UNIVERSIDADE DE SANTO AMARO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO CURSO MANEJO E CONSERVAÇÃO DA FAUNA SILVESTRE ANDRÉ RICARDO DE SOUZA Diagnóstico preliminar da composição e riqueza de avifauna da Associação dos Amigos do Vila Verde, Itapevi - SP São Paulo 2012 ANDRÉ RICARDO DE SOUZA Diagnóstico preliminar da composição e riqueza de avifauna da Associação dos Amigos do Vila Verde, Itapevi - SP Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização apresentado para obtenção do título de Especialista Latu sensu em Manejo e Conservação da Fauna Silvestre da Universidade de Santo Amaro, sob a orientação do Profº Marcelo Stéfano Bellini Lucas São Paulo 2012 ANDRÉ RICARDO DE SOUZA Diagnóstico preliminar da composição e riqueza de avifauna da Associação dos Amigos do Vila Verde, Itapevi - SP Trabalho de Conclusão de Curso de Especialização apresentado para obtenção do título de Especialista Lato sensu em Manejo e Conservação da Fauna Silvestre da Universidade de Santo Amaro. Data de Aprovação: ______/______/______ BANCA EXAMINADORA Marcelo Stéfano Bellini Lucas (Orientador) Professor Especialista Universidade de Santo Amaro Luccas Guilherme Rodrigues Longo (Banca examinadora) Mestre em Recursos Florestais Cristiane Espinosa Bolochio (Banca examinadora) Especialista em Fauna Silvestre CONCEITO FINAL: ______________________ Em memória do meu querido e inesquecível tio Osvaldo Ramos AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por mais essa conquista e por me dar força para superar os momentos difíceis; A meus pais e familiares que sempre apoiaram minhas decisões e estiveram sempre ao meu lado me incentivando e me apoiando; A todos os professores do curso de Manejo e Conservação da Fauna Silvestre pelo apoio, incentivo e por compartilharem vossos conhecimentos e experiências; A meus amigos do curso de Manejo e Conservação da Fauna Silvestre pela amizade, companheirismo e ensinamentos; Ao amigo Rodrigo Oliveira, biólogo do condomínio Vila Verde, pelo apoio, incentivo e colaboração. "Não quero o teu alpiste! Gosto mais do alimento que procuro na mata livre em que a voar me viste..... Olavo Bilac RESUMO A Associação dos Amigos do Vila Verde é um loteamento em condomínio localizado próximo a Rodovia Raposo Tavares (23º35’17.00” S e 46º57’36.72” O), no município de Itapevi – SP, possuindo cerca de 1.339 lotes em 124,5813ha, sendo que deste total, 51% são áreas de preservação. O condomínio está inserido dentro de uma área de preservação ambiental pertencente a Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo, com vegetação predominante do Bioma de Mata Atlântica classificada como Floresta Ombrófila Densa Montana. O presente estudo teve por objetivo realizar um diagnóstico preliminar da composição e riqueza de avifauna do condomínio Vila Verde. Para tal diagnóstico, utilizou-se a metodologia de inventário, onde o pesquisador percorreu ruas e trilhas existentes na área de estudo, que foi dividida em 03 trajetos, visando amostrar todos os ambientes e abranger o maior espaço territorial possível. As aves foram observadas e registradas com o auxílio de binóculo, câmera fotográfica, gravador de áudio, microfone unidirecional e guias de campo. O levantamento da avifauna foi realizado no período de agosto a outubro de 2012, onde após 65 horas de observações realizadas em diferentes datas e horários, foram registradas 120 espécies de aves, representadas em 18 Ordens e 41 Famílias. Do total de espécies registradas, 26 espécies ainda não haviam sido observadas em levantamentos anteriores. Além disso, foi detectada a presença de 03 espécies na categoria quase ameaçada de extinção, de acordo com a lista da fauna ameaçada de extinção do estado de São Paulo de 2009. O resultado apresentado demonstra a importância da preservação da área de estudo visando à manutenção da diversidade de aves local, além da necessidade da realização de estudos periódicos para o melhor conhecimento da biodiversidade existente no condomínio. O trabalho teve por objetivo colaborar no diagnóstico da avifauna local, além de contribuir para o melhor conhecimento da biodiversidade de aves do município de Itapevi. Palavras – chave: Vila Verde; Reserva da Biosfera; Mata Atlântica; aves; biodiversidade; avifauna; São Paulo. ABSTRACT The Associação dos Amigos do Vila Verde subdivision is a condominium located near the Raposo Tavares Highway (23 ° 35'17 .00 "S and 46 º 57'36 .72" W), in the municipality of Itapevi - SP, having about 1339 lots in 124,5813ha, of this total, 51% are conservation areas. The condominium is inserted into an area of environmental preservation belonging to the Biosphere Reserve of the Green Belt of São Paulo, with predominant vegetation of the Atlantic Forest biome classified as Rain Forest Montana. This study aimed to perform a preliminary diagnosis of the composition and richness of birdlife condominium Vila Verde. For this diagnosis, we used the inventory methodology where the researcher traveled roads and trails inside the study area, which was divided into 03 routes, aiming to sample all environments and cover the largest possible territorial space. The birds were observed and recorded with the aid of binoculars, camera, audio recorder, unidirectional microphone and field guides. The avifauna survey was conducted from August to October 2012, where after 65 hours of observations made at different dates and times were recorded 120 bird species, represented by 18 orders and 41 families. Of the total number of species recorded, 26 species had not been observed in previous surveys. Furthermore, we detected the presence of 03 species in the category Near Threatened with extinction, according to the list of threatened fauna of the state of São Paulo in 2009. The results presented demonstrate the importance of the preservation of the study area in order to maintain the diversity of the local birds, beyond the necessity of conducting periodic studies to improve our knowledge of biodiversity in condominium. The study aimed to collaborate in the diagnosis of local avifauna, and contribute to a better understanding of the biodiversity of birds in the city of Itapevi. Keywords: Village Green; Biosphere Reserve, Atlantic Forest; birds; biodiversity; avifauna; Sao Paulo. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1 – Mapa da Região Metropolitana de São Paulo, com destaque para o município de Itapevi ............................................................................................................................. 16 FIGURA 2 – Município de Itapevi – SP ................................................................................ 16 FIGURA 3 – Vista aérea do município de Itapevi e municípios adjacentes, com destaque para a Associação dos Amigos do Vila Verde, Itapevi - SP.................................................. 17 FIGURA 4 – Vista aérea do local de estudo com demarcação do limite territorial e trajetos percorridos........................................................................................................................... 18 FIGURA 5 – Vista aérea do local de estudo com demarcação do limite territorial e trajeto verde – extensão aproximada 3,3 Km .................................................................................. 19 FIGURA 6 – Vista aérea do local de estudo com demarcação do limite territorial e trajeto azul – extensão aproximada 5,1 Km .................................................................................... 20 FIGURA 7 – Vista aérea do local de estudo com demarcação do limite territorial e trajeto vermelho – extensão aproximada 4,1 Km ............................................................................ 21 FIGURA 8 – Mapa da Associação dos Amigos do Vila Verde, Itapevi - SP.......................... 26 FIGURA 9 – Entrada de uma das trilhas .............................................................................. 26 FIGURA 10 – Área interna de uma das trilhas ..................................................................... 26 FIGURA 11 – Borda de um dos fragmentos de mata ........................................................... 27 FIGURA 12 – Borda de um dos fragmentos de mata ........................................................... 27 FIGURA 13 – Gramado da área de lazer ............................................................................. 27 FIGURA 14 – Área de lazer e Núcleo de Educação Ambiental ............................................ 27 FIGURA 15 – Lago .............................................................................................................. 27 FIGURA 16 – Nascente ....................................................................................................... 27 FIGURA 17 – Curva de suficiência amostral ........................................................................ 29 FIGURA 18 – Callithrix penicillata (sagui-de-tufo-preto) ....................................................... 41 FIGURA 19 – Guerlinguetus ingrami (caxinguelê) ............................................................... 41 FIGURA 20 – Nasua nasua (quati) ...................................................................................... 42 FIGURA 21 – Tupinambis merianae (teiú) ........................................................................... 42 FIGURA 22 – Casal de Thamnophilus caerulescens (choca-da-mata) no ninho (fêmea à esquerda e macho à direita) ................................................................................................ 52 FIGURA 23 – Ninho de Pachyramphus validus (caneleiro-de-chapéu-preto) ....................... 53 FIGURA 24 – Furnarius rufus (joão-de-barro) sobre o ninho................................................ 