Acidentes de trabalho com perfurocortantes
em unidade de centro cirúrgico na Região Sul
do Brasil
Accidents at work with sharps in the surgical center unit in southern Brazil
Caroline Ottobelli*
Carla Argenta****
Rosa Gabriela Zanatta*****
Resumo
O estudo teve por objetivo identificar os acidentes de trabalho em uma unidade de centro cirúrgico em um hospital geral
do norte do Estado do Rio Grande do Sul. Estudo quantitativo, do tipo descritivo e documental, no qual foram analisadas
as notificações de acidentes de trabalho, ocorridas entre 2001 e 2012. A coleta de dados se deu por meio das notificações
de acidente de trabalho, totalizando 64 prontuários. Os acidentes de trabalho ocorreram com mulheres (n=59; 92%), que
exerciam a profissão de técnico em enfermagem (n=61; 95%), atuantes na profissão em média a 3 anos. A maior parte dos
acidentes ocorreu no período da manhã e tarde, com material perfurocortante, sendo as mãos a parte do corpo mais atingida.
Concluiu-se que ações devem ser propostas aos sujeitos mais afetados, para que o número de acidentes de trabalho diminua.
Palavras-chave: Acidentes de trabalho. Centro Cirúrgico Hospitalar. Equipe de Enfermagem.
Abstract
The study aimed to identify occupational accidents in a surgical center unit in a general hospital in the northern area in the
state of Rio Grande do Sul. Quantitative study, descriptive and documentary type, in which notifications of occupational
accidents occurred between 2001 and 2012 were analyzed. Data collection occurred through the notifications of occupational accidents, totaling 64 records. Occupational accidents occurred with women (n=59; 92%), exercising the profession
of nursing (n=61; 95%), active in the profession at an average of three years. Most accidents occurred during the morning
and afternoon, with needlestick, and hands were the most affected area. It was concluded that actions should be proposed
to the most affected subjects, so that the number of accidents decrease.
Keywords: Occupational accidents. Hospital surgical center. Nursing team.
DOI: 10.15343/0104-7809.20153901113118
* Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus Frederico Westphalen. RS, Brasil. E-mail: [email protected]
** Escola de Enfermagem do Rio Grande. Rio Grande, RS, Brasil.
*** Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus Frederico Westphalen. Frederico Westphalen, RS, Brasil.
**** Universidade do Estado de Santa Catarina – Campus Chapecó. Chapecó, SC, Brasil.
***** Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus Frederico Westphalen. Frederico Westphalen, RS, Brasil.
Os autores declaram não haver conflitos de interesse.
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Artigo Original • Original Paper
Marcia Casaril dos Santos Cargnin***
O Mundo da Saúde, São Paulo - 2015;39(1):113-118
Marta Regina Cezar-Vaz**
INTRODUÇÃO
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Acidente de trabalho (AT) são todos os eventos que ocorrem pelo exercício do trabalho,
podendo provocar lesão corporal ou perturbação funcional, ocasionando perda ou redução
da capacidade para o trabalho, temporária ou
permanentemente, e até mesmo a morte1. Segundo estimativas da Organização Internacional
do Trabalho (OIT), de um total de 2,34 milhões
de acidentes mortais a cada ano, 321 mil se
devem a AT2.
Atualmente, estima-se que 2 milhões de pessoas morram a cada ano como resultado de AT
e de doenças ou lesões relacionadas à atividade
laborativa. Outros 268 milhões de acidentes não
fatais no local de trabalho resultam em uma
média de 3 dias de trabalho perdidos por acidente, e 160 milhões de novos casos de doenças
relacionadas ao trabalho ocorrem a cada ano3.
Os profissionais que atuam na área da saúde estão entre os mais acometidos por AT, pois
compreendem grupos profissionais que mais
cotidianamente estão expostos a sangue e a
materiais biológicos. A Enfermagem é um exemplo desse fato: estudo registrou que 43% dos
acidentes com material biológico ocorreram
com profissionais da enfermagem4.
No que se refere aos AT dentro da área hospitalar, observa-se que a unidade de centro
cirúrgico é um local de grande risco para a ocorrência de AT5. O centro cirúrgico compreende
um dos setores em que há maior número de AT,
principalmente aqueles envolvendo material
biológico5,6.
Devido ao fato do centro cirúrgico ser um
setor que exige habilidade e precisão no atendimento ao cliente, associadas ao alto nível de
estresse dos trabalhadores, este passa a ser um
local mais favorecido para a ocorrência de acidentes com materiais perfurocortantes7.
