ESTUDO DE INCIDÊNCIAS AMBIENTAIS PROJECTO DE URBANIZAÇÃO VILA VERDE RESORT Ilha do Sal, República de Cabo Verde _____________________________________________________ Resumo não técnico Samuel Gomes José Maria Semedo Dezembro, 2005 i INDICE Ordem 1. 1.2 2 2.1 2.2 2.2.1. 2.3. 3 3.1. 3.1.1. 3.1.2. 3.1.3. 3.3.4. 3.1.5. 4 4.1.2 4.1.3. 4.1.4. 4.1.5. 4.1.6. 4.1.7. 4.2. 4.3. 4.4. 4.5. 4.6. 4.7. 4.8 5 5.1. 5.2. 5.3. 5.4. 5.5. 5.6 Assunto Introdução Metodologia do Estudo de Impacte Ambiental Descrição do Projecto Entidade responsável pelo EIA Justificação e objectivos do projecto Localização e acessos Caracterização do Plano de Vila Verde Resort Informações dos elementos em avaliação no Estudo de Impacte Ambiental Meio Físico Geologia e geomorfologia Climatologia Recursos hídricos Solos Meio Biológico Impactes ambientais e medidas preconizadas Águas superficiais Qualidade do ar Acústica do ambiente Meio Biofísico – flora a fauna Impactes sobre o meio sócio económico Impactes sobre a paisagem Impactes sobre o Meio Físico – uso do solo Águas superficiais Qualidade do ar Acústica do Ambiente Impactes sobre o meio biofísico Impactes sobre o meio socioeconómico Impactes sobre o meio perceptível Proposição de medidas mitigadoras Medidas mitigadoras de âmbito geral e específicas Meio biológico Águas residuais Qualidade do ar Sócio-economia Paisagem Página 2 3 4 4 4 4 5 6 6 6 6 7 8 8 9 10 10 10 11 11 12 13 13 14 14 14 15 15 16 16 17 18 18 19 20 ESTUDO DE INCIDÊNCIAS AMBIENTAIS PROJECTO DE URBANIZAÇÃO VILA VERDE RESORT Ilha do Sal, República de Cabo Verde _____________________________________________________ Resumo não técnico Dezembro, 2005 2 ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL PROJECTO DE URBANIZAÇÃO VILA VERD RESORT Ilha do Sal, República de Cabo Verde RESUMO NÃO TÉCNICO 1 – INTRODUÇÃO O presente documento constitui o Resumo Não Técnico do Estudo de Impacte Ambiental do Projecto de Urbanização Vila Verde Resort, localizado na Ponta Preta, ilha do Sal, na extensão da Vila de Santa Maria, anexa aos terrenos da CABOCAN 1 – Cabo Verde. Para dar cumprimento à legislação em vigor sobre o Processo de Estudo de Impacte Ambiental, este documento tem como principal finalidade a descrição, de forma sucinta e coerente, numa linguagem não técnica acessível, das informações relacionadas com os impactes locais deste projecto, para uma melhor compreensão do público. O desenvolvimento do estudo de impacte foi enquadrado pela legislação de Cabo Verde, nomeadamente o Decreto Legislativo nº 14/97, onde é definido o âmbito dos estudos de impacte ambiental para projectos susceptíveis de provocar incidências significativas no ambiente, território e qualidade de vida dos cidadãos. O documento pretende sintetizar as principais conclusões do estudo de impacte desenvolvido relativamente aos seguintes pontos: - Características do plano – VILA VERDE – SAL - Características do local; - Identificação dos impactes negativos mais significativos resultantes da implementação do plano; - Recomendações e medidas minimizadoras com o objectivo de reduzir ou eliminar os impactes negativos previstos. 1 CABOCAN – Cabo Verde/Canárias – Urbanização de Ponta Preta. 3 2. METODOLOGIA DO ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL A metodologia adoptada no desenvolvimento do estudo de impacte ambiental foi a seguinte: - 1º - Informações gerais e objectivos do empreendimento: compreende o enquadramento histórico do empreendimento anunciando os objectivos e a justificação económico-social do projecto, a localização geográfica, a caracterização do empreendimento e as actividades a desenvolver; - 2º - Informações dos elementos em avaliação no estudo de impacte ambiental: caracterização da situação de referência na área abrangida pelo plano: inclui a análise e caracterização (componentes naturais, ecológicas, históricas, ocupação humana e paisagem); - 3º - Avaliação de impactes: avaliação das alterações na paisagem e no ambiente originadas pela implementação do plano nas fases de construção e exploração: esta avaliação é feita em termos da alteração provocada relativamente à situação de referência (uso do solo, meio biofísico, acústico do ambiente, paisagem.); 4º - Proposição de medidas mitigadoras de âmbito geral e especifico: proposta de medidas de minimização dos impactes negativos gerados pela implementação do plano; 5º - Acompanhamento e monitorização dos impactes ambientais: quadro resumo das medidas de seguimento e de compensação; No capítulo final apresentam-se as conclusões resumindo os principais impactes positivos e negativos gerados pela eventual implementação do plano. 4 2 – DESCRIÇÃO GERAL DO PROJECTO 2.1 – Entidade Responsável pelo EIA O responsável pelo seguimento da obra e da incumbência do estudo do impacte ambiental é a TECNICIL – Sociedade de Imobiliária e Construções, S.A. sedeada na Cidade da Praia. 