Experiências
Tradição
Peru
Como a
preservação da
Festa do Sol e de
outras tradições
resgatou a
autoestima da
população e
impulsionou de
vez o turismo na
região de Cusco
e Machu Picchu
How the
preservation of
the Festival of the
Sun and other
traditions raised
the population’s
self-esteem and
boosted tourism
in the Cusco and
Machu Picchu
region
Inca pride
orgulho
por/by Daniel
Nunes Gonçalves
Fotos/photos
Adriano Fagundes
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tam nas nuvens | experiences • tradition • peru
tam nas nuvens
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Peru
“Apu Ausangate, apu Salkantay, apu Sacsaywaman,
vamos à grande cerimônia.” Repleto de adereços dourados e penas, inicia as oferendas: despeja do jarro um
pouco de chicha, bebida feita à base de milho fermentado, acende quatro fogueiras e dedica aos céus um pão
sagrado. O rito de agradecimento pelo calor e pelo alimento dá sequência a mais uma série de cantos e danças
de 682 súditos — entre eles, 80 músicos. Todos seguem
em procissão, bem paramentados com roupas coloridas
e reluzentes como as do imperador índio.
É 24 de junho e estamos em pleno solstício de inverno
no Hemisfério Sul. Não fossem os celulares, os óculos de
sol e as câmeras fotográficas que se multiplicam entre os 90
mil espectadores estimados, daria quase para acreditar que
a cena se passa no século 15, durante a celebração original
do Inti Raymi, a Festa do Sol. Este era o principal evento
do calendário dos incas, que de 1438 a 1533 formaram o
maior império da América pré-colombiana e que tinham
Cusco como sua capital. Segundo os relatos do historiador
cusquenho Garcilaso de la Vega (1539-1616), filho de uma
princesa inca e de um invasor espanhol e cujos textos são a
base para quase tudo que se sabe sobre o festival, ele homenageia Inti, o Deus Sol da mitologia inca. Por meio da festa,
rogava-se ao astro rei que garantisse abrigo e comida durante os dias frios vindouros. Cinco séculos depois, o Inti
Raymi moderno reproduz essa mise-en-scène em forma de
espetáculo, o maior do Peru, encerrando quase um mês de
comemorações em Cusco — que fica a uma hora de voo da
capital, Lima. O evento tem sido o principal atrativo local:
em cada um dos últimos dois anos, 180 mil turistas desembarcaram na cidade em junho, lotando os 94 hotéis.
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tam nas nuvens | peru
First the Inca king praises the sun. “Heat source and beginning
of life, we salute you in your sacred mansion of Cusco, where
you live with the moon,” he says in Quechua, the official language of the empire. Next, he blows coca leaves in the wind
and invokes the “apus,” spirits who inhabit the great mountains of the Peruvian Andes. “Apu Ausangate, apu Salkantay,
apu Sacsaywaman, let’s go to the great ceremony.” Covered
in golden decorations and feathers, he begins the offerings: he
pours out a little chicha, a beverage made from a fermented
corn base, lights four bonfires and dedicates a sacred bread to
the heavens. The rite of thanks for the heat and the food gives
way to a series of songs and dances by 682 subjects — among
them, 80 musicians. All of them continue in procession, welldressed in colorful and sparkling garments like those worn by
the Indian emperor.
It’s June 24th and we are in the midst of the winter solstice
in the Southern Hemisphere. If it weren’t for the cell phones,
the sunglasses and cameras that multiply among the 90,000
estimated spectators, one might almost believe that the scene
is taking place in the 15th century, during the original celebration of the Inti Raymi, the Festival of the Sun. This was the
main event on the calendar of the Incas, who from 1438 to 1533
formed the biggest empire in the pre-Colombian Americas, the
capital of which was Cusco. According to reports from Cuscoborn historian Garcilaso de la Vega (1539-1616), the son of an
Inca princess and a Spanish invader and whose texts are the
basis for almost everything that’s known about the festival, it
pays homage to Inti, the Sun God of Inca mythology. Through
the festival, they begged the star king to guarantee shelter and
food during the cold days to come. Five centuries later, the
modern Inti Raymi reproduces this mise-en-scène in the form
of a spectacle, the largest of its kind in Peru, closing almost a
month of commemorations in Cusco — an hour’s flight from
the capital, Lima. The event has been the main local attraction: in each of the last two years, 180,000 tourists visited the
city in June, filling up the 94 hotels.
ilustrações: veridiana scarpelli
Primeiro o rei inca reverencia o sol. “Fonte quente
e princípio da vida, te saudamos na sua mansão
sagrada de Cusco, onde vives com a lua”, diz em
quechua, a língua oficial do império. Em seguida,
sopra folhas de coca aos quatro ventos e invoca
os “apus”, espíritos que habitam as grandes
montanhas dos Andes peruanos.
