A nova criatura
by Dherik Barison
Roberto era um típico Soldado terrano. Na situação de ex-condenado em seu planeta
natal, participou do programa de reabilitação e recrutamento oferecido pela Supremacia. Era uma
ótima alternativa para ex-criminosos como ele escaparem de sentenças de morte ou de
apodrecerem em uma prisão, tornando-se combatentes à serviço dos interesses terranos. De certa
forma, era uma outra forma de condenação, pois as chances de sobreviver por alguns anos em
um esquadrão não eram lá muito animadoras. Os terranos civis evitavam participar do programa
de recrutamento, pois tinham outras opções. Mas no final das contas, condenados e civis saiam
ganhando com este sistema.
Atualmente, Roberto participava do esquadrão terrano de reconhecimento, que
investigava o planeta Molarium. O esquadrão estava no planeta já fazia algumas semanas, e o
objetivo era identificar potenciais ameaças para uma ocupação terrana. Molarium era um planeta
atraente aos interesses terranos, pois apresentava diversas semelhanças com o planeta natal de
todos os humanos, a Terra: oxigênio suficiente, gravidade similar, temperaturas amenas e água.
O planeta não era rico em recursos naturais, mas tinha condições ideais de sobrevivência. Só o
fato dos seres humanos não precisarem de nenhum tipo de roupa especial para andarem sobre o
planeta já valia qualquer esforço.
Porém, na sua condição de Soldado, Roberto sempre precisava usar sua roupa
especial: uma resistente armadura. Ela não só o protegia mas também compensava de forma
autônoma boa parte do esforço necessário para se mover. Não era o traje mais confortável que já
vestiu, mas era a responsável por aumentar a eficiência de qualquer Soldado em uma batalha. Era
a sua segunda pele.Roberto já havia estado em diversas batalhas. Se orgulhava do número de
mortes que faziam parte da sua própria história. Já havia enfrentado todo o tipo de criatura que
havia estudado no período de recrutamento, um privilégio para poucos fuzileiros. Embora não
tivesse ainda subido de patente, era muito respeitado pelos seus superiores. Todos acreditavam
que logo ganharia uma patente compatível com suas qualidades.
Tudo corria muito bem naquelas semanas. Realizar o reconhecimento de um planeta
poderia ser o céu ou o inferno. Nestas missões não havia muito conhecimento sobre o terreno e
das potenciais ameaças, até porque o objetivo era adquirir este conhecimento. Entre os Soldados,
usavam o termo "isca" para nomear aqueles que participavam destes esquadrões de
reconhecimento, pois basicamente a ideia era esta: esperar que algo “indesejável” apareça, para
saber com o que precisarão se preocupar.
E então, em uma manhã tardia, enquanto a aparelhagem do Quartel local equipavalhe com sua armadura, todo o inferno desceu sobre sua cabeça. Ele jamais soube o que
exatamente havia acontecido, pois despertou completamente soterrado pelos escombros do
Quartel, agradecendo à sorte pela armadura tê-lo protegido antes de desmaiar. No entanto, não
foi capaz de segurar o baque que sofreu ao se deparar com o que sobrou do posto avançado: um
amontoado de restos de construções e corpos.
Porém, algo rapidamente o chamou a atenção naquele cenário. Alguns corpos
estavam completamente corroídos. Theodore, um antigo amigo que fizera ainda no recrutamento,
jazia a poucos metros do Quartel; os restos de sua armadura derretidos, suas entranhas
dissolvidas em marcas escuras sobre o solo, uma vala estranha corroída no que outrora havia sido
grama. O esgar final de Theodore estava congelado em sua face, uma expressão de horror
tamanha que Roberto não conseguia lembrar-se de ter visto algo semelhante em todos os seus
anos de fuzileiro. Roberto estremeceu. Aquilo só poderia ser obra de um zerg.
Agora se encontrava perdido no meio da floresta. Ofegava confuso. Foi enviado para
sondar as condições de sobrevivência no planeta, mas sua mente percorria enlouquecida todo o
acervo de criaturas zerg que havia enfrentado em sua vida. Pensava constantemente nos Furtivos,
os únicos zerg capazes de criar valas como aquelas, mas eles não deixavam vestígios de corrosão
como os que Roberto havia visto. Se estivesse em plenas capacidades mentais, Roberto teria se
lembrado que os buracos que os Furtivos deixavam tinham um formato fundamentalmente
diferente, eram abertos do interior da terra para fora quando decidiam se locomover e não
corroídos para dentro.
De fato, Roberto sequer notou o Cruzador terrano sobrevoando sua posição, a fuga
que tanto desejava. Tampouco notou que não estava mais sozinho. Estava abalado demais para
perceber qualquer coisa ao seu redor. Sequer sentiu o impacto do Raio Gráviton disparado contra
ele por um pequeno grupo de protoss escondidos atrás das árvores ao seu redor, imobilizando-o
de joelhos. Um Vigia do protoss já acompanhava Roberto a algumas horas, facilitando a
aproximação do grupo.
Liderados por um Templário das Trevas, os Fanáticus se aproximaram confiantes de
Roberto. O Cruzador já estava longe no horizonte, indo na direção do que restou do posto
avançado. O símbolo dos Toredas, uma das várias tribos nobres dos protoss, balançava do manto
do Templário das Trevas próximo ao capacete da armadura de Roberto, quando ela se abriu
lentamente, dando pequenos trancos.
 Me soltem! Iremos todos morrer! - disse Roberto, tremendo e desnorteado.
 Acalme-se – respondeu o Templário, como se olhasse diretamente para o interior da
mente de Roberto – Há algo que você precisa nos contar, humano.
--Três dias depois, Roberto envergonhava-se em admitir, mas sentia-se em paz.
Despido de sua armadura de combate, encarcerado no acampamento dos Toredas, bem cuidado e
bem alimentado, Roberto via em sua prisão uma forma de libertação de todos os terrores de sua
vida militar. Estava derrotado, mas vivo. A benevolência de seus captores tornava essa derrota
doce e tragável. Ao menos até quando aquilo pudesse durar.
Ainda assim, não estava livre de preocupações. Não havia sido torturado, mas foi
interrogado. Os protoss estavam apenas esperando ele voltar as suas faculdades mentais para lhe
fazer as perguntas.
O que realmente o intrigava era justamente a brevidade do interrogatório. Apenas
uma pergunta lhe foi dirigida, diretamente pelo Templário das Trevas:
 Quantos?
 Muitos - ele respondera sem saber precisar - Dezenas, provavelmente.
O Templário virou-se e saiu da sala. Ele percebeu imediatamente que o que quer que
fossem aquelas novas criaturas, o protoss sabia muito mais a respeito do que ele. Não se
espantava deles já estarem tentando identificar a tal criatura enquanto os terranos estavam ainda
sendo mortos por ela.
Mais tarde havia compreendido a reação do Templário à sua pergunta. A nova
criatura era verdadeiramente terrível. Os protoss ainda não tinham ideia de quantos existiriam no
planeta ou mesmo de quão rapidamente eles poderiam ser produzidos pelos zergs. Sua resposta
provavelmente respondeu a essas questões. As implicações lhe pareceram óbvias: já deveria
existir uma horda preocupante e sua produção provavelmente deveria ser mais rápida do que
gostariam.
Agora, Roberto examinava atentamente os arredores através da única janela em seus
aposentos. A arquitetura protoss sempre lhe fascinou. Muitas lembravam pirâmides, que eram
construções de antigos povos do planeta Terra conhecidos como egípcios. Haviam também os
massivos pilões flutuantes, gerando energia de forma quase mística para sua limitada
compreensão. Todas as construções e unidades eram dotadas de um escudo protetor, que se
regeneravam automaticamente. Sua própria cela não havia grades, apenas um campo de força,
muito similar ao escudo deles. Podia notar também na sua cela inúmeras runas espalhadas pelas
paredes, como se fossem uma oração pelas almas dos prisioneiros.
De certa forma, o próprio ambiente contribuía para a paz que sentia. Os protoss eram
um misto curioso de tecnocracia e religião e aquela combinação, que parecia impossível para a
maioria dos terranos, estava espalhada por todo aquele lugar.
O conhecimento sempre trabalhou contra a fé humana. Quanto mais os humanos
pensavam conhecer sobre o universo, menos espaço havia para divindades e crendices. Os
terranos pareciam ser o ápice dessa filosofia, não havia qualquer deus ou religião entre os seus.
Só havia um lugar onde um terrano como Roberto se permitia acreditar, as trincheiras de batalha.
E ele estivera lá vezes o suficiente para saber que invejava seus captores.
--Um barulho ensurdecedor, mas familiar, tomava o ambiente todo. Roberto olha pela
janela de sua prisão e vê um Cruzador de Batalhas terrano aterrissando no meio do acampamento
dos Toredas. Logo, Roberto percebeu que a ameaça da nova criatura Zerg estava incomodando
mais do que imaginava. Eram raras as ocasiões onde ocorriam tréguas ou alianças entre protoss e
terranos, mas sempre que elas ocorriam o motivo era extremamente importante.
Do Cruzador, desceram o Governador regional da Supremacia, Francisco Silva
Beltrão, acompanhado de vários Fantasmas, unidades especiais terrestres especializadas em se
camuflar e exterminar. Roberto nunca tinha visto o Governador pessoalmente, mas o que mais
lhe impressionou foi quem desceu em seguida: o lendário Jim Raynor.
Roberto estranhava a presença de Jim Raynor junto a uma liderança terrana. Jim
havia tantas vezes sido traído por facções terranas que havia se tornado um renegado. Muitos de
sua própria raça queriam sua cabeça. Pouco se sabia do seu paradeiro nos últimos anos. Roberto
queria saber o que havia acontecido com Jim Raynor para apoiar um líder terrano. Na primeira
oportunidade, procuraria saber o que havia acontecido.
Não era preciso explicar o que estava acontecendo naquele momento. O Governador
veio para fazer a parte política da conversa com a tribo dos Toredas, representando a voz e
interesse dos terranos em procurar a criatura que havia exterminado o esquadrão terrano. Os
Fantasmas como proteção do governador, naturalmente. E Jim Raynor para tratar de questões de
batalha. Roberto mal acreditava no privilégio de estar vivenciando aquele acontecimento.
Foi possível ver Nasgal, o líder guerreiro dos Toredas, indo de encontro ao
governador. Ali conversaram por alguns minutos. Após isto, dirigiram-se a Nexus, e a partir de
então Roberto não conseguiu mais vê-los. Porém, logo foi chamado. O campo de força foi
desativado e o dirigiram ao que acreditava ser uma espécie de sala de reuniões dos protoss.
Na sala, como esperado, estavam o governador, Jim Raynor e Nasgal.
 Então é este o sobrevivente? - disse o governador
 Sim. O encontramos no meio da floresta, a cerca de 15 KM do acampamento de vocês. disse Toredas
 Como tem passado cara? - pergunta Raynor.- Me parece ótimo para quem quase morreu a
poucos dias atrás...
 Não posso negar que fui bem tratado aqui. - responde Roberto
 Conte-nos o que lembra. - diz, inquieto, o Governador.
Após Roberto contar todo o ocorrido, Nasgal, mostrando descontentamento, diz:
 Não disse que era isto que havia acontecido?!
 Não nos leve à mal Nasgal, mas queríamos ouvir das palavras de um terrano todo o
ocorrido. - diz Jim Raynor, tentando tirar o peso das palavras de Nasgal
 Quanto tempo temos, Nasgal? - interrompe o Governador
 Iniciaremos a investida em algumas horas. Não podemos esperar mais que isto.
 Suas tropas já estão prontas? - pergunta Jim Raynor
 Estão esperando por vocês. Ele também vai? - Nasgal aponta para Roberto.
 Naturalmente. - afirma Jim Raynor
O plano não era mais esperar. Era agir.
--Vindo do norte, um Vigia informou que havia detectado uma colônia zerg perto das
Montanhas Celestes. O Vigia não pode se aproximar mais devido as defesas anti-aéreas que
haviam na região, impossibilitando a obtenção de mais informação. Não sabiam se a tal criatura
encontrava-se lá ou em alguma outra colônia ainda não identificada, mas precisavam iniciar uma
investida que fosse atrás da criatura.
A única forma de aproximação viável era por terra. Embora tivessem que lidar com a
misteriosa criatura deste modo, não havia outra opção, pois esperar um reforço aéreo naquela
delicada situação poderia ser a diferença entre viver e morrer. A qualquer momento poderia
surgir um ataque zerg tal qual aquele que devastou o esquadrão terrano.
Liderados por Jim Raynor e Nasgal, as tropas dirigiram-se ao norte. Não haveria
nenhum reforço terrano além de Raynor, Roberto e alguns Fantasmas, pois o esquadrão mais
próximo, com o mínimo potencial de combate, estava muito distante, então poderiam contar
apenas com as unidades protoss na batalha.
Porém, o Governador tinha reservado a eles um grande trunfo para ser usado em
batalha: um míssil nuclear. O míssil viria de uma ocupação terrana no planeta Solares,
suficientemente próximo para que pudesse ser ativado e lançado. Como os Fantasmas ali
presentes eram capazes de acionarem este míssil, tinham tudo preparado para que pudesse ser
usado, caso fosse necessário.
Já a caminho da colônia, Roberto vê a oportunidade ideal de descobrir quais eram os
interesses de Jim ao se aliar a uma facção terrana.
 Jim, conheço um pouco de sua história e...
 Fico agradecido. - interrompe Jim.
 Quero dizer, já escutei várias história suas. E confesso que me estranha um pouco ver
você aliado a um líder terrano de tão grande influência como o Governador.
 Aonde quer chegar soldado? - diz Jim, desconfiado
 Dizem que você não confiava mais em qualquer liderança terrana. Por que mudou de
ideia agora? - questiona Roberto
 Eu não mudei de ideia. O Governador me prometeu muitas coisas em troca de ajudá-lo.
 Não teme algum tipo de traição?
 Várias das promessas ele já cumpriu. Mas minha garantia foi a aliança com a tribo de
Toredas. Lutando ao lado dos protoss, sei que não haverá violação de confiança, uma vez
que o Governador não tem controle algum sobre eles .
 Mas após a missão, não voltará com o Governador e ficará a mercê da Supremacia?
 É claro. Mas irei sumir novamente, assim que cumprir meu objetivo – diz Raynor, com
um discreto sorriso.
Roberto queria saber quais promessas eram aquelas mas tinha certeza que, se
perguntasse, Jim Raynor mentiria ou simplesmente não iria dizer. Não iria compartilhar
informações tão particulares como estas para um Soldado que mal conhecia. Contudo, sentia-se
orgulhoso pela confiança depositada nele por Jim, ao dizer que iria escapar aos olhos da
Supremacia assim que possível.
--Ao avistarem a colônia, perceberam o inferno que estaria por vir. Haviam dezenas e
mais dezenas de Hydraliscas, Zergnídeos e Baratas. Mas nada da obscura criatura, ainda. No
entanto, Roberto faz questão de reforçar:
 Ninguém havia percebido a aproximação das criaturas. Precisamos ter muito cuidado em
cada passo.
O plano era simples e, assustadoramente, racional. A possibilidade de serem
dizimados era considerada. Inicialmente os poderosos Imortais tomariam a frente e destruiriam
as defesas anti-aéreas concentradas na periferia da colônia. Assim, os Vigias poderiam chegar o
mais perto possível do centro da colônia, coletando todas informações possíveis. Como haveriam
várias Hidraliscas no caminho dispostas a derrubar os Vigias, um grupo de Fanáticus e
Tormentos iriam acompanhá-los. Roberto e Jim ficariam mais atrás, sob a cobertura dos Imortais,
acompanhando de longe o progresso da infiltração. Agindo deste modo, poderiam obter o
máximo de informações, mesmo que a batalha não pudesse ser vencida e a fuga não fosse
possível.
E assim deu-se o início da investida aliada. Os Imortais começaram a destruir as
defesas anti-aéreas o mais rápido possível, antes que o reforço terrestre zerg chegasse. Os
Fanáticus e Tormentos ajudavam os Imortais para que o processo fosse agilizado.
Antes que conseguissem eliminar as primeiras defesas, apareceram não um, mas dois
Mammuthus. Uma colônia protegida por Mammuthus era sinal de que algo importante havia ali.
Para a sorte deles, tinham o auxílio dos Fantasmas que, como excelentes atiradores de elite que
são, derrubaram os monstros com tiros certeiros na cabeça, muito antes que pudessem fazer
qualquer coisa. Se os Fantasmas não estivessem ali, isto seria uma tarefa para os Imortais, e
como consequência perderiam um tempo que já não tinham.
Finalmente as defesas anti-aéreas foram destruídas. Os Vigias, Fanáticus e Tormentos
começavam a penetração na base zerg enquanto Jim, Roberto e os outros ficavam mais atrás sob
a cobertura dos Imortais. Não demorou muito para que os primeiros Zergnídeos fossem enviados
até onde Jim e Roberto estavam.
Os Tormentos abusavam de seu teleporte para confundir os zergs enquanto os
Fanáticus usavam sua aproximação rápida e força bruta para combatê-los. Os Fanáticus a todo
momento se organizavam de forma a ficarem a frente dos Tormentos, protegendo-os do combate
direto, mas não evitavam que vários delesfossem mortos, encurralados pelos ágeis Zergnídeos.
Eles estavam progredindo lento demais, a batalha estava muito equilibrada. Os Vigias tentavam
identificar até onde conseguiam.
Porém, em dado momento a situação começava a parecer estar sob controle. Os
Imortais já não estavam tendo tanto trabalho ao lidar com as forças zerg enviadas, e os
Tormentos e Fanáticus abriam passagem por terra sem mais grandes problemas, possibilitando
aos Vigias reconhecer todo o local.
Mas, tão rápido quanto pudessem perceber, os Imortais foram caindo, um a um.
 Pelos céus! O que é isto??
