II.5.1.3. Oceanografia A. Introdução A caracterização ambiental de uma determinada região representa uma importante ferramenta de planejamento do uso dos recursos naturais e de otimização de investimentos. Assim sendo, o presente estudo aborda os aspectos oceanográficos mais relevantes da Bacia de CamamuAlmada, mais precisamente, nas proximidades do Bloco BM-CAL-13. Para tanto, foram pesquisadas informações secundárias de bases regionais, assim como dados coletados in situ e analisados através de procedimentos estatísticos, de forma a atender às exigências da Coordenação Geral de Petróleo e Gás do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis (CGPEG/IBAMA) Os parâmetros abordados no estudo são: temperatura e densidade da água do mar, massas d’água, regime de correntes, clima de ondas (direção, período e altura significativa), e marés. Localização e Batimetria A Bacia de Camamu-Almada situa-se na porção sul do litoral do Estado da Bahia, limita-se ao norte pela cidade de Salvador (BA) e ao sul pela cidade de Ilhéus (BA). O Bloco BM-CAL-13 encontra-se a aproximadamente 60 km da costa e sua localização na Bacia de Camamu-Almada pode ser observada na Figura II.5.1.3.1. A profundidade típica do local é de 2.500 m (Figura II.5.1.3.2). FIGURA II.5.1.3.1 - Localização da Bacia de Camamu-Almada (área demarcada) e do Bloco BM-CAL-13. Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-1/61 FIGURA II.5.1.3.2 - Localização do Bloco BM-CAL-13 sobreposta ao mapa batimétrico da região. A linha pontilhada representa o limite da bacia Camamu-Almada. De acordo com Castro & Miranda (1998) a costa brasileira pode ser dividida em seis regiões com características particulares. Segundo a descrição dos autores, o Bloco BM-CAL-13 encontra-se no limite entre as regiões denominadas como Plataforma Leste Brasileira e Região Abrolhos-Campos. O limite entre as regiões encontra-se em 15º S, com a Região Abrolhos-Campos se estendendo até 23º S. A Margem Leste Brasileira apresenta uma plataforma continental geralmente estreita recebendo descargas de rios de moderadas a baixas (REZENDE, 2010). A Região Abrolhos-Campos é caracterizada por feições topográficas complexas, como o banco Royal Charlotte e os bancos de Abrolhos. Na região Abrolhos-Campos, em sua porção mais próxima ao BM-CAL13, a plataforma continental se estende por aproximadamente 30 km, com o início do talude ocorrendo em profundidades entorno de 50 a 60 m. Já próximo à região do banco Royal Charlotte, localizado mais ao sul, nas cidades de Belmonte e Santa Cruz Cabrália, a largura da plataforma continental aumenta chegando a 110 Km (CASTRO & MIRANDA, 1998). Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-2/61 B. Aspectos metodológicos A caracterização oceanográfica da região é feita a partir das seguintes fontes de dados. Dados de temperatura e salinidade disponíveis no National Oceanographic Data Center (NODC), através das bases de dados WOA09 (World Ocean Atlas) e WOD09 (World Ocean Data). Dados de Temperatura da Superfície do Mar disponibilizados pelo projeto Operational Sea Surface Temperature and Sea Ice Analysis (OSTIA). Dados da Análise Global do projeto MyOcean. Dados de onda oriundos de um hindcast de 10 anos realizado com o modelo WaveWatch-III pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) dentro do plano de cooperação técnica INPE/PROOCEANO. Dados de onda do projeto ERA-40 (ECMWF Re-Analysis 40) do ECMWF (European Centre for Medium-Range Weather Forecasts). Dados do modelo global de marés FES-2004 contendo a fase e a amplitude das principais constituintes de maré. Ao longo das análises dos parâmetros as metodologias de aquisição e tratamento de dados são apresentadas para cada base de dados. Na Tabela II.5.1.3.1 observa-se um resumo com as fontes de dados utilizadas no estudo, e as suas respectivas localizações. TABELA II.5.1.3.1 - Localização das fontes de dados utilizadas. Fontes WOA09 (área) WOA09 (ponto) OSTIA WOD09 (Área) MyOcean (Área) WaveWatch-III ERA-40 FES-2004 Coordenadas Latitude Longitude 12º S - 17º S 39º W – 45º W 14,6 º S 38,3 º W 12º S - 17º S 39º W – 45º W 13,5º S – 15,5º S 12º S - 17º S 15º S 15º S 24,125º S 39,0º W – 37,0º W 39º W – 45º W 38º W 37,5º W 42º W Parâmetros Período TeS TeS TSM 1793-2009 1793 - 2009 2006 - 2012 TeS Correntes Ondas Ondas Maré 1913-2010 01/01/2011 – 01/01/2012 01/01/1979 - 31/12/2011 01/01/1957 – 31/12/2001 - Legenda: T = Temperatura; S = Salinidade; TSM = Temperatura da Superfície do Mar. C. Temperatura e Salinidade Para caracterizar a variabilidade espacial e sazonal da estrutura termohalina da região, foram usados dados do WOA09, sendo sua análise feita através de perfis de temperatura, salinidade e densidade, para um ponto próximo do Bloco BM-CAL-13 para os períodos de inverno (julho a setembro) e verão (janeiro a março), mapas horizontais de temperatura e salinidade em profundidades (0, 100, 500, 1000 e 2000 m), e mapas verticais de temperatura e salinidade para uma seção normal à costa cruzando o BM-CAL-13, para as estações de verão e inverno. Mapas verticais de densidade, referentes à mesma seção, são apresentados no capítulo D. Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-3/61 Os campos que compõem a base de dados da climatologia WOA09 consistem da análise objetiva dos dados históricos armazenados no NODC, coletados por diversas campanhas e equipamentos, em navios de pesquisa e de oportunidade. Esta análise objetiva utiliza dados irregularmente espaçados, gerando uma grade global com resolução espacial de 1/4º. Estes campos são tridimensionais e os dados são interpolados em 33 profundidades padrão desde a superfície até 5.500 m de profundidade. Temporalmente, esta climatologia consiste na média realizada para o período compreendido entre os anos de 1793 e 2009. Os dados da climatologia WOA09 podem ser obtidos através da sua página na internet (http://www.nodc.noaa.gov/OC5/WOA09/pr_woa09.html). Maiores informações sobre as bases climatológicas de temperatura e salinidade pode ser obtidas em Locarnini et al. (2009) e Antonov et al. (2009). A localização da seção vertical, assim como do ponto utilizado nos perfis pode ser observada na Figura II.5.1.3.3. FIGURA II.5.1.3.3 – Localização da seção vertical e do ponto de grade do WOA09 de onde foram retirados os dados de temperatura e densidade. A seguir, na Figura II.5.1.3.4 são apresentados perfis de temperatura e salinidade para o ponto descrito na Figura II.5.1.3.3, para as estações de verão e inverno. Nota-se diferença de aproximadamente 3o C entre as duas estações para a temperatura nos primeiros 70 metros da coluna d’água, aproximadamente. Abaixo de 100 metros, não ocorrem diferenças significativas neste parâmetro ao longo do ano. Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-4/61 Nos perfis de salinidade, nota-se diferença significativa entre aproximadamente 50 e 600 metros entre as duas estações. Essa variação, provavelmente ocorre em função de fatores dinâmicos, como a variação sazonal da bifurcação da Corrente Sul Equatorial, explicitada posteriormente no item E - Correntes. FIGURA II.5.1.3.4 – Perfis de temperatura e densidade potencial para verão e inverno na região do Bloco BM-CAL-13. Para a análise da variação espacial e sazonal dessas variáveis na região do Bloco BM-CAL-13, são apresentadas as seções horizontais de temperatura, para as estações de verão e inverno, nas profundidades 0, 100, 500, 1000 e 2000 metros, assim como os mapas das seções verticais perpendiculares a costa, da Figura II.5.1.3.5 a Figura II.5.1.3.12Erro! Fonte de referência não encontrada.. A temperatura superficial apresenta diferença de aproximadamente 3 oC entre as duas estações, na região analisada. Durante o verão, a temperatura próxima ao bloco é de aproximadamente 27,9 oC enquanto no inverno é de 25,6 oC. No verão observa-se um gradiente positivo em direção a sudeste, enquanto no inverno, o gradiente é observado em direção a nordeste. Na profundidade de 100 metros, existe pouca diferença entre as duas estações, e o gradiente é observado em direção a nordeste. A temperatura próxima ao Bloco BMCAL-13 é de aproximadamente 24,5 oC em ambas as estações. O gradiente de temperatura se inverte na profundidade de 500 metros, em ambas as estações, apontando para sudoeste e a temperatura da água próxima ao bloco apresenta diferença de aproximadamente 1 oC mais quente no verão. Nas profundidades de 1000 e 2000 metros, praticamente não se observam diferenças entre as duas estações, na região analisada e o gradiente de temperatura na região é bem pequeno, de aproximadamente 0.2o C. Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-5/61 FIGURA II.5.1.3.5 – Campo de temperatura em superfície na região entorno do Bloco BMCAL-13, para o período de verão (acima) e inverno (abaixo). Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-6/61 FIGURA II.5.1.3.6 – Campo de temperatura a 100 metros de profundidade, na região entorno do Bloco BM-CAL-13, para o período de verão (acima) e inverno (abaixo). Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-7/61 FIGURA II.5.1.3.7 – Campo de temperatura a 500 metros de profundidade, na região entorno do Bloco BM-CAL-13, para o período de verão (acima) e inverno (abaixo). Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-8/61 FIGURA II.5.1.3.8 – Campo de temperatura a 1000 metros de profundidade, na região entorno do Bloco BM-CAL-13, para o período de verão (acima) e inverno (abaixo). Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-9/61 FIGURA II.5.1.3.9 – Campo de temperatura a 2000 metros de profundidade, na região entorno do Bloco BM-CAL-13, para o período de verão (acima) e inverno (abaixo). A estratificação vertical da coluna d’água não apresenta diferenças significativas entre as duas estações, na seção vertical analisada, salvo maiores temperaturas superficiais no período de verão. Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-10/61 FIGURA II.5.1.3.10 – Seção vertical de temperatura para o período de verão (acima) e inverno (abaixo). O triângulo preto indica a posição aproximada do Bloco BM-CAL-13. Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-11/61 Para complementar o estudo da variabilidade sazonal da TSM foram utilizados dados satelitais disponibilizados pelo NCOF (National Center for Ocean Forecast). O produto OSTIA (Operational Sea Surface Temperature and Sea Ice Analysis) abrange todo o globo e possui resolução espacial (~6 km), e temporal de 1 dia. O produto é resultado da combinação de diversos sensores infravermelhos e micro-ondas, além de dados in situ por meio de processo de Análise Objetiva. Este produto tem oferecido dados acurados de TSM, com um erro médio quadrático menor que 0,6ºC, em alta resolução (STARK et al., 2007). As reanálises diárias do OSTIA estão disponíveis na página do projeto MyOcean (http://www.myocean.eu). A seguir, na Figura II.5.1.3.11 e na Figura II.5.1.3.12 são apresentadas as médias sazonais (verão e inverno) para o período de janeiro de 2006 a abril de 2012 (6 anos de dados) na região da costa da Bahia. A grande vantagem da utilização do sensoriamento remoto para obtenção de dados de temperatura é que devido à elevada sensibilidade dos sensores que estão em operação, pequenas variações em áreas extensas podem ser capturadas, principalmente quando comparados a resultados obtidos a bordo de navios (SOUZA et al., 2005). As médias sazonais da TSM apresentam-se coerentes com os dados de superfície da climatologia WOA09. O período de verão apresenta águas superficiais com temperatura de ~28º C, e no inverno as temperaturas superficiais apresentaram média entre 25,5 e 26º C. FIGURA II.5.1.3.11 – TSM média sazonal na região da Bacia de Camamu-Almada para o período de verão (janeiro a março). Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-12/61 FIGURA II.5.1.3.12 – TSM média sazonal na região da Bacia de Camamu-Almada para o período de inverno (julho a setembro). Da mesma forma que para a temperatura, são apresentadas as seções horizontais de salinidade, para as estações de verão e inverno, nas profundidades 0, 100, 500, 1000 e 2000 metros, assim como os mapas das seções verticais perpendiculares à costa, da Figura II.5.1.3.13 a Figura II.5.1.3.18. A salinidade em superfície próxima ao bloco apresenta ligeira diferença entre as duas estações, aproximadamente 0,1. Ainda em superfície, na região analisada, observam-se maiores valores de salinidade no período de inverno com a isohalina de 37 chegando até a bacia de Camamu-Almada pelo flanco sudeste. A 100 metros, existe significativa diferença entre as duas estações. No verão, nota-se um claro gradiente de salinidade em direção a leste, com isohalinas variando de 36,6 a 37,1, já no inverno, tal gradiente não se encontra presente e a salinidade é praticamente constante em toda a região analisada (aproximadamente 37,1). A 500 metros, ainda notam-se ligeiras diferenças entre as duas estações analisadas, com diferenças de aproximadamente 0,1 e padrão espacial distinto. A 1000 metros o padrão espacial é muito parecido, apresentando um gradiente de aproximadamente 0,1 com direção a leste. A 2000 metros, o padrão espacial continua similar nas as duas estações, porém, durante o inverno, notam-se valores ligeiramente superiores na região próxima ao Bloco BM-CAL-13. Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-13/61 FIGURA II.5.1.3.13 – Campo de salinidade em superfície, na região entorno do Bloco BMCAL-13, para o período de verão (acima) e inverno (abaixo). Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-14/61 FIGURA II.5.1.3.14 – Campo de salinidade a 100 metros de profundidade, na região entorno do Bloco BM-CAL-13, para o período de verão (acima) e inverno (abaixo). Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-15/61 FIGURA II.5.1.3.15 – Campo de salinidade a 500 metros de profundidade, na região entorno do Bloco BM-CAL-13, para o período de verão (acima) e inverno (abaixo). Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-16/61 FIGURA II.5.1.3.16 – Campo de salinidade a 1000 metros de profundidade, na região entorno do Bloco BM-CAL-13, para o período de verão (acima) e inverno (abaixo). Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-17/61 FIGURA II.5.1.3.17 – Campo de salinidade a 2000 metros de profundidade, na região entorno do Bloco BM-CAL-13, para o período de verão (acima) e inverno (abaixo). Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-18/61 Analisando o mapa da seção vertical de salinidade, nota-se a isohalina de 36,5 ligeiramente inclinada no período de verão em relação ao período de inverno, inclinação esta que se faz notar nos perfis de salinidade apresentados na Figura II.5.1.3.4. É provável que essa diferença na inclinação das isohalinas na região da quebra de plataforma tenha gênese dinâmica, visto a inversão norte-sul sazonal apresentada pelo campo de correntes na região, como poderá ser visto no capítulo E. FIGURA II.5.1.3.18 – Seção vertical de salinidade para o período de verão (acima) e inverno (abaixo). O triângulo preto indica a posição aproximada do Bloco BM-CAL-13. D. Densidade e Massas d’água A avaliação das massas d´água presentes na região de interesse é feita a partir da análise de dados primários disponíveis no banco de dados WOD09 e dados secundários, disponíveis no banco de dados WOA09, ambos do NODC. A base de dados conhecida como WOD09 (World Ocean Database 2009), corresponde aos dados históricos armazenados no NODC, coletados por diversas campanhas e equipamentos por todo o globo. Uma descrição completa sobre esta base de dados pode ser encontrada em Boyer et al. (2009). Os dados obtidos do WOD09 para a região foram coletados em diferentes períodos entre 1913 e 2010 (~39.000 dados). Estes dados passaram por tratamento onde, informações maiores (menores) que a média mais (menos) 3 vezes o desvio padrão da média para cada profundidade foram descartadas. Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-19/61 Na Figura II.5.1.3.19 é apresentada a localização do BM-CAL-13 e das estações de coleta dos dados apresentados. Os dados obtidos foram tratados e observações com valores inferiores ou superiores a três vezes o desvio padrão para cada profundidade foram descartadas. FIGURA II.5.1.3.19 – Localização das estações de coleta dos dados de temperatura e salinidade obtidos do WOD09. Na Figura II.5.1.3.20 é apresentado o diagrama TS espalhado elaborado com os dados do NODC. As cores são referentes às profundidades dos dados. Neste diagrama, pares ordenados de salinidade e temperatura foram inseridos em um gráfico, onde os limites termohalinos (faixa de variação de temperatura e salinidade) das massas d’água são sobrepostos ao gráfico para avaliar quais massas d’água podem ser encontradas na região. Os limites termohalinos utilizados foram obtidos de Silva et al (1982). Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-20/61 FIGURA II.5.1.3.20 – Diagrama TS espalhado para a região do BM-CAL-13, elaborado com os dados do NODC. A linha em azul representa o gabarito elaborado por Silva et al (1982). Nota-se a presença das seguintes massas d’agua: Água de Mistura, Água Tropical (AT), Água Central do Atlântico Sul (ACAS), Água Intermediária Antártica (AIA) e Água Profunda do Atlântico Norte (APAN). Para análise da variabilidade sazonal das massas d´água, foram elaboradas seções verticais da densidade da água do mar, para o verão e inverno. Essa análise foi feita com dados obtidos no WOA09, do NODC. As seções verticais apresentadas a seguir, na Figura II.5.1.3.21 e na Figura II.5.1.3.22 são referentes ao perfil apresentado na Figura II.5.1.3.3. As massas d’água são inferidas a partir dos seus respectivos limites de densidade (linhas isopicnais). Durante o Verão, o limite entre a AT e a ACAS encontra-se mais profundo na região do BM-CAL-13 e da quebra da plataforma continental. Essa variação provavelmente decorre de fatores dinâmicos, como a variação sazonal da bifurcação da Corrente Sul Equatorial. Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-21/61 FIGURA II.5.1.3.21 – Seção vertical de densidade potencial climatológica de verão. O triângulo em preto representa a posição aproximada do Bloco BM-CAL-13. As linhas isopicnais representam os limites entre as massas d’água. FIGURA II.5.1.3.22 – Seção vertical de densidade potencial climatológica de inverno. O triângulo em preto representa a posição aproximada do Bloco BM-CAL-13. As linhas isopicnais representam os limites entre as massas d’água. Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-22/61 E. Regime de correntes Existe uma grande carência de informações a respeito da hidrodinâmica na região do Bloco BM-CAL-13. Conforme descrito por Castro & Miranda (1998) a Plataforma Leste Brasileira é a região menos estudada da costa brasileira. A descrição a respeito da circulação hidrodinâmica na região restringe-se praticamente às análises de Stramma & Ikeda (1990), que utilizaram dados hidrográficos históricos do World Oceanographic Data Center (WODC). Estes autores indicaram que é nessa região que a Corrente do Brasil (CB) tem a sua origem, a partir da bifurcação da Corrente Sul Equatorial (CSE). A latitude na qual essa bifurcação acontece foi indicada por Stramma & Ikeda (1990) como sendo em 10º S. Segundo Rezende (2010), a circulação na margem leste brasileira é altamente influenciada pela bifurcação da CSE, e a sua variabilidade sazonal. A CSE compõe a parte norte do giro subtropical do Atlântico Sul, trazendo águas subtropicais da região da Corrente de Benguela para as proximidades da costa brasileira, no entorno de 14º S. Neste ponto, a CSE se bifurca, originando a Subcorrente Norte do Brasil (SNB), que flui para norte, e a CB, que flui para sul (RODRIGUES et al., 2007). Rodrigues et al., (2007) indicaram que nos primeiros 200 m da coluna d’água, a bifurcação atinge seu ponto mais ao sul em julho, em latitudes próximas a 17ºS, e em novembro, encontra-se na sua posição mais ao norte, em aproximadamente 13ºS. Quando a bifurcação da CES se move para sul, o transporte da CB diminui, e o da SNB aumenta. Embora ainda não esteja suficientemente documentada, a influência da corrente de contorno oeste deve ser expressiva na estreita plataforma continental da região. As oscilações sazonais na posição da bifurcação da CSE e da Zona de Convergência Inter Tropical (ZCIT) dificultam maiores considerações a respeito da resposta das correntes locais às forçantes geradas pela corrente de contorno oeste e pelos ventos alísios. No Atlas de Cartas Piloto da Marinha do Brasil há indicações de que o fluxo superficial nessa região possui direção sul na maior parte do ano, com exceção do período entre junho e agosto, quando os ventos alísios de sudeste apresentam suas intensidades máximas (CASTRO; MIRANDA, 1998). Em 15º S, devido ao alargamento da Plataforma Continental, a Corrente do Brasil se afasta da costa, embora às vezes, meandre em direção à plataforma interna. Stramma & Ikeda (1990) consideram a possibilidade da existência de uma célula de recirculação nesta área (Figura II.5.1.3.33). Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-23/61 FIGURA II.5.1.3.23 – Caracterização da circulação da Plataforma Leste Brasileira com a célula de recirculação costeira (setas pontilhadas). Fonte: Stramma & Ikeda (1990). Fragoso (2004), em estudo de modelagem numérica utilizando o modo prognóstico do POM (Princeton Ocean Model), observou a ocorrência de um grande vórtice anitciclônico, com diâmetro chegando a alcançar 300 km em região próxima ao BM-CAL-13 (Figura II.5.1.3.34). Essa feição também foi verificada nos resultados obtidos por Paula et al. (2004) através de modelagem numérica. A Figura II.5.1.3.35 apresenta a velocidade média do período entre novembro e dezembro de 2001, obtida pelo modo diagnóstico do POM , ou seja, com valores de temperatura e salinidade fixos. Comparando-se os resultados desses autores, observa-se que o vórtice apresentou dimensões e posicionamento similares. Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-24/61 FIGURA II.5.1.3.24 – Campo de vorticidade relativa (s-1) e velocidade em superfície obtidos por Fragoso (2004) para janeiro de 1999. Fonte: Fragoso (2004). FIGURA II.5.1.3.25 – Velocidade em superfície (m/s). Fonte: Paula et al., 2005. Analisando o caráter sazonal do vórtice da costa da Bahia, observa-se que este apresenta grande variabilidade de posicionamento e intensidade, segundo os resultados obtidos por Fragoso (2004). No verão, apresentou-se maior e posicionado mais a leste. Já no inverno, esteve mais próximo à costa e com diâmetro menor, menos de 100 km (Figura II.5.1.3.36). Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-25/61 Estes resultados são reforçados por Soutelino et. al (2011). Baseado em dados coletados em situ e análises de modelos de circulação, os autores sugerem - em uma primeira análise - que a circulação na região a norte de 20ºS seja dominada por vórtices. FIGURA II.5.1.3.26 – Campo de vorticidade relativa (s-1) e velocidade em superfície obtidos por Fragoso (2004) para julho de 1999. Para uma análise complementar da sazonalidade da circulação na região do BM-CAL-13, foram utilizados os dados da Análise Global do projeto MyOcean (www.myocean.eu.org) para o período compreendido entre 09 de maio de 2011 e 09 de maio de 2012. Este projeto disponibiliza diariamente os resultados da análise global do estado dos oceanos, com resolução de 1/6º. O modelo oceânico numérico utilizado no MyOcean é o Nucleus for European Models of the Ocean (NEMO) versão 3.1, forçado pelos campos atmosféricos obtidos da Análise do European Centre for Medium-Range Weather Forecasts (ECMWF). O NEMO assimila dados de correntes, elevação da superfície e TSM obtidos de satélites, além de dados de temperatura e salinidade obtidos in situ passando por um criterioso controle de qualidade (LARNICOL et al., 2006). Maiores detalhes sobre o Projeto podem ser encontrados em Bahurel (2008). Os campos médios sazonais de circulação superficial para a região de estudo são apresentados da Figura II.5.1.3.37 e na Figura II.5.1.3.38. Nestes campos, as estações representam a média para os seguintes meses: verão (janeiro a março), e inverno (julho a setembro). Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-26/61 FIGURA II.5.1.3.27 – Campo médio de correntes superficiais para o período de verão. Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-27/61 FIGURA II.5.1.3.28 – Campo médio de correntes superficiais para o período de inverno. No verão, a CB apresentou velocidades médias da ordem de ~0,8 m/s na região próxima aos Blocos, com fluxo para S, seguindo a orientação da linha de costa. A circulação superficial média no inverno apresenta correntes dirigidas para NW na região dos BM-CAL-13, ao norte do bloco o fluxo segue para NNE acompanhando a orientação da linha de costa. Este circulação é forçada pelos ventos de SE, e pela bifurcação da CSE que ocorre ao sul do bloco neste período. Através dos dados do MyOcean, também foram elaboradas seções verticais cruzando a área do bloco (Figura II.5.1.3.39), para avaliar a estrutura vertical de correntes na região do BM-CAL-13. Durante o verão (Figura II.5.1.3.40) a CB é encontrada a oeste do bloco, sendo uma corrente rasa de fluxo superficial e subsuperficial para S. O núcleo de velocidades de corrente no sentido N, provavelmente está associado a passagem da SNB na região. No inverno não há sinal da CB na região, sendo marcante a intensificação no fluxo para N da SNB, com núcleo em aproximadamente 400 m de profundidade. Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-28/61 FIGURA II.5.1.3.29 – Localização das seções verticais (linha amarela) elaboradas com os dados do MyOcean. FIGURA II.5.1.30 – Média de verão da componente de velocidade de corrente normal à seção vertical utilizada. O triângulo na parte superior da figura indica a posição aproximada do Bloco BM-CAL-13. Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-29/61 FIGURA II.5.1.3.31 – Média de inverno da componente de velocidade de corrente normal à seção vertical utilizada. O triângulo na parte superior da figura indica a posição aproximada do Bloco BM-CAL-13. Para avaliação das correntes na região do bloco, foram extraídos os resultados de um ponto de grade do MyOcean localizado na região do BM-CAL-13 (Figura II.5.1.3.42). A série temporal de velocidades de corrente superficiais na região do bloco, para o período entre 09 de maio de 2011 e 09 de maio de 2012 pode ser vista na Figura II.5.1.3.43. Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-30/61 FIGURA II.5.1.3.32 – Localização do ponto de grade do MyOcean, do qual foram extraídos os perfis de corrente. FIGURA II.5.1.3.33 – Série temporal de correntes na região do BM-CAL-13. A série temporal demonstra maior ocorrência de correntes para N/NW no período entre abril e agosto, e maior predominância de correntes para S entre setembro e março. As maiores velocidades de corrente observadas foram de ~0,75 m/s no mês de janeiro. Na Figura II.5.1.3.44 são apresentados os perfis médios de corrente, calculados para o período de verão e inverno. Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-31/61 FIGURA II.5.1.3.34 – Perfis médios de corrente para verão (esquerda) e inverno (direita). As cores dos círculos, bem como o seu diâmetro são proporcionais à velocidade da corrente. Os perfis demonstram que no ponto analisado, não é verificada uma influência direta da CB, mas sim da SNB. No período de verão, em superfície, há um fluxo médio para SW, de baixas intensidades (~0,1 m/s). Em subsuperfície, as correntes médias passam a se dirigir para NW, provavelmente como parte da SNB, apresentando um núcleo de maiores intensidades entre 200 e 400 m de profundidade. Em maiores profundidades, as correntes apresentam um giro no sentido anti-horário, passando para SW entre 1200 e 2000 m de profundidade. No inverno, como demonstrado anteriormente, o fluxo superficial médio é para NW, e girando para NNW e se intensificando com o núcleo da SNB (entre ~200 e 400 m). Em direção ao fundo, ocorre o mesmo padrão verificado no verão, caracterizado por um giro das correntes no sentido anti-horário, passando para SW abaixo de 1200 m de profundidade. F. Regime de ondas Existem três principais zonas de geração de ondas no Atlântico Sul, associadas a três centros de circulação de ventos: i) o cinturão extra-tropical de tempestades de médias e altas latitudes; ii) o Anticiclone Subtropical do Atlântico Sul (ASAS); iii) o cinturão dos ventos alísios. Este último, localizado entre 10°S e 20°S, é caracterizado por uma alta frequência de ventos com velocidade mínima de 5m/s, que é a mínima necessária para gerar ondas capazes de produzir alguma mudança geomórfica significativa ao longo da linha de costa (DAVIES, 1972). Segundo INOCENTINNI et al. (2001), a região Nordeste, de Natal (RN) até Vitória (ES), é atingida por ondas que chegam geralmente de leste e nordeste, formadas por ventos do flanco esquerdo do ASAS. Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-32/61 O cinturão de tempestades, entre 47°S e 56°S, é a mais importante e mais definida zona de geração de ondas no Atlântico Sul (DAVIES, 1972). Trata-se de uma região instável com frequente formação de ciclones extratropicais e ventos com velocidades médias superiores a 17 m/s. Essas tempestades são capazes de gerar pistas enormes com geração de ondas que podem chegar a 2,5 m, responsáveis pelas condições extremas de mar observadas na região do Bloco BM-CAL-13. Por causa da extrema constância na velocidade e na direção dos ventos alísios durante a primavera e o verão, e da disposição geográfica da costa do Estado da Bahia, localizada inteiramente dentro do cinturão dos ventos alísios, as ondas geradas por esses ventos influenciam fortemente os processos costeiros (DOMINGUEZ et al., 1992; MARTIN et al., 1998; BITTENCOURT et al., 2000). A situação acima descrita pode ser observada nas Figura II.5.1.3.45 e Figura II.5.1.3.46, onde são presentados mapas de altura significativa e período de pico, representativos desta condição de mar. FIGURA II.5.1.3.35 – Campo de altura significativa em metros e direção para a região nordeste do oceano Atlântico Sul. Fonte: Projeto Atlasul. Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-33/61 FIGURA II.5.1.3.36 – Campo de período de pico em segundos e direção para a região nordeste do oceano Atlântico Sul. Fonte: Projeto Atlasul. Na Figura II.5.1.3.45 são observados valores de altura significativa em torno de 1,5 metros, com períodos de pico em torno de 7 segundos (Figura II.5.1.3.46), provenientes da situação de mar descrita anteriormente. Nestes dois campos acima, nota-se também a influência de um swell de sul penetrando na região. As nomenclaturas swell e wind sea, equivalentes a marulho e vaga, são amplamente utilizadas na literatura técnica, mesmo em língua portuguesa, para designar ondas fora da ou sob a influência do vento e serão empregadas neste estudo. Em algumas situações, porém, essa região apresenta-se inteiramente dominada pelos ventos alísios, gerando pistas enormes com ventos de sudeste. Essa situação pode ser observada na Figura II.5.1.3.47. Nesta, observam-se os valores típicos da situação de mar sob influência de pista de SE, com alturas significativas em torno de 2,0-2,5 metros e períodos de pico de 10 a 15 segundos, com a ondulação vinda de sudeste. Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-34/61 FIGURA II.5.1.3.37 – Campo de altura significativa em metros e direção para a região nordeste do oceano Atlântico Sul. Fonte: ATLASUL. A Figura II.5.1.3.48 ilustra o cenário no qual estão presentes ondas associadas aos dois principais sistemas formadores de ondas para a região descritos anteriormente (Alísios de sudeste e cinturão das tempestades). Pode-se observar o cinturão dos alísios e o flanco esquerdo do ASAS, ondas geradas localmente (wind sea) de E/SE, associado aos ventos locais, e ondas de Sul (swell), geradas remotamente atingindo a região. Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-35/61 FIGURA II.5.1.3.38 – Acima, campo de vento a 10 metros exemplificando um cenário típico na região, representando o domínio dos alíseos de sudeste. Abaixo a esquerda, campo de ondas do tipo windsea e a direita, campo de ondas do tipo swell, associados ao mesmo cenário do campo de ventos acima. Fonte ATLASUL. Como dito anteriormente, o estado da Bahia está localizado inteiramente no dito cinturão dos alísios, porém, cenários nos quais ventos do ASAS atuam na região são frequentes, gerando ondas de leste e nordeste, principalmente na estação do inverno quando o ASAS encontra-se em sua posição mais setentrional. Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-36/61 Devido à escassez de medições de ondas na costa brasileira, especialmente de campanhas de longa duração, a modelagem numérica torna-se essencial para caracterização do estado do mar ao longo do litoral e áreas offshore do Brasil. Medições diretas de ondas são escassas na costa brasileira e muitas vezes os dados existentes são privados e não disponibilizados para a comunidade científica. Soma-se a isso o fato de que as medições são normalmente de limitada duração. Portanto, a utilização de modelos de ondas é amplamente usada por permitir a análise de séries extensas e amplas de dados. Tais modelos utilizam séries de dados de vento e de batimetria para simular a formação e dispersão de ondas ao longo de um domínio específico. Neste relatório foram utilizados dados oriundos de dois modelos, um hindcast do WaveWatch-III e dados do projeto ERA-40. Primeiramente a reconstituição da agitação marítima será realizada com o modelo de ondas WaveWatch-III, em escala global, resolução espacial de 1o, forçado por ventos oriundos da Reanálise da NOAA/NCEP, para o período de 01 de janeiro de 1979 a 31 de dezembro de 2011, com resultados gravados a cada 3 horas. Informações e documentação de todas as versões do modelo de ondas WaveWatch-III podem ser encontradas no seguinte endereço eletrônico: http://polar.ncep.noaa.gov/waves/wavewatch/. Para o estudo em questão, foi utilizada a versão 2.22 e informações técnicas referentes à utilização e instalação do modelo encontram-se em Tolman (2002). O ponto de grade utilizado tem coordenadas 15o S e 38o W, cuja localização pode ser observada na Figura II.5.1.3.49, em região com lâmina d’água de aproximadamente 3152 metros. FIGURA II.5.1.3.39 – Localização do ponto para o qual foram utilizados os resultados do modelo WaveWatch-III neste relatório. Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-37/61 No diagrama de dispersão de altura x direção das ondas (Figura II.5.1.3.50), pode-se verificar que existem duas direções predominantes para as maiores ondas, ESE e SSE. Essa predominância evidenciada nesse gráfico elaborado com 30 anos de dados reforça a tese de que o cenário meteoceanográfico apresentado na Figura II.5.1.3.48 é o cenário climático mais frequente na região. FIGURA II.5.1.3.40 – Diagrama de dispersão de altura significativa (Hs) por direção média das ondas. Pela localização do ponto, praticamente não há ondas do quadrante oeste (SW, W e NW), embora ondas de formação local possam ser geradas dessa direção. A Tabela II.5.1.3.2 , detalha esses resultados. Os máximos de altura estão associados ao quadrante SE. A direção mais frequente é de Leste, com 65%, seguida por Sudeste, com 27%. A condição de mar mais frequente apresenta ondas com altura significativa entre 1,0 e 2,0 metros, nas direções E e SE. TABELA II.5.1.3.2 – Correlação entre altura significativa e direção média. Direção -> N NE E SE S SW W NW n. Freq ocorrência (%) Hs (m) 0 0,5 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0,5 1 0 25 1339 366 1 0 0 0 1731 3,59 1 1,5 2 872 14441 4288 116 0 0 0 19719 40,9 1,5 2 3 1516 11807 4970 270 0 0 0 18566 38,51 2 2,5 6 261 2924 2484 307 0 0 0 5982 12,41 2,5 3 0 16 654 770 177 0 0 0 1617 3,35 3 4 0 3 168 247 157 0 0 0 575 1,19 4 5 0 0 7 9 6 0 0 0 22 0,05 5 6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 >6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 n. ocorrências 11 2693 31340 13134 1034 0 0 0 Freq (%) 0,02 5,59 65 27,24 2,14 0 0 Maio/2013 0 Revisão 00 II.5.1.3-38/61 Na Figura II.5.1.3.51, pode ser visualizada a distribuição de período por altura para swell e wind sea. Embora as duas distribuições sejam, praticamente, normais, nota-se que aquela referente ao swell (a) possui ocorrências em períodos mais elevados, de até 20 segundos, embora as maiores alturas (> 3 m) estejam concentradas entre 10 e 15 s. Para o wind sea (b), as maiores ondas (> 3 m) estão associadas a períodos de 7 a 11 s. Os detalhes dessa distribuição podem ser vistos na Tabela II.5.1.3.3 e na Tabela II.5.1.3.4. De maneira geral, as ondas do tipo wind sea apresentaram maiores alturas, associadas a menores períodos de ondas, entre 1,0 e 2,0 m (63 %) e entre 5 e 8 s (78 %), enquanto o swell, entre 0,5 e 1,5 m (60 %) e 6 e 10 s (62 %). (a) (b) FIGURA II.5.1.3.41 – Diagrama de dispersão para altura e período de pico para swell (a) e wind sea (b). Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-39/61 TABELA II.5.1.3.3 – Correlação entre altura e período (T) do swell. Altura/Período 2a4 4a6 6a8 8 a 10 10 a 12 12 a 14 14 a 16 16 a 18 n. ocorrencias % 0 0,5 1 52 1053 3285 3770 2050 860 225 11296 23,73 0,5 1 3 474 4819 3667 3241 2109 753 116 15182 31,89 1 1,5 0 138 6916 3952 1337 818 348 65 13574 28,51 1,5 2 0 1 1680 3293 589 293 100 20 5976 12,55 2 2,5 0 0 62 855 203 97 6 0 1223 2,57 2,5 3 0 0 1 170 69 45 5 0 290 0,61 3 4 0 0 0 18 31 7 6 0 62 0,13 4 5 0 0 0 0 7 0 0 0 7 0,01 5 6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 >6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 n. ocorrências 4 665 14531 15240 9247 5419 2078 426 Freq (%) 0,01 1,4 30,52 32,01 19,42 11,38 4,36 0,89 TABELA II.5.1.3.4 – Correlação entre altura e período (T) do wind sea. Altura/Período 2a4 4a6 6a8 8 a 10 10 a 12 12 a 14 14 a 16 16 a 18 n. ocorrencias % 0 0,5 752 161 52 2 0 0 0 0 967 3,39 0,5 1 661 2959 1633 87 9 0 0 0 5349 18,78 1 1,5 19 2856 7279 645 40 7 0 0 10846 38,07 1,5 2 0 669 5049 1551 90 9 3 0 7371 25,87 2 2,5 0 32 1451 1143 92 5 0 0 2723 9,56 2,5 3 0 0 332 468 30 16 1 0 847 2,97 3 4 0 0 123 208 25 14 1 0 371 1,3 4 5 0 0 0 8 5 0 0 0 13 0,05 5 6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 >6 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 n. ocorrências 1432 6677 15919 4112 291 51 5 0 Freq (%) 5,03 23,44 55,88 14,43 1,02 0,18 0,02 0 Deve-se levar em consideração que swell são ondas que não são capazes de receber energia do vento local. Portanto, podem apresentar menor contribuição no espectro, caso o vento local esteja, por exemplo, em sentido contrário à sua propagação, dando lugar a espectros multimodais, tanto em duas (frequência x energia), quanto em três dimensões (frequência x energia x direção). Na Figura II.5.1.3.52, é apresentado um exemplo de espectro polar, retirado do site do projeto ATLASUL (http://www.lamma.ufrj.br/spo) para a estação de Salvador, mais próxima do BM-CAL-13, no qual pode-se perceber a presença de diversos sistemas de onda de direção SE (principal), E e NE, lembrando que, pela convenção adotada no site, as ondas estão representadas como rumo (para onde vão). Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-40/61 FIGURA II.5.1.3.42 – Espectro polar multimodal de ondas da região da Bacia de CamamuAlmada mostrando a presença de diversos sistemas. Levando-se em conta a direção do vento (SE), há um swell de SE (T ~ 12 s) e NE (T ~ 11 s) e wind sea de E (T ~ 7 s). Fonte: ATLASUL. Na Figura II.5.1.3.53, podemos verificar que para o swell, os maiores períodos estão associados com as direções NE e S, seguidas por SE. Na primeira, as ondas são formadas pelo vento gerado pelo ASAS, que por ter mais pista pode gerar ondas de longo período. No segundo caso, as ondas são geradas remotamente no cinturão das tempestades, onde tanto o ciclone extratropical, quanto o anticiclone polar, podem formar longas pistas, gerando, assim, ondas com período elevado. Os maiores períodos de wind sea estão associados às direções leste e sudeste, relacionados com as longas pistas de formação de ondas propiciadas pelos ventos alísios, como exemplificado pela Figura II.5.1.3.47. Os resultados detalhados dessas figuras podem ser vistos na Tabela II.5.1.3.5 e na Tabela II.5.1.3.6. Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-41/61 FIGURA II.5.1.3.43 – Diagrama de dispersão para direção e período para swell (acima) e wind sea (abaixo). TABELA II.5.1.3.5 – Correlação de direção e período para o swell. Altura/Período N NE E SE S SW W NW n. ocorrencias % 2 4 0 1 2 0 0 1 0 0 4 0,01 4 6 1 237 349 36 42 0 0 0 665 1,39 6 8 1 775 11556 1558 641 0 0 0 14531 30,48 8 10 0 1087 8343 3280 2530 0 0 0 15240 31,96 10 12 0 219 814 2145 6069 0 0 0 9247 19,39 12 14 0 79 29 877 4434 0 0 0 5419 11,37 14 16 0 72 2 264 1740 0 0 0 2078 4,36 >16 0 12 0 45 440 0 0 0 497 1,04 n. ocorrências 2 2482 21095 8205 15896 1 0 0 Freq (%) 0 5,21 44,24 17,21 33,34 0 0 0 Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-42/61 TABELA II.5.1.3.6 – Correlação de direção e período para o wind sea. Altura/Período N NE E SE S SW W NW n. ocorrencias % 2 4 46 476 363 269 254 16 5 3 1432 5,03 4 6 66 3398 1985 568 658 2 0 0 6677 23,44 6 8 6 2041 11420 1631 821 0 0 0 15919 55,88 8 10 0 17 3298 618 179 0 0 0 4112 14,43 10 12 0 0 113 79 99 0 0 0 291 1,02 12 14 0 0 2 12 37 0 0 0 51 0,18 14 16 0 0 0 1 4 0 0 0 5 0,02 >16 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 n. ocorrências 118 5932 17181 3178 2052 18 5 3 Freq (%) 0,41 20,82 60,31 11,16 7,2 0,06 0,02 0,01 No diagrama polar relativo à direção média (Figura II.5.1.3.54), pode-se notar que este se concentra principalmente entre E, e SE. Na Figura II.5.1.3.55, o gráfico polar de distribuição de direções do swell indica que esse tipo de ondulação tem origem de Sul, Sudeste e Leste. No mesmo tipo de distribuição para o wind sea (Figura II.5.1.3.56), evidencia-se novamente a predominância de ventos de E, NE e SE, gerando localmente ondas nestas direções. FIGURA II.5.1.3.44 – Diagrama polar de distribuição de direção média. Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-43/61 FIGURA II.5.1.3.45 – Diagrama polar de distribuição de direção do swell. FIGURA II.5.1.3.46 – Diagrama polar de distribuição de direção do wind sea. O histograma de altura significativa (Figura II.5.1.3.57 - a) indica que o valor típico desse parâmetro é 1,5 m, mas alturas de até 2,5 m são observadas com frequência. Seja em medições, seja em modelagem, valores de Hs inferiores a 1,0 são bastante raros, como indicado no gráfico. Grande parte do swell (Figura II.5.1.3.57 b) possui altura reduzida, entre 0,5 e 1,0 m. Já para o wind sea (Figura II.5.1.3.57 - c), as maiores ocorrências são para as classes centradas em 1,0 e 1,5 m. Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-44/61 (a) (b) c) FIGURA II.5.1.3.47 - Distribuição de alturas para altura significativa (a), swell (b) e wind sea (c), em classes de 0,5 m. Na Tabela II.5.1.3.7, estão assinaladas o número de ocorrências nas principais classes, para altura significativa, swell e wind sea. Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-45/61 TABELA II.5.1.3.7: Distribuição das ocorrências de cada classe de altura para Hs, swell e wind sea. Altura 0-0,5 Altura Significativa ocorr. % 0 0,00 Swell Wind Sea ocorr. 11369 % 23,83 ocorr. 967 % 3,39 0,5-1,0 1731 3,59 15187 31,84 5349 18,77 1,0-1,5 19719 40,90 13576 28,46 10846 38,07 1,5-2,0 18566 38,51 5977 12,53 7371 25,87 2,0-2,5 5982 12,41 1223 2,56 2723 9,56 2,5-3,0 1617 3,35 290 0,60 847 2,97 3,0-4,0 575 1,19 62 0,13 371 1,30 4,0-5,0 22 0,05 7 0,01 13 0,04 5,0-6,0 0 0,00 0 0 0 0 > 6,0 0 0,00 0 0 0 0 total 48212 100,0 47691 100,0 28487 100,0 Na Figura II.5.1.3.58 observa-se a série temporal dos 4 últimos anos da modelagem, para o ponto utilizado na análise, com o intuito de se analisar padrões de variação sazonal nas variáveis. Nota-se uma oscilação senoidal no sinal das três variáveis analisadas, indicando uma modulação sazonal, com máximos no período de inverno e mínimo no verão. Essa oscilação apresenta-se mais marcante no sinal do wind sea, associado à oscilação na intensidade do campo de vento local. No sinal do swell, nota-se a oscilação sazonal mais pela maior amplitude de intensidade nos períodos de inverno, associadas à maior presença de sistemas meteorológicos formadores de swell em regiões mais ao sul e à maior frequência na passagem de sistemas frontais pela região. Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-46/61 FIGURA II.5.1.3.48 - Variação da altura média mensal (linha cheia) para os últimos 4 anos anos da modelagem no WWIII, para Hs (acima), swell (no meio) e wind sea (abaixo). Na Figura II.5.1.3.59, evidencia-se o ciclo sazonal da altura significativa média (a), sendo observados dois picos principais, em maio e setembro. No mesmo gráfico, percebe-se que as alturas tendem a ser maiores no período central do ano, entre o fim do outono (maio) e meados da primavera (novembro). Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-47/61 FIGURA II.5.1.3.49 - Valores médios (acima) e máximos (abaixo) mensais da altura significativa. O gráfico referente às alturas médias do swell (Figura II.5.1.3.60) indica pequena variação, cerca de 0,20 m, ao longo do ano, enquanto para as alturas máximas, os maiores valores estão concentrados entre abril e outubro, com um pico em setembro. Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-48/61 FIGURA II.5.1.3.50 - Valores médios (acima) e máximos (abaixo) mensais do swell. Assim, como nas séries temporais mostradas na Erro! Fonte de referência não encontrada., o comportamento das alturas médias e máximas (Figura II.5.1.3.61) do wind sea é análogo ao da altura significativa. Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-49/61 FIGURA II.5.1.3.51: Valores médios (a) e máximos (b) mensais do wind sea. Na Tabela II.5.1.3.8, estão listados os valores médios e máximos de Hs, swell e wind sea, para todo o período simulado. TABELA II.5.1.3.2 - Valores médios e máximos mensais para altura significativa, swell e wind sea. Hs Swell Wind Sea Mês média máxima média máxima média máxima JAN 1,34 2,90 0,65 2,10 1,21 2,80 FEV 1,29 2,60 0,68 2,10 1,12 2,60 MAR 1,32 2,90 0,80 2,60 1,06 2,90 ABR 1,46 3,80 0,94 3,20 1,17 3,60 MAI 1,61 4,10 1,00 3,30 1,35 4,10 JUN 1,79 3,90 1,08 3,40 1,64 3,80 JUL 1,89 4,50 1,12 3,20 1,78 4,40 AGO 1,84 4,10 1,10 3,60 1,69 4,10 SET 1,76 4,70 1,09 4,70 1,51 4,70 OUT 1,61 3,80 0,91 3,10 1,38 3,80 NOV 1,57 3,50 0,83 2,90 1,39 3,30 DEZ 1,41 3,70 0,69 2,20 1,27 3,70 Em resumo, a agitação marítima com características de wind sea (mar de formação local) na área da Bacia de Camamu-Almada analisada tem, basicamente, 2 fontes principais: o anticiclone semipermanente do Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-50/61 Atlântico Sul (ASAS), que pode gerar ondas das direções nordeste, e leste, e os ventos alísios, podendo gerar ondas das direções sudeste e leste, sendo essa última a mais importante nesse sistema. Sistemas frontais em evolução na região também geram wind sea, mas sua contribuição é pequena em relação às outras fontes. Já a agitação marítima com características de swell possui como fontes principais a evolução de sistemas frontais vindos do sul e os ventos alísios. Embora o modelo tenha sido utilizado em escala global, não foi possível distinguir claramente a contribuição de ondas tipo swell com geração longínqua, como as descritas por Branco (2005) e Alves (2006). A Tabela II.5.1.3.9 sintetiza esses resultados. Como já mencionado, todos são oriundos da simulação realizada com o WaveWatch-III. TABELA II.5.1.3.9 - Resumo das situações dominantes de mar na Bacia de CamamuAlmada, no ponto de coordenadas 15ºS;038ºW. Sistema Associado ASAS / Alísios Frontogênese HS (m) o TP (s) Dir ( ) Tipo wind sea até 4,0 3 a 11 NE-E-SE até 4,0 5 a 16 NE-E–SE swell até 4,0 3 a 10 S wind sea até 3,0 6 a 12 S swell Dados de modelagem numérica provenientes do projeto ERA-40 também foram utilizados na caracterização da agitação marítima na região próxima ao BM-CAL-13. O projeto ERA-40 tem como objetivo produzir análises globais diárias do estado atmosférico, terrestre e dos oceanos, num período compreendido entre 1957 a 2001, com resolução espacial de 2,5°, e temporal de 6h. Esta abordagem levará em consideração os dados de altura significativa (Hs), direção (Dm) e período médios (Tm), para todo o período (1957 a 2001), no ponto de grade mais próximo ao Bloco BM-CAL-13. Os dados do ERA-40 podem ser obtidos a partir da página: http://data-portal.ecmwf.int/data/d/era40_daily/. A localização do ponto de grade do ERA-40 utilizado é apresentada na Figura II.5.1.3.62. Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-51/61 FIGURA II.5.1.3.52 - Localização do ponto de grade do ERA-40, de onde foram extraídos os dados utilizados para a caracterização na região próxima ao BM-CAL-13. Na Tabela II.5.1.3.10, Tabela II.5.1.3.11 e Tabela II.5.1.3.12, são apresentadas, respectivamente, as ocorrências conjuntas entre direção e altura significativa, direção e período médio e período médio por altura significativa, elaboradas com os dados do ERA-40. TABELA II.5.1.3.10 - Ocorrência conjunta entre direção e altura significativa de onda. Direção -> Hs (m) 0.50 1.00 1.00 1.50 1.50 2.00 2.00 2.50 2.50 3.00 >3 Total Freq (%) Maio/2013 N NE E SE S SW W NW Total Freq (%) 0 2 4 2 1 0 9 0.05 11 277 158 12 1 0 459 2.79 321 4093 1447 134 9 1 6005 36.54 203 4547 2881 555 71 3 8260 50.26 3 454 812 345 79 10 1703 10.36 0 0 0 0 0 0 0 0.00 0 0 0 0 0 0 0 0.00 0 0 0 0 0 0 0 0.00 538 9373 5302 1048 161 14 16436 3.27 57.03 32.26 6.38 0.98 0.09 Revisão 00 II.5.1.3-52/61 TABELA II.5.1.3.11 - Ocorrência conjunta entre direção e período médio. Direção -> Tm (s) 5.00 6.00 6.00 8.00 8.00 10.00 10.00 12.00 12.00 14.00 > 14 Total Freq (%) N NE E SE S SW W NW Total Freq (%) 3 6 0 0 0 0 9 0.05 116 322 11 8 2 0 459 2.79 71 5119 800 15 0 0 6005 36.54 11 3466 4526 253 4 0 8260 50.26 0 312 883 496 12 0 1703 10.36 0 0 0 0 0 0 0 0.00 0 0 0 0 0 0 0 0.00 0 0 0 0 0 0 0 0.00 201 9225 6220 772 18 0 16436 1.22 56.13 37.84 4.70 0.11 0.00 TABELA II.5.1.3.3 - Ocorrência conjunta entre período médio e altura significativa. Tm (s) -> Hs (m) 0.50 1.00 1.00 1.50 1.50 2.00 2.00 2.50 2.50 3.00 >3 Total Freq (%) 5-6 6-7 7-8 8-9 9-10 10-11 11-12 >12 Total Freq (%) 12 175 14 0 0 0 201 1.22 162 1944 721 69 0 0 2896 17.62 263 3931 1733 343 57 2 6329 38.51 92 2483 1435 317 52 5 4384 26.67 9 714 913 160 35 5 1836 11.17 0 117 385 100 11 0 613 3.73 0 9 93 50 5 2 159 0.97 0 0 8 9 1 0 18 0.11 538 9373 5302 1048 161 14 16436 3.27 57.03 32.26 6.38 0.98 0.09 Observam-se ondas predominantemente de SE (50,26%) e E (36,54%), com classes de altura e de período mais frequentes variando de 1 a 1,5 m (57,03%) e de 6 a 8 s (56,13%), respectivamente. Para avaliação da variação sazonal do regime de ondas, na Tabela II.5.1.3.13 é apresentada a variação mensal de altura significativa e período médio (Tm), na região próxima ao Bloco BM-CAL-13, com os dados do ERA-40. TABELA II.5.1.3.4: Estatística mensal das ondas. Fonte: ERA-40. Mês Maio/2013 Altura (Hs) (m) Período Médio (s) Média Máxima Média Máxima JAN 1.27 2.34 7.40 11.53 FEV 1.24 2.67 7.77 11.70 MAR 1.33 2.37 8.28 13.45 ABR 1.46 3.02 8.48 12.95 MAI 1.60 3.01 8.41 11.94 JUN 1.65 3.34 8.19 13.53 JUL 1.68 3.62 8.04 12.33 AGO 1.62 3.12 8.04 11.92 SET 1.57 3.09 7.97 12.12 OUT 1.49 2.70 7.72 11.67 NOV 1.44 2.55 7.59 11.65 DEZ 1.33 3.00 7.47 12.33 Revisão 00 II.5.1.3-53/61 O período de outono/inverno aparece como o mais energético, em geral apresentando os maiores valores de altura significativa e período, como evidenciado na Tabela II.5.1.3.13. Algumas diferenças podem ser observadas entre as bases utilizadas como, por exemplo, a maior incidência de ondas da direção E em relação a SE na distribuição da altura significativa no WWIII e o contrário, nos dados do ERA-40. Essas diferenças estão associadas, possivelmente, por diferenças no posicionamento das feições atmosféricas utilizadas como input nos dois modelos, que podem gerar diferenças na direção da propagação das ondas. Porém, de forma geral, os dados do ERA-40 e do hindcast do WWIII apresentam o mesmo padrão para a região analisada, em termos de distribuição de direções, altura, período, e comportamento sazonal. G. Regime de maré Podemos classificar a maré quanto ao seu período, ou seja, pode-se determinar se a maré é diurna, semidiurna, mista principalmente diurna ou mista principalmente semi-diurna (POND; PICKARD, 1978). Para classificar a maré, calcula-se um fator que leva em consideração a amplitude das principais componentes diurnas e semi-diurnas. Segundo Pond & Pickard (1978), esse fator é definido por: K O1 F 1 M 2 S 2 De acordo com essa classificação temos: F = 0 a 0,25: Maré semi-diurna, ou seja, a maré cujo período é de aproximadamente 12h. Neste caso, tem-se duas marés altas e duas marés baixas em 24 horas. A altura de uma preamar é praticamente igual a outra, o mesmo acontecendo com a baixamar. F = 0,25 a 1,5: Maré mista, principalmente semi-diurna, ou seja, a maré com grandes diferenças de altura entre suas preamares e baixamares. Essa maré é, na maioria das vezes, semi-diurna, podendo ser diurna em algumas épocas do ano. F = 1,5 a 3,0: Maré mista, principalmente diurna, ou seja, a maré com grandes diferenças de altura entre suas preamares e baixamares. Essa maré é, na maioria das vezes, diurna, podendo ser semidiurna em algumas épocas do ano. F > 3,0: Maré diurna, ou seja, a maré cujo período é de 24h, aproximadamente. Nesse caso, tem-se apenas uma maré alta e uma maré baixa em 24 horas. Para a caracterização da maré na região do BM-CAL-13, foram utilizadas as constantes harmônicas obtidas do modelo global de marés FES-2004 (de “Finite Element Solutions”). Esta é uma versão completamente revisada do modelo hidrodinâmico global de marés iniciado por Le Provorst et al. (1994). Esta nova versão é baseada na resolução das equações barotrópicas de maré em uma nova grade global de elementos finitos (~1 milhão de nodos), que permitem a resolução independente de dados in situ e de sensoriamento remoto. A acurácia destas soluções têm sido otimizada pela assimilação de dados de marégrafos e de altimetria (TOPEX/POSEIDON e ERS-2). São disponibilizados dados de amplitude e fase de 15 constituintes de maré em uma grade com resolução de 1/8º. Uma descrição mais detalhada do FES-2004 pode ser obtida em Lyard et al. (2006). Os dados do FES-2004 podem ser obtidos através de: http://www.aviso.oceanobs.com/. Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-54/61 A partir destes, foram então retirados os dados de fase e amplitude de sete componentes (M2, S2, N2, K2, K1, O1 e Q1) para o ponto localizado na latitude 14,5º S e longitude 38,375º W. A localização desse ponto na Bacia de Camamu-Almada pode ser observada na Figura II.5.1.3.63 e as principais constantes harmônicas da maré local encontram-se na Tabela II.5.1.3.14. FIGURA II.5.1.3.53 - Posicionamento do ponto de grade do FES-2004 utilizado e do Bloco BM-CAL-13. TABELA II.5.1.3.14 - Constantes harmônicas obtidas pelo modelo global de maré FES-2004 no ponto de latitude 14,5 S e longitude 38,375º W. Componente Nome Amplitude (m) Fase (em relação à Greenwitch) Q1 lunar elíptica diurna 0.0176 126.3021 O1 lunar principal diurna 0.0639 163.0025 K1 luni-solar principal diurna 0.0450 245.9289 N2 lunar elíptica semi-diurna 0.1278 181.0803 M2 lunar principal semi-diurna 0.6832 187.7515 S2 solar principal semi-diurna 0.2633 203.4262 K2 luni-solar semi-diurna 0.0700 204.6592 Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-55/61 Exemplos dos campos de amplitude e fase da componente M2 (mais significativa na região) podem ser vistos na Figura II.5.1.3.64 e na FIGURA II.5.1.3.56igura II.5.1.3.65. A amplitude da componente M2 na região da Bacia de Camamu-Almada apresenta um gradiente em direção ao noroeste da Bacia (menores valores a sudeste, e maiores ao noroeste). Na região do BM-CAL-13, a componente M2 apresenta amplitude de aproximadamente 0,68 m e fase de aproximadamente 188º. FIGURA II.5.1.3.54 - Amplitude da componente M2 para região do Bloco BM-CAL-13. Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-56/61 FIGURA II.5.1.3.55 - Fase da componente M2 para região do Bloco BM-CAL-13. Utilizando os valores apresentados na Tabela II.5.1.3.14, podemos concluir que na região de interesse temos: F = 0,1152 – Maré semi-diurna. Podemos calcular também, segundo a formulação de Pond e Pickard (1978), a média da amplitude das marés de sizígia, que nesse caso será: 2(M2+S2) = 1.8929 m. Podemos classificar a maré na região como sendo semi-diurna e com amplitudes médias de maré de sizígia variando em torno de 1.8929 m. Na FIGURA II.5.1.3.56 é apresentada a série de elevação para o ponto utilizado na confecção das tabelas acima, elaborado a partir das constantes harmônicas disponibilizadas pelo FES-2004, para todo o ano de 2011. Foram verificadas alturas máximas de aproximadamente 1,1 m, e mínimas de aproximadamente -1,1 m. Através da figura, podemos concluir que a maré de quadratura na região possui amplitude média da ordem de 80 cm. Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-57/61 FIGURA II.5.1.3.56 - Elevação da superfície do mar (cm) para todo o ano de 2011 De forma complementar, é realizada uma análise de marés utilizando as constantes harmônicas da estação maregráfica de Ilhéus, localizada nas coordenadas 14°47,9’ S e 39°02,3’ W, obtidas no catálogo da FEMAR. A localização desta estação em relação ao Bloco BM-CAL-13 pode ser vista na Figura II.5.1.3.67. Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-58/61 FIGURA II.5.1.3.57 - Localização da estação maregráfica de Ilhéus. As principais componentes harmônicas desta estação estão descritas na Tabela II.5.1.3.15. TABELA II.5.1.3.15 - Constantes harmônicas da estação de Ilhéus, obtidas no catálogo de estações maregráficas da FEMAR. Componente Nome Amplitude (m) Fase (em relação à Greenwitch) Q1 lunar elíptica diurna 0.0240 96 O1 lunar principal diurna 0.0680 126 K1 luni-solar principal diurna 0.0400 198 N2 lunar elíptica semi-diurna 0.1350 101 M2 lunar principal semi-diurna 0.6750 107 S2 solar principal semi-diurna 0.2770 118 K2 luni-solar semi-diurna 0.0750 118 De acordo com a classificação apresentada tem-se para Ilhéus: F=0,11 O que corresponde à maré semidiurna. Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-59/61 Segundo os dados da FEMAR o nível médio do mar na estação é 106 cm. No período de sizígia, as médias variam entre 11 cm e 201 cm e no período de quadratura as médias variam entre 66 cm e 146 cm. Deve-se considerar que essas amplitudes estão acima do nível de redução (NR), ou seja, no nível em que são reduzidas as variações do nível das águas por influência da maré. Na Figura II.5.1.3.68 observa-se a série maregráfica prevista a partir das constantes harmônicas apresentadas da Tabela II.5.1.3.15, para o mês de março de 2011, na estação de Ilhéus. FIGURA II.5.1.3.58 - Série maregráfica da estação de Ilhéus para o mês de março de 2011. H. Condições extremas As regiões sul e sudeste do Brasil são frequentemente influenciadas pela passagem de sistemas frontais. A influência desses sistemas no oceano é expressa em alterações substanciais no regime hidrodinâmico, seja em função de efeitos locais ou de fenômenos sinóticos, tais como a chegada de grandes ondulações geradas, por exemplo, em altas latitudes. As condições extremas de ondas observadas na região podem estar associadas a 3 sistemas sinóticos diferentes: ASAS, passagem de Sistemas Frontais ou deslocamento do anticiclone polar. No caso de domínio do ASAS, ondas com direções de NE-E podem chegar a até 4,0 m de altura significativa, configurando um cenário crítico para operações no mar. Entretanto, as condições mais severas de mar observadas na região estão associadas à evolução de Sistemas Frontais, onde ondulações de SW a SE Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-60/61 podem atingir a região com 5,0 m de altura significativa. A maior passagem de sistemas frontais na região durante o período de inverno e de primavera faz com que esses períodos sejam mais propícios a ocorrência de eventos extremos de ondas. No regime hidrodinâmico, os valores máximos de corrente superficial observados na região próxima ao Bloco BM-CAL-13 apresentaram valores de ~0,75 m/s. Como demostrado pelos resultados do MyOcean, as médias no período de verão são ligeiramente mais elevadas, com velocidades de aproximadamente 0,35 m/s na região onde o Bloco BM-CAL-13 se situa. I. Conclusões A pequena extensão da plataforma continental, menor de toda costa brasileira (aproximadamente 10 Km), a bifurcação da CSE, e o cinturão dos alísios são os principais agentes moduladores das características oceanográficas da região. O regime de correntes apresenta inversão Norte-Sul sazonal, diretamente relacionada ao deslocamento da bifurcação da CSE e formação da CB. Durante o Verão, a bifurcação encontra-se mais ao norte e a CB encontra-se fluindo para Sul na região do BM-CAL-13. Devido à característica da CB de se propagar sobre a quebra da plataforma e esta apresentar uma pequena extensão, observa-se a CB praticamente junto à costa, e o Bloco BM-CAL-13 mais a leste do núcleo mais intenso da corrente. No inverno, quando a bifurcação da CSE se encontra mais ao sul, as correntes superficiais na região se dirigem para NNW. Este fator dinâmico faz com que sejam verificadas variações sazonais significativas nos perfis de salinidade e densidade, principalmente na parte superior da termoclina. A agitação marítima com características de wind sea na área da Bacia de Camamu-Almada tem, basicamente, 2 fontes principais: o ASAS, que pode gerar ondas de nordeste, e leste, e os ventos alísios, podendo gerar ondas de sudeste e leste, sendo essa última a mais importante nesse sistema. Já a ondulação de swell possui como fontes principais a evolução de sistemas frontais vindos do sul e os ventos alísios. As alturas médias das ondas na região, em geral, não ultrapassam os 2 m, entretanto, ondulações com quase 5 m de altura podem atingir a região do BM-CAL-13. Em relação ao regime de marés, verificou-se que as marés de sizígia apresentam amplitudes da ordem de 2 m, e 0,8 m nas marés de quadratura. Maio/2013 Revisão 00 II.5.1.3-61/61