram classificados em 3 categorias: Susceptíveis, quando apresentavam alta infecção; tolerantes, quando apresentavam poucas folhas e pustulas nas plantas; imunes, quando não se observava nenhuma infecção nas plantas. Resultados e Conclusões: No Quadro 1 estão discriminadas as localidades e a percentagem de plantas encontradas nas 3 categorias de resistência. Verifica-se que houve variação de tolerância na faixa 15-42% das plantas, com média de 24,8% delas e a condição de plantas imunes variou de 7 a 32% das plantas com média de 14,2%. Esses resultados mostram que o nível de resistência do H. Timor, em sua origem, já se mostra bastante baixo, o que pode estar relacionado à variabilidade natural das plantas ou à presença de novas raças de ferrugem, quebrando a resistência. Tem-se notícia que em alguns países cafeeiros, novas raças tem fatores de virulência que superam a resistência do H. Timor. No Brasil, uma raça já supera o material de H. Timor com SH6. Por outro lado, a presença de plantas ainda imunes, pode resultar, após seleção, em material importante no processo de melhoramento. PESQUISANDO 18 Quadro 1 - Nível de resistência à ferrugem em cafeeiros H. Timor, em 10 cafezais representativos do Timor Leste, 2003. Áreas e Localização Pontos - Lat/Long. 08° 38’01 S 125° 22’59 E 08° 40’57 S 125° 22’23 E 08° 42’06 S 125° 24’45 E 08° 45’39 S 125° 25’52 E 08° 44’28 S 125° 26’03 E 08° 33’00 S 125° 22’59 E 08° 49’00 S 125° 26’04 E 08° 48’11 S 125° 25’47 E 08° 47’16 S 125° 26’14 E 08° 45’16 S 125° 25’19 E Média Altitude (m) Susceptíveis % de Cafeeiros Tolerantes Imunes 969 63 15 22 991 58 25 17 942 65 24 11 1081 45 42 13 829 70 18 12 1012 68 25 7 1266 45 23 32 1173 57 33 10 1162 65 28 7 920 74 15 11 - 61 24,8 14,2 OCORRÊNCIA DE MANCHA-AUREOLADA EM CAFEEIROS NA REGIÃO LESTE DE MINAS GERAIS. J.B.Matiello e S.R.Almeida - Eng. Agr. MAPA/PROCAFE e J.L.Freitas - Eng. Agr. Bayer. A mancha aureolada, causada pela bactéria Pseudomas seryngae pv. garcae, é uma doença do cafeeiro relacionada a ambiente frio e úmido, facilitada nas áreas batidas por ventos, cuja ação sobre as folhas abre ferimentos por onde a bactéria penetra. Nessas condições climáticas, a doença é comum, tais como nas regiões cafeeiras situadas mais ao sul, no Paraná, São Paulo, no Sul de Minas Gerais e Triângulo Mineiro. Na presente nota é relatada, pela primeira vez, a ocorrência de mancha aureolada em região cafeeira mais ao norte, na Zona da Mata de Minas Gerais. O ataque foi observado no município de Caratinga, ano agrícola de 2002, período frio-chuvoso, em julho, em lavoura situada em altitude elevada, a cerca de 1000m. A doença foi observada, inicialmente através dos sintomas em folhas, com lesões típicas nas margens e com ramos novos, cujas plantas apresentavam grave seca de ponteiros. A bactéria foi isolada desse material. O objetivo dessa nota é alertar técnicos e produtores sobre o potencial de ataque dessa nova doença, presente em importante região cafeeira, visando a adoção de medidas de proteção, manejo e controle, devendo-se, a partir de então, considerar que a Pseudomonas pode estar associada ao ataque de outras doenças como a Phoma e Ascochyta, com sintomas parecidos. PESQUISANDO 19 EFEITO DA FACE DE EXPOSIÇÃO DO CAFEEIRO NA PRODUTIVIDADE E NA QUALIDADE DOS FRUTOS NA REGIÃO DE PIRAPORA - MG J. B. Matiello - Eng. Agr. MAPA-PROCAFÉ e W. J. Silva, E. C. Aguiar Filho e R. A. Araújo - Agropecuária São Tomé. O efeito da face de exposição da linha de cafeeiros, causando escaldadura nas folhas e superbrotamento de ramos terciários é relatada em trabalhos publicados, mostrando que a face dos cafeeiros voltada para o sol da tarde sempre permanece mais amarelada . Com o desenvolvimento de lavouras de café de variedades arábica em regiões de temperatura média mais elevada, como em Pirapora-MG, a 520m de altitude, com tª média anual de 24,5ºC, tem-se observado o efeito pronunciado da insolação, dando origem a tratos especiais, como o maior uso de adubos nitrogenados e foliares com cúpricos. Na presente nota relata-se observações sobre o comportamento de cafeeiros, quanto à produção e ao efeito de face de exposição no rendimento e tipo de grãos de café produzidos. Na safra 2004 foram avaliados cafeeiros em linhas no sentido Leste-Oeste, tomando-se dados em 10 cafeeiros ao acaso, com colheita de ambos os lados da linha, batidos pelo sol da tarde e da manhã, na Fdª São Tomé, em Pirapora. Os cafeeiros eram da variedade catuaí, com 2,5 anos de idade. Nos frutos colhidos avaliou-se a quantidade (volume), a maturação, o rendimento e a presença de grãos moca, concha e normais. Quanto à quantidade produzida, verificou-se que da média de 11,5 l de frutos por planta 7 litros foram produzidos do lado do sol da manhã e 4,5 l do lado do sol da tarde. Quanto à maturação, na época da colheita, em junho, os frutos do lado do poente se encontravam com 76% entre maduros, passas e secos e nos do lado do nascente essa porcentagem era de apenas 45%. Quanto ao rendimento côco seco/beneficiado não se verificou diferença, ambos os lados com cerca de 50% de rendimento. Sobre a presença de grãos anormais, mocas e conchas, verificou-se que a porcentagem de conchas foi semelhante nos 2 lados da linha, com 16% desses grãos em média. Já a ocorrência de mocas foi superior em 20% na face batida pelo sol da tarde. Em média o percentual de mocas eqüivaleu a 13% do total de grãos. Ambos defeitos apareceram em maior escala do que normalmente ocorre em regiões mais frias, indicando que se observam dificuldades de fecundação, que não chegam, entretanto, a níveis danosos. O rendimento normal (50%) é prova da fecundação adequada. Verificou-se, como não é comum, a presença de grãos concha mesmo dentre os grãos moca. As observações efetuadas permitiram concluir que a face mais batida pelo sol prejudica bastante (46%) a produção de frutos. Nessa face a maturação é adiantada e ocorre maior percentagem de grãos moca. Essa observação e a ocorrência de um maior percentual de moca e concha evidencia pequenos problemas de fecundação em região mais quente, sem, entretanto, prejudicar o rendimento no beneficiamento (relação côco/beneficiado), que se mostra normal. Os plantios direcionados ou arborizados, quando possível, e maiores cuidados na irrigação, na pré e pósflorada, podem reduzir esses pequenos problemas de frutificação. PESQUISANDO 20 ATAQUE SEVERO DE LEPROSE DO CAFEEIRO NO SUL DE MINAS E PROVÁVEL INTERAÇÃO EM VARIEDADES RESISTENTES À FERRUGEM. J. B. Matiello e S. R. Almeida - Eng. Agr. MAPA-PROCAFÉ. A leprose do cafeeiro é causada pelo virus da mancha anular, atacando folhas, ramos e frutos, causando desfolhas e chochamento em frutos mais verdes. Os novos sintomas e a gravidade do ataque passaram a estar relacionados, a partir de 1994, quando foi observada com prejuízos, na região do Alto-Paranaíba-MG, com regiões mais secas, quentes e com desequilíbrio para o acaro vetor Brevipalpus phoenicus. Nos últimos anos a doença vem se expandindo, atingindo outras regiões cefeeiras, com surtos na zona da mata de Minas e, nesse ano agrícola ela ocorreu com gravidade também no Sul de Minas, especialmente nas áreas mais próximas à bacia de Furnas, em altitudes mais baixas. Mesmo na Fdª Experimental de Varginha, a cerca de 1000m de altitude, muitos lotes de cafeeiros foram afetados severamente pela Leprose, com desfolhas e estimativas de perdas significativas na produtividade para o próximo ano, fazendo com que já se passe a pensar no controle sistematático da doença na região. Uma observação nova diz respeito à ocorrência grave de leprose em certos materiais genéticos resistentes à ferrugem. Em um lote desses cafeeiros resistentes, as folhas se mantiveram com alto nº de lesões, fazendo crer que pode haver uma interrelação entre a permanência de folhas nas plantas e a severidade do ataque. Nesta condição, a desfolha provocada por ferrugem seria um fator de redução da fonte de virus para disseminação pelo vetor. Estudos devem ser feitos no sentido de elucidar essa hipótese. OBSERVAÇÕES SOBRE A PRODUTIVIDADE DE NOVAS VARIEDADES DE CAFÉ NA ZONA DA MATA DE MINAS GERAIS. J.B.Matiello e S. R. Almeida Eng. Agr. MAPA/PROCAFE, S.M. Mendonça e A.Amaral Eng. Agr. e S.L.Filho e A.Louback Tecs. Agrs. CEPEC-Heringer. O objetivo do presente trabalho foi observar os níveis de produtividade em 3 campos de observação e de multiplicação de semente, o primeiro com 4 variedades, o segundo com 3 variedades e o terceiro com 5 variedades, instalados no CEPEC e nas Fazendas Heringer em Martins Soares MG, a 740 m de altitude, em solo LVAh. Foram plantadas 200 covas de cada um dos 7 materiais. O campo 1 foi plantado, em novembro/1994, no espaçamento de 1,75 x 0,75m, o campo 2 em novembro/1998, no espaçamento 2x1m e o campo 3 em novembro/1997, no espac. 