53 LISTA DE TABELAS TABELA 1 - Cronograma de trabalho e quantidade de espécies registradas na Associação dos Amigos do Vila Verde, Itapevi – SP ............................................................................... 28 TABELA 2 - Riqueza e diversidade da avifauna registrada na Associação dos Amigos do Vila Verde, Itapevi – SP ....................................................................................................... 31 TABELA 3 - Outras espécies de vertebrados registradas durante a pesquisa na Associação dos Amigos do Vila Verde, Itapevi – SP ............................................................................... 41 TABELA 4 - Níveis de abundância, segundo AZEVEDO et al.(2003); PETERSEN et al.(2011) .............................................................................................................................. 43 TABELA 5 - Frequência de ocorrência, sazonalidade e status das espécies da Associação dos Amigos do Vila Verde, Itapevi – SP ............................................................................... 44 TABELA 6 - Quantidades de espécies observadas por ambiente na Associação dos Amigos do Vila Verde, Itapevi – SP .................................................................................................. 54 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 12 2 OBJETIVOS...................................................................................................................... 14 3 MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................................. 14 3.1 Análise de dados ........................................................................................................... 23 3.1.1 Esforço amostral ......................................................................................................... 23 3.1.2 Riqueza e diversidade................................................................................................. 23 3.2 Guildas alimentares ....................................................................................................... 24 3.3 Frequência de ocorrência (FO) ...................................................................................... 24 3.4 Sazonalidade ................................................................................................................. 24 3.5 Comparação da diversidade por ambiente ..................................................................... 25 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 28 4.1 Esforço amostral ............................................................................................................ 28 4.1.2 Riqueza e diversidade................................................................................................. 30 4.2 Guildas alimentares ....................................................................................................... 42 4.3 Frequência de ocorrência (FO) e sazonalidade ............................................................. 43 4.3.1 Trajeto verde ............................................................................................................... 48 4.3.2 Trajeto azul ................................................................................................................. 49 4.3.3 Trajeto vermelho ......................................................................................................... 50 4.4 Comparação da diversidade por ambiente ..................................................................... 54 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 56 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 57 ANEXO ................................................................................................................................ 61 12 INTRODUÇÃO As aves pertencem a um grupo animal diversificado e amplamente distribuído, estão entre os animais mais conhecidos do mundo, sendo reconhecidas cerca de 10.000 espécies (BIRDLIFE, 2012). O Brasil possui atualmente 1.832 espécies de aves (CBRO, 2011), fato que o coloca como o segundo país detentor da maior diversidade de aves no mundo (ICMBIO, 2012) e o país com o maior número de espécies ameaçadas (IUCN, 2008). Das espécies presentes no Brasil, o estado de São Paulo possui 809 espécies, que estão divididas em 25 Ordens e 85 Famílias e na cidade de São Paulo, já foram registradas 483 espécies de aves, representadas em 25 Ordens e 70 Famílias (FIGUEIREDO, 2002; FIGUEIREDO, 2010). O estado de São Paulo que praticamente tinha toda a sua extensão coberta por Mata Atlântica, possuía ainda no ano de 1911 64,7 % (originalmente mais de 81%) da sua superfície coberta de mata. Em 1919, em apenas oito anos, a percentagem baixou a 15,6% e hoje a 3%. A Mata Atlântica era uma área de 1,1 milhões de quilômetros quadrados. É admirável que ainda não presenciamos a extinção de várias espécies de aves (SICK, 1997). Dentre os estados brasileiros com maior quantidade de estudos ornitológicos está o estado de São Paulo (WILLIS & ONIKI, 2003), que possui quase metade das espécies descritas em território nacional, sendo que grande parte encontra-se no município de São Paulo (SCHUNCK, 2008). Apesar de ser um dos estados mais bem inventariados, ainda há muito a descobrir sobre sua avifauna. Além de projetos de pesquisa, trabalhos de educação ambiental e o crescente número de observadores de aves podem contribuir para o conhecimento ornitológico e estratégias de conservação (MONTANHINI, 2010). Durante o processo de urbanização ocorrido na Grande São Paulo, houve uma drástica alteração da paisagem original, onde grande parte da vegetação original constituída por florestas, campos e ambientes aquáticos foi substituída por áreas construídas (DEVELEY & ENDRIGO, 2011). Alguns fatores têm contribuído para alteração das populações naturais das aves, tais como a alteração de ambientes através de desmatamentos, urbanização e manejo inadequado da flora, com a redução das espécies que ofereçam alimentação 13 e abrigo para a avifauna, além da introdução de espécies vegetais exóticas (FIGUEIREDO & LO, 2000). Ao contrário do ocorrido nas áreas urbanas, as reservas florestais localizadas nos arredores da cidade, abrigam ainda boa parte da avifauna original, sendo um importante refúgio para muitas aves e contribuindo de forma significativa à grande diversidade de espécies encontradas na Grande São Paulo, como por exemplo, o Parque Estadual da Cantareira, Reserva do Morro Grande e represas Billings e Guarapiranga, que estão ligadas às florestas existentes no alto da Serra do Mar (DEVELEY & ENDRIGO, 2011). As aves são excelentes indicadores da qualidade ambiental, funcionando como detectores de mudanças na saúde e condições do ecossistema, pois se trata de um grupo bastante estudado pela ciência. São amplamente presentes no mundo, totalizando cerca de 10.000 espécies conhecidas, são conspícuas e facilmente amostradas através de técnicas simples e de baixo custo, apresentam grande variedade de respostas diante de diferentes condições ambientais e podem ser monitoradas ao longo do tempo, permitindo uma melhor compreensão sobre as transformações ambientais (SAVE, 2012). Desempenhando importantes funções ecológicas, as aves atuam como agentes polinizadores, dispersores de sementes, predadores e também servindo de presas para outros vertebrados (WHITMAN et al., 1998). As aves por estarem presentes em todos os biomas e ocuparem uma grande diversidade de nichos ecológicos, são consideradas excelentes indicadores da diversidade dos ecossistemas (VIELLIARD et al., 2010). Diversos ornitólogos amadores têm auxiliado a reunir o imenso conjunto de informações sobre a história natural e a ecologia de populações de aves (POUGH et al., 2003). O estudo da comunidade de aves é importante para a elaboração do plano de manejo e conservação de áreas naturais (POZZA & PIRES, 2003), além de possuir papel fundamental na definição de ações de compensação ambiental (ALMEIDA et al., 2003). 14 2 OBJETIVOS Realizar o diagnóstico preliminar da avifauna existente na Associação dos Amigos do Vila Verde, visando contribuir para o melhor conhecimento da biodiversidade de aves do condomínio e consequentemente do município de Itapevi, estado de São Paulo. 3 MATERIAL E MÉTODOS O município de Itapevi (23°32'56" S, 46°56'03" O) está situado na Região Metropolitana de São Paulo, 35 km à oeste da capital paulista, em uma área de 79Km², tendo como limites de município Santana de Parnaíba, Barueri, Jandira, Cotia, Vargem Grande Paulista e São Roque (figuras 1 e 2). A vegetação predominante na região é a Mata Atlântica, classificada como Floresta Ombrófila Densa Montana, com altitudes que variam de 740m no centro da cidade e à aproximadamente 1035m no alto da Serra do Itaqui, na divisa com o município de Santana de Parnaíba. O clima predominante na região é o subtropical, com temperatura média anual de 18°C (ITAPEVI, 2012). A Associação dos Amigos do Vila Verde é um loteamento em condomínio, localizado no município de Itapevi/SP, próximo ao Km 36 da Rodovia Raposo Tavares (23º35’17” S, 46º57’36” O), compreendendo 1.339 lotes em 124,5813ha, sendo que deste total, 51% são áreas de preservação (figura 3). No zoneamento do município de Itapevi, o condomínio Vila Verde, antigo Transurb, está situado dentro de uma área de preservação ambiental pertencente a Reserva da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo. No local são encontradas formações florestais com diferentes idades, onde nos locais de baixa altitude a vegetação foi caracterizada em estágio secundário inicial de regeneração ecológica e na parte alta encontra-se uma transição do estágio secundário médio para avançado, com a presença de elementos arbóreos de grande porte, de acordo com a Resolução SMA 01/94 (VILA VERDE, 2009). 