CRI | Centro de Referência em Inovação CRI Nacional Relatório: 15 de Julho de 2015 CRI | Centro de Referência em Inovação 1. Sumário Executivo No dia 15 de Julho de 2015 foi realizado o sexto encontro do CRI Nacional neste ciclo, 2014 – 2015. O evento teve início às 8:30 horas e encerramento as 17:00 horas. O evento contou com grupos de trabalho e debates acerca da gestão da inovação no Brasil, sendo este um encontro com uma abordagem mais prática e dinâmica não contando com palestrantes externos. O professor da FDC, Hugo Tadeu, coordenador do CRI Nacional, conduziu o evento e apresentou resultados de suas pesquisas. O evento contou com participantes de 18 empresas diferentes compondo um grupo de quase 42 pessoas no total. Agenda do dia: 08:30 - 09:00: Recepção e café de boas vindas. 09:00 horas: Abertura do evento, Prof. Hugo Tadeu, FDC 09:00 - 10:30: Mesa Redonda e agenda de debates entre os participantes, Professores Hugo Tadeu e Ana Luiza como facilitadores dos grupos. 10:30 -11:00: Coffee-break. 11:00 - 12:30: Competing Values Framework (CVF) e resultados da pesquisa, Hugo Tadeu, FDC. 12:30 - 14:00: Almoço. 14:00 - 15:30: Elaboração de projetos de grupo e metodologias para solução de problemas. 15:30 - 17:00: Apresentação dos grupos. Banca para análises: Professores Hugo Tadeu e Ana Luiza 17:00: Encerramento. 2. Objetivos As atividades do CRI Nacional possibilitam colocar em ação toda a metodologia de comunidade prática, onde as empresas associadas participaram de diagnósticos constantes das suas práticas de inovação e são objeto de estudos e análises específicas que resultam, entre outros, na preparação de casos de suas práticas de inovação e experiências organizacionais, sempre focando na troca de informação, geração e disseminação de conhecimento. Para esse encontro, especificamente, o foco foi debater os desafios para inovar nas empresas brasileiras, considerando o contexto atual de mercado, restrições financeiras, de pessoal e desafios de futuro. Para auxiliar os debates realizados foram apresentados os resultados da pesquisa realizada junto às empresas participantes, quanto à percepção do estágio de inovação, e assim chegar a soluções a serem adotadas pelas empresas por meio do debate, troca de experiências e análises de resultados. 2 CRI | Centro de Referência em Inovação 3. Mesa Redonda a. Abertura - Professor Hugo Tadeu: A abertura do evento se deu por meio da fala do Professo Hugo Tadeu, coordenador do CRI Nacional. Hugo iniciou comentando sobre a agenda do evento, destacando as atividades do dia e seus objetivos. Posteriormente, apresentou as organizações que aderiram ao novo ciclo do CRI (Oxiteno, 3M, Faber-Castell, Medabil e Governo Federal). Por fim, o professor introduziu a primeira atividade do dia, um espaço de discussão aberta e troca de experiências entre os participantes em um formato de mesa redonda. b. Mesa Redonda Para o debate da Mesa redonda, foram delimitadas duas perguntas a serem respondidas para nortear a discussão, sendo elas: Quais os principais desafios e riscos de sua empresa para inovar? Quais as soluções adotadas no curto e longo prazo para sustentação da inovação? Para responder a tais perguntas, os participantes foram divididos em quatro grupos de acordo com aspectos em comum de suas empresas, quanto ao posicionamento da instituição frente à inovação. Os grupos também escolheram um líder para apresentar aos demais grupos o posicionamento da equipe perante as perguntas. Primeiro Grupo – Líder: Ana Burcharth (FDC) O grupo era composto predominantemente por startups, onde foi defendido que seus riscos e desafios consistiam na falta de credibilidade e desconfiança de grandes empresas sobre seu potencial inovador, ocasionando dessa forma, falta de recursos e dificuldade na formação de redes e parcerias, gerando perda de potencial. As soluções de sustentação da inovação propostas foram a criação e manutenção de um ambiente flexível, com liberdade para errar e assumir riscos, de modo que desta forma seria alcançado um ambiente com segurança e mais propício para a inovação. Segundo Grupo – Líder: Carlos Augusto (Atlas Schindler) Inicialmente foi posto em pauta os desafios e riscos para inovar, onde foi delimitado que ainda existe uma falta de urgência no que diz respeito à inovação nas empresas do grupo. Foi abordada a dificuldade em acompanhar, identificar, responder e promover mudanças de paradigma no mercado, assim como o desconhecimento na delimitação de mecanismos internos para gerir tais pontos. A aversão ao erro foi outro desafio levantado, resultado do ambiente austero empresarial das instituições do grupo, levando os funcionários em geral a não fazer diferente ou propor coisas novas, devido ao temor por errar. Foi também salientado a questão de incertezas que ocasionam riscos quando se trata de inovar, onde o receio destas incertezas vem a ser um fator negativo. Outro desafio anunciado foi à questão da estrutura burocrática empresarial, que abafa desenvolvimento de novas iniciativas e a inovação como um todo. 3 CRI | Centro de Referência em Inovação Destacou-se a necessidade de pensar fora da caixa, onde foi proposto como uma possível solução a criação de um núcleo de fomento a inovação paralelo e externo à empresa, visto que em indústrias, inovações disruptivas são mais difíceis de serem incorporadas. Terceiro Grupo – Líder: Marco Perocco (Coca-Cola) O Grupo defendeu a necessidade de aproveitamento da capacidade interna disponível para inovar, sendo esse o primeiro desafio levantado, visto que as empresas do grupo não possuem ainda um caráter inovador universalizado entre toda a organização. Foi apontada como necessária a adoção de um planejamento estratégico que inclua à estratégia da empresa a inovação, tomando-a como valor e como um dos objetivos foco. Foi proposta a incorporação de uma cultura empresarial voltada para inovação e pela busca continua por qualidade, se dando de maneira vertical sob o organograma da empresa, além do estabelecendo de iniciativas para a capilarização desta cultura em todos os âmbitos da organização. Destacou-se a aversão ao risco como um fator interno impactando negativamente para empresa inovar. Foi salientado que algumas empresas presumem a existência de um trade off entre soluções de curto prazo e longo prazo ocasionada pela má gerencia da inovação e por pressões de recursos escassos para investir em inovação. Por fim, Agostinho Vilella ressaltou que a inovação não se trata apenas do investimento de recursos, além disso, é necessária a criação e manutenção de um ambiente virtuoso para que a inovação aconteça. Quarto Grupo – Líder: Carlos Haushahn (Jacto) O grupo iniciou sua abordagem levantando como desafio a gerencia do tempo destinado para inovação dentro da empresa, visto que, realizar o cronograma padrão demanda grande carga horária dos funcionários. Foi também abordado o desafio da administração de custos, onde há pressão por custos adicionais derivados dos gastos com inovação. O desafio apontado diretamente com relação à inovação de produto consiste na dificuldade de identificação dos driver de valor do mercado a serem explorados, visto que um produto inovador deve atender tais drivers de maneira superior ao seu predecessor. O grupo delimitou como riscos: a gerência da marca, o não atendimento de requisitos do mercado com novos produtos e “tornar-se seguidor”. A primeira solução apontada pelo grupo foi a capacitação dos funcionários, dez do chão de fábrica aos engenheiros, pelo fato do grupo apontar a capacitação da mão-de-obra como requisito para a inovação. Foi também proposto um programa mais eficiente de estímulo à inovação, por meio de bonificações. Foi também apontado um planejamento estratégico voltado para a inovação (com fatores semelhantes ao terceiro grupo) como uma solução de longo prazo. 4 CRI | Centro de Referência em Inovação 4. Grupos de Trabalho a. Competing Values Framework e resultados da pesquisa – Professor Hugo Tadeu Hugo Tadeu iniciou sua fala apresentando os resultados de sua pesquisa. Intitulada “Cultura de Inovação” a pesquisa foi realizada com o levantamento de dados sobre as empresas participantes do CRI Nacional que busca explorar a percepção de tais empresas sobre a gestão da inovação e como ela pode mudar o ambiente das organizações. O objetivo da pesquisa é combinar as percepções dos executivos das empresas participantes do CRI Nacional e sugerir ações de implementação em busca de uma nova cultura de inovação. A metodologia utilizada foi o Competing Values Framework (CVF), desenvolvida sobre pesquisas realizadas por professores da Universidade de Michingan. Os dados levantados pelo CVF são dispostos em uma matriz com quatro quadrantes, que relaciona flexibilidade, estabilidade e Controle, foco interno e foco externo, traçando o perfil de cada empresa com relação à gestão da inovação. b. Elaboração de projetos de grupo Após a apresentação da pesquisa, Hugo Tadeu convidou os participantes do CRI para através da análise dos resultados, situarem qual o perfil do segmento de sua empresa no CVF, discutirem o perfil a ser buscado e elaborarem planos de ação para um melhor posicionamento das empresas frente à gestão da inovação. Os grupos da mesa redonda foram mantidos, onde cada grupo tinha um perfil dominante de acordo com os resultados do CVF. Os grupos inicialmente debateram os pontos acima levantados, e em seguida apresentaram seu posicionamento. Primeiro Grupo – Grupo Agilidade O grupo propôs a intensificação e incremento dos atuais programas e criação de novos, visando o controle organizacional com o objetivo de melhorar a gestão interna das empresas, porém com a ressalva de que tais programas não deveriam ser excessivamente controladores, pois isso podia produzir resultados opostos há melhoria da gestão da inovação. Foi sugerida a aproximação com Universidades para o desenvolvimento em conjunto de novos materiais, produtos e processos. Algumas empresas do grupo já possuem iniciativas de fomento a inovação por meio de parcerias com universidades, a sugestão foi a manutenção e intensificação destas parcerias. Foi levantada pela Eagleburgmann a possibilidade de aproveitar a oportunidade de demandas do cliente por customização de produtos, visto que a empresa atualmente possui grande parte do desenvolvimento de novos produtos via “inovação por encomenda”, fator derivado do tipo de mercado onde tal empresa atua. Segundo Grupo – Grupo Futuro 5 CRI | Centro de Referência em Inovação O grupo era constituído em sua maioria por startups, durante a apresentação foi destacado a presença de fatores internos nestas empresas como respostas mais rápidas a demandas de mercado, que facilitam inovações disruptivas. O grupo destacou a necessidade de um maior controle no que tange a gestão interna e sustentabilidade da organização, porém argumentou que startups tem pouco controle, mas um controle eficiente no que diz respeito à gestão da inovação. Outro ponto abordado consiste no desafio do incremento de um controle eficiente conforme a empresa cresce. Foi sugerida a formação de parcerias entre startups e grandes empresas para desenvolvimento de novos produtos. Os argumentos do grupo foram que para uma grande empresa, internalizar um núcleo de inovação, demanda muito tempo, verba, dentre outros recursos, de modo que estabelecendo uma parceria com uma startup acarretaria em uma solução mais barata, mais rápida e possivelmente um melhor produto. Terceiro Grupo – Grupo Mercado A exposição do grupo foi bem enxuta, destacando as barreiras a inovações advindas da concentração do desenvolvimento da inovação nos cargos hierárquicos mais altos, assim como fomentos a inovação que se dão horizontalmente na empresa, de modo que esta forma de gerência da inovação deve ser revista. O grupo também defendeu o caráter perene que a inovação deve ser lidada na empresa, onde a organização deve buscar a manutenção deste processo, não tratando a inovação como sorte ou como uma externalidade. Foi defendida também a necessidade de que resultados sejam atingidos por meio da inovação, a empresa não deve apenas buscar o novo, onde a inovação não deve ser tratada como fim, mais como meio. Quarto Grupo – Grupo Controle O grupo se posicionou a favor do controle, onde consideram que o controle é um fator importante e necessário para manter o funcionamento correto do sistema no caso de grandes organizações. Ainda assim o grupo discorreu acerca dos riscos do excesso de controle que vem a ser um obstáculo para a inovação, de modo que no longo prazo, onde isso pode se tornar uma barreira ao crescimento e sustentabilidade da empresa. Foi exposto como fundamental o investimento em capital humano, pensando em resultados, produtividade e na sustentabilidade da inovação. O grupo defendeu seu entendimento sobre a gestão da mudança como um processo gradual, continuo e extenso, porém crucial. Mais uma vez destacou a necessidade da demonstração de resultados em projetos de inovação de longo prazo para a credibilidade e continuidade do projeto. Discorreu acerca da possibilidade da adoção do open innovation como uma maneira eficiente de agilizar o processo de inovação, porém ressaltou que tal medida deve ser balanceada, sendo também imprescindível a internalização da inovação pela instituição. Deste modo o grupo considerou o controle como fundamental, porém conciliado ao incentivo a criação. 6 CRI | Centro de Referência em Inovação 5. Conclusão A partir da troca de experiências e por meio dos debates entre os participantes, ficou clara a existência de alguns desafios, riscos e oportunidades em comum entre empresas e segmentos relacionados à prática da inovação. O evento possuiu um viés mais prático permitindo que os participantes tivessem mais espaço para o debate e de fato resolver seus problemas de maneira conjunta explorando a troca de experiências dos ali presentes de modo mais eficaz. Através dos dados apresentados foi discutido a necessidade das empresas se posicionar frente à inovação sob os aspectos agilidade, controle, mercado e futuro de maneira equilibrada, adequando este equilíbrio com suas especificidades e demandas. Ao final do dia constatou-se o atraso estrutural brasileiro no que diz respeito à gestão da inovação, as empresas entendem a urgência e necessidade de inovar, porém os meios pelos quais buscam atingir isso ainda não são condizentes com o “inovar no século XXI”. Embora o quadro atual não seja virtuoso, existem meios pelos quais empresas brasileiras podem alcançar e acompanhar a coordenação da inovação global, em meio a isto, possíveis soluções foram apresentadas, contempladas e discutidas quanto a sua efetividade e de que modo podem ser implementadas. 6. Sobre o Núcleo de Inovação e Empreendedorismo O Núcleo de Inovação e Empreendedorismo trabalha no desenvolvimento de conhecimento sobre gestão de inovação no contexto brasileiro, conduzindo pesquisas e programas sobre temas diversos. A inovação está aliada a um processo de criação de cultura, estrutura, processos e métricas que permitam não apenas acompanhar, mas incentivar e desenvolver a capacidade inovadora dentro das empresas. A missão do núcleo é contribuir para o desenvolvimento da atividade empresarial no Brasil, gerando conhecimento, ferramentas e tecnologias relacionadas à gestão da inovação, compartilhando-as com a sociedade. O núcleo tem como objetivo central desenvolver e compartilhar conhecimentos sobre gestão da inovação e empreendedorismo por meio de pesquisas, publicação de artigos, casos, livros e participação em seminários. Ser referência no Brasil e no mundo nos temas da gestão da inovação e empreendedorismo. O Núcleo de Inovação e Empreendedorismo da FDC conta com a coordenação de Carlos Arruda, Diretor Adjunto de Parcerias da FDC. Também, na equipe, os professores da FDC: Luiza Lara de Araújo Burcharth e Hugo Ferreira Braga Tadeu; e bolsistas de iniciação científica: Diogo de Lacerda Santos, Eduardo Stock dos Santos, Fernanda Milagres Bedê e Márcio Taceli Taveira. 7