2.2 – Justificação e Objectivos do Projecto 2.2.1. Localização e Acessos O empreendimento VILA VERDE RESORT, tem por objectivo, criar uma urbanização de alto “standing,” com lotes infra-estruturados; equipamentos turísticos; vivendas e condomínios de três categorias (prédios de habitação, town houses, moradias); vias de circulação; espaços verdes. A memória descritiva do empreendimento idealiza a criação de uma urbanização com alto índice de arborização e espaços verdes tendentes a assumir a função de um “Oásis” na paisagem árida da ilha do Sal. A urbanização abrange uma área de 45 ha (450.000,00 m2). Desta área 202.015,26 m2 serão destinados às construções; 67.732,16 m2 às implantações; 85.988,00 m2 destinados a arruamentos, passeios e vias pedonais; a área verde total, pública e privada corresponde a 296.279,84 m2 os lotes e os condolotes cobrirão uma área de 327.416,00 m2. Estão previstos lugares de estacionamentos de viaturas num total de 1.293, sendo 583 na via pública, 427 nas caves e 283 dentro dos lotes. A execução deste empreendimento será feita por etapas, com as previsões enquadradas entre 2006 e 2015. A VILA VERDE RESORT localizase na zona sudoeste da ilha do Sal entre a estrada que liga Espargos a Santa Maria e a Estrada da CABOCAN, num terreno de topografia plana com cotas entre os 5m e os10 m 5 Quadro Geral das Áreas – VILA VERDE RESORT Designação Área de Terreno (m2) Área de construção (m2) Área de implantação (m2) Arruamentos e passeios (m2) Número de lugares de estacionamento - dentro dos lotes - em caves - na via pública Total de Área Verde (m2) Área verde pública (m2) Área verde privada (m2) Área de Lotes e Condolotes (m2) Índice de implantação (Índice de implantação) Índice de utilização Densidade de População Áreas 450.000,00 202.013,26 67.732,16 85.988,00 Índices Unidades 0,19 1.293 283 427 583 296.279,84 0,66 36.596.00 259.683,84 327.416,00 0,15 0,45 82 2.3. Caracterização do Plano Vila Verde Resort A proposta de ocupação construtiva tem como principal orientador o eixo pedonal principal, a topografia do terreno, o sistema de vistas e o sistema viário proposto. Esta rua pedonal orienta toda a lógica da proposta em que se aposta num espaço atractivo, com comércio, restauração e animações que se estende por toda a artéria. A edificação com maior densidade e altura localiza-se na proximidade do eixo pedonal, devendo-se ir diluindo em densidade e altura à medida que dele se afasta e se aproxima. Para além de um lote para fins de equipamento turístico, propõem-se três modelos de ocupação para este empreendimento: prédios de habitação e comércio referenciados como condomínios CLC’s, localizados nas proximidades do eixo pedonal e com vista sobre a zona dunar; moradias em banda ou town houses referenciadas como CLB’s e que se localizam na faixa mais a poente com vista sobre oceano Atlântico; o condomínio CLA – lotes para moradias unifamiliares e que ocuparão a faixa mais a Sul e mais próxima da zona de protecção paisagística, zona dunar. A entrada processa-se por dois pontos: o primeiro, a partir da via rápida – Aeroporto St.ª Maria, através da Cabocan, constituindo o acesso principal ao empreendimento, e o segundo, através de uma ligação à via marginal. Todo a estrutura edificada será ladeada por uma estrutura verde que fará um enquadramento paisagística de excelência nesta paisagem lúdica e paradisíaca da ilha. No seu conjunto 6 prevê-se a criação de um imenso espaço verde que se enquadra na nova concepção da urbanização na perspectiva de um turismo de alta qualidade. 3 – INFORMAÇÕES DOS ELEMENTOS EM AVALIAÇÃO NO ESTUDO DE IMPACTE AMBIENTAL – CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS DE REFERÊNCIA 3. 1. Meio Físico 3.1.1. Geologia e geomorfologia Sal é uma ilha de dimensões modestas. A sua superfície corresponde a uma área de 216 Km2, dominada por terras planas e baixas. A maior extensão da superfície da ilha não chega aos 50 m de altura e em regra são topografias planas entre os 10 m e os 20 m. Este relevo de planuras é dominado pontualmente por elevações importantes, sobretudo na região norte, onde aparelhos vulcânicos de certa imponência originaram os Montes Grande (406 m), Rocha Salina (299 m), Morro Oeste (263 m), Cagarral (173 m), e na zona centro oeste o Morro Leão com 166 m. A ilha é essencialmente de origem vulcânica. Estudos geológicos, recentes, evidenciaram que as primeiras erupções tiveram lugar na Era Terciária (Mesozóico) e continuaram até ao princípio do Quaternário. As últimas erupções da ilha do Sal tiveram lugar nos fins da Era Terciária no Pliocénico Superior. Esta actividade está limitada a metade norte da ilha e seguiu a uma fase de grande aplanação erosiva. 