REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL ESTADO DE GOIÁS MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO - MPOG INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA - IPEA SECRETARIA DO PLANEJAMENTO E DO DESENVOLVIMENTO - SEPLAN/GO AGÊNCIA GOIANA DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - AGDR/GO DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS RELATÓRIO 1 AGOSTO – 2009 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 FINALIDADE Revisão da literatura referente a estudos regionais e urbanos recentes (período 1998-2008) EQUIPE DE PESQUISADORES Fernando Negret Fernandez - Doutor. João Batista de Deus - Doutor. Nair de Moura Vieira - Mestra. COORDENAÇÃO INSTITUCIONAL Lucio Warley Lippi - Especialista. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS ii DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 SUMÁRIO 1 APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................... 8 2 OBJETIVOS ...................................................................................................................................... 14 2.1 OBJETIVO GERAL ..................................................................................................................... 14 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................................................... 14 3 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 15 4 RESENHAS BÁSICAS: DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA ..................................................................... 17 5 4.1 CARACTERIZAÇÃO E TENDÊNCIAS DA REDE URBANA DO BRASIL ........................................... 17 4.2 PROPOSTA DE REGIONALIZAÇÃO DO BRASIL ........................................................................... 27 4.3 REGIÕES DE INFLUÊNCIA DAS CIDADES 2007 (REGIC) ............................................................. 34 OBRAS SELECIONADAS: RESENHAS DOS ESTUDOS RELEVANTES ................................................... 41 5.1 A DINÂMICA DEMOGRÁFICA DE GOIÁS .................................................................................... 41 5.2 A REGIÃO COMO ARENA POLÍTICA: UM ESTUDO SOBRE A PRODUÇÃO DA REGIÃO URBANA CENTRO-GOIANO ............................................................................................................................... 45 5.3 SUBSÍDIO À REGIONALIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DAS CIDADES: O CASO DE CATALÃO-GO ..................................................................................................................................... 48 5.4 GOVERNO DO ESTADO DE GOIÁS. DIRETRIZES DE POLÍTICA INDUSTRIAL E TECNOLÓGICA (VERSÃO PRELIMINAR). ..................................................................................................................... 51 5.5 O SUDESTE GOIANO E A DESCONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL ..................................................... 57 5.6 MIGRAÇÃO, EXPANSÃO DEMOGRÁFICA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO EM GOIÁS .......... 63 5.7 AS IMPLICAÇÕES DO PROCESSO DE MODERNIZAÇÃO CONSERVADORA NA ESTRUTURA E NAS ATIVIDADES AGROPECUÁRIAS DA REGIÃO CETRO-SUL DE GOIÁS ..................................................... 69 5.8 O GRANDE VALE DO OESTE. AS TRANSFORMAÇÕES DA BACIA ARAGUAIA EM TERRITÓRIO GOIANO.............................................................................................................................................. 75 5.9 FORMOSA: PORTAL DO NORDESTE GOIANO OU PÓLO REGIONAL NO ENTORNO DE BRASÍLIA? 84 6 IDENTIFIÇÃO DE LITERATURA ESPECÍFICA: REVISTAS CIENTÍFICAS RELEVANTES PRODUZIDAS EM GOIÁS .............................................................................................................................................. 87 UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS iii DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 7 IDENTIFIÇÃO DE LITERATURA ESPECÍFICA: DISSERTAÇÃO............................................................. 89 7.1 COMPETITIVIDADE DO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DE CALÇADOS: GOIÂNIA-GOIANIRA (2002 A 2006) .................................................................................................................................... 89 7.2 CRESCIMENTO ECONÔMICO, DIFERENCIAIS REGIONAIS DE RENDA EMIGRAÇÃO: TEORIA E EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS ..................................................................................................................... 90 7.3 RELAÇÕES INSTITUCIONAIS NA GESTÃO DO ESPAÇO METROPOLITANO: O CASO DO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA ..................................................................................................................... 90 7.4 CARACTERIZAÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA EM GOIÁS ............................................................ 91 7.5 AS ESTRATÉGIAS DE CRESCIMENTO DA COOPERATIVA MISTA DOS PRODUTORES DE LEITE DE MORRINHOS (CONPLEM) DE GOIÁS .................................................................................................... 92 7.6 AS PLANTAÇÕES DE SOJA E O IMPACTO AMBIENTAL CAUSADO NA ÁGUA E SOLO NA REGIÃO DO CERRADO/ CENTRO – OESTE/ CIDADE DE CRISTALINA – GOIÁS ................................................... 92 7.7 DISSERTAÇÕES DEFENDIDAS NO MESTRADO EM HISTÓRIA ..................................................... 93 7.7.1 SULISTAS EM MINEIROS: A RECRIAÇÃO DA IDENTIDADE ...................................................... 94 7.7.2 NAS ÁGUAS DO ARAGUAIA: A NAVEGAÇÃO E A HIBRIDEZ CULTURAL ................................. 95 7.7.3 SÃO DOMINGOS: TRADIÇÕES E CONFLITOS ........................................................................... 95 7.7.4 IMAGENS DO COMÉRCIO ANAPOLINO NO JORNAL “O ANÁPOLIS” (1930 – 1960): A CONSTRUÇÃO DA MANCHESTER GOIANA ....................................................................................... 96 7.8 AGROINDÚSTRIA E A REORGANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO PIRES DO RIO.................................... 98 7.9 A BUSCA DO PARAÍSO .............................................................................................................. 98 7.10 A CIDADE DE MORRINHOS: ELEMENTOS DA PRODUÇÃO DE UM ESPAÇO URBANO ................... 99 7.11 A EBULIÇÃO DE UMA FRONTEIRA: UM ESTUDO SOBRE AS RECENTES TRANSFORMAÇÕES ESPACIAIS EM IACIARA – GO............................................................................................................ 100 7.12 A FORMAÇÃO DE MOSSÂMEDES-GO: DA ALDEIA DE SÃO JOSÉ AOS NOVOS LIMITES MUNICIPAIS ..................................................................................................................................... 102 7.13 A IMPLANTAÇÃO DA MITSUBISHI EM CATALÃO: ESTRATÉGIAS POLÍTICAS E TERRITORIAIS DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA NOS ANOS 90............................................................................. 102 7.14 A IMPORTÂNCIA DA MANUTENÇÃO DOS REMANESCENTES DE CERRADO NO SUDOESTE GOIANO: A CONTRIBUIÇÃO DA SUB-BACIA DO RIBEIRÃO ZECA NOVATO ........................................ 103 7.15 A POLÍTICA DE INDUSTRIALIZAÇÃO EM GOIÁS COM OS DISTRITOS AGRO-INDUSTRIAIS - DAIA (1970/90) ......................................................................................................................................... 105 7.16 AQUI E ACOLÁ - ÁREAS REFORMADAS, TERRITÓRIOS TRANSFORMADOS (RETERRITORIALIZAÇÃO E A CONSTRUÇÃO DO LUGAR - UM DEBATE ENTRE PROJETOS DE ASSENTAMENTO RURAIS E EMPREENDIMENTOS RURAIS DO BANCO DA TERRA EM GOIÁS) ............ 105 UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS iv DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 7.17 AS TRANSFORMAÇÕES ESPACIAIS NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DA RODOVIA GO-060, NO OESTE GOIANO............................................................................................................................................ 106 7.18 CIDADE DE GOIÁS - FORMAS URBANAS E REDEFINIÇÃO DE USOS .......................................... 107 7.19 CIDADE DE GOIÁS: PATRIMÔNIO HISTÓRICO, COTIDIANO E CIDADANIA ................................ 107 7.20 COMPLEXO AGROINDUSTRIAL, SOB A FORMA DE COOPERATIVAS, NA OCUPAÇÃO E USO DO CERRADO - O CASO DA COMIGO EM RIO VERDE – GO ...................................................................... 108 7.21 CONFIGURAÇÃO SÓCIO-ESPACIAL DE PORANGATU – GO ....................................................... 109 7.22 COOPERATIVAS: UMA ALTERNATIVA DE ORGANIZAÇÃO PARA O PRODUTOR RURAL - O CASO DA AGROVALE EM QUIRINÓPOLIS – GO ........................................................................................... 110 7.23 ESTUDO DO IMPACTO AMBIENTAL A PARTIR DA ANÁLISE ESPAÇO / TEMPORAL - O CASO DA REGIÃO VÃO DO PARANÃ – GO ........................................................................................................ 110 7.24 IMPACTOS AMBIENTAIS DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO URBANO EM QUIRINÓPOLIS – GO .... 111 7.25 KALUNGA: O MITO DO ISOLAMENTO DIANTE DA MOBILIDADE ESPACIAL ............................. 112 7.26 LUZIÂNIA: FRAGMENTAÇÃO TERRITORIAL DE UM MUNICÍPIO DO ENTORNO DE BRASÍLIA.... 113 7.27 MUNICÍPIO DE GOIÁS: UMA ANÁLISE DE FRAGMENTAÇÃO TERRITORIAL .............................. 114 7.28 O COMÉRCIO VAREJISTA PERIÓDICO NO TEMPO-ESPAÇO DA FESTA DO DIVINO PAI ETERNO EM TRINDADE .................................................................................................................................. 115 7.29 O GRANDE VALE DO OESTE - TRANSFORMAÇÕES DA BACIA DO ARAGUAIA EM GOIÁS.......... 116 7.30 O PRODECER E A TERRITORIALIZAÇÃO DO CAPITAL EM GOIÁS: O PROJETO DE COLONIZAÇÃO PAINEIRAS ....................................................................................................................................... 117 7.31 PAISAGEM CAMPO DE VISIBILIDADE E DE SIGNIFICAÇÃO SOCIOCULTURAL: PARQUE NACIONAL DA CHAPADA DOS VEADEIROS E VILA DE SÃO JORGE .................................................... 118 7.32 PARQUE NACIONAL DAS EMAS - UMA HISTÓRIA, UMA CONTRADIÇÃO, UMA REALIDADE ..... 119 7.33 PORÃ-KATU - GOYÁZ POLÍTICAS REGIONAIS E DESENVOLVIMENTO LOCAL .......................... 120 7.34 REGIÃO E IDENTIDADE: A CONSTRUÇÃO DE UM "NORDESTE" EM GOIÁS ............................... 121 7.35 SUSCETIBILIDADE NATURAL E RISCO À EROSÃO LINEAR NO SETOR SUL DO ALTO CURSO DO RIO ARAGUAIA (GO/MT): SUBSÍDIOS AO PLANEJAMENTO GEOAMBIENTAL ..................................... 122 7.36 TERRITORIALIDADES AGROINDUSTRIAIS E O REORDENAMENTO DA DINÂMICA AGRÁRIA REGIONAL: O CASO DA PERDIGÃO EM RIO VERDE/GO...................................................................... 123 7.37 URUANA E SUA DINÂMICA ESPACIAL RECENTE ..................................................................... 123 7.38 VISÕES DE PIRENÓPOLIS: O LUGAR E OS MORADORES FACE AO TURISMO ............................. 124 7.39 A EXPANSÃO DA FRONTEIRA AGRÍCOLA NO ESTADO DE GOIÁS: SETOR SUCROALCOOLEIRO 125 UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS v DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 7.40 AGRICULTURA FAMILIAR E AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA: INTEGRAÇÕES E CONTRADIÇÕES126 7.41 GOIÂNIA UMA CIDADE DE IMIGRANTES ................................................................................. 126 7.42 CIÊNCIA E TECNOLOGIA E AS ALTERAÇÕES NAS FORMAS DE SOCIABILIDADE EM GOIÁS: UM ESTUDO SOBRE O SOFTWARE MSN MESSENGER............................................................................... 127 7.43 A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA BRASILEIRA E ALGUNS DE SEUS ASPECTOS SOCIOAMBIENTAIS: O CASO DA REGIÃO DE GOIANÁPOLIS-GO ........................................................ 128 7.44 GLOBALIZAÇÃO E MIGRAÇÃO INTERNACIONAL NO MUNDO DO TRABALHO: O MERCOSUL EM QUESTÃO ......................................................................................................................................... 129 7.45 A QUESTÃO REGIONAL E O CAMPESINATO: A AGRICULTURA EM CATALÃO-GO .................... 130 7.46 ANÁLISE DAS TRANSFORMAÇÕES RECENTES NA AGRICULTURA DA REGIÃO SUDOESTE DE GOIÁS – 1970-1995.......................................................................................................................... 131 7.47 CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA REDE URBANA DO CENTRO-OESTE: DIFERENCIAÇÃO FUNCIONAL E FLUXOS DE PASSAGEIROS ENTRE BRASÍLIA E GOIÂNIA............................................. 131 7.48 ESPECIALIZAÇÃO DA ATIVIDADE COMERCIAL ATACADISTA: O SETOR ATACADISTA – TRANSPORTADOR MODERNO DE ANÁPOLIS ..................................................................................... 133 7.49 A MINERAÇÃO DE AMIANTO EM GOIÁS .................................................................................. 133 7.50 AVALIAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA-AMBIENTAL DA ATIVIDADE MINERADORA EM CATALÃO E OUVIDOR - GOIÁS ............................................................................................................................ 134 7.51 SOLO POBRE, TERRA RICA: PAISAGENS DO CERRADO E AGROPECUÁRIA MODERNIZADA EM JATAÍ 136 7.52 INTERAÇÃO CAMPO-CIDADE: A (RE)ORGANIZAÇÃO SÓCIO ESPACIAL DE JATAÍ (GO) NO PERÍODO DE 1970 A 2000 ................................................................................................................ 136 7.53 INFLUÊNCIAS GEOPOLÍTICAS E DEFESA NACIONAL: QUARTÉIS DO EXÉRCITO NA REGIÃO DE CERRADO DE GOIÁS, TOCANTINS, DISTRITO FEDERAL E TRIÂNGULO MINEIRO ............................... 137 7.54 O MEIO TÉCNICO-CIENTÍFICO-INFORMACIONAL E A ESTRUTURAÇÃO DA REDE DO PÓLO DE MODA ÍNTIMA EM CATALÃO/GOIÁS ................................................................................................. 138 8 IDENTIFIÇÃO DE LITERATURA ESPECÍFICA: ESTUDO .................................................................... 139 8.1 SISTEMAS PRODUTIVOS E INOVATIVOS LOCAIS DE MPME: UMA NOVA ESTRATÉGIA DE AÇÃO PARA O SEBRAE ............................................................................................................................... 139 9 IDENTIFIÇÃO DE LITERATURA ESPECÍFICA: LIVRO ....................................................................... 141 9.1 O TEMPO DA TRANSFORMAÇÃO: ESTRUTURA E DINÂMICA DA FORMAÇÃO ECONÔMICA DE GOIÁS .............................................................................................................................................. 141 9.2 AGRICULTURA DE GOIÁS: ANÁLISE & DINÂMICA .................................................................. 141 UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS vi DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 9.3 A ECONOMIA GOIANA NO CONTEXTO NACIONAL: 1970-2000 ............................................... 142 9.4 CERRADO, SOCIEDADE E AMBIENTE – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL EM GOIÁS .......... 142 9.5 GOIÂNIA - METRÓPOLE NÃO PLANEJADA ............................................................................... 143 10 ESTUDOS EXISTENTES NÃO RESENHADOS: JUSTIFICATIVA .......................................................... 143 UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS vii DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 1 APRESENTAÇÃO Por Lucio Warley Lippi1 As interações resultantes das relações sociais de produção, distribuição e consumo de bens tangíveis e intangíveis, condicionam e determinam padrões sociais diferenciados tanto no tempo, quanto no espaço territorial. Esta dinâmica estabelece múltiplas conexões capazes de impactar as configurações sociais e estabelecer redes de influências integradas, incorporadas ou contraditórias, ancoradas em cidades classificadas por critérios de hierarquização. Materializa-se, na gênese desse processo dinâmico, a essência dialética2 das relações sociais. Asseverar sobre a evolução das relações sociais implica na identificação, caracterização e classificação de variáveis, notadamente as variáveis do tipo “fluxo”: fluxo de renda, fluxo comercial, fluxo de investimentos; dentre outras. A dificuldade em estabelecer uma ou mais variáveis reside na capacidade explicativa da variável, frente ao fenômeno sócio-econômico em apreço para propositura de políticas públicas. O exame da literatura disponível referente ao espaço territorial do Estado de Goiás tem como objetivo a identificação de possíveis elementos explicativos da dinâmica urbana; entendida como espaço territorial, superada a possível dicotomia rural x urbano. O estabelecimento de políticas públicas está intrinsecamente atrelado à forma como se detecta a atual configuração da dinâmica urbana. Tomemos a questão dos Arranjos Produtivos Locais como instrumento de política pública. A Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento do Estado de Goiás - SEPLAN/GO, por intermédio da Superintendência de Estatística, Pesquisa e Informação - SEPIN elaborou um estudo sobre intenção de investimento privado no Estado de Goiás. Utilizou como metodologia para levantar intenções de investimentos, a coleta diária de informações 1 Gestor de Planejamento e Orçamento do Estado de Goiás e Gerente de Planejamento da Agência Goiana de Desenvolvimento Regional – AGDR; Especialista em Auditoria e Gestão Governamental. 2 Não há intencionalidade em definir o sentido do conceito, mas o registro das múltiplas possibilidades. Por exemplo: dialética ascendente ou dialética descendente, dialética transcendental; conforme Platão e Kant, respectivamente. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 8 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 primárias dos prováveis investimentos a serem realizados no setor industrial e de serviços; divulgadas pelos principais meios de comunicação. Sinteticamente tem-se o seguinte panorama3: INTENÇÃO DE INVESTIMENTOS PARA GOIÁS - 2009 / 2012 PARTICIPAÇÃO DOS INVESTIMENTOS POR REGIÕES DE PLANEJAMENTO 3 Disponível em 13/08/2009: http://www.seplan.go.gov.br/sepin/ => Pesquisas conjunturais: Pesquisa de Intenção de Investimentos => Releases UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 9 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 Paralelamente ao mencionado estudo está instituída, por intermédio do Decreto nº 5.990 de 12/08/2004, a Rede de Apoio Aos Arranjos Produtivos Locais - RG-APL; instância que congrega diversas entidades públicas e privadas com a seguinte finalidade: o “Art. 2 A Rede Goiana de Apoio a Arranjos Produtivos Locais, criada por este Decreto, tem por finalidade empreender ações que objetivam a: I - estabelecer, promover, organizar e consolidar a política estadual de inovação tecnológica local, através da constituição e o fortalecimento de Arranjos Produtivos Locais; II - apoiar e incentivar o desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação, estimulando ações nas cadeias produtivas de destaque no Estado; III - colaborar na captação de recursos financeiros para aplicação no desenvolvimento de Arranjos Produtivos Locais; IV - criar e manter o Banco de Dados para armazenar dados, informações e identificação relativos a Arranjos Produtivos Locais existentes e a serem implantados no Estado; V - selecionar os setores produtivos e as regiões a serem apoiados por recursos do Estado, na implementação de Arranjos Produtivos Locais; VI - incentivar e apoiar a qualificação e a especialização de mão-de-obra para o setor produtivo das áreas de apoio a Arranjos Produtivos Locais; VII - difundir e estimular a formação de Arranjos Produtivos Locais, com demonstração de sua importância para a economia local e regional; VIII - criar condições de avaliação do andamento de cada Plataforma Tecnológica, visando observar os resultados concretos e os benefícios gerados para o Estado em função da sua implantação; IX - estabelecer as condições indispensáveis às ações cooperativas dos setores públicos e privados, com o intuito de garantir a aplicação máxima de conhecimentos científicos e tecnológicos atualizados, bem como auxiliar no desenvolvimento de tecnologias apropriadas às necessidades de cada região; X - prestar assessoramento e informações a todas as pessoas físicas ou jurídicas interessadas nos objetivos estabelecidos neste Decreto; XI - realizar ações e desenvolver atividades afins e complementares.” O Parágrafo Único do Artigo 1º do referido Decreto Nº 5.990, de 12 de agosto de 2004, define Arranjos Produtivos Locais da seguinte forma: “Consideram-se Arranjos Produtivos Locais os aglomerados de agentes econômicos, políticos e sociais, localizados em um mesmo espaço territorial, que apresentem, real ou potencialmente, vínculos consistentes de articulação, interação, cooperação e aprendizagem para a inovação tecnológica.” UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 10 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 A Secretaria de Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado de Goiás SECTEC/GO, coordenadora institucional da RG-APL, divulgou os seguintes dados em seu 4 relatório semestral : Total de APL'S 49 26 Consolidados Em formação 23 4 Panorama dos APLs de Goiás - Relatório Semestral da Rede Goiana de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais. 1º semestre 2008. SECTEC, Superintendência de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico, Gerência de Ações Locais. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 11 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 O relatório apresentou, ainda, a seguinte distribuição espacial: Interessa-nos averiguar, diante desta síntese de dados, a possibilidade de apontamento das variáveis determinantes e condicionantes capazes de impactar positivamente na conjuntura delineada, objetivando a redução das desigualdades interregionais resultante das políticas públicas lastreadas no conhecimento sobre a Dinâmica Urbana dos Estados; tarefa que o presente trabalho pretende principiar. A participação do Estado de Goiás na Pesquisa DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS promovida pelo Governo Federal, resultante da celebração do Acordo de Cooperação Técnica, tendo como intervenientes executores a SEPLAN/GO e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA; objetiva integrar o Estado de Goiás ao processo de elaboração e execução da pesquisa sobre a dinâmica territorial. A participação institucional de Unidades Orçamentárias Estaduais justifica-se pela necessidade da elaboração de UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 12 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 estudos e pesquisas sobre a dinâmica regional no Estado de Goiás, cujas análises e conclusões servirão de parâmetros para formulação e a execução de Política Pública. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 13 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 2 2.1 OBJETIVOS OBJETIVO GERAL O objetivo geral do estudo “Dinâmica Urbana dos Estados” é analisar aspectos do sistema urbano dos Estados brasileiros integrantes da pesquisa, no período de 2000 a 2008, enfocando as transformações ocorridas no perfil demográfico, produtivo e funcional das cidades, bem como na sua distribuição espacial, a fim de contribuir para a definição de estratégias de apoio à formulação e à execução das políticas públicas em diferentes escalas. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS a) Identificar movimentos recentes relacionados às configurações espaciais – aspetos demográficos, econômicos, funcionais e de gestão do Estado; b) Fortalecer a base analítica para os estudos de rede urbana. Compreender o processo de produção territorial e desigualdades no território goiano. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 14 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 3 INTRODUÇÃO O presente estudo está estruturado de forma a evidenciar a elaboração das resenhas obrigatórias, a elaboração de resenhas de estudos que apresentam maior contribuição ao tema e, ainda, o levantamento de material bibliográfico correlato à dinâmica territorial goiana. O item 4 - RESENHAS BÁSICAS: DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA obrigatórias definidas pelo IPEA, apresenta as resenhas a saber: a) IPEA / UNICAMP / IBGE (2002). Caracterização e Tendências da Rede Urbana do Brasil, Brasília. b) CEDEPLAR / UFMG (2007). Proposta de Regionalização do Brasil. Coordenação de Clélio Campolina Diniz (Módulo 3 do Estudo para Subsidiar a Abordagem da Dimensão Territorial do Desenvolvimento Nacional no PPA 2008-2011 e no Planejamento Governamental de Longo Prazo, encomendado pelo MPOG ao CGEE); como também, c) IBGE (2008). Regiões de Influência das cidades 2007 (REGIC), Rio de Janeiro. O item 5 - OBRAS SELECIONADAS: RESENHAS DOS ESTUDOS RELEVANTES trata da seleção do material de maior relevância consonante ao tema em foco. Figuram entre os destaques as seguintes obras: 1) A DINÂMICA DEMOGRÁFICA DE GOIÁS; 2) A REGIÃO COMO ARENA POLÍTICA: UM ESTUDO SOBRE A PRODUÇÃO DA REGIÃO URBANA CENTRO-GOIANO; 3) SUBSÍDIO À REGIONALIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DAS CIDADES: O CASO DE CATALÃO-GO; TECNOLÓGICA 4) GOVERNO DO ESTADO DE GOIÁS. DIRETRIZES DE POLÍTICA INDUSTRIAL E (VERSÃO PRELIMINAR); 5) O SUDESTE GOIANO E A DESCONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL; 6) MIGRAÇÃO, EXPANSÃO DEMOGRÁFICA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO EM GOIÁS 7) AS IMPLICAÇÕES DO PROCESSO DE MODERNIZAÇÃO CONSERVADORA NA ESTRUTURA E NAS ATIVIDADES AGROPECUÁRIAS DA REGIÃO CETRO-SUL DE GOIÁS; 8) O GRANDE VALE DO OESTE. AS TRANSFORMAÇÕES DA BACIA ARAGUAIA EM TERRITÓRIO GOIANO; e, 9) FORMOSA: PORTAL DO NORDESTE GOIANO OU PÓLO REGIONAL NO ENTORNO DE BRASÍLIA? O item 6 - IDENTIFIÇÃO DE LITERATURA ESPECÍFICA: REVISTAS CIENTÍFICAS RELEVANTES PRODUZIDAS EM GOIÁS indica os periódicos que servirão de base para futuras consultas aos artigos técnicos correlatos ao tema. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 15 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 O item 7 - IDENTIFIÇÃO DE LITERATURA ESPECÍFICA: DISSERTAÇÃO apresenta resumos de 57 obras que não foram objeto de resenha, contudo apresentam argumentações relevantes à execução da pesquisa. O item 8 - IDENTIFIÇÃO DE LITERATURA ESPECÍFICA: ESTUDO técnico elaborado pelo SEBRAE; compreende material busca caracterizar o Arranjo Produtivo Local - APL, procurando entender sua dinâmica, interação e cooperação inter-firmas. O trabalho objetivava, ainda, identificar as dificuldades e potencialidades do APL para, a partir delas, apontar sugestões de política para seu desenvolvimento. O item 9 - IDENTIFIÇÃO DE LITERATURA ESPECÍFICA: LIVRO destaca cinco obras publicadas que devido sua aceitação e reconhecimento foram lançadas em formato de livro. O item 10 - ESTUDOS EXISTENTES NÃO RESENHADOS: JUSTIFICATIVA visa arrazoar a seleção de obras importantes que não foram objeto de resenha. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 16 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 4 4.1 RESENHAS BÁSICAS: DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA CARACTERIZAÇÃO E TENDÊNCIAS DA REDE URBANA DO BRASIL Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto de Pesquisa Econômica APLICADA (IPEA). IBGE, UNICAMP, IE, NESUR. CARACTERIZAÇÃO E TENDÊNCIAS DA REDE URBANA DO BRASIL. Volume 4 . Redes Urbanas Regionais, Norte, Nordeste e Centro- Oeste. Brasília, 2001. Por Fernando Negret5 O Estudo da Região Centro-Oeste, inserido no Volume 4, Redes Urbanas Regionais, foi elaborado por uma equipe de pesquisadores sob a coordenação de Rosana Baeninger e Zoraide Amarante I. Miranda. O documento está estruturado em três grandes partes dedicadas cada uma a região Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Inclui uma breve parte introdutória denominada Bases Teóricas dos Estudos Regionais, no qual se explica qual é a perspectiva de análise e reflexão do estudo. Nesse sentido o documento explica como ponto de partida, que foi adotada como referência territorial a divisão em grandes regiões do Brasil, definida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, menciona-se que na elaboração de estudos regionais, essa regionalização mostrou ser pouca adequada dada a “interdependência econômica e urbana entre espaços localizados em regiões geográficas distintas”. O estudo tomou como escala de análise as mesorregiões geográficas definidas pelo IBGE e abrange os seguintes aspectos: tendências locacionais da atividade produtiva, concentração e desconcentração dessas atividades, diversificação do setor de serviços e mudanças ocupacionais relacionadas a essa diversificação, especialmente para as 5 Coordenador do Mestrado em Desenvolvimento Regional da ALFA. Professor, pesquisador e consultor da área regional, urbana e sócio-ambiental. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 17 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 aglomerações urbanas e principais centros da rede urbana brasileira; transformações das estruturas ocupacionais dos centros urbanos, segundo a sua hierarquia e tamanho, procurando caracterizar a estrutura do emprego; e, finalmente, identificação e qualificação da infra-estrutura urbana, quando ela constituiu-se em vetor de transformação do sistema de cidades. Essas questões foram trabalhadas para as grandes regiões como “mediações” para se entender a articulação entre a dinâmica recente das economias regionais, as características da urbanização e as transformações da rede urbana. Uma primeira classificação dos centros urbanos se obteve segundo as características específicas de cada região, “base para estabelecer critérios e para proceder a classificação da rede urbana do Brasil”. Essa classificação contempla as diversas espacialidades do sistema urbano brasileiro. O documento afirma que na tradição do pensamento geográfico, a cidade é parte integrante e, ao mesmo tempo, formadora da região e como tal não pode, nem deve ser tratada de modo separado ou desconexo. Nesse sentido afirma-se que a classificação da rede urbana deveria contemplar não só a estrutura dos fluxos de bens, serviços e indivíduos, em um dado espaço econômico, mas também os fatores econômicos e sociais que determinaram tal estrutura ao longo de um processo de desenvolvimento. Assim não se pode considerar a cidade como apartada do processo de produção de uma economia regional. Em termos da opção metodológica, o estudo explica que se optou por articular a teoria neoclássica do pensamento geográfico sobre hierarquias de redes urbanas com a teoria histórico-materialista, cujo enfoque “reside na produção do espaço regional-urbano e seus determinantes”, o que permite estabelecer uma correlação entre dinâmica do sistema de cidades e evolução do capitalismo em escala internacional. O estudo explica que com base nessa correlação, pretende-se não somente classificar a rede urbana brasileira, como também fazer uma análise prospectiva, com vistas a formulação de políticas públicas. (Cabe desde já afirmar que não existe no documento proposta de políticas públicas). UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 18 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 Após essas considerações introdutórias, mas que definem claramente o enfoque do estudo, faz-se uma revisão bibliográfica sobre “A Tradição Neoclássica de Estudos de Rede Urbana” destacando as teorias de Thunem e Cristaller sobre lugares centrais e centralidade. Discute a “Tradição da Geografia Humana Radical”. Igualmente se analisam “Os Sistemas de Cidades” em termos conceituais como “Rede de Cidades” e de suas características, principalmente hierarquias, tamanhos, funcionamento e zonas de influência das cidades. Comenta-se especificamente a “Teoria dos Lugares Centrais” de Cristaller, (1966) e mostra-se que é um enfoque priorizado no estudo. Aborda a “Especialização das Cidades”, destacando-se casos concretos de cidades com serviços especiais internacionais, além da sua área de influencia. Comenta-se sobre “As Relações entre Campo e Cidade”, “As Dinâmicas Recentes dos Sistemas de Cidades” e a “A Emergência de uma Nova Hierarquia Urbana”. Ainda na parte introdutória sobre metodologia o estudo apresenta uma seção breve denominada “Referenciais da Rede Urbana do Brasil”, na qual se explicita o processo geral de transformações do sistema urbano-regional, com relação a dois aspectos: a ampliação das funções dos centros urbanos e a ampliação das demandas de articulação e integração. O qual é interpretado como resultado da desconcentração das atividades produtivas e a interiorização do desenvolvimento. Com relação à Configuração da Rede Urbana Brasileira se explicam os quatro referenciais básicos para a sua análise: 1)Estudos Regionais (redes urbanas das grandes regiões); 2) Hierarquia da Rede, pela classificação dos Centros Urbanos (seis categorias e 111 centros urbanos; 3) Os Sistemas Urbanos Regionais (12 sistemas) e sua articulação em três estruturas urbanas; 4) Aglomerações Urbanas (49 aglomerações). Para o Estudo, Rede Urbana é o conjunto das cidades que polarizam o território brasileiro e os fluxos de bens, pessoas e serviços que se estabelecem entre si. È formada por centros, com dimensões variadas, que estabelecem dinâmicas entre si como campos de forças de diferentes magnitudes. Explica-se que a classificação da Rede Urbana Brasileira foi desenvolvida com base em um conjunto de critérios e procedimentos articulados ás tipologias de tamanho dos centros urbanos, ocupacional e de dependência funcional desses, bem como da forma urbana assumida pelos centros. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 19 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 O estudo da configuração da rede implicou quatro etapas: a) Estudos Regionais, cujos critérios foram tamanho e tipologia dos centros urbanos ou seja, a sua posição com base no trabalho do IBGE Regiões de Influência das Cidades (REGIC); porcentagem da População Economicamente Ativa - PEA urbana; total da população; taxa de crescimento da população; porcentagem de acréscimo da população; densidade demográfica (1996) e agrupamento dos centros urbanos. Além desses indicadores e com apoio do Quadro de Composição das Aglomerações Urbanas, consideram-se ainda como indicadores a presença de processo de conurbação e periferização. Tamanho populacional dos centros em 1991 e 1996; crescimento do município-núcleo e da periferia 1980-91 e 1991-96 e “indicadores referentes quanto à articulação entre centros urbanos”. b) Quadro de Classificação da Rede Urbana do Brasil, que identificou seis categorias: Metrópoles Globais, Nacionais e Regionais, 13 centros urbanos, com exceção de Manaus; Centros Regionais, 16 centros sendo 13 de aglomerações urbanas não metropolitanas; Centros Sub-regionais 1 e 2, somando 82 centros urbanos. c) Sistemas Urbano-Regionais, compreendeu a organização dos sistemas territoriais a partir das metrópoles e centros regionais. Foram realizados estudos específicos com base nos fluxos de pessoas, mercadorias e informações distinguindo como sistema os conjuntos mais articulados entre si, com contigüidade espacial e dependência funcional. Além disso, ritmo da urbanização, nível de adensamento da rede de cidades; grau de complementaridade entre os centros urbanos; nível de desenvolvimento humano, expressos nos indicadores de renda, alfabetização e acesso aos serviços urbanos básicos. Com base nesses indicadores e aspectos, foram reagrupados os doze sistemas em três “grandes estruturas articuladas”: 1) a do Centro Sul, incluindo as áreas de influência de Belo Horizonte até as de Porto Alegre; 2) a do Nordeste, desde as áreas de São LuisTerezina, até Salvador e Feira de Santana; 3) a do Centro-Oeste, integrada pelos sistemas de Cuiabá, Belém, Manaus e de Brasília-Goiânia. d) Quadro de Composição das Aglomerações Urbanas do Brasil, as quais correspondem a “mancha de ocupação contínua entre pelo menos dois municípios (derivada de perifização ou conurbação), e apresentam intensos fluxos de relações UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 20 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 intermunicipais, comutação diária, complementaridade funcional, integração sócioeconômica, decorrente de especialização e complementação funcional das aglomerações urbanas. Foram identificadas 49 aglomerações, 12 classificadas em nível metropolitano. Na Caracterização da Rede Urbana da Região Centro-Oeste, destacam-se duas questões: 1) o fato de não ter estudos sobre o processo de desenvolvimento e suas implicações sobre os sistemas regionais urbanos; 2) o período histórico de análise não pode ser restrito somente aos últimos 15 anos, na medida em que foi nos anos 60/70 que se constituíram as bases da ocupação do território e da construção da rede. Após ser descrito o “objeto” da pesquisa explicando o que é o Centro-Oeste como região e seu processo geral de ocupação, descrevem-se o objetivo e a metodologia. Neste item se assinala que com o objetivo de explicar a diversidade regional e a morfologia das cidades da região deve-se fazer uma construção periódica dos cenários nos quais se deu a “sua inserção na economia nacional e internacional”. Agrega-se que a metodologia implica duas referencias: o agregado político- administrativo dos territórios das unidades federativas e a menor unidade territorial de análise, o município, cuja dinâmica sócioprodutiva representa o embrião das estruturas funcionais características de diversas estruturas produtivas e inserções regionais, não necessariamente limitadas pela “rigidez” dos territórios estaduais. Conclui afirmando que o município é a unidade que, metodologicamente, melhor permite compreender a rede de cidades, suas inter-relações e diferenciações funcionais, cuja configuração desdobra-se em peculiaridades da estrutura produtiva e, conseqüentemente, em recortes analíticos regionais. Inclui-se uma Caracterização da Economia Regional, na qual se menciona rapidamente a exploração mineira inicial em pequenos núcleos dispersos, principalmente em Goiás e Mato Grosso e posteriormente no subitem Formação Econômica e Social se assinala como Cuiabá, Vila Bela e Goiás em Mato Grosso e Goiás foram os principais núcleos iniciais que, embora muito fragilmente, estabeleceram relações sócio-econômicas com o Sudeste. Posteriormente, o documento apresenta uma análise do processo de desenvolvimento de cada Estado, em termos de atividades econômicas e o surgimento e consolidação de centros urbanos importantes como Goiânia e Anápolis. No subitem Bases da Expansão Recente se assinala o Plano de Metas (1956-61) do governo de Juscelino Kubitschek como “um grande divisor de águas” entre o processo de ocupação e a UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 21 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 “moderna incorporação do Centro-Oeste pela agricultura comercial e a bovinocultura”. É