ANEXO 3 DADOS RELATIVOS À EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Considerações para Eficiência Comerciais, de Serviço e Públicas Energética no projeto de Edificações 1. Considerações gerais As edificações comerciais apresentam os maiores consumos energéticos em função dos usos finais de ar condicionado, iluminação artificial e o uso de equipamentos. Assim, o projeto proposto deve dar uma resposta adequada a estes usos finais de forma a minimizar o seu consumo. Para minimização do consumo do ar condicionado é importante considerar a envoltória da edificação de forma a que responda adequadamente às demandas do clima e uso proposto no projeto. Igualmente, os sistemas de condicionamento artificial devem usar estratégias de eficiência energética. A minimização do uso de iluminação artificial se dá através da maximização da iluminação natural integarada ao uso de sistemas eficientes de iluminação artificial. O projeto arquitetônico deve aplicar soluções que levem a concepção de uma edificação com consumo eficiente de energia. Para isto devem ser consideradas em primeiro lugar propostas de desenho passivo, através da incorporação das estratégias para o zoneamento bioclimático brasileiro, dado pela NBR 15220-3 (ABNT, 2005b) 1. Além disso, as estratégias de desenho ativo propostas, quando necessárias, devem propiciar conforto aos usuários considerando o menor consumo de energia possível. Desta forma o projeto deve levar em consideração o clima de Florianópolis com suas características de temperatura, umidade, ventos, insolação e precipitação, entre outras. Fonte: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15.220: Desempenho Térmico para Edificações. Rio de janeiro, 2005b. Estratégias de projeto recomendadas pela Norma, por zona bioclimática podem ser encontradas no programa Zoneamento Bioclimático do Brasil - ZZBR (Roriz, 2004). 1 Fontes de consulta, entre outras: INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) disponível em: http://www.inmet.gov.br Livro: GOULART, S; LAMBERTS,R; FIRMINO S. Dados Climáticos para Projetos e Avaliação Energética de Edificações para 14 Cidades Brasileiras. 2a Ed. Florianópolis: Núcleo de Pesquisa em Construção/UFSC, 1998. 345p.:Il. Disponível em: http://www.labeee.ufsc.br/publicacoes/publicacoes.html Concurso Nacional de Arquitetura Sede da FATMA/FAPESC 1 2. Variáveis Climáticas Algumas das variáveis climáticas para Florianópolis estão relacionadas nos gráficos a seguir. °C MONTHLY DIURNAL AVERAGES - Florianopolis -TRY, W/ m² 40 1.0k 30 0.8k 20 0.6k 10 0.4k 0 0.2k -10 0.0k Jan Feb Mar Apr May Jun Jul Aug Sep Oct Nov Dec DAILY CONDITIONS - 1st January (1) °C para Florianópolis mostrando as temperaturas ao longo do W/ m² Figura 1. Gráfico com variáveis climáticas ano (em vermelho), com valores de temperaturas médias, máximas e mínimas (azul). Faixa de conforto em 40 1.0k verde e radiação em amarelo (direta na linha cheia e difusa na linha pontilhada). Fonte: The weather tool. LEGEND Comfort: Thermal Neutrality Temperature Rel.Humidity Wind Speed Direct Solar Diffuse Solar Cloud Cover 30 0.8k 20 0.6k 10 0.4k 0 0.2k -10 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 0.0k Figura 2. Gráfico com dados de nebulosidade e insolação para a cidade de Florianópolis a partir das normais climatológicas. Fonte: INMET. www.inmet.gov.br Concurso Nacional de Arquitetura Sede da FATMA/FAPESC 2 Figura 3. Gráfico com dados de umidade e precipitação para a cidade de Florianópolis a partir das normais climatológicas. Fonte: INMET. www.inmet.gov.br 3. Carta Bioclimática Para projetos que buscam a incorporação de estratégias passivas