I Congresso Internacional “GeoCiências na CPLP” GeoCPLP2012
ROTEIRO GEOLÓGICO
Os sistemas petrolíferos na Bacia Lusitânica
Rui Pena dos Reis (CGUC) e Nuno Pimentel (CeGUL)
Margins Exploration Group
12 a 13 de MAIO de 2012
2ºDia
SÃO MARTINHO DO PORTO
PENICHE
SANTA CRUZ
MONTEJUNTO
Margins Exploration Group
Paragem 6
S. Martinho do Porto
39°30’37,97’’N
9°08’36,03’’O
Flanco diapírico deformado
e sucessão sin-rifte deltaica
do Jurássico superior
Em S.M.Porto observa-se
o flanco ocidental da
estrutura diapírica
aflorante das Caldas da
Raínha – Óbidos. O topo
do diapiro encontra-se
erodido, correspondendo
à baixa e à “concha” de
São Martinho, separadas
do mar pelas camadas
calcárias do Jurássico
superior, sub-verticais e
deformadas pela
ascensão diapírica.
Entre o Farol e o
Miradouro, observa-se a
sequência sedimentar do
Jurássico superioor, com
calcários marinhos dando
lugar a areias e argilas de
ambiente transicional
deltaico.
São Martinho do Porto
591
MEIOS SEDIMENTARES E
LITOESTRATIGRAFIA
LOG
Plataforma
T8
T
t
RIFT CRONO
TARDÍA
Perfil estratigráfico da
sucessão deltaica sinrifte (Corrochano, 2008)
CAPAS DE
ALCOBAÇA
t
T7
Estuarios
450
Sup.
t
Ss
“Fan delta”
“Fan delta”
Lacustre
Ss
HT
“Fan delta”
Fm.
S. MARTINHO
F
30%
Lacustre
Msc
TS
Ss
Praia da Gralha
Sucessão sin-rifte deltaica
do Jurássico superior
150
Baia
t
T4
Ss
T3
Inf.
Mb. Gralha
“Fan delta”
Baia
T
“Fan delta”
T2
Lacustre
T1
MEDIA
Lacustre
D
Lacustre
Baia
Mb. S. Martinho
FASE
CAPAS DE
Brochos PHOLADOMYA INICIAL
OXFORDIENSE
Observa-se a discordância
progressiva no flanco W do
diapiro de Caldas da Rainha.
É notória a diminuição da
inclinação com o afastamento ao bordo do diapiro,
passando gradualmente de
cerca de 60º para cerca de
20º, em apenas 1 km.
Ss
300
T6
S
FASE PAROXISMAL
Sucessão sin-rifte deltaica do
Jurássico superior.
50%
PRECOCE
Ss
KIMMERIDGIENSE
Dmm
Ss
M AR G AS D E DAG O R DA
Sup.
Paragem 7
Peniche N
39°22'10.33"N
9°22'49.91"W
Nas arribas do lado N da península de Peniche, observa-se a seguinte
sucessão litostratigráfica , de norte para sul (Duarte et al., 2004):
- Formação de Coimbra: calcários dolomíticos bioclásticos;
- Formação de Água de Madeiros (50 m): calcários bioclásticos
(braquiópodes e bivalves) com intercalações margosas centimétricas;
- Formação de Vale das Fontes (100 m): alternâncias de margas e
calcários, evidenciando tendência transgressiva;
- Formação de Lemede (30 m): alternâncias de calcários e margas
centimétricas, bioturbados e ricos em fauna nectónica (belemnites e
amonites);
- Fm. Cabo Carvoeiro (> 300 m): margas com intercalações de
calcários resedimentados, crescentemente abundantes para o topo.
A península de Peniche constitui o
afloramento mais ocidental do
Jurássico inferior da Bacia
Lusitânica, correspondendo a parte
de um bloco NE-SW soerguido pela
inversão terciária. Nesta península
aflora uma sequência contínua com
450 metros de extensão,
abarcando cerca de 20 Ma, desde o
início do Sinemuriano até ao topo
do Toarciano.
Afloramento de Peniche Norte
Jurássico Inferior
Synthetic profile of the Sinemurian – Toarcian Peniche section (Duarte et al., 2004).
2nd 3rd
?
?
Pentacrinus penichensis
St4
Cc5
Sandy and bioclastic
facies
Skolithos
Zoophycos
St3
Groove-marks
ST
Hildoceras
Cc3
Mfi St2
Groove-marks
Soaresirhynchia
Load casts
Groove-marks
St1 Zoophycos
Dactylioceratids
Cc2
Cc1
0
MLBF
Belemnites and
Ammonites
Mfi
MLUP
Acanthopleuroceras
Crinoids
Eoderoceratids
PPLM
SUS
Mt
50
Água de
Madeiros Fm.