1,75 x 0,75m. Os tratos culturais foram os usuais recomendados na implantação e condução da lavoura, fazendo-se adubação anual de 2500 Kg/ha de fórmula 20-05-20 em 3 parcelamentos. O controle da ferrugem foi feito com o uso de 3 aplicações foliares de oxicl. de cobre (3 Kg/ha/apl) mais zinco e boro. Nos anos de 1997 a 2004 (8 safras) foram computados os dados de produção do campo 1, através da colheita de 30 plantas escolhidas ao acaso no 1o ano e mantida a colheita a cada ano sempre nas mesmas plantas. O mesmo procedimento foi feito nos campos 2 e 3, em 4 e 5 safras. PESQUISANDO 21 Resultados e Conclusões No quadro 1 estão incluídos os resultados de produção de café obtidos nos 3 campos. Verifica-se que Catucaí Amarelo apresentou o melhor nível de produtividade nos dois campos e os demais foram inferiores, dentre estes o Rubi 1192 foi ligeiramente menos produtivo que o padrão Catuaí/44, o mesmo ocorrendo com o Acaiá. Nos campos dois e três teve destaque, também, o Catucaí 785/15. Conclui-se, portanto, que para as condições dos campos, conduzidos por 4, 5 e 8 safras, foi comprovada a alta capacidade produtiva do Catucaí Amarelo, 24/137 e 4/79, confirmando dados de outros ensaios na região. No caso do Rubi 1192 ocorre uma maior susceptibilidade à ferrugem, à semelhança do Acaiá, o que pode estar prejudicando mais sua capacidade produtiva. O Catucaí 785/15, com resistência á ferrugem e ao nematóide M. exigua, vem apresentando bom comportamento na região, sendo indicado para substituir lavouras velhas. O Acauã não vem se adaptando bem ao adensamento por ser uma planta muito compacta e vigorosa. O Catucaiaçu apresenta problemas de falta de vigor a médio prazo. Quadro 1 - Produção média anual, no período 1997-2004, e 2001-2004 e 2000-2004 em campos de observação de variedades de café. Martins Soares - MG - 2004. Variedades A) Campo 1 (8 safras, 1997-2004) Catucaí Amarelo 24/137 Rubi 1192 Acaiá 474-19 Catuaí Vermelho/44 B) Campo 2 (4 safras, 2001-2004) Catucaí Amarelo 4/79 Catucaí Vermelho 785/15 Mundo Novo Arrepiado C) Campo 3 (5 safras, 2000-2004) Catucaí Amarelo 24/137 Catuaí 785 Catuaí IAC 44 Acauã Catucaiaçu Produção anual - Média sacas/ha 76,9 61,5 52,5 62,2 82,5 71,6 45,4 91,4 76,0 68,5 62,2 52,6 VARIAÇÕES DE TEORES FOLIARES DE MACRO E MICRO NUTRIENTES EM CAFEEIROS, NOS ANOS AGRÍCOLAS 2002/03 E 2003/2004, VARGINHAMG. A.E.Miguel e A.W.R.Garcia - Eng.Agr. MAPA/PROCAFÉ; R.A.Ferreira Téc.Agr. MAPA/PROCAFÉ, L.B. Japiassú - Eng. Agr. FUNPROCAFÉ; J.M.A.Mendonça - Eng. Agr. Bolsista PNP&D/Café. A Estação de Avisos Fitossanitários do MAPA/Fundação Procafé, instalada na Fazenda Experimental de Varginha, utiliza, mensalmente, amostras de folhas para avaliações da ocorrência de pragas e doenças, visando PESQUISANDO 22 monitoramento. A partir de 2002 passou, também, a efetuar amostras destinadas à avaliação do estado nutricional das 8 lavouras selecionadas a cada ano. Essas lavouras não recebem controle sistemático de pragas e doenças, mas são submetidas a tratos culturais e nutricionais adequados segundo carga pendente e futura obtendo produções anuais médias próximas a 30 sacas beneficiadas por hectare. Quadro 1 - Teores foliares de macronutrientes (%), média de 8 lavouras. 2002 - 2004. Mês 2002/2003 N P K 2003/2004 Ca Mg N P K Ca Média Mg N P K Ca Mg Out 2,83 0,12 2,41 1,05 0,32 2,93 0,11 2,01 1,06 0,31 2,88 0,12 2,21 1,06 0,32 Nov 3,14 0,15 2,61 0,97 0,32 3,06 0,11 1,18 1,09 0,30 3,10 0,13 1,90 1,03 0,31 Dez 3,08 0,14 2,63 0,87 0,30 2,99 0,13 2,06 0,93 0,27 3,03 0,14 2,35 0,90 0,29 Jan 3,03 0,14 2,65 0,78 0,28 3,29 0,14 1,97 0,98 0,33 3,16 0,14 2,31 0,88 0,31 Fev 3,40 0,14 2,25 1,23 0,41 3,51 0,13 2,01 0,99 0,30 3,46 0,14 2,13 1,11 0,36 Mar 3,51 0,15 1,96 1,58 0,46 3,55 0,14 1,97 1,05 0,31 3,53 0,15 1,97 1,32 0,39 Abr 3,40 0,13 2,07 1,69 0,47 3,56 0,13 1,98 1,06 0,31 3,48 0,13 2,03 1,38 0,39 Mai 3,10 0,12 2,03 1,24 0,35 3,59 0,14 1,94 1,12 0,32 3,35 0,13 1,99 1,18 0,34 Jun 2,98 0,12 1,85 1,23 0,33 3,31 0,13 1,85 1,08 0,32 3,15 0,13 1,85 1,16 0,33 Jul 2,86 0,11 1,67 1,22 0,31 3,33 0,14 2,67 1,22 0,37 3,10 0,13 2,17 1,22 0,34 Ago 2,75 0,11 1,62 1,07 0,29 3,36 0,13 2,54 1,20 0,34 3,06 0,12 2,08 1,14 0,32 Set 2,84 0,11 1,81 1,06 0,30 3,39 0,13 2,42 1,18 0,31 3,12 0,12 2,12 1,12 0,31 MÉDIA 3,20 0,13 2,09 1,12 0,33 Quadro 2. Teores foliares de micronutrientes (ppm), média de 8 lavouras. 2002 2004. Mês Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set 2002/2003 2003/2004 Zn B Cu Zn B Cu Zn 18 13 19 24 21 20 16 19 22 25 23 24 47,0 39,3 44,7 50,1 56,9 64,9 61,0 80,2 74,3 68,4 52,7 44,1 30 24 37 50 34 41 25 17 22 27 26 21 MÉDIA 25 24 28 17 17 14 13 10 13 7 8 10 35,6 33,6 42,5 64,3 59,4 67,5 66,8 75,7 72,5 68,2 70,7 73,3 16 18 24 33 30 27 25 23 34 20 20 20 22 19 24 21 19 16 15 10 18 16 16 17 17 Média B Cu 41,3 36,4 43,6 57,2 58,1 66,2 63,9 77,9 73,4 68,3 61,7 58,7 58,9 23 21 31 42 32 34 25 20 28 24 23 21 27 PESQUISANDO 23 ESTUDO DE ÉPOCAS DE APLICAÇÃO DO INSETICIDA THIAMETHOXAN (ACTARA 250 WG) NO CONTROLE DO BICHO MINEIRO EM CAFEEIROS IRRIGADOS SOB GOTEJO NO OESTE DA BAHIA E SEU EFEITO NA PRODUTIVIDADE 1- Roberto Santinato, 2- José E. Santo, 3- Sérgio Aguiar, 4- Carlos Becker, 5- Edmilson Figueiredo, 6- Carlito R. Bernardes & Vantuir A. Silva Eng° Agr° MAPA-Procafé 2-Eng° Agrº Colaborador-Aiba, 3- Eng° Agr° Agribahia, 4- Eng° Agr° Syngenta, 5- Téc. Agr. AIBA, 6- Téc. Agr. Agronomando CREUPI-FPE- Espírito do Pinhal-SP. Foram estudadas 4 épocas de aplicação do inseticida Thiametoxan (Actara 250 WG), aplicado via gotejamento, no controle do bicho-mineiro, em Luiz Eduardo Magalhães Oeste da Bahia. As doses usadas foram: 1 kg/ha em 2 parcelamentos e 2 kg/ha em uma só aplicação. Como padrão utilizou-se o Temik a 25 kg/ha. Os resultados de ataque (folhas minadas ou com lagartas vivas) e a produção mostraram diferenças significativas, indicando que: o Actara a 2 kg/ha foi altamente eficiente, com melhores resultados nas aplicações de março-abril ou dezembro e março. O aumento de produtividade em relação à testemunha foi de 37 a 48%. O Bicho mineiro (Leucoptera coffella) tem se constituído no principal problema na condução de cafeeiros irrigados na nova região cafeeira do oeste da Bahia, face às temperaturas elevadas e a baixa umidade relativa do ar. Nesta região a utilização de inseticidas granulados via solo é prática normal e de maior eficiência em relação a tratamentos via foliar convencionais para o controle da praga. Com a introdução do inseticida Thiamethoxan, de baixa toxidez em relação aos existentes, procurou-se, neste trabalho, avaliar sua eficiência quando aplicado via liquida, em sistemas de irrigação por gotejo. O ensaio foi instalado na fazenda Agribahia, no município Luiz Eduardo Magalhães BA, em lavoura de café do cultivar Catuaí vermelho IAC 144, aos 3 anos de idade, no espaçamento 3,8m x 0,5m (5333 plantas por ha), solo franco arenoso, 790m de altitude e 1% de declividade, cultivado com irrigação por gotejo auto compensante. O deliamento experimental constou de blocos ao acaso com 4 repetições e parcelas de 20 metros úteis. As avaliaç6es constaram de acompanhamento evolutivo do bicho mineiro, de março a agosto de 2001, com porcentagem de folhas com minas vivas (FMV), ou seja, com larvas vivas. Tratamentos ( produto – dose – mês ) 1 – Testemunha 2 – Actara 1kg/ha Dez e março 3 – Actara 2,0 kg/ha Fevereiro 4 – Actara 2,0 kg/ha março 5 - Actara 2,0 kg/ha abril 6 – Temik 25 kg/ha março Na aplicação do Actara 250WG procedeu-se urna previa diluição antes de introduzir o produto no sistema de gotejamento. O padrão Temik utilizado no ensaio, foi aplicado de forma convencional. Os demais tratos fitossanitarios e culturais foram comuns a todos os tratamentos. Os tratamentos estudados acham-se discriminados no quadro l de resultados cujas avaliações foram procedidas desde, janeiro de 2002, com 100 folhas por vez. No ano 2001 os resultados foram publicados no 27° CBPC com a conclusão de que a dose aplicada de 2 kg/ha de Actara 250 WG mostrou-se eficiente, sendo as épocas de março e abril as mais indicadas, com eficiência de 150 dias. No trabalho presente, igualou-se os tratamentos com doses de 2 kg/ha, aplicados em março e avaliou-se a produção de 2002, esta sob efeito da infestação do ano 2001. Resultados e Conclusão: Quadro 1 - Infestação de BM e produção em cafeeiros sob épocas da aplicação do inseticida Thiametoxan (Actara 250 WG) em cafeeiros irrigados sob gotejo no oeste da Bahia. Avaliação em % real do BM na pré florada (Ago/2001) Folhas Folhas com minadas lagartas vivas 80,0 42,7 c 9,0 3,3 ab 15,0 9,3 ab 1,0 0,9 a 2,9 0,0 a 47,7 14,4 b Produção % (scs/ha) 2002 R% 60 a 89 b 75 b 84 b 82 b 77 b 100 148 125 140 137 128 PESQUISANDO 24 O quadro 1 demonstra a situação da infestação (minas vivas) em agosto de 2001 com 42,7% na testemunha e 14,4% no tratamento com Temik, enquanto os demais tratamentos, exceto o 3, apresentam ainda alto controle destacando-se o Actara com a aplicação em abril. Referente à produção o efeito do ataque do bicho mineiro reduziu de 25 a 48% a produtividade, sendo de 25 a 28% quando a infestação atingiu níveis superiores de 9,3% de minas vivas e 15% de folhas minadas e de 37 a 48% quando inferior a 5% de infestação de minas vivas e 9% de folhas minadas, evidenciando o efeito altamente prejudicial do bicho mineiro na região. Infestação maior no mês de fevereiro pode estar na dependência do alto volume de chuvas do período que possa ter prejudicado a ação do Actara 250 WG. Os resultados permitem concluir que: 1 O Actara mostrou-se altamente eficiente no controle do bicho mineiro via gotejo na dose de 2,0kg/ha, sendo mais eficaz quando aplicado em março-abril ou dezembro e março. 2 A aplicação do Actara resultou em 37 a 48% a mais na produtividade em relação a testemunha. OBSERVAÇÕES SOBRE O SUPRIMENTO DE POTÁSSIO EM LAVOURAS CAFEEIRAS EM DESEQUILÍBRIO NA ZONA DA MATA DE MINAS. J. B. Matiello Eng Agr MAPA/PROCAFÉ e S. M. Mendonça; A. S. Amaral - Eng. Agr. e S. L. Filho e A. S. Louback Téc. Agr. CEPEC Heringer. Foram conduzidos dois ensaios, no CEPEC em Martins Soares, Zona da Mata de Minas, em solo lvah, sobre lavouras cafeeiras adultas, adensadas, onde se testou doses variáveis de K2O. Foram avaliadas as análises de solo e as produções em 1 e 2 safras. Verificou-se que no ensaio, as maiores produtividades estiveram relacionadas ao uso de 70-100% da dose de K2O (160 300 Kg K2O/ha), sendo que nos melhores tratamentos o nível de K se situava entre 3-4% da CTC. No ensaio 2 , onde os teores de K se mantiveram sempre altos (125 240 ppm) a testemunha ficou com o melhor comportamento. Concluiu-se que é preciso critério no uso da adubação potássica, observando-se o nível no solo, pois esse nutriente fica armazenado no solo, podendo haver efeito depressivo com seu uso em desequilíbrio. O potássio vem sendo usado nas adubações em cafeeiros de forma bastante constante, em doses que equilibram esse nutriente com o nitrogênio, citando-se o exemplo das formulas 20-05-20, 25-00-25 etc. Como se conhece, o potássio apresenta um acumulo considerável no solo, inclusive em profundidade, onde existem raízes do cafeeiro para o seu aproveitamento (Carvalho et alli e Matiello et alli, 2003 Anais