de desenho é importante o uso da carta bioclimática. Ela mostra as estratégias apropriadas para melhoria do conforto através da relação de temperatura e umidade do local. Para a obtenção da carta podem ser usados arquivos climáticos horários anuais (em formato TRY) ou normais climatológicas, que apresentam valores médios mensais. A seguir é apresentada a carta bioclimática para a cidade de Florianópolis (Figuras 4 e 5). A Figura 4 e a Tabela 1 mostram as estratégias de projeto necessárias com suas porcentagens ao longo do ano considerando-se o ano todo. A Figura 5 e a Tabela 2 mostram as estratégias de projeto necessárias com suas porcentagens ao longo do ano considerando-se para o ano todo somente o período diurno (das 6:00 as 18:00 horas), que é normalmente o horário de uso de edificações com a tipologia para as atividades do projeto em questão. Concurso Nacional de Arquitetura Sede da FATMA/FAPESC 3 Figura 4. Carta Bioclimática2 com plotagem de dados para um Ano Típico de Referência considerando todas as horas do ano para Florianópolis, com estratégias de projeto a ser consideradas3. Tabela 1. Resultado do relatório fornecido pelo programa Analysis Bio para a cidade de Florianópolis, utilizando o arquivo TRY considerando-se o ano todo com todas as horas do dia. ANO TODO DATAS E HORAS ESPECÍFICAS GERAL ESTRATÉGIAS PARA DESCONFORTO POR CALOR ESTRATÉGIAS PARA DESCONFORTO POR FRIO NECESSIDADE DE SOMBREAMENTO Dia e Mes Inicial: 01/01 Dia e Mes Final: 31/12 Total de Horas: 8760 Pressão: 101.49 KPa Conforto:21% Desconforto:78.9% -Frio:40.8% -Calor:38.2% 2. Ventilação: 36.4% 3. Resfr. Evap.: 0.89% 4. Alta Inércia p/ Resfr.: 0.936% 5. Ar Condicionado: 1.72% 7. Alta Inércia Termica/Aquecimento Solar: 35.4% 8. Aquecimento Solar Passivo: 3.84% 9. Aquecimento Artificial: 1.54% Porcentagem: 56.7 % 2 Toma-se como recomendação que, para os pontos que ficam à direita dos 20 graus de temperatura, deve ser usada a estratégia de sombreamento junto com as outras indicadas. 3 Fonte: PROGRAMA ANALYSIS, do Laboratório de Eficiência Energética de Edificações - LabEEE da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. Concurso Nacional de Arquitetura Sede da FATMA/FAPESC 4 Conforme os dados apresentados acima, para o ano todo e considerando todas as horas do dia a porcentagem de desconforto é muito maior com 78.9% enquanto a de conforto é de 21%. E neste caso o desconforto é ocasionado de forma muito equilibrada por frio (40,8%) e por calor (38,2%) (Tabela 1). Já quando observado somente o período diurno (Figura 5) esta situação muda um pouco, ficando a porcentagem de conforto geral de 35.2% e a de desconforto de 64.7%, sendo o desconforto por frio de 26.4% e por calor de 38.3% conforme mostrado na Tabela 2. Figura 5. Carta Bioclimática4 com plotagem de dados para um Ano Típico de Referência para Florianópolis considerando o periodo diurno, com estratégias de projeto a ser consideradas5. Tabela 2. Resultado do relatório fornecido pelo Analysis Bio para a cidade de Florianópolis, utilizando o arquivo TRY considerando-se o ano todo e somente as horas do período diurno PERIODO DIURNO DATAS E HORAS ESPECÍFICAS GERAL ESTRATÉGIAS PARA DESCONFORTO POR CALOR ESTRATÉGIAS PARA DESCONFORTO POR FRIO NECESSIDADE DE SOMBREAMENTO Dia e Mes Inicial: 1/1 Dia e Mes Final: 31/12 Total de Horas: 4745 Pressão: 101.49 KPa Conforto:35.2% Desconforto:64.7% -Frio:26.4% -Calor:38.3% 2. Ventilação: 35.1% 3. Resfr. Evap.: 1.58% 4. Alta Inércia p/ Resfr.: 1.66% 5. Ar Condicionado: 3.14% 7. Alta Inércia Térmica/Aquecimento Solar: 22.8% 8. Aquecimento Solar Passivo: 2.76% 9. Aquecimento Artificial: 0.927% Porcentagem: 69.9 % 4 Toma-se como recomendação que, para os pontos que ficam à direita dos 20 graus de temperatura, deve ser usada a estratégia de sombreamento junto com as outras indicadas. 