neste item que se descrevem as grandes obras, tais como a construção de Brasília e as vias BR 153 que ligou Goiânia a São José de Rio Preto e a BR 060 ligando Brasília-AnápolisGoiâna. Um terceiro Item está dedicado a Expansão Sócio-Econômica Recente onde se analisam Os Programas Governamentais e Frentes de Expansão. Inclui o Desempenho Econômico Regional 1985-96 analisando as atividades econômicas por produto, na agricultura e na pecuária, no nível da região e por Estado, destacando-se 10 produtos principais e dentre eles a soja, a cana de açúcar, algodão e milho. Neste item também se aborda o emprego, apresentam-se tabelas por ramo de atividade para a região Centro-Oeste e se destaca o crescimento geral do emprego na região como um todo, o maior crescimento do emprego em Mato Grosso por ser fronteira de expansão agrícola e a menor expansão em Goiás. A análise do emprego inclui o comportamento por atividade, mostrando a importância do setor agropecuário, dado o aumento das empresas nesse setor e o novo perfil empresarial. Ainda com relação ao Desempenho Econômico Regional inclui-se uma análise sobre o comportamento setorial do PIB no qual se ressalta a expansão da participação do setor agropecuário na região pelas exportações de grãos e carnes e a expansão dos serviços, pela presença de Brasília. A Caracterização da Rede Urbana Regional se baseia segundo o documento em uma análise “do conjunto de determinantes do desenvolvimento sócio-econômico regional e suas inter-relações com a estruturação espacial”. Essa análise inclui a caracterização e a identificação espacial dos sistemas produtivos, juntamente com a análise da dinâmica produtiva. Neste sentido se apresenta uma análise da Dinâmica Populacional e se destaca que a região Centro-Oeste ao longo da década de 1970 absorveu 1.3 milhões de migrantes, duas vezes superior a taxa nacional. Esta década foi o auge do crescimento demográfico, já que posteriormente se verifica uma desaceleração das taxas de crescimento regional. As análises demográficas posteriores são no nível do estado e por mesorregiões de forma detalhada. Adverte-se que o Distrito Federal, a partir da década de 1980, não perdeu poder de atração populacional e que deu um crescimento no entorno goiano do DF. Esse UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 22 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 fenômeno implicou que no estado de Goiás “a fixação produtiva da população em seu território foi sensivelmente reduzida”. O estudo apresenta uma análise detalhada do comportamento demográfico dos estados por mesorregião e sobre Goiás afirma-se que o Norte Goiano teve uma taxa negativa de -0,27% e de apenas 0,47 para o noroeste. Essa duas regiões eram produtoras de alimentos e com o desmonte dos programas de apoio passaram a pecuária intensiva. Entretanto, o leste goiano passou por um período de grande dinamismo, crescendo a taxa elevadas nos períodos de 1980-96. Destaca-se dessa mesorregião a sua assimetria, já que está constituía por duas microrregiões com dinâmicas distintas: ao norte a micro-região do Vão do Paranã, a mais pobre e despovoada do Estado de Goiás, enquanto o entorno do Distrito Federal configura uma microrregião com grande dinâmica agropecuária e atração populacional. A mesorregião Centro Goiano, donde se localiza Goiânia, teve desaceleração do crescimento no período 1980-91 e 1,7% de 1991 a 1996. Na mesorregião sul a população decresceu, o qual é produto da migração para ás cidades característico em toda região Centro-Oeste. Na análise do Perfil da Rede Urbana, realizada com base nos municípios, mostra um processo de concentração da população nos principais centros urbanos Goiânia e Brasília e respectivas cidades satélites. Juntos, esses dois aglomerados em 1970 representavam 25.8% do total da população e em 1996 passaram a concentrar 37.7%. Se a essas duas aglomerações se junta à população de Rio Verde, Campo Grande, Dourados e Cuiabá-Varzea Grande, a concentração chega a 50,75% da população total. Nessa perspectiva o estudo avança nas análises demográficas mostrando o grau de concentração em poucos municípios da região, nos estados e mesorregiões, bem como as complementa mostrando a dinâmica ocupacional em relação à PEA ocupada nas atividades econômicas em cada mesorregião. No caso do estado de Goiás, a PEA é marcada pela maior participação na agropecuária e extração mineral, embora existam centros urbanos ligados ao comércio e serviços em geral em várias mesorregiões, como é caso de Aragarças e Aruanã, na mesorregião norte goiano; Porangatú e Uruaçu no norte; Goiânia, Anápolis, Aparecida de Goiânia, Rialma, Senador Canedo e Trindade no Centro; Luziânia, Planaltina de Goiás e UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 23 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 Santo Antônio do Descoberto no leste e Caldas Novas, Anhanguera, Itumbiara e Pires do Rio no sul. O estudo distingue Goiás como o estado da Região Centro-Oeste que apresenta uma rede urbana mais adensada e consolidada. Afirma-se que embora predominem os municípios pequenos, nas mesorregiões Centro onde está Goiânia, Sul de Rio Verde e Catalão, e Leste do entorno de Brasília, a rede urbana é marcada por dinâmicas regionais específicas, configurando importantes centros urbanos como Brasília, Goiânia e Anápolis. Ainda com relação ao Perfil da Rede geral do Centro-Oeste se estabelece a seguinte ordem dos centros urbanos com PEA ocupada em comércio e serviços: Brasília, Goiânia, Campo Grande, Cuiabá, Anápolis, Luziânia, Aparecida de Goiânia, Várzea Grande, Dourados e Rondonópolis. Na análise da Rede Urbana Principal e especificamente sobre a Conformação dos principais Centros Urbanos, ressalta-se o fato de que mesmo com os avanços da agroindustrialização não houve grandes mudanças na hierarquia urbana e somente é destacado o surgimento de novos centros urbanos na área de fronteira, no norte de Mato Grosso, tais como Alta Floresta, Sinop, Sorriso, Colider e Juina. Em termos metodológicos o estudo explica que com base num modelo Clauster e informações de 1991 se “permite identificar grupos de homogeneidades, no caso do Centro-Oeste, divididos em sete grupos”. O Regic, aplicado em 1993, permite identificar e mapear centralidades, divididas em oito categorias. Além desses dois métodos, se aplicou o “Índice de Terceirização” para os anos 1980 e 1985. Explica-se que semelhante ao método Regic, embora aplicando indicadores estritos de macro-estrutura produtiva e polarização, o índice de terceirização “permite identificar uma possível tendência de diversificação produtiva e polarização da rede urbana”. O índice de terceirização toma como princípio a heterogeneidade das relações econômicas, procurando resgatar a diferenciação entre produto e renda regional-municipal. Neste sentido assume-se que os serviços urbanos são consumidos localmente e que por tanto a sua análise pode apontar possíveis tendências á concentração de inter-relações sócio-econômicas heterogêneas que expressam a divisão social do trabalho. Com base nesse índice se apresenta uma tabela com a Classificação da Rede Urbana Municipal, e análises específicos sobre o Aglomerado Metropolitano UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 24 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 Nacional de Brasília, O Aglomerado Metropolitano Regional de Goiânia, Centros Urbanos Isolados Regionais e Centros Urbanos Isolados Locais. Um quarto item apresenta as Mudanças Econômicas e Impactos sobre a Rede Urbana, sendo que no subitem Desenvolvimento Econômico e Urbano recente se assinala que a partir da década de 80 a economia regional passa a sofrer as vicissitudes da economia nacional. Nesse sentido menciona as restrições financeiras e fiscais que levaram a cortes nos subsídios e afetaram grandes programas nacionais de apoio, com o qual o Centro-Oeste foi relegado ás leis do mercado. Isso se vê refletido na pouca diversificação produtiva dos centros urbanos, pouca geração de emprego e até a retração em várias mesorregiões. Resumindo, o estudo apresenta como centros consolidados aqueles já mencionados anteriormente: Goiânia, Anápolis, Rio Verde e Itumbiara e o Distrito Federal. No sudoeste de Mato Grosso Cuiabá, Rondonópolis e Cáceres e em Mato Grosso do Sul, Campo Grande, Dourados e Corumbá. Todos esses centros polarizam suas respectivas regiões de influência. Finalmente o documento apresenta um subitem sobre Tendências e Novas Espacialidades, no qual analisa a influência do “processo de abertura da economia que provocou fortes alterações na dimensão espacial do desenvolvimento”. Afirma-se novamente que “o resultado do processo em curso, nos últimos anos, consolidou as áreas mais dinâmicas e capitalizadas, onde a atividade produtiva privada foi mais beneficiada pela fertilidade dos solos e as políticas de aproveitamento dos cerrados”. Isso consolidou os mesmos centros urbanos mencionados e a rede urbana que integram. O documento menciona com razão que desde o ponto de vista ambiental os efeitos sobre o ecossistema Cerrados são sensíveis e preocupantes. Incluem-se nesse item algumas considerações sobre os projetos do Plano de Desenvolvimento Nacional "Brasil em Ação” mostrando alguns efeitos e perspectivas de impacto das ações programadas. Nas Considerações Finais o estudo apresenta as seguintes conclusões: a) A dinâmica sócio-econômica do Centro-Oeste não mostra uma inserção produtiva e funcional do conjunto da região nem completo desenvolvimento regional. Somente um conjunto reduzido de cidades mostra inserção regional e nacional e todos os estados mostram concentração nesse poucos centros. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 25 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 b) A migração na década de 60 e 70 com a criação da nova capital e projetos de colonização foi elemento importante na ocupação regional. c) Não existe um desenvolvimento urbano regional consolidado e predomina grande concentração de população e de atividades secundárias e terçarias em poucos centros urbanos. d) O desenvolvimento recente reforçou o sistema urbano regional já existente. e) Brasília é um caso específico, “não apresenta uma dinâmica econômica assentada na complementaridade á economia do sudeste” a sua localização foi decisão política e seu crescimento ocorreu de dentro para fora. f) Brasília foi estímulo para Anápolis e Goiânia, esta última tem uma base econômica mais diversificada. g) A base produtiva continua sendo a agropecuária e questiona-se o modelo agrário pela insustentábilidade e a concentração urbana que não garante “oportunidades de emprego e oferta de bens e serviços a outros municípios”. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 26 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 4.2 PROPOSTA DE REGIONALIZAÇÃO DO BRASIL Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Planejamento e Investimentos Estratégicos. PLANEJAMENTO. Regiões de Referência III. Brasília, 2008. ESTUDO DA DIMENSÃO TERRITORIAL PARA O Por Fernando Negret6 O volume III regiões de Referência, foi elaborado por uma equipe técnica coordenada por Clélio Campolina Diniz, reconhecido como um destacado pesquisador na área regional e urbana, bem como a equipe integrada por técnicos e pesquisadores especializados. A equipe técnica teve como subcoordenador Rodrigo Ferreira Simões e a colaboração de sete pessoas entre técnicos e pesquisadores. O documento está estruturado em quatro capítulos: O Capítulo 1 é conceitual e trata do território e do desenvolvimento, da regionalização econômica, da integração nacional e o ordenamento do território, além de uma nova regionalização para efeitos de planejamento e sobre uma política urbano-regional contemporânea. O Capítulo 2 aborda Considerações Metodológicas, que inclui o Modelo Formal e as equações usadas para as análises, além de incorporar considerações sobre acessibilidade viária, biomas, ecorregiões, bacias hidrográficas e, ainda, capacitação tecnológica e modelo econômico demográfico com estrutura viária. O Capítulo 3 inclui uma Proposta de Regionalização no qual se mostram os resultados obtidos em termos de territórios da estratégia, as macroregiões, sub-regiões, a estratégia de regionalização, especificidades das sub-regiões na Amazônia, caracterização das sub-regiões e indicadores e variáveis. O capítulo 4 trata da seleção dos Macro e Mesopólos para o ordenamento do território e construção de um Brasil policêntrico. Este capítulo inclui resultados territoriais da simulação com o crescimento diferenciado dos sete novos pólos e a rede urbana prospectiva. No primeiro capítulo, o estudo apresenta uma conceituação de região a partir de uma boa revisão bibliográfica, na qual privilegia os conceitos de região que conferem a 6 Coordenador do Mestrado em Desenvolvimento Regional da ALFA. Professor, pesquisador e consultor da área regional, urbana e sócio-ambiental. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 27 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 “ação humana certa dimensão ativa ante o ambiente natural”. Fica manifesto que se compartilha o conceito de “região funcional” e explica-se que se trata de aquela articulada a partir da análise da espacialidade das relações econômicas. É um modelo caracterizado pelas trocas e fluxos organizados pelas relações de mercado muito mais que pela uniformidade/identidade de paisagens e produções. A noção de região é diretamente associada à idéia de rede urbana, ultrapassando-se a perspectiva de simples complementaridade entre campo e cidade. Busca-se os níveis de hierarquização, de complementaridade e a função ligada á localização dos núcleos urbanos. Ressalta a importância da teoria do Lugar Central de Christaller e afirma que a sua interpretação não literal de seus resultados pode auxiliar no entendimento de uma questão central para as possibilidades de regionalização do espaço a partir desses pressupostos: “redes urbanas na oferta de serviços”. Nesse sentido afirma de maneira categórica que a função primordial de um núcleo urbano é atuar como centro de serviços para seu hinterland imediato, fornecendo bens e serviços centrais. Estes, por sua vez, caracterizam-se por serem de ordens diferenciadas, gerando uma hierarquia de centros urbanos análoga aos bens e serviços que ofertam. Posteriormente se explicam como chaves na teoria de Christaller os conceitos de “Limite Crítico” do nível mínimo de demanda de um bem e serviço; “Alcance” da distância a percorrer para aceder a esse bem e serviço. Após revisar as contribuições de outros teóricos sobre a Teoria do Lugar Central o documento destaca a importância do centro urbano na medida em que envolve todos os processos de compra e venda de mercadorias, sejam elas meios de produção, força de trabalho ou bens de consumo, ou de serviços, principalmente os serviços de consumo coletivo. O considera como o núcleo estruturante do espaço localizado, por meio da formação de redes urbanas pelas quais flui o capital. Sobre o conceito de região o documento fala da “natureza epistemológica funcional do trabalho de regionalização” e adverte que se estiver claro o propósito da segmentação do território, cabe o passo seguinte que é definir os critérios que “devem instruir tal segmentação orientada à compreensão da esfera econômica. Nessa perspectiva e se apoiando em Perroux e Boudeville, afirma-se que tal segmentação obedece a dois critérios auto-explicativos básicos: homogeneidade e heterogeneidade. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 28 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 Definindo o enfoque do estudo, afirma-se que em uma concepção econômica de região, a “dimensão das trocas” – relações mercantis efetivamente - assume papel de eixo fundante. A continuação o documento afirma que “Traduz-se nisso uma reflexão detida daquilo que Marx aponta como foco da sociabilidade do sistema capitalista, ou seja a sociabilidade das trocas”. Essa afirmação não é clara com relação aos princípios do marxismo. Com relação ao critério de homogeneidade, afirma-se que ainda seja útil para caracterizações de cunho produtivo ou de aspectos da paisagem natural – especializações produtivas, coberturas vegetais, relevo, etc. – não permite atentar para uma dimensão crucial em uma sociedade mercantil, isto é, os diferentes níveis de hierarquia, integração e complementaridade que definiriam os sistemas econômicos e seus fluxos de troca no espaço. Entanto que seguindo critérios de heterogeneidade na definição de segmentação do espaço, se é possível avaliar a configuração e intensidade de sistemas econômicos e a definição do que poderia ser considerada uma região econômica. Desta forma o estudo define claramente uma posição favorável a heterogeneidade como “princípio de qual se deve partir”. Complementarmente afirma-se de maneira conclusiva que desde o ponto de vista econômico é mais importante determinar se há trocas entre dois pontos do que saber se ambos são especializados na produção do mesmo bem. Além da prevalência econômica nos fluxos, outro aspecto que considera primordial nesses processos é a orientação dos fluxos migratórios ou populacionais, a partir da própria dinâmica econômica. Nas páginas seguintes a esta consideração, o documento faz uma análise dos fluxos migratórios do país em relação com o processo de industrialização em São Paulo e Rio de Janeiro e das regiões de maior dinamismo econômico, com o qual acontece um processo de concentração e centralização do capital, a produção e a população nos centros urbanos. Menciona-se a importância do Plano de Metas do governo Kubitschek na modernização de setores produtivos e nos fortes investimentos na melhoria da infraestrutura, ampliando a rede de transportes e favorecendo a intensificação do comercio inter-regional e a mobilidade populacional. Posteriormente se faz menção aos processos de urbanização, fluxos migratórios e populacionais em períodos específicos recentes até a UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 29 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 discussão da desconcentração espacial das atividades procurando uma reversão da polarização. No terceiro ponto deste primeiro capítulo fala-se da integração nacional e ordenamento do território e sugerem-se quatro grandes dimensões complementares, integração físico-territorial, integração econômica, integração social e integração política. A Física-territorial baseia-se na construção de transporte, energia e telecomunicações para fortalecer novos centros e os mercados; a econômica como complementaridade intersetorial e inter-regional de atividades produtivas; a social como incorporação de grande parte da população ao mercado e a padrões dignos de vida e a política como reforço da solidariedade nacional e para um projeto de nação. Quatro formas de integração que motivam uma ampla discussão. O quarto ponto do capítulo discute a Nova Regionalização para o Planejamento e partindo das características do Brasil em termos de desigualdades regionais, diversidade ambiental e cultural, e a falta de uma regionalização útil ao planejamento; retoma os conceitos de Homogeneidade e Heterogeneidade. Discute o primeiro com relação ao natural e propõe seis grandes macro-regiões. Com relação à heterogeneidade e segundo Christaller, Losch, Jacobs e Perrroux, se propõem “Macrorregiões polarizadas”, “com base no comando do urbano sobre os grandes espaços”. Esses dois recortes devem servir de referência