15 A Associação dos Amigos do Vila Verde está cadastrada no IBAMA, conforme processo de autorização 02027.003006/05-89-IBAMA, como Área de Soltura e Monitoramento de Animais Silvestres Vila Verde, aonde desde 2006 vem realizando importante atividade de soltura e monitoramento de animais silvestres provenientes de apreensões realizadas pela Guarda Civil Metropolitana Ambiental de Itapevi, além de animais encaminhados pela Divisão Técnica de Medicina Veterinária e Biológica de Fauna - DEPAVE, Centros de Triagem de Animais Silvestres – CETAS, Centros de Recepção de Animais Silvestres – CRAS e alguns criadouros conservacionistas. As atividades de soltura e monitoramento encontram-se paralisadas desde 2011 por iniciativa própria do condomínio, que suspendeu provisoriamente a recepção de animais silvestres encaminhados pelas autoridades, porém continua atuando na destinação de animais resgatados no condomínio, encaminhando-os para os centros de recuperação de fauna da Grande São Paulo. As instalações do condomínio voltadas para as atividades de soltura e monitoramento estão passando por reformas e melhorias, para que o local possa oferecer toda infraestrutura necessária que a atividade requer, estando novamente em condições ideais para atendimento a alta demanda de animais silvestres que necessitam de cuidados. (VILA VERDE, comum. pess. 2012). O local de estudo está localizado a aproximadamente 10Km de uma importante reserva florestal, a Reserva Florestal do Morro Grande, que abrange uma área de aproximadamente 10.870ha no município de Cotia, SP (23º39’-23º48’S, 47º01’-46º55’O), tendo como cobertura florestal predominante a Floresta Ombrófila Densa Montana, em diferentes estágios de sucessão (METZGER et al., 2006). Apesar de já ter passado por um intenso processo de perturbação, o que deve ter levado a perda de muitas espécies, a Reserva do Morro Grande ainda abriga uma comunidade de aves rica e diversa, com muitas espécies endêmicas e ameaçadas tanto a nível global quanto regional (DEVELEY & MARTENSEN, 2006). 16 Figura 1 – Mapa da Região Metropolitana de São Paulo, com destaque para o município de Itapevi. Figura 2 - Município de Itapevi – SP (GOOGLE MAPS, 2012). 17 Figura 3 - Vista aérea do município de Itapevi e municípios adjacentes, com destaque para a Associação dos Amigos do Vila Verde, Itapevi - SP (GOOGLE EARTH, 2012). As coletas de dados foram realizadas utilizando-se a metodologia de inventário, que consiste na realização de levantamentos aleatórios onde o pesquisador percorre estradas e trilhas existentes na área de estudo, visando amostrar todos os ambientes e abranger o maior espaço territorial possível (RIBON, 2010). Para tanto, foram demarcados três diferentes trajetos, objetivando amostrar o maior espaço territorial possível e os diferentes ambientes existentes na área de estudo (figura 4). Trajeto verde: extensão aproximada de 3,3 Km, abrangendo área florestal, aberta, semiaberta e aquática (figura 5); Trajeto azul: extensão aproximada de 5,1 Km, abrangendo área florestal, aberta, semiaberta e aquática (figura 6); Trajeto vermelho: extensão aproximada de 4,1 Km, abrangendo área florestal, aberta e semiaberta (figura 7). 18 Figura 4 - Vista aérea do local de estudo com demarcação do limite territorial e trajetos percorridos (GOOGLE EARTH, 2012). 19 Figura 5 - Vista aérea do local de estudo com demarcação do limite territorial e trajeto verde – extensão aproximada 3,3 Km (GOOGLE EARTH, 2012). 20 Figura 6 - Vista aérea do local de estudo com demarcação do limite territorial e trajeto azul - extensão aproximada 5,1 Km (GOOGLE EARTH, 2012). 21 Figura 7 - Vista aérea do local de estudo com demarcação do limite territorial e trajeto vermelho – extensão aproximada 4,1 Km (GOOGLE EARTH, 2012). 22 Para detecção das espécies foram utilizados apenas recursos visuais, auditivos e fotográficos, não envolvendo qualquer tipo de coleta de espécimes. Os equipamentos de apoio utilizados durante a pesquisa foram: binóculo Nikula 8x40, para identificação visual e observação das espécies a longa distância, gravador digital Sony ICD-P520 e microfone direcional Yoga HT-81, para gravação de vocalizações das espécies que não puderam ser observadas, máquina fotográfica digital Canon SX-30 IS para registro documental das espécies, ficha de campo para anotações e registro das espécies, ficha esta elaborada a partir da lista das espécies já registradas no condomínio por observadores diversos (VILA VERDE, comum. pess. 2012), além de guias para identificação (HOFLING & CAMARGO, 1999; DEVELEY & ENDRIGO, 2011; SIGRIST, 2009). Em algumas ocasiões utilizou-se a técnica do “playback”, que consiste em reproduzir a vocalização da ave a qual se deseja atrair, no intuito de visualizar a espécie e assim confirmar sua correta identificação (RODRIGUES et al., 2005). Para reprodução das vocalizações foi utilizado Ipod touch conectado a uma mini caixa acústica. Para a correta identificação de algumas vocalizações desconhecidas ou duvidosas gravadas durante a pesquisa, o pesquisador contou com o auxílio de outros pesquisadores e ornitólogos que auxiliaram na correta identificação das espécies, além de compará-las a arquivos sonoros disponíveis em bibliotecas digitais (WIKIAVES, 2012; XENO-CANTO, 2012). 23 3.1 Análise de dados Os dados obtidos durante a pesquisa foram analisados a partir de diferentes metodologias de avaliação, visando otimizar a coleta de dados realizada pelo pesquisador. 3.1.1 Esforço Amostral Ao final da pesquisa, a partir do total de horas de trabalho de campo e a quantidade de amostras obtidas, o esforço amostral foi demonstrado graficamente através da curva de suficiência amostral, indicando a riqueza de espécies registradas em cada amostra e o acúmulo de espécies ao longo da pesquisa (SANTOS, 2009). 3.1.2 Riqueza e diversidade Com o objetivo de registrar o maior número possível de espécies em um curto espaço de tempo, conhecendo a riqueza e diversidade do local de estudo, optou-se pelo levantamento qualitativo (DEVELEY, 2009). A lista de espécies foi elaborada seguindo ordem sistemática e nomenclatura sugeridas pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2011). 24 3.2 Guildas alimentares As espécies foram agrupadas em diferentes guildas alimentares, levando em consideração a principal dieta de cada espécie, baseadas nos trabalhos de MOTTA JR. (1990), SICK (1997) e DEVELEY & ENDRIGO (2011). 3.3 Frequência de ocorrência (FO) Foram analisadas as frequências de ocorrência (FO) das espécies, que correspondem ao número de amostras em que determinada espécie foi observada em relação ao número total de amostras (VIELLARD & SILVA, 1990), ou seja: FO= Na / Nta x 100 Onde: Na = número de amostras em que a espécie foi observada Nta = número total de amostras 3.4 Sazonalidade Com base no índice de frequência de ocorrência (FO) das espécies, foi possível verificar seus índices de abundância, que foram definidos como: muito abundante, abundante, frequente, ocasional e rara (AZEVEDO et al., 2003; PETERSEN et al., 2011), além da caracterização das espécies quanto a seu status no território brasileiro, segundo CBRO (2011). 25 3.5 Comparação da diversidade por ambiente Devido a grande extensão territorial e diversidade de ambientes do local de estudo, optou-se pela divisão do local de estudo em 05 diferentes áreas, visando comparar a diversidade de espécies em cada ambiente (figura 8). Área 1 – Florestal: fragmentos de mata secundária e suas respectivas trilhas (figuras 9 e 10); Área 2 – Aberta: campos, gramados, jardins, bosques e área de lazer (figuras 11 e 12); Área 3 – Semiaberta: bordas de mata secundária e áreas residenciais (figuras 13 e 14); Área 4 – Aquática: lago e nascentes (figuras 15 e 16); Área 5 – Sobrevoo: categoria criada para caracterizar as espécies observadas sobrevoando a área de estudo, sem interagir diretamente com as demais áreas. 26 Figura 8 - Mapa da Associação dos Amigos do Vila Verde, Itapevi - SP (Arte: Iago Ramos / André Ricardo de Souza). Figura 9 - Entrada de uma das trilhas. Figura 10 - Área interna de uma das trilhas. 27 Figura 11 - Borda de um dos fragmentos de mata. Figura 12 - Borda de um dos fragmentos de mata. Figura 13 - Gramado da área de lazer. Figura 14 - Área de lazer e Núcleo de Educação Ambiental. Figura 15 - Lago. Figura 16 - Nascente. 28 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Esforço amostral Foram 65 horas de pesquisa de campo, totalizando 12 visitas ao local de estudo, sendo realizadas 04 visitas em cada trajeto em diferentes datas e horários (tabela 1), objetivando a detecção da maior quantidade de espécies possíveis em cada percurso, considerando que a atividade das aves pode variar de acordo com o ciclo biológico de cada espécie, onde a probabilidade de detecção pode oscilar de acordo com as estações e condições atmosféricas de cada visita (VIELLIARD et al., 2010). Foi traçada a curva de suficiência amostral indicando a riqueza de espécies registradas em cada amostra e o acúmulo de espécies ao longo da pesquisa (figura17). Tabela 1 – Cronograma de trabalho e quantidade de espécies registradas na Associação dos Amigos do Vila Verde, Itapevi – SP. Horas de Espécies Campo Novas espécies Total acumulado 40 40 40 6 61 29 69 15h00 - 19h30 4,5 36 5 74 verde 15h00 - 20h00 5 57 14 88 Azul 15h10 - 19h40 4,5 50 3 91 06h00 - 11h30 e 12h00 - 13h30 7 59 10 101 06h15 - 12h15 6 72 4 105 25.09.2012 vermelho 06h00 - 12h00 6 50 2 107 18.10.2012 vermelho 15h00 - 19h30 4,5 39 3 110 25.10.2012 verde 15h00 - 19h30 4,5 55 2 112 27.10.2012 Azul 06h30 - 12h30 6 60 2 114 28.10.2012 verde 06h30 - 12h30 6 70 6 120 Data Trajeto Período de Observação 23.08.2012 Azul 15h15 - 20h15 5 25.08.2012 Azul 06h00 - 12h00 30.08.2012 vermelho 05.09.2012 12.09.2012 18.09.2012 vermelho 22.09.2012 verde 29 Figura 17 - Curva de suficiência amostral. A tabela 1 demonstra que a quantidade de espécies registradas durante a pesquisa foi aumentando ao longo das amostras, o que também pode ser verificado na figura 17 através da curva de acumulação de espécies, que é uma excelente ferramenta para avaliar o quanto um inventário se aproxima de registrar todas as espécies do local de estudo (SANTOS, 2009). A estabilização da curva é um indicativo de que toda riqueza da área foi amostrada, o que não aconteceu no presente estudo, pois se verifica claramente que a curva continua em ascensão, indicando que o local ainda necessita de mais horas de estudo, a fim de se registrar possíveis novas espécies até que seja alcançada a estabilização da curva. 