Em razão da grande quantidade de AT que
vem ocorrendo dentro da área da saúde, foi
criada a Norma Regulamentadora 32 (NR 32), a
qual instituiu que os acidentes e incidentes com
materiais biológicos devem ser comunicados à
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
(CIPA), visto que a falta da notificação dificulta
a reflexão sobre dados estatísticos de agravo.
Números não bastam, mas ajudam na busca de
fatores causais e na criação de programas para a
prevenção. A NR 32 teve por finalidade estabelecer as diretrizes básicas para a implementação
de medidas de proteção à segurança e à saúde
dos trabalhadores dos serviços de saúde8.
Além de estabelecer que os AT sejam comunicados à CIPA, a NR 32 abordou também a
necessidade de notificação dos AT. Todo AT confirmado ou suspeito deve ser obrigatoriamente
notificado em até 24 horas após sua ocorrência
junto aos sistemas de informação9. Os sistemas
de informação em saúde no país são avançados,
mas dados sobre AT ainda demandam melhores
registros, tanto de cobertura, como de qualidade
dos dados10.
O acidente notificado é aquele em que o
profissional acidentado preenche a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT). O protocolo
para o atendimento a esses profissionais inclui,
além da CAT, o atendimento em serviço especializado11. Nesse sentido, a questão que norteou
este estudo foi: Qual a prevalência de AT de uma
unidade de centro cirúrgico?
Desse modo, este estudo teve como objetivo
identificar quais os AT prevalentes em uma unidade de centro cirúrgico de um hospital geral.
MÉTODOS
Estudo quantitativo, do tipo descritivo e documental, realizado no centro cirúrgico de um
hospital geral do norte do Estado do Rio Grande
do Sul. Foram analisadas todas as notificações
de acidentes ocorridas com enfermeiros e técnicos em enfermagem no período de 2001 a 2012,
totalizando uma amostra de 64 notificações.
Após o contato e a autorização da CIPA e
da direção do hospital, a coleta de dados foi
iniciada por meio de um instrumento elaborado
com base na NR 32. Faz-se importante frisar que
a coleta de dados ocorreu antes da aplicação da
NR 32 junto ao ambiente em estudo.
Pelo fato de o instrumento de coleta de dados ter sido elaborado com base na NR 32, o
mesmo contemplava informações como: sexo,
profissão, tipo de acidente, horário do acidente,
Das 64 notificações de ATs analisadas, houve predomínio de trabalhadores do sexo feminino (n=59; 92%), com média de idade de 31,5
anos, que exerciam a profissão de técnicos em
enfermagem (n=61; 95%).
A média de tempo na unidade de centro
cirúrgico foi de 3 anos, e o turno de trabalho em
que mais ocorreram acidentes foi o da manhã e
tarde (n=30; 46,8%) e, em seguida, o da noite
(n=4; 6,25%).
Os horários em que mais ocorreram os AT
foram: das 09h às 9h30, com 11 (17%) notificações; das 15h às 15h30 com 9 (14%); e das 19h
às 19h30 com 2 (3%). A média de tempo em
que ocorreram os AT após o início da jornada
de trabalho foi de 4 horas.
As mãos, incluindo dedos, foram as partes do
corpo mais atingidas (n=54; 85%), seguidas dos
olhos (n=8; 14%) e a região do punho (n=1; 1%).
Dentre os tipos de AT, os com materiais
perfurocortantes (agulhas e lâminas de bisturi) compreenderam 42 casos (66%), seguidos
de materiais cirúrgicos (n=14; 22%), líquidos
corporais (n=7; 11%) e aberturas de frascos e
ampolas (n=1; 1%).
O registro do AT, e o devido suporte de auxílio e acompanhamento de exames (HBsAg,
anti-HBS, anti-HCV e HIV, transaminases e sorologias para lues) foram medidas tomadas após
a ocorrência do AT.
Variáveis (n=64)
n (%)
Sexo
Feminino
59 (92)
115
Técnico de enfermagem
61 (95)
Enfermeiros
3 (5)
Categorias profissionais
Tempo de trabalho dos funcionários
<5 anos
35 (55)
De 5 a 10 anos
24 (37)
>10 anos
5 (8)
Horários em que mais ocorreram AT
9h às 9h30
11 (17)
15h às 15h30
9 (14)
19h às 19h30
2 (3)
Horas entre o início da jornada de trabalho e o AT
0-4
42 (65,62)
4-8
19 (29,68)
8-12
3 (4,68)
Turno de trabalho
Manhã
30 (46,8)
Tarde
30 (46,8)
Noite
4 (6,25)
Parte do corpo atingida
Dedos
54 (85)
Olhos
9 (14)
Punho
1 (1)
Tipo de AT
Material perfurocortante
42 (66)
Material cirúrgico
14 (22)
Líquidos corporais
7 (11)
Aberturas de frascos e ampolas
1 (1)
DISCUSSÃO
A média de idade dos profissionais acometidos por AT no centro cirúrgico foi semelhante
a de outro estudo7, em que a idade média foi
de 34 anos.