do 29º CBPC, p. 38 e p. 208). Por isso as indicações corretas de uso de adubos potássicos deve considerar o teor encontrado na análise de solo, sobre o qual existem trabalhos realizados na cafeicultura dos cerrados, mostrando ausência de resposta ao potássio, em até 6 anos consecutivos (Garcia et alli, Anais do 29º CBPC, p. 23, 2003). Para as condições da Zona da Mata de Minas, em solos humicos e em lavouras adensadas, com produtividades altas, o efeito do potássio pode estar relacionado não só ao seu nível como ao seu equilíbrio em relação aos demais, especialmente quanto ao Cálcio e Magnésio. Dois ensaios estão em andamento sobre lavouras de café adensadas, no CEPEC Heringer, em Martins Soares-MG, nos quais se procuram variar doses e fontes de PESQUISANDO 25 K2O. Eles foram instalados sobre lavouras adultas que vinham recebendo as adubações normais NPK. No primeiro ensaio estudou-se, a partir de outubro/2001, 4 níveis de K, sendo 100%, 70%, 40%, 0%, da dose básica combinadas com N e mais a testemunha (sem N e sem K). As doses básicas usadas em 2001/02 e 2002/03 foram 300kg de N e K2O, e em 2003/04, de 400 kg de N e 230 kg de K2O. Nesse ensaio dispõe-se de 2 safras úteis, colhidas em 2003 e 2004. O ensaio foi acompanhado de análises de solo a cada ano. No inicio do ensaio o teor de K era de 105ppm, correspondendo a 2,9% da CTC, o Cálcio era de 1,36 e o Mg 0,35 meq. No 2º ensaio foram estudadas várias fontes de K, porém para efeito deste trabalho tomou-se apenas a fonte KCL, nas dose de 100, 200 e 400kg de K20/ha, mais a testemunha, sem K. Também foram acompanhados os teores no solo. No inicio do ensaio, em 2002, os teores eram K= 143 ppm (3,8% na CTC), Cálcio 2 meq e Mg 0,8 meq. Nesse ensaio dispõe-se de apenas 1 safra útil, em 2004. Ambos os ensaios estão delineados em blocos ao acaso com parcela de 30 plantas, sendo as 10 centrais úteis, com 5 repetições. Resultados e Conclusões Nos quadros 1 e 2 estão dispostos os dados de produção nos 2 ensaios e os teores de K no solo nos anos avaliados. Quadro 1 - Produção de café, em 2 safras, e teores de K no solo em ensaio de redução de K na adubação de cafeeiros Martins Soares - MG, 2004. Produção (scs/ha) Tratamentos 100% da dose de K 70% da dose de K 40% da dose de K 0% da dose de K Testemunha, sem N e K 2003 38,4 27,3 35,2 32,4 36,1 2004 53,7 66,2 44,4 31,9 32,9 Teores de K no solo (ppm) Média 2003 2004 46,0 a 176 180 46,7 a 150 66 33,5 b 72 82 32,1 b 52 29 34,5 b 65 98 CTC do solo= 11 cmolc/cm3 Verificou-se que no ensaio 1 as maiores produções médias estiveram relacionadas ao uso de 70 a 100% da dose de K em relação à dose normal, sendo as demais inferiores. Nos melhores tratamentos o nível de K esteve entre 3-4% da CTC. No ensaio 2 os teores iniciais de K e nos 2 anos seguintes se mantiveram muito altos e bastante desequilibrados em relação ao Ca e Mg. As doses de K aplicadas reduziram a produtividade, ficando a testemunha (com N e sem K) com o melhor comportamento produtivo. Nesse ensaio a relação Ca:Mg:K nos piores tratamentos ficou na média dos 2 anos, em 3:1,2:1, portanto muito estreita, quando o ideal e de cerca de 9:3:1 até 25:5:1. A análise conjunta dos 2 ensaios mostra, até o momento, que: Tratamentos 100 kg de K2O/ha/ano como Kcl 200 kg de K2O/ha/ano como Kcl 400 kg de K2O/ha/ano como Kcl Testemunha, sem K CTC do solo= 11 eq mg Deve-se ter critério no uso da adubação potássica, devido à sua reserva no solo e à necessidade do seu equilíbrio em relação ao Ca e Mg. Em éreas com desequilíbrio há necessidade de correção, prévia ou concomitante, com fontes especificas (solúveis) de Ca e Mg. Efeitos poucos expressivos ou até depressivos na produção podem ocorrer pelo uso inadequado do K. Os níveis de K em torno de 3-4% de saturação do solo parecem ideais, sempre com suficiência e boa relação com as demais bases do solo. Quadro 2 - Produção de café, em 1 safra, e teores de K no solo em ensaio de fontes de K - Martins Soares MG, 2004. Produção (scs/ha) 2004 50,8 b 56,9 b 51,9 b 65,6 a Teores de K no solo (ppm) 2003 2004 198 125 242 210 220 240 70 39 Teores d Ca e Mg, 2004 (cmolc/cm3) Ca Mg 2,0 0,6 2,0 0,7 2,0 0,8 2,0 0,6 26 Consulte pelo E-mail: [email protected] Temos lavouras de café com 6-7 anos de idade, plantadas sob pivô-lepa, em espaçamento 3,8 x 0,5m. Os cafeeiros apresentam vários ramos ladrões (hastes) mais finos. Devemos ou não desbrotar. A-Boaventura - Serranorte - Buritizeiros - MG. Coffea: Sr. Boaventura, Nossas pesquisas e experiências tem mostrado, com clareza e com segurança, que a condução do cafeeiro em renque-aberto, como o sistema usado em suas lavouras, deve ser feita com uma só haste, eliminando, por desbrota, os demais ramos ortotrópicos, conhecidos como ladrões. Com uma só haste o cafeeiro engrossa o tronco, produz ramos laterais mais vigorosos e longos. As plantas ficam menos sujeitas ao tombamento e há maior facilidade para a colheita mecânica e para as pulverizações. Não RESPONDE bastassem todas as vantagens, aqui vão mais duas muito importantes: O cafeeiro com o tronco grosso transloca melhor a água e, principalmente, no ponteiro, sente menos o stress hídrico. Essa condução do cafeeiro leva, também, à melhor produtividade. Portanto, aconselhamos a desbrota, eliminando os ladrões, mesmo aqueles que já estejam com mais de um ano, e que se encontram com haste fina. A operação deve ser realizada, o quanto antes, após o término da colheita, para arejar melhor a planta, facilitando a florada nos ramos da haste principal. Fazendo isso, você pode perder uma pequena parte de produção, que poderia dar nas hastes eliminadas. Mas, você ganha naquela que fica, principalmente a médio e longo prazo. Os ladrões retirados, jogados no meio da rua da lavoura, deverão ser reduzidos a pequenos pedaços, por roçadeira, coincidindo na época do controle das ervas daninhas. RECOMENDANDO 27 COLHEITA, PREPARO E QUALIDADE DO CAFÉ. J. B. Matiello - Engº. Agr°. MAPA/PROCAFÉ e Consultor EMBRAPA-Café. Está na época de colheita do café, quando o produtor espera os resultados - os frutos - do seu trabalho de trato nos cafezais, realizado durante o ano todo. Mas não é tempo de relaxar, ao contrario, deve-se caprichar nesse período, pois a colheita e o preparo mal feitos podem custar caro em 2 sentidos, com gastos excessivos e com perda de qualidade dos cafés. Qualidade depende de 3 fatores A qualidade do café depende, basicamente, de 3 tipos de fatores, ligados às condições do ambiente, da planta e do preparo. No ambiente influem mais a temperatura e a umidade, que favorecem o desenvolvimento de microorganismos e prolongam o período de secagem, o que dá origem às fermentações butíricas, causadoras de bebidas rio/riada. Na planta, a adubação, os tratos e o ataque de doenças influem na formação adequada dos frutos (granação, defeitos, etc) com reflexos no tipo, peneiras, etc.. No preparo, as condições de colheita e processamento do café, na lavagem e secagem, resultam nas principais características de qualidade do produto (aspecto, tipo e bebida). Cuidados na colheita A colheita do café deve ser feita na época e de modo corretos. A época ideal é quando a maioria dos frutos se encontra no estágio cereja, estando a menor parte deles como verdes ou secos. O melhor modo é a colheita no pano ou peneiras, possibilitando o levantamento e o preparo em separado dos cafés do chão (“varrição”). Sendo a colheita responsável por mais de 30% do custo da produção do café e pelo uso de mais de 50% da mão-de-obra, o seu melhor equacionamento é essencial para a cafeicultura. Nesse sentido, alguns procedimentos na lavoura reduzem o custo da colheita, assim: manter a lavoura bem produtiva e, sempre que possível, com o porte mais baixo, através de renovações ou podas na lavoura; introduzir, gradualmente máquinas do tipo mais adequado a cada produtor; buscar novos sistemas de manejo para facilitar a colheita, com plantios super adensados e colheita acoplada à poda (Safra Zero). Outro aspecto a observar é que a colheita tardia além de prejudicar a qualidade (bebida) resulta em ataque mais severo da broca. A adoção de colheita seletiva deve ser bem avaliada quanto à parte econômica. Ela pode ser viável em regiões mais frias, em plantas jovens e para o preparo de cafés especiais. Em áreas com colheita mecânica ela pode ser praticada com 2 - 3 passadas de máquinas. De forma alternativa podese indicar, para essas regiões, o uso de variedades de maturação diferenciada e uniforme. 28 RECOMENDANDO Após a colheita, o café deve ser levado, no mesmo dia, para o lavador/separador, não devendo ficar amontoado na lavoura até o dia seguinte. Cuidados no Preparo Dois sistemas podem ser usados no preparo do café pós-colheita: o normal, por via seca e aquele por via úmida, através do despolpamento ou descascamento, o qual, eliminando a casca, reduz a possibilidade de fermentações indesejáveis, que depreciam a bebida, além de reduzir o volume e, assim, facilita a secagem do café. Em ambos os sistemas o processo deve iniciar pela lavagem/separação, nos lavadores, aí resultando os cafés bóias (secos) e os pesados (cerejas e verdes), sendo, também, eliminadas as impurezas (terra, pedras, etc). A separação dos cafés colhidos por derriça em duas partes, mais uniformes quanto à umidade dos frutos, facilita todo o trabalho posterior de secagem. Ao mesmo tempo, fica em separado o café cereja (junto com o verde) que ainda não sofreu alterações no campo, podendo, se bem tratado, dar origem a cafés de boa qualidade. No processo por via seca (mais usado) os cafés separados devem ir para o terreiro, onde completam a seca ou então para secadores mecânicos. No terreiro os cuidados mais importantes são: esparramar os cafés, no inicio, em camadas finas, que vão engrossando a medida do processo da seca, sempre revirando o café, a cada 1-2 horas, durante o período de sol. Quando no inicio da colheita houver ainda muitos frutos verdes, deve-se trabalhar com camadas mais grossas no terreiro, na 1ª semana, para evitar a formação