Cooperação empresarial, uma estratégia para o sucesso
Nota: texto da autoria do IAPMEI - UR PME, publicado na revista “Ideias & Mercados”, da NERSANT – edição
Setembro/Outubro 2005.
É reconhecida a fraca predisposição das PME portuguesas para a cooperação, em particular quando
se trata de cooperação não hierarquizada. Contudo, o quadro económico e civilizacional subjacente à
globalização contribuirá, cada vez mais, para uma progressiva alteração de comportamentos
organizacionais, posturas e mentalidades dos agentes económicos - públicos e privados - e para
potenciar e dinamizar a importância da cooperação.
No passado, os grandes determinantes da competitividade das empresas assentavam numa
competição com base nos preços, traduzida na necessidade constante de redução de custos
(a
competitividade-custo, factor tangível), através do controlo das condições de utilização dos factores
produtivos: trabalho, capital e recursos materiais.
Contudo, abordagens mais recentes sobre a competitividade, referem a necessidade de investimento
contínuo, especialmente na força de trabalho, que permita o fomento de uma produtividade evolutiva e
sustentada e de partilha dos riscos associados, entre instituições públicas e privadas, desenvolver
novas tecnologias, encontrar novos mercados, formar trabalhadores e realizar aumentos de capital.
Porquê cooperar?
Cooperação empresarial: uma estratégia para o sucesso
Valorizar a cooperação empresarial, porquê?
... grandes alterações no contexto do exercício da actividade...
•
o intensificar da pressão da concorrência,
•
as profundas e contínuas alterações tecnológicas e financeiras,
•
a progressiva e sistemática sofisticação de clientes e de fornecedores
No quadro da globalização da economia, em que o âmbito e a natureza da concorrência estão em
profunda mutação, com as empresas a enfrentarem novos desafios na sua relação com o mercado e a
sua envolvente de negócios, a cooperação empresarial, enquanto instrumento estratégico
potencialmente indutor de atitudes inovadoras por parte dos agentes empresariais, pode constituir-se
como uma via privilegiada para a exploração de oportunidades de negócio não acessíveis a empresas
de menor dimensão, se agindo de forma isolada.
A nível estrutural, reconhece-se que as estratégias das PME nas suas abordagens a processos de
cooperação são particularmente condicionadas pelas suas características e especificidades, as quais
afectam o seu grau de sucesso potencial. Neste sentido, merecem particular referência os aspectos
associados à capacidade de inovação, aos elevados custos de desenvolvimento e à necessidade de
especialização decorrente dos novos padrões de qualidade e de resposta rápida exigidos pelos
mercados.
A estas dificuldades, acrescem outras, de ordem cultural e dimensional, associadas a uma menor
apetência para suportar custos relativos à pesquisa de novos mercados e à reduzida capacidade em
mobilizar adequados recursos humanos, materiais e financeiros.
Intuitivamente, poder-se-á referir que as vantagens subjacentes à adopção de estratégias de
cooperação estão normalmente associadas à necessidade de responder às exigências competitivas
impostas pelo encurtamento do ciclo de vida dos produtos, pela necessidade de oferecer soluções
completas – quer por via da aposta na complementaridade de produtos e serviços, quer através da
combinação de competências de vários domínios científicos e tecnológicos – e, ainda, à obtenção de
ganhos de eficiência associados à terciarização de serviços e de eficácia com a centralização em
actividades relacionadas com competências nucleares das empresas cooperantes.
A utilização da “cooperação” nas estratégias empresariais, para além do contributo para a melhoria
de um conjunto significativo de debilidades e fraquezas de que padecem empresas portuguesas,
pode e em paralelo, contribuir para que seja atingido o nível necessário de capacidade de resposta,
visando a obtenção de um melhor posicionamento competitivo.
Quais as vantagens em cooperar?
Cooperação empresarial: uma estratégia para o sucesso
as vantagens da cooperação empresarial para PME...
•
permite encontrar a dimensão mais eficiente para a realização das actividades produtivas, tecnológicas
e comerciais (redução de custos totais e marginais);
•
permite soluções que criam mais valor para o cliente, através da exploração de competências
específicas (partilha de recursos –mais acesso à diversificação);
•
permite a aposta conjunta em projectos com um maior grau de risco e de incerteza (partilha de risco –
mais segurança);
•
permite o acesso a redes mais alargadas de informação e do conhecimento...
Uma actuação em regime de cooperação pode responder de forma positiva às dificuldades
relacionadas com
a pequena dimensão empresarial, com a escassez e menor qualificação dos
recursos humanos, com a insuficiência de recursos materiais e financeiros, com o deficiente acesso ao
conhecimento e domínio de tecnologias, potenciando, ainda, benefícios acrescidos, através:
•
do acesso e partilha de recursos, competências e conhecimentos complementares, muitas
vezes inacessíveis de outra forma, como sejam
ajustamento mais rápido à evolução tecnológica;
a transferência de tecnologia e/ou
•
da limitação dos esforços de cada interveniente individual na actividade de cooperação, com
consequente partilha de riscos, nomeadamente, na aproximação a novos negócios e a novos
mercados;
•
da obtenção de massa crítica e de economias de escala que permitam um melhor
conhecimento e domínio dos mercados e a racionalização de actividades, maximizando o
acesso a recursos materiais e financeiros, canais de distribuição, fornecedores e clientes;
•
da partilha de inovação e incorporação de "melhores práticas" aos vários níveis.