Quanto ao sexo que mais sofreu AT, destacou-se o predomínio do feminino com 59 (92%)
dos casos, enquanto que apenas 5 (8%) envolveram o sexo masculino. Essa conclusão vai
ao encontro do que é evidenciado na maioria
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RESULTADOS
Quadro 1. Categorias profissionais, tempo e turno
de trabalho, parte do corpo atingida, horários em
que ocorrem os acidentes de trabalho (AT), horas
entre o início da jornada de trabalho e o acidente,
e tipo de acidente. RG, Brasil, 2001-2012.
Acidentes de trabalho com perfurocortantes em unidade de centro cirúrgico na Região Sul do Brasil
turno do trabalho e medidas tomadas após a
ocorrência do acidente. Tais dados compreenderam elementos fundamentais para que fosse possível analisar os AT ocorridos no centro cirúrgico
tendo em vista que a NR 32 visou estabelecer
diretrizes para a prevenção e a segurança dos
trabalhadores em saúde.
Os dados foram analisados no programa
Excel, e as variáveis foram descritas por meio
de frequência absoluta e relativa.
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética
em Pesquisa da Universidade Regional Integrada
do Alto Uruguai e das Missões – Campus de
Frederico Westphalen, em Frederico Westphalen
(RS), sob o protocolo 001-12H PB.
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das instituições hospitalares, onde profissionais
de enfermagem são predominantemente do
sexo feminino.
Em pesquisa realizada no Hospital Universitário de São Paulo, verificou-se que a maioria
dos profissionais que sofreram os ATs eram do
sexo feminino (n=72; 83%) e apenas 6 (16%)
homens, pois as mulheres estão dispostas aterem
jornadas duplas de trabalho, afim de aprimorar
seu estilo de vida12. Em outro estudo, observou-se que a maioria dos AT ocorreram com mulheres13, isso porque a Enfermagem é constituída,
majoritariamente, por mulheres14.
Observamos que os técnicos em enfermagem foram os profissionais que mais sofreram
AT, dados que vão ao encontro dos achados
de outro estudo 12, que também levantou-se
que 93,3% dos acidentes ocorridos foram com
técnicos em enfermagem e apenas 6,7% com
os enfermeiros. A equipe de enfermagem, em
especial os técnicos em enfermem, sofrem mais
AT devido à assistência prestada ao paciente,
caracterizando-se por ser o grupo ocupacional
predominante e o maior segmento da força de
trabalho dos hospitais4.
A maioria da amostra deste apresentou menos de 5 anos de experiência no centro cirúrgico. Para alguns autores14, a habilidade e a
prática profissional têm influência nos riscos de
acidentes, o que foi comprovado em pesquisa
que registrou que mais de 40% dos trabalhadores de enfermagem acidentados tinham tempo
de trabalho inferior a 5 anos. Os profissionais
com esse tempo de experiência em centro cirúrgico podem não cumprir os rigores necessários
para se prevenirem contra lesões ao realizarem
os procedimentos direcionados ao paciente,
pois a prática influencia muito em termos de
realização de procedimentos.
Os AT ocorreram, em sua maioria, nos turnos da manhã e da tarde. Essa evidência pode
ser justificada pelo fato de que as equipes de
trabalho no centro cirúrgico são reduzidas no
período noturno e também nos finais de semanas; já no turno da manhã e tarde, são comumente realizadas mais atividades, gerando maior
volume de procedimentos e maior movimento
de profissionais.
Os horários em que mais ocorreram AT compreenderam períodos da manhã e da tarde.
Acredita-se que os horários da manhã e da
tarde ampliem o grau de risco pelo fato de as
atividades ocorrerem em maior quantidade no
centro cirúrgico e por estar aí maior número de
profissionais. Corroboram estes dados achados
de estudo que registrou os horários de ocorrência dos ATs: 22% das 6h às 12h, 25% das 12h às
18h e 2% das 18h às 24h. Os ATs ocorreram nesses horários em razão da alta concentração de
profissionais no ambiente de trabalho e também
por serem executados mais procedimentos = do
que no horário noturno, quando aconteceriam
apenas cirurgias de emergência15. Acredita-se
que um fator que contribua para ocorrência
dos acidentes nesse horário seja a sobrecarga
de trabalho dos profissionais.