Em sentido horário, cenas da Festa do Sol: apresentação nas ruínas de
Sacsaywaman; Rei Inca, o personagem principal; desfile na Plaza de Armas;
concentração em Koricancha; e atores representando outros dos 14 reis incas
Clockwise, scenes of the Festival of the Sun: performance at the ruins of
Sacsaywaman; the Inca King, the main character; parade at Plaza de Armas;
gathering in Koricancha; and actors portraying some of the other 14 Inca kings
Inti Raymi — emufec.gob.pe
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Peru
SANGUE
indígena
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INDIGENOUS blood • The 3,800 tourists packed into the bleachers for two hours at the
Sacsaywaman archaeological site, where the third and most important act in the Festival of the Sun
takes place, probably do not know, but without the Inti Raymi Cusco would not be one of the most
sought-after destinations on the planet. In 2012 alone, almost 2 million visitors came —126,000 of
them Brazilians. “The comeback of this ceremony in the 1940s showed that we should have pride
in our Inca roots,” says Carlos Milla Vidal, owner of the boutique hotel Casa San Blas and a scholar
on the theme. According to Milla, at the time, when there were 20,000 inhabitants in Cusco (today
there are 500,000), having indigenous blood was not a reason for honor. The cool thing was to have
Hispanic features like those of the European colonists.
This was when Humberto Vidal, Milla’s uncle, had the idea to repeat the ceremony of the Sun,
which had last taken place in 1535 and disappeared with the Inca culture. “By wearing ponchos and
repeating their ancestors’ traditions, Cusco residents were able to raise their indigenous self-esteem
and treat one another like brothers,” says Roger Valencia Espinoza, owner of the travel agency Andean Lodges. And it worked. The resurrection of the Festival of the Sun 400 years after its extinction
became the apex of the celebration of Cusco’s anniversary — not coincidentally, commemorated on
the same day. In June of this year, high-school students and groups of neighborhood associations disputed the most festive folk performance at Plaza de Armas. The city square was given a golden statue
of the Inca king, and its old posts raised the rainbow flags, the city’s official symbol.
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Casa San Blas Hotel — casasanblas.com
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Andean Lodges — andeanlodges.com
learn more
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*saídas
Os 3.800 turistas que se apertam por
duas horas nas arquibancadas do sítio arqueológico de Sacsaywaman, onde acontece o terceiro e mais importante ato da Festa
do Sol, provavelmente não sabem, mas sem
o Inti Raymi Cusco não seria um dos mais
procurados destinos do planeta. Só em
2012 foram quase 2 milhões de visitantes
—126 mil deles brasileiros. “O resgate dessa cerimônia, nos anos 1940, mostrou que
deveríamos ter orgulho das raízes incas”,
conta Carlos Milla Vidal, dono do hotel-butique Casa San Blas e estudioso do tema. De
acordo com Milla, na época, quando havia
20 mil habitantes em Cusco (hoje são 500
mil), ter sangue indígena não era motivo de
honra. O bacana era possuir traços hispânicos como os dos colonizadores europeus.
Foi quando Humberto Vidal, tio de Milla,
teve a sacada de repetir a cerimônia do Sol,
que havia acontecido pela última vez em
1535 e desaparecido com a cultura inca. “Ao
vestir seus ponchos e repetir tradições de
seus ancestrais, os cusquenhos passariam a
resgatar sua autoestima indígena e a se tratar como irmãos”, conta Roger Valencia Espinoza, dono da agência de viagens Andean
Lodges. Deu certo. A ressurreição da Festa
do Sol 400 anos depois de sua extinção tornou-se o ápice da celebração do aniversário
de Cusco — não por acaso, comemorado no
mesmo dia. Em junho deste ano, alunos de
colégios e grupos de associações de bairros
disputaram a performance folclórica mais
festiva na Plaza de Armas. A praça ganhou
uma estátua dourada do rei inca e, em seus
postes antigos, foram hasteadas bandeiras
do arco-íris, símbolo oficial da cidade.