dos grãos preto-verdes. Para pequenos produtores, com menos recursos, foram desenvolvidas tecnologias mais simples para a secagem, como: uso de lençol plástico, combinado com desinfetantes ou cal, em complementação ao terreiro pavimentado; o terreiro-secador; o revestimento com lama asfáltica e o terreiro suspenso. No preparo por via úmida, a fração de frutos cereja e verdes entra no despolpador ou descascador, para, no cilindro superior, efetuar a separação dos verdes (que irão secar enleirados) e para efetuar a retirada das cascas dos cerejas, separando os grãos em pergaminho. No processo normal de despolpa, os grãos são fermentados e lavados, para retirar a mucilagem, já, no sistema simplificado, chamado de cereja-descascado, os grãos vão direto para a secagem, sem a retirada da mucilagem, ou retirando-a, parcialmente, nos desmuciladores instalados no conjunto descascador. Importância da qualidade A qualidade do café é importante para favorecer a competição e melhorar os preços de venda do produto. Os problemas para a obtenção de cafés de melhor qualidade, podem ser resumidos em: a) Ocorrência de condição climática adversa, que provoca maturação irregular e umidade no período de maturação e colheita; b) Carências da infra-estrutura de preparo (instalações e equipamentos); c) Falta de consciência e conhecimento de parte dos produtores para a qualidade; d) Falta de estímulos muitas vezes com preços não compensadores. No momento há um bom diferencial para cafés de boa qualidade. RECOMENDANDO 29 O QUE FAZER NA PRÉ-FLORADA DO CAFEEIRO S.R.Almeida , A.W.R.Garcia e J.B.Matiello - Eng.º Agros. MAPA/PROCAFÉ Estamos no período de pós-colheita do café, logo a lavoura está se preparando para o florescimento. Essa é uma época seca, onde a planta de café se encontra estressada pela produção e pela colheita, que levam ao maior nível (pique) de desfolha no ciclo. É hora de programar o reinício dos tratos. Primeiramente, deve-se conhecer o nível de nutrientes, ou o estado nutricional do solo, para melhor racionalidade da correção do solo e adubação para o novo ciclo produtivo. Além disso, deve-se decidir sobre a necessidade e os tipos de poda a serem utilizados. Para os que desejam plantar novas lavouras é época, também, de preparo das mudas. Nas áreas com irrigação esta é a época muito importante para suprir ou suplementar a água necessária, de acordo com o balanço hídrico. Deve-se observar, ainda, o nível de pragas no solo, para planejar o controle no início do período chuvoso. Correção do solo No período de pós-colheita, a retirada das amostras de solo e a análise dos resultados vão mostrar qual a necessidade de calcário. Normalmente se indica, em lavouras adultas, ainda abertas, aplicar o calcário em faixas, em menores quantidades. A dose vai depender dos níveis de saturação de Ca e Mg no solo. Deve-se calcular para um índice V de 50-60%, que tem se mostrado o mais adequado. Na escolha do tipo de calcário e também na sua dosagem deve-se considerar, ainda, o equilíbrio entre os níveis de Ca e Mg e destes com o potássio. Adubação Para a adubação mais racional, econômica e equilibrada, deve-se considerar a disponibilidade de nutrientes no solo, os resíduos acumulados em anos anteriores. Isso é válido, principalmente para o P e K e para os micronutrientes Zn, B, Cu e Mn. Além disso é preciso observar as necessidades do cafeeiro, para vegetação e produção. A aplicação de palha de café e outros adubos orgânicos disponíveis na propriedade deve RECOMENDANDO 30 ser feita no período seco, evitando-se chuva sobre esses materiais nos montes. O retorno da palha representa cerca de 50% da retirada com a colheita. A aquisição dos adubos antecipadamente tem levado a melhores condições de preço, sem as correrias na época de pique de entrega pelos fornecedores. Quanto à época de início da adubação, tem havido recomendações para uma adubação mais cedo, entretanto os dados experimentais tem mostrado que a melhor época para a adubação NPK, via solo, está compreendida entre outubro e abril. úmidas, na pré-florada coincide a época de proteção contra a Phoma/Ascochyta e Pseudomonas. A adição de micronutrientes à pulverização deve levar em conta o nível no solo, pois, em muitos casos, ela pode causar até toxidez, embora se saiba que no período seco a absorção desses nutrientes do solo é pequena, pela falta de água e pela morte de raízes. No caso específico do Boro sua exigência aumenta no pré-florescimento e esse nutriente é muito importante para a fecundação das flores. No geral, os experimentos tem mostrado que as aplicações de micronutrientes na pré-florada Pulverizações não afetam significativamente a produtividade, desde que as plantas já venham adequadamente Nas regiões mais frias, principalmente as supridas pelo solo. COMO LIDAR COM A FERRUGEM TARDIA J.B.Matiello e S.R.Almeida - Engs Agros.MAPA/PROCAFÉ - Consultor Embrapa/café Muitos técnicos e cafeicultores tem consultado sobre o que fazer com a ferrugem que se manifesta nos cafeeiros agora em julho/agosto. A resposta não é simples, não podendo ser aplicada de forma geral. Deve-se observar caso a caso. Causas O período normal de evolução da ferrugem coincide com a época de chuva e de temperaturas mais elevadas. O inóculo residual da safra anterior, as pústulas nas folhas velhas, começam a passar para a nova folhagem a partir de outubro/novembro, e o maior período infectivo, onde a doença (o fungo) penetra na folhagem, coincide entre janeiro e março, onde ocorrem condições favoráveis de umidade, temperatura e susceptibilidade da planta, esta facilitada pela transferência de reservas das folhas para os frutos. Assim, o período de controle normal, dependendo do sistema, deve procurar atingir a doença em seu período infectivo, ou seja, entre nov-dez e março/abril. A partir daí ocorrem quedas nas temperaturas e na umidade. Porém, nos últimos anos, as chuvas de inverno tem ocorrido com maior freqüência e as curvas de evolução da ferrugem estão se mantendo até mais tarde, conforme se pode RECOMENDANDO observar no gráfico aqui incluído. A causa primária da ferrugem tardia é, então, a permanência de umidade, que condiciona a germinação dos esporos e a infeção das folhas. Outra causa importante é o controle deficiente no período correto. Se os produtos, as doses, a época e a tecnologia de aplicação não resultaram em boa eficiência, vão permanecer, nos cafeeiros, ainda um percentual de folhas atacadas, na faixa de 10-20%, que em condições climáticas favoráveis pode evoluir, aí causando prejuízos e preocupação. O problema da ferrugem tardia é mais evidente nas áreas que tiveram baixa e média produtividade e que vão dar mais café no próximo ano. Isso ocorre porque a desfolha nessas áreas é menor, tanto a natural, pela menor carga, como aquela causada pelos colhedores, na derriça do café. Aí, então, permanecem mais folhas com ferrugem. O que fazer Observando-se as causas, pode-se chegar às providências quanto à ferrugem tardia. Primeiro não se pode mexer com a condição climática, que varia ano a ano, conforme a vontade de São Pedro. Ela deve ser acompanhada, juntamente com a evolução da doença. Sobra, então, a atuação no controle químico, que deve ser feito com doses e produtos ou sistemas capazes de controlar bem a doença, em seu período infectivo. Aí vai sobrar pouco inóculo para uma eventual evolução da ferrugem em seguida. Esta seria a medida preventiva do problema. Espremidos pelo custo do controle, os produtores e os técnicos recomendantes tendem a reduzir doses e número de aplicações. Com o 31 cobertor curto, ou se cobre a cabeça ou os pés. Com a ferrugem é preferível proteger melhor o fim do ciclo do que seu início. Mas, se o problema apareceu, o que se pode fazer de forma curativa. Será que o controle ainda compensa? A resposta é: depende da situação da doença e da lavoura. Se a ferrugem se encontra, em sua maioria, em folhas bem velhas, que certamente irão cair, aí não compensa. Se a lavoura tem carga alta e vai produzir pouco no próximo ano, também não compensa tratar tardiamente. Se a lavoura, principalmente aquelas mais novas, vai produzir bem no ano seguinte e se a ferrugem tardia se apresenta em nível superior a 15/20%, concentrada em folhas mais novas, que provàvelmente não vão cair rapidamente, aí o controle pode compensar. Com uma aplicação foliar de um produto sistêmico curativo, um Triazol ou sua combinação com estrubirulina, preferivelmente à base de Epoxicomazole ou Cyproconazole ( os 2 com melhor efeito curativo) pode-se reduzir bastante o inoculo, evitar parcialmente a desfolha, e facilitar o controle do ano seguinte. RESUMINDO 32 Extratos de Revistas Científicas nacionais e estrangeiras. Brachiaria decumbens SUPRIME O CRESCIMENTO INICIAL DE Coffea arábica. Brachiaria decumbens vem tornando uma das plantas daninhas mais freqüentes na infestação de cafezais em formação, pois além de sua elevada agressividade e dificuldade de controle, está ocorrendo expansão das áreas cafeeiras para locais anteriormente ocupados por pastagens. Objetivouse neste trabalho avaliar os efeitos desta planta daninha, em densidades crescentes, sobre o desenvolvimento inicial de mudas de café (Coffea arabica L. cv Catuaí Amarelo). O experimento foi conduzido em condições semi-controladas, sem limitação de água. Uma muda de café foi transplantada em caixa de amianto com capacidade para 70 L, preenchida com terra coletada da camada arável de um Latossolo Vermelho. Os tratamentos constaram de diferentes densidades de transplantes de capim-braquiária, a saber: 0, 4, 8, -2 12, 16, 20, 24, 36, 48 e 60 plantas m . O ensaio foi conduzido por um período experimental de 120 dias após o plantio (DAP). Todas as características analisadas foram afetadas negativamente pela interferência da planta daninha, mas as que se mostraram mais sensíveis a essa interferência foram à área foliar e a biomassa seca das folhas. Houve dedução de 41,8% na área foliar do cafeeiro quando conviveu com o capim-braquiária a partir -2 da densidade de 8 plantas m , chegando a 68,7% na -2 densidade de 60 plantas m . Também a partir da -2 densidade de 8 plantas m , a redução da biomassa seca das folhas em relação á testemunha foi de -2 41,4% e na densidade de 60 plantas m chegou a 72,8%. Brachiaria decumbens, a partir da -2 densidade de 8 plantas m , interfere negativamente sobre as mudas de café ate os 120 DAP. (G. F. S Dias et alli - Sci. Agric. (Piracicaba, Braz.) nov./dez. 2004, vol. 61, nº 6, p.579-583.) TAXA DE CRESCIMENTO E ESTADO NUTRICIONAL DO CAFEEIRO EM SISTEMA DE PRODUÇÃO ORGÂNICO. Devido à baixa concentração de N nos fertilizantes orgânicos, são necessárias dose elevadas dessas fontes para suprir as exigências do cafeeiro. Por esta razão, o N é o nutriente mais limitante na cafeicultura orgânica. O objetivo do trabalho foi avaliar, em sistema orgânico de produção, a influencia da Crotalaria juncea no crescimento e estado nutricional de cultivares de café, bem como quantificar o aporte de biomassa vegetal e de N via fixação biológica, além do efeito sobre as características químicas do solo. O experimento foi constituído por seis cultivares de café (Coffea arabica), cultivadas com e sem Crotalaria juncea. A crotalária foi semeada em novembro de 2001, e aos 76 dias foi podada a meia altura. Aos 175 dias, foi cortada e quantificada a biomassa vegetal, os teores de N, P, K, Ca, Mg e a abundância natural de 15 N. O cultivo da crotalária proporcionou o aporte -1 de 16 t ha de matéria seca e a reciclagem de 444, -1 21, 241, 191 e 44 kg ha de N, P, K, Ca e Mg, respectivamente. Os cultivares 'Obatã' e 'Catuaí Vermelho' apresentaram as maiores taxas de crescimento em altura, enquanto os cultivares 'Icatu' e 'Oeiras', as menores taxas. A fixação biológica de N proporcionou um aporte de N -1 superior a 200 kg ha de N, demonstrando ser uma alternativa para o produtor fertilizar os sistemas orgânicos com N. O cultivo da crotalária permitiu que o teor de N acumulado no tecido foliar dos cafeeiros se mantivesse igual após um ciclo da cultura, ao contrário do que foi observado nas parcelas não cultivadas com leguminosa. (M. S. F. Ricci et alli - Sci. Agric. (Piracicaba, Braz.) mar./abr. 2005, vol. 62, nº 2, p.138 -144.) PANORAMA 33 ATUALIZAÇÃO EM CAFEICULTURA Nos dias 21 e 22 de abril, Pirapora foi, novamente, palco do segundo dia-de-campo e Seminário do Café da região do Alto-Médio São Francisco. O encontro foi promovido pelo MAPA/FUNPROCAFÉ e pela Agropecuária São Thomé, com apoio do Banco do Nordeste e Prefeitura local, com participação de mais de 350 interessados, técnicos e produtores, de várias regiões do país, que foram ver a evolução das lavouras de café arábica, naquela região quente. No dia 21, à tarde, ocorreu a abertura, com palestras abordando: “os avanços tecnológicos viabilizando a lavoura cafeeira na região”, “a questão econômica do projeto São Thomé” e “os incentivos de crédito para a cafeicultura”. O dia-de-campo foi pela manhã do dia seguinte, na Fazenda São Thomé, onde os participantes, com grande interesse demonstarado, puderam observar os cafeeiros na segunda safra, em 3 pivos de 80 ha cada, e os novos plantios feitos no último ano, em três outros. Puderam, ainda, observar ensaios de variedades, tipos de irrigação, arborização e espaçamentos no Campo Experimental da Fazenda. As opiniões de consultores e produtores experientes em cafeicultura, vindos de regiões tradicionais, foram favoráveis quanto ao bom comportamento dos cafezais nessa nova região. A atividade de produzir café arábica é de fato um desafio, que vem sendo superado, graças ao trabalho e ao apoio tecnológico. Parabéns aos promotores e apoiadores, pois valeu a pena. O ânimo trazido pela boa presença e interesse ajudará na tarefa de gerar riquezas e empregos numa região carente, seguindo o café o seu caminho de abrir e desenvolver novas áreas, como nos conta a história. GLIRICÍDEA VAI BEM COM CAFÉ Arborizar cafezais é uma prática que visa dar melhores condições ambientais para o cafeeiro, evitando altos e baixos nas temperaturas e reduzindo a perda de água por evapotranspiração. Mas os resultados podem ser bons ou maus, dependendo da árvore utilizada. As pesquisas efetuadas no passado indicaram uma boa opção na espécie Grevillea robusta, que possui sistema radicular profundo, copa erecta, educada, e que dá sombra rala, concorrendo pouco com os cafeeiros. Outra árvore com potencial é o cedro australiano. Nos últimos anos foi introduzida a Gliricídea, uma planta leguminosa, na FEX-Varginha, em ensaio instalado em 2002/03. Com 2 anos e meio efetuou-se a primeira colheita do café combinado com Gliricídea. Nessa safra inicial, não houve concorrência entre as árvores e os cafeeiros, com a produção por planta sendo semelhante, seja aquelas próximas às árvores ou mais longe delas, indicando, a princípio, que a Gliricídea tem potencial para uso na arborização de cafezais. Sua grande vantagem é a facilidade de reprodução, por estacas fincadas diretamente no terreno, e seu rápido nascimento. PANORAMA 34 FRUTOS DE CAFÉ CURIOSOS O que é, o que é? Fruta que dá no pé ou na ponta dos ramos. A resposta vem logo, no tronco da árvore dá jabuticaba e jaca e na ponta do ramo o marmelo. Também acertou quem disse o café, veja essas imagens curiosas, onde em cafeeiros conillon, em Mutum MG, se vê rosetas de frutos saindo do tronco, logo abaixo dos ramos. A outra mostra um só fruto de café saindo bem na ponta do ramo, sendo tomada a foto em cafeeiros Mundo-Novo no Sul de Minas. Ainda bem que a agricultura não é uma ciência exata, pois como biologia pode-se esperar variações fora da normalidade que diz: “Os frutos de café dão em rosetas, na axila das folhas, nos ramos plagiotrópicos.” Aqui estão as imagens e o testemunho de quem as tomou, valendo como registro para a ciência e para os que, agora, queiram passar a observar, eles mesmos vendo, ao vivo, essas curiosidades. ENCONTROS NA ZONA DA MATA MG Dois encontros de produtores foram realizados na Zona da Mata de Minas. O primeiro em Martins Soares, no centro de Pesquisas de Café, reuniu mais de 200 cafeicultores, fazendo parte do Circuito Mineiro do Café. Em São Domingo das Dores foi no dia 18 de agosto, com a participação de 95 produtores. Nos 2 encontros foram visitados campos experimentais e propriedades em campo, demonstrando resultados de podas, variedades, importância da análise de solo, controle de pragas e doenças, secagem do café e controle de custos de produção. Atuaram nas apresentações Técnicos ligados ao CEPEC-Heringer, ao MAPA/PROCAFÉ e à Emater-MG. Transformar conhecimentos em informações úteis, aplicáveis, com certeza ajudam a melhorar as lavouras na região, onde predomina uma cafeicultura familiar, de pequenos produtores, sem outra boa alternativa agrícola para seus terrenos amorrados. 35 ANÁLISE AVANÇOS TECNOLÓGICOS DA PESQUISA CAFEEIRA NOS ÚLTIMOS ANOS J.B. Matiello - MAPA/PROCAFÉ e C.H.S. Carvalho - Embrapa Café Pesquisar é preciso, difundir também é preciso. fosfatados em irrigação sobre as sacolinhas. Parafraseando música conhecida, pode-se c) Foi possível o plantio de mudas em sacola verificar que a tecnologia cafeeira se desenvolve e multifuros e corte lateral, cortando o fundo, sem chega ao cafeicultor através de um processo em que retirar a sacola. estão envolvidos trabalhos de pesquisa e a sua difusão, d) A presença de resíduos de flúor, acima de 30 ppm no com apoio em Equipe de Assistência Técnica, substrato, intoxicou as mudas. conforme esquema a seguir: e) Uso do Ethrel em frutos verdes granados resultou em sementes viáveis. f) Uso do açúcar em mudas, melhor ou o PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO comportamento no plantio. TECNOLÓGICO g) A conservação de sementes foi boa a 5°C ou a 196° (criopreservação). Pesquisa Difusão Cafeicultor h) Novos substratos para mudas foram desenvolvidos, com casca de arroz carbonizada e fibra de côco. i) Enraizamento de estacas foi menor em cultivares Assistência Técnica arábica com o MN - 34%, em relação ao Conillon 88%. j) Houve efeito benéfico de ácidos orgânicos/cítricos Nos últimos anos a maioria dos avanços (Biotech) em mudas. tecnológicos vem sendo divulgada nos Congressos e k) Ocorre boa eficiência de controle de mancha Seminários de Café. Os trabalhos de pesquisa são aureolada com: reunidos e avaliados, permitindo a seleção de processos - Kasugamicina a 0,3%, e técnicas aplicáveis no dia a dia da lavoura cafeeira. - Agrimicina a 0,2%, Dos eventos saem as publicações e informações, - Kasugamicina + oxicl de cobre (0,30% + 0,15%). para consulta e veiculação através de cursos, reuniões, l) Oxicloreto de cobre funciona como retardador de livros/boletins e demonstrações em dias de campo, crescimento de mudas, usado a 0,6%. metodologias usuais na difusão dos novos m) Semeio em out-nov - resulta em mudas de 5 pares, conhecimentos. 145 dias após, enquanto semeio em abril-maio leva Nesse trabalho reuniu-se as principais inovações 205 dias. dos últimos 5 anos, em 9 áreas de estudo, a saber: n) Sistema super adensado produz muito, permitindo - Mudas / plantio - Controle de ervas - Adubação - Podas / culturas intercalares / arborização - Irrigação - Controle de pragas e doenças - Colheita / preparo - Melhoramento Genético - Ecologia / fisiologia 1) Mudas / plantio a) Condicionamento fisiológico de sementes através da sua imersão, por 12-14 dias em água, aumenta a velocidade de germinação das plantas. b) A recuperação de mudas com canela seca, amareladas, foi eficiente com a aplicação de adubos 36 ANÁLISE recepa para safra zero. o) Em espaçamentos de 0,5 m na linha a eliminação de plantas reduz a produtividade. p) Não é justificável o uso de condicionantes de solo no plantio. q) O melhor direcionamento de plantio foi de 90- 270, no Oeste da Bahia. 