Programa Educativo em Artes Visuais Fundação Clóvis Salgado A Magia De Escher - 1 A MAGIA DE ESCHER Caro Professor, O Programa Educativo conta com a atuação permanente de educadores para atendimento ao público espontâneo e, também, aos grupos agendados que participam de ações e visitas às galerias do Palácio das Artes – Alberto da Veiga Guignard, Genesco Murta, Arlinda Corrêa Lima e Mari’Stella Tristão -, além das atividades no Centro de Arte. Dentre as atividades propostas, estão as visitas temáticas e as oficinas para professores, crianças e famílias. O Programa conta, ainda, com um espaço destinado à pesquisa e à experimentação artística relacionadas às exposições. As visitas às mostras proporcionam aos alunos a oportunidade de aprendizado e a aproximação com o meio artístico, potencializando o trabalho em sala de aula, além de estimular a observação, o pensamento crítico e o questionamento. Este material foi desenvolvido pela equipe do Programa Educativo em Artes Visuais da Fundação Clóvis Salgado para ser utilizado como uma ação complementar do(a) professor(a). É um convite ao mundo de Escher e, nele, você encontrará informações, questões e proposições educativas para a introdução ao conteúdo da exposição A Magia de Escher, em cartaz no Palácio das Artes, de 20 de setembro a 17 de novembro de 2013. A Magia De Escher - 3 É com muita satisfação que a Fundação Clóvis Salgado – FCS – o convida a participar das ações do Programa Educativo em Artes Visuais e a conhecer os espaços expositivos do Palácio das Artes e do Centro de Arte Contemporânea e Fotografia, que recebem mostras artísticas com temáticas diversas. A Magia De Escher Além de apresentar as obras a exposição oferece ao público a oportunidade de aden- trar em ambientes criativos que simulam os efeitos óticos e de espelhamento utilizados pelo artista, potencializando o conhecimento sobre o universo lúdico de Escher e o encantamento gerado por suas obras. As experiências foram desenvolvidas em colaboração com Marcos Muzi, do Fator Z. A expografia apresenta ainda animações de algumas de suas gravuras, um documentário sobre a vida do artista e uma animação no cinema 3D. A mostra integra a política da Fundação Clóvis Salgado de viabilizar a circulação de importantes acervos e democratizar o acesso do público a obras de grandes artistas como Escher. A Magia De Escher - 5 Dia e Noite, 1938. Xilogravura, 39,2 x 67,8 cm. O Palácio das Artes abre suas galerias para a mais completa exposição já realizada no Brasil dedicada ao artista gráfico holandês Maurits Cornelis Escher. Inspirado em princípios matemáticos e interessado em construções impossíveis, em representações do infinito e da eternidade, “Escher foi um artista singular, que deixou um legado significativo no âmbito das artes visuais.” A exposição A Magia de Escher reúne as 85 obras do artista, entre gravuras originais, desenhos e fac-símiles, pertencentes à coleção da Fundação Escher, na Holanda. Breve história sobre Escher Cronologia 1898 Maurits Cornelis Escher nasce em Leeuwarden, em 17 de junho. Alguns anos mais tarde, a família muda-se para Arnhem. 