UMA APROXIMAÇÃO LINEAR PARA MODELAGEM MATEMÁTICA DO BALANCEAMENTO DE CARGAS EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO Bettoni, Luiz M. M. a Lara, Lucas El G. de a [email protected] [email protected] Passarin, Thiago A. R. a Oliveira, Rogério P. de b [email protected] [email protected] Arruda, Lúcia V. R. de a Magatão, Leandro a [email protected] [email protected] Neves Jr, Flávio a Stebel, Sérgio L. a [email protected] [email protected] RESUMO Em sistemas de distribuição de energia elétrica é comum a prática do balanceamento de cargas entre as fases de um circuito a fim de melhorar suas condições de operação, aumentar a vida útil dos equipamentos ou mesmo elevar os níveis de tensão ao longo da rede. O presente artigo apresenta um modelo matemático de otimização para o problema, desenvolvido em Programação Linear Inteira Mista (PLIM), caracterizado por duas aproximações lineares: o balanceamento, dado pela limitação do vetor de desequilíbrio entre fases; e o fluxo de potência, baseado em uma iteração do método backward-forward sweep. O modelo resultante pretende reduzir custos operacionais ao sugerir o menor conjunto de trocas de cargas capaz de atender aos índices solicitados de balanceamento mínimo e queda máxima de tensão, respeitando as demais considerações técnicas estipuladas. A proposta foi implementada computacionalmente e validada em estudos de caso com dados de circuitos reais. PALAVRAS CHAVE. Balanceamento de Cargas. Redes de Distribuição de Energia Elétrica. Programação Linear Inteira Mista. AE - Aplicações a Energia. ABSTRACT In electrical energy distribution systems a common practice is the balance of the loads between circuit phases aiming at the improvement of its operational condition, the increase of the useful life of equipment or even the elevation of voltage levels over the network. This paper presents an optimization mathematical model for the problem, developed in Mixed Integer Linear Programming (MILP) and characterized by two linear approaches: the load balancing, given by a limitation of the vector of unbalance between phases, and the power flow, based on backwardforward sweep method with one iteration. The resulting model aims to reduce operational costs suggesting the lowest number of load changes able to comply with required parameters of minimum balance and maximum voltage drop, following other specified technical considerations. This proposal was computationally implemented and was validated in case studies with data from real circuits. KEYWORDS. Load Balancing. Electrical Energy Distribution Networks. Mixed Integer Linear Programming. AE - Applications to Energy. a UTFPR - Universidade Tecnológica Federal do Paraná. Av. Sete de Setembro, 3165, Curitiba/PR – 80230-901 b COPEL - Companhia Paranaense de Energia. R. Cel. Dulcídio, 800, Curitiba/PR – 80420-170 XLI SBPO 2009 - Pesquisa Operacional na Gestão do Conhecimento Pág. 286 1 INTRODUÇÃO A crescente demanda de energia elétrica exige das concessionárias constantes medidas para expansão e adequação dos sistemas de distribuição. Estas medidas visam não só melhorar a qualidade da energia disponibilizada para o consumidor final, mas também permitir a operação em conformidade com as especificações dos órgãos regulamentadores (ANEEL, 2004). Entre os diversos procedimentos técnicos utilizados para melhoria dos sistemas de distribuição enquadra-se o balanceamento de cargas, também conhecido por faseamento de consumidores. Este procedimento consiste em alocar uniformemente as cargas de um circuito às fases do sistema de distribuição, reduzindo assim o desequilíbrio de corrente entre estas. Esta redução é essencial, dado que o desequilíbrio prejudica a fase mais carregada, comprometendo o circuito como um todo pelo surgimento de corrente no condutor neutro, quedas de tensão mais representativas e maior carregamento dos cabos e do transformador (Souza, 2002). Embora a formulação do balanceamento seja não-linear (Souza, 2002), apresenta-se aqui um modelo matemático que utiliza uma formulação linear aproximada para o problema. A fim de considerar as alterações dos níveis de tensão, o modelo inclui também um cálculo linear aproximado de fluxo de potência, baseado em uma iteração do método backward-forward sweep (Cheng e Shirmohammadi, 1995; Chindris et al., 2007). O modelo matemático proposto é desenvolvido em Programação Linear Inteira Mista, tendo por objetivo sugerir uma reconfiguração das conexões dos consumidores ligados às fases do circuito em análise. A sugestão deve atender a parâmetros técnicos especificados previamente, apresentando não só a solução com menor custo operacional, representado aqui pelo menor número de trocas de fases de consumidores, mas também aquela que forneça os melhores índices de balanceamento ou de queda de tensão dentre as alternativas de mesmo custo. Estrutura-se o artigo da seguinte forma: a Seção 2 apresenta breve revisão de abordagens correlatas disponíveis na literatura; a Seção 3 discorre sobre o problema do balanceamento e a formulação aproximada desenvolvida; a Seção 4 apresenta os conceitos de fluxo de potência e a simplificação proposta; a Seção 5 apresenta o modelo matemático desenvolvido; resultados obtidos com o modelo são discutidos na Seção 6; considerações finais são tecidas na Seção 7. 