Fundação Arpad Szenes e Vieira da Silva A Fundação À sombra do romântico jardim das Amoreiras, face ao Aqueduto, à capela de Nossa Senhora de Monserrate e à Mãe d'Água encontra-se a Fundação Arpad Szenes Vieira da Silva. Instalada na antiga Real Fábrica dos Tecidos de Seda, num edifício do século XVIII, restaurado e adaptado para abrigar um Museu e um Centro de Documentação e Investigação, a Fundação, inaugurada em Novembro de 1994, tem por principal objetivo a divulgação e o estudo da obra dos pintores Arpad Szenes e Vieira da Silva. Além da sua coleção permanente, que cobre um vasto período da produção dos dois pintores Arpad Szenes (de 1911 a 1985) e Maria Helena Vieira da Silva (de 1926 a 1986) são apresentadas regularmente exposições de artistas que partilharam afinidades artísticas com Arpad Szenes e Vieira da Silva ou que com eles conviveram. Anualmente apresenta também uma mostra extraordinária cuja temática permita acompanhar a evolução da arte moderna. O Auditório O anfiteatro para cem pessoas, equipado com som, audiovisual e gabinetes de tradução simultânea, localiza-se no piso inferior. Conferências, colóquios, vídeos e outras manifestações, que contribuam para o aperfeiçoamento da arte contemporânea e o desenvolvimento da cultura, são regularmente apresentadas. A Loja Na loja podem ser adquiridos catálogos, livros, postais e peças originais exclusivamente criadas para o Museu. Cafetaria Aberta durante o horário do Museu, serve almoços (comida caseira), e lanches. Contactos e Acessos E-mail: [email protected] Site: www.fasvs.pt Telefone: 351 21 3841 490 Fax: 351 21 3880039 Morada: Praça das Amoreiras, 56/58 1250-020 Lisboa Horário 2ª a domingo: 10h00 às 18h00 Encerra: 3ª feira e feriados Acessos Autocarros: 706 / 709 /58 / 720 / 722 / 738 (Largo do Rato); 74 (Rua das Amoreiras). Metro: Estação do Rato Ingresso € 4,00 € 2,00 (estudantes-reformados-professores) Gratuito: (até 14 anos, AICA, ICOM, APOM); gratuito aos domingos das 10h às 14h Breve biografia de Arpad Szenes ARPAD SZENES (1897-1985), pintor de origem húngara, nasceu em Budapeste. Revela, desde muito cedo, uma especial aptidão para o desenho. Em 1918, frequenta a Academia Livre de Budapeste onde o ensino é avançado e liberal. Nos seus anos de formação, descobre a arte contemporânea internacional, a música de Bartok e de Kodaly e a arte de vanguarda de Lajos Kassák. Depois de percorrer as capitais artísticas da Europa, fixa-se em Paris em 1925. Em 1929 conhece Maria Helena Vieira da Silva na Academia da Grande Chaumière, com quem se casa em 1930. Trabalha em gravura, em 1931, no atelier de Hayter onde cantata com importantes nomes do surrealismo que marcam esta fase da sua obra. Devido à guerra, parte com Vieira da Silva para o Brasil em 1940 onde permanece até 1947. A partir dos anos 50, os guaches e as têmperas tornam-se importantes na sua pintura que se centra agora nas sensações de luz e na exploração de ambientes, caracterizando-se pelos formatos ao alto ou ao baixo de influência japonesa. Obtém a nacionalidade francesa em 1956. Nos anos 60 afirma-se como pintor: faz inúmeras exposições em França e no estrangeiro, as suas obras são adquiridas por museus franceses e recebe várias condecorações do Estado francês. A partir de 1970, organizam-se várias retrospetivas. Arpad Szenes foi um dos melhores representantes da Escola de Paris dos anos 40, apesar da discrição e modéstia que sempre o caracterizaram. Breve biografia de Helena Vieira da Silva Maria Helena VIEIRA DA SILVA (1908-1992), pintora de origem portuguesa, nasceu em Lisboa, no seio de uma família que cedo estimulou o seu interesse pela pintura, pela leitura e pela música. Em 1928 vai para Paris onde estuda escultura, optando definitivamente pela pintura em 1929. Em 1930 casa-se com o pintor húngaro, Arpad Szenes. Pintora de temas essencialmente urbanos, a sua pintura revela, desde muito cedo, uma preocupação com o espaço e a profundidade. Vive no Brasil de 1940 a 1947. A sua pintura desse período reflete a angústia da guerra. Depois do seu regresso a Paris, na década de 50, participa em inúmeras exposições em França e no estrangeiro. Em 1956 obtém a nacionalidade francesa. O estado francês adquire obras suas a partir de 1948 e em 1960 atribui-lhe a primeira de várias condecorações. A partir de 1958, organizam-se retrospetivas da sua obra e são-lhe concedidos importantes prêmios internacionais. Em Portugal, a Fundação Calouste Gulbenkian apresenta a sua obra em 1970, 1977 e 1988. Em 1983, o Metropolitano de Lisboa propõe-lhe a decoração da estação da Cidade Universitária; a obra Le métro (1940) é reproduzida em azulejos com a colaboração do pintor Manuel Cargaleiro. Em 1994, é lançado o Catálogo Raisonné da sua obra. Pintora da Segunda Escola de Paris, Vieira da Silva tem um importante papel no panorama da arte internacional. Exposição Permanente O percurso da coleção permanente começa no acesso à grande galeria: são apresentadas duas obras emblemáticas dos artistas, Composition, 1936 de Vieira da Silva e L’enfant au cerf-volant, 1935 de Arpad Szenes. Dois auto-retratos introduzem os dois artistas, as suas diferenças e cumplicidades. Vieira da Silva, Autoportrait, 1931, retrata-se a guache com cores escuras e traço fortemente marcado, enquanto Arpad Szenes usa o pastel numa composição muito mais colorida e arrojada, Autoportrait à la pupille rouge, 1924-1925. Simbolicamente, estes auto-retratos revelam dois temperamentos diferentes (Vieira da Silva era mais reservada e contida, Arpad Szenes mais extrovertido e sociável), duas posturas plásticas diferentes mas também um relacionamento humano e pictórico de grande proximidade. Subindo a escadaria, dois painéis separam o espaço em dois importantes conjuntos de obras de cada um dos artistas. Vieira da Silva sempre disse que gostaria que as suas obras e as do marido fossem expostas em conjunto, sem privilégios ou destaques, mas neste caso o seu desejo não foi respeitado, em benefício de ambos: pinturas tão diferentes prejudicavam-se expostas lado a lado. Optou-se, por essa razão, por separar as produções de ambos, obtendo assim um sentido próprio de cada percurso. Temos, de um lado, um núcleo de pinturas da fase mais conhecida de Arpad Szenes, obras abstratas inspiradas em paisagens, dos anos 50. São exemplos de extrema sensibilidade da exploração de atmosferas e de sensações de luz. Os seus estudos de mar traduzem a sua pesquisa de luminosidade e sugestão. Saindo das cores suaves e quentes de Arpad Szenes, entramos nas cidades de Vieira da Silva. Atelier Lisbonne, 1934-1935, é a primeira referência ao ambiente urbano , tema de eleição para Vieira da Silva. Segue-se uma importante série de temática urbana de que se destaca, entre outros, Ville forte, 1960, de uma importante coleção particular. O museu tem várias obras fundamentais do percurso de Vieira da Silva em depósito, de instituições como o Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, o Metropolitano de Lisboa ou o Ministério da Cultura e de colecionadores particulares. Au fur et à mesure, 1965, é uma pintura emblemática que representa uma pequena antologia dos modos pictóricos de Vieira da Silva em que grafismos, espaços cromáticos, xadrezes se conjugam regradamente. La bibliothèque en feu, 1970-1974, é um exemplo notável de outra série temática importante na obra de Vieira da Silva, as bibliotecas. Entramos depois nas salas do edifício antigo, de dimensões reduzidas e pé direito mais baixo. Tendo em conta estas condicionantes museografias, optou-se por uma montagem de contrastes.