1919-1922 Demonstrando interesse por desenhos, enviou alguns trabalhos para o artista gráfico Roland Holtz, que logo reconheceu o talento do jovem Escher e, a partir daí, começou a ensinar-lhe a técnica da xilogravura. Aos 20 anos ingressou na Escola de Arquitetura e Artes Decorativas de Haarlem, onde permaneceu até o ano de 1922. Durante o curso foi muito influenciado pelo Mestre Jessurun de Mesquita, seu professor de artes gráficas, que se tornou referência nos primeiros trabalhos do artista. Depois de investigar o potencial da perspectiva e da ilusão de ótica, Escher explorou as imagens com metamorfoses e caminhos cíclicos, utilizando cada vez mais o raciocínio matemático. “Escher sempre fez questão de ressaltar que se considerava um artista gráfico. O questionamento de alguns críticos sobre sua obra ser ou não arte, para ele, era irrelevante. Ele era um gravador e desenhista com muito talento e muitos artistas já se inspiraram em obras ou temas de Escher”, ressalta Pieter Tjabbes, curador da exposição. Princessenhof, casa onde Escher nasceu 1921 Jetta Umiker, esposa de Escher, janeiro de 1924. Na primavera, viaja de férias pelo sul da França e norte da Itália. Nos anos seguintes, faz viagens a pé, principalmente na primavera, por regiões inóspitas como Abruzzi, Calábria e Córsega. 1922 Viagem pelo norte da Itália na primavera. No verão, viaja em cargueiro para a Espanha. Em Granada, Escher visita a Alambra, onde copia mosaicos mouros. Retorna em cargueiro para a Itália, onde passa um longo período em Siena a partir de meados de novembro. A Magia De Escher - 7 Maurits Cornelis Escher (1898 – 1972) nasceu nas planícies holandesas, na cidade de Leeuwarden. Filho de engenheiro civil, ele mudou-se para a cidade de Arnhem quando ainda era criança, devido às constantes viagens de trabalho do pai. Após formar-se partiu em viagem, atravessando o sul da França até chegar à Itália, onde morou durante 13 anos. Nesse período Escher visitou Granada, cidade da região da Andaluzia, na Espanha, conhecida pelas influências culturais mulçumanas, e maravilhou-se pela arquitetura mourisca da famosa mesquita de Alhambra e seus mosaicos e azulejos exuberantes, sendo totalmente influenciado pelo que pôde observar na região. Na Itália, ficou admirado com o relevo da região, que o impressionou muito por sua paisagem rústica e cheia de montanhas. Essas paisagens serão recorrentes em sua obra. Frenquenta a Escola de Arquitetura e Artes Decorativas de Haarlem. Sua maior influência é o professor e artista gráfico Samuel Jessurun de Mesquita. 1923 1954 Em março, conhece Jetta Umiker, em Ravello (Itália). Realiza a primeira exposição individual em Siena. Muda-se para Roma em novembro. Grande exposição no Museu Stedelijk de Amsterdã, por ocasião do Congresso Internacional de Matemática. Em 12 de junho de 1924, depois do casamento, em Viareggio, Itália. 1968 Primeira retrospectiva da obra de Escher, para marcar seu septuagésimo aniversário, no Gemeentemuseum de Haia. 1924 Em fevereiro, é realizada sua primeira exposição na Holanda, em Haia. Em 12 de junho casa-se com Jetta Umiker, em Viareggio. Retrato de Escher em seu ateliê, 1963. Em 10 de junho de 1924, com as duas famílias, na praia de Viareggio, Itália. 1969 Em 20 de fevereiro, Metamorfose III, um mural de 42 metros de comprimento, é inaugurado no Correio Central de Haia. Em julho, Escher conclui seu último trabalho gráfico, a xilogravura Cobras. 1934 1970 Escher é hospitalizado na primavera. Em agosto, muda-se para a Casa Rosa Spier, em Laren, Holanda. Agenda com anotações sobre sua viagem pela Itália, maio de 1929. 1936 Faz uma longa viagem com Jetta por mar, da Itália até a Espanha. Revisita a Alambra com Jetta e, mais uma vez, copia os mosaicos mouros. 