QUALIDADE DE VIDA E AUTONOMIA DOS DOENTES COM PARAMILOIDOSE Introdução: A paramiloidose foi descoberta em 1932 por Corino de Andrade. Trata-se de uma doença hereditária degenerativa, autossómica dominante, cuja incidência é maior na zona da Póvoa de Varzim. Grande parte das pessoas afetadas por esta doença apresenta vários problemas físicos, psicológicos e socioeconómicos. Existem equipas multidisciplinares que tentam diariamente contribuir para o bem-estar destas pessoas. Objetivos: Tratando-se de uma doença emergida da população portuguesa, este trabalho teve como objetivos identificar a autonomia e a qualidade de vida destas pessoas, e verificar alguns dos problemas que as afetam diariamente. Metodologia: Os instrumentos de estudo utilizados foram o questionário SF-36 e o questionário sócio-demográfico em que o primeiro foi aplicado a dois grupos, doentes e não doentes, e o segundo apenas aos doentes. A amostra da população em estudo foi de 130 doentes e 130 não doentes. Os questionários dos doentes com paramiloidose foram preenchidos no Serviço de Neurofisiologia do Hospital Geral de Santo António no Porto, quando se encontravam inscritos para realizarem exames, enquanto o questionário do grupo de participantes foi passado do tipo bola de neve. O programa estatístico para tratamento de dados que foi utilizado foi o Minitab16 e o MicrosoftExcell. Resultados e Conclusões: A paramiloidose tem uma influência negativa significativa na qualidade de vida dos doentes, nomeadamente nas dimensões do funcionamento e desempenho físico, perceção geral de saúde, desempenho emocional e saúde mental. Os principais problemas que afetam estes doentes são a falta de conhecimento das características da paramiloidose, a falta de recursos económicos e sociais que lhes permitam fazer face a uma fase avançada da doença, e os problemas familiares decorrentes da sua perda de autonomia ao longo do tempo. Infere-se do estudo que mais de metade da população doente não está inscrita para transplante hepático e também que, não obstante o conhecimento de serem portadores da doença, os casais têm desejo de ter filhos. Consideramos que para estes doentes usufruirem de uma melhor qualidade de vida é necessário prestar-lhes apoio físico, psicológico, sócio-económico e espiritual. QUALITY OF LIFE AND AUTONOMY OF PATIENTS WITH PARAMYLOIDOSIS Introduction:Paramyloidosis was discovered by Corino de Andrade in 1932. It is a hereditary degenerative disease, autosomal dominant, whose incidence is higher in the area of Póvoa de Varzim, Portugal. Most people who are affected by this disease have physical, psychological and socioeconomic problems. There are multidisciplinary teams trying, every day, to improve the well-being of these people. Objectives: To characterize the autonomy and quality of life of the Portuguese patients affected by paramyloidosis, and analyze their daily disease related problems. Methodology: Two group of people, 130 with the disease and 130 healthy, were surveyed using the SF-36 health survey and a social-demographic questionnaire, the latter only to the sick group. This group was assembled in the neurophysiology service of Hospital Geral de Santo António in Porto, when they were registered for disease related exams. The healthy group was selected using the method known as snowball sampling. Minitab 16 and Microsoft Excel were used to calculate statistics and produce reports. Results and Conclusions: Paramyloidosis has a significant impact in the quality of life of the patients, namely in the physical functioning and physical role functioning, in the general health perception, in the emotional role functioning and in mental health. The main issues these patients have to deal with are the lack of knowledge about the disease’s characteristics, the lack of economic and social resources that enable them to cope with an advanced stage of disease, and the family problems arising from their loss of autonomy over time. It appears from the study that more than half of the patient population is not registered for liver transplantation and also that, despite the knowledge of being carriers of the disease, couples have the desire for children. We believe that for these patients to enjoy a better quality of life is necessary to support them in a physically, psychologically, socio-economically and spiritually way.