Saiba
Nativa vende flores no mercado San Pedro; peças do Museo de Arte
Precolombino; e jovem artesão de tecidos típicos. Na página oposta,
cenas da Plaza de Armas, em Cusco
A native woman sells flowers at the Mercado de San Pedro; pieces at
the Museum of Pre-Colombian Art; and a young craftsman with typical
fabrics. On the opposite page, images of the Plaza de Armas, Cusco
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Peru
TEMPLO
sagrado
Três décadas antes de a Festa do
Sol ressurgir em Cusco, uma descoberta
científica 110 quilômetros a noroeste dali
nascia como embrião do que se tornaria
mais tarde outro importante propulsor
da revalorização da cultura inca. Foi em
1911 que o explorador norte-americano
Hiram Bingham encontrou Machu Picchu,
escondida sob uma floresta à beira do Rio
Urubamba. Composta por construções de
pedras erguidas de forma que fossem bem
aproveitados as águas das chuvas, a inclinação do terreno, os tremores de terra e os
raios do sol, a maior relíquia arqueológica
da América do Sul foi um discreto parque
de diversões de arqueólogos até que o turismo começasse a acontecer ali e em Cusco,
na segunda metade do século 20.
Muito se aprendeu sobre os incas a partir de Machu Picchu. Depois de passar um
século sob os cuidados dos estudiosos da
Universidade de Yale, em Connecticut, nos
Estados Unidos, 366 objetos incas encontrados pela equipe de Bingham voltaram, em
2011, ao solo cusquenho. Eles agora fazem
parte do Museo Machu Picchu Casa Concha
e, assim como obras dos museus Inka e de
Arte Precolombino de Cusco, servem de inspiração para os artesãos de joias e tecidos feitos de lã de lhamas e alpacas andinas. Alguns
exemplares decoram hotéis como o Aranwa
Cusco Boutique Hotel, localizado em um
dos charmosos casarões do século 16 na região central. Compras assim fazem a alegria
dos consumistas na feira de Písac, a meia
hora de Cusco, no chamado Vale Sagrado.
Museo Inka — museoinka.unsaac.edu.pe
Museo de Arte Precolombino — map.museolarco.org
Machu Picchu — machupicchu.gob.pe
Aranwa Cusco Boutique Hotel — aranwahotels.com/cusco
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tam nas nuvens | peru
Machu Picchu e uma
das 14 lhamas que
habitam o parque:
a ciência ainda não
sabe explicar o que
era aquele lugar
Machu Picchu and
one of the 14 llamas
that inhabit the park:
science still is not able
to explain what the
place used to be
A descoberta de Machu Picchu, em
1911, e a recuperação da Festa do Sol
nos anos 1940, 400 anos depois de sua
extinção, estimularam os cusquenhos
a valorizar sua herança inca
The discovery of Machu Picchu in 1911
and the recuperation of the Festival of
the Sun in the 1940s, 400 years after its
extinction, encouraged Cusco residents to
value their Inca heritage
SACRED temple • Three decades before the Festival of the Sun reemerged in Cusco, a
scientific discovery some 68 miles [110 km] northwest from there was born like an embryo
of what would later become another important catalyst for the revalidation of the Inca
culture. It was in 1911 that American explorer Hiram Bingham found Machu Picchu, hidden in a forest at the edge of the Urubamba River. Composed of stone structures erected
in a way that they could make use of the rainwater, the inclination of the terrain, the
tremors in the earth and the sun rays, the greatest archaeological relic in South America
was a discreet amusement park for archaeologists until tourism began to take place there
and in Cusco, in the second half of the 20th century.
Much was learned about the Incas from Machu Picchu. After spending a century under
the care of scholars from Yale University, in Connecticut, U.S.A., 366 Inca objects found
by Bingham’s team were returned to Cusco in 2011. Now they are part of the Museo
Machu Picchu Casa Concha and, like the works in the Inka Museum and the Museum of
Pre-Colombian Art of Cusco, inspire artisans who make jewelry and fabrics of the wool
of Andean llamas and alpacas. Some pieces decorate hotels like the Aranwa Cusco Boutique Hotel, located in one of the charming 16th-century manors in the central region.
These items are popular among buyers at the market in Písac, a half-hour outside of
Cusco, in the so-called Sacred Valley.