2) Controle de Ervas a) Herbicida Verdict 500 ml (ha), controla ervas de folhas estreitas, com seletividade para o café. b) É eficiente a aplicação seqüencial de gliphosate para trapoeraba e erva quente. c) Pode-se usar a calda de gliphosate preparada em dias anteriores, bastando manter ácido o pH da água. d) É adequada a arruação química. q) Ocorre proteção à geada com o Guandu em 2 linhas laterais à linha de cafeeiros. Deve-se ter cuidado 3) Podas, culturas intercalares, arborização com a competição. a) Pode-se empregar o decote para cafezal adensado. b) Esqueletamento para safra zero é uma tecnologia 4) Adubação adequada, em especial para mundo-novo e para a) Estão bem definidos os níveis de K no solo onde se cafezais com bom stand de plantio. deve basear a adubação potássica. Acima de 3-5% de c) A melhor condução para café adensado arábica, K na saturação do solo pode-se dispensar ou reduzir recepado, 2x1m, foi de 2 hastes/pl. drasticamente o uso desse nutriente. d) A melhor condução para conillon foi 3-5 brotos/pé. b) Os níveis de Zn no solo adequados se situam acima e) A recepa “à posteriori” em cafezal adensado resulta de 3-4 ppm. em recuperação mais rápida e ganho de 1 ano na c) Ocorre fitotoxidade para Zinco, que pode ser safra. avaliada pela análise de raízes e folhas. f) É i n d i c a d a u m a n o v a c o n d u ç ã o p a r a d) É possível aplicar P em mudas de vários modos, em esqueletamento, deixando brotos ladrões onde mistura do substrato ou em irrigação. existirem buracos na planta. e) Aplicações de Cobre e Zinco no solo, em cobertura, g) Plantio em dobra na lavoura velha é possível com na Zona da Mata de Minas, não mostram efeito na decote ou esqueletamento. produção. h) Ocorre recuperação rápida da planta após recepa f) Sobre os modos de adubação NPK no solo em área com irrigação. montanhosa foi melhor nos dois lados da linha em i) A melhoria dos níveis de tecnologia aceleram a cobertura. recuperação de lavouras mal tratadas. g) Adubação nitrogenada na região da Zona da Mataj) Foi possível a desbrota química no decote usando MG, mostrou o mesmo efeito após chuva ou Gliphosate a 1% ou Fusilade a 0,7%. programada. k) A arborização, a longo prazo, reduziu a infestação h) Houve melhor resposta com sulfato e nitrato de por bicho mineiro e leprose. Amônia. l) Cedro australiano e a Gliricidea se mostram como i) As perdas de N, com uréia maiores de 30%, novas essências florestais para arborização de melhorando quando em mistura com sulfato de lavouras de café. amônia. m) Macieiras e a Erva Mate mostram bons resultados j) Foi possível a recuperação de plantas com P, quando iniciais para diversificação de cafezais. não se usou P na cova. n) As árvores de sombra que deixam cair as folhas k) Ocorre menor eficiência na translocação de P e K na melhoram a indução floral nos cafeeiros. variedade Acaiá. o) Milho tem efeito alelopático em cafeeiros jovens, l) Ocorre maior eficiência na utilização de P pelo porém traz boa proteção (de sombra) inicial aos Catuaí. cafeeiros em regiões quentes. m) Vip-Enduro e Poli-S à razão de 15-20 g/pé na cova p) Arroz oferece boa proteção inicial do solo e deixa foi igual a 4 parcelamentos de uréia. bastante material palhoso protegendo o solo em n) Dris - IBN ( bal.nutr.global) - sistema integrado de cafezais jovens. diagnose e recomendação, permite ordenar os ANÁLISE 37 (spad x 21,52 = pode levar à dose de N/ha). z.5) O uso de sacarose e melaço nas caldas pulverizadas promovem melhor absorção de micro nutrientes, uma boa concentração é de 2,5% de açúcar na calda. elementos de acordo com sua limitação na produção, com semelhança de resultados em relação às faixas de suficiência nutricionais já utilizadas. o) Ocorre nova sistomatologia de deficiência de B, com vergamento na ponta de ramos laterais. p) Não ocorre diferenciação entre várias fontes de adubos usados na fertirrigação, os normais e os específicos. q) A pulverização com B e Zn na pré e pós colheita, quando se observam níveis adequados foliares e no solo, não influi favoravelmente na produtividade. r) Uso de adjuvantes na calda com micronutrientes melhora sua absorção s) Uso de turfas e do silício em cafezais ainda é uma incógnita. O silício pode substituir o calcário. t) Foi confirmado o índice V adequado, próximo a 55%, com base em 3 safras de café em Lavras. u) Uso de MAP e Zn foliar, se mostrou sem efeito no inverno. v) Ocorre influência da época do último parcelamento na análise de K no solo. x) A resposta à adubação com N é menor em lavouras adensadas. w) Ocorrem níveis de nutrientes diferentes nos tipos de palhas de café, sendo aquela com o pergaminho muito pobre. y) Podem ocorrer elementos tóxicos como o cádmio, chumbo, flúor, cobre e zinco em mudas de café. z.1) Verificou-se a presença de nutrientes, especialmente K e S, em profundidade de até 2 m. no perfil do solo em cafezais adultos. z.2) A presença de ácidos orgânicos no solo por efeito de exudação de raízes pode variar com as variedades e presença ou não de ervas daninhas. z.3) Os níveis de K foliar variam com a época de amostragem, ligados à ocorrência de chuvas (lavam as folhas) e à época de granação dos frutos. z.4) É possível avaliar o nível de N foliar através do medidor portátil de clorofila, sendo que a leitura 5) Irrigação a) Não há vantagem em grande número (acima de 8) de parcelamentos na fertirrigação. b) É viável o uso de micronutrientes (normalmente cloretos) ou ácido bórico na fertirrigação. c) Sistema micro jet Conillon. d) Ocorre efeito negativo da irrigação na qualidade do café devido à presença de mais frutos verdes. e) O sistema de gotejamento é melhor com mangueiras sobre a superfície do solo e não enterrar. f) São obtidos bons resultados com irrigação em áreas antes consideradas sem déficit como Lavras, Viçosa, Varginha com acréscimos produtivos de 50 a 80%. g) A substituição de motores e bombas com maior rendimento gera boa economia. h) A indução de stress prejudica a produção de café nas áreas de inverno mais quente. i) As melhores lâminas foram de 100 - 140% do Kc, sendo 0,9 na maturação e abotoamento 0,50 na dormência e 0,73 na granação j) Foi feita adaptação do sistema em malha larga, com mangueiras móveis acopladas a aspersores. 6) Pragas e doenças a) Ataque de mosca dos frutos - furos em frutos verdes, provoca sua queda. b) A raspagem de folhas é devida ao ataque de lagarta e de esperança. c) Constatou-se inimigos de mosca das raízes (as vespas Monomachus sp). d) A mosca de frutos provoca maturação forçada e aumento dos bóias. e) Foram observados problemas sérios de cochonilhas de frutos Conillon (Planococcus minor), existindo dificuldade de controle. f) Uma espécie de cochonilha de raiz foi determinada como Dysmicocus texensis. g) Verificou-se infestação menor de Bicho Mineiro em cafeeiros jovens irrigados. h) Ocorreu na Bahia a falsa mosca branca em cafezal. i) Verificou-se recorrência de mosca das raízes em cafezais, devido à redução do uso de inseticidas de solo. j) Foi aprovada armadilha para a broca do café. k) É viável o uso, em gotejo e em pivô central, de neonicotinóides e triazóis. l) Constatou-se a ocorrência de novo trips em 38 cafeeiros, a espécie Heliothripss haemoroidalis. m) Observou-se o ataque do cupim Captotermes havilandi em plantas novas oriundas de estacas, de Conillon, no ES. n) Foi constatado Xiloborus sp em café robusta no sul da BA, chamada de broca do tronco. o) O 6º nó apresenta a melhor correlação para o ataque bicho Mineiro. p) Ocorre grande mortalidade nas fases do bicho mineiro, devido à chuva, inviabilidade de ovos, parasitóides, doenças e falhas na ecdise. q) As domáceas das folhas são esconderijo para ácaros fitofagos (inimigos). r) Foram observados eficientes os inseticidas fisiológicos para BM (Novaluron, Iufenuron e outros). s) Inseticidas à base de Abamectina, Ivermectina, Emamectina, são eficientes de forma mais preventiva, contra bicho-mineiro. t) Ocorre toxidez de alguns inseticidas também contra ovos e pupas de BM. u) Ocorre toxidez por inseticidas usados no controle de BM a ovos e larvas de crisopídeos predadores. v) Também se observa toxidez a Hymenopterosvespidae pelo uso de inseticidas contra BM. w) Ocorre desequilíbrio de ácaros pelo uso de neonicotinóides pela maior fertilidade das fêmeas. x) Foram comprovados eficientes diversos acaricidas para ácaros de leprose, como o Torque, o Kumulus, Danimen, Peropal, Caligur, Envidor, Savey, Sipctatin, Rufast e Kelthane. y) Foi aprovado o uso de enxofre como marcador nas pulverizações. ANÁLISE estrubirulinas. i) Foram aprovados sistemas para uso simultâneo de fungicidas contra ferrugem/cercospora basicamente por formulações de Triazóis + estrubirulinas. j) Foram eficientes novos produtos para Phoma como Fosfitos e o Cantus. k) Ocorre morte súbita em cafeeiros Conillon. l) Formulações de Triazóis + estrubirulinas melhoram seu efeito com adjuvantes (siliconado, óleo, cobre) m) A infecção pela leprose se torna mais sistêmica com calor. n) São eficientes e adequados sistemas de controle da ferrugem com complementação solo/folha. o) O canhão é viável para controle da ferrugem, com formulações de Triazóis + estrubirulinas + cúpricos. p) Ocorre controle residual pelo fungicida Impact. q) O mato alto aumenta o ataque da ferrugem, em plantas jovens e na saia de cafeeiros adultos. r) A ferrugem evolui menos sob pivô na condição de muita e pouca irrigação. s) Verificou-se a ocorrência da raça XXV da ferrugem em área tratada com epoxiconazole e das raças XIII e IV em variedades resistentes. t) Ocorre o fungo Colletotrichum na estrutura das plantas de café (ramos). u) Ocorre flora endofítica em cafeeiros, sendo Cladosporium, Colletotichum, P. juliana, Bipolaris, Fusicoccum, Fusarim Glomerella, Xylaria (em folhas velhas sendo 5 patógenos potenciais). v) É possível a redução das doses de triazóis em combinação com cúpricos. w) As formulações de micronutrientes enriquecidos com cobre, para uso como caldas, corrigem os micronutrientes e dão controle (50 60%) da 6.2 - Doenças ferrugem. a) Ocorre maior ataque de leprose em variedades x) As pulverizações de inverno não acrescentam resistentes à ferrugem, devido permanência da eficiência de controle à ferrugem. folhagem. y) O Hipoclorito não apresenta bom controle de b) Ocorre menor infecção pela leprose em áreas de ferrugem e cercosporiose. sombra (lado batido pelo sol da manhã) e áreas arborizadas. 