ÁREA TEMÁTICA: INFORMAÇÃO, CONTEÚDOS E CONHECIMENTO NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO Isabel Angela dos Santos Matos*; Maria Gasparina de Lima** O ACERVO DE FOTOGRAFIAS AÉREAS NA CPRM: organização, processamento e acesso RESUMO: A rede de Biblioteca da CPRM – Serviço Geológico do Brasil detém um dos maiores acervos de fotografias aéreas do país. Este acervo foi preparado, armazenado e disponibilizado segundo suas peculiaridades em cada unidade regional da Empresa. A organização das fotos aéreas exige metodologias e técnicas especificas de preservação da memória fotogelógica, com o objetivo de permitir a recuperação e disseminação das informações ali contidas. Este acervo, além de estar disponibilizados fisicamente, em suas unidades de origens, está em processo de digitalização para consulta no Catálogo on line da CPRM. Palavras chave: Fotografia aérea. Cartografia. Materiais cartográficos. * Analista em Geociências – Bibliotecária da CPRM – Serviço Geológico do Brasil, Superintendência Regional de Salvador, Av. Ulisses Guimarães, 2862-Sussuarana - CAB 41213-000-Salvador – BA, Brasil. E-mail: [email protected]. ** Analista em Geociências – Bibliotecária da CPRM – Serviço Geológico do Brasil, Superintendência Regional de Goiânia, Rua 148, 485 - Setor Marista - 74170-110 - Goiânia – GO, Brasil. E-mail: [email protected]. 1 INTRODUÇÃO A crescente preocupação em representar, mapear a Terra e oferecer subsídios a estudos, tem-se constatado que a forma mais eficaz de levantar dados é por meio das fotografias aéreas. Elas se apresentam como um dos documentos mais utilizados em Geociências, agregando dados que permitem a recuperação e comparação de informações fotocartográficas. Pode-se assegurar que a CPRM – Serviço Geológico do Brasil detém em sua rede de bibliotecas um dos maiores acervos fotocartográficos disponível à sociedade geocientífica do país. Em 2011, este acervo está distribuído em 13 unidades de diferentes estados brasileiros, onde seus acervos in loco são preparados, organizados e disponibilizados em catálogo on line. 2 OBJETIVO Este trabalho tem por objetivo destacar a importância das fotografias aéreas como fonte de informação fotocartográfica. Ao longo de seu desenvolvimento serão mostrados os métodos utilizados para sua organização e catalogação dessas fotografias na CPRM – Serviço Geológico do Brasil, além do projeto de disponibilização deste material via web, através do Catálogo on line. 3 DOCUMENTAÇÃO FOTOCARTOGRÁFICA A documentação cartográfica está inserida entre os chamados multimeios, termo adotado por Perota (1997) para os materiais não bibliográficos. De acordo com Perota, esses documentos apresentam características peculiares e por isso precisam de tratamento adequado para a sua organização, preservação e utilização. E, junto às fontes fotocartográficas é que se encontram as fotografias aéreas, assim definidas por Suguio (1998): “Fotografia da superfície terrestre, obtida do espaço aéreo, vertical ou obliquamente a partir de aeronaves”. Um conceito básico mais abrangente é dado por Oliveira (1983, p. 268 apud CARIBÉ, 1987, p. 319): Fotografia aérea tirada com a câmera fotográfica rigorosamente calibrada, e de acordo com especificações cartográficas, diferindo, dessa maneira, da fotografia aérea obtida para outros fins. O mesmo que fotografia cartográfica aérea; fotografia topográfica. Em Biblioteconomia, essa conceituação é importante para auxiliar na identificação de uma obra com características cartográficas, de modo a descrevêla e organizá-la, visando à recuperação, e à disseminação da informação de forma adequada às necessidades de seus usuários. Porém, para melhor representação descritiva desses materiais cartográficos, não é suficiente utilizar apenas as informações que estão dispersas sobre os documentos, pois a cartografia é um elemento fundamental para a leitura e compreensão deste tipo de documentação. Um mapa índice é um cartograma que contém informações sobre o recobrimento cartográfico do país nas diversas escalas do mapeamento sistemático. É outro importante sistema de localização de folhas, em que estas são numeradas de modo a serem referenciadas através de um número simples, de acordo com as escalas (IBGE, 1999, p. 54). Para Boeckel (1982, p. 180), estes mapas são os de maior importância para um centro cartográfico, pois suas atualizações e controles são indispensáveis ao bom desenvolvimento dos trabalhos. Há uma sincronia entre o mapa índice e a estrutura de escalas de 1:1.000.000, 1:500.000, 1:250.000, 1:100.000 e 1:25.000. Dentro de cada escala se convencionou uma nomenclatura, que se pode chamar de codificação, que ao visualizar é possível saber a qual escala pertence. As fotografias aéreas utilizam esta estrutura para sua organização e identificação da cobertura de áreas. Além deste recurso, podem ser identificadas também pelo vôo que originou o produto. A estrutura das folhas é conhecida por quadrículas e identificadas por numeração seqüencial de folhas na escala de 1:1.000.000. Usa-se a numeração de 1 a 46; para folhas 1:250.000 - uma numeração de 1 a 550; e nas folhas 1:100.000 - utiliza-se a numeração de 1 a 3036. Estes números conhecidos como “MI” substituem as nomenclaturas correspondentes das folhas em suas variadas escalas. Por exemplo: a folha de nomenclatura SD.23-Y-C-IV corresponde à escala 1:100.000, que por sua vez corresponde ao MI 2215 no Mapa Índice. Seja pela nomenclatura, seja pelo MI, uma busca no sistema utilizado pelas bibliotecas do Serviço Geológico do Brasil – SGB, localizará informações pertinentes à folha Brasília. O bibliotecário deve ficar atento a estas informações, pois todas elas corretamente utilizadas podem fazer parte da catalogação descritiva e da indexação da maioria dos materiais fotocartográficos do acervo, visando a uma rápida e eficaz recuperação deste tipo de documentação no momento em que são solicitados pelos seus usuários e, consequentemente, postadas no catálogo on line. 4 A ORGANIZAÇÃO DAS FOTOS AÉREAS NA CPRM Antes de mencionar a organização das aerofotos é necessário citar a organização dos fotoíndices, pois, inicialmente, é através da catalogação dos fotoíndices ou “FI”, que se localiza uma ou mais fotografias aéreas de uma região. Assim, utilizando o CCAA e fazendo as adaptações necessárias devido às especificidades do material, são descritos os seguintes elementos (FELDMAN, 1983, f. 4; SANTOS, 1993, f. 30), elencados abaixo: a) número do fotoíndice (FI); b) número da obra ou vôo (dados pela empresa ou órgão que realizou o vôo); c) número de classificação no MI; d) órgão executor do vôo; e) entidade solicitante ou contratante; f) nome da folha ou projeto; g) local; h) data; i) tipo de suporte; j) escalas do fotoíndice e das fotografias relacionadas (uma determinada área pode ter cobertura em diversas escalas); k) código da CIM ou nomenclatura; l) área geográfica abrangente: municípios, Estados e país. Todas as informações acima citadas fazem parte da linguagem utilizada pelos usuários de documentos fotocartográficos e são passíveis de serem buscadas e recuperadas através do catálogo das bibliotecas da CPRM. Para facilitar o acesso rápido à informação, a CPRM adotou para a classificação da documentação fotocartográfica, uma adaptação do sistema criado pela DSG, em 1969, a partir do corte da CIM, que utiliza a articulação das folhas aplicável às escalas 1:1.000.000 até 1:25.000 e o Mapa Índice (ZAEYEN; SANTOS, 2002, f. 8). A recuperação da informação fotocartográfica é obtida a partir do MI, catálogo de toponímia (nomes dos mapas, cartas e projetos), CIM, mapas-índice e coordenadas geográficas (ZAEYEN; SANTOS, 2002, f. 8). Ainda em Zaeyen e Santos (2002) se obtém a informação de que, para a disseminação de toda a documentação fotocartográfica, utilizam-se os mapas-índice. O armazenamento de fotoíndices é feito tanto em módulos de arquivos deslizantes, em mapotecas verticais e/ou horizontais. A ordenação é feita por área de interesse e em seguida pela escala de preferência. Figura 01 – Fotoíndice da Força Área dos Estados Unidos – USAF, escala 1:60.000, Folha Brejo da Serra, MI 1654, acervo da Biblioteca da Superintendência Regional de Salvador. Nos módulos deslizantes, as fotos são acondicionadas em caixas de papelão ou de aço, e dentro de cada unidade, seguidas pela numeração crescente das fotos; Figura 02 – Fotografias aéreas acondicionadas em caixa de papelão da Biblioteca da Superintendência Regional