2 REVISÃO DE LITERATURA Diversas abordagens para o problema de balanceamento de cargas são encontrados na literatura, normalmente associados a outras operações em redes de distribuição de energia elétrica. Uma compilação estruturada de modelos e técnicas dedicados ao planejamento destas redes é apresentada por Khator e Leung (1997). Knolseisen e Coelho (2003) apresentam um sistema computacional gráfico para simulação de reconfigurações de distribuição de cargas em uma rede de distribuição trifásica. O sistema contempla um módulo de otimização para sugestão da configuração de trocas que minimiza as diferenças entre as potências totais das fases. Os autores ressaltam a influência direta desta abordagem na melhora dos níveis de tensão, redução de corrente de neutro do transformador e conservação da integridade dos condutores e transformadores. Díaz-Dorado e Pidre (2004) propõem o uso de programação dinâmica para localização de subestações e atribuição de condutores em redes de distribuição. O algoritmo considera, além da queda de tensão e das perdas de potência, a distribuição individual de cargas dos consumidores entre as fases. Um modelo de programação inteira combinado com busca heurística para estudos de reconfiguração de redes é apresentado por Wu e Baran (1989). O modelo objetiva a redução de perdas pela redistribuição equilibrada de cargas entre circuitos e ramais através da comutação de chaves de seccionamento de rede. Kashem, Ganapathy e Jasmon (1999) apresentam uma abordagem similar, utilizando análise gráfica para selecionar trechos de maior influência e reduzir o esforço computacional. Souza (2002) apresenta diversos modelos PLIM para melhoria de redes de distribuição secundária, entre eles o balanceamento de cargas minimizando o número de operações a realizar XLI SBPO 2009 - Pesquisa Operacional na Gestão do Conhecimento Pág. 287 (trocas de fase dos consumidores). Souza conceitua o índice de desvio do balanceamento como o vetor resultante da somatória das demandas distribuídas nas fases do circuito. Este vetor é decomposto em componentes ortogonais para evitar a não linearidade, utilizando otimização por etapas para minimizá-lo através de execuções recursivas. Posteriormente, Souza, Neves Jr. e Lopes (2006) tratam o problema de melhoria dos níveis de tensão através do balanceamento aliado ao dimensionamento de condutores, fazendo uso de um modelo de otimização multiobjetivo sob uma abordagem evolucionária baseada no critério de Pareto. Oliveira (2008) também apresenta diversos modelos PLIM aplicados à melhoria de redes de distribuição. Entre estes inclui-se uma aproximação linear para o balanceamento de cargas, baseada na formulação proposta por Souza (2002), que estabelece a limitação do vetor de desvio através de seis restrições lineares. O presente artigo apresenta um modelo PLIM de balanceamento de cargas que estende a aproximação de Oliveira (2008), desenvolvendo uma formulação geral com um número ajustável de restrições lineares para limitação do vetor de desvio. Assim, a exatidão da aproximação passa a ser função do número de restrições consideradas. Incluem-se também considerações sobre simplificações desta formulação. Acrescentam-se ainda restrições operacionais que permitem a limitação do número de trocas de fase, bem como do número de postes em que se pode operar estas trocas. A proposta implementa ainda uma formulação linear simplificada de fluxo de potência, a fim de considerar na solução a melhoria dos níveis de tensão da rede, visando mantêlos dentro dos limites regulamentados (ANEEL, 2004). 3 BALANCEAMENTO DE CARGAS O índice de balanceamento de um circuito estima a homogeneidade da distribuição das cargas entre as fases da rede elétrica. Estas cargas são representadas, usualmente, pela potência complexa estática referente à demanda das unidades consumidoras em horários de pico – dados que podem ser estimados por seu perfil característico e consumo mensal. Em redes trifásicas estas cargas podem ser conectadas de forma monofásica, bifásica ou trifásica ao longo dos postes do circuito. Considerando uma rede trifásica ABC, este índice pode ser dado por (Souza, 2002): (1) Bal=1− R/ A BC Onde A, B e C representam a carga total de cada fase e R representa o desequilíbrio total, ou seja, o módulo do vetor resultante da soma vetorial das cargas das fases. Assim, sendo θf o ângulo correspondente à fase f, R pode ser obtido por: R= ∑ f ∈{ A , B , C } 2 f cos f ∑ f ∈{ A , B , C } f sin f 2 (2) Para um dado balanceamento mínimo (BalMin) é possível estabelecer uma região máxima aceitável para valores de R. Reescrevendo (1) obtêm-se a seguinte inequação: (3) R1− BalMin ABC Esta região aceitável é representada pela área interna à circunferência exibida na Figura 1. 