AVALIAÇÃO DA TEMPERATURA DAS
MESORREGIÕES DO ESTADO DE
PERNAMBUCO SOBRE A PRODUÇÃO DE LEITE
Gledson Luiz Pontes de Almeida1, Irenilson Machado da Silva1, Héliton Pandorfi2

Introdução
Pernambuco ocupa o lugar de segundo maior
produtor da região nordeste, com participação de
19,7% do leite produzido, ficando atrás do Estado da
Bahia com participação de 28,3% (IBGE, 2006). O
Agreste de Pernambuco é a região intermediária entre a
Zona da Mata e o Sertão (Figura 1), onde a pecuária
leiteira é uma atividade importante do ponto de vista
econômico e social nesta região, estando presente na
maioria das propriedades rurais, empregando mão-deobra e constituindo importante fonte de renda e
estabilidade social para a população rural. Dados
revelam que a produção de leite dessa região,
representa 76% da produção leiteira do Estado de
Pernambuco (IBGE, 2006).
O efeito das condições climáticas sobre o
desempenho de vacas leiteiras é marcante,
principalmente em regiões tropicais e subtropicais,
razão pela qual o conhecimento das relações funcionais
entre o animal e o meio ambiente, permite-se adotar
procedimentos que elevam a eficiência da exploração
leiteira (DAMASCENO, 1997).
Com o aumento da temperatura ambiente, as vacas
leiteiras tendem a reduzir significantemente a produção
de leite, já que esta atividade gera grandes quantidades
de calor BERBIGIER (1988). Esse efeito é maior
quanto maior a produção do animal (HUBER et al.,
1994).
Em condições de calor, as vacas de alta produção,
tendem a um grau de estresse maior podendo atingir
reduções de produções de até 40% dependendo da
continuidade do estresse (BAÊTA, 1997).
Em vacas de alta produção de leite sob condições de
estresse calórico, o consumo de alimento inicia seu
declínio em temperatura ambiente de 25ºC a 27ºC, e
uma queda drástica ocorre acima dos 30ºC. O mesmo
consumo a 40ºC pode ser reduzido em 20% a 40%,
comparado àquelas em ambiente de conforto térmico e
afeta as funções digestivas, assim como a quantidade
de nutrientes consumidos se as concentrações na dieta
não forem corrigidas (SANCHEZ et al., 1994).
Segundo HUBER (1990) a faixa de conforto térmico
para vacas holandesas, que apresentam altos níveis de
produção, está situada entre os valores de 4,0 e 26ºC.
Assim, para o Estado de Pernambuco as maiores
possibilidades de perdas na produção de leite estão
condicionados predominantemente aos meses mais quentes
do ano, logo que os valores de temperatura média para os
meses mais frios não ultrapassam 26ºC.
Objetivou-se com esse trabalho analisar a influência da
temperatura sobre a produção de leite nas mesorregiões do
Estado de Pernambuco.
Material e métodos
Foram utilizados os dados de temperaturas médias e
máximas obtidos do Instituto de Tecnologia de
Pernambuco (ITEP) referente aos municípios e agrupou-se
as cinco mesorregiões do Estado de Pernambuco
(Metropolitana, Mata, Agreste, Sertão e São Francisco)
com o objetivo de se observar os valores de temperatura
média e máxima mensal. Utilizaram-se também dados de
produção de leite obtidos do IBGE.
Com os dados de temperaturas das mesorregiões do
estado e os valores de produção de leite, foram
confeccionados os gráficos individuais.
Resultados e Discussão
Observou-se na, para o Estado de Pernambuco que
os valores de temperaturas médias variaram de 20,1 a
27,3°C (Figuras 2), apresentando a mesorregiões
Metropolitana entre os meses de janeiro a março e
mesorregião do São Francisco entre os meses de outubro a
março valores médios superiores a 26°C, considerado por
(HUBER, 1990) como valor crítico superior para vaca em
lactação.
Com relação à temperatura máxima, observa-se
que apenas a mesorregião do Agreste apresentou valores de
temperatura abaixo de 26°C entre os meses de junho a
agosto onde estão localizados os principais municípios
produtores de leite (Figura 3), segundo dados do IBGE
(2007). Assim, para o Estado de Pernambuco as maiores
possibilidades de perdas na produção de leite estão
condicionados predominantemente aos meses mais quentes
do ano.
Em tais mesorregiões o efeito da temperatura
sobre o animal pode resultar em perdas de produção e
produtividade, havendo assim restrições à exploração
____________________
1. Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola, Universidade Federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros
s/n, Dois Irmãos, Recife – PE, CEP: 52171-900. E-mail: [email protected], [email protected].
2. Professor Adjunto do Departamento de Tecnologia Rural, Universidade federal Rural de Pernambuco. Rua Dom Manoel de Medeiros s/n, Dois
Irmãos, Recife – PE. E-mail: [email protected], [email protected].
leiteira, caso providências não sejam tomadas pelos
produtores.
Segundo BERBIGIER (1988) as vacas
leiteiras tendem a reduzir significantemente a produção
de leite com o aumento da temperatura ambiente, já
que as atividades ligadas a produção de leite geram
grandes quantidades de calor. Esse efeito é maior
quanto maior a produção do animal (HUBER et al.,
1994).
Conclusão
Com a análise da temperatura, a mesorregião do
agreste apresenta melhores condições de conforto para
a exploração da atividade leiteira, sendo a mesorregião
do São Francisco a que apresenta piores condições para
atividade leiteira, cabendo aos técnicos e produtores a
utilização
de
meios
mais
adequados
de
acondicionamento térmico para evitar tais perdas.
Referências
[1].
[2].
[3].
[4].
[5].
[6].
[7].
[8].
BAÊTA, F. C. Ambiência em edificações rurais – conforto
animal, Viçosa: Editora UFV, 1997, 246p.
DAMASCENO, J. C.; TARGA, L. A. Definição de variáveis
climáticas na determinação da resposta de vacas holandesas
em um sistema “free- stall”. Energia na Agricultura,
Botucatu, v.12, n.2, p.12-25, 1997.
BERBIGIER, P. Bioclimatologie dês ruminants domestiques
en zonas tropicales. Paris: INRA, 1988. 237p.
HUBER, J. T. Alimentação de vacas de alta produção sob
condições de estresse térmico. Piracicaba, SP, 1990. In:
Bovinocultura Leiteira, 1990, Piracicaba. Anais... Piracicaba :
FEALQ, 1990. p.33-48.
HUBER, J.T. Heat stress interactions with protein,
suplemental fat and fungal cultures. Journal of Dairy Science,
Champaign, v.77, p.2080-2090, 1994.
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2006.
Produção pecuária. Disponível em: www.ibge.gov.br. Acesso
em: 18/08/2007
ITEP - Instituto de Tecnologia de Pernambuco. 2009.
Climatologia. Disponível em: www.itep.br/LAMEPE.asp#.
Acesso em: 19/09/2009.
SANCHEZ, W. K. et al. Macromineral nutrition by heatstress
interactions in dairycattle- review original research Journal of
Dairy Science, v. 77, n.7, p.2051-2079, 1994.
Figura 1. Mesorregiões do Estado de Pernambuco: Metropolitana (A), Mata (B), Agreste (C), Sertão (D) e São Francisco (E).
Figura 2. Variação anual das temperaturas média e máxima nas Mesorregiões: Metropolitana (A), Mata (B), Agreste (C), Sertão (D)
e São Francisco (E).
Figura 3. Produção de leite média anual e mensal por município em cada Mesorregiões de Pernambuco.
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Trabalho