7) Colheita e preparo c) A leprose de um ano não interfere ano seguinte, não a) A variedade Bourbon apresentou maior sistêmica reinício da infecção só depende de ácaros representatividade nos concursos de qualidade em virulentos. Minas (64%). d) Foram detectadas substâncias nematicidas em b) Várias variedades apresentam introgressão de extratos de guandu e mamona. Bourbon sendo: (Caturra 100%, Catuaí 75%, MN e) Ocorre desinfestação de áreas com nematóides pelo 50%, Icatu 50%, Icatu 3282 75%). uso de variedades resistentes. c) Ocorre tendência de melhor bebida em variedades f) O efeito da recepa reduz temporariamente a de frutos amarelos. população de nematóides, mas prejudica a d) Ocorre variação do teor de lipídios em robustas (7,5 recuperação das brotações. - 10%). g) O uso de silício promove redução de infestação por e) A colheita de ramos por esqueletamento reduziu M.exígua. para R$ 25,00/saca a despesa para colheita, contra h) F o r a m a p r o v a d o s n o v o s p r o d u t o s p a r a R$ 45,00 em área normal. cercosporiose, especialmente do grupo das f) Ocorre melhoria da qualidade em colheita com corte ANÁLISE das plantas, pois frutos verdes evoluem para maduros. g) Ocorrem melhorias de qualidade de frutos com o uso de fungicidas na planta, pela produção de maior percentual de cerejas. h) É viável o repasse com derriçadeira mecanizada. i) A colheita com derriçadeira (manual) não trouxe efeito negativo na safra seguinte. j) Foi desenvolvido terreiro simplificado (com lona plástica) para a secagem em pequenas propriedades. k) O despolpamento simplificado, passando o café somente no separador de verdes, resulta igual ao trabalho no despolpador normal. l) A cobertura noturna do café no terreiro reduz em 15% o tempo de secagem m) A seca em camada fina, sem movimentação, resulta em boa bebida e menor custo (pisos econômicos). n) A movimentação melhor do café no terreiro foi 10 a 5 vezes/dia na 1ª fase (pré-secagem) e 3 vezes/dia na 2ª fase. o) Com 2% de café no chão, a qualidade se manteve boa mesmo para derriça no chão. p) O piso de terreiro de lona preta acelera a seca do café. q) Piso de chão acelera a seca do café no início, mas demora no final. r) O preparo do café natural resulta em mais sólidos solúveis ( + açúcares) s) O líquido e principalmente o lodo do despolpamento deve ser usado para adubação (- K - 200 mg/kg). t) Aspergilhus ochraceus - ocorre com maior intensidade na varrição, diminui no despolpado e no café beneficiado. u) Uso do Cladosporium em pós colheita melhora a atividade da polifenoloxidase dos grãos de café. v) A derriça de frutos é mais rápida para os secos (6,27 seg) seguindo os cerejas (10,74 seg) e verdes (12,25 seg). w) Os pontos de controle de temperatura devem ser localizados mais internos nos secadores. x) É viável a secagem de grãos de café após o beneficiamento em lonas sobre o terreiro, ao sol. y) Verifica-se boa qualidade dos cafés de áreas quentes (cafés arábicas). z.1) Terreiro com escória siderúrgica economiza cimento. z.2) O uso do Ethrel melhora a eficiência da colheita mecânica. Z.3) Os coagulantes da água de despolpa mais eficientes são o Sulfato de alumínio e de Ferro, reduzindo 87 94% dos sólidos. 39 c) d) e) f) g) h) i) ferrugem e Bicho-Mineiro, mostrando-se, também, mais tolerante à seca. Foram liberadas novas variedades híbridas entre Catuaí e M.novo, sendo Rubi, Topázio e Ouroverde. As cultivares resistentes à ferrugem lançadas pela EPAMIG/UFV, foram: Oeiras, Catigua, Araponga, Pau-Brasil, Sacramento e Paraíso. Variedades tolerantes a M.exígua, como o Catucaí 785/15 e Acauã são indicadas para substituição de lavouras velhas na Zona da Mata de Minas. Foram selecionadas 10 plantas matrizes de Siriema, produtivas e resistentes, para clonagem. O híbrido arabusta, nas primeiras gerações, apresentou potencial para uso comercial. Foi identificado o híbrido natural Durandé, entre C. canephora e C. arabica, que está sendo selecionado. Foram identificadas fontes de tolerância à Phoma/Ascochyta em 2 linhagens de Catucaí Amarelo, 2 SL e 20/15 - 479. 9) Ecologia e fisiologia a) A avaliação do crescimento dos ramos laterais do cafeeiro em 1 ano, o número de nós, esteve relacionado à produtividade no ano seguinte, cada nó projetando cerca de 4 scs/ha. b) A estiagem provoca grande morte de raízes nas plantas de café. c) Foi observada significativa distribuição de sistema radicular do cafeeiro e também de nutrientes em profundidade de até 2 m. d) Foi observada a ocorrência de canela de geada em brotações de recepa. e) Ocorre efeito de face de exposição sobre a produtividade e qualidade dos frutos ( concha e moca). 8) Melhoramento Genético f) Tem sido viável o cultivo de variedades de café a) Foram lançadas novas variedades com tolerância à arábica em regiões quentes. ferrugem - Catucaí, Palma, Sabiá, Acauã. b) A cultivar Siriema apresenta resistência múltipla à ANÁLISE 40 g) Verificou-se o efeito de estresse hídrico provocando i) Ocorre redução da escaldadura através de aplicações desfolha em cafeeiros. foliares de cobre. h) Ocorre um crescimento sazonal no cafeeiro que j) A enxertia tem favorecido o desenvolvimento de cresce pouco no inverno, mesmo com suprimento de cafeeiros somente na presença de nematóides. água. NO PAPEL, TUDO CERTO São bem conhecidos, na cultura brasileira, os usos e costumes que exageram no papelório, nos controles, na burocracia. É comum dizer-se que só vale o que está escrito, indo aí, também, um certo exagero, pois muitas leis, bem escritas, só funcionam mesmo no papel. Muito controle, muitos relatórios, na realidade, não significam tudo. Já que o papel de outrora, hoje a memória do computador, aceita tudo, sem crítica. Mas, onde se pode chegar com esse comentário, esse palavreado, até então sem objetivo, sem rumo? Queremos mostrar que o mais importante é a prática, a execução bem feita, o acompanhamento “in loco”, no dia a dia. Veja-se dois exemplos bem perto de nós. Primeiro: Na política agrária, onde a distribuição de terras é dita e escrita como a “salvação da lavoura”. Na teoria, nos planos e projetos, no papel, apresenta bons objetivos, com diversos pontos positivos. Na prática, no entanto, ela acumula insucessos, que se pode ver na beira de muitas estradas. Isso ocorre porque a terra não é mais um recurso natural a ser explorado. Ela, hoje pobre, exige investimentos em sua correção e manejo. Exige, portanto, recursos, vocação e experiência de quem trata dela. Pecam, assim, os que dirigem a reforma, levando-a para o campo político. Falham os Técnicos, em sua maioria despreparados, alguns ideólogos teóricos, sem prática, achando, em seus projetos, que uma pequena área plantada, quase um quintal de milho, alguns pés de pinha, um casal de cabritos, recebidos de graça, vão dar sustento a uma família. Por certo eles pouco estiveram no campo, acompanhando os resultados negativos desses projetos. O segundo exemplo nos diz mais respeito. É a política tecnológica para o café. Ela trouxe alguns bons resultados mas ainda pouco diante dos investimentos realizados e de sua grande importância para a cafeicultura. Nos programas, projetos e sub-projetos existe muita repetição de trabalhos, pesquisas sem prioridade, sem uma melhor análise crítica, sem a prática necessária. Na sua execução exige-se muitos papéis, formalidades, relatórios, entradas e saídas em computador, aí tudo certinho. Nos relatórios coloridos, então, é uma beleza. Porém, há muito vimos ponderando que é preciso um maior senso de prioridade e praticidade nas pesquisas. É necessário um acompanhamento continuado, junto à Entidade e aos pesquisadores na execução das pesquisas. É preciso concentrar os trabalhos nas equipes mais estruturadas e com melhor capacidade em cada setor. É importante regionalizar os trabalhos, não estadualizar, pois uma variedade adequada à cafeicultura de cerrado será boa tanto no cerrado de Minas, como em São Paulo, Goiás, Mato Grosso, etc... Distribuir recursos simplesmente para atender essa ou aquela Instituição, ou um determinado pesquisador com certeza vai ajudar a resolver o problema deles mas não vai resolver os problemas da lavoura. É hora de, diante da escassez de recursos, que ocorre atualmente, fazemos uma análise do que já foi feito, então dar uma enxugada e concentrar as pesquisas, em Equipes e Instituições mais aparelhadas e comprometidas com os resultados aplicáveis. Não se quer eliminar, mas sim, priorizar. ENTREVISTA 41 Rubinho: O Professor de café Rubens José Guimarães, mais conhecido como Rubinho, é mineiro de Bom Sucesso, formado Engenheiro Agrônomo pela ESAL em 1981, passou pela EMATER de 1982 a 1991, daá ingressou na UFLA onde fez mestrado e doutorado e, desde 1996 é Professor adjunto do Depto. de Agricultura. Em sua atividade ligada ao café, além de dar aulas sobre a matéria, coordena o “Núcleo de Estudos da Cafeicultura NECAF”, da UFLA, e do Núcleo de Referência “Manejo de Cafèzais”, do CBP e D-Café, do qual também é Coordenador Institucional. Atualmente o Professor Rubens ocupa a função de pró-reitor de extensão da UFLA, mas, mesmo com tantos afazeres administrativos está sempre disponível para o café, destacando-se sua sempre grande colaboração nos Congressos de Pesquisas Cafeeiras. Pelo seu conhecimento e larga experiência o Professor Rubens foi entrevistado pela Revista Coffea. Vamos às perguntas e respostas. 