30 4.1.2 Riqueza e diversidade Ao final da presente pesquisa foram registradas 120 espécies de aves, representadas em 18 Ordens e 41 Famílias. A riqueza e diversidade da avifauna encontrada na área de estudo foram reunidas em uma lista de espécies (tabela 2) elaborada de acordo com a sistemática e nomenclatura sugeridas pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO), onde as espécies foram apresentadas pelo seu nome científico e português, indicando também o tipo de registro realizado para cada espécie, que foram definidos da seguinte forma: A – registro auditivo da espécie; G – gravação da vocalização da espécie; V - visualização da espécie; F – fotografia ou filmagem da espécie. As espécies destacadas na tabela na cor vermelha indicam as que ainda não haviam sido registradas anteriormente no local, de acordo com a lista de espécies mantida pela administração do condomínio. Além disso, também foi apresentado na referida lista a respectiva guilda alimentar de cada espécie, considerando sua principal dieta, baseadas nos trabalhos de MOTTA JR. (1990), SICK (1997) e DEVELEY & ENDRIGO (2011). São elas: Fr – frugívoro; On – onívoro; In – insetívoro; Ca – carnívoro; Gr – granívoro; De – detritívoro; Ne – nectarívoro; e Pi – piscívoro. 31 Tabela 2 – Riqueza e diversidade da avifauna registrada na Associação dos Amigos do Vila Verde, Itapevi - SP. Nome do Táxon Nome em Português Registro Guilda A On A ,G, V, F Fr biguá V, F Pi Bubulcus ibis garça-vaqueira V, F In Ardea cocoi garça-moura V, F Pi Egretta thula garça-branca-pequena V Pi urubu-de-cabeça-preta V, F De Leptodon cayanensis gavião-de-cabeça-cinza A, V, F Ca Heterospizias meridionalis gavião-caboclo V Ca Rupornis magnirostris gavião-carijó A,V Ca Geranoaetus albicaudatus gavião-de-rabo-branco V Ca Buteo brachyurus gavião-de-cauda-curta V, F Ca TINAMIFORMES Huxley, 1872 TINAMIDAE Gray, 1840 Crypturellus tataupa inhambu-chintã GALLIFORMES Linnaeus, 1758 CRACIDAE Rafinesque, 1815 Penelope obscura jacuaçu SULIFORMES Sharpe, 1891 PHALACROCORACIDAE Reichenbach, 1849 Phalacrocorax brasilianus PELECANIFORMES Sharpe, 1891 ARDEIDAE Leach, 1820 CATHARTIFORMES Seebohm, 1890 CATHARTIDAE Lafresnaye, 1839 Coragyps atratus ACCIPITRIFORMES Bonaparte, 1831 ACCIPITRIDAE Vigors, 1824 Legenda: A – registro auditivo; G – gravação da vocalização; V - visualização; F – fotografia ou filmagem. 32 Tabela 2 – Riqueza e diversidade da avifauna registrada na Associação dos Amigos do Vila Verde, Itapevi - SP. Nome do Táxon Nome em Português Registro Guilda A,V On saracura-do-mato A, V, F On quero-quero A, V, F In Columbina talpacoti rolinha-roxa V ,F Gr Patagioenas picazuro pombão A, V, F Gr Patagioenas cayennensis pomba-galega A, G Fr Patagioenas plumbea pomba-amargosa A, G Fr Zenaida auriculata pomba-de-bando V, F Gr Leptotila verreauxi juriti-pupu A Fr Leptotila rufaxilla juriti-gemedeira A, G, V, F Fr FALCONIFORMES Bonaparte, 1831 FALCONIDAE Leach, 1820 Caracara plancus caracará GRUIFORMES Bonaparte, 1854 RALLIDAE Rafinesque, 1815 Aramides saracura CHARADRIIFORMES Huxley, 1867 CHARADRIIDAE Leach, 1820 Vanellus chilensis COLUMBIFORMES Latham, 1790 COLUMBIDAE Leach, 1820 PSITTACIFORMES Wagler, 1830 PSITTACIDAE Rafinesque, 1815 Aratinga leucophthalma periquitão-maracanã A, V, F Fr Pyrrhura frontalis tiriba-de-testa-vermelha A, V, F Fr Forpus xanthopterygius tuim A, V, F Fr Brotogeris tirica periquito-rico A, V, F Fr Pionus maximiliani maitaca-verde A, V, F Fr Amazona aestiva papagaio-verdadeiro A, V, F Fr Legenda: A – registro auditivo; G – gravação da vocalização; V - visualização; F – fotografia ou filmagem. 33 Tabela 2 – Riqueza e diversidade da avifauna registrada na Associação dos Amigos do Vila Verde, Itapevi - SP. Nome do Táxon Nome em Português Registro Guilda A, V, F In CUCULIFORMES Wagler, 1830 CUCULIDAE Leach, 1820 Piaya cayana alma-de-gato Crotophaga ani anu-preto A, V In Guira guira anu-branco A, V In Dromococcyx pavoninus peixe-frito-pavonino A, G, V, F In corujinha-do-mato A, G, V, F In andorinhão-do-temporal A, V In Phaethornis pretrei rabo-branco-acanelado A, V Ne Phaethornis eurynome rabo-branco-de-garganta-rajada A, V Ne Eupetomena macroura beija-flor-tesoura G, V, F Ne Florisuga fusca beija-flor-preto V Ne Chlorostilbon lucidus besourinho-de-bico-vermelho V, F Ne Thalurania glaucopis beija-flor-de-fronte-violeta V Ne Amazilia versicolor beija-flor-de-banda-branca V Ne Amazilia lactea beija-flor-de-peito-azul V, F Ne Calliphlox amethystina estrelinha-ametista V, F Ne martim-pescador-grande A,V Pi STRIGIFORMES Wagler, 1830 STRIGIDAE Leach, 1820 Megascops choliba APODIFORMES Peters, 1940 APODIDAE Olphe-Galliard, 1887 Chaetura meridionalis TROCHILIDAE Vigors, 1825 CORACIIFORMES Forbes, 1844 ALCEDINIDAE Rafinesque, 1815 Megaceryle torquata GALBULIFORMES Fürbringer, 1888 Legenda: A – registro auditivo; G – gravação da vocalização; V - visualização; F – fotografia ou filmagem. 34 Tabela 2 – Riqueza e diversidade da avifauna registrada na Associação dos Amigos do Vila Verde, Itapevi - SP. Nome do Táxon Nome em Português Registro Guilda barbudo-rajado A, V, F In tucano-de-bico-verde A, V, F Fr Picumnus temminckii pica-pau-anão-de-coleira A, V, F In Melanerpes candidus pica-pau-branco A, V In Veniliornis spilogaster picapauzinho-verde-carijó A, V, F In Colaptes melanochloros pica-pau-verde-barrado A, V, F In Colaptes campestris pica-pau-do-campo A In Celeus flavescens pica-pau-de-cabeça-amarela A, V On Dryocopus lineatus pica-pau-de-banda-branca A, V, F In Dysithamnus mentalis choquinha-lisa A, V, F In Herpsilochmus rufimarginatus chorozinho-de-asa-vermelha A,V In Thamnophilus caerulescens choca-da-mata A, V, F In chupa-dente A, G, V In tovacuçu A In vira-folha A, G, V, F In arapaçu-rajado A, G, V, F In V, F In BUCCONIDAE Horsfield, 1821 Malacoptila striata PICIFORMES Meyer & Wolf, 1810 RAMPHASTIDAE Vigors, 1825 Ramphastos dicolorus PICIDAE Leach, 1820 PASSERIFORMES Linné, 1758 THAMNOPHILIDAE Swainson, 1824 CONOPOPHAGIDAE Sclater & Salvin, 1873 Conopophaga lineata GRALLARIIDAE Sclater & Salvin, 1873 Grallaria varia SCLERURIDAE Swainson, 1827 Sclerurus scansor DENDROCOLAPTIDAE Gray, 1840 Xiphorhynchus fuscus FURNARIIDAE Gray, 1840 Xenops minutus bico-virado-miúdo Legenda: A – registro auditivo; G – gravação da vocalização; V - visualização; F – fotografia ou filmagem. 35 Tabela 2 – Riqueza e diversidade da avifauna registrada na Associação dos Amigos do Vila Verde, Itapevi - SP. Nome do Táxon Nome em Português Registro Guilda Xenops rutilans bico-virado-carijó A, G, V In Furnarius rufus joão-de-barro A, V, F In Lochmias nematura joão-porca A, G, V, F In Automolus leucophthalmus barranqueiro-de-olho-branco A, G, V In Synallaxis ruficapilla pichororé A, V In Synallaxis spixi joão-teneném A, V In Cranioleuca pallida arredio-pálido A In tangará A, G, V Fr caneleiro-de-chapéu-preto A, V, F On PIPRIDAE Rafinesque, 1815 Chiroxiphia caudata TITYRIDAE Gray, 1840 Pachyramphus validus RYNCHOCYCLIDAE Berlepsch, 1907 Leptopogon amaurocephalus cabeçudo A, V In Tolmomyias sulphurescens bico-chato-de-orelha-preta A, V In Poecilotriccus plumbeiceps tororó A, V In Camptostoma obsoletum risadinha A, V In Elaenia flavogaster guaracava-de-barriga-amarela A, V On Elaenia parvirostris guaracava-de-bico-curto A, V, F On Serpophaga subcristata alegrinho A, V In Legatus leucophaius bem-te-vi-pirata A, V, F In Myiarchus swainsoni irré A, V In Pitangus sulphuratus bem-te-vi A, V, F On Machetornis rixosa suiriri-cavaleiro A, V, F In Myiodynastes maculatus bem-te-vi-rajado A, V, F In Megarynchus pitangua neinei A, G, V, F In Myiozetetes similis bentevizinho-de-penachovermelho A, V In Tyrannus melancholicus suiriri A, V, F In Tyrannus savana tesourinha A, V In Empidonomus varius peitica A, V, F In TYRANNIDAE Vigors, 1825 Legenda: A – registro auditivo; G – gravação da vocalização; V - visualização; F – fotografia ou filmagem. 36 Tabela 2 – Riqueza e diversidade da avifauna registrada na Associação dos Amigos do Vila Verde, Itapevi - SP. Nome do Táxon Nome em Português Fluvicola nengeta lavadeira-mascarada Lathrotriccus euleri enferrujado Registro Guilda A, V, F In A In VIREONIDAE Swainson, 1837 Cyclarhis gujanensis pitiguari A, V, F In Vireo olivaceus juruviara A, G, V On Hylophilus poicilotis verdinho-coroado A In HIRUNDINIDAE Rafinesque, 1815 Pygochelidon cyanoleuca andorinha-pequena-de-casa A, V, F In Stelgidopteryx ruficollis andorinha-serradora A, V, F In A, V In TROGLODYTIDAE Swainson, 1831 Troglodytes musculus corruíra TURDIDAE Rafinesque, 1815 Turdus rufiventris sabiá-laranjeira A, V, F On Turdus leucomelas sabiá-barranco A, G, V, F On Turdus amaurochalinus sabiá-poca A, V, F On Turdus albicollis sabiá-coleira A, V, F On sabiá-do-campo A, V, F On A, V Ne V Fr A, V Fr A, V, F Fr A, V Fr A, V, F Fr A, V Fr MIMIDAE Bonaparte, 1853 Mimus saturninus COEREBIDAE d'Orbigny & Lafresnaye, 1838 Coereba flaveola cambacica THRAUPIDAE Cabanis, 1847 Nemosia pileata saíra-de-chapéu-preto Thlypopsis sordida saí-canário Tachyphonus coronatus tiê-preto Lanio melanops tiê-de-topete Tangara sayaca sanhaçu-cinzento Tangara palmarum sanhaçu-do-coqueiro Tangara cayana saíra-amarela V Fr Pipraeidea melanonota saíra-viúva V Fr Dacnis cayana saí-azul V, F Fr Legenda: A – registro auditivo; G – gravação da vocalização; V - visualização; F – fotografia ou filmagem. 