para as políticas macro-espaciais, estruturadoras do território e voltadas para seu ordenamento, no âmbito do policentrismo. Posteriormente o documento somente menciona como política as ações que o estado poder tomar sobre os pólos estabelecidos. No ponto 5 deste capítulo Para uma Política Urbano-Regional Contemporânea se expressa claramente que a cidade é o lugar fundamental da organização da vida cultural, sócio-política e econômica, que sintetiza a civilização, promove suas dimensões mais estruturantes e tem sua expressão maior nos meios de produção e criatividade e nas condições privilegiadas para a reprodução coletiva. (Esta afirmação dos autores deixa em claro uma posição “urbano-centrista” do desenvolvimento a todos os níveis, sem mencionar a pobreza e as maiores desigualdades da realidade latino-americana). UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 30 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 O capítulo termina propondo “construir lugares e atores”. Esses lugares propõem-se como espaços e territórios plenos de significados sociais, centrados na reinversão da vida cotidiana, no sentido da vida pública e coletiva e de suas condições múltiplas com as diversas escalas que a globalização propicia. (não considera as relações sociais de produção, nem as contradições do sistema capitalista, a pesar de ter citado a Marx com uma interpretação estranha) O Capítulo III sobre considerações metodológicas explica um conjunto de modelos e formulas matemáticas para medir o Índice de Terciarização, que dimensiona a capacidade de “carregamento” das atividades pelos serviços ofertados por uma determinada região e o índice de capacidade de transbordamento desses serviços para outra localidade. Apresenta-se o Modelo Gravitacional que permite a definição da região de interação de um pólo, ou seja, a demarcação da sua área de influência, levando em conta o poder de atração determinado diretamente pela intensidade das trocas e inversamente pela distância geográfica, refletida economicamente no custo de transporte por unidade de produto transportado. Diversas equações para cálculos são apresentadas para analisar trocas migratórias e interações entre micro-regiões. Igualmente um índice de acessibilidade baseado no sistema de transporte rodoviário articulado ao transporte hidroviário e com outras ferramentas foram estabelecidos os tempos de deslocamento entre as micro-regiões geográficas; O ponto três deste capítulo analisa biomas, ecorregiões e bacias hidrográficas como elementos de regionalização, fazendo distinção entre espaço natural e espaço construído. Consideram-se as partes das regiões naturais não ocupadas, por exemplo, do Cerrado e da Amazônia como elementos de uma regionalização e se adverte que raramente coincidem uma região polarizada com uma bacia hidrográfica. Já no caso de uma região estruturada com base em rios a bacia é estruturante. No ponto quatro discute-se a Repolarização Regional e Dispersão Produtiva dando exemplos em regiões de México e China. Comentam-se as mudanças do Rio de Janeiro e São Paulo com a mudança da capital e da industrialização de outras cidades. Inclui-se um UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 31 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 índice de capacitação tecnológica regional com base em patentes aprovadas, artigos científicos publicados e alunos de Pós-Graduação em Áreas Tecnológicas. No Capítulo 3 apresenta-se “Uma Proposta de Regionalização”, iniciando com os Territórios da Estratégia que são seis grandes macro-regiões: 1) Bioma Florestal Amazônico; 2) Sertão Semi-Árido Nordestino; 3) Litoral Norte-Nordeste; 4) Sudeste-Sul; 5) Centro-Oeste; 6) Centro-Norte. Os cálculos de Polarização, Ajuste Ambiental e de Identidade Cultural, levaram a 11 macrorregiões com seus respectivos macropolos. A sub-regionalização identificou 118 sub-regiões, permitindo um ajuste mais fino entre os indicadores econômicos e sociais de polarização e a compatibilização com as características ambientais e de identidade cultural. Incluem-se cartogramas, a explicação do processo de regionalização em passos e uma explicação da forma como foram caracterizadas as 118 sub-regiões em sócio-demografia, estrutura econômica, território, rede urbana e centralidade, No capitulo 4, apresenta-se a seleção dos Macro e Mesopolos e uma explicação da sua função estratégica regional e nacional. Inclui-se a seleção dos novos sub-polos estratégicos com funções predominantes de promover o desenvolvimento regional, mas não se incluindo centros desse tipo no sudeste e sul. Com base numa simulação do processo de desenvolvimento futuro e considerando o tamanho atual da cidade, seu desempenho, as potencialidades econômicas do seu entorno e sua posição estratégica, obteve-se multiplicadores da população dos macro-polos, e subpolos. O documento discute Rede Urbana Prospectiva, sobre o qual apresenta diversidade de formas de mensuração, como conectividade, centralidades, fluxos, estabilidade e intensidade. Com base nesses conceitos sugere que entre as cidades podem acontecer todos esses tipos de processos de maneira dinâmica e que podem ser quantificados. Finalmente apresentam-se quatro modificações ao Modelo para Rede de Cidades com base no modelo gravitacional e sobre o qual se fazem ajustes para gerar uma equação com base no modelo gravitacional e sobre o qual se fazem ajustes para gerar uma equação, ou seja, a sociabilidade das trocas que segundo o documento “mimetizam em alguma medida a variedade de situações encontradas em qualquer rede de cidades... essa equação UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 32 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 será utilizada na simulação da rede de cidades do Brasil para o ano 2000 e será também utilizada para ilustrar modificações nessa rede decorrente de uma política pública que dê preferência para o desenvolvimento de algumas cidades”. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 33 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 4.3 REGIÕES DE INFLUÊNCIA DAS CIDADES 2007 (REGIC) Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – CIDADES. IBGE. REGIÕES DE INFLUÊNCIA DAS Rio de Janeiro, 2008. Por Fernando Negret7 O Estudo Regiões de Influência das Cidades foi elaborado pela equipe técnica do IBGE que integram a Coordenação de Geografia do instituto, dentre os quais participaram técnicos da área de Hierarquia e Regiões de influência e de Geoprocessamento. O documento foi elaborado com o apoio do Centro de Documentação e Disseminação de Informações do IBGE. O estudo se apresenta estruturado em três grandes partes, uma inicial sobre a Rede Urbana Brasileira com descrições gerais, a segunda que explica a metodologia e uma terceira que expõe os resultados intermediários. Na parte primeira, A Rede Urbana Brasileira, mostra os resultados finais do estudo e explica que inicialmente se elaborou uma classificação dos centros urbanos e depois foram delimitadas suas áreas de influência. Essa classificação privilegiou a função do território avaliando níveis de centralidade do Poder Executivo e do Judiciário no nível federal e de centralidade empresarial, bem como a presença de diferentes equipamentos e serviços. Nesta primeira parte o documento mostra os resultados definitivos sobre hierarquia dos centros urbanos, as regiões de influência e as relações entre redes e entre centros. Entretanto e para um melhor entendimento do estudo optou-se nesta resenha por explicar inicialmente a metodologia, expor como processo os resultados intermediários e como conclusão os resultados finais. A segunda parte dedicada à metodologia explicita um histórico sobre os estudos realizados sobre a matéria no Brasil, os quais se iniciaram em 1966 com a Divisão Regional do Brasil, posteriormente as Regiões Micro-Homogêneas em 1970 e a Divisão do 7 Coordenador do Mestrado em Desenvolvimento Regional da ALFA. Professor, pesquisador e consultor da área regional, urbana e sócio-ambiental. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 34 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 Brasil em Regiões Funcionais Urbanas em 1970. Esses três trabalhos subseqüente e articulados, adotaram a metodologia de Rochefort (1961, 1965) que buscava identificar os centros polarizadores da rede urbana, a dimensão da área de influência desses centros e os fluxos que se estabeleciam nessas áreas, a partir da distribuição de bens e serviços. Ou seja, é a metodologia que ainda hoje se utiliza, complementada com outros fluxos de bens e serviços. Em 1978 foi retomada a pesquisa e publicados os resultados em 1987 como Regiões de Influência das Cidades. Esse novo estudo tomou como base conceitual a “teoria das localidades centrais” (Christaller, 1966) baseada na centralidade dos centros urbanos decorrente da distribuição de bens e serviços. A freqüência da demanda de determinados bens e serviços define padrões de localização diferenciados nos centros urbanos, sendo os de consumo cotidiano os de maior demanda próxima aos centros urbanos e os bens mais sofisticados, com menor demanda, localizados em centros urbanos de maior hierarquia. Esse estudo foi realizado em 1416 em sedes municipais que dispunham de atividades que poderiam gerar centralidade, além de seus limites municipais. O resultado foi um conjunto de municípios em torno de um centro de zona o qual foi conceitualmente definido da seguinte maneira: “uma unidade está subordinada a um centro quando com este mantiver um relacionamento de intensidade igual ou superior ao dobro dos relacionamentos com centros alternativos do mesmo nível hierárquico” (Regiões, 1987). Em 1993 foi realizado outro estudo sobre as Regiões de Influencia das Cidades e publicado em 2000. Esse estudo ressaltava os diferentes níveis, intensidades e sentidos dos fluxos, sendo o espaço perpassado por redes desiguais e simultâneas. ”A rede dos lugares centrais seria, então, um dos possíveis desenhos das redes geográficas”. Foram definidas 46 funções centrais subdivididas em três grupos de cidades de baixa, media e alta centralidade. Foi aplicado um questionário e respondido pelas agências de IBGE sobre 2106 municípios com atividades indicativas de centralidade extra-municipal. A centralidade foi calculada pelo total dos fluxos e os centros ordenados pela soma dos pontos alcançados, definindo-se oito níveis de centralidade. O estudo atual retoma a metodologia de 1972, na qual se classificam inicialmente os centros urbanos e a seguir se delimitam suas áreas de atuação. Neste estudo privilegiouse a gestão do território, considerando a localização dos diversos órgãos do estado e das UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 35 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 empresas “cujas decisões afetam um território que fica sobre o controle das empresas nela sediadas”. Com base nessa informação é possível avaliar níveis de centralidade administrativa, jurídica e econômica. Além disso, e para qualificar melhor a centralidade de centros urbanos e de centros especializados, possivelmente não selecionados por esse critério, se fizeram estudos complementares incluindo outros equipamentos e serviços, tais como atividades de comércio e serviços, atividade financeira, ensino superior, serviços de saúde, internet, redes de televisão aberta e transporte aéreo. Com base nesses aspectos foram identificados e hierarquizados os núcleos de gestão de território. Após a classificação dos centros urbanos se estudaram as ligações entre cidades e se determinaram as regiões de influência. Posteriormente se verificou que o conjunto dos centros urbanos com maior centralidade em zonas extensas apresenta certas divergências com o conjunto dos centros de gestão de território. Neste último caso encontram-se centros que exercem somente funções centrais para a população local. Finalmente o documento afirma que elementos importantes para a hierarquização dos centros urbanos foram os centros de gestão do território, a intensidade de relacionamentos e a dimensão da região de influência de cada centro. O estudo inclui nesta parte da metodologia uma explicação detalhada dos Centros de Gestão do Território, descrevendo cada um dos elementos ou fatores que foram utilizados para a hierarquização: a) Gestão Federal: se incluíram somente os órgãos públicos federais que implicam acesso da população ao serviço, indicando assim centralidade. Nesse sentido foram examinadas as localidades das unidades do INSS, da Secretaria de Receita Federal e do Ministério de Trabalho e Emprego. A maior hierarquia foi estabelecida segundo a localização das agências de maior nível e nesse caso Brasília tem as agencias de maior hierarquia. Em relação ao judiciário foram averiguadas as localidades dos órgãos da Justiça Federal Comum e da Justiça Federal Especializada, as quais se organizam em tribunais e seções de diferente nível hierárquico na localização estadual e municipal; b) Gestão Empresarial: foi analisada a hierarquia das empresas com base no Cadastro Central de Empresas – CEMPRE, do IIBGE, 2004 e considerando a localização das unidades localizadas em municípios diferentes á sede da empresas; UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 36 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 c) Comércio e Serviços: a análise deste fator ou indicador foi realizada também com base no CEMPRE , 2004, de onde se extraiu a Classificação Nacional das Atividades Econômicas. Com base nessa classificação foi pesquisado o número de atividades presentes em cada centro urbano e estabelecida a hierarquia urbana; d) Instituições Financeiras: com base em dados do Banco do Brasil, foram estabelecidos os bancos presentes em mais de 20 unidades federativas e classificados os centros com maior número de instituições; a presença de um ou mais de oito bancos de atuação nacional; o volume do ativo e o percentual do volume no ativo da unidade total na unidade da Federação; e) Ensino Superior: o ensino de graduação foi analisado com base no número de alunos matriculados, número de Grandes Áreas abrangidas e número de tipos de cursos existentes. Foram identificados seis níveis de centralidade. A pósgraduação foi analisada pelo número de cursos, número de grandes áreas de conhecimento e proporção de cursos de excelência; f) Saúde: os indicadores foram complexidade do atendimento disponível e o tamanho do setor, avaliado pelo volume do atendimento realizado; g) Internet: foram analisados os domínios da Internet, tanto em números absolutos quanto por número de habitantes, se usando a seguinte fórmula: Nº de Domínios/ População x 10.000; h) Redes de Televisão Aberta: esse aspecto foi avaliado por município onde se localiza a sede da geradora e de cada uma das filiadas. Na Definição dos Centros de Gestão do Território, foi selecionado um total de 1.082, sendo 906 Centros de Gestão Federal e 724 de Gestão Empresarial. Para definir os centros de gestão do território: “considerou-se que os centros de último nível somente seriam mantidos se integrassem as duas classificações, ou se, estando apenas em uma delas, destacavam-se em pelo menos dois dos eixos de análise de equipamentos e serviços”. Finalmente foram selecionados 711 centros de gestão. As Regiões de Influencia foram definidas a partir da “Intensidade das Ligações entre as Cidades”. Nesse sentido foram investigados os eixos de Gestão Pública e de Gestão Empresarial, além da saúde. No caso da gestão pública foram contadas as ligações na relação de subordinação administrativa no âmbito da SRF, do INSS e do TEM. Para a gestão empresarial foi somado o número de filiais ou unidades locais, instaladas num UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 37 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 centro, segundo a localização da sede. Os registros de internações hospitalares financiadas pelas SUS identificam o local de residência e o de internação do paciente. As informações foram levantadas mediante um questionário, pelas agencias do IBGE, que perguntava sobre os locais procurados pela população para: 1) cursar o ensino superior; 2) comprar roupa; 3) usar aeroporto; 4) buscar serviços de saúde; 5) atividades de lazer. No questionário era possível listar até quatro destinos. Outro item pesquisou a regularidade e a freqüência com que as pessoas podem se deslocar para outros municípios utilizando transporte coletivo. Em comunicações investigaram-se em que município são editados os jornais vendidos. Foram pesquisados os três principais produtos agropecuários, a origem dos insumos e o primeiro destino da maior parte da produção. A Segunda Parte do estudo, Resultados Intermediários, mostra de maneira detalhada a Centralidade parcial encontrada com base em cada um dos critérios aplicados sobre Gestão Federal e Gestão Empresarial. Assim, mostra-se a presença dos níveis gerenciais em cada unidade territorial sobre os poderes executivo e judiciário nos diferentes níveis de direção, bem como a distribuição espacial das sedes das empresas. Da mesma maneira se apresentam os resultados específicos sobre a localização dos equipamentos e serviços. Em comércio e serviços se afirma, por exemplo, como São Paulo e Rio de Janeiro apresentam a diversidade máxima de classes nos dois setores e são os dois centros de maior hierarquia. Da mesma maneira se mostram os resultados para as análises das instituições financeiras, ensino superior, internet, redes de televisão aberta e conexões aéreas. Com base em todas essas análises setoriais se definiram os centros de Gestão do Território, mencionados anteriormente, e também ás Áreas de Influência segundo Temas Específicos, tais como os transportes coletivos com base nas ligações regulares, ensino superior localizado onde os moradores se dirigem a cursar, saúde segundo deslocamentos para consultas médicas, distribuição dos jornais, freqüência aos aeroportos municipais, destino da produção e origem dos insumos da atividade agropecuária. Os mapas mostram claramente a hierarquia de Goiânia em serviços e de Brasília em gestão federal. Cuiabá e Campo grande aparecem distantes na dimensão da centralidade. A parte primeira do estudo A Rede Urbana Brasileira mostra os resultados finais da Hierarquia dos Centros Urbanos com base na gestão do território, avaliando níveis de UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 38 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 centralidade do poder executivo e do judiciário no nível federal e a gestão empresarial. A classificação das cidades é a seguinte: 1. Metrópoles: são os 12 principais centros urbanos do país, divididos em Grande Metrópole Nacional, que é São Paulo; Metrópole Nacional, Rio de Janeiro e Brasília; Metrópole que inclui Manaus, Belém, Fortaleza, Recife, Salvador, Recife, Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia, e Porto Alegre; 2. Capital Regional, que integram 70 centros e tem três divisões: a) Capital Regional Nível A com 11 cidades, com medianas de 955 mil habitantes e 487 relacionamentos. B) Capital Regional Nível B, 20 cidades com medianas de 435 mil habitantes e 406 relacionamentos; c) Capital Regional C, 39 cidades com medianas de 250 mil habitantes e 162 relacionamentos; 3. Centro Sub-Regional com 169 centros em duas categorias: Centro SubRegional A, com 85 cidades, medianas de 95 mil habitantes e 112 relacionamentos; Centro-Sub-Regional B, 79 cidades com medianas de 71 mil habitantes e 71 relacionamentos; 4. Centro de Zona, que inclui 556 cidades de menor porte, divididos em Centro de Zona A, com 192 cidades, medianas de 45 mil habitantes e 49 relacionamentos e Centros de Zona B, 364 cidades, medianas de 23 mil habitantes e 16 relacionamentos; 5. Centro Local, as demais 4.473 cidades cuja centralidade e atuação não ultrapassam os limites do seu próprio município. Com relação ás Regiões de influência foram identificadas 12 redes urbanas comandadas pelas metrópoles. Três redes foram definidas como de primeiro nível porque a principal ligação externa de cada metrópole é com as metrópoles nacionais. As redes são diferenciadas em termos de tamanho, organização e complexidade. O documento descreve cada uma das redes com seus centros urbanos. Aborda-se ainda na primeira parte as relações entre as redes e entre os centros de mais alto nível e afirma-se que os centros que comandam as 12 redes urbanas identificadas se destacam pelas relações de controle e comando sobre centros de nível inferior, ao propagar decisões, determinar relações e destinar investimentos, especialmente pelas ligações da gestão federal e empresarial. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 39 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 No final da primeira parte, reitera-se que o estudo da rede urbana analisou duas dinâmicas distintas: a de um sistema de localidades centrais que comanda sua hinterlândia e a de um sistema de cidades articuladas em redes. Cabe assinalar finalmente que o estudo apresenta matrizes das regiões de influência e mapas muito bem elaborados sobre as zonas de influência dos principais centros urbanos do país e das redes das cidades com base nas relações externas entre cidades. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 40 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 5 5.1 OBRAS SELECIONADAS: RESENHAS DOS ESTUDOS RELEVANTES A DINÂMICA DEMOGRÁFICA DE GOIÁS CHAVEIRO, Eguimar; CALAÇA, Manoel; REZENDE, Mônica C. S. A dinâmica demográfica de Goiás. Goiânia: Ellos, 2009. 130 p. Por João Batista de Deus8 Esse trabalho foi produzido por três geógrafos, sendo dois professores, doutores em geografia, da Universidade Federal de Goiás, Manoel Calaça e Eguimar Chaveiro e a geógrafa mestre Mônica Rezende. O Professor Eguimar trabalha com o tema a muitos anos como pesquisador e também como professor da disciplina: Geografia da População. Já o professor Manoel Calaça trabalha com temas relacionados ao campo, como Geografia Agrária, que discutem as questões populacionais ligadas às mudanças ocorridas no campo brasileiro e, em particular, em Goiás. Mônica Rezende foi orientada do professor Calaça desde a graduação, como bolsista de iniciação à pesquisa, até o mestrado em geografia. Atualmente trabalha no Conselho Nacional de Justiça em Brasília. O livro trata da evolução populacional de Goiás, tendo como recorte temporal os anos de 1970 ao ano de 2004. O texto aborda o tema à luz das principais categorias da análise populacional. Procura dar um panorama da atual situação da população que reside em Goiás, aprofundando em algumas questões. Levando em consideração que é o primeiro livro lançado que faz uma análise dos dados na atualidade sobre esse tema, torna-o imprescindível para iniciarmos as discussões sobre os temas sócio espaciais relativos ao Centro-Oeste e, especificamente, Goiás. O livro foi dividido em três capítulos, sendo que cada capítulo ainda dividido em vários subcapítulos. Cada capítulo foi produzido para dar uma visão lógica sobre as questões populacionais de Goiás, ao mesmo tempo em que discute as questões sócio espaciais do território goiano. 8 Diretor do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais – IESA / Universidade Federal de Goiás - UFG. Professor, Doutor em Geografia. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 41 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 O estudo inicia com uma breve introdução, apresentando um visão geral sobre o livro e preparando o leitor para o que vai encontrar pela frente. Em seguida vem o primeiro capítulo, “Território e o Sujeito Social Espacializado: a evolução populacional do Estado de Goiás”, que faz uma abordagem histórica da evolução populacional de Goiás e das diversas regiões que compõe o território goiano. Mostra como o processo de ocupação e povoamento de Goiás revela um crescimento populacional “induzido” acompanhado de políticas territoriais, juntamento com os projetos de colonização. Segundo os autores, só assim poderemos compreender as bases de sustentação para a atual configuração, para que possamos captar as funções que os municípios exercem no território goiano a partir das transformações ocorridas após os anos de 1970. Nesse capítulo, a questão teórica trabalhada parte do princípio de que o sujeito social está envolvido no espaço a partir do modelo de acumulação ligado a um modo de vida, sendo esse territorializado de maneira diferenciada, conferindo aos lugares as expressões sociais dos diferentes conteúdos. Apresenta ainda como se distribui a população de Goiás para então fazer o resgate histórico, que inicia com a questão do campo e a relação campo-cidade. Mostra como a modernização do campo proporcionou profundas alterações na composição da população no que se refere ao local de residência, com fortes repercussões nas áreas urbanas e como essas alterações forjaram a atual configuração do território, a consolidação dos atuais centros populacionais e a formação das áreas metropolitanas de Goiânia e Brasília. O segundo capítulo intitulado “Espaço/Tempo da Estrutura da População Goiana: 1970 a 2004” inicia marcando posição contrária com relação ao método neopositivista, afirmando que as questões quantitativas descoladas das relações sociais são meras abstrações e que apenas os dados numéricos não dariam conta do verdadeiro sentido da organização e construção sócioespacial. Partindo desse princípio aborda, teoricamente, a possibilidade da geografia realizar análise pelas categorias espaço e território, categorias essas com forte conotação das relações sociais. Colocadas as bases teóricas, analisa o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) no Estado de Goiás, relacionando esse índice com o desenvolvimento econômico, mostrando as desigualdades regionais. Através da análise referendada por tabelas e mapas, mostra como há um Goiás desenvolvido e outro miserável. O sul e a porção central do Estado, com estreitas ligações com o sul e o sudeste brasileiro, especialmente São Paulo, estão relativamente bem em comparação com com o UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 42 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 norte e nordeste do Estado, pois tem uma dinâmica econômica que possibilita gerar emprego e renda. Discute também a pobreza nas regiões metropolitanas de Goiânia e Brasília. Outra questão abordada é a fecundidade, ou seja, como essa categoria chave da demografia está relacionada ao acesso da população à educação, saúde e renda. Demonstra, através dos dados, a localização dos municípios mais pobres e com maior problema, todos localizados nas regiões tradicionalmente pobres: o norte e o nordeste. Outra relação feita pelos autores é que apesar da fecundidade do Estado ter caído para 2,2 filhos por mulher, houve crescimento de fecundidade entre a faixa etária entre 15 e 17 anos. Ou seja, não é possível tratar da questão sem levar em conta as relações sociais. O capítulo aborda também a mortalidade infantil, fazendo relação com o crescimento vegetativo e o desenvolvimento regional e o acesso da população à saúde e a boa alimentação. Mostra como as regiões norte e nordeste tem situação frágil e destoa do restante do Estado, em especial as regiões centrais e sul de Goiás. Feito isso, analisa a estrutura etária da população fazendo uma evolução da pirâmide etária, indo de 1970 à 2000. O conjunto de pirâmides vai de bases largas em 1970 para arredondada em 2000, evidenciando o envelhecimento da população goiana. O terceiro capítulo “A Demografia e o Território: unidades e diferencialidades” trata do processo migratório. Inicialmente, os autores afirmam que as análises já realizadas sobre o tema refutam a proposta neopositivista, trabalhando com a idéia de migração forçada, ou seja, o processo migratório está relacionado às condições econômicas e sociais dos indivíduos nos lugares de origem, obrigando-os a migrarem. Na seqüência, faz abordagem da teoria do processo migratório, para então analisar a migração em Goiás. Sobre a questão, mostra as razões que levam o Estado de Goiás a ser a segunda unidade da federação a receber mais migrante, só perdendo para São Paulo. Demonstra como essa migração contribuiu para formação das regiões metropolitanas de Goiânia e Brasília (no caso a região do entorno de Brasília) e o fortalecimento do pólos atratores de população, as cidades com maior dinâmica econômica. Outra questão relacionada ao tema é a infraestrutura viária e de comunicação como fatores que propiciam o processo migratório. As migrações não são homogenias e tem forte diferenças entre as regiões, sendo que a maior quantidade de migrantes vem do Estado de Minas Gerais, seguidas pela Bahia, Distrito Federal, São Paulo, Tocantins, Ceará e Maranhão. As regiões goianas que recebem UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 43 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 a maior parte dos migrantes do sudeste e sul do país são a Mesorregião Sul e Central. Os migrantes da região norte e nordeste do país tem como principal destino as regiões metropolitanas de Goiânia e Brasília. Esse capítulo analisa ainda como esse processo migratório moldou, ao longo dos anos, o território goiano e fortaleceu os antigos núcleos urbanos mais dinâmicos, levando a regiões metropolitanas a concentrar grande contingente da população goiana (mais de cinqüenta por cento da população de Goiás estão concentradas nas regiões do entorno de Brasília e metropolitana de Goiânia), podendo ser ampliada se considerarmos o eixo Brasília-Goiânia. Fora das regiões metropolitanas, alguns grandes pólos concentram população, tais como: Rio Verde, Itumbiara, Jataí, Catalão, etc. Por fim, os autores tratam da migração de goianos para outros países, pois o Estado de Goiás é o segundo Estado brasileiro que mais migra para os países “desenvolvidos”. Para os autores esse processo demonstra as ligações em redes estabelecida no território e a possibilidade da população ter acesso a essas ligações criando possibilidades e desejos. O livro “A Dinâmica Demográfica de Goiás” faz abordagem ao tema populacional, buscando tratar das questões empíricas relacionadas à teoria, dando maior credibilidade e enriquecendo o texto. Procuraram relacionar as categorias geográficas como território, espaço geográfico e lugar com as categorias da demografia. A boa espacialização dos dados através de mapas e a disposição em tabelas facilitam, para o leitor, a compreensão, em meio a muitos números e índices. Considero essa obra relevante também devido a pouca bibliografia existente sobre o tema, pois boa parte da produção acadêmica sobre esse tema é de estudo de caso. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 44 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 5.2 A REGIÃO COMO ARENA POLÍTICA: UM ESTUDO SOBRE A PRODUÇÃO DA REGIÃO URBANA CENTRO-GOIANO ARRAIS, T. P. A. A região como arena política: um estudo sobre a produção da região urbana Centro-Goiano. Coleção Linhas Temática. 01. de. Goiânia: EV. Editora Série Ensaios Temáticos, 2007. v. 01. 259 p. Por João Batista de Deus9 Esse trabalho foi produzido pelo geógrafo Tadeu Alencar Arrais, professor da Universidade Federal de Goiás. O presente professor trabalha com o tema geografia regional e território, tendo o seu foco principal o estado de Goiás. Com vários trabalhos sobre o eixo Brasília-Goiânia, faz parte do corpo docente da pós graduação em Geografia da UFG e é editor da revista “Boletim Goiano de Geografia”. Ministra aulas na graduação com a disciplina: geografia de Goiás. O livro discute a questão regional, procurando dar uma abordagem moderna, descolando da abordagem clássica, introduzindo a categoria território e relacionando-a com o atual momento, ou seja, trabalhando com a fluidez do território em um mundo globalizado, com inúmeros fluxos, passando através dos fixos cada vez mais robustos. A região em foco abrange as áreas metropolitanas de Goiânia e Brasília, além de Anápolis, compreendendo uma área de aproximadamente 15.000 km2, com população superior à 4,5 milhões de habitantes e peso socioeconômico ímpar no Centro-Norte brasileiro. O Eixo de Desenvolvimento Goiânia-Anápolis-Brasília reflete um novo momento de produção da região, ligando-a ao projeto da competitividade, onde se busca imprimir a idéia de velocidade, ligada ao marketing regional. Essas questões são abordadas em contradição com os atores locais, que, na opinião do autor, criam um processo de fragmentação dos ambientes metropolitanos de Goiânia e Brasília. O livro é dividido em cinco capítulos, onde o autor discorre sobre o tema fazendo inicialmente uma problematização no primeiro capítulo “Reconhecendo a Problemática”. 9 Diretor do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais – IESA / Universidade Federal de Goiás - UFG. Professor, Doutor em Geografia. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 45 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 As questões são abordadas nesse capítulo e respondidas nos subseqüentes. As várias questões levantadas estão relacionadas desde a problemas oriundos da migração pendular, passando pela assistência à população, até as questões relacionadas a gestão do território. Discute também questões conceituais relacionadas ao tema, utilizando categorias como urbano, região e território. Assim, nesse capítulo o autor conduz o leitor, apontando o que lhe aguarda nos próximos capítulos, dando uma base para a discussão futura. No segundo capítulo “Globalização e Geografia regional”, o autor aprofunda a discussão das questões teóricas, inserindo a problemática da globalização, relacionando o local com o global e com o regional. Nesse capítulo, discuti-se com diversos autores os temas citados, buscando levar a discussão para a definição dos conceitos, pelos quais serão trabalhados nos capítulos posteriores, em especial colocando a dimensão do vivido na discussão regional. No terceiro capítulo “O Território Goiano: formação regional”, o autor discorre como foi produzido, ao longo da história, a formação do Estado de Goiás e suas regiões, em especial da porção central dessa Unidade da Federação. O destaque especial é para Goiânia e Brasília. No caso de Goiânia o tema da modernidade está presente, conjuntamente com a elite agrária conservadora que a produziu. O papel da capital na configuração regional e a estrutura que surge em função dessa alteração produzida no espaço. Brasília foi discutida aos olhos dos mega projetos da época e da discussão da desigualdade regional. Para o autor a construção de Brasília se insere na lógica acumulativa, integrando a fronteira agrícola do país, cumprindo um duplo papel, o de ser sede dos poderes institucionalizados e de desempenhar um papel regional como pólo de desenvolvimento. Assim, as duas capitais cumpriram o papel determinado, se tornando atratores populacionais e de investimentos. No quarto capítulo, “O Centro Goiano: em busca de uma região”, o autor descreve e analisa a região Centro Goiano (nomenclatura usada pelo autor), como uma região com alto índice de urbanização, não apenas populacional, mas também como modo de vida e articulação espacial, inserida no processo produtivo global e moderno. Assim, é um espaço com expressiva influência regional, contendo duas metrópoles e a cidade de Anápolis, criando um território polinucleada multifuncional e fragmentada. Centro receptor e irradiador de modernidades. Através de diversos mapas, esquemas, tabelas e gráficos o autor mestra o papel dos municípios na região e sua articulação. Ao mesmo tempo em que UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 46 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 discute a centralidade, mostra como essa região é palco de conflitos e tensões, devido aos diferentes projetos dos diversos grupos sociais envolvendo atores hegemônicos e nãohegemônicos, tornando a região uma “arena política”. O quinto e último capítulo, “O projeto Regional como Expressão da 'Arena Política'”, temse a discussão da região enquanto atratora de investimentos, não apenas privado, mas principalmente público, dentro do projeto, que o autor considera vitorioso, de transformar a região em um grande eixo de desenvolvimento ligado ao projeto dos atores hegemônicos. Para tal, discute o papel de estado inserido no discurso associado ao Consenso de Washington. Assim, pensa-se na região como uma integração competitiva, que não está descolada das relações de produção capitalista. Para a consolidação dessa região, diversos projetos públicos são projetados e alguns concretizados, tais como o porto seco de Anápolis e outros com pouca viabilidade, segundo o autor, como o Trem Veloz entre as duas capitais. A chave do discuso é atender os novos padrões de produção e consumo, integrando as áreas à economia internacional. Apesar do discuso hegemônico, para o autor, a fragmentação do território é notória e está relacionada a atuação do atores não hegemônicos, criando uma contra-racionalidade transformando a região em uma “arena política”. Por fim, considera que há uma determinada hegemonia regional que ocorre dentro do Estado, quanto fora dele, sendo difícil de ser quebrada. Em resumo, o livro “A região como arena política: um estudo sobre a produção da região urbana Centro-Goiano” discute a principal região d Centro-Oeste brasileiro, o eixo Goiânia-Anápolis-Brasília. O autor trabalha com dois discursos, sendo um hegemônico, vinculado ao Estado e ao capital e outro ligado aos atores denominados não hegemônicos, os diversos grupos sociais antagônicos ao capital e ao modelo neoliberal, criando, o que foi denominado pelo autor, a “arena política”. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 47 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 5.3 SUBSÍDIO À REGIONALIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DAS CIDADES: O CASO DE CATALÃO-GO MOYA, G. L. C. Subsídio à regionalização e classificação funcional das cidades: o caso de Catalão-GO. Rio Claro: Unesp, 2000. (dissertação de mestrado). Por João Batista de Deus10 O presente trabalho foi escrito pelo geógrafo Guillermo Leônidas Castro Moya, professor da Universidade Federal de Goiás, Campus de Catalão. A dissertação foi defendida na UNESP de Rio Claro – SP, no Instituto de Geociências e Ciências Exatas no ano de 2000. Inicialmente o autor faz uma longa introdução, onde aborda alguns aspectos históricos da região, desde o seu surgimento até o ano de 2000. Na visão do autor, a história de Catalão mistura-se à história de Goiás, com registros anteriores a 1744. Foram estabelecidos marcos históricos de grande importância para a região, que foram trabalhados no capítulo seguinte. No primeiro capítulo, intitulado “Caracterização Geral do Objeto de Estudo”, realizou-se uma descrição minuciosa da região, utilizando mapas quadros e tabelas. Nessa descrição é tratada a localização geográfica e geodésica. A estrutura viária foi ressaltada e relacionada à localização. Fez uma contextualização histórica estabelecendo marcos importantes para a formação da região. Entre os marcos está a construção da Estrada de Ferro Mogiana. A Estrada de Ferro proporcionou a ligação de Goiás, e especificamente a região, entrar em contato com o litoral e, a partir daí, receber inovações. Foi construída grande malha férrea por toda a região, com várias estações de carga e passageiros na zona rural. Essas estações se transformam em cidades, dando o formato da camada Região da Estrada de Ferro, que se estende até Anápolis. 