3.1 Aproximação Linear para o Balanceamento de Cargas Uma possível representação linear de uma circunferência pode ser feita, de maneira aproximada, por um polígono regular circunscrito a ela. Quanto maior o numero de arestas deste polígono, mais acurada se torna esta aproximação. Propõe-se aqui o uso desta aproximação para delimitar uma região circular aceitável para o vetor de desequilíbrio R, conforme ilustrado na Figura 1, permitindo estabelecer o número de equações lineares (retas) utilizadas. A formulação correspondente, a partir de (3), sendo nr o número de retas, é dada por: ∑ * f cos k /nr 2 f 1− BalMin ABC ∀ k∈ℕ ∣knr f ∈{ A , B , C } (4) A Figura 1 ilustra a aproximação linear proposta em (4) para o caso de 6 retas. Observa-se que esta aproximação permite pequenos desvios em situações limite, conforme representado pela XLI SBPO 2009 - Pesquisa Operacional na Gestão do Conhecimento Pág. 288 Figura 1 - Limites do vetor de desequilíbrio Figura 2 - Erro na projeção aproximada da tensão diferença entre os vetores R e R'. É possível verificar geometricamente que estes desvios podem atingir até 15% utilizando a aproximação linear em 6 segmentos – podendo ser reduzidos para até 3,5% utilizando 12 segmentos (Oliveira, 2008). Assim, supondo que se solicite um desequilíbrio máximo de 10% (BalMin=90%), as soluções calculadas podem admitir vetores similares a R' com 11,5% de desequilíbrio real para aproximação com 6 segmentos ou 10,35% para 12 segmentos. 3.1.1 Simplificações para Retas Paralelas e Perpendiculares aos Eixos das Fases Para a aproximação linear sugerida em (4), é possível observar que o aumento do número de retas melhora a exatidão, mas também causa o aumento de complexidade da modelagem correspondente. Expandindo o lado esquerdo da inequação (4) obtém-se: A cos k Bcos k 4 /3 C cos k 2 /3 1− BalMin A BC (5) Nesta inequação verifica-se que as cargas atribuídas a uma fase não sofrem limitação por retas paralelas a esta fase. Exemplificando, para nr=8 e k=2, ou seja, θk=90°, o valor atribuído à demanda da fase A é nulo, eliminando da formulação a análise das variáveis correspondentes. Outro caso específico surge quando uma reta é perpendicular a uma das fases, como as retas exibidas na Figura 1. Por exemplo, para nr=6 e k=6 , ou seja, θk=0°, tem-se a partir de (5): A− B /2 − C/2 1−BalMin A BC ⇔ 3A / 2− ABC / 2 1− BalMin ABC (6) Esta inequação foi reescrita de forma a isolar a demanda total, uma constante do circuito, permitindo que a fórmula seja expressada apenas em função das variáveis referentes a uma fase. Assim, a formulação simplificada para as retas perpendiculares às fases pode ser dada por: ∣ 3 f /2− A BC /2∣1− BalMin A BC ∀ f ∈ { A , B ,C } (7) Assim, em função da redução do número de variáveis envolvidas, é interessante adotar aproximações em que o número de retas contemple o maior número de inequações pertencentes a estes dois casos particulares – por exemplo: nr∈ { 6,8,12, 16, 24, 36, 48 } . 4 FLUXO DE POTÊNCIA O fluxo de potência, ou fluxo de carga, consiste na determinação das tensões fasoriais nas barras (nós) de uma rede elétrica, em condições determinadas de geração e carga. Em função de sua simplicidade e adequação a redes radiais fracamente malhadas (Denis e Padilha, 1999), o método Backward-Forward Sweep (BFS) (Cheng e Shirmohammadi, 1995) e suas variações são amplamente adotados para cálculo de fluxo com potências constantes em redes de distribuição trifásicas. A formulação proposta neste trabalho parte de uma variação do BFS (Chindris et al., 2007), adotada pela simplicidade e conformidade com o padrão da concessionária COPEL, considerando apenas uma iteração do método. O algoritmo original pode ser descrito por: 1 ) Arbitrar os fasores das tensões nodais iniciais Vif para cada nó i e fase f, normalmente utilizando a tensão da fonte (transformador). 2 ) Na iteração k, calcular as correntes nodais Iif através das demandas de potência Sif estimadas: k k * I if = S if /V if XLI SBPO 2009 - Pesquisa Operacional na Gestão do Conhecimento (8) Pág. 289 3 ) Backward: Partindo dos nós extremos, calcular as correntes acumuladas Iaif e de neutro IaiN . Sendo F o conjunto de fases e J o conjunto de nós alimentados diretamente pelo nó i : Ia if = I if ∑ Ia jf (9) Ia iN = ∑ Ia if (10) k k k j ∈J k k f ∈F 4 ) Calcular as quedas de tensões nodais ΔVif . Sendo Zif a impedância do trecho que alimenta o poste i na fase f e ZiN a impedância do neutro, caracterizando (a) como a queda da fase e (b) como a tensão do neutro: k k k V if = Z if Ia if Z iN IaiN a (11) b 5 ) Forward: Partindo do nó fonte, calcular as tensões nodais Vif : k k1 k (12) V if =V i −1 f −V if 6 ) Teste de convergência: se a variação máxima de tensão (ou potência calculada) entre a iteração atual e a anterior for menor que uma tolerância desejada, o algoritmo é encerrado com convergência do cálculo. Caso contrário, inicia-se nova iteração retornando ao passo 2. 