1) Revista Coffea: Qual sua visão da cafeicultura brasileira atual e qual sua expectativa para ela no futuro? Acho que a cafeicultura brasileira está mais madura e mais cautelosa quanto às ocilações do mercado, sem ilusões quanto a preços elevados do produto. Assim, os cafeicultores têm aprendido a conviver com menores margens de lucro, mantendo uma contabilidade mais profissional e buscando tecnologia capaz de proporcionar produtividades compatíveis com os preços do produto. No futuro próximo, a orientação de mercado com informações “on line” manterá os cafeicultores atentos com relação ao mercado mundial, o que irá interferir nas decisões de novos plantios, renovação de lavouras, bem como o gerenciamento da cafeicultura. Também acredito na mecanização racional da lavoura de forma a baixar custos de produção, sem contudo impactar na geração de empregos, que na minha opinião é a maior vocação da cafeicultura nacional. 42 2) Revista Coffea: Como você vê a evolução da lavoura cafeeira no sul de Minas Gerais, quais seus pontos fortes e fracos. O que precisa melhorar? A cafeicultura sul mineira tem características próprias como tradição na cafeicultura, boas condições ecológicas para cafés de ótima qualidade, clima favorável e boa estrutura física existente nas propriedades que na sua maioria são pequenas. Com essas características, a evolução da cafeicultura sul Mineira é mais lenta, porém em “passos firmes” e com sustentabilidade. O crescimento sustentável é o grande ponto forte da cafeicultura de nossa região, sendo que as cooperativas e as instituições de ensino pesquisa e extensão ligadas à cafeicultura têm papel preponderante nesse crescimento. A topografia ondulada limita algumas vezes a mecanização com máquinas de grande porte, porém a utilização de máquinas de pequeno porte, incluindo as colhedoras manuais tem sido outro ponto forte. Isto porque a semi-mecanização atenua um dos pontos mais vulneráveis da cafeicultura sul Mineira que é a falta de mão-de-obra no período da colheita, não havendo necessidade de importação de tantos trabalhadores de outras regiões, sem contudo comprometer a utilização de trabalhadores da região. O que precisa melhorar, entre outros fatores, é a qualificação dos trabalhadores da cafeicultura, através de cursos práticos de aplicação de defensivos, regulagens de máquinas e implementos e amostragens para a nutrição racional e o manejo integrado de pragas e doenças. 3) Revista Coffea: Qual a importância da tecnologia gerada pela UFLA para a cafeicultura, destaque alguns resultados. A Universidade Federal de Lavras tem contribuído de forma expressiva para a cafeicultura da região e do Brasil porque tem trabalhado com parcerias. Hoje, há uma consciência dos Professores/Pesquisadores de que há o que chamamos de indissociabilidade entre o ensino, pesquisa e extensão, o que leva ao contato permanente entre cafeicultores, professores, ENTREVISTA pesquisadores, alunos e extensionistas. Para se ter uma idéia de que como essas parcerias vêm dando certo e gerando tecnologias mais aplicadas às necessidades dos cafeicultores, citamos alguns exemplos: - Mapeamento do estado de Minas quanto à ocorrência de nematóides, contribuindo, assim, para indicações de controles eficazes, além de orientar os órgãos competentes para evitarem a disseminação. - A partir de questões levantadas junto aos cafeicultores, em eventos de extensão como no “Circuito Mineiro da Cafeicultura”, a UFLA tem disponibilizado resultados práticos quanto: à utilização de mudas podadas ou formadas a partir de casca de arroz carbonizada; efeitos de plantio de milho como cultura intercalar ao café; aplicação de açúcar junto à adubação foliar; desenvolvimento de colhedoras para a colheita semi mecanizada do café; desenvolvimento de tecnologia para processamento do café verde; desenvolvimento de “softwares” para tomadas de decisão na colheita e pós colheita; e trabalhos de orientação para a produção de cafés de qualidade. 4) Revista Coffea: Dê a sua opinião sobre o modelo atual de programação e gestão da pesquisa cafeeira e aponte o modelo que julga ideal. Atualmente, há um esforço para a programação da pesquisa cafeeira no Brasil junto ao “Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café” que conta com mais de 40 instituições de todo o país. Participando desde 1997 desse processo, acredito que o modelo atual de programação e gestão pode melhorar buscando ainda mais a sintonia desejada entre as instituições participantes para a otimização de recursos financeiros, materiais e humanos, direcionando temas de pesquisa para instituições, ou grupo dessas, de reconhecida competência em cada área da cafeicultura. O “Programa Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento do Café” do “Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café” muito tem contribuído para a solução de importantes questões da cafeicultura nacional, porém, acreditamos que ENTREVISTA numa nova fase deva concentrar esforços no intercâmbio de pesquisas e pesquisadores das instituições com maiores cobranças no planejamento feito pelos Comitês de Pesquisa dos Núcleos de Referência, mas ao mesmo tempo, dando maior autonomia aos mesmos. Também, julgo importante que o Comitê de Pesquisa do Núcleo de Referência em Difusão de Tecnologia coordene a produção de materiais técnicos que sejam acessíveis a cafeicultores e a extensionistas, disponibilizando a esses as tecnologias cafeeiras geradas até hoje. Essa difusão de conhecimentos resultará em economia de insumos e aumento de produtividade, dando mais competitividade mundial ao café do Brasil. 5) Revista Coffea: Como ocorre, na sua área de trabalho a interação pesqisa/difusão. Qual a participação do ensino agronômico, nos vários graus, na geração e na difusão de tecnologia cafeeira? A indissociabilidade ensino/pesquisa/extensão é vivida no cotidiano da Universidade. Assim, as demandas de pesquisas cafeeiras são levantadas junto a cafeicultores e extensionistas (Circuito Mineiro de Cafeicultura, Expocafé, dias de campo, entre outros) e são levadas para a Universidade, que em parceria com outras instituições de pesquisa, realizam experimentos com o acompanhamento de alunos de graduação e pós-graduação. Os resultados obtidos de tais pesquisas são então disponibilizados aos cafeicultores e extensionistas de diversas formas: congressos, simpósios, publicações, eventos de extensão, entre outros. Assim, também os alunos da Universidade Têm a oportunidade de vivenciarem a cafeicultura tanto na graduação quanto na pós-graduação, além de terem contato com as tecnologias cafeeiras dentro e fora da Universidade Federal de Lavras. 43 extensionistas de forma menos fragmentada. A partir daí, acho que deveríamos seguir linhas de pesquisa que tratassem da cultura numa visão holística, demandando equipes multidisciplinares para estabelecimento de protocolos para solução de questões (propagação do cafeeiro com cultura de tecidos/estacas), ou mesmo buscando sistemas de produção para diversas situações ( enfocando o melhoramento de plantas/ espaçamentos/ manejo de pragas e doenças/ irrigação/ nutrição) e mais especificamente, desenvolver estudos nas áreas de indução de resistência e genoma do cafeeiro. Assim, promoveremos maior intercâmbio entre instituições de pesquisa, linhas de pesquisa e pesquisadores numa ação integrada para um ordenamento de esforços que é e sempre foi o objetivo do “Consórcio Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento do Café”. 7) Revista Coffea: Quais são suas sugestões para melhorar nossa revista? Tenho lido sempre a Revista Coffea e acho seu formato muito agradável para o leitor. É uma revista que traz informações importantes e do momento, sem a monotomia característica das revistas científicas, pois além dos artigos e resumos técnicos traz recomendações, reportagens, entrevistas e a seção 6) Revista Coffea: Quais linhas de pesquisa você “Como vai você”, valorizando e informando sobre acha necessário ampliar? Por que? pessoas importantes para a cafeicultura nacional. Acho que é chegada a hora de consolidarmos os Só tenho a elogiar e agradecer a oportunidade conhecimentos construídos até agora, de participar desta revista. disponibilizando-os aos cafeicultores e 44 PRODUTOS E EQUIPAMENTOS NOVO GRUPO INSETICIDA PARA CONTROLE DO BICHO-MINEIRO Foi registrado, recentemente, o produto comercial Vertimec 18CE, do grupo da abamectina, para o controle do bicho-mineiro do cafeeiro. O produto apresenta a característica de um melhor efeito residual e boa eficiência quando usado mais preventivamente. A dose indicada é entre 400-600 ml do produto comercial/ha, sendo importante seu uso combinado com óleo (0,25% na calda), o qual deve ser previamente misturado ao produto e só então com a água. No cerrado mineiro os técnicos tem obtido bom controle usando 2 aplicações. A 1ª em nov/dez e a 2ª em março. O produto apresenta, também, uma boa ação acaricida, tanto para o ácaro vermelho como para o da leprose do cafeeiro. TRATOR ADEQUADO PARA OTIMIZAR A COLHEITA MECANIZADA DO CAFÉ Para a colheita mecanizada do café, seja com as colhedeiras tracionadas, como a modelo KTR, seja as derriçadeiras (kokinha, VR e outras) que colhem o café da planta, seja as recolheitadeiras, que colhem o café do chão, é preciso contar com trator adequado, que facilite a regulagem mais precisa da velocidade operacional. Os tratores comuns possuem poucas marchas e com velocidades mais altas, que, assim não se prestam ao trabalho de colheita, cuja velocidade de trabalho deve variar entre 600 a 800 m até 10001200 m por hora. Entrou recentemente no mercado, da fábrica Agrale, um modelo bem adequado. O 5075 cafeeiro, que possui 20 marchas para a frente e 4 de ré. Com o acionamento de uma alavanca auxiliar pode-se regular uma escala de velocidades, variando de 150m até 25 km/hora (ver escala incluída), permitindo a escolha da velocidade mais adequada para cada máquina ou tipo de lavoura. O trator tem potência de 75 cv a 2400 rpm, bitola normal de 1,60m (mínima de 1,36m) e baixo consumo de combustível. Escala de Velocidades 1ª B SR: 0,15 2ª B SR: 0,21 3ª B SR: 0,28 4ª B SR: 0,45 1ª A SR: 0,59 5ª B SR: 0,71 2ª A SR: 0,83 3ª A SR: 1,08 1ª B: 1,41 4ª A SR: 1,74 2ª B: 1,98 3ª B: 2,57 5ª A SR: 2,76 4ª B: 4,13 1ª A: 5,51 5ª B: 6,55 2ª A: 7,73 Motor a 2.400 rpm pneus traseiros standard A: Alta B: Baixa SR: Super Redutor 3ª A: 10,05 4ª A: 16,14 5ª A: 25,61 Velocidade em km/h