3.1.2. Climatologia A localização da ilha do Sal no extremo nordeste do Arquipélago, associada ao relevo plano, dominado por pequenas elevações inferiores a 50 m e nunca superiores a 500 m nos pontos culminantes, favorecem ao desenvolvimento de um clima muito seco. A ilha do Sal é a mais seca do arquipélago. Os dados pluviométricos apontam para uma média anual inferior a 80 mm, valores correspondentes ao deserto do Sahara. Entre 1956 e 1987, a média anual das chuvas caídas foi de 84 mm, a evapotranspiração anual ronda os 2 184 mm. A relativa uniformidade do relevo não favorece a ocorrência de chuvas 7 orográficas como em Santo Antão ou em São Nicolau. A localização a norte dificulta a chegada do Centro Intertropical (CIT), como em Santiago, Fogo e Maio. A topografia plana e baixa não permite a diversificação dos andares micro-climáticos como nas ilhas montanhosas. A situação a leste favorece a afluência de vento leste (harmattan) e bruma seca. A aridez do clima desértico é atenuada pela reduzida dimensão da ilha e pela sua localização em pleno oceano. A paisagem vegetal exprime a extrema secura da ilha, dominada por campos de pedras, dunas e vegetação rasteira. Estes constrangimentos limitaram o desenvolvimento da agricultura, actividade básica dos primeiros povoadores do arquipélago. 3.1.3. Recursos hídricos O baixo nível de precipitações registadas na ilha e o elevado índice de secura não permitem o desenvolvimento de nenhuma nascente. No passado, a ilha do Sal teve poços de água nas proximidades de linhas de água, nas localidades de Terra Boa e Ribeira de Madame, no entanto, a reduzida dimensão da ilha favoreceu uma rápida introdução marinha e a salinização das águas. O abastecimento dos núcleos populacionais é feito a partir da água dessalinizada. Na área de implantação do projecto como em toda a região meridional da ilha não existe nenhum ponto de água de origem natural. Na ocorrência de raras precipitações a água acumulada à superfície do solo infiltra-se rapidamente no solo arenoso ou evapora com o término das chuvas. A água é um recurso muito caro na ilha do Sal, pelo que se prevê, no âmbito do projecto Vila Verde Resort, sua reciclagem para actividades agrícolas e jardinagem. No quadro do turismo quase todas as unidades hoteleiras possuem pequenas estações de tratamento de águas usadas que são reutilizadas na rega dos respectivos espaços verdes. No plano do empreendimento VILA VERDE RESORT, a água será fornecida pela empresa Água de Ponta Preta, propriedade da CABOCAN, que recolhe os excedentes dos esgotos, fazem o tratamento na ETAR e fornece a água de rega aos clientes, às urbanizações e às unidades hoteleiras. 8 3.1.4. Solos Na ilha do Sal os solos são, na sua maioria, esquelética e com um certo teor salino. No geral, são solos de baixa ou nenhuma vocação agrícola, por serem pouco evoluídos, pedregosos, associados aos piroclastos, crostas calcárias, depósitos de vertentes; solos arenosos associados às dunas; e solos salgados. No essencial, a Ilha do Sal não tem vocação agrícola, esta actividade foi sempre marginal, praticada, pontualmente, na região de Terra Boa no norte e Ribeira de Madame no centro da ilha. Na área de localização do empreendimento dominam solos salgados (Solonchaks, Solonetz) recobertos por uma camada arenosa. Corresponde a um solo sem nenhuma vocação agro-pecuária, nos moldes praticados em Cabo Verde. 3.1.5. Meio Biológico O projecto depara-se com um meio desprovido de vegetação natural num terreno pouco ondulado onde a presença de espécies de flora e fauna, de elevado valor conservacionista e com estatuto de protecção, (flora e fauna endémica) não existe. A presença da vegetação resume-se a espécie denominada murraças (Zygophyllum sp.), vegetação adaptada a ambientes salinos, extremamente resistentes à secura, à acção marítima e por vezes exclusivas destes habitats. Portanto, esta área não é um suporte para grupos biológicos como aves e répteis e por isso não dependem dela para a sua nidificação e reprodução. Assim, não parece haver consequências negativas e com impactes significativos para o habitat, nesta fase de construção, uma vez que não vai haver a destruição da vegetação nem a perturbação na fauna. A implantação do projecto Vila Verde Resort terá um impacte positivo na área de intervenção do projecto, tendo em conta as medidas preconizadas no plano, relativamente a criação de uma estrutura verde adaptada às características naturais e ecológicas do local, com um papel fundamental na valorização paisagística deste empreendimento turístico, na protecção ambiental, no lazer dos residentes e visitantes. 