4.1 Formulação Linear Simplificada de Fluxo de Potência Em função da natureza iterativa do método e da não-linearidade dada pelos produtos vetoriais, propõe-se aqui uma simplificação do fluxo de potência que assume apenas uma iteração do método BFS e adota uma formulação linear baseada nos módulos com ângulos estimados. Embora estas simplificações impliquem perda de exatidão, sua adoção permite linearizar o equacionamento e reduzir o número de variáveis e equações. Explicitando, considere-se a expansão do passo 2 do algoritmo, a partir de (8), em notação polar X =∣X ∣∢ X : I if =∣I if∣∢ I = ∣S if∣∢ S / ∣V f∣∢V if if f * ⇔ I if =∣S if∣/∣V f∣ ∢ V − S f if (13) Adotando a consideração usual de que as demandas i do circuito possuem o mesmo fator de potência obtêm-se ângulos idênticos nas correntes de cada nó i de uma mesma fase. Assim, permite-se a soma modular na equação (9): Iaif =∣Ia if∣∢ I =∣I if ∣∢I ∑ ∣I jf ∣∢ I f if j∈ J ⇔ Iaif = ∣I if ∣∑ ∣I jf ∣ ∢I jf j ∈J (14) f E a queda de tensão individual das fases, partindo de (11), item (a), é obtida por: V if a =∣ V if a ∣∢ V =∣Z if∣∢ Z ⋅∣Iaif ∣∢ I ⇔ V if a =∣Z if ∣⋅∣Ia if ∣∢ Z I if if a f if f (15) Ou, decomposto em notação retangular: V if a =∣V if a∣cos V V ∣sin i∣ if a if a a1 V if a a2 (16) Sendo que, por substituição de (13) em (15), obtém-se o ângulo estimado correspondente: (17) V = Z I =Z V −S if a if f if f A parcela da tensão do neutro, (11), item (b), considerando-se idênticos os condutores instalados em cada trecho, pode ser calculada diretamente pela soma das tensões das fases: V iN = Z iN Ia iN = Z if b Z if Iaif ∑ Iaif = ∑ f ∈F f ∈F ⇔ V iN = ∑ V if a f ∈F a (18) Ou, decomposto em notação retangular: V iN = ∑ ∣V if a ∣cos V i ∑ ∣ V ∣sin f ∈F if a if a f ∈F b1 V if a (19) b2 O ângulo do fasor da tensão do neutro não pode ser estimado, uma vez que depende da XLI SBPO 2009 - Pesquisa Operacional na Gestão do Conhecimento Pág. 290 soma vetorial da tensão das fases. Para evitar o cálculo vetorial utiliza-se a projeção aproximada das quedas de tensão, desprezando o erro ilustrado pela diferença entre (i) e (ii) na Figura 2. Visando obter o valor absoluto da tensão, desprezam-se também pequenos desvios angulares na tensão nominal da fonte. Assim, partindo de (11) e aplicando a projeção das quedas da fase (16) e do neutro (19) nos fasores originais da tensão, tem-se o módulo da queda de tensão nodal: V if a ∣cos V cos V ∣V if a ∣sin V sin V ∣ V if ∣ ≈ ∣ f if a f if a a1 a2 ∑ ∣V ig a ∣ cos V cos V ∑ ∣ V ig a∣ sin V sin V ig a g∈F f ig a g ∈F b1 (20) f b2 Que, considerando o cosseno da diferença entre dois ângulos, pode ser reduzido a: V if a∣cos V −V ∑ ∣ V ig a ∣cos V −V ∣ V if ∣≈∣ if a f a g ∈F ig a f (21) b Finalmente, a partir de (12), calculam-se os módulos das tensões efetivas para cada nó: ∣V if∣≈∣V i −1 f∣−∣V if ∣ (22) Embora as equações descritas envolvam operações trigonométricas, a linearidade da formulação adotada é garantida uma vez que os cossenos e senos envolvidos representam coeficientes constantes, calculados previamente a partir dos ângulos estimados. 5 MODELAGEM MATEMÁTICA Em essência, o modelo matemático PLIM desenvolvido pretende apresentar uma reconfiguração da conexão dos consumidores às fases da rede, minimizando o número de trocas necessárias para que o circuito atenda aos índices exigidos de balanceamento mínimo (BalMin) e queda máxima de tensão (QtMax). O modelo desenvolvido assume as seguintes premissas: • A configuração da rede é sistema trifásico ABC. • O custo operacional é igual para troca de qualquer fase de qualquer consumidor do circuito. • A troca de fase de um consumidor é operada pontualmente, ou seja, são mantidas as demais características da conexão original, como o poste associado e a distância do transformador. • As demandas individuais são estáticas e distribuídas de forma homogênea entre as fases. • O valor do fator de potência é padrão, igual para todas as demandas do circuito. • As características dos condutores, como comprimento e impedância, são iguais para as fases e o neutro em um mesmo trecho. A nomenclatura adotada no modelo matemático é apresentada no Quadro 1. 5.1 Função Objetivo ∑ ∑ CdFP −CdFP ⋅CdFI 1−0.99⋅PrQt −Bal /100 min uf u ∈Cons f ∈Fase uf uf b a 0.010.99⋅PrQt QtMaxC /10 vBalM /0.005vQtMax /0.001 c (23) d Objetiva-se primeiramente minimizar o custo representado pelo número de trocas de fase de consumidores. O primeiro termo da função objetivo (a) contabiliza a troca de fase de cada consumidor ao identificar a sua ligação em nova fase. Em segundo plano, objetiva-se a maximização do balanceamento (b) e a minimização da queda máxima de tensão (c), termos ponderados por coeficientes que mantém sua funcionalidade com mínima interferência nos demais. O valor do parâmetro binário PrQt altera estes coeficientes, permitindo optar pela priorização (aumento do peso na função objetivo) do termo do balanceamento ou da queda de tensão. Por fim, no último termo (d) são minimizadas as variáveis de violação sob alto custo, utilizadas a fim de evitar a infactibilidade do modelo. XLI SBPO 2009 - Pesquisa Operacional na Gestão