37 Tabela 2 – Riqueza e diversidade da avifauna registrada na Associação dos Amigos do Vila Verde, Itapevi - SP. Nome do Táxon Nome em Português Conirostrum speciosum figuinha-de-rabo-castanho Registro Guilda V, F Fr EMBERIZIDAE Vigors, 1825 Zonotrichia capensis tico-tico A, V, F Gr Arremon semitorquatus tico-tico-do-mato A, V, F In A, G, V, F In CARDINALIDAE Ridgway, 1901 Habia rubica tiê-do-mato-grosso PARULIDAE Wetmore, Friedmann, Lincoln, Miller, Peters, van Rossem, Van Tyne & Zimmer 1947 Parula pitiayumi mariquita A, V In Basileuterus culicivorus pula-pula A, V, F In A, V Gr ICTERIDAE Vigors, 1825 Gnorimopsar chopi graúna Molothrus bonariensis vira-bosta A, V, F Gr Euphonia chlorotica fim-fim A, V, F Fr Euphonia violacea gaturamo-verdadeiro A, V Fr FRINGILLIDAE Leach, 1820 Legenda: A – registro auditivo; G – gravação da vocalização; V - visualização; F – fotografia ou filmagem. 38 Do total de espécies registradas, 26 espécies ainda não haviam sido registradas em levantamentos anteriores, de acordo com a lista de espécies mantida pela administração do condomínio, que atualmente possui o registro de 137 espécies. Considerando as espécies presentes na lista organizada pelo condomínio, mais os 26 novos registros realizados durante o presente trabalho, temos um lista de 163 espécies, número bastante considerável se comparado a avifauna de outra importante área florestal da região, a Reserva Florestal do Morro Grande, onde no período de 2001 a 2003 os pesquisadores DEVELEY& MARTENSEN (2006) registraram 198 espécies utilizando diferentes métodos de amostragem, o que favorece ainda mais a capacidade de detecção durante um levantamento. A família mais representativa em relação ao número de espécies foi Tyrannidae, com 16 espécies, sendo esta a maior família de aves do hemisfério ocidental, além de constituírem aproximadamente 18% das espécies de Passeriformes da América do Sul (SICK, 1997). Ocupando todos os tipos de ambientes, desde florestas, cerrados até ambientes abertos, o grupo possui grande diversidade de espécies, sendo a maior família do Brasil (SIGRIST, 2009). O fato de o grupo possuir a capacidade de ocupação de diferentes ambientes e serem dotados de grande capacidade de voo, contribuíram para a detecção do elevado número de espécies na área de estudo. A segunda família a apresentar maior diversidade foi Thraupidae, com 10 espécies, seguida por Trochilidae com 09 espécies e Furnaridae com 08 espécies, todas elas exclusivas das Américas (SICK, 1997). A família Thraupidae é constituída por belos pássaros coloridos, que se alimentam de frutos, néctar e insetos (SIGRIST, 2009). O grupo foi constantemente observado se alimentando nas árvores frutíferas próximas a área de lazer do condomínio, como por exemplo, os frutos de Morus sp. (amora) e Eriobotrya japonica (nêspera). Trochilidae é a família dos beija-flores, aves com características morfológicas únicas em função da adaptação ao seu modo de vida, que muito se assemelha aos insetos, pois são grandes polinizadores e se alimentam de néctar. Possuem as mais diferentes formas e comprimentos de bicos, que são providos de uma grande língua bífida que serve para sugar o néctar das flores (SIGRIST, 2009). Várias espécies de beija-flores foram observadas por diversas vezes disputando as flores de Bauhinia forficata (pata-de-vaca-de-flor-branca). 39 A família Furnariidae reúne grande quantidade de espécies, habitam desde ambientes abertos a florestas densas, alcançando grande diversidade especialmente no Sul e Sudeste do Brasil. Todas as espécies do grupo apresentam plumagem com característica comum ao grupo, coloração uniforme marrom ou castanho avermelhado ou com tons de ocre. Cabe aqui registrar a presença de Automolus leucophthalmus em dois dos fragmentos de mata existentes na área de estudo, pois a espécie é tida como bioindicadora de ambientes perturbados devido a ações antrópicas (SIGRIST, 2009). Do total de espécies registradas no local de estudo, 19 são endêmicas do Bioma de Mata Atlântica, são elas: Aramides saracura, Pyrrhura frontalis, Brotogeris tirica, Phaethornis eurynome, Thalurania glaucopis, Malacoptila striata, Ramphastos dicolorus, Picumnus temminckii, Veniliornis spilogaster, Conopophaga lineata, Sclerurus scansor, Xiphorhynchus fuscus, Automolus leucophthalmus, Synallaxis ruficapilla, Cranioleuca pallida, Chiroxiphia caudata, Hylophilus poicilotis, Tachyphonus coronatus e Arremon semitorquatus (BENCKE et al., 2006). Também foram registradas 04 espécies endêmicas do Brasil, segundo CBRO (2011), são elas: Brotogeris tirica, Malacoptila striata, Cranioleuca pallida e Arremon semitorquatus. Durante a pesquisa, foram registradas 03 espécies na categoria quase ameaçada de extinção no estado de São Paulo (BRESSAN et. al., 2009), porém nenhuma espécie na categoria ameaçada a nível nacional foi localizada (MACHADO et al., 2008). As espécies presentes na categoria de quase ameaçadas são: Penelope obscura, Amazona aestiva e Gnorimopsar chopi. Penelope obscura é uma espécie típica das regiões Sul e Sudeste, habitam matas subtropicais, matas de araucária no Sul e Mata Atlântica no Sudeste, onde estão presentes em matas primárias, secundárias, plantações e áreas abertas próximas a florestas. São muito apreciadas por caçadores, assim como os demais membros da família Cracidae (SIGRIST, 2009). A caça, aliada a destruição das florestas brasileiras é responsável pela sua extinção em determinadas áreas (SICK, 1997). Mesmo diante de tais pressões, ainda é possível encontrar populações vivendo em diversas áreas, como no caso do Villa Verde, onde é considerada abundante e foi registrada em todas as visitas ao local. As aves foram observadas por diversas vezes por todo condomínio, forrageando ou empoleiradas. São consideradas de grande importância para a manutenção de áreas verdes, pois 40 atuam como dispersoras de sementes de várias espécies vegetais (ALMEIDA et al., 2007). O Psitacídeo Amazona aestiva é a espécie de papagaio mais procurada para servir como animal de estimação, dada sua grande capacidade de “fala”, fato que a torna uma das principais vítimas do tráfico de animais silvestres (SICK, 1997). Pode ser encontrada em diversos ambientes como áreas semiabertas, bordas de florestas, capoeiras, matas secas e de galerias, cerrados e pantanal, assim como em cidades, nos parques e jardins (SIGRIST, 2009). Dois indivíduos da espécie foram observados sobrevoando o local e um indivíduo foi observado pousado em uma árvore de Piptadenia gonoacantha (pau-jacaré), em ambos os casos vocalizando, fato que auxiliou o pesquisador na identificação e visualização da espécie. Gnorimopsar chopi é um Icterídeo comum no Nordeste e Sudeste, habita áreas abertas, semiabertas, matas de araucária, buritizais e áreas antrópicas, costuma ser mais facilmente observado no solo a procura de grãos e sementes (SIGRIST, 2009). É uma espécie bastante apreciada como ave canora devido a seu belo canto, tornando-a vítima do tráfico de animais silvestres (SICK, 1997). Um indivíduo foi observado no local de estudo em duas oportunidades, próximo à área de lazer do condomínio. Mostrou-se um pouco arisco, não permitindo a aproximação do pesquisador, que ao tentar se aproximar provocou a fuga da ave. Foi observada apenas com o auxílio do binóculo, permitindo ao pesquisador identifica-la como tal espécie, devido suas características morfológicas e breve vocalização emitida. Embora a presente pesquisa não tenha registrado a presença de espécies ameaçadas, existem registros de 02 espécies na categoria ameaçada de extinção a nível estadual, que já foram observadas por moradores e pelo biólogo do condomínio, são os casos de Spizaetus tyrannus, gavião classificado na categoria VU – Vulnerável, de acordo com a lista da fauna ameaçada de extinção do estado de São Paulo e Pyroderus scutatus (BRESSAN et al., 2009), ave também classificada na mesma categoria citada anteriormente e que já foi observada no local pelo autor em oportunidade anterior ao início da presente pesquisa. Segundo relatos de moradores, Spizaetus tyrannus foi observado tanto em voo pelo local quanto pousado em árvores do condomínio e Pyroderus scutatus foi visualizado por diversas vezes pousado em bordas de mata, sendo notado com maior frequência no período da manhã. 41 Durante a realização deste trabalho, alguns outros vertebrados foram observados pelo autor nas dependências do condomínio (figuras 18, 19, 20 e 21). Tais espécies foram registradas fotograficamente e incluídas no presente trabalho no intuito de não deixar que tais informações sejam perdidas e possam contribuir de alguma forma para o melhor conhecimento da fauna presente no local de estudo. Tabela 3 – Outras espécies de vertebrados registradas durante a pesquisa na Associação dos Amigos do Vila Verde, Itapevi – SP. Nome do Táxon Nome em Português Classe Mamalia Ordem Primates Família Cebidae Callithrix penicillata (Linnaeus, 1758) sagui-de-tufo-preto F Ordem Carnivora Família Procyonidae Nasua nasua (Linnaeus, 1766) quati F Ordem Rodentia Família Sciuridae Guerlinguetus ingrami (Thomas, 1901) caxinguelê F teiú F Classe Reptilia Ordem Squamata Família Teiidae Tupinambis merianae (Duméril & Bibron, 1839) Tipo de Registro Legenda: F – Registro fotográfico Figura 18 - Callithrix penicillata (sagui-de-tufopreto) Figura 19 - Guerlinguetus ingrami (caxinguelê) 42 Figura 20 - Nasua nasua (quati) Figura 21 - Tupinambis merianae (teiú) 4.2 Guildas alimentares A guilda alimentar que apresentou o maior número de espécies foi a de In – insetívoros, composta por 55 espécies, seguidas de Fr – frugívoros com 25 espécies, On – onívoros com 14 espécies, Ne – nectarívoros com 10 espécies, Grgranívoros com 06 espécies, seguidos por Ca – carnívoros com 05 espécies, Pi – piscívoros com 04 espécies e De – detritívoros com apenas 01 espécie. A maior presença de espécies insetívoras está relacionada ao fato da família Tyrannidae ser a mais representativa entre as famílias registradas durante a pesquisa, pois tal família possui dieta predominantemente insetívora (SIGRIST, 2009). O elevado número de espécies presentes nesta guilda corrobora com os dados apresentados por ALMEIDA et al. (2007), que aponta cerca de 36% da avifauna paulistana como insetívora e que essas aves auxiliam no controle das populações de artrópodes, desempenhando importante papel no combate a pragas. A guilda alimentar menos representativa foi a de detritívoros, apenas com a presença de Coragyps atratus, fato também observado por DONATELLI et al. (2004). A grande presença de espécies de hábitos alimentares insetívoros e onívoros é uma característica típica de ambientes urbanos, onde normalmente a ornitofauna está representada por espécies generalistas, que estão mais adaptadas e até favorecidas por esse tipo de ambiente (ARGEL-DE-OLIVEIRA, 1995; VILLANUEVA & SILVA, 1996). 