MAIO/JUNHO de 2011
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PROJETO
ATITUDE AMBIENTAL
Irrigação na lavoura poderá
contar com água reutilizada
presente no produto. No Brasil, a técnica ainda não
é utilizada no campo por não existir legislação específica sobre o assunto. Mas as pesquisas estão ajudando a desenvolver legislação a respeito do tema. O
setor agrícola é responsável por consumir 70% da
água potável no planeta. No Brasil, esse índice é ainda
maior: 82% (69% para irrigação, 11% para consumo
animal e 2% rural), de acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA).
Projeto desenvolvido pela USP
na Estação de Tratamento de
Esgoto em Lins mostra a
viabilidade do uso de água de
reuso na irrigação agrícola
P
esquisas desenvolvidas pela Sabesp em parceria com a USP (Universidade de São Paulo),
em Lins, apontam que é possível a utilização
da água de reuso na irrigação agrícola. Os resultados
também indicam que houve um aumento de 30%
na produção das culturas pesquisadas — cana,
milho e gramínea tifton. As pesquisas mostraram
que a utilização de água de reuso para fins agrícolas
é segura. O método não causa qualquer dano ao
lençol freático e os alimentos podem ser consumidos normalmente. O aumento na produtividade se
deve à própria água e aos nutrientes contidos nela,
como nitrogênio e fósforo, ricos em matéria orgâ-
Experimento com gramínea em Lins
nica. As vantagens para os agricultores seriam consideráveis. Além do aumento na produção, a irrigação com água de reuso possibilitaria uma economia
na aquisição de adubos industriais. Também foi
verificada uma melhora na estrutura do solo e uma
diminuição da erosão por conta da carga orgânica
A PESQUISA
A pesquisa em Lins teve início em 2001, por meio
de convênio da Universidade de São Paulo (USP) com
a Sabesp. A área envolve 6 hectares, ao lado da Estação
de Tratamento de Esgotos de Lins. Os resultados
foram avaliados pela USP e está prevista parceria de
pesquisa com a Fapesp em breve.
De acordo com a professora Célia Regina Montes
(SENA/NUPEGEL/USP), o reuso de efluentes de lagoas
de estabilização em Lins é viabilizado em lagoa de
estabilização, estrutura que armazena resíduos líquidos (principalmente esgoto sanitário doméstico).
Programa reduz desperdícios em 15%
C
riado há 15 anos, o Programa de Uso Racional da
Água (PURA) ajudou a reduzir o desperdício em
pelo menos 15%. Um resultado considerado
satisfatório na opinião de Ricardo Chahin, gestor do
programa.
A iniciativa faz parte de uma política de incentivo
da Sabesp ao uso consciente dos recursos hídricos. O
programa inclui desde ações tecnológicas, que envolve a troca de chuveiros, torneiras, bacias sanitárias e
correção de vazamentos, até orientações com o propósito de provocar uma transformação cultural por
meio de distribuição de folhetos e cartazes, entre
outros meios que buscam a conscientização dos
consumidores.
Com o PURA, o consumo de água pode ser reduzido de forma significativa. A troca de equipamentos
convencionais por equipamentos economizadores
de água, por exemplo, é capaz de reduzir em até 50%
o consumo. Os aparelhos proporcionam o mesmo
conforto que os tradicionais, porém, com redução
do consumo de água.
Fazem parte desta lista as torneiras de fechamento
automático, registros de chuveiro que também fecham automaticamente, bacia sanitária que faz a
limpeza com seis litros de água, entre outros.
Com a simples instalação de arejadores nas torneiras, é possível obter uma redução de 75% do consumo
de água. Os arejadores podem ser facilmente encontrados em lojas de materiais de construção e custam
cerca de R$ 5,00. “Existem diversos equipamentos que
a população pode utilizar para reduzir o consumo”,
afirma Chahin.
O programa já foi adotado por escolas, condomínios empresariais, comerciais e residenciais e por ins-
tituições do governo do Estado. Em todos, a mudança dos equipamentos usados e no hábito de consumo ajudou a reduzir, consideravelmente, o volume
de água utilizado mensalmente.
Para simular a instalação e funcionamento desses
equipamentos economizadores, a Sabesp construiu
o show room para visitação pública. O mostruário
inclui equipamentos convencionais, o que possibilita
que sejam feitas comparações para mostrar o quanto
o consumo de um é menor que o do outro.
No momento, apenas a região metropolitana de
São Paulo conta com as unidades de show room. São
seis espaços distribuídos em diferentes pontos da
cidade. Para programar uma visita, o interessado pode
ligar para 195 para saber o local mais próximo.
No caso de condomínios, escolas e outras instituições interessadas em implantar o programa, o telefone de contato é o 0800-7712482 ou pelo e-mail
[email protected]
Por meio do PURA, a Sabesp ensina ainda o consumidor a fazer um teste para detectar se está havendo
vazamento de água. Em caso afirmativo, uma equipe
vai até o local para localizar o ponto do vazamento e
fazer os reparos necessários.
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Irrigação na lavoura poderá contar com água reutilizada