do Conhecimento Pág. 291 Parâmetros Conjuntos Fase Cons ConF Post PsEx Cond {1, 2, 3} {1..nc} ⊆ Cons {1..np} ⊆ Post {1..nd} BalMin QtMax PrQt Fases A, B e C Consumidores Consumidores Fixos Postes Postes Extremos Condutores (cabos) nR Índices f, g, h u i, j c nmPosT ∈Fase ∈Cons, ∈ConF ∈Post, ∈PsEx ∈Cond Fase Consumidor Poste Condutor Variáveis Bal vBalM QtMaxC vQtMax CdFPuf PosTFCi CrPFif CrAcPFif QtPFif QtRePFif ≥0, ≤1 ≥0, ≤1 Balanceamento Violação do Balanceamento Mínimo ≥0, ≤1 Queda de Tensão Máxima Calculada ≥0, ≤1 Violação da Queda de Tensão Máxima Calculada ∈{0,1} Condição Proposta para o Consumidor u na Fase f ∈{0,1} Troca de Fase de algum Consumidor no Poste i Corrente individual do Poste i na Fase f Corrente Acumulada do Poste i na Fase f Queda Tensão individual do Poste i Fase f Queda Tensão Relativa do Poste i na Fase f nMxTro nMnTro TenTra FatPt DemTot DemConu PosConu NatFCu CdFIuf CdInsij LAdji DistPij ImpCdc aICc aTFf Balanceamento Mínimo Exigido (%) Queda de Tensão Máxima Exigida (%) ∈{0,1} Seleção de Prioridade para Queda de Tensão ≥6 Número de Retas da Linearização do Balanceamento ≥1 Número Máximo de Postes a operar Trocas ≥0 Número Máximo de Trocas ≥0 Número Mínimo de Trocas Tensão Fornecida pelo Transformador (V) Fator de Potência das Cargas (%) Demanda Total do Circuito (kVA) Demanda do Consumidor u (kVA) ∈Post Poste em que o Consumidor u está ligado ∈{1,2,3} Natureza de Faseamento do Consumidor u ∈{0,1} Condição de Inicial do Consumidor u na Fase f ∈Cond Condutor Instalado entre os Postes i e j ∈Post Lista de Adjacência: poste que alimenta diretamente o poste i Distância entre os Postes i e j (m) Impedância do Condutor c (Ω/m) Ângulo da Impedância do Condutor c (rad) Ângulo do fasor de Tensão da Fase f (rad) Quadro 1 - Nomenclatura adotada na modelagem matemática 5.2 Restrições Balanceamento de Cargas O vetor de desequilíbrio deve estar contido nos limites definidos pelas equações da aproximação linear do balanceamento, conforme exposto na Seção 3.1. A partir de (4) tem-se: ∑ ∑ u ∈Cons f ∈Fase CdFP uf DemCon u 2 cos k aTF f 1−Bal DemTot NatFC u nR ∀ k∈ { 1nR } (24) No entanto, a simplificação sugerida em (7) pode ser utilizada em retas paralelas aos eixos das fases, ou seja, quando k(6/nR)∈{1..6}. Nestes casos, sendo “÷” o operador “resto de divisão inteira”, a formulação é substituída por: k nR6 −1 DemConu DemTot 3 CdFP uf − 1− Bal DemTot ∑ 2 u ∈Cons NatFC u 2 (25) ∀ k ∈ {1nR } , ∀ f ∈Fase∣ f =1−k÷3 Relaxação do Balanceamento O balanceamento do circuito deve ser maior que o balanceamento mínimo, permitindo-se o relaxamento pela variável de violação. BalvBalM BalMin (26) Conservação da Natureza dos Consumidores A natureza do faseamento dos consumidores tem que ser mantida, ou seja, consumidores nfásicos devem continuar sendo n-fásicos. XLI SBPO 2009 - Pesquisa Operacional na Gestão do Conhecimento Pág. 292 ∑ f ∈Fase CdFP uf = NatConu ∀ u∈Cons (27) Conservação dos Consumidores Fixos Para os consumidores fixos, ou seja, consumidores para os quais não se permite que seja modificada a conexão à rede, a condição de faseamento proposta deve ser igual à inicial. CdFP uf =CdFI uf ∀ u∈ConF , ∀ f ∈ Fase (28) Limitação do Número de Postes com Trocas Visando concentrar as atividades de manutenção em campo, o número de postes em que são operadas trocas não deve ser superior ao número máximo definido. ∑ i∈Post PosTFC i nmPosT (29) Os postes que sofrem trocas são identificados pela variável binária auxiliar PosTFCi. Duas restrições, elaboradas de modo a representar implicações lógicas (Magatão, 2005), são utilizadas para definir seu valor: se não houver trocas em i então PosTFCi assume valor 0. ∑ ∑ CdFP uf −CdFPuf ⋅CdFI uf −PosTFC i 0 u ∀ i∈ Post ,∀ u∈Cons∣PosConu=i f ∈ Fase (30) E, sendo ε um número relativamente pequeno (como 1/nc, a fim de garantir que o termo associado seja menor que 1): se houver uma ou mais trocas em i então PosTFCi assume valor 1. ∑ ∑ CdFP uf −CdFPuf ⋅CdFI uf ⋅−PosTFC i 0 u ∀ i∈ Post ,∀ u∈Cons∣PosConu =i f ∈ Fase (31) Limitação do Número de Trocas Se especificados, nMxTro define o limite máximo para o número de trocas e nMnTro o limite mínimo. A combinação de ambos permite fixar um intervalo para o número de trocas. ∑ ∑ CdFP uf −CdFP uf⋅CdFI uf nMxTro (32) ∑ ∑ CdFP uf −CdFP uf⋅CdFI uf nMnTro (33) u ∈Cons f ∈Fase u ∈Cons f ∈Fase Fluxo de Potência Simplificado As quedas de tensão são calculadas usando o fluxo de potência simplificado exposto na Seção 4.1. A partir de (13) obtêm-se os módulos das correntes individuais por poste e fase: CrPF if = ∑ CdFPuf u DemConu 1000 NatFC u TenTra ∀ i∈ Post ,∀ f ∈ Fase ,∀ u∈Cons∣PosCon u=i (34) E, a partir de (14), obtém-se o módulo da corrente acumulada para cada poste e fase: CrAcPF if =CrPF if ∑ CrAcPF jf ∀ i∈Post , ∀ f ∈Fase ,∀ j ∈Post∣LAdj j =i (35) j De (15) obtém-se o módulo da queda de tensão individual por poste e fase: QtPF if =CrAcPF if⋅DistP ji⋅ImpCd CdIns ji ∀ i∈Post , ∀ f ∈Fase ,∀ j ∈Post∣ j= LAdj i (36) Finalmente, partindo de (21), utilizando o princípio de (22) para obter a queda normalizada pela tensão do transformador, tem-se a queda de tensão relativa para cada poste e fase: QtRePF if =QtRePF jf 1 QtPF if cos if −aTF f ∑ QtPF ig cos ig −aTF f TenTra g∈ Fase (37) ∀ i∈ Post , ∀ f ∈Fase ,∀ j ∈Post∣ j= LAdj i Sendo que os ângulos estimados α são parâmetros dados por (17): ih =aIC CdIns aTF h −acos FatPt ∀ i∈ Post ,∀ h∈Fase ,∀ j ∈Post∣ j= LAdj i ji (38) Identificação da Queda Máxima Calculada O valor da queda de tensão máxima calculada corresponde à maior dentre as quedas dos postes/fases. O equacionamento é fundamentado na minimização de QtMaxC na função objetivo. XLI SBPO 2009 - Pesquisa Operacional na Gestão do Conhecimento Pág. 293 QtRePF if QtMaxC ∀ i ∈ Post , ∀ f ∈ Fase (39) Limitação da Queda de Tensão A queda de tensão máxima calculada não deve superar o valor da queda máxima exigida, permitindo o relaxamento pela variável de violação correspondente. (40) QtMaxCvQtMaxQtMax 5.3 Implementação A implementação computacional do modelo foi realizada em GMPL, linguagem própria do solver livre adotado, GLPK (2009). A execução faz uso de um arquivo de dados contendo os parâmetros desejados e as informações do circuito em análise. Após a resolução apresenta-se o relatório de saída do modelo, conforme exemplo ilustrado na Figura 3. Execucao Priorizando Balanceamento Maximo Queda de Tensao Maxima Final: 5.726 % Balanceamento Inicial, nao Linear: 84.848 % Balanceamento Solicitado: 90.000 % Balanceamento Final, Linear: 91.077 % Consum. A B C Codigo Poste Codigo =========================================== 52 D L 3291582 10 351419553 55 D L 3498039 10 351419553 132 D L 3429610 22 351419992 =========================================== L eg en da : D= De sl ig am en to L =L ig aç ão Limite de Postes com Trocas: Numero de Trocas Sugeridas: Custo Total Estimado (R$): 2 3 135.00 Queda Tensao Fase A Fase B Fase C =========================================== Poste 1 0.000 0.000 0.000 Poste 2 1.106 0.868 0.665 Poste 3 1.439 1.243 0.882 ... ... ... ... Poste 21 4.796 2.952 [ 2.687 ] Poste 22 [ 5.726 ] 3.445 2.527 =========================================== Figura 3 - Exemplo sumarizado de relatório de saída do modelo Foram implementadas ainda considerações adicionais: limites e valores padrão para alguns parâmetros; arredondamento de coeficientes a fim de eliminar termos desprezíveis; geração seletiva de restrições incorporada ao próprio modelo. Esta última reduz a complexidade do problema ao considerar apenas formulações referentes aos parâmetros de entrada especificados. 6 SIMULAÇÃO E RESULTADOS A validação do modelo proposto, bem como de sua implementação computacional, foi realizada através de estudos de caso com diversos circuitos reais. Para execução dos testes foram utilizados dados obtidos a partir da base geo-referenciada da COPEL – Companhia Paranaense de Energia. Os circuitos mencionados nos testes seguintes são apresentados na Tabela 1. A simulação foi realizada em três etapas: validação da linearização do balanceamento, validação do fluxo de potência simplificado e análise das trocas sugeridas sob diversos cenários. Tabela 1 - Informações gerais dos circuitos utilizados Circuito 1 2 3 4 5 6 7 8 Bal. Inicial (%) 95,987 91,834 93,906 84,848 87,440 98,723 79,811 84,738 Nº Cons 167 129 126 133 80 141 48 32 Nº ConF 42 42 31 22 20 39 20 12 Nº Post 42 42 31 22 20 39 20 12 DemTot (kVA) 84,1 61,2 94,5 59,3 42,8 66,8 17,6 18,5 Q.T. Máxima (%) 8,947 9,091 10,515 8,085 5,731 5,454 2,117 0,735 A validação do balanceamento foi realizada comparando os valores do balanceamento inicial, calculado usando a formulação não linear (equações (1) e (2)), aos fornecidos pelo modelo linearizado com variados números de retas. Um sumário dos resultados selecionados é exibido na Tabela 2. Observa-se que o erro apresentado pelos valores do balanceamento linearizado não foi significativo. Percebe-se também que o aumento do número de retas implica melhor aproximação quando o vetor de desequilíbrio encontra-se nas áreas próximas às intersecções das retas – fato bem representado pelos circuitos 3 e 7 na aproximação com 12 retas e por praticamente todos os circuitos na aproximação com 36 retas. XLI SBPO 2009 - Pesquisa Operacional na Gestão do Conhecimento Pág. 294 Tabela 2 - Sumário da validação do balanceamento Circuito 1 2 3 4 5 6 7 8 I. Balanceamento Não Linear (%) 95,987 91,834 93,906 84,848 87,440 98,723 79,811 84,738 Bal. Linear – 6 retas II. Bal (%) Erro (II-I) 96,009 0,022 91,940 0,106 94,224 0,318 84,858 0,010 87,447 0,007 98,734 0,011 80,187 0,376 84,740 0,002 Bal. Linear – 12 retas III. Bal (%) Erro (III-I) 96,009 0,022 91,940 0,106 94,027 0,121 84,858 0,010 87,447 0,007 98,734 0,011 79,960 0,149 84,740 0,002 Bal. Linear – 36 retas IV. Bal (%) Erro (IV-I) 95,997 0,010 91,834 0,000 93,908 0,002 84,858 0,010 87,447 0,007 98,724 0,001 79,815 0,004 84,740 0,002 Para a validação do fluxo de potência foram executados testes comparando os níveis de queda de tensão obtidos pelo modelo proposto aos resultados de duas execuções