1972 Em 27 de março, Escher morre no hospital Diakonessenhuis, em Hilversum, Holanda. A Magia De Escher - 9 Escher ganha o terceiro prêmio na Exposição Internacional de Gravuras Contemporâneas para “O Século do Progresso”, realizada pelo Instituto de Arte de Chicago (USA). Escher com Metamorfose III no Correio Central de Haia, 1969. Gravura Imagem de Escher entintando a xilogravura. A Gravura é uma técnica antiga de reproduzir imagem, desenvolvida no oriente antes mesmo do surgimento do papel no século XIII. Denominada conforme a natureza de sua matriz: madeira, metal, pedra, etc., a técnica consiste em fazer incisões ou riscos numa superfície plana da matriz que, após ser marcada ou gravada pelo artista, recebe uma camada de tinta. Sobre esse material coloca-se o papel que, depois, é pressionado para receber a imagem, como se fosse uma espécie de carimbo. A litografia é outra técnica de gravura, desenvolvida em 1797 por Alois Senefelder. O desenho é feito com lápis bem gorduroso sobre uma pedra bem lisa (pedra calcária). Esse processo envolve princípios físicos e químicos, em que gordura e água se repelem. Depois do desenho pronto, isolam-se as partes que ficarão em branco com goma arábica, molha-se com água e aplica-se a tinta na superfície da pedra, coloca-se o papel e, por fim, a prensa. No século XIX, a litografia foi usada para impressões de jornais e revistas, rótulos, cartazes, mapas, entre outros. Nos dias de hoje, a técnica que mais se aproxima da Litografia é o off set, um processo de impressão de boa qualidade para grandes tiragens e que possibilita a impressão em praticamente todos os tipos de papéis. A gravura em metal utiliza como matriz uma chapa - que pode ser de latão, zinco, alumínio ou cobre, que costuma ser o mais utilizado. Existem várias técnicas de gravura em metal conhecidas, tais como: ponta-seca, água tinta, água forte e maneira negra ou mezzotinta. Escher, em alguns de seus trabalhos, utiliza a técnica mezzotinta, um método em que se trabalha com berceau (ferramenta em forma de meia-lua com pontas minúsculas que servem para produzir os furos na chapa). Depois de a matriz metálica ser trabalhada com berceau, ela é revestida com tinta preta e, com o uso de uma ponta seca, desenha-se na superfície da chapa, dando os tons de cinza e branco da maneira desejada. A Magia De Escher - 11 A xilogravura, considerada a mais antiga das técnicas de gravura, utiliza como matriz a madeira. Também é conhecida como “gravura em relevo”, pois, com o uso de ferramentas chamadas de goivas, a madeira é entalhada de acordo com o desenho desejado. Após a aplicação da tinta na matriz coloca-se o papel que, por fim, é prensado para receber a imagem que, como um carimbo, não recebe cor nos sulcos, espaços que sofreram a incisão, sendo por isso chamada de uma imagem negativa. PERSPECTIVA Observe a imagem da obra Torre de Babel. Que sensação ela lhe proporciona? Qual recurso o artista utilizou na gravura para criar esse espaço? De qual lugar você está tendo essa visão: de cima para baixo ou de baixo para cima? Torre de Babel , 1928. Xilogravura, 62 x 38,5cm. A partir desta obra percebemos o que Escher chama de “perspectiva de pássaro”, vista de cima para baixo. Em outras, ele escolhe o ponto de vista baixo, o espectador olha para um objeto localizado muito acima dele. Isso é conhecido como “perspectiva do sapo”. Percebemos isso na obra San Gimiano. A região de Atrani, localizada ao sul da Itália, foi um lugar inspirador para as obras de Escher. Ele admirou-se com o relevo montanhoso da região, aspecto bem diferente das planícies da Holanda, iniciando seus estudos de perspectiva e sobre os diferentes olhares sobre o mesmo objeto. A torre que aparece na paisagem de Atrani é a torre que vira uma peça de xadrez, na obra Metamorfose II. Escher cuidadosamente criava seu mundo paralelo, ora talhava um bloco rígido de madeira, ora desenhava na pedra litográfica. Seu legado deixou uma fonte de inspiração para os artistas de hoje. Sua obra colocou em questão os princípios da unidade espaço-tempo, da perpetuidade do movimento e da mudança. Atrani, Costa