de Salvador Figura 03 – Fotografias aéreas acondicionadas em caixa de aço da Biblioteca da Superintendência Regional de Goiânia 5 ACESSO ON LINE O acesso ao acervo de fotografias aéreas exige do bibliotecário conhecimento da documentação fotocartográfica e atendimento preliminar minucioso. Este processo demanda diversas etapas elencadas abaixo: 1. Identificar a área geográfica que o usuário quer visualizar na foto; 2. Verificar com o usuário a preferência de escala das fotos; 3. Obter o nome da Folha que abrange a área pesquisada, pois o nome da Folha, o MI e a nomenclatura, previamente indexados, podem localizar facilmente um vôo que atenda a necessidade de informação do usuário no Catálogo on line da CPRM; 4. Verificar quais os Projetos (vôos ou obras) que executaram uma cobertura aerofotogramétrica na área, de acordo com a escala de preferência; 5. Consultar o fotoíndice (FI) do vôo que contém as fotos da área em questão - previamente digitalizado e disponibilizado no Acesso Livre da CPRM; 6. Após consultar o fotoíndice, o usuário deve informar a numeração inicial e final das fotografias e/ou faixas das fotos de seu interesse; 7. De posse dessas informações, obter as fotografias aéreas na coleção para a recuperação da documentação fotocartográfica. Planeja-se digitalizar toda a coleção de fotoíndices e de fotos aéreas para consulta on line pelos usuários. Figura 03 – Exemplo de pesquisa no Catalogo on line da CPRM, da Folha Brejo da Serra, com o link para o Fotoíndice em destaque na cor azul. 6 CONCLUSÃO O trabalho deixou evidente a potencialidade das fotografias aéreas e a variedade de opções e aplicabilidade que este grupo de documentos da Rede de Bibliotecas da CPRM pode possuir, habilitando o catálogo on line em fonte de recuperação de dados fotogramétricos. Conclui-se que o processo de organização é condição vital para a sobrevida das fotografias aéreas e valorização das informações nelas depositadas. O processo está desencadeado e as experiências em desenvolvimento, estando sujeitas a otimizações ao longo de seu desenvolvimento. REFERÊNCIAS BOECKEL, Denise Obino. O bibliotecário e a cartografia. In: MACHADO, Ubaldino Dantas (Ed.). Estudos avançados em biblioteconomia e ciência da informação. Brasília, DF: ABDF, 1982. v. 1. p. 172-189. CARIBÉ, Rita de Cássia do Vale. Material cartográfico: alguns conceitos básicos. Revista de Biblioteconomia de Brasília, v. 15, n. 2, p. 317-325, jul./dez. 1987. FELDMAN, Fanny. Tratamento e recuperação de material cartográfico e fotografias aéreas. [Rio de Janeiro], 1983. 9 f. Elaborado para o Seminário sobre Documentação Não Convencional e Materiais Especiais. IBGE. Noções básicas de cartografia. Rio de Janeiro, 1999. 130 p. (Manuais técnicos em geociências, n. 8). PEROTA, Maria Luzia Loures Pacheco Rocha (Org.). Materiais cartográficos (mapas, cartas, globos, atlas). In: ______. Multimeios: seleção, aquisição, processamento, armazenagem e empréstimo. 4. ed. Vitória: Edufes, 1997. p. 77108. SANTOS, Rozangela Maria Leopoldino dos. Documentação cartográfica: história e processamento técnico. 1993. 40 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Biblioteconomia) – Escola de Biblioteconomia, Universidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1993. SUGUIO, Kenitiro. Dicionário de geologia sedimentar e áreas afins. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998. 1217 p. ZAEYEN, Charlotte; SANTOS, Rozangela Maria Leopoldino dos. Manual de procedimentos – acervo de multimeios. Rio de Janeiro: CPRM, 2002. 16 f. ABSTRACT: The network of the Library of CPRM - Geological Survey of Brazil holds one of the largest collections of aerial photographs of the country. This collection was prepared, stored and made available according to their peculiarities in each regional unit of the Company. The organization of the aerial photos requires specific methodologies and techniques of preserving memories fotogelógica, in order to allow retrieval and dissemination of information there. This collection, in addition to being physically available in their units of origin, is in the process of digitization in the Catalogue for online consultation of CPRM. Key words: Aerial photography. Cartography. Cartographic materials.