distintas da ferramenta de fluxo de potência adotada como referência (também baseada no método BFS), proprietária da concessionária COPEL (Oliveira, 2008): a primeira com apenas uma iteração e a segunda com múltiplas iterações (execução completa). Parte dos resultados é exibida na Tabela 3, apresentando apenas os valores máximos para os circuitos com quedas mais significativas. Tabela 3 - Sumário da validação do fluxo de potência Circ. Fase 1 2 3 4 5 6 1 Queda de Tensão Máxima (%) I. Modelo Proposto II. COPEL 1 iteração III. COPEL Completo A B C A B C A B C 5,140 8,947 5,797 5,129 8,941 5,795 5,397 9,798 6,106 2,721 5,456 9,091 2,717 5,416 9,083 2,654 5,708 10,053 7,726 10,566 6,564 7,683 10,554 6,559 8,309 11,952 7,032 8,085 3,978 2,536 8,080 3,976 2,520 8,849 4,145 2,518 2,815 5,731 3,774 2,813 5,728 3,771 2,852 6,078 3,868 5,454 3,921 5,292 5,436 3,908 5,290 5,766 3,986 5,573 Maior Erro Encontrado no Modelo1 P/ COPEL 1 iteração P/ COPEL Completo A B C A B C 0,026 0,010 0,016 -0,260 -0,851 -0,309 0,013 0,041 0,008 0,130 -0,258 -0,962 0,042 0,012 0,060 -0,583 -1,386 -0,468 0,020 0,015 0,040 -0,764 -0,167 0,115 0,003 0,003 0,006 -0,040 -0,347 -0,094 0,016 0,012 0,004 -0,312 -0,112 -0,281 Apresentam-se os maiores erros entre os valores tensão de todos os postes, não se restringindo apenas aos sumarizados em II e III. Os erros de queda de tensão encontrados no modelo, comparando este ao fluxo de potência de referência sob uma iteração, são consideravelmente reduzidos, indicando a validade das simplificações adotadas na formulação. Contudo, como esperado, erros maiores surgem em comparação ao fluxo de várias iterações, agravados principalmente nos pontos de maior queda. A análise das trocas sugeridas pelo modelo de balanceamento foi realizada para 6 diferentes especificações (testes de A a F), considerando diferentes valores para os parâmetros de execução. As soluções para circuitos selecionados são apresentadas na Tabela 4, incluindo dados referentes ao custo computacional da resolução. A validação de cada resposta foi realizada pela análise e simulação das implicações das trocas sugeridas. O teste A apresenta o estado inicial do circuito, apenas para comparação. Os testes B e C representam as exigências normalmente praticadas pelas concessionárias para um circuito secundário: balanceamento mínimo de 90% e queda máxima de tensão de 8%. Observa-se que para todos os circuitos foi sugerida ao menos uma troca a fim de atender a estas exigências. O teste C difere do B apenas por adotar a priorização da queda de tensão (PrQt=1). Ambos os testes sugerem o mesmo número de trocas para cada circuito, mas diferenciam a solução por fornecer resultados com melhores valores para o respectivo critério priorizado. Nos testes D, E e F as exigências são mais acentuadas, acarretando um maior número de trocas. No caso do circuito 3 estes testes apresentam soluções com violação, uma vez que não é possível obter solução com queda de tensão inferior à solicitação de 6%. No teste E as trocas são limitadas a apenas 2 postes. Para o circuito 3 esta limitação implica em violação ainda maior da queda de tensão, enquanto para o circuito 4 as exigências são atendidas sob o custo de mais uma troca. O teste F diferencia-se do D pela linearização de balanceamento com apenas 6 retas, ilustrando a diferença que o número de retas adotado na aproximação pode causar nos índices de balanceamento (circuitos 1 e 2) e, eventualmente, de queda de tensão (circuito 4). A simplificação obtida pela presença de retas perpendiculares na aproximação pode ser induzida ao comparar os XLI SBPO 2009 - Pesquisa Operacional na Gestão do Conhecimento Pág. 295 custos computacionais dos testes D e F – efeito corroborado por diversos outros ensaios realizados, principalmente em circuitos de maior dimensão. Tabela 4 - Sumário da execução1 dos testes com diferentes especificações Teste BalMin/QtMax/nR Circ. Parâmetros adicionais 1 Bal(%) / QtMaxC(%) Trocas / Tempo(s) Mem(Mb) / Iterações 2 Bal(%) / QtMaxC(%) Trocas / Tempo(s) Mem(Mb) / Iterações 3 Bal(%) / QtMaxC(%) Trocas / Tempo(s) Mem(Mb) / Iterações 4 Bal(%) / QtMaxC(%) Trocas / Tempo(s) Mem(Mb) / Iterações 5 Bal(%) / QtMaxC(%) Trocas / Tempo(s) Mem(Mb) / Iterações 7 Bal(%) / QtMaxC(%) Trocas / Tempo(s) Mem(Mb) / Iterações 1 A - / - / 12 96,009 / 8,947 0 / 0,2 3 / 353 91,94 / 9,091 0 / 0,1 2,7 / 274 94,224 / 10,515 0 / 0,1 2,2 / 221 84,858 / 8,085 0 / 0,1 2 / 247 87,447 / 5,731 0/0 1,5 / 162 79,960 / 2,117 0/0 1,3 / 78 B 90% / 8% / 12 96,009 / 6,588 1 / 1,4 3,2 / 871 94,463 / 6,257 1 / 0,2 2,8 / 416 96,729 / 7,991 2 / 3,1 2,7 / 1546 91,405 / 5,71 3 / 0,3 2,1 / 316 91,269 / 5,731 1 / 0,1 1,5 / 180 95,663 / 2,472 2 / 0,4 1,4 / 240 C 90% / 8% / 12 PrQt:1 95,673 / 5,948 1 / 0,4 3,2 / 414 94,463 / 6,257 1 / 0,2 2,8 / 329 96,116 / 7,952 2 / 2,3 2,7 / 1846 91,001 / 4,951 3 / 0,8 2,3 / 599 90,428 / 4,174 1 / 0,1 1,5 / 182 94,501 / 1,898 2 / 0,4 1,4 / 342 D 94% / 6% / 12 95,673 / 5,948 1 / 0,3 3,1 / 440 96,747 / 6,075 2 / 2,8 3 / 716 98,588 / 6,748 6 / 786,3 75,7 / 307665 93,554 / 5,496 4 / 0,2 2,1 / 322 94,776 / 4,513 2 / 0,1 1,5 / 183 95,663 / 2,472 2 / 0,3 1,4 / 190 E 94% / 6% / 12 nmPosT:2 95,673 / 5,948 1 / 0,2 3,2 / 173 96,747 / 6,075 2 / 3,8 3,2 / 570 98,305 / 7,094 4 / 19,7 3,2 / 5097 94,692 / 4,815 5 / 2,5 2,8 / 1053 94,776 / 4,513 2/0 1,6 / 107 95,663 / 2,472 2 / 0,4 1,5 / 305 F 94% / 6% / 6 96,009 / 5,948 1 / 0,2 2,8 / 552 97,109 / 6,075 2 / 1,9 2,8 / 927 98,588 / 6,748 6 / 379,8 36,1 / 150237 93,554 / 5,491 4 / 0,2 1,9 / 429 94,776 / 4,513 2 / 0,1 1,4 / 229 95,663 / 2,472 2 / 0,5 1,4 / 422 Execução em IBM/PC, AMD Athlon64 2,2 GHz, 2 Gb RAM DDR400, MS Windows XP SP3 32 bits, GLPK v4.33. 