Era a criatura, que mais tarde ficou conhecida como Tatu-bomba.
Em uma explosão suicida a cerca de meio metro, eles eliminavam o oponente em
meio a um mar de ácido. Simplesmente surgiram do chão, aos pés dos Imortais que pouco
puderam fazer. Roberto logo lembrou daquele barulho que os Tatus-bomba emitiam ao se
suicidarem. Tinha ouvido aquele barulho algumas vezes antes de desmaiar em meio a batalha
que seu esquadrão enfrentou e foi aniquilado.
Os poucos Fanáticus que ali estavam foram instantaneamente mortos. Um combate
corpo-a-corpo com aquela criatura era fora de questão. Na verdade, era o que ela mais desejava.
Os Tormentos, que faziam a cobertura dos Vigias, foram imediatamente chamados
por Nasgal para voltar e ajudar. Jim e Roberto esvaziavam suas armas sem pausa, mas os Tatusbomba vinham por todos os lados e se aproximavam cada vez mais. A todo momento a imagem
de Theodore morto vinha à cabeça de Roberto. Ele não queria morrer daquela maneira.
Jim Raynor estava acostumado com este tipo de situação delicada, encurralado e
ameaçado. Mas Roberto, por mais batalhas que tivesse enfrentado, não estava preparado para
aquela situação.
Vendo o desespero nos rostos não só dos terranos, mas também de seus irmãos
protoss, Nasgal toma a frente do grupo.
 Deem-me cobertura! - ele grita
Mesmo sem entender de início a estratégia, Jim Raynor obedece. Além de Tatusbomba, haviam também muitos zergnídeos no ataque. O plano de Nasgal era atrair ambos até ele,
tirando a atenção dos zergs sobre o grupo, esperando a cobertura dos Tormentos e Fantasmas,
que teriam uma melhor visão para matar os Tatus-bomba que vinham de encontro a ele, enquanto
Nasgal matava os Zergnídeos.
Nasgal era conhecido pela bravura, uma característica nobre que vêm no berço da
maioria dos guerreiros protoss. Jim Raynor não sentia qualquer espanto por ele estar se
sujeitando a tamanho risco em prol do grupo. O que ele sentia era orgulho de combater ao lado
de seres com tamanha determinação e coragem.
Porém, o que era esperado aconteceu. Nasgal decidiu o momento da sua própria
morte ao tomar aquela decisão. Em meio a vários Zergnídeos, ele sucumbe. Seu sacrifício havia
salvo aqueles que estavam ali. No entanto, não havia tempo para lamentar a morte de tão valente
guerreiro, pois muitos zergs ainda apareciam, embora em número cada vez menor.
Quando puderam finalmente respirar e perceber o que havia acontecido ali, Roberto
parecia estar em estado de choque. A adrenalina ainda corria por todo seu corpo. Os olhos
arregalados ainda estavam atentos para qualquer movimentação inimiga. Mas mesmo Jim
Raynor, com toda sua experiência, parecia desnorteado.
Foi quando o Governador entra em contato com Jim Raynor pelo comunicador:
 Como estão as coisas?
 Estão sob controle Governador. Identificamos a criatura e podemos levar um exemplar
dela, inclusive.
 Que bicho é este, afinal?
 Melhor explicar pessoalmente, pois não se parece com nada que já tínhamos visto antes.
Os protoss devem estar neste momento recebendo as informações colhidas pelo Vigia.
Fale com eles.
 Certo. Aguardo sua chegada. Avise o Nasgal que quero falar com vocês dois assim que
chegarem.
 Governador, infelizmente não será possível... Nasgal morreu em combate. - lamenta Jim
Raynor
 Malditos insetos! Sabe o que fazer com eles ao final, não é?
 Afirmativo, Governador.
Após falar com o Governador, Jim Raynor vira-se para Roberto e não deixa de
cumprimentá-lo, ao seu jeito:
 O que achou, cowboy? Lutou muito bem.
 Fico feliz só por ter sobrevivido.
--Agora sabiam como a criatura atacava. Que ela se suicidava. Que ela também tinha a
habilidade de se enterrar como outros vários zergs. Poderiam reconhecê-la.
Entretanto, precisavam ainda descobrir a origem da criatura. Como ela nasce? Qual
tipo de construção zerg dava origem aquilo? O que as motivava ao suicídio? Entre outras
questões. Mas agora tinham dados suficientes para descobrirem todas estas respostas e enfrentar
o maldito verme.
 O que faremos agora? - pergunta um Fantasma a Jim Raynor
 Destrua tudo.
"Míssil nuclear detectado".
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