9 4 – IMPACTES AMBIENTAIS E MEDIDAS PRECONIZADAS 4.1. Impactes sobre o Meio Físico – Uso do Solo Fase de construção Durante a fase de construção são esperados impactes negativos, ao nível do uso do solo, devido aos seguintes aspectos: - mobilização do equipamento, incluindo transporte de materiais e equipamento para os locais, envolvendo a circulação de grandes veículos; - destruição directa da vegetação; - estabelecimento e operação de campos de mão de obra – possível estabelecimento de campos para instalar uma parte da mão de obra local, com impacte positivo no rendimento das famílias; - estabelecimento de estaleiros e armazéns - infra-estruturas onde a maquinaria, os combustíveis e os óleos são armazenados. Os problemas potenciais incluem a contaminação do solo; - movimento de terras – escavação de terras, responsável pelo aumento da sedimentação, da erosão, da instabilidade das encostas e consequente perda de vegetação; - alteração da fisiografia e geomorfologia do terreno - consequência das movimentações de terras necessárias à implementação dos diferentes projectos; - diminuição da visibilidade nos locais em construção como resultado do aumento de concentração de poeiras no ar, com consequente deposição no espaço envolvente; - exploração de manchas de empréstimo; - áreas de depósito de materiais; - transformações no carácter visual do local directamente afectado pelo Complexo Vila Verde Resort, decorrentes de alterações na utilização e funções dos espaços. É de realçar que apesar da potencial ocorrência de certas situações, não se antecipam impactes significativos na flora e na fauna. A relativa planura do terreno com cotas oscilando entre os 5 m e os 10 m não permitirá grandes mudanças na morfologia no seu 10 conjunto. As alterações serão registadas sobretudo a nível dos processos morfogenéticos, podendo alterar a circulação das águas superficiais nas raras chuvas que caem na ilha. Os processos dunares serão alterados no limite sul do empreendimento, apesar de ser reservada um corredor dunar entre a via rápida e a praia. 4.1.2. Águas Superficiais A impermeabilização dos solos pode contribuir por um aumento do volume de água e aceleração da sua velocidade com consequências nefastas para os residentes locais, bem como para a erosão do solo. O projecto Complexo Vila Verde Resort procura minimizar este aspecto colocando pavimentos permeáveis que facilitem a infiltração da água diminuindo o caudal de escorrência e a velocidade da água. A criação de uma estrutura verde constituirá uma medida de prevenção contra os possíveis excessos da corrente pluvial. 4.1.3. Qualidade do Ar Durante a fase de construção os impactes esperados na qualidade do ar serão negativos. Resultam da acção dos seguintes agentes: - mobilizações de solo, associadas a movimentação de máquinas e veículos pesados no local de construção das estruturas; - armazenamento e manipulação de materiais pulverosos; - movimentação de viaturas nas vias não pavimentadas. É de realçar que durante a fase de construção poderão ser afectadas zonas no próprio empreendimento, caso o período de construção seja alargado e coexistam zonas em construção ao mesmo tempo com zonas já terminadas e em exploração. 4.1.4. Acústica do Ambiente Os potenciais impactes no ambiente sonoro estão associados às actividades de construção do complexo. Durante à exploração é possível, também, ocorrer algum outro ruído embora de carácter esporádico. Considera-se o tráfego rodoviário a fonte de ruído que emerge de forma mais significativa relativamente a outras fontes que possam existir na 11 área. Este poderá ser provocado pela frequência dos automóveis na área envolvente do aldeamento devido ao lazer e convívio dos visitantes durante a fase de exploração do Complexo turístico. No entanto, medidas estão preconizadas no projecto, como por exemplo, a formação de uma barreira de vegetal que, para além do valor estético, contribuirá para minorar o ruído, pois, as plantas são absorventes eficientes do ruído, especialmente ruídos de alta-frequência. Recomenda-se o uso de equipamentos de produção, como geradores de energia e sistema de depuração bem compartimentados, em termos do seu encaixe no conjunto arquitectónico do complexo, de modo e evitar interferências sonoras no lazer e descanso dos residentes e visitantes. 4.1.5. Meio Biofísico Flora e Fauna A alteração dos ecossistemas através da introdução de plantas exóticas, bem como a criação de uma cintura verde numa zona árida exige medidas cautelares. Recomenda-se um acompanhamento técnico na criação dos referidos espaços verdes. Medidas especiais devem ser levadas a cabo, no sentido de prevenção de pragas que poderão concentrar-se em áreas verdes tipo oásis, com a proliferação de espécies de insectos que devido a carência de alimentos, mantém uma baixa população num ambiente árido e proliferam rapidamente ao encontrar alimento em abundância. Realça-se que na área de intervenção de projecto a vegetação predominante é murraças (Zygophyllum sp.), responsáveis pela fixação das dunas. Portanto, como forma de compensação o projecto Vila Verde resort prevê a criação de extensas áreas verdes que terá um papel importantíssimo na amenização do clima local. 