Amalfitana, 1931. Litografia, 27,5 x 37,9cm A Magia De Escher - 13 Escher em seus trabalhos fez muito uso desse recurso. A palavra perspectiva vem do latim – Perspicere – que significa “ver através de”. É a representação do que vemos de forma gráfica com altura, largura e profundidade. Acontece que a tela em que se representa a imagem possui duas dimensões e, pelo uso da perspectiva, temos a ilusão de ver em três dimensões, criando a sensação de profundidade. A tela ou papel em que se representa a imagem possui duas dimensões e, pelo uso da perspectiva, temos a ilusão de ver em três dimensões, criando a sensação de profundidade. San Gimignano, 1922. Xilogravura 24,7 x 32,1cm Escher expressou com bastante habilidade sua admiração pela paisagem, sobretudo pelos fenômenos físicos visuais como a perspectiva. Você sabe o que é perspectiva? Ilusão de ótica e relatividade Escher explora a noção de realidade para todos os lados. Seus ímpetos criativos são de ordenar os espaços criando imagens que, na realidade, se tornam impossíveis de acontecer, ou seja, ele cria segundas realidades trabalhando com conceitos matemáticos de forma inesperada e extraordinária. Cascata, 1961. Litografia 38 x 30cm. Siga com os olhos o percurso d’água. É possível saber em qual ponto ele começa? A Magia De Escher - 15 Relatividade, 1953. Litografia, 1953, 28 x 29cm. As obras Cascata, Belvedere e Subindo e Descendo utilizam uma ilusão conhecida como “Triângulo de Penrose”. Criada em 1934, pelo artista sueco Oscar Reutersvärd, considerado o “pai das figuras impossíveis”, a tribarra é feita de três barras entrelaçadas que se encontram aos pares nos ângulos retos e vértices do triângulo que formam. Porém, foi na década de 1950, com o matemático Roger Penrose, que a imagem se popularizou, sendo intitulada de “Triângulo de Penrose”, forma que Escher explorou em suas obras. Subindo e descendo, 1960. Litografia 35,5 x 28,5cm. Observe na imagem o percurso dos personagens. Eles estão subindo ou descendo? Ambas as direções estão de igual modo em movimento permanente. Dois indivíduos que estão fora do circuito parecem recusar-se a entrar no movimento ou estão em estado de espera. Como um jogo de fantasias Escher cria sua realidade particular, ordenando, remodelando ou sintetizando a ideia de perspectiva e colocando-as de forma simultânea. Para sua época, sem o advento de programas de computador, era algo fantástico e inovador, mas, hoje, com os inúmeros programas de Photoshop e programas de visualização 3D, esse tipo de experiência visual tornou-se algo comum, sendo muito fácil alterar imagens ou combinar objetos inusitados. Curiosidade: animação baseada na obra Relatividade acesse o link: http://www. ps3youtube.com/v/animation-of-mc-escher-s-relativity-JdgPvripL9A Triângulo de Penrose A Magia De Escher - 17 Elas estão simultaneamente no mesmo plano e essa é uma percepção visual que pode existir somente no desenho. Abaixo, no mesmo desenho, temos um menino segurando uma estrutura geométrica. Um quebra-cabeça cuboide que apresenta uma mistura dessas duas possibilidades: suas partes, superior e inferior, são contraditórias. A figura “brinca” com a nossa percepção da realidade. Belvedere, detalhe Belvedere, 1958. Litografia 46,2 x 29,5cm. Observe atentamente, nessa imagem, as colunas da casa: quais estão na frente e quais estão atrás? “A obra Autorretrato em esfera espelhada mostra a esfera espelhada suspensa por uma mão esquerda. Entretanto, uma vez que a gravura traz o reverso do original gravado em pedra, o que vemos é o desenho de minha mão direita (sou canhoto, portanto precisei usar a mão esquerda para desenhar). O reflexo em um