Ganhar dimensão, partilhar custos e riscos, obter ganhos organizacionais e promover a aprendizagem
são, pois,
algumas das vantagens que as empresas podem retirar ao adoptarem estratégias de
cooperação.
No entanto, cooperar tem problemas associados que importa conhecer e prevenir. Reconhecem-se
desde logo os relativos à conjugação de interesses, à adequação de comportamentos e culturas
empresariais, à criação de relações de confiança mútua entre os parceiros. Para ultrapassar esses
problemas, devem ser criteriosamente escolhidos os parceiros adequados, definidas as regras e
estabelecidas as fronteiras de interesses.
Que políticas têm sido adoptadas para promover a cooperação empresarial?
Cooperação empresarial: uma estratégia para o sucesso
Dinamizar a cooperação empresarial, como?...
... Iniciativas de promoção da cooperação empresarial: o contributo do IAPMEI
PEDIP II > POE/PRIME
•
Evolução para uma abordagem sistémica: articulação de actores, processos e
instrumentos
•
Definição das bases para um “sistema nacional de cooperação”
•
Definição e aplicação de uma metodologia de suporte à dinamização e apoio às redes
de cooperação
•
Valorização de conceitos de parceria e de relações de confiança
•
...
Consciente da importância crescente do instrumento cooperação e da fraca apetência que as empresas
portuguesas têm para adoptar estratégias de cooperação, em Portugal e já desde 1991 (PEDIP I), que
se têm vindo a desenvolver um conjunto de medidas públicas de apoio à cooperação empresarial.
É nesta linha que o IAPMEI tem vindo a considerar a cooperação empresarial como um dos vectores
1
de política pública a reforçar, criando, promovendo e participando em programas mobilizadores ,
concertados com os actores relevantes da envolvente empresarial (associações, entidades do sistema
científico e tecnológico), visando nomeadamente:
-
permitir acelerar tendências de modernização e inovação nas PME;
-
estimular um clima de confiança empresarial que favoreça e apoie iniciativas de cooperação;
-
promover o reforço de uma cultura de competências, aberta a novos desafios e oportunidades.
Na prossecução desta sua dinâmica, o IAPMEI 2 promoveu um estudo de avaliação a 28 oportunidades
de cooperação apoiadas pelo Programa de Dinamização da Cooperação Inter-Empresarial (PEDIP II QCA II).
Os processos de cooperação analisados, globalmente, estavam englobados em quatro domínios:
-
procura de novos mercados;
-
criação de centrais de compras;
-
abordagem a novos negócios;
-
colmatação de necessidades decorrentes da certificação de produtos,
sendo que os domínios ligados à procura de novos mercados e à definição de estratégias conjuntas
com vista a uma actuação mais facilitada nos mercados internacionais constituem os objectivos
dominantes dos projectos em análise.
Pese embora os resultados desta avaliação, ao nível de implementação dos respectivos projectos ser
bastante reduzido, considera-se, no entanto e nomeadamente quanto às “Razões identificadas para o
sucesso e quanto às “Razões identificadas para o in sucesso, que o estudo desenvolvido e a divulgar
constitui um importante contributo para a sensibilização e adopção de adequadas estratégias de
cooperação pelas PME portuguesas.
1996 - 2000 : Programa de Dinamização da Cooperação Inter-Empresarial (PEDIP II - QCA II);
2002 – 2004: Programa de Reforço e Dinamização da Cooperação Empresarial (SISCOOP)
2
Através da “Augusto Mateus & Associados” e no âmbito do Programa de Reforço e Dinamização da Cooperação
Empresarial (SISCOOP)
A cooperação empresarial, como via para a competitividade das empresas, é um modelo de
organização que apresenta problemas complexos e que apela a um esforço acrescido de valorização
dos conceitos de parceria, de relações de confiança e de modelos mais ou menos sofisticados de
partilha entre os agentes envolvidos nos processos.
Embora se trate de um instrumento que obriga a processos exigentes e complexos, reconhece-se que
se for utilizado por empresários com forte determinação e predisposição para cooperar, com
disponibilidade de apoio
técnico qualificado e com acesso a instrumentos de financiamentos
adequados, será possível minimizar os riscos de insucesso e obter os resultados que inspiram os
processos de cooperação.
Cooperação empresarial: uma estratégia para o sucesso
Dinamizar a cooperação empresarial, porquê?...
Em síntese...
•
•
Corrigir falhas de mercado
Divulgar as vantagens (dimensão, complementaridade de recursos, extensão da cadeia de valor,
partilha de risco, ...)
•
Estimular a propensão para cooperar (induzir e reforçar relações de confiança, acordos de
pareceria; criar um ambiente institucional favorável ao exercício de actividades em cooperação
•
...
Unidade de Requalificação PME
IAPMEI – Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento
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