98 Queda Máxima de Tensão Calculada (% ) Balanceamento (% ) Por fim, a Figura 4 apresenta o comparativo dos resultados de 12 execuções do modelo para um mesmo circuito arbitrado. Cada execução foi realizada estabelecendo apenas o número fixo de trocas (progressivamente, de 1 a 6), priorizando ora o índice de balanceamento (PrQt=0), ora o de queda de tensão (PrQt=1). Nota-se que, quanto maior o número de trocas sugerido, mais significativa torna-se a diferença entre priorizar ou não um índice. Contudo, em âmbito geral as melhorias nos índices do circuito tendem a ser menos representativas à cada troca adicional. Isto ocorre pela aproximação dos resultados aos limites dos índices e pelo aumento de combinações possíveis – fato que também implicou custos computacionais mais elevados nos testes. 96 94 92 90 88 86 84 0 1 2 3 4 PrQt=0 PrQt=1 5 6 Trocas 10 9 8 7 6 5 4 3 0 1 2 PrQt=0 3 4 5 6 Trocas PrQt=1 Figura 4 - Resultados do circuito 4 para diversas trocas alternado a priorização da queda de tensão 7 CONCLUSÕES No presente artigo foi desenvolvido um modelo matemático PLIM que aborda o problema de balanceamento de cargas minimizando o número necessário de trocas de fases de consumidores para atender a índices exigidos de balanceamento mínimo e queda máxima de tensão. A fim de permitir o cálculo destes índices no modelo, apresentam-se aproximações lineares para a formulação do balanceamento de cargas e do fluxo de potência – soluções de escopo abrangente, passíveis de aplicação em problemas similares. Simplificações adicionais foram implementadas, permitindo reduzir a complexidade do modelo matemático. Implementamse ainda considerações sobre priorização e relaxação dos índices exigidos, bem como restrições operacionais que permitem aproximar as soluções obtidas às necessidades práticas. Os estudos de caso demonstraram a validade das formulações adotadas, apresentando XLI SBPO 2009 - Pesquisa Operacional na Gestão do Conhecimento Pág. 296 desvios considerados adequados para atender aos propósitos do modelo. Os resultados do fluxo de potência simplificado ficaram muito próximos dos de referência sob uma iteração, embora as diferenças para os de várias iterações sugiram considerar a adoção de medidas corretivas como, por exemplo, a solicitação de valores mais estritos (menores) de queda máxima de tensão. No entanto, estas diferenças encontradas no fluxo de potência, bem como os erros da aproximação linear do balanceamento frente à formulação original, são pouco significativos se considerada a imprecisão inerente aos valores estáticos e estimados de demanda dos consumidores. Os testes realizados demonstraram que simulações exigindo índices demasiadamente rigorosos (alto balanceamento e baixa queda de tensão), principalmente nos circuitos com maior número de consumidores, apresentam custo computacional elevado, demonstrando o aumento progressivo da complexidade do problema combinatório quando o número de trocas necessárias aumenta significativamente. Contudo, para os índices convencionais de balanceamento e queda de tensão, ou seja, valores normalmente praticados pelas concessionárias, obtém-se soluções com custo computacional baixo, favorecendo a adoção do modelo desenvolvido em ferramentas de sugestão que visem a prática do balanceamento de cargas em redes de distribuição. AGRADECIMENTOS Apoio financeiro da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) por meio do Projeto de Pesquisa e Desenvolvimento 2866-018/2005. BIBLIOGRAFIA ANEEL, Agência Nacional de Energia Elétrica. Resolução Nº 505, de 26 de novembro de 2001. Diário Oficial da União, Vol. 141, No. 147, pp. 73. Brasília, 2 ago. 2004. Cheng C.S.; Shirmohammadi D. A Three-Phase Power Flow Method For Real-Time Distribution System Analysis. IEEE Transactions on Power Systems, Vol. 10, No. 2, pp. 671-679, 1995. Chindris, M.; Sudria i Anderu, A.; Bud, C.; Tomoiaga, B. The Load Flow Calculation In Unbalanced Radial Electric Networks With Distributed Generation. Electrical Power Quality and Utilisation, 9th International Conference on, pp. 1-5, 2007. Denis, I. F. E. D.; Padilha, A. Three-Phase Fast Decoupled Power Flow. Electric Power Engineering, International Conference on, pp. 283, 1999. Díaz-Dorado, E.; Pidre, J. C. Optimal Planning of Unbalanced Networks Using Dynamic Programming Optimization. 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