globo como esse concentra praticamente todo o entorno em uma única imagem em forma de disco. O ambiente todo, ou seja, quatro paredes, piso e teto: tudo, embora distorcido, encontra-se comprimido naquele pequeno círculo. A cabeça de quem segura a esfera, ou melhor, o ponto entre seus olhos, está ao centro. Não importa que posição a pessoa assuma em relação à superfície esférica espelhada, esse ponto central é inevitável. A pessoa é fatalmente o foco de seu próprio mundo”. M.C. Escher Escher brinca com a distorção da realidade e das leis da Física. Estudou os reflexos de várias formas e, em seus autorretratos, sempre envolvia o uso de um espelho, sobretudo o espelho convexo. A distorção produzida pelo espelho revela o espaço circundante. o reflexo não pode existir. “O espelho está ligeiramente inclinado para cima, de forma que não se poderia ver nele a rua. Mas a realidade escheriana tem aparência totalmente plausível. De forma sutil, o reflexo incorpora o espaço de fora para dentro.” Mick Piller. O uso da perspectiva associada à ideia de espelhamento amplia o espaço. Na obra Natureza-morta com espelho, observe os objetos que estão no móvel e o espelho levemente inclinado. É possível ter o reflexo da rua no espelho? Escher descobre o fascinante a partir de coisas muito simples e cotidianas, ele se apropria do reflexo o tempo todo, em esferas, em poças d’água, lagoas ou numa simples gota de orvalho. Suas gravuras convocam o espectador para uma observação mais pausada e minuciosa. Se olharmos atentamente para a imagem refletida no espelho, vamos perceber que A Magia De Escher - 19 Natureza-morta com espelho. 1934. Litografia 39,4 x 28,8cm. Autorretrato em esfera espelhada, 1935. Litografia, 31,8 x 21,3cm. Espelhamento Ladrilhamento I, 1951. Mezzotinta, 15,1 x 20,3cm. Ladrilhamento e Metamorfose Ladrilhamento II, 1957. Litografia, 31,5 x 37cm. Na década de 1930, Escher mergulhou em seus estudos sobre formas animais, seres fantásticos e figuras que sofriam processos de metamorfose. Também desenvolveu nesse período interesse por teorias e fenômenos físicos, químicos e matemáticos, como a Cristalografia (estudo das estruturas dos cristais), por influência de seu irmão. “Uma boa dose do desejo que as crianças têm de se fascinarem é sem dúvida requisito essencial. E esse desejo eu possuo aos montes. O fascínio é o sal da terra”. M.C. Escher “Esses trabalhos claramente ilustram meus principais requisitos: reconhecimento e contraste de cor. Caso as figuras não pudessem ser reconhecidas como seres vivos ou objetos comuns, não faria o menor sentido reuni-las; e sem nenhum contraste entre duas figuras adjacentes, elas seriam simplesmente invisíveis!” M.C.Escher Para saber mais: Museu Escher, localizado na Holanda. Acesse: http://www.escherinhetpaleis.nl/ A Magia De Escher - 21 Observe a regularidade com a qual cada figura é trabalhada, tanto na altura quanto na largura, como um tabuleiro de xadrez. O número de figuras brancas é o mesmo de figuras pretas? Cada figura branca é circundada por quatro pretas e vice-versa. Metamorfose II, 1939-40. Xilogravura, 19,2 x 389,5cm. Escher se interessava pela transformação da vida e, em especial, pela natureza das coisas. Assim ele produziu imagens fantásticas de lugares, animais e objetos. Várias de suas gravuras têm como base o aspecto da metamorfose. Observe a transformação das formas para lagartos, que voltam a ser formas, depois se transformam em abelhas, que passam a ser aves, que dão origem aos blocos e, em seguida, a uma cidade à beira-mar. A torre que está na água é ao mesmo tempo uma figura de xadrez cujo tabuleiro, com seus quadrados claros e escuros, conduz às letras da palavra metamorfose. Observe que na linha média horizontal estão peixes e aves em iguais circunstâncias. É como se as silhuetas dos peixes se transformassem em ar para os pássaros e as silhuetas dos pássaros fossem a água para os peixes. aves, peixes, formigas, besouros, sapos e plantas, que surgem constantemente fazendo parte de um ladrilhamento, ou como metamorfose ou como ciclo e, muitas vezes, como tema principal. Como um dos temas recorrentes na obra de Escher, a natureza aparece representada por paisagens e por animais como salamandras, Curiosidade: Animação baseada na obra Céu e água I. Acesse: http://www.youtube.com/watch?v=D32XQLIUcgI A Magia De Escher - 23 Céu e água I, 1938. Xilogravura, 44 x 44cm. A estreita relação entre Arte e Matemática em Escher Rolando, 1951. Litografia, 17 x 23,2cm. Rolando, detalhe. Para realizar a gravura acima Escher utilizou modelagem em argila a fim de estudar as dimensões dessas criaturas imaginárias, às quais deu o nome de Pedalternorotandomovens centroculatus articulosus. Assim ele pôde estudar melhor os movimentos e as formas das figuras. Como podemos perceber Escher utilizou diversos recursos das Ciências Exatas, principalmente, cálculos para alcançar um resultado específico na composição de uma imagem, assim como vários artistas desde o Renascimento. Uso de figuras geométricas, ângulos que propiciam efeitos e, até mesmo, questões teóricas como o conceito de infinito foram exploradas por ele. A Magia De Escher - 25 Limite Circular III, 1959. Xilogravura, diâmetro 41,5cm. Esta gravura mostra como um plano pode ser dividido usando figuras ou temas - neste caso tomando a forma de criaturas répteis - que se tornam infinitamente menores à medida que se afastam da margem e se aproximam do centro de impressão. Outro mundo, 1947. Entalhe em madeira, 31,6 x 25,8cm. Cada vez menor, 1958. Xilografia, 37,8 x 37,8cm. bes na Espanha, como um verdadeiro quebra-cabeça. Transformava figuras geométricas em animais e pessoas, transfigurando formas e imagens. “Nas minhas gravuras eu tento mostrar que vivemos em um mundo belo e ordenado, e não em um caos sem regras... Eu não consigo deixar de brincar com as nossas certezas estabelecidas. Tenho grande prazer, por exemplo, em confundir deliberadamente a segunda e a terceira dimensões, plana e espacial, e ignorar a gravidade.” M. C. Escher A Magia De Escher - 27 Escher explorou técnicas geométricas para formar azulejos e mosaicos, alcançando harmonia e equilíbrio a partir da repetição de espaços coloridos devidamente calculados. Dividia o plano de forma lógica, repetindo imagens, sem deixar espaços vazios entre elas, bem ao gosto dos ladrilhamentos ára- A partir da apreciação da obra de Escher, Céu e água I, reproduza as silhuetas do pássaro e do peixe e, em seguida, recorte-os e faça novos arranjos, crie novas composições com os pássaros e os peixes utilizando lápis de cor, canetinhas coloridas, etc. Material: tesoura, lápis de escrever, cola, lápis de cor, canetinhas de diversas cores e cartolina branca. Após a apreciação dos autorretratos de Escher, faça um autorretrato a partir da observação da sua imagem refletida no espelho. Observando seu reflexo trace no espelho o contorno do seu rosto acrescentando os olhos, nariz, boca, etc., com o auxílio de uma caneta permanente. Em seguida, com o uso de tintas guache de diferentes cores, pinte seu autorretrato como preferir. Aproveite para atribuir signos à própria imagem. Recorte a cartolina em quatro pedaços (ex: cortando ao meio e ao meio novamente) e posicione o papel sobre o espelho, transferindo a tinta que estava no espelho para o papel. Você pode repetir a pintura