10 Diretor do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais – IESA / Universidade Federal de Goiás - UFG. Professor, Doutor em Geografia. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 48 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 Outro marco importante para o autor foi a descoberta de minério em Catalão/Ouvidor, com início da extração nos anos de 1970. O impacto dos investimentos com a construção das empresas de mineração e posteriormente a lavra, acelerou o crescimento do município de Catalão, levando a diminuição da população dos municípios vizinhos, reconfigurando a região e fortalecendo Catalão como pólo regional. A expansão da fronteira agrícola foi outro evento que marcou a região, atingindo boa parte dos municípios. Intensificou a migração do Sudeste e Sul brasileiro para o sudeste goiano. Mudou a maneira de produzir no campo. Criou-se inúmeras empresas rurais e dinamizou o comércio local, ao mesmo tempo em que se esvaziava o campo. No raciocínio do autor, esses marcos históricos foram fundamentais para o entendimento da configuração regional. No capítulo seguinte, denominado “Aspectos Físicos” são traçados os aspectos físicos naturais da região. Inicia-se com a geologia da região, estabelecendo a formação geológica da região (a região está assentada na porção nordeste do Escudo Cristalino, na Bacia Sedimentar do Paraná), as principais unidades geológicas que compõe esse território, são elas: Pré-Cambriano indiviso, Pré-Cambriano Médio, Terrenos Cretáceos, Cobertura Terciária detrítico-laterítica. Também foi a estrutura Geomorfológica e a evolução do relevo ao longo do tempo. A análise geomorfológica é relevante na relação posterior, com as áreas ocupadas para a agricultura mecanizada. O solo é caracterizado com mapas localizando os tipos de solos mais relevantes, com predomínio de Latossolo vermelho escuro e Latossolo vermelho amarelo. Na seqüência, vem a hidrografia que moldou o relevo. Destacam-se quatro bacias hidrográficas que deságuam no Rio Paranaíba, principal rio da região. O capítulo seguinte, “Aspectos Econômicos”, trata das atividades econômicas encontradas, seguindo a seguinte ordem: a mineração, com a extração de rocha fosfática e nióbio, além de reservas de titânio, vermiculita, terras raras, entre outras; a agricultura, nesse momento é apresentada a estrutura fundiária regional, a forma de utilização das terras, os principais produtos com área colhida e rendimento médio, com destaque para arroz, milho, soja e cana-de-açúcar; a pecuária é outra atividade importante, pois ocupa as áreas mais acidentadas, impróprias para agricultura; a indústria é destaque já que em Catalão foram construídas plantas de duas montadoras, a Mitsubishi Motors Corporation e UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 49 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 a John Deere Company, e várias misturadoras de adubo; o comércio e serviços assumem relevância devido à situação de pólo regional, pois servem à toda região. O capítulo “Aspectos Sociais” trata inicialmente da população, tendo como subtítulo, Demografia. A questão populacional é verificada com um histórico da taxa de crescimento de Catalão em comparação com a região, demonstrando como Catalão cresceu acima da média regional de 1991 à 1996. Alguns municípios da região tiveram crescimento negativo que, para o autor, representa o processo de estagnação econômica. O processo de desenvolvimento levou a um elevado grau de urbanização, fator analisado pelo autor. Conjuntamente com a urbanização discute-se o êxodo rural e os problemas urbanos relacionados à pouca infraestrutura das cidades goianas para atender às novas demandas. A habitação recebe destaque, afirmando que grande maioria das casas das cidades da região são casas populares, com terrenos pequenos, pouca área construída e elevado número de moradores por residência. Na saúde, outro tema tratado, foi constatado que apenas três municípios tinham leitos públicos enquanto quatro não tinham nenhum. O restante fazem parte da rede privada e filantrópica, mas conveniado com o SUS. No geral a estrutura é compatível com a região, tendo Catalão e Ipameri como centros médicos principais. A educação tem uma boa estrutura no município de Catalão, contando com 16000 alunos e duas instituições de nível superior, uma federal e outra privada. Por fim, o capítulo que fecha a análise “Formação e Consolidação de uma Região Funcional”, onde primeiramente é feita uma discussão teórica de região funcional trabalhando o conceito de que a hierarquia funcional está relacionada à vinculação entre o centro primaz e sua área de influência, atendendo à região com bens e serviços. Nesse capítulo discute-se também a metodologia adotada pelo IBGE para classificação e hierarquização de cidades, o REGIC. Baseado na metodologia do REGIC, o autor mostra o papel do centro regional, Catalão, e como esse se articula à região. A dissertação “Subsídio à regionalização e classificação funcional das cidades: o caso de Catalão-GO” aborda a problemática regional partindo da metodologia do IBGE para classificação de cidades e, a partir dessa metodologia, mostra a centralidade de Catalão. Mas, para chegar até esse momento, o autor faz boa caracterização da região, situando o leitor no objeto da pesquisa. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 50 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 5.4 GOVERNO DO ESTADO DE GOIÁS. DIRETRIZES DE POLÍTICA INDUSTRIAL E TECNOLÓGICA (VERSÃO PRELIMINAR). Goiânia, 2007 Por Nair de Moura Vieira. 11 O documento, Diretrizes de Política Industrial e Tecnológica (versão Preliminar), foi elaborado por um Grupo de Trabalho de Política Industrial, composto por técnicos da SIC (Secretaria de Estado da Indústria e Comércio), SEFAZ (Secretaria de Estado da Fazenda), SEPLAN (Secretaria de Estado do Planejamento e Desenvolvimento), SEAGRO (Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento), SECTEC (Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia), SECOMEX (Secretaria de Estado do Comércio Exterior) e PGE (Procurador Geral do Estado). O documento foi redigido por Sérgio Duarte de Castro. O estudo se apresenta estruturado em cinco partes, uma inicial sobre Cenário Internacional, Nacional e Estadual enfocando a Política Industrial. A segunda trata do objetivo geral de transformar o Estado de Goiás em um pólo agroindustrial e elenca os objetivos específicos. Na parte 3, descreve a visão estratégica com a dimensão setorial, onde destaca o perfil setorial, o modelo de desenvolvimento e as opções estratégicas setoriais, e a dimensão regional com as opções estratégicas regionais. A quarta parte trata das ações verticais: políticas de apoio ao investimento, ações de desenvolvimento em áreas estratégicas e ações gerais de modernização e competitividade industrial setorial; e horizontais: inovação e desenvolvimento tecnológico, educação e capacitação profissional, infra-estrutura e inserção externa. Na parte 5 foram estabelecidas a coordenação e a operação das ações propostas nas diretrizes. Na primeira parte, o estudo apresenta um cenário internacional enfocando a competição econômica e tecnológica entre países e regiões e a tendência à integração. Quanto à estrutura produtiva destaca “automação integrada flexível como novo paradigma industrial; importância crescente do complexo eletrônico, da química fina e de novos 11 Coordenadora Pedagógica e professora do Curso de Ciências Econômicas da Universidade Católica de Goiás - UCG. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 51 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 materiais; revolução nos processos de trabalho e nas estratégias empresariais; alianças estratégicas e formação de redes como forma de competição”. Enfatiza que na elaboração de política industrial em escala subnacional deve-se abordar 4 aspectos: A inovação e o conhecimento como requisito fundamental da competição global, acirramento da competição locacional, abertura de novos espaços de atuação para os estudos subnacionais e a abertura de novas oportunidades no agronegócio mundial. No cenário nacional mostra a ausência de uma política voltada para “um desenvolvimento mais equilibrado e integrado do país” e a generalização da “guerra fiscal” e sua ameaça à coesão e a solidariedade regional, mas que mesmo assim os estados têm sido pró-ativos na definição dos rumos de seu desenvolvimento e conseguido avanços importantes com agressivas políticas de atração de investimentos; pois aprenderam que, “os incentivos fiscais não são suficientes para a articulação de um sistema produtivo local coerente e sustentável” e, por isso, têm sido mais seletivos na concessão dos benefícios orientados para o desenvolvimento endógeno sustentável. Ressalta a proposta de Reforma Tributária do governo federal que retira dos estados sua autonomia sobre o ICMS, impedindo-os da concessão de incentivos fiscais e aponta dois desafios aos estados federados: “de se articularem e pressionarem o governo federal no sentido da preservação de sua autonomia sobre o ICMS12 e da articulação de uma efetiva política nacional de desenvolvimento industrial e regional”. Pesa nestes desafios, dentre outros, o baixo crescimento, as elevadas taxas reais de juros e a carente infraestrutura. O cenário estadual mostra, em 1984, o esforço em estabelecer uma política industrial própria à base de concessão de benefícios fiscais, com o Fundo de Participação e Fomento à Industrialização do Estado de Goiás (FOMENTAR) e, em 2000, o Programa de Desenvolvimento Industrial de Goiás (PRODUZIR) com dois grandes avanços: incorporando o “estimulo a verticalização e agregação de valor a produção primária de Goiás, e na redução das desigualdades regionais no âmbito do próprio Estado; e 12 O estabelecimento de regras que disciplinem o uso de instrumentos fiscais, entretanto, são importantes para evitar as evidentes distorções da guerra fiscal. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 52 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 articulando o programa de incentivos fiscais em busca de um desenvolvimento sustentável, situando-se no plano “Goiás Século XXI” (de 1999). Os resultados, a partir de 1999, são apontados através da média do PIB goiano cujo crescimento entre 1999 e 2004 foi maior que a média nacional com 4,4% e 2,6%, respectivamente. “O crescimento é liderado pela expansão da indústria, cuja participação no PIB do estado salta de 28,7% em 1998 para 35,5% em 2004”. E, entre 1998 e 2005, houve uma expansão do emprego na indústria de transformação com um crescimento acumulado de 74,8%. Em seguida, afirma-se que o crescimento do emprego está associado à agregação de valor à produção primária do Estado de Goiás e dimensiona o processo de verticalização da produção de grãos com o avanço da capacidade de processamento de óleos vegetais e as atividades de refino e envase; às unidades fabris do setor lácteo e complexo carnes; processamento de olerícolas (Goiás é líder absoluto na industrialização de atomatados); mineração com destaque do fosfato, ferroníquel e ferronióbio. Um aspecto interessante é que o desenvolvimento industrial ocorrido no Estado vem acompanhado de redução de pobreza e desigualdade na distribuição de renda. O documento aponta duas grandes limitações do PRODUZIR quanto aos objetivos propostos: não promoveu uma maior distribuição regional dos investimentos sendo que 45,6% dos empreendimentos implantados localizam-se na região metropolitana, ficando a região norte, nordeste e entorno do DF com apenas 5,6% do total; e “não houve uma integração efetiva e coordenada entre o conjunto das ações que pudesse configurar de fato uma política industrial mais ampla”. Ressalta que, diante do grau de maturidade atingido é necessário um salto de qualidade contemplando uma política mais articulada, com maior seletividade setorial e regional, “maior efetividade nos mecanismos de indução, mecanismos eficientes de coordenação e exigências de contrapartidas claras que estimulem a inovação, a modernização e a melhoria de competitividade das empresas”. Diante do exposto, na segunda parte, que trata dos objetivos, com o propósito de transformar Goiás em pólo agroindustrial com destaque no cenário nacional e internacional, tendo como motor propulsor a expansão e modernização da indústria listaram-se os seguintes objetivos: ampliar a competitividade da indústria local; estimular a modernização produtiva e a inovação tecnológica; gerar emprego e renda reduzindo a UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 53 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 pobreza e as desigualdades sociais; contribuir para a criação e conquista de novos mercados no Brasil e no exterior; estimular o desenvolvimento local contribuindo para a redução das desigualdades sociais e regionais; e adensar o tecido industrial, intensificando seus encadeamentos produtivos e tecnológicos e ampliando o poder multiplicador dos investimentos. Na terceira parte, salientam que a política industrial deve ser elaborada com uma visão estratégica compartilhada, para orientar as políticas públicas e mobilizar os segmentos sociais em prol de um projeto de Estado subnacional. Na dimensão setorial fazse uma abordagem teórica sobre classificação setorial e, em seguida mostra na indústria de Goiás os segmentos intensivos em recursos naturais têm maior peso, representado pela agroindústria com destaque para os complexos de processamento de grãos e carnes, o lácteo, o de processamento de tomate e o sucro-alcooleiro. A industria de extração e beneficiamento de bens minerais com destaque o níquel, nióbio, fosfato, amianto-crisotila e ouro. Seguem-se os setores intensivos em Mão de obra: indústria tradicional de confecções, calçados e móveis, sendo a segunda maior empregadora depois da alimentícia. Com a expansão da agroindústria desenvolveu-se a indústria de embalagens papel/papelão, plásticas e metálicas para atender à demanda do Estado e região Centro-Oeste. Os setores intensivos em escala, embora recentes na economia goiana, destacam-se a indústria química (aditivos para a indústria de alimentos, de cosméticos e de produtos de limpeza. As indústrias locais produzem bens de consumo destinados a pessoas de baixa renda. São produtos de limpeza e higiene pessoal, fraldas descartáveis, tubaínas e biscoitos) e farmacêutica (medicamentos “similares”). Outro setor é o automobilístico que conta Mitsubishi e a Hyundai/Caoa. O setor de fornecedores especializados é incipiente na estrutura industrial de GOIÁS. O setor baseado em ciência é praticamente inexistente no tecido industrial local embora já se destaque o de equipamentos médicos com desenvolvimento de softwares. Apontaram duas visões de futuro, a primeira tem como perfil desejado “uma estrutura industrial mais intensiva em tecnologia, voltada para a fabricação de produtos diferenciados, de maior valor agregado e maior dinamismo tecnológico e de mercado” com a estratégia de atrair e promover investimentos locais nos setores de fornecimentos especializados, apostar em segmentos da oleoquímica fina e pesada e da sucroquímica. A segunda, aponta a articulação de duas ações: de caráter horizontal de apoio aos MPN’s UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 54 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 (Micro e Pequenos Negócios) voltadas para a capacitação gerencial e profissional, acesso ao Crédito e mercados, para desenvolver e incorporar tecnologias apropriadas à pequena produção e sua integração à dinâmica industrial do estado; de identificação de vocações locais “a partir das diretrizes gerais da política industrial” apoiando-se nas ações de suporte ao desenvolvimento de APL’s no âmbito estadual. Desta forma, estabeleceram-se como setores estratégicos: bens de capital, bioenergia, oleoquímica e sucroquímica, fármacos e medicamentos, pequenos Negócios Inovadores, e como portadores de futuro: biotecnologia e softwares. Trabalharam a visão de desenvolvimento industrial de corte regional a partir de três conceitos: cidades pólo, redes de cidades e eixos de desenvolvimento. Cidades pólo “são aquelas que, por sua densidade econômica, têm potencial para alavancar o desenvolvimento da região em seu entorno”. Devendo ser articulado ao de “rede de cidades”, para obter os resultados esperados. Rede de cidades compreendendo “a organização do conjunto das cidades e suas zonas de influência, em cada região, a partir dos fluxos de bens, pessoas e serviços estabelecidos entre si e com as respectivas áreas rurais”. Eixo de desenvolvimento “corte espacial de unidades territoriais contíguas, articuladas em torno de uma via de transporte importante, efetiva ou potencial, com acessibilidade aos diversos pontos situados na área de influência do eixo”. Apresenta Goiás como um estado com fortes desigualdades regionais, número limitado de cidades médias (48) com mais de 20 mil habitantes e desigualmente distribuídas pelo território. As cidades mais antigas concentradas ao longo da BR 153, aglomeradas no centro e em torno da capital; uma no entorno do Distrito Federal e outra, mais recente, no eixo Mineiros-Itumbiara. Com a indústria ocorre o mesmo, em um número menor de cidades. Destacaram que há uma “ausência de municípios com efetiva capacidade de polarização em todo o Oeste, Norte e Nordeste do Estado” e que, apenas ao Sul e Sudoeste aparecem municípios com capacidade de polarização. Identificou-se também um conjunto de subpólos nas regiões menos desenvolvidas e que na região Noroeste de Goiás parece um vazio urbano onde predomina a pecuária extensiva. Os pólos e sub-pólos, mesmo os mais dinâmicos, apresentam baixa capacidade de integração e contribuição para o desenvolvimento de rede de cidades e que, por isso, há um esvaziamento no interior do Estado e uma concentração no Entorno do DF e região Metropolitana de Goiânia. Os principais eixos da economia goiana estão situados ao sul do UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 55 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 estado e vinculados aos fluxos com o Triângulo e São Paulo, exceto o eixo GoiâniaBrasília. Apresentam como estratégia: “maximizar o potencial dos pólos e eixos mais dinâmicos, a partir de suas vocações; fomentar fortemente, o desenvolvimento dos demais eixos, assim como dos sub-pólos; fomentar a articulação e inserção da rede de cidades no movimento dinâmico de seus pólos e eixos; apoiar programas de desenvolvimento local que dinamizem a pequena produção rural e urbana; estimular a articulação e inserção da pequena produção no movimento dinâmico dos grandes complexos de cada região; e adensar a rede urbana nas regiões vazias”. Na quarta parte propõem a criação e/ou adequação de um conjunto de instrumentos e ações de caráter vertical, como incentivos fiscais e financeiros (Nova Lei do Produzir e Benefícios Fiscais), de financiamento (Fundo Constitucional do Centro Oeste – FCO, Agência de Fomento, BNDES, FUNMINERAL), do uso do poder de compra, não apenas do Estado, mas também interindustrial, e de promoção comercial. Assim como ações de caráter horizontal nas áreas de inovação e desenvolvimento tecnológico; educação e capacitação empresarial, infra-estrutura; e inserção externa. Por fim, na quinta parte, propõem a criação de um Grupo de Acompanhamento da Política Industrial sob a coordenação da Secretaria de Indústria e Comércio e com representantes das seguintes Secretarias de Estado: de Indústria e Comércio, do Planejamento, da Fazenda, de Ciência e Tecnologia, de Comércio Exterior, da Agricultura, de infra-estrutura e de Meio Ambiente e Recursos Hídricos que ouviria a sociedade organizada através de suas entidades representativas. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 56 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 5.5 O SUDESTE GOIANO E A DESCONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL Deus, João Batista de. O SUDESTE GOIANO E A DESCONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL. Brasília: Ministério da Integração Nacional: Universidade Federal de Goiás, 2002. Por Nair de Moura Vieira.13 O livro O Sudeste Goiano e a desconcentração industrial elaborado pelo professor João Batista de Deus, doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo e diretor do Instituto de Estudos Sócio-Ambiental, o livro pertence à Coleção Centro-Oeste de Estudos e Pesquisas publicado pelo Ministério da Integração Nacional, por meio de sua Secretaria de Desenvolvimento do Cento-Oeste, que divulga obras representativas da cultura centro-ocidental brasileira. O livro está estruturado em quatro capítulos: O Capítulo 1 trata dos conceitos teóricos e metodológicos que nortearam a pesquisa; a práxis, a produção, a aparência e a essência do espaço; o movimento e as suas contradições; o trabalho e a produção do lugar; a totalidade e o particular no lugar e as contradições sociais e a produção do espaço. O Capítulo 2 mostra o processo de formação regional e o papel do município de Catalão como pólo regional do Sudeste Goiano, uma breve periodização da formação histórica do Sudeste Goiano, levanta os aspectos fundamentais da natureza territorial da microrregião Catalão com sua estrutura fundiária e agricultura e pecuária, a presença industrial, comercial e o crescimento educacional como reflexo da urbanização e o sistema de saúde integrado e municipalizado. O Capítulo 3 discute o processo de desconcentração da economia brasileira e os reflexos na microrregião de Catalão, as transformações socioespaciais desiguais ocorridas no território brasileiro, difusão de novas técnicas em áreas de baixa densidade econômica, o papel do estado na formação espacial o desenvolvimento do Sul Goiano, a integração de Goiás à economia nacional através da agricultura, o impacto das inovações e a produção do espaço em Catalão e os incentivos fiscais como fator de modernização. O Capítulo 4 faz uma reflexão sobre as cidades médias na nova configuração territorial brasileira, suas funções na atual estrutura urbana, 13 Coordenadora Pedagógica e professora do Curso de Ciências Econômicas da Universidade Católica de Goiás - UCG. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 57 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 as condições de Catalão para abrigar novos investimentos e os fatores locais de domínio do pólo sobre a região e o progresso conservador como ideário da elite local. O primeiro capítulo aborda o espaço geográfico, no qual o principal método é o dialético materialista e compreende o espaço como produto social surgido “da relação entre sociedade e natureza”, tendo a práxis, como resultado do processo do trabalho “produzido, pelos conhecimentos e experiências acumulados por meio da sociabilidade ao longo do tempo”, e determinado pelo grau de desenvolvimento das técnicas, da ciência e da capacidade produtiva do homem em promover mudanças e transformações sociais e espaciais. Discute conceitos sobre o estudo do espaço e a tendência de privilegiar a forma e a necessidade de buscar sua essência para entender a totalidade que é marcada por contradições, negadas pelas forças conservadoras e “afirmada pela capacidade do novo de impor-se diante do antigo”. Trabalha os conceitos de produção do espaço e a formação da consciência segundo Lèfebvre que afirma que a consciência “que leva ao questionamento e à libertação é um fato histórico, uma ação contínua criando paisagens que se acumulam ao longo do tempo”, dependendo do “modo de organização social de cada momento”. Busca conhecer também as contradições do espaço para analisar como as inovações “transformaram uma estrutura socioeconômica agrária em uma estrutura de acumulação flexível, inserindo a região na economia globalizada”. Destaca que a materialização do trabalho reflete-se no espaço urbano e nas suas articulações com os núcleos urbanos. Ressalta a importância da localidade e o antagonismo entre o local e o global, acrescentando à microrregião em destaque, a análise de duas categorias: “as horizontalidades, produzidas pelas relações entre os espaços contíguos, e as verticalidades, que correspondem às ações, normas e inovações vindas dos mais diversos lugares, produzindo a globalização”. Observa que em Catalão ocorreram mudanças de influência globalizante, mas que a sociedade agrária aos poucos foi sendo substituída pela industrial-urbana sem a destruição radical do seu fundamento essencial. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 58 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 O segundo capítulo que trata do processo de formação regional: o papel de Catalão tem como finalidade caracterizar o processo de urbanização de Goiás principalmente a partir de meados dos anos 90. Nessa época, montadoras de veículos e máquinas agrícolas (empresas multinacionais) instalaram-se em Catalão causando impacto na cidade e nos municípios da região. A partir da década de 70 “Catalão assumiu um relevante papel de centro regional goiano... a estrutura urbana montada produziu condições para que o consumo coletivo urbano de Catalão fosse estendido” a vários municípios inclusive próximos à Brasília. Doze núcleos urbanos recebem influência marcante de Catalão e funcionam como um arranjo socioespacial, formando uma sub-região, espaço uno e articulado atendendo à reprodução do capital com características próprias pela articulação local, transformando Catalão no “lócus de comando global na estrutura sub-regional de Goiás”. A importância de se estudar a microrregião de Catalão não está ligada apenas a entender o processo de urbanização de Goiás, mas também o processo de modernização ocorrida na periferia do território brasileiro e as suas transformações. Em Goiás, as mudanças espaciais são conseqüência da descentralização econômica brasileira ocorrida a partir dos anos 70 e essa descentralização é conservadora, pois cabe às regiões periféricas apenas as indústrias leves como: alimentos, bebidas, têxteis, vestuário, dentre outras. Mas que Catalão se destaca “pelo tipo de indústrias ali implantadas, na área de transportes e produção: montadoras de máquinas agrícolas e de veículos; na área química: fábricas de ácido sulfúrico e fosfórico (usados em indústrias locais de adubo)”, e todas requerem maior aporte de ciência e tecnologia, por isso se diferencia do restante do estado e fez com que Catalão se tornasse uma cidade que polariza uma sub-região do estado. Fatores que favoreceram as modificações ocorridas em Catalão tornando-o centro do fluxo de pessoas e mercadorias na microrregião: o seu dinamismo econômico, existência de jazidas de minérios, pavimentação da BR-050, produção de soja em latifúndios, estrutura de serviços (comércio, saúde, educação), Distrito Minero-Industrial, localização geográfica (inserção na rota de fluxos de São Paulo), incentivos fiscais do governo estadual e isenção de tributos municipais. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 59 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 O autor mostra que a estrada de ferro proporcionou o desenvolvimento do Sudeste Goiano. Era a principal via de comunicação com Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, incrementando a produção, a valorização das terras, o crescimento das estradas de rodagem e o processo de urbanização ao longo dos trilhos da ferrovia. Mas “a ferrovia por si só não produziu dinâmica suficiente para transformações profundas nas relações de trabalho”. Em meados dos anos 70 ocorre a modernização da agricultura com novas culturas e novas tecnologias, implantação de empresas de mineração, pavimentação da BR-050 inserindo a região na rota dos fluxos nacionais fortalecendo o comércio e os serviços. Esta fase esgotou-se no início dos anos 90, mas ao final dessa década chegam as montadoras Mitsubishi e Cameco e também as empresas Coperbrás e Ultrafértil exigindo novos padrões de serviços e mão-de-obra qualificada. Descreve em que se baseia a economia de cada município da microrregião de Catalão, os investimentos recebidos e as suas características demográficas e a estrutura fundiária marcada pela concentração de terras em poucas propriedades. Mostra, através de tabelas, a produção agropecuária, principais produtos por micro e mesorregião, a participação de cada produto na área plantada, a quantidade produzida na agricultura e o maquinário existente. Quanto à pecuária, nas tabelas pode-se visualizar a quantidade de estabelecimentos existentes por categoria de laticínio sob inspeção federal, número de estabelecimentos e atividade econômica, efetivo de rebanhos bovino, vacas ordenhadas e produção de leite (em mil litros) segundo município e microrregião, assim como o número e gênero de estabelecimentos industriais cadastrados na Secretaria da Fazenda em junho de 1991 e em 1996. Ao longo das ultimas décadas Catalão consolidou-se como pólo econômico na microrregião devido a influência de seu comércio atacadista, concentração de serviços e lazer, transporte coletivo, serviços educacionais e o sistema de saúde integrado e municipalizado, aliados à localização cujos municípios além da pequena distância estão ligados por rodovias. No terceiro capítulo discute-se como o processo de modernização e a descentralização conservadora tornou possível a atração de grandes empresas para Goiás, especialmente Catalão. Empresas que ao buscar aumentar seus lucros recebendo incentivos fiscais e usando mão-de-obra barata (menos qualificada, de fácil e rápido treinamento, UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 60 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 sendo realizado pelo SENAI) de cidades da periferia nacional como Catalão promovem mudanças nas estruturas urbanas e transformam as cidades intermediárias em receptoras de população. Essa desconcentração fez com que Catalão recebesse “indústrias de setores distintos da economia goiana, devido à sua localização geográfica. Está próxima dos grandes centros de consumo e de áreas produtoras de tecnologia e mão-de-obra qualificada, ligada à rede urbana de São Paulo com acesso rápido e fácil a produtos de consumo industrial...comparando-se a outras cidades goianas” que, com os mesmos incentivos fiscais, concentram-se na produção de alimentos. Destaca a ação do Estado, na descentralização da economia brasileira, criando condições logísticas, provendo infra-estrutura mínima, condições de ensino para treinar os trabalhadores e estrutura médico-hospitalar. Em Catalão essa infra-estrutura já existia antes de receber os atuais investimentos e as ações dos atores hegemônicos e do estado criaram uma dinâmica no conteúdo do território goiano sustentando a produtividade territorial desejada. Assim, “Catalão passa a fazer parte das redes nacionais e internacionais por causa das empresas ali instaladas, imprimindo novas velocidades ao território e interligando-o aos pontos portadores de novas técnicas”, assumindo papel inexistente nas redes urbanas tradicionais. O estado de Goiás inseriu-se à economia nacional através da agricultura e sua modernização cujas transformações tecnológicas atraiu empresários do sul e sudeste pelas terras baratas, perspectivas de produção e incentivos governamentais, provocando a proletarização dos trabalhadores rurais, a concentração fundiária e a urbanização. E a “quantidade de mão-de-obra utilizada pelas montadoras e o tamanho das empresas” instaladas em Catalão são “inferiores às usadas nas agroindústrias, que empregam maior quantidade de mão-de-obra, dinamizando a produção agropecuária com investimentos e transferência de tecnologia”. Por fim, o quarto capítulo faz uma análise sobre a cidade média mostrando a necessidade de conceituar melhor esta categoria de cidade afirmando que “não é apenas a quantidade populacional, é também a importância que suas funções têm sobre a sua subregião e o seu papel na hierarquia das redes urbanas”. Desta forma, a descentralização econômica no Brasil criou “um território hierarquizado, nas áreas com baixa densidade UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 61 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 populacional, cidades pequenas que exercem funções de cidades médias”, como é o caso de Catalão (cidade pólo). É a modernização da estrutura produtiva que determina a nova configuração do território regional que se manifesta por dois tipos de recortes: 1) “pela relação sumária de um núcleo e sua região de influência, organizados de forma que garantam uma determinada produção ou combinação de atividades exercidas neste núcleo”. Catalão exerce a relação de várias formas ligadas à estrutura produtiva com os empregos ofertados pelas firmas lá estabelecidas, pelo comércio e serviços que atendem a toda região, pela aquisição e comercialização dos produtos agropecuários regionais, pela concentração das sedes de órgãos públicos e pelo domínio político; e, 2) “vincula-se à racionalidade do processo produtivo, ligando lugares estratégicos da produção, da comercialização, da informação, do controle e da regulação, com repercussão em toda região, fazendo com que a microrregião Catalão, com forte tradição agropecuária, mude o seu conceito de desenvolvimento”, a região passa a ter conexão com outras regiões seguindo uma “hierarquia globalizada, sob o comando de centros mundiais”. Para a elite colocar em prática seu projeto de desenvolvimento (por meio da atração de grandes empresas) a região conta com a influência política, infra-estrutura, boas condições do consumo coletivo urbano e a localização da cidade. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 62 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 5.6 MIGRAÇÃO, EXPANSÃO DEMOGRÁFICA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO EM GOIÁS PÁDUA, Andréia Aparecida Silva de. Migração, Expansão Demográfica e Desenvolvimento Econômico em Goiás. 2008. 111 f. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento e Planejamento Territorial) – Universidade Católica de Goiás, Goiânia, 08/04/2008. Por Nair de Moura Vieira14 A dissertação Migração, Expansão Demográfica e Desenvolvimento em Goiás foi elaborada pela mestranda Andréia Aparecida Silva de Pádua, sob a orientação da profa. Dra. Eliane Romeiro Costa e co-orientação do prof. Dr. Luís Antônio Estevam. A dissertação está estruturada em quatro capítulos: O Capítulo 1 “A Continuidade da Marcha para o Oeste” trata do início da ocupação demográfica de Goiás, da Marcha para o Oeste e da continuidade da Migração. O Capítulo 2 “Dinâmica do Crescimento Demográfico Regional” mostra os indicadores demográficos do território, a concentração demográfica espacial e o perfil demográfico das microrregiões de Goiás. O Capítulo 3 “Suporte Econômico da População Regional” faz um breve histórico da modernização agropecuária regional, o processo de produção e o crescimento econômico na agropecuária, principalmente na produção de commodities. Também aborda a agroindústria e a questão do comportamento do emprego por setores no Estado de Goiás. O Capítulo 4 “A Questão do Emprego Formal e Informal em Goiás” mostra o crescimento do emprego formal por setores de atividade e do setor informal em Goiás, a PEA, Emprego formal e PIB. O primeiro capítulo relata a História de Goiás, e o processo de ocupação do território goiano, a mineração, os primeiros ocupantes e os fatores que contribuíram para a migração para o Estado. Faz um breve comentário sobre o grande movimento de migração demográfica conhecida como a “Primeira Marcha para o Oeste”, com a construção de 14 Coordenadora Pedagógica e professora do Curso de Ciências Econômicas da Universidade Católica de Goiás - UCG. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 63 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 Goiânia, e a continuidade da migração para o Oeste com a construção de Brasília, que também contribuiu para o aumento da migração para Goiás, do crescimento da população urbana e redução da população rural. No segundo capítulo faz-se uma análise do ranking dos municípios mais populosos, observa-se o perfil demográfico das microrregiões de Goiás, relata “os indicadores demográficos do território goiano, a taxa de crescimento e a evolução da população demográfica, rural e urbana em Goiás, desde 1972 até 2005”. Mostra através de tabelas, o crescimento da população recenseada, taxa de crescimento médio anual e crescimento acumulado em períodos de 1872 a 2005 e pode-se observar “que a população de Goiás, como um todo, multiplicou sua taxa média de crescimento anual progressivamente até 1980 e que, a partir desse ano, ocorreu uma mudança no território goiano, ocasionando uma transformação tanto política como demográfica decorrente da divisão do Estado em duas Unidades Federais: Goiás e Tocantins.” De 1920 a 1950 o crescimento da população se deu em função da construção de Goiânia, pela Colônia Agrícola Nacional de Goiás (CANG) e o incremento do comércio principalmente em Anápolis “por ser a estação final da estrada de ferro”. De 1950 a 1960: a construção de Brasília, da BR-050, da usina hidrelétrica de Cachoeira Dourada, crescimento do comércio e produção de materiais para construção da nova capital. Em 1970 observa-se o rápido crescimento da população, em função da migração, que passou a demandar “serviços sociais, escolas, energia, estradas, saneamento e habitação, sobrecarregando os governos”. No período 1980 a 1991 houve uma estabilização do crescimento populacional. Alertou sobre a divisão do Estado com o Tocantins e que por esse motivo, em 1991, a população goiana apresenta um decréscimo. Mostra com dados tabelados que a população urbana de Goiás cresceu mais de 100% nos períodos 1950-1960 e 1960-1970 marcado pelo crescimento interno e chegada de imigrantes. E que a população rural perde grande contingente entre 1980 e 1991 em decorrência do processo de modernização da produção. Em 1980 a queda se deu em torno de 50% e, entre 1991 a 2003, continuou registrando decréscimos. Aborda a concentração demográfica espacial destaca as diferenciações regionais entre o norte o sul de Goiás e mostra a “evolução dos municípios e seu ranking entre os dez maiores em população, sua localização e o motivo de serem os mais populosos. E, por UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 64 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 último, o perfil demográfico das microrregiões e mesorregiões de Goiás, ou seja, a divisão do Estado goiano em regiões, que ocorreu em 1991 através da proposta do IBGE, analisando sua divisão e participação percentual da população residente”. Para facilitar a visualização, a autora elaborou cartogramas com dados do IBGE. No terceiro capítulo que trata do suporte econômico da população em Goiás, analisa-se o processo de modernização agropecuária regional através de um breve histórico descrevendo o papel do PND na implantação dos programas de desenvolvimento regionais: POLAMAZÔNIA, POLOCENTRO (destaca fundação do GOIÁSRURAL e a atuação da EMBRAPA E EMATER) e Região Geoconômica de Brasília apontando os seus objetivos e contradições. Também aborda como o Sistema Nacional de Crédito Rural, em Goiás, funcionou como forma de financiamento e mostra, graficamente, que os recursos destinados aos produtores goianos eram superiores a média nacional. E que a questão do financiamento também foi tratada no Plano de Desenvolvimento do Estado de Goiás, criado entre 1961 e 1965 (Plano MB), criando o fundo de Desenvolvimento Econômico. O Plano de Ação do governo Otávio Lage (1968-1970) que “visava ampliar o número de técnicos agrícolas, criando fábricas de adubo, aperfeiçoar a estrutura de mercado, entre outros” mostra a preocupação com o êxodo rural. Foi criado um mecanismo de incentivo ao desenvolvimento econômico e social no final da década de 1980, o Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste – FCO, gerenciado pelo Banco do Brasil e mais tarde pelo Banco de Desenvolvimento, contribuindo “para o crescimento da região Centro-Oeste, atingindo Goiás e minimizando os efeitos de queda nos recursos do crédito rural na década de 1980”. A década de 1980 é marcada pelo intenso movimento do êxodo rural como reflexo da valorização das terras agrícolas, da urbanização e “à legislação de direitos trabalhistas, que fez com que os fazendeiros preferissem mandar seus empregados embora ao invés de obedecer às normas legais”. A década de 1990 marca a interrupção das políticas Federais de fomento ao desenvolvimento regional, extinguindo a “Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (SUDECO), representando perda de representatividade do Centro-Oeste junto à União, mas o Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) ficou UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 65 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 como único programa Federal em ação na região goiana com volume disponível dos recursos do Fundo de 29% para Goiás... disponibilizando financiamentos de longo prazo, ainda dinamizando a economia regional”. Para captar investimentos, o Estado de Goiás criou programas de incentivos financeiros, tais como o FOMENTAR, apresentado em 1984, e o PRODUZIR, em 1999, e simultaneamente, a promoção de alterações na Legislação Tributária do Estado com redução efetiva da carga tributária para os que se dispusessem a empreender no estado. Assim o Estado conseguiu modificar o seu perfil produtivo. “Sua economia teve a complexidade aumentada com o alongamento de suas cadeias produtivas, vez que o nível de agregação de valor de sua produção aumentou consideravelmente, assim como a densidade tecnológica presente em seu território. Tal afirmação pode ser constatada ao se observar a evolução crescente do PIB goiano, comparado com o PIB brasileiro, de acordo com a SEPLAN-GO, bem como a do perfil de suas exportações”. Em função do modelo de modernização agrícola, dos programas de apoio ao crédito e dos financiamentos rurais, o território goiano transformou sua estrutura sócio-produtiva de Goiás, tais como na: técnica de produção, redução de trabalho, e a incorporação de maquinários, tratores e insumos, e o processo de industrialização da agricultura concentrou-se no “cultivo de soja, milho e cana, mas as culturas que haviam sustentado a integração de Goiás no âmbito nacional, como o arroz e feijão principalmente, tenderam a uma significativa diminuição nas últimas décadas, devido à tendência de melhores perspectivas de exportação e mecanização”. Mostra, com figuras, o comportamento da produção e área plantada goiana. Tabela o ranking da produção dos principais produtos agrícolas no Estado de Goiás, Centro-Oeste e Brasil e o ranking da produção de grãos por microrregião onde o Sudoeste Goiano ocupa, com destaque, o primeiro lugar em volume total de produção de grãos representando 38,82% da produção do estado. No ranking dos municípios goianos - maiores produtores de grãos- em 2005, Jataí ocupa o primeiro lugar, seguida por Rio Verde. Para facilitar a visualização, a autora mostra, com figura, a evolução da pecuária e o número de cabeças de bovinos e suínos de 1958 a 1980 e com tabela os principais rebanhos (bovino, suíno e vacas leiteiras) e produção de leite de 1980 a 2006, com dados da SEPLAN. Como o número de aves em Goiás teve um aumento significativo de 1980 a UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 66 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 2001, e também outra tabela com o efetivo de bovinos, suínos e aves por microrregião em 2005. Nos últimos anos a economia goiana tem avançado nos setores da indústria e agropecuária. Dentre os municípios que perderam participação no PIB estadual entre 1999 e 2004 estão Goiânia e Anápolis cujas estruturas produtivas têm o setor de serviços como principal atividade e, entre os municípios que obtiveram ganho destacam-se: Catalão Catalão “favorecido pelo processo de verticalização da mineração e pelo incremento da produção de veículos”; Rio Verde impulsionado pela indústria alimentícia e pela agropecuária; Jataí com indústria de transformação e a agropecuária; Senador Canedo, estimulado pelo setor de serviços, basicamente a distribuição de combustível; e Luziânia, graças à “boa performance da agropecuária, sobretudo, lavouras irrigadas e agroindústrias. O ganho de participação também foi observado no município de São Simão” devido à “inserção da hidrelétrica de São Simão em 2001, no cálculo do PIB de Goiás, que antes era computada para Minas Gerais”. Lembra que apesar do destaque da agroindústria construiu-se, em Goiás, nos últimos 25 anos, um diversificado parque industrial com “a produção de equipamentos agrícolas, automóveis, equipamentos hospitalares, um importante pólo farmacêutico e uma significativa indústria química” com a instalação de indústrias farmacêuticas e laboratórios, no início da década de 90, no Distrito Agroindustrial de Anápolis, iniciando a criação do pólo farmoquímico. “Outro exemplo são as indústrias de couro e calçados, pois Goiás em 2003, apontando com o 4° maior rebanho bovino do País, de 19,1 milhões de cabeças, junto com seus vizinhos, fazia parte da maior região produtora de couro do País”. A autora tabela as principais empresas agroindustriais estabelecidas em Goiás com os respectivos municípios e lista os dez maiores municípios goianos em relação ao valor adicionado (VA), por setores de atividades – 2005 e a força de Goiás no ranking da produção brasileira – agropecuária (2007) e pecuária (2005). E, por último, no quarto capítulo analisou-se o comportamento do emprego por setores em Goiás, tanto na agroindústria, quanto na agropecuária e serviços, entre outros. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 67 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 Na década de 1970 a PEA, em Goiás, ainda estava voltada para a agricultura (pecuária, silvicultura, extração vegetal, caça e pesca) mesmo com o acelerado processo de urbanização, o mesmo ocorre na década de 1980. A autora mostra a no Estado de Goiás e Brasil a PEA, ocupada e taxa de desocupação nos períodos 1991-1993 e 1995-2003, que a “PEA goiana aumentou quase na mesma proporção da população ocupada”. Constata-se com dados da Rais/TEM que nos anos de 1990 e 2004 o emprego total na economia cresceu acima da média nacional. Também houve um crescimento no numero de estabelecimentos. Observa-se a situação do nível do emprego no Estado de Goiás, Centro-Oeste e Brasil no período 1990 a 2004, e neste período Goiás apresentou um crescimento de admitidos de quase 100%, acima da média nacional. Também no mesmo período três setores tiveram aumento percentual no total de empregos: agropecuária, comércio e a indústria da transformação A geração de novos postos de trabalho concentra-se em Goiânia, Aparecida de Goiânia, Turvelândia e Rio Verde. Quanto ao setor informal, no período 1990 a 2002 no Estado de Goiás o emprego informal cresceu 7,2%, mesmo com o emprego formal tendo um crescimento considerável, não absorve a quantidade da população economicamente ativa goiana, levando as pessoas a ingressar no emprego informal. Embora Goiás, no período analisado, tenha absorvido um número expressivo de trabalhadores em decorrência do crescimento econômico acima da média nacional, as vagas abertas pelo agronegócio e pelas indústrias que se instalaram no Estado não foram suficientes na geração de novos postos de trabalho para atender o contingente de pessoas que procuravam emprego. “O Produto Interno Bruto (PIB) do Estado de Goiás tem aumentado a taxas superiores à média nacional e o mesmo ocorre com o aumento demográfico no território, também situado acima da média nacional. Entretanto, a renda per capita do Estado não tem crescido substancialmente. Renda per capita é PIB/população e, como a população tem crescido muito, a renda per capita tem ficado abaixo da média nacional. Isto significa que Goiás continua recebendo um aporte significativo de migração para o território”. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 68 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 5.7 AS IMPLICAÇÕES DO PROCESSO DE MODERNIZAÇÃO CONSERVADORA NA ESTRUTURA E NAS ATIVIDADES AGROPECUÁRIAS DA REGIÃO CETRO-SUL DE GOIÁS Por Nair de Moura Vieira15 PIRES, Murilo José. As implicações do processo de modernização conservadora na estrutura e nas atividades agropecuárias da região centro-sul de Goiás. 2008. 134 f. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Econômico) – Instituto de Economia, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 16/07/2008. A tese, As implicações do processo de modernização conservadora na estrutura e nas atividades agropecuárias da região centro-sul de Goiás, foi elaborada pelo doutorando Murilo José de Souza Pires sob a orientação do prof. Dr. Pedro Ramos. O trabalho está estruturado em três capítulos: O Capítulo 1 entitulado “O termo Modernização Conservadora: Sua Origem e Utilização no Brasil” trata da origem do termo “Modernização Conservadora”, do uso do termo Modernização Conservadora pelos analistas brasileiros, da preservação da estrutura fundiária brasileira. O Capítulo 2 aborda a “Formação e Evolução da Estrutura Econômica em Goiás: O Interregno de 1726 a 1975 e faz uma análise histórica da formação econômica de Goiás, das modificações da estrutura econômica nos períodos: 1895-1975; 1914-1935 destacando o papel da ferrovia e da nova capital do estado e 1936-1975: a modernização econômica da região Centro-Sul. Relata a ocupação da região do Vale do São Patrício como uma experiência fracassada e mostra as mudanças ocorridas na estrutura e atividades agropecuárias em Goiás no período 19201975. O Capítulo 3 mostra as implicações do processo de modernização conservadora na estrutura e nas atividades agropecuárias da região Centro-Sul do estado de Goiás e destaca a importância dos planos de desenvolvimento regional para a constituição do novo padrão agrícola. O primeiro capítulo tem como objetivo “compreender o significado do termo modernização conservadora e como este foi utilizado pelos analistas brasileiros e também 15 Coordenadora Pedagógica e professora do Curso de Ciências Econômicas da Universidade Católica de Goiás - UCG. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 69 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 verificar como está configurada a estrutura fundiária nacional”. Descreve como vários autores tratam da passagem das economias pré-industriais para as economias capitalistas e industriais. Constata que nos países desenvolvidos as estruturas econômicas e sociais “apresentam menor grau de heterogeneidade quando comparado aos países subdesenvolvidos, dado que as elites dominantes dos países centrais construíram um projeto de nação que incorporou ao sistema econômico capitalista os estratos inferiores da estrutura social. No caso do Brasil, a elite dominante criou empecilhos ao acesso à cidadania e à democracia, visto que as classes inferiores foram e continuam sendo alijadas das vantagens proporcionadas pela modernização”. Levanta os trabalhos de analistas brasileiros quanto ao uso do termo “modernização conservadora” enfatizando suas argumentações e destaca que os mesmos não fizeram uma transposição crítica desse termo e nem levaram em consideração os aspectos históricos que nos separam das sociedades dos países centrais (alemã e japonesa). Ignácio Rangel mostrou que “a questão agrária nacional era decorrente do hiato estrutural determinado pelo descompasso entre a penetração das forças produtivas capitalistas na agropecuária nacional e a absorção dos trabalhadores expulsos por esta modernização agropecuária nos mercados de trabalho capitalistas (urbano e industrial)”. Mostra através dos índices de Gini, que na evolução da distribuição da posse da terra no Brasil houve uma forte concentração. Em nível regional, região Norte apresenta a maior concentração, seguida pelo Centro-Oeste. Assim, “a estrutura fundiária nacional enraizou-se predominantemente em unidades de explorações agrícolas que se modernizaram seguindo o caminho da via prussiana, isto é, transformando as unidades de exploração agrícola em capitalista sem que houvesse o fracionamento da estrutura fundiária nacional”. O capítulo 2 analisa e constata que as transformações econômicas ocorridas em Goiás, no período 1726 a 1975, não provocaram mudanças na estrutura e nas atividades agropecuárias da região. Isto porque desde o final do ciclo do ouro a dinâmica econômica do estado voltou-se para a agricultura de subsistência e para a pecuária extensiva concentrando-se na produção de arroz e gado. Aponta como um dos principais gargalos para a inserção de Goiás na lógica da acumulação de capital a infra-estrutura de transportes com estradas precárias. A chegada da Estrada de Ferro Goiás trouxe a modernização na UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 70 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 região sudeste do estado, e na região sudoeste foi a rodovia que a conectou com a economia do Triângulo Mineiro e paulista. Com a implantação da “Marcha para o Oeste” ocorreu, além da construção de Goiânia e a transferência da capital, o prolongamento dos trilhos da Estrada de Ferro Goiás que provocou uma diversificação produtiva nas áreas por ela cortadas, destinados ao mercado paulista e mineiro. É o caso do arroz e charque. As principais empresas que agregavam valor à pecuária (caso do charque) localizavam-se em: Catalão, Goiandira, Ipameri, Pires do Rio e Anápolis, todas localizadas no entorno da Estrada de Ferro Goiás. O escoamento do boi pouco ocorreu pela estrada de ferro porque faltavam vagões-gaiolas, 95% do gado eram transportados a pé chegando magros ao destino. Contudo, “a estrutura fundiária do estado continuava arraigada nas médias e grandes propriedades e, mesmo no momento que houve uma busca por um caminho alternativo a grande propriedade fundiária como aconteceu durante a “Marcha para o Oeste”, ainda assim, as experiências de desconcentração fundiária foram coroadas pelo fracasso”. É o caso da ocupação da região do Vale do São Patrício ocorrida, em Goiás, durante o período do Estado Novo (1937-1945). Examina a experiência fracassada de desconcentração fundiária existente em GO com a implantação da Colônia Agrícola Nacional de Goiás (CANG) mostrando que seu objetivo de expandir a fronteira agrícola para o interior do estado, e fazer a ocupação demográfica e econômica serviu também para “equacionar os conflitos agrários pelo uso e posse da terra nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste” porque os produtores rurais necessitavam de novas áreas para expandir sua produção, pois usavam métodos tradicionais de cultivo e poucas inovações tecnológicas. Pelo projeto oficial a CANG receberia do Ministério da Agricultura (Divisão de Terras e Colonização) assistência financeira e orientação técnica com novos métodos de cultura intensiva para promover a modernização da produção agrícola regional. Com a promessa de terras pela CANG vieram imigrantes de Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande do Sul, do Nordeste e do próprio estado de Goiás. O autor afirma que vários fatores contribuíram para o fracasso da CANG: o acesso a terra pela posse da mesma, falta de recursos para sustentar a produção, busca de recursos UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 71 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 junto aos fornecedores de crédito e comerciantes de Anápolis (comprometendo o rendimento dos colonos), emancipação do município de Ceres (1953) que se torna responsável pela manutenção das instituições, sem a verba do Ministério e o Plano de Metas que absorveu os recursos da União para a construção de Brasília. Por isso, “grande parte dos colonos em Ceres foi obrigada a abandonar a condição de proprietários, negociando ou mesmo renunciando a seus direitos de posse, durante a década de 1950”. Descaracterizou-se a CANG que cedeu espaço para as grandes fazendas circunvizinhas. Por fim, ao discutir a evolução e limitações da estrutura e das atividades agropecuárias no período de 1920 a 1975, constata que o progresso técnico trazido pelos trilhos da Estrada de Ferro Goiás não teve forças suficientes para transformar a agricultura tradicional em capitalista. O que ocorreu a partir de meados da década de 1970 com os planos de desenvolvimento regionais. O Capítulo 3 mostra “as implicações do processo de modernização conservadora na estrutura e nas atividades agropecuárias da região centro-sul do estado de Goiás” considerando a configuração da estrutura fundiária, os programas de desenvolvimento regional, os processos de modernização na produção agrícola, a espacialização da produção agropecuária, o processo de diversificação industrial e os impactos sociais. Constata que a estrutura fundiária dominante em Goiás foi mantida intocada pela elite dominante que avançou no processo de modernização das explorações agrícolas. Demonstra, através de dados censitários, que a maioria dos produtores rurais do estado é proprietária de seus estabelecimentos agrícolas e que o número de estabelecimentos agropecuários com arrendatários e parceiros cresceu entre 1975 e 1985. E, através de uma mapa, desenha a estrutura fundiária em Goiás provando que na região centro-sul há um predomínio das grandes áreas pois existe “um pequeno número de imóveis rurais que detém grande parte da área dos estabelecimentos agrícolas” comprovando que “o processo de modernização conservadora foi conduzido politicamente pela oligarquia dominante e avançou na região centro-sul seguindo os caminhos da via prussiana, pois não houve o fracionamento da grande exploração agrícola”. Destaca o papel exercido pelos programas de desenvolvimento regional marcados pelo II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND: 1974/79), quando o Estado passou a intervir nas regiões periféricas ao eixo dinâmico da economia nacional e formulou políticas UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 72 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 de desenvolvimento regional. Assim, a estrutura da agropecