Uma formação sustentável, ao serviço dos Homens
A fel icidade é a “qual idade ou estado de ser fel iz, estado de uma
consciência plenamente satisfeita; sat isfação, contentamento,
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bem-estar” (HOUAISS, pág. 1097) . E formação, “conjunto de
conhecimentos e habil idades específicos de uma determinada
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atividade prát ica ou intelectual” (HOUAISS, pág. 1139) . Existe uma
correlação entre este estado de fel icidade e a formação, porque
esta leva à real ização de uma “atividade”, um trabalho, que conduz
a uma “consciência plenamente satisfeita”. Como não é possível um
trabalho sem percurso, lembre-se que a grandeza física trabal ho é
uma multipl icação (multipl icidade), de uma força exercida por um
espaço, o “bem-estar”, a “satis fação”, dá-se pelo conjunto de
“conhecimentos e habil idades” exercidos pelo trabalho. Mas
mesmo esta grandeza física, o trabalho, nem sempre é medível na
sua singularidade de força e espaço l ineares, por vezes existem
grandezas a al imentar a sua “contabil idade”, quando a medida da
variável espaço não é uma l inha na horizontal, mas incl inada,
acionando assim, matematicamente, variabil idades trigonométricas. A análise e discussão desta matéria conduz às
particularidades da “formação” contribuir para uma real ização do
ser humano, enquanto “estado de ser fel iz”. E nesta linha
poderíamos afirmar a tricromia da formação do conhecimento,
enquanto fel icidade: ser, saber e fazer, o que cria, concomitantemente, uma formação sustentável.
A formação sustentável enquadra-se no ENDS - Estratégia
Nacional para o Desenvolvimento Sustentável, documento
aprovado em Conselho de Ministros há alguns anos, mas remetido
para qualquer armário inexpugnável, mau grado todas as cimeiras
existentes. A investigadora Luisa Schmidt, no seu l ivro “País (in)
Sustentável”, refere que o “Desenvolvimento Sustentável está para
o futuro do país um pouco como a hora legal, o meridiano de
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Greenwich, o sistema de pesos e medidas, o euro…” e, mais abaixo,
escreve “É uma coisa que assenta em consensos à escala do planeta
e que define referências estáveis para toda e qualquer polít ica a
desenvolver em todo e qualquer lugar. Mundialmente quer dizer
algo tão simples quanto isto: já ninguém discute que a exploração
dos recursos naturais, ao ritmo a que se processa, levará ao colapso
dos próprios suportes da vida humana no planeta. Já ninguém
discute que o desenvolvimento é uma coisa diferente de
crescimento e que requer intel igência para superar os efeitos
perversos, que vão desde a destruição da Natureza até ao
agravamento da pobreza. Já ninguém discute que o Mundo entrou
em funcionamento económico em roda l ivre, mas não pode tirar as
mãos do volante. Já ninguém discute que é enorme o abismo entre
países ricos e semi-ricos, para já não falar do abismo entre os países
ricos e os pobres. Ou pior, no abismo entre alguns homens ricos e
países moribundos. Segundo o PNUD, as três maiores fortunas
pessoais do Mundo, juntas, superam o PIB dos 48 países mais
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pobres, onde habitam 600 milhões de pessoas.” Uma curiosidade é
saber que em cem anos, 1910, existiam 1 800 milhões de habitantes
no planeta e hoje 6 900 milhões.
populacional para uma situação insustentável, e nisto entra
decisivamente palavras como “fel icidade”, “bem-estar”,
“formação”, “conhecimento” e “sustentabil idade”, que se não
forem consideradas darão um rumo destrutivo à vida no planeta,
por isso, a nosso nível, julgar a formação sustentável, como fator
decisivo do desenvolvimento económico, ambiental, social e
cultural, quer ad intra ou ad extra, “fora ou dentro do processo
formativo”. Daí a l igação biunívoca entre fel icidade-formação, e,
também, formação-trabalho, o que numa equação normal faria a
l igação entre fel icidade-trabalho. O trabalho, ser, saber, fazer, leva
à fel icidade, quando o “conhecimento” atinge as raias da própria
sustentabil idade pessoal e comunitária, dentro sempre das quatro
vertentes que prefiguro: um desenvolvimento económico,
ambiental, social e cultural, qualquer que seja a profissão ou as
tarefas a executar. A formação torna-se o elo, como a educação
formal e interpares, familiares ou não, fornecendo o conhecimento
que leva à fel icidade.
Resta, assim, perceber como entender a formação, enquanto
processo do conhecimento, mas investigat ivo, nas várias
componentes e a afirmação de que a “formação é sempre
sustentável”, ou não é formação, caraterizada na pessoa humana
enquanto ser fel iz. A formação só pode estar ao serviço da
total idade da pessoa humana, na sua dignidade e no processo de
defesa da criação, pelo conhecimento não abstrativo, nem
sol ipsista. A formação, e refiro-me muito à profissional, sem
descurar a inevitabil idade da educação global, al iás diga-se que não
existe nenhum bom profissional, sendo mau cidadão, é uma cadeia
indelével marcadora de toda a existencial idade do ser pessoal,
sendo, assim, a preocupação por várias discipl inas intrínsecas à
existência da sustentabil idade e baseadas nos princípios da
excelência. E esses passam não pela colataridade dos pensamentos,
mas pela inserção vol itiva dos pressupostos conducentes à
fel icidade. O trabalho é de vontade humana, já vai mais de vinte
séculos que alguém referiu “quem não trabalha, que não coma”, por
isso esse é um direito adquirido e as sociedades têm de se organizar
por isso.
Entendamos, então, nós como formuladores/animadores da
formação, que esta é, sem dúvida, um instrumento vital para o
desenvolvimento da sociedade, enquanto conseguir ser
sustentável, porque se não o for não estará ao serviço dos homens e
das mulheres, e da indústria a que pertencemos.
1 - Dicionário do Português Atual Houaiss, Circulo de Leitores,
1.ª Edição, agosto de 2011.
2 - Ibidem
3 - Schmidt, Luisa, “País (in) Sustentável”, página 99
4 - Ibidem, página 99
5 - Revista Além- Mar, n.º 620, dezembro de 2012
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Perante a formulação dos números e do crescimento
Joaquim Armindo - Diretor do Departamento da Qualidade,
Ambiente e Segurança e Saúde doCENFIM
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