e transferir novamente para o papel, criando assim, uma série de autorretratos. Ao final, faça uma reflexão com a turma sobre a representação da imagem de cada um, questionando-os sobre o desenho que produziram, sobre o uso das cores e as diferentes características de representação de cada um, identificando marcas pessoais na maneira de desenhar e na escolha das cores. Material: espelhos, caneta marcador permanente, tinta guache em diversas cores e cartolina branca. A Magia De Escher - 29 Metamorfose Autorretrato espelhado Imagens Emmanuela Tolentino ATIVIDADES Carimbo Gravura em isopor Escher utilizou várias técnicas para construir suas imagens. Uma delas foi a reprodução de uma mesma forma em posições diferentes, que ele chamava de “preenchimento regular de superfícies”. Para facilitar esse entendimento, podemos experimentar o uso de carimbos. Para isso, faça desenhos de alguma forma em um papel, como um estudo para definir a imagem a ser reproduzida como um carimbo. Depois de definida a imagem, passe o desenho para a folha de E.V.A. Recorte-a e cole no toquinho de madeira. Para fazer a gravura em isopor, cada aluno deverá rascunhar um desenho na folha de papel sulfite e depois passar para a bandeja de isopor. Com o uso de uma ponta seca (palito de churrasco ou uma caneta sem tinta), passe para o isopor o desenho que aparecerá em baixo relevo. Depois que o desenho estiver pronto, prepare, em uma superfície lisa, a tinta na cor desejada; com a ajuda do rolinho distribua a tinta no isopor. Após a entintagem, coloque a matriz de isopor ao centro da folha de papel canson com a parte entintada para baixo de frente para o papel. Com a ajuda de uma colher de pau, alise o papel uniformemente de forma que a tinta passe para o papel. Você pode repetir o processo, entintando a matriz várias vezes e, assim, terá uma série de gravuras de uma mesma imagem. Para finalizar, reúna o grupo e peça aos alunos que coloquem as gravuras à mostra, de forma que possam conversar sobre o processo de criação e sobre os resultados obtidos. Material: bandeja de isopor (para frios e congelados), papel canson A4, palitos de churrasco, estilete, lápis de escrever, tinta guache de diversas cores, rolinhos de espuma e colher de pau. A Magia De Escher - 31 Materiais: toquinhos de madeira, folha de E.V.A., tesoura, cola, lápis de escrever e papel para desenho. Imagens Deise Oliveira A ilustração é de uma forma que Escher produziu para um jogo que o ocupou em 1942. Ele experimentou essa mesma forma em posições e cores diferentes. A Magia de Escher 20 setembro a 17 novembro 2013 terça a sábado, das 9h30 às 21h / domingo, das 16h às 21h Palácio das Artes. Av. Afonso Pena, 1537. Belo Horizonte, MG Informações (31) 3236 7400 / fcs.mg.gov.br Livros Websites CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL. O Mundo Mágico de Escher. Caderno Educativo do Centro Cultural Banco do Brasil SP. São Paulo. http://www.bb.com.br/docs/pub/inst/img/ EscherCatalogo.pdf http://artetropia.blogspot.com.br/2010/04/o-que-e-perspectiva.html http://www.manualdomundo.com.br/ category/sem-categoria/ http://www.thefreedictionary.com/Mezzo-tinto www.mcescher.com / M.C. Escher Foundation Baarn – Holanda. www.unicamp.br – Centro de Pesquisa em Gravura/ A Arte Generosa. www.casadacultura.org – Gravura: Conceito, História e Técnicas. www.editoragravura.com.br www.portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula 07/03/2013 www.revistaescola.abril.com.br Matemática › Espaço e forma http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-2/gravura-azulejo-isopor-ou-papelao-744683.shtml#ad-image-0 http://revistaescola.abril.com.br/arte/pratica-pedagogica/auto-retrato-429818.shtml