Formação de Vale das Fontes
(Pliensbaquiano) – Membro “Marly
Limestones and Bituminous Facies”
(Duarte et al., 2004) com COTs até
15%, sobreposto pelas margas
amareladas da Formação de Lemede.
Vale das Fontes Fm.
Lemede
Fm.
Oliveira, 2007
Echioceras sp.
Gryphaea sp.
PM
Coimbra
Fm.
Bioclastic limestones
Lumpy marls
Black shales
Gray marls
?
Sandy limestones
Transgressive phase
Oolitic limestones
Regressive phase
Lumpy limestones
Mfi Maximum flooding
Limestones
interval
Duarte et al., 2004
Carta
Geológica
30A Lourinhã
Paragem 8
Santa Cruz
39°10'14.20"N
9°04‘18.95"W
Bordo SW do diapiro de Santa Cruz,
com argilas da Formação Dagorda
intensamente deformadas
Bordo SW do diapiro de Santa Cruz, com camadas
da Formação da Lourinhã sub-verticalizadas,
diminuindo a inclinação para S (Praia Azul).
Na Praia de Santa Cruz aflora um diapiro alongado NE-SW,
deformando as camadas encaixantes do Cretácico inferior
(a N) e do Jurássico superior (a S). No flanco S observa-se
o contacto com calcários cinzentos cizalhados, seguidos
por margas cinzentas e arenitos da Fm. Abadia, de
ambiente marinho (turbiditos).
Estes depósitos finos são abruptamente interrompidos
por conglomerados e arenitos alaranjados, seguindo-se
uma sedimentação de novo arenosa, inicialmente costeira
e depois transicional, observáveis na Praia Formosa.
A estrutura diapírica e as rochas encaixantes configuram
uma potencial armadilha petrolífera.
PRAIA
FORMOSA
Praia de SANTA CRUZ
Turbiditos finos margosos,
entalhados por conglomerados
e arenitos de canhão submarino
na Formação Abadia .
1m
Alternâncias de conglomerados , arenitos
e argilas no canhão submarino.
Na passagem do Caloviano ao Oxfordiano dá-se início da
segunda etapa de rifting com estruturação tectónica, cujo
apogeu se deu durante o Oxfordiano superior.
Rasmussen et al., 1998
A
actividade
distensiva
na
Bacia
Lusitânica
intensificou-se significativamente, marcando o intervalo
de clímax da segunda fase de rifting. As principais
falhas da região central da bacia evidenciam então
grande actividade, intensificando a definição de blocos
assimétricos, com pendor para SE. Acentua-se assim a
diferenciação de sub-bacias hipersubsidentes (Arruda,
Bombarral e Turcifal.
Na proximidade de algumas das referidas falhas
(Pragança, Vila Franca) ocorrem turbiditos siliciclásticos,
que podem atingir mais de 2000 m de espessura (caso
da sub-bacia de Arruda.), com ressedimentação e emersão
que registam no detalhe o soerguimento dos blocos.
Sub-bacia do
Bombarral
Paragem 9
Montejunto
(V. das Rosas)
Localização e
orientação da linha
sísmica acima
apresentada
39°10'14.20"N
9°04‘18.95"W
Sub-bacia de
Arruda
A Serra de Montejunto constitui a expressão geomorfológica de uma estrutura diapírica não aflorante,
alongada NE-SW . Além da tectónica diapírica, também a compressão alpina é responsável por este
soerguimento e relevo, responsável por trazer à superfície unidade do Jurássico médio e superior.
Montejunto – Vale das Rosas
Jurássico superior (Fm.Cabaços)
1 2 3
1 – Laguna semi-confinada
2 – Laguna confinada
3 – Laguna com emersão
Almeida, Pimentel & Pena dos Reis, 2011 (n.publ)
Correlação
de Vale
das Rosas
com poços
próximos
A Fm.Cabaços é uma das
principais unidades com
potencial gerador na bacia.
Corresponde a calcários
escuros depositados em
ambientes lagunares a
marinhos rasos, propícioos à
acumulação de matéria
orgânica.
Níveis laminados de calcários microbianoalgais, parte superior da Formação Cabaços.
BIBLIOGRAFIA RELEVANTE
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Veiga, L.C.V. (2007) Biostratigrafia de Nanofósseis e Estratigrafia Química do Pliensbaquiano – Toarcianio inferior
(Jurássico inferior) da região de Peniche (Bacia Lusitânica, Portugal). Tese de Doutorado (2 vols), Inst. Geociências,
UFRGS, Brasil.
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