43 4.3 Frequência de ocorrência (FO) e sazonalidade As frequências de ocorrência (FO) das espécies foram analisadas separadamente por trajeto percorrido (tabelas 5), pois cada um deles não abrange de uma só vez todos os ambientes existentes na área de estudo. Algumas espécies ocorrem apenas em determinadas áreas do condomínio, portanto, não puderam ser amostradas em apenas um trajeto, fato este que levaria a uma análise equivocada das frequências. Com base nos índices de frequência de ocorrência das espécies, foram definidos seus respectivos níveis de abundância, caracterizados da seguinte forma: Tabela 4 – Níveis de abundância, segundo AZEVEDO et al.(2003); PETERSEN et al.(2011). Frequência de ocorrência (FO) Nível de abundância 81 – 100 % muito abundante 61 – 80 % abundante 41 – 60 % frequente 21 – 40 % ocasional 20 – 1 % rara Além disso, as espécies foram caracterizadas quanto a seu status no território brasileiro segundo CBRO (2011), sendo encontradas espécies registradas apenas nas categorias R - Residente (com evidências de reprodução no país disponíveis) e E - Espécie endêmica do Brasil (tabela 5). 44 Tabela 5 – Frequência de ocorrência, sazonalidade e status das espécies da Associação dos Amigos do Vila Verde, Itapevi – SP. Status F.O. (%) trajeto azul Sazonalidade F.O. (%) trajeto vermelho Sazonalidade F.O. (%) trajeto verde Sazonalidade Crypturellus tataupa R 25 ocasional 50 frequente 0 rara Penelope obscura R 100 muito abundante 100 muito abundante 100 muito abundante Phalacrocorax brasilianus R 50 frequente 0 rara 75 abundante Bubulcus íbis R 75 abundante 50 frequente 100 muito abundante Ardea cocoi R 25 ocasional 0 rara 25 ocasional Egretta thula R 25 ocasional 0 rara 0 rara Coragyps atratus R 100 muito abundante 100 muito abundante 100 muito abundante Leptodon cayanensis R 25 ocasional 25 ocasional 25 ocasional Heterospizias meridionalis R 25 ocasional 0 rara 0 rara Rupornis magnirostris R 50 frequente 75 abundante 50 frequente Geranoaetus albicaudatus R 25 ocasional 0 rara 0 rara Buteo brachyurus R 0 rara 25 ocasional 0 rara Caracara plancus R 100 muito abundante 75 abundante 75 abundante Aramides saracura R 75 abundante 75 abundante 75 abundante Vanellus chilensis R 50 frequente 50 frequente 50 frequente Columbina talpacoti R 25 ocasional 75 abundante 100 muito abundante Patagioenas picazuro R 100 muito abundante 100 muito abundante 75 abundante Patagioenas cayennensis R 0 rara 25 ocasional 25 ocasional Patagioenas plumbea R 0 rara 50 frequente 0 rara Zenaida auriculata R 75 abundante 75 abundante 100 muito abundante Leptotila verreauxi R 0 rara 25 ocasional 0 rara Leptotila rufaxilla R 75 abundante 75 abundante 75 abundante Aratinga leucophthalma R 0 rara 100 muito abundante 0 rara Pyrrhura frontalis R 100 muito abundante 100 muito abundante 100 muito abundante Forpus xanthopterygius R 50 frequente 50 frequente 100 muito abundante R,E 100 muito abundante 100 muito abundante 100 muito abundante Pionus maximiliani R 75 abundante 25 ocasional 25 ocasional Amazona aestiva R 25 ocasional 25 ocasional 25 ocasional Piaya cayana R 100 muito abundante 75 abundante 100 muito abundante Crotophaga ani R 0 rara 0 rara 25 ocasional Guira guira R 0 rara 0 rara 25 ocasional Dromococcyx pavoninus R 50 frequente 25 ocasional 25 ocasional Megascops choliba R 100 muito abundante 50 frequente 100 muito abundante Chaetura meridionalis R 50 frequente 75 abundante 100 muito abundante Phaethornis pretrei R 0 rara 0 rara 25 ocasional NOME DO TÁXON Brotogeris tirica Legenda: R - Residente (com evidências de reprodução no país disponíveis) e E - Espécie endêmica do Brasil. 45 Tabela 5 – Frequência de ocorrência, sazonalidade e status das espécies da Associação dos Amigos do Vila Verde, Itapevi – SP. Status F.O. (%) trajeto azul Sazonalidade F.O. (%) trajeto vermelho Sazonalidade F.O. (%) trajeto verde Sazonalidade Phaethornis eurynome R 75 abundante 0 rara 25 ocasional Eupetomena macroura R 50 frequente 25 ocasional 100 muito abundante Florisuga fusca R 0 rara 25 ocasional 25 ocasional Chlorostilbon lucidus R 25 ocasional 25 ocasional 25 ocasional Thalurania glaucopis R 100 muito abundante 75 abundante 75 abundante Amazilia versicolor R 0 rara 0 rara 50 frequente Amazilia lactea R 100 muito abundante 50 frequente 75 abundante Calliphlox amethystina R 25 ocasional 0 rara 25 ocasional Megaceryle torquata R 25 ocasional 0 rara 0 rara R,E 50 frequente 0 rara 25 ocasional Ramphastos dicolorus R 50 frequente 75 abundante 25 ocasional Picumnus temminckii R 50 frequente 0 rara 100 muito abundante Melanerpes candidus R 25 ocasional 0 rara 0 rara Veniliornis spilogaster R 75 abundante 0 rara 50 frequente Colaptes melanochloros R 25 ocasional 50 frequente 75 abundante Colaptes campestris R 0 rara 0 rara 25 ocasional Celeus flavescens R 0 rara 50 frequente 0 rara Dryocopus lineatus R 50 frequente 25 ocasional 75 abundante Dysithamnus mentalis R 75 abundante 50 frequente 75 abundante Herpsilochmus rufimarginatus R 0 rara 50 frequente 50 frequente Thamnophilus caerulescens R 0 rara 25 ocasional 50 frequente Conopophaga lineata R 0 rara 25 ocasional 0 rara Grallaria varia R 0 rara 25 ocasional 0 rara Sclerurus scansor R 25 ocasional 0 rara 50 frequente Xiphorhynchus fuscus R 50 frequente 75 abundante 50 F frequente Xenops minutus R 0 rara 0 rara 25 ocasional Xenops rutilans R 50 frequente 0 rara 0 rara Furnarius rufus R 75 abundante 50 frequente 100 muito abundante Lochmias nematura R 25 ocasional 0 rara 50 frequente Automolus leucophthalmus R 100 muito abundante 50 frequente 75 abundante Synallaxis ruficapilla R 25 ocasional 25 ocasional 75 abundante Synallaxis spixi R 50 frequente 0 rara 0 rara Cranioleuca pallida R,E 25 ocasional 0 rara 50 frequente Chiroxiphia caudata R 75 abundante 0 rara 0 rara Pachyramphus validus R 0 rara 25 ocasional 50 frequente NOME DO TÁXON Malacoptila striata Legenda: R - Residente (com evidências de reprodução no país disponíveis) e E - Espécie endêmica do Brasil. 46 Tabela 5 – Frequência de ocorrência, sazonalidade e status das espécies da Associação dos Amigos do Vila Verde, Itapevi – SP. Status F.O. (%) trajeto azul Sazonalidade F.O. (%) trajeto vermelho Sazonalidade F.O. (%) trajeto verde Sazonalidade Leptopogon amaurocephalus R 75 abundante 75 abundante 75 abundante Tolmomyias sulphurescens R 50 frequente 100 muito abundante 50 frequente Poecilotriccus plumbeiceps R 0 rara 0 rara 25 ocasional Camptostoma obsoletum R 100 muito abundante 75 abundante 100 muito abundante Elaenia flavogaster R 25 ocasional 25 ocasional 50 frequente Elaenia parvirostris R 25 ocasional 0 rara 50 frequente Serpophaga subcristata R 25 ocasional 0 rara 0 rara Legatus leucophaius R 0 rara 0 rara 25 ocasional Myiarchus swainsoni R 25 ocasional 0 rara 25 ocasional Pitangus sulphuratus R 100 muito abundante 100 muito abundante 100 muito abundante Machetornis rixosa R 0 rara 50 frequente 75 abundante Myiodynastes maculatus R 25 ocasional 75 abundante 75 abundante Megarynchus pitangua R 75 abundante 50 frequente 50 frequente Myiozetetes similis R 75 abundante 25 ocasional 75 abundante Tyrannus melancholicus R 25 ocasional 75 abundante 75 abundante Tyrannus savana R 0 rara 0 rara 25 ocasional Empidonomus varius R 0 rara 25 ocasional 75 abundante Fluvicola nengeta R 25 ocasional 25 ocasional 100 muito abundante Lathrotriccus euleri R 25 ocasional 0 rara 0 rara Cyclarhis gujanensis R 100 muito abundante 100 muito abundante 100 muito abundante Vireo olivaceus R 25 ocasional 75 abundante 75 abundante Hylophilus poicilotis R 25 ocasional 0 rara 25 ocasional Pygochelidon cyanoleuca R 100 muito abundante 100 muito abundante 100 muito abundante Stelgidopteryx ruficollis R 75 abundante 25 ocasional 75 abundante Troglodytes musculus R 100 muito abundante 75 abundante 100 muito abundante Turdus rufiventris R 100 muito abundante 100 muito abundante 100 muito abundante Turdus leucomelas R 100 muito abundante 100 muito abundante 100 muito abundante Turdus amaurochalinus R 50 frequente 25 ocasional 50 frequente Turdus albicollis R 25 ocasional 50 frequente 100 muito abundante Mimus saturninus R 25 ocasional 25 ocasional 100 muito abundante Coereba flaveola R 100 muito abundante 75 abundante 75 abundante Nemosia pileata R 0 rara 0 rara 25 ocasional Thlypopsis sordida R 0 rara 0 rara 50 frequente Tachyphonus coronatus R 75 abundante 75 abundante 75 abundante Lanio melanops R 50 frequente 25 ocasional 0 rara NOME DO TÁXON Legenda: R - Residente (com evidências de reprodução no país disponíveis) e E - Espécie endêmica do Brasil. 