4.1.6. Impactes sobre o Meio Sócio-Económico O projecto Complexo VILA VERDE RESORT constituirá uma importante valia no recrutamento de mão-de-obra especializada na ilha, com a inclusão dos habitantes no mercado de trabalho durante a fase de obra. Assim, a possibilidade de criação de empregos será, neste período, particularmente exequível, sobretudo no que respeita às ocupações ligadas à construção civil, à limpeza, à manutenção ou aos transportes. A VILA VERDE RESORT poderá vir a despertar oportunidades para outras ocupações, 12 como o pequeno comércio a retalho, a reparação de automóveis ou as actividades de transporte asseguradas por Condutores/Taxistas. O projecto terá um impacte positivo em relação à criação de postos de trabalho que deverá ser baseada em lógicas de continuidade, permitindo localmente um desenvolvimento exclusivo, determinando estímulos para aos residentes da ilha na busca de uma chance, que com o tempo apenas fará aumentar os graus de integração destes moradores. 4.1.7. Impactes sobre a Paisagem Impacte paisagístico gerado Torna-se imprescindível avaliar a capacidade que a paisagem em causa possui para absorver as estruturas propostas e ainda considerar um conjunto de medidas a implementar no sentido de minimizar os impactes perspectivados. Na implantação do Complexo VILA VERDE RESORT é de ter em consideração alguns tipos de influência que podem originar algum impacte, nomeadamente na zona de influência física, que inclui a totalidade da área dominada pelas estruturas e vias de acesso preconizadas; a zona de influência visual – área que cobre todos os pontos de onde é possível observar o empreendimento; a zona de influência psicológica que se encontra, em grande parte, associada à dimensão do projecto e ao efeito que este exercerá sobre as populações. Os impactes de natureza paisagística na fase de construção dizem respeito às alterações do solo, provocadas pelo processo de construção e à presença e funcionamento das estruturas necessárias à obra (estaleiros, máquinas de grande porte), as quais, no seu conjunto, determinam uma imagem visualmente negativa. As operações de construção, têm como consequência a abertura de feridas na paisagem, devido às movimentações de terras, que envolve áreas de depósito de materiais consideráveis. Também, aos movimentos de terras encontram-se sempre associados poeiras e/ou lamas, não só no local de obra, como nos acessos e zonas envolventes. De um modo geral, os impactes paisagísticos resultantes desta fase serão negativos. Contudo, constituem impactes temporários e reversíveis, não comprometedores da qualidade da paisagem, na fase pósobra. Por outro lado, tratam-se de impactes cuja magnitude poderá ser atenuada, devido ao facto de as obras associadas a este plano, não se processarem simultaneamente. 13 4.2. Impactes sobre o Meio Físico – Uso do Solo Fase de exploração Os impactes durante a fase de exploração serão originados pela estrutura do próprio Complexo VILA VERDE RESORT, embora esse impacte acabe por se atenuar com o tempo, devido a sua inteira integração, proveniente do tratamento da sua envolvente.O empreendimento prevê a utilização de duas classes de espaço: os espaços edificáveis e os espaços não edificáveis. No primeiro caso incluem-se os espaços para construção das unidades hoteleiras, das zonas residenciais, dos espaços desportivos (ténis) e de lazer, equipamento, comércio e serviços, de construção de infra-estruturas e vias de acesso. No segundo caso incluem-se os espaços para implantação dos espaços de enquadramento paisagístico e de equipamentos de praia. As águas residuais provenientes dos vários pontos do empreendimento serão recolhidas e encaminhadas para a ETAR da CABOCAN, o que irá permitir maximizar a quantidade de águas afluentes à ETAR, as quais serão reutilizadas, após tratamento, para rega dos espaços verdes. A nível do uso do solo os impactes esperados são, na sua globalidade, positivos com a implementação dos diferentes projectos, definidos no Plano da VILA VERDE RESORT. O projecto de paisagismo proposto contribuirá para a minimização de situações actualmente existentes de erosão eólica, hídrica e de baixos níveis de biodiversidade. Por outro lado, as áreas de construção prevista procuram salvaguardar o corredor para a passagem das areias dunares, mantendo o equilíbrio da paisagem requalificada. 4.3. Águas Superficiais Os impactes resultantes do aumento dos caudais e da velocidade da escorrência da água são minimizados através da implantação de dissipadores de energia e bacias de retenção, associados aos sistemas de drenagem. Haverá recolha e condução das águas de drenagem para sistemas de tratamento e o seu lançamento nos sistemas de drenagem adequado ao ambiente preconizado. No projecto VILA VERDE RESORT alguns destes sistemas se encontram já previstos no âmbito da recolha e tratamento de águas residuais da Sociedade Cabocan 14 4.4. Qualidade do Ar O funcionamento do Complexo Vila Verde Resort, obrigatoriamente, originará o aumento de tráfego na via principal que liga os dois núcleos urbanos, a zona norte e a zona sul (Santa Maria). Haverá um aumento da circulação automóvel no interior do empreendimento, uma vez que está previsto vários estacionamentos em cave, dentro de lotes e ao ar livre, perfazendo um total de 1 294 lugares. O aumento de tráfego está associado ao aumento das emissões atmosféricas como o Monóxido de Carbono (CO), Compostos Orgânicos Voláteis (COV) e material particulado, além dos Óxidos de Enxofre e do Chumbo (Pb). Para contrabalançar esta situação o Projecto Vila Verde Resort propõe criar grandes extensões de relvados e uma forte cortina arbórea: nas vias de distribuição interna de veículos; ao longo dos circuitos pedonais; nos jardins das residências e dos hotéis, que para além do seu aspecto estético servirá de filtro, diminuindo as emissões tóxicas, salvaguardando a saúde do ambiente e dos residentes e visitantes, com impactes significativos. 4.5. Acústica do Ambiente A apreciação do impacte devido ao ruído na fase de exploração, refere-se ao impacte resultante dos acessos rodoviários. Nas vias de tráfego, rodoviárias ou áreas, o descritor ruído torna-se uma relevância especial. É de realçar que na fase de exploração, é frequente o ruído dos potenciais fontes fixas, nomeadamente equipamentos que constituem o empreendimento; acréscimo de ruído nas vias existentes e a construir, do tráfego inerente à exploração do empreendimento. Recomendam-se medidas cautelares no sentido de se evitarem focos artificiais de ruído. 4.6. Impactes sobre o Meio Biofísico O Complexo Vila Verde Resort irá contribuir para requalificação do espaço edificado, em vários aspectos, nomeadamente a criação jardins de empreendimentos hoteleiros e residenciais e outras áreas verdes de qualidade paisagística. O material vegetal a ser utilizado na criação desta estrutura é constituído por espécies adaptáveis às condições 15 edáfico-climáticas da ilha. Por outro lado, tendo em conta o ordenamento dado aos espaços edificados e aos espaços não edificados, tanto para as estruturas arquitectónicas e para a estrutura verde, permitirá manter altos padrões de qualidade e uma baixa pressão sobre os recursos locais. Realça-se o impacte positivo às iniciativas deste projecto, uma vez que o material vegetal, escolhido do elenco florístico cabo-verdiano, será uma presença constante ao longo de todo o empreendimento, constituindo um chamariz para a avi-fauna local, adjuvada de uma forte presença de corpos de água no Complexo VILA VERDE RESORT. Os potenciais impactes ambientais positivos previstos relacionam-se com a minimização da erosão eólica e hídrica; minimização dos efeitos do vento; aumento da humidade relativa do ar; melhoria das condições de ensombramento; melhoria da diversidade biológica 4.7. Impactes sobre o Meio Sócio-Económico Durante a fase de exploração deste empreendimento poderão ocorrer algumas consequências positivas, nomeadamente, a possibilidade dos habitantes permanecerem numa situação de inscrição duradoura, nos patamares mais elevados do mercado de trabalho local. Também, a população terá que confrontar e conviver quotidianamente e por longos anos com os habitantes experimentados e que dispõem de forte capacidade económica e poder aquisitivo, atraindo a tendência para frustração da camada juvenil, provocando o incremento dos pedigonhos ambulantes, bem como o fomento às praticas ilícitas à moralidade social, nomeadamente roubos, prostituição, alcoolismo e a outros tipos de experimentos. É imprescindível que os possíveis impactes, positivos ou negativos, referidos, sejam devidamente acautelados, pois caso contrário, acabarão por Constituir um quadro favorável à emergência de fenómenos de delinquência e de vandalismo. 4.8. Impactes sobre a Paisagem (meio perceptível) Os impactes perspectivados na fase de exploração, depende, por um lado, das características do território e, por outro, de características inerentes aos projectos associados ao empreendimento, nomeadamente: padrão de ocupação do território; plano 16 urbanístico, estrutura verde e qualidade arquitectónica. O impacte esperado será positivo nas seguintes situações: ocupação do território nas zonas de maior aptidão para edificação; salvaguarda de zonas importantes relativamente a recursos naturais (solo, vegetação natural, corredor de passagem de areia para engorda de praia - área protegida); salvaguarda das características da paisagem (geomorfologia, entre outras); respeito pelo padrão de ocupação cultural do território. O complexo VILA VERDE RESORT procura uma integração arquitectónica e paisagística do sítio, conduzindo assim, a uma valorização desta área de intervenção do projecto, bem como toda a ilha, tendo em conta as soluções encontradas nos domínios da arquitectura, infra-estruturas e arquitectura paisagista, nomeadamente no que se refere aos seguintes aspectos: adequação às características morfológicas do terreno; controlo da volumetria das edificações; avaliação dos recursos necessários à manutenção das estruturas propostas. 5. PROPOSIÇÃO DE MEDIDAS MITIGADORAS 5.1. Medidas Mitigadoras de Âmbito Geral e Especificas Apresentam-se as principais medidas mitigadoras e recomendações a introduzir nos projectos, com o objectivo de reduzir a magnitude dos impacte identificados e analisados ao longo dos vários capítulos anteriores, susceptíveis de serem minimizados. Fases de projecto, construção e exploração. Factores Físicos Fase de construção As medidas mitigadoras a serem utilizadas na fase de construção, relativamente aos impactes originados sobre a fisiografia e geomorfologia da área de intervenção do projecto, Complexo Vila Verde Resort, preconizam a concentração e optimização dos movimentos de terras necessários à implantação dos futuros projectos. Assim, os movimentos de máquinas deverão ser centralizados, de modo a minimizar os impactes decorrentes da compactação do solo. 17 Fase de exploração As medidas mitigadoras na fase de exploração preconizam a salvaguarda da estrutura do plano, de modo que o tecido urbano edificado venha a estar em estreita articulação com a morfologia do espaço local e da envolvência. O plano originará zonas urbanas que irão introduzir ordem e constituir um elemento de valorização desta paisagem, alterando, no entanto, o carácter natural actualmente existente. Os diferentes edifícios serão acompanhados por estratégias de integração paisagística, caracterizadas pela contenção de zonas regadas e plantações pontuais, de modo a viabilizar o sucesso da estrutura verde proposta. A estrutura verde que o plano preconiza implementar, pretende respeitar as características naturais dos locais, nomeadamente a conservação e promoção das características geológicas e do solo, bem como as espécies vegetais da flora cabo-verdiana. O plano propõe, ainda a utilização criteriosa da vegetação, com base numa selecção cuidadosa dos locais de plantação e das espécies a utilizar, de forma a obter a unidade do empreendimento e deste com a paisagem, o que irá contribuir para a minimização dos impactes negativos do regime hídrico, da erosão eólica e hídrica através do revestimento do terreno com vegetação. 5.2. Meio Biológico Flora e Fauna O projecto pretende implementar uma estrutura verde que contribua para a criação de condições micro-climáticas favoráveis, no espaço exterior, através da minimização dos efeitos do vento e do aumento da humidade relativa do ar, assim como proporcionar condições de ensombramento em certas épocas do ano. 18 5.3. Águas Residuais Propõe-se que prevendo, se necessário for, a construção de elementos dissipadores de energia, ou preferivelmente, sempre que possível, de soluções que promovam e infiltração e retenção de água no solo. 5.4. Qualidade do Ar Fase de construção - Erosão eólica A emissão de poeiras, durante as operações de construção, pode ser minimizada, actuando nos materiais erodidos (solo, materiais armazenados) ou nos agentes de erosão, quer controlando localmente a velocidade do vento, quer controlando a actuação das actividades, como, por exemplo, limitando a velocidade de circulação dos veículos.De entre as actividades responsáveis pela emissão de poeiras durante a fase de construção importa dar uma importância especial à movimentação de viaturas e máquinas. Esta constitui uma das principais responsáveis pela emissão de partículas, especialmente durante a instalação das estruturas de ocupação. De modo a reduzir as emissões produzidas em resultado destas operações deve-se: - minimizar a extensão das estradas e acessos temporários não pavimentadas procedendo a um correcto planeamento das vias de acesso e evitando a movimentação anárquica no espaço. As vias sujeitas a um maior e duradouro tráfego devem ser pavimentadas; - limitar a velocidade de circulação de veículos nas áreas em construção, especialmente dos veículos pesados. A redução de emissões é particularmente efectiva para velocidades inferiores a 25 km/h; - instalar barreiras ao vento nas áreas mais críticas. As barreiras deverão ser convenientemente dimensionadas, devendo nomeadamente, ter uma certa permeabilidade ao vento (porosidade de 40 a 50%), evitando a formação de remoinhos; - tratar a superfície de circulação. Consiste na modificação do material constituinte da via, tornando-a menos susceptível à erosão. A forma mais simples consiste na redução 19 do teor de finos no solo, que pode ser conseguido pela aplicação de gravilha. Salienta-se que é difícil, se não impraticável, a redução das emissões nas vias temporárias recorrendo à aplicação de água. Além de ser um processo oneroso e de aplicabilidade difícil em Cabo Verde, devido à carência de água e às condições climáticas, a sua eficácia é reduzida, já que a própria circulação dos veículos rapidamente seca o pavimento: É de realçar, ainda o armazenamento de produtos pulverulentos. Pois, no armazenamento ao ar livre deve-se proceder à cobertura dos materiais ou a aplicação de aditivos (surfactantes) que impeçam a erosão e transporte pelo vento. O humedecimento com água não é recomendado, tendo em consideração os elevados volumes de água necessários e o reduzido período durante a qual a sua eficácia seria efectiva. Os locais escolhidos para o seu armazenamento deverão estar protegidos do vento, incluindo locais protegidos de remoinhos. De outro modo, deve-se prever a instalação de vedações de protecção, evitando a afectação de outras áreas, no interior do plano e as áreas circunvizinhas. As zonas de movimentação de máquinas e viaturas, no seu acesso às áreas de armazenamento, devem ser revestidas com materiais adequados. 5.5. Sócio-Economia medidas mitigadoras especificas a) deverão ser tomadas iniciativas para que não ocorra o desmantelamento de qualquer uma das actividades previamente existentes. É o caso da criação de gado, da agricultura e da pesca, do pequeno comércio retalhista, dos ofícios de mecânica, carpintaria e pintura; b) deverão ser criadas relações comerciais a fim de que a produção local possa ser captada pelo objectivos do Projecto Vila Verde Resort; c) aquisição de mão-de-obra especializada, na ilha, sua inscrição duradoura no mercado de trabalho, durante a fase de construção e de operação do projecto; 20 d) promoção e apoio às iniciativas profissionais dos residentes, procurando, desse modo, não os tornar exclusivamente dependentes das ofertas de trabalho do empreendimento. e) promoção e constituição de quadros de interrelacionamento entre as populações das localidades e os novos habitantes e frequentadores do empreendimento, designadamente através de iniciativas culturais congregadoras; f) promoção e apoio às massas associativas, nomeadamente grupos desportivos locais, sobretudo aqueles que se destinam às populações juvenis, no sentido de promoverem iniciativas de cariz educativo e de ocupação de tempos livres, no sentido de evitar quadros favoráveis à eclosão de fenómenos de delinquência, bem como outros tipos de actividades dissimuladas. 5.6. Paisagem Medidas mitigadoras especificas Algumas medidas que deverão ser consideradas, especialmente, no âmbito dos impactes paisagísticos. Fase de construção Face aos impactes previstos para esta fase, propõe-se a implementação de medidas rigorosas de programação e gestão de obra, entre as quais se destacam: - utilização de painéis em rede de malha apertada, de protecção visual e ambiental; o recurso a este tipo de tapume permitirá reduzir a magnitude do impacte visual e ambiental, nomeadamente através da redução da velocidade do vento; - concentração espacial da maquinaria e equipamento de obra, assim como das zonas necessárias ao depósito de materiais; - definição rigorosa dos acessos às obras; - implementação de sinalética informativa, no sentido de garantir as melhores condições de segurança de pessoas e bens. 21 Fase de projecto e exploração Durante a fase de projecto torna-se indispensável promover a articulação das propostas de integração paisagística e a necessidade de recursos para garantir a manutenção dessas mesmas propostas. Inclui-se, neste caso, a estrutura verde preconizada. A criação de zonas verdes sem que exista a garantia da sua manutenção contribuirá para a criação de áreas abandonadas e consequentemente, com reduzida qualidade visual e ambiental. Assim, assume especial importância a adequação destas propostas às disponibilidades em recursos hídricos que possam ser utilizados na rega dos espaços verdes e a utilização de técnicas que possam minimizar as condições desfavoráveis, sob o ponto de vista microclimático, nomeadamente cortinas de protecção aos ventos e sistemas de rega localizada.