O intervalo de zero a 4 horas de serviço
teve o maior número de ocorrência de AT entre
os profissionais, o que indica que as primeiras
horas da jornada de trabalho foram consideradas
as mais críticas para ocorrer AT. É nas primeiras
horas que os profissionais desenvolvem grande
parte das atividades a serem desempenhadas
durante seu turno de trabalho, como o preparo dos pacientes para os procedimentos e
cirurgias, administração dos medicamentos,
entre outras16.
A presente pesquisa encontrou que as mãos
foram a parte do corpo que mais se lesionou. As
mãos geralmente estão em contato com o paciente, o que aumenta o risco de acidente nessa.
Lembramos que, neste estudo, não investigamos
o uso de Equipamentos de Proteção Individual.
Pesquisa já observara as mãos como a área
corporal mais atingida em 50% dos sujeitos. Os
procedimentos que contribuem para acidentes
com perfurocortantes foram a administração de
medicamentos e as punções venosas17.
Outro estudo justificou as lesões nas mãos
com o tipo de atividade exercida pelos profissionais da enfermagem, as quais exigem destreza
e precisão. Acidentes nos olhos, por respingos de secreção contaminada dos pacientes e
CONCLUSÃO
Este estudo permitiu caracterizar os ATs
ocorridos com a equipe de enfermagem no centro cirúrgico, evidenciando o alto índice do acidente com materiais perfurocortantes, a maioria
com técnicos em Enfermagem e com profissionais atuantes a menos de 5 anos na instituição.
A maior parte dos acidentes ocorrem nos
períodos da manhã e tarde. Ficou evidenciado
ainda que as mãos, incluindo os dedos, foram as
partes mais atingidas durante o AT. As medidas
tomadas após a ocorrência do AT incluíram o
registro do acidente e a realização de exames.
A falta de informações nos documentos pesquisados (por exemplo: escassez informações
acerca das circunstâncias em que ocorreram os
AT) foi uma das limitações deste estudo.
São necessários, portanto, programas e ações
educativas para toda a equipe de enfermagem,
além do controle dos acidentes envolvendo os
materiais perfurocortantes. Para isso, é primordial que as instituições de saúde coloquem em
prática a NR 32, a qual estabelece as diretrizes
para prevenção dos AT.
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Os acidentes envolveram, em sua maioria,
materiais perfurocortantes (agulhas e lâminas
de bisturi). Estes dados também foram encontrados em outros estudos, nos quais o acidente
predominante também foi com material perfurocortantes (73,3%)7.
Estudo realizado em 2010 afirmou que 14%
dos ATs foram por reencapamento de agulhas,
além do mais, 14% foram causados por manuseio de instrumentação cirúrgica, 13% por
manuseio e descarte de resíduos e 10% em execução de punção venosa4. Estudos destacaram a
prevalência dos materiais perfurocortantes nos
AT, principalmente a agulha8.
Acidentes de trabalho com perfurocortantes em unidade de centro cirúrgico na Região Sul do Brasil
decorrentes de alguma aspiração de ar, também
foram frequentes16.
Outro estudo justificou as lesões nas mãos
com o tipo de atividade exercida pelos profissionais da enfermagem, que exige destreza e
precisão. Acidentes nos olhos, por origem dos
respingos de secreção contaminada dos pacientes e decorrentes de alguma aspiração de ar,
também foram frequentes16.
Todos os casos de AT ocorridos encontrados
por esta pesquisa foram notificados e acompanhados. A notificação do AT deve ser realizada por qualquer profissional, o qual realiza
o registro da CAT, a fim de documentar o acidente do ponto de vista legal. Em seguida, são
realizados os processos de quimioprofiláticos
e, se necessário, feito o seguimento clínico-laboratorial do profissional acidentado. É importante conhecer a situação sorológica do
paciente por meio de informações contidas no
prontuário dele e, quando as informações não
estiverem disponíveis, é preciso solicitar o teste
rápido do HIV, a partir do consentimento livre
do paciente fonte18.
Para os casos de contaminação por agentes
biológicos, a NR 32 estabeleceu condutas como
diagnósticos, acompanhamento e prevenção de
soroconversão e de doenças, o tratamento médico e o atendimento de emergência aos profissionais, além das informações sobre a prestação
da assistência aos trabalhadores (protocolos de
atendimento, dispensação de imunoglobulinas,
vacinas, medicamento e materiais especiais para
os profissionais)7.
Desse modo vale reforçar a importância da
notificação do AT, pois é por meio delas que os
programas de atenção à saúde do trabalhador
adotam medidas para prevenção e cuidado com
o profissional da saúde.
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Recebido em 03 de janeiro de 2015.
Aprovado em 24 de junho de 2015.
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