47 Tabela 5 – Frequência de ocorrência, sazonalidade e status das espécies da Associação dos Amigos do Vila Verde, Itapevi – SP. Status F.O. (%) trajeto azul Sazonalidade F.O. (%) trajeto vermelho Sazonalidade F.O. (%) trajeto verde Sazonalidade Tangara sayaca R 100 muito abundante 100 muito abundante 100 muito abundante Tangara palmarum R 25 ocasional 25 ocasional 50 frequente Tangara cayana R 25 ocasional 25 ocasional 50 frequente Pipraeidea melanonota R 25 ocasional 25 ocasional 0 rara Dacnis cayana R 50 frequente 75 abundante 50 frequente Conirostrum speciosum R 25 ocasional 0 rara 0 rara Zonotrichia capensis R 100 muito abundante 100 muito abundante 100 muito abundante R,E 0 rara 0 rara 25 ocasional Habia rubica R 50 frequente 0 rara 100 muito abundante Parula pitiayumi R 75 abundante 75 abundante 100 muito abundante Basileuterus culicivorus R 100 muito abundante 100 muito abundante 100 muito abundante Gnorimopsar chopi R 0 rara 0 rara 50 frequente Molothrus bonariensis R 25 ocasional 50 frequente 100 muito abundante Euphonia chlorotica R 75 abundante 0 rara 50 frequente Euphonia violacea R 0 rara 0 rara 25 ocasional NOME DO TÁXON Arremon semitorquatus 92 espécies 80 espécies 99 espécies Legenda: R - Residente (com evidências de reprodução no país disponíveis) e E - Espécie endêmica do Brasil. 48 O trajeto verde foi o que apresentou maior quantidade de espécies registradas, sendo 99 espécies, seguido pelo trajeto azul, 92 espécies e vermelho, 80 espécies. Cada trajeto também apresentou algumas espécies exclusivas, que não ocorreram nos demais trajetos. O trajeto verde apresentou 15 espécies exclusivas, trajeto azul 11 espécies e trajeto vermelho 07 espécies. Foi constatado que 62 espécies foram comuns a todos os trajetos. 4.3.1 Trajeto Verde O trajeto verde abrange a área florestal, aberta, semiaberta e aquática. Das espécies de ocorrência exclusiva desse trajeto, 04 espécies só puderam ser registradas em pontos específicos desse trajeto. As referidas espécies foram: Poecilotriccus plumbeiceps, registrado na borda de um dos maiores fragmentos existentes no local. A espécie costuma viver escondida entre ramarias do subbosque, a pouca altura do chão, sendo observada no local de estudo pelo pesquisador exatamente nestas condições, conforme descrito por DEVELEY & ENDRIGO (2011). As outras 03 espécies citadas foram: Legatus leucophaius, Arremon semitorquatus e Euphonia violacea, que foram registradas pelo pesquisador na borda de um mesmo fragmento de mata situado na área central do condomínio. Com relação à sazonalidade, foi verificado certo equilíbrio entre a quantidade de espécies presentes em cada categoria, onde 30 espécies foram consideradas muito abundantes, 22 abundantes, 22 frequentes, 25 ocasionais e 21 foram ausentes, sendo então classificadas como espécies raras. Entre as espécies mais abundantes do trajeto verde estão Brotogeris tirica, Columbina talpacoti, Piaya cayana, Eupetomena macroura, Furnarius rufus, Pitangus sulphuratus, Troglodytes musculus, Turdus rufiventris e outras, sendo observadas com certa facilidade em grande parte da área de estudo. Todas as espécies citadas possuem ocorrência comum em áreas urbanas da Grande São Paulo (DEVELEY & ENDRIGO, 2011). Em contrapartida, também foram registradas algumas espécies tipicamente florestais como Penelope obscura, Pyrrhura frontalis, Turdus albicollis, Habia rubica e Basileuterus culicivorus, registradas com frequência em áreas de mata (SICK, 1997). 49 No grupo das espécies consideradas de presença ocasional, vale destacar o registro de Dromococcyx pavoninus, espécie considerada rara, ou de difícil observação, vive em matas primárias e secundárias, bordas de matas secas e capoeiras (GWYNNE et al. 2010; SIGRIST, 2009). Um indivíduo da espécie foi observado pelo pesquisador dentro de um fragmento de mata secundária no local de estudo. A espécie foi detectada a partir de sua vocalização característica, o pesquisador se aproximou lentamente do local onde acreditava que a ave estivesse e mesmo escutando a vocalização bem próxima, o mesmo não conseguiu a princípio visualizar a ave, que às vezes parecia se distanciar e às vezes se aproximar. Em um dos momentos em que a ave parecia estar próxima, devido à intensidade e volume da vocalização, o pesquisador conseguiu gravar o som emitido pela ave. Em seguida, o mesmo reproduziu a vocalização gravada, onde então imediatamente a ave passou voando rapidamente na frente do pesquisador que então conseguiu visualizar o local onde a mesma fixou pouso, permanecendo ali por aproximadamente 10 minutos, vocalizando constantemente, fato que possibilitou ao pesquisador observá-la à distância, além de fotografar e filmar a ave. 4.3.2 Trajeto Azul O trajeto azul abrange a área florestal, aberta, semiaberta e aquática. No trajeto azul, segundo trajeto a apresentar maior diversidade de espécies, além de apresentar 11 espécies exclusivas, observou-se que 02 dessas espécies só puderam ser registradas em um ponto específico do trajeto, uma área aberta localizada ao fundo das quadras poliesportivas do condomínio e que faz divisa com a estrada Itacoti e uma fazenda vizinha ao condomínio, são os casos de Synallaxis spixi e Melanerpes candidus. A primeira espécie trata-se de um furnarídeo que habita bordas de mata, capoeiras e campos abertos, vive escondida entre ramarias fechadas, sendo de difícil observação (DEVELEY & ENDRIGO, 2011). Esta ave só pode ser detectada devido à utilização de playback, pois o pesquisador acreditava ser aquele um local propício a ocorrência da espécie. Após alguns segundos de playback a espécie logo vocalizou próximo ao local, se aproximando rapidamente do pesquisador, porém sempre escondida em meio a arbustos e galharias, 50 apresentando comportamento típico da espécie, conforme descrito anteriormente. Melanerpes candidus é um pica-pau típico de campos e cerrados, ocorrendo também nas cidades, em parques, jardins e pomares (SIGRIST, 2009). São facilmente identificados pela plumagem branca e preta e sua vocalização estridente que costuma emitir durante o voo ou empoleirado. Apesar de ser considerada gregária, a espécie foi detectada pelo autor quando apenas 01 indivíduo passou sobrevoando e vocalizando sobre o referido local. Com relação à sazonalidade, 22 espécies foram consideradas muito abundantes, 17 abundantes, 19 frequentes, 34 ocasionais e 28 foram ausentes, sendo então classificadas como espécies raras. As espécies mais abundantes do trajeto azul apresentam grande semelhança às espécies mais abundantes detectadas no trajeto verde, uma vez que esses dois trajetos passam por pontos em comum, tanto em áreas abertas como em áreas florestais. Entre as espécies registradas ocasionalmente, estiveram presentes algumas espécies consideradas migratórias, Elaenia parvirostris, Myiarchus swainsoni, Myiodynastes maculatus, Tyrannus melancholicus, Lathrotriccus euleri, Vireo olivaceus e Molothrus bonariensis (SICK, 1997; DEVELEY & ENDRIGO, 2011). 4.3.3 Trajeto Vermelho O trajeto vermelho abrange a área florestal, aberta e semiaberta. Dentre os trajetos percorridos, o trajeto vermelho foi o que apresentou a menor biodiversidade de espécies, além de apresentar 07 espécies registradas exclusivamente neste trajeto. Este trajeto foi o único a abranger a parte mais alta do condomínio e seu traçado não se sobrepôs ao traçado dos demais trajetos. Das espécies exclusivas, 03 delas foram identificadas por meio da vocalização das espécies, pois não puderam ser visualizadas, são elas: Patagioenas plumbea; Leptotila verreauxi; e Grallaria varia. Patagioenas plumbea é um columbídeo florestal que vive no dossel e bordas de matas úmidas, passando facilmente despercebida, pois nunca pousa em lugares expostos (DEVELEY & ENDRIGO, 2011; GWYNNE et al. 2010; SIGRIST, 2009). 51 Também pertencendo ao grupo dos columbídeos, Leptotila verreauxi ocorre normalmente em sub-bosques de matas, cerradões, matas secas e de galerias, caatingas e capoeiras, é menos florestal que sua congênere Leptotila rufaxilla (SIGRIST, 2009). É facilmente identificada pela vocalização que consiste numa sequência melodiosa de “pu-puuu” emitido a cada 8 a 10 segundos (GWYNNE et al. 2010). Grallaria varia é uma ave terrícola ou semiterrícola que habita florestas úmidas, onde costuma se alimentar de insetos em meio às folhas secas na serrapilheira (SIGRIST, 2009). É uma espécie de difícil visualização, mas pode ser facilmente identificada pela sua vocalização, uma sequência monótona “bu, bu, bu, bu, bu, bu, bu”, repetida normalmente no início da manhã e no crepúsculo (DEVELEY & ENDRIGO, 2011). Foi identificada pelo pesquisador, que escutou sua vocalização em meio a uma trilha existente no maior dos fragmentos de mata local, localizado na parte alta do condomínio. Com relação à sazonalidade, 15 espécies foram consideradas muito abundantes, 21 abundantes, 17 frequentes, 27 ocasionais e 40 foram ausentes, sendo então classificadas como espécies raras. Das 15 espécies consideradas como muito abundantes nesse trajeto, 12 espécies também foram muito abundantes nos demais trajetos, exceto Aratinga leucophthalma, observada exclusivamente no trajeto vermelho e Patagioenas picazuro e Tolmomyias sulphurescens. Durante a realização do presente trabalho, foram realizadas 06 campanhas de observação no período noturno, sendo 02 em cada trajeto, com o objetivo de registrar possíveis espécies de hábito noturno. Ao final do trabalho, registrou-se apenas 01 espécie noturna, Megascops choliba. Essa coruja ocorre em todo território brasileiro, sendo comum em áreas semiabertas, bordas de mata, zona rural, capoeiras e cidades (SIGRIST, 2009). A espécie foi considerada muito abundante nos trajetos verde e azul e ocasional no trajeto vermelho. Apesar de ser uma espécie de hábitos noturnos, foi registrada no local à noite e também durante o dia, pois o pesquisador localizou um indivíduo em seu local de repouso diurno, onde este permaneceu utilizando o local desde a sua localização até o encerramento da pesquisa. Também foi possível constatar durante o presente trabalho que algumas espécies utilizam a área para reprodução, pois foram observados ninhos das seguintes espécies: 52 Thamnophilus caerulescens, foi observada nidificando em uma área semiaberta as margens de uma pequena mata, o ninho estava a aproximadamente 1,5m do solo (figura 22). Figura 22 - Casal de Thamnophilus caerulescens (choca-da-mata) no ninho (fêmea à esquerda e macho à direita) Pachyramphus validus utilizou-se de dois locais distintos para nidificar, um ninho foi encontrado próximo à portaria principal do condomínio, fixado em uma árvore de Piptadenia gonoacantha (pau-jacaré) a beira da estrada Itacoti, que dá acesso à entrada principal do condomínio (figura 23). O segundo ninho foi fixado próximo a área de lazer do condomínio em uma árvore de Eucalyptus sp. 53 Figura 23 - Ninho de Pachyramphus validus (caneleiro-de-chapéu-preto) Furnarius rufus fixou seu característico ninho preparado com barro em uma árvore também presente na área de lazer do condomínio (figura 24). Figura 24 - Furnarius rufus (joão-de-barro) sobre o ninho Pitangus sulphuratus também construiu ninhos em dois locais, um casal fixou ninho no alto de uma árvore localizada na “ilhota” que fica no meio do lago do condomínio e o segundo ninho foi fixado num Eucalyptus sp., também próximo à área de lazer do condomínio. 54 4.4 Comparação da diversidade por ambiente Tabela 6. Quantidades de espécies observadas por ambiente na Associação dos Amigos do Vila Verde, Itapevi – SP. Tipo de ambiente Quantidade de espécies observadas Área 1 – Florestal: fragmentos de mata secundária e suas respectivas trilhas; 41 Área 2 – Aberta: campos, gramados, jardins, bosques e área de lazer; 70 Área 3 – Semiaberta: bordas de mata secundária e áreas residenciais; 29 Área 4 – Aquática: lago e nascentes; 11 Área 5 – Sobrevoo: categoria criada para caracterizar as espécies observadas sobrevoando a área de estudo, sem interagir diretamente com as demais áreas. 07 Conforme tabela 6, podemos verificar que a Área 2 – aberta, apresentou a maior diversidade de aves, com 70 espécies registradas. Tal fato pode estar relacionado a uma série de fatores como, a maior facilidade de observação em ambiente aberto, o fato da área em questão ser uma faixa de transição entre diferentes ambientes, permitindo assim a visualização de espécies que estão se locomovendo de um ambiente a outro, a heterogeneidade de ambientes e fontes de alimento e água existentes na área aberta devido à presença de árvores frutíferas, gramíneas, flores, etc. A Área 1 – florestal foi o segundo ambiente mais biodiverso, com 41 espécies registradas, onde 27 dessas espécies só foram registradas nesse tipo de ambiente, pois se tratam de espécies estritamente florestais como Crypturellus tataupa, Dromococcyx pavoninus, Grallaria varia, Sclerurus scansor, Chiroxiphia caudata, Habia rubica e Turdus albicollis. Isso demonstra claramente a importância da manutenção desses fragmentos de Mata Atlântica para conservação da avifauna 55 local, pois muitas espécies dependem exclusivamente desse tipo de ambiente para subsistência. O ambiente aquático foi o menos biodiverso, com apenas 11 espécies registradas. Acredita-se que a baixa densidade de espécies presentes nessa área esteja relacionada à baixa disponibilidade de alimento no local, o fato do lago ser artificial, não possuindo uma vegetação aquática natural e atrativa para algumas espécies, além da constante movimentação de pessoas e carros próximos ao lago, dificultando assim que espécies mais selvagens e intolerantes à presença humana se estabeleçam no local mesmo que temporariamente. Dentre as espécies que foram registradas somente nesse tipo de ambiente estão Egretta thula, que foi observada apenas uma vez próxima ao lago, mais precisamente sobre um pequeno “tapete” de vegetação formado próximo à margem esquerda, onde o indivíduo avistado forrageava no local. Ardea cocoi foi visualizada em duas oportunidades, uma vez no mesmo “tapete” de vegetação citado anteriormente e posteriormente parcialmente submersa próxima a “ilhota” existente no meio do lago. Foi criada uma categoria a parte, para caracterizar as espécies observadas apenas sobrevoando a área de estudo, não sendo possível classificá-las em apenas uma das categorias anteriores devido aos constantes deslocamentos das mesmas. São elas: Leptodon cayanensis, Heterospizias meridionalis, Rupornis magnirostris, Geranoaetus albicaudatus, Buteo brachyurus, Caracara plancus e Chaetura meridionalis. Como pode ser observado, a grande maioria das espécies citadas são aves de rapina, predadores topo de cadeia, que necessitam se deslocar por grandes extensões territoriais a procura de alimento. Do total de espécies registradas durante o presente trabalho, 70% das espécies foram registradas em apenas um tipo de ambiente, enfatizando o quão é importante à preservação e manutenção desses ambientes, onde sua remoção ou degradação poderá provocar a redução da biodiversidade de aves local. 56 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A realização do presente trabalho atingiu seus objetivos, sendo possível a realização do diagnóstico preliminar da riqueza e diversidade da avifauna do condomínio, onde após 65 horas de observações foram registradas 120 espécies de aves, sendo 26 espécies registradas pela primeira vez no local, aumentando assim o número de espécies registradas no condomínio até o presente momento para 163 espécies. O fato da curva de suficiência amostral não ter alcançado a estabilização evidencia a necessidade de se dar continuidade ao levantamento da avifauna local, pois a curva indica que o esforço amostral realizado até o momento não foi suficiente para amostrar toda riqueza existente na área de estudo, existindo ainda a possibilidade de novos registros. A presença de 19 espécies endêmicas da Mata Atlântica, a ocorrência de 41 espécies no ambiente florestal, sendo que 27 destas espécies só foram observadas nesse tipo de ambiente, demonstra a importância da manutenção dessas áreas e dos demais ambientes para a preservação e manutenção da biodiversidade da avifauna local. O plantio de árvores nativas e atrativas a avifauna poderiam enriquecer ainda mais a vegetação local, proporcionando maior disponibilidade e diversidade de alimentos e abrigos não só para a avifauna como para a fauna em geral. Mesmo após constantes processos de degradação, devido ao surgimento de novas moradias no condomínio, onde se faz necessário à retirada de pelo menos parte da vegetação nativa para edificação das casas, a área de estudo apresenta considerável riqueza e diversidade de espécies de aves. Levando-se em consideração o breve período de observações realizadas no local, o levantamento foi considerado satisfatório. O conhecimento gerado pelo presente trabalho poderá ser de grande utilidade para os futuros projetos de soltura e monitoramento de animais silvestres a serem realizados no condomínio. A divulgação dos dados apresentados neste trabalho possibilitará aos moradores do condomínio a oportunidade de conhecerem melhor a biodiversidade de aves local, além de chamar a atenção dos condôminos para a atividade de observação de aves e para a importância da preservação do ambiente onde vivem. 57 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, A. F.; CARVALHO, M. A. S. & SUMMA, M. E. L. 2003. 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Acesso em: 23 out. 2012. 61 Anexo – Fotografias de algumas espécies registradas na Associação dos Amigos do Vila Verde, Itapevi - SP. Zenaida auriculata (pomba-de-bando) Habia rubica (tiê-do-mato-grosso) Tachyphonus coronatus (tiê-preto) Penelope obscura (jacuaçu) Cyclarhis gujanensis (pitiguari) Sclerurus scansor (vira-folha) 62 Dromococcyx pavoninus (peixe-frito-pavonino) Amazilia lactea (beija-flor-de-peito-azul) Forpus xanthopterygius (tuim) Ardea cocoi (garça-moura) Vanellus chilensis (quero-quero) Aramides saracura (saracura-do-mato) 63 Pionus maximiliani (maitaca-verde) Columbina talpacoti (rolinha-roxa) Dacnis cayana - (f) (saí-azul) Bubulcus ibis (garça-vaqueira) Eupetomena macroura (beija-flor-tesoura) Basileuterus culicivorus (pula-pula) 64 Lochmias nematura (joão-porca) Pyrrhura frontalis (tiriba-de-testa-vermelha) Brotogeris tirica (periquito-rico) Empidonomus varius (peitica) Stelgidopteryx ruficollis (andorinha-serradora) Furnarius rufus (joão-de-barro) 65 Ramphastos dicolorus (tucano-de-bico-verde) Machetornis rixosa (suiriri-cavaleiro) Amazona aestiva (papagaio-verdadeiro) Leptodon cayanensis (gavião-de-cabeçacinza) Turdus rufiventris (sabiá-laranjeira) Turdus albicollis (sabiá-coleira) 66 Thamnophilus caerulescens (choca-da-mata) Piaya cayana (alma-de-gato) Pachyramphus validus - (m) (caneleiro-dechapéu-preto) Pachyramphus validus - (f) (caneleiro-dechapéu-preto) Aratinga leucophthalma (periquitão-maracanã) Turdus amaurochalinus (sabiá-poca) 67 Fluvicola nengeta (lavadeira-mascarada) Megascops choliba (corujinha-do-mato) Coragyps atratus (urubu-de-cabeça-preta) Malacoptila striata (barbudo-rajado) Dryocopus lineatus (pica-pau-de-banda-branca) Colaptes melanochlorus (pica-pau-verdebarrado) 68 Myiodynastes maculatus (bem-te-vi-rajado) Picumnus temminckii (pica-pau-anão-decoleira) Euphonia chlorotica - (m) (fim-fim) Euphonia chlorotica - (f) (fim-fim) Chlorostilbon lucidus - (f) (besourinho-debico-vermelho) Tangara sayaca (sanhaçu-cinzento) 69 Elaenia parvirostris (guaracava-de-bico-curto) Patagioenas picazuro (pombão) Xiphorhynchus fuscus (arapaçu-rajado) Xenops minutus (bico-virado-miúdo) Legatus leucophaius (bem-te-vi-pirata) Arremon semitorquatus (tico-tico-do-mato) 70 Mimus saturninus (sabiá-do-campo) Tyrannus melancholicus (suiriri)