5 Fonte: PROGRAMA ANALYSIS, do LabEEE da UFSC. Concurso Nacional de Arquitetura Sede da FATMA/FAPESC 5 De forma geral, para Florianópolis é importante considerar estratégias tanto para desconforto por calor quanto por frio. Porém para o período diurno, que são as horas de maior uso da tipologia em questão, a maior porcentagem de desconforto é dada por calor, conforme mostrado na Tabela 2. Para o desconforto por calor são importantes as estratégias de sombreamento para 69% do período e de ventilação natural para 35,1% do período diurno do ano. E para o desconforto por frio são importantes as estratégias de alta inércia térmica combinada com aquecimento solar em 22,8% do período diurno do ano. Além disso, na tipologia de edificações comerciais, de serviços e públicas, devem ser considerados também a influência dos ganhos de calor interno devidos à ocupação dos usuários e ao uso de equipamentos. 4. Carta Solar e Rosa dos Ventos Ferramentas como a carta solar são de grande ajuda para definição das necessidades da envoltória, assim como a implantação da edificação em função da melhor orientação. Alguns programas como o SOL–AR6, permitem a obtenção da carta solar de acordo com a latitude, ajudando no desenho de proteções solares. É também possível verificar as variações de temperatura incorporadas à carta solar, para os períodos até 21 de junho (Figura 6) e após 21 de junho (Figura 7). Informações sobre ventos também podem ser obtidas no programa, mostrando as velocidades predominantes por direção (Figura 8) e por frequência de ocorrência (Figura 9), assim como a porcentagem para ventos ausentes por estação (Tabela 3). As figuras a seguir mostram os dados acima colocados, para a cidade de Florianópolis, SC. Figura 6. Temperaturas plotadas sobre a carta solar de Florianópolis, para o período até 21 de junho (ANALYSIS SOL-AR, 2005) 6 Figura 7. Temperaturas plotadas sobre a carta solar de Florianópolis, para o período após 21 de junho (ANALYSIS SOL-AR, 2005) Fonte: LABEEE / UFSC Concurso Nacional de Arquitetura Sede da FATMA/FAPESC 6 Figura 8. Rosa dos ventos por velocidades predominantes por direção para cidade de Florianópolis (ANALYSIS SOL-AR, 2005) Figura 9. Rosa dos ventos para a cidade de Florianópolis por Freqüência de ocorrência (ANALYSIS SOL-AR, 2005) Tabela 3. Porcentagem de ventos ausentes por estação para a cidade de Florianópolis (ANALYSIS SOLAR, 2005) Primavera Madrugada Manhã Tarde Noite Ventos ausentes (%) Verão 28.7 18.9 5.7 18.0 28.8 19.3 4.7 21.2 Outono Inverno 38.7 31.2 6.3 30.1 33.3 24.6 8.6 26.0 Links relacionados: Instituto Nacional de Metereologia – INMET - Site institucional: www.inmet.gov.br Programa Analysis Bio. Laboratório de Eficiência Energética de Edificações – LabEEE da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC:Disponível em: http://www.labeee.ufsc.br/downloads/softwares/analysis-bio Programa Analysis Sol-Ar. LabEEE/UFSC em:http://www.labeee.ufsc.br/downloads/softwares/analysis-sol-ar 2005: Disponível Programa Zoneamento Bioclimático do Brasil - ZZBR (Roriz, 2004). Disponível em: http://www.labeee.ufsc.br/downloads/softwares/zbbr Outras informações sobre eficiência energética de edificações podem ser encontradas em: LAMBERTS, R; DUTRA,L; PEREIRA,F. Eficiência Energética na Arquitetura. Ed. PW. São Paulo, 1997. 192. P.:Il. Disponível em: http://www.labeee.ufsc.br/publicacoes/publicacoes.html Concurso Nacional de Arquitetura Sede da FATMA/FAPESC 7