Peru
Cenários da região de Ausangate:
alternativa à disputada Trilha Inca clássica
Scenes of the Ausangate region: an alternative
to the disputed classic Inca Trail
TREKKINg
nas alturas
Convertido em destino obrigatório para amantes
de relíquias arqueológicas e para quem se interessa pela
cultura andina, Machu Picchu se tornou o templo inca
por excelência — mesmo que a ciência não afirme se o
local foi um altar, um ponto privilegiado de observação
astrológica, um refúgio de inverno do rei ou uma comunidade agrícola de técnicas avançadas. Não importa.
Todos os meses, 100 mil pessoas, 70% delas vindas do
exterior, batem perna pela cidade sagrada.
A maioria dos turistas chega de trem, mas são os apreciadores das longas caminhadas que descobrem o quanto
os incas tinham fôlego. A Trilha Inca clássica passa por
pelo menos quatro sítios arqueológicos ao longo de 42
quilômetros e quatro dias. Como há limitação do número de caminhantes, a fila de espera é longa: em junho, só
havia reserva para quem quisesse fazer o roteiro em outubro (e desembolsando 350 dólares para as agências).
O efeito positivo dessa superlotação é que os andarilhos foram obrigados a descobrir outras rotas tão ou mais
belas, como as de Lares e Salkantay. A menos explorada
chama-se Ausangate e permite mais interação com comunidades tradicionais e suas heranças da cultura inca.
Em caminhadas de cinco dias por altitudes entre 4 e 5 mil
metros, em meio a picos nevados, os viajantes são ciceroneados por legítimos descendentes incas.
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tam nas nuvens | peru
TREKKING on the heights • Converted into an essential destination for lovers of archaeological relics and
those interested in Andean culture, Machu Picchu became
an Inca temple par excellence — even though science cannot
affirm whether the locale was an altar, a privileged point for
astrological observation, a winter haven for the king or an
agricultural community with advanced techniques. It doesn’t
matter. Every month, 100,000 people, 70% of which come
from abroad, set foot in the sacred city.
Most of the tourists come by train, but hiking enthusiasts
are the ones who discover how much endurance the Incas
had. The classic Inca Trail passes by at least four archaeological sites throughout 26 miles [42 km] and four days. Since
there’s a limit on the number of hikers, the waiting list is long:
in June, there were reservations available only for those who
wanted to cover the course in October (and shell out USD
350 to travel agencies).
The positive effect of this overcrowding is that travelers were
obligated to discover other routes just as, if not more, beautiful,
such as Lares and Salkantay. The least explored one is called
Ausangate and it allows for more interaction with traditional
communities and their inheritance of the Inca culture. On
five-day hikes through altitudes between 13,100 and 16,400
feet [4,000-5,000 m], in the midst of snowy peaks, people often
meet legitimate descendants of the Incas.
Peru
GASTRONOMIA
de raiz
As raízes incas sobrevivem nos hábitos dos cusquenhos. Com grãos dos mais variados tamanhos e cores,
o milho — que representava 65% da dieta dos moradores
de Machu Picchu — é vendido como doce ou salgado nas
ruas, ou mesmo cru, em mercados como o de San Pedro.
A chicha é consumida pura ou na forma de um refresco
roxo chamado chicha morada, tão doce quanto a folclórica
Inka Cola (que, dizem, é mais vendida do que a Coca-Cola
em Cusco). E, embora a Plaza de Armas tenha McDonald’s
e Starbucks, muitos turistas preferem os estabelecimentos
tradicionais para comer pastel de choclo (doce de milho) e
tomar chá de coca (bom para amenizar o mal-estar causado pelos 3.400 metros de altitude de Cusco).
Mas é nos bons restaurantes que os chefs têm exibido por que a cozinha do Peru se tornou um atrativo e
tanto. A começar pelo Chicha, de Gastón Acurio, o cozinheiro mais famoso do país. Por sinal, ele se prepara
para abrir uma segunda casa na cidade. Ali seu time
serve desde pratos feitos com carne de alpaca até criações como o costa y sierra, um risoto picante à base de
frutos do mar. Outro favorito dos turistas é o Cicciolina,
com ambiente animado e todo tipo de pimenta pendurada sobre o balcão. Seu menu vai além dos clássicos
ceviches, pisco sours e lomos saltados (carne de vaca servida com cebolas, arroz e batatas), avançando em receitas contemporâneas de influência asiática.