COSTELLA, Antônio F. Introdução à Gravura e à sua História. Ed. Mantiqueira, 2006. ERNST, Bruno. O Espelho Mágico de M.C. Escher. Editora Taschen, 2007. ESCHER, M. C. Gravuras e Desenhos. Texto Original Benedikt Taschen Verlag Gmbh. Tradução Maria Odete Gonçalves-Koller. Editora Taschen, 2008. Fita de moebius II (formigas), 1963. Xilogravura 45,3 x 20,5 cm SANTOS, Santa Marli Pires dos. Educação arte e jogo. Petrópolis (RJ): Vozes, 2006. TJABBES, Pieter. A Magia de Escher. São Paulo: Art Unlimeted, 2013. As obras de M. C. Escher Acervo / Collection M. C. Escher Foundation-Baarn-Holanda © M.C. Escher Foundation-Baarn-Netherlands A Magia De Escher - 33 Referências Governador do Estado de Minas Gerais: Antonio Augusto Junho Anastasia Vice-governador do Estado de Minas Gerais: Alberto Pinto Coelho Secretária de Estado de Cultura de Minas Gerais: Eliane Parreiras Secretária Adjunta de Estado de Cultura de Minas Gerais: Maria Olívia de Castro e Oliveira FUNDAÇÃO CLÓVIS SALGADO Presidente: Fernanda Medeiros Azevedo Machado Vice-presidente: Bernardo Rocha Correia Chefe de Gabinete: Renata Bernardo Diretora Artística: Edilane Carneiro Diretora de Ensino e Extensão: Patrícia Avellar Zol Diretora de Marketing, Intercâmbio e Projetos Institucionais: Cláudia Garcia Elias Diretor de Planejamento, Gestão e Finanças: Luiz Guilherme Melo Brandão Diretora de Programação: Fabíola Moulin Mendonça Gerente de Artes Visuais: Tatiana Cavinato Assessora da Gerência de Artes Visuais: Ana Cristina Lima Chefe de Departamento de Artes Visuais: Karolina Penido Chefe de Departamento do Centro de Arte Contemporânea e Fotografia: Rodrigo Gonçalves da Paixão Produtor: André Murta Assessora de Produção: Camila Batista Analista Cultural: Fernando Pacheco Apoio Administrativo: Darkan Viana Almeida e Jairo de Oliveira Montagem: Edivaldo Gomes da Cruz e Ronaldo Braz da Silva Estagiários: Júlia Baumfeld, Leandro Duarte e Mônica Santiago Coordenadora do Programa Educativo: Emmanuela Tolentino Educadores: Ana Carolina Ministério*, Ana Maria Martins, Clarice Steinmuller, Clarita Gonzaga, Daniela Marques*, Deise Oliveira, Fabíola Rodrigues, Fabiane Barreto, Fabrize Pousa, Gabriela de Paula*, Geraldo Peixoto, Gerson Castro, Janaina Beling, Juliana Gontijo, Naíra Duarte*, Paulo Peixoto, Renata Delgado, Renata Nery, Rita da Matta, Sandra Moreira e Tânia Mateus* . *Educadores responsáveis pela organização do material educativo. Assessora-chefe de Comunicação Social: Liana Caldeira B. Rafael Coordenadora de Assessoria de Imprensa e Mídias Digitais: Júnia Alvarenga Assessoria de Imprensa e Website: Gustavo Monteiro, Gabriela Rosa, Maria Elisa Pompeu, Paulo Lacerda (fotógrafo), Luísa Loes (estagiária) e Patrícia Henrique (estagiária) Publicidade: Larissa Batista, Samanta Coan, Ricardo Teixeira (estagiário) e Yasmin Moura (estagiária) Relações Públicas: Sílvia Bastos e Lucas Ferreira Assistente de Comunicação: Thiago Amador Revisão Editorial: Maria Eliana Goulart Revisão de textos Material Educativo: Trema Textos Design Gráfico Material Educativo: Yannick Falise EXPOSIÇÃO: A MAGIA DE ESCHER Patrocínio: HSBC Concepção: Artyk / Art Unlimited Curadoria: Pieter Tjabbes Coordenação geral: Art Unlimited Pieter Tjabbes / Tânia Mills Arquitetura da exposição: George Mills Arquitetos Design gráfico / Comunicação visual: Marina Ayra Direção de arte das instalações: Marcos Muzi (Fator Z), Luís Felipe Abbud Consultoria: Sandra Klinger Rocha Produção executiva: Erika Uehara, Hiro Kai e Sonia Leme Equipe de produção: Cristiane Guimarães, Karen Rozenbaum, Reginaldo Sousa, Rose Teixeira, Suellen Ferreira Apoio Institucional