Chicha — chicha.com.pe
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Cicciolina — cicciolinacuzco.com
O chef do Chicha
Cusco, Carlos
Giambroni, e, no
alto, uma de suas
criações, à base
de carne suína
The chef at Chicha
Cusco, Carlos
Giambroni, and,
up top, one of his
creations, made
with pork meat
Traditional cuisine • The Inca roots have survived
in the habits of the Cusco population. Corn— which represented 65% of the diet of the residents of Machu Picchu — is sold both in sweet and salty form on the streets,
or even raw, at such markets as Mercado de San Pedro,
with kernels of the most diverse sizes and colors. Chicha is drunk pure or in the form of a purple refreshment
called chicha morada, as sweet as the folkloric Inka Cola
(which, they say, sells more than Coca-Cola in Cusco).
And even though Plaza de Armas has a McDonald’s and a
Starbucks, many tourists prefer the traditional establishments to have pastel de choclo (corn sweet) and coca tea
(good for soothing the effects caused by Cusco’s 11,000foot [3,400 m] altitude).
But it is in the good restaurants that chefs have shown
why Peruvian cuisine has become such an attraction. Starting with Chicha, owned by Gastón Acurio, the most famous
chef in the country — who, by the way, is preparing to open
a second restaurant in the city. There, his staff serves everything from recipes made with alpaca meat to such creations
as costa y sierra, a spicy seafood risotto. Another favorite
among tourists is Cicciolina, which has a lively atmosphere
and all types of peppers hanging over the counter. The
menu goes beyond the classic ceviches, pisco sours and lomos saltados (beef served with onions, rice and potatoes),
venturing into contemporary recipes of Asian influence.
Peru
Luxo e
tradição
Não é difícil entender por que um terço dos
2.153 leitos da hotelaria cusquenha está concentrado
em meia dúzia de hotéis cinco-estrelas. Essas grandes
construções coloniais seculares, cheias de clima, atraem
os visitantes para uma imersão na história e na cultura
peruanas. O Monastério, por exemplo, reciclou clausuras
minúsculas, habitadas por monges do Mosteiro de Santo
Antônio Abade em 1600, transformando-as em aconchegantes ninhos de luxo — e com um restaurante que
apresenta até ópera ao vivo no jantar. Foi ali que Antônio
Fagundes, Paola Oliveira e quase 60 participantes da novela Amor à Vida ocuparam 33 dos 126 quartos durante
20 dias de abril. Com suítes mais amplas e modernas,
o vizinho Palácio Nazarenas pertence à mesma rede, a
Orient-Express, e paparica seus hóspedes com chão do
banheiro aquecido, roupões de seda e mordomo para dar
aula de pisco sour no quarto. Mas é no Sumaq, localizado em Aguas Calientes, povoado-base para quem visita
Machu Picchu, que os viajantes melhor aliam conforto e
tradição. Após visitar as ruínas, qualquer hóspede pode
participar de uma cerimônia de gratidão a Pachamama, a
Mãe Terra, exatamente como faziam os incas.
Luxury and tradition • It isn’t hard to understand why a third of the 2,153 beds in Cusco’s hotel industry is concentrated in a half-dozen five-star hotels. These
large centuries-old colonial constructions attract visitors for an immersion into Peruvian history and culture.
Monasterio, for example, recycled tiny cloisters occupied
by monks in the Seminary of San Antonio Abad in 1600,
transforming them into cozy nests of luxury — and with
a restaurant that even has live opera at dinner. It was
there that Antônio Fagundes, Paola Oliveira and almost
60 participants in the telenovela Amor à Vida occupied
33 of the 126 rooms for 20 days in April. With more spacious and modern suites, the neighboring Palacio Nazarenas belongs to the same franchise, the Orient-Express,
and pampers its guests with heated bathroom floors, silk
robes and a butler to give you pisco sour lessons in your
room. But it is at Sumaq, located in Aguas Calientes, the
base village for those visiting Machu Picchu, that travelers get a better combination of comfort and tradition.
After visiting the ruins, guests can participate in a ceremony giving thanks to Pachamama, the Mother Earth,
just as the Incas used to do.
Palacio Nazarenas — palacionazarenas.com
Hotel Monasterio — monasteriohotel.com
Sumaq — machupicchuhotels-sumaq.com
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tam nas nuvens | peru
Dois clássicos da hotelaria
cusquenha: o Palácio
Nazarenas e, no alto, o
elegante Monastério
Two classic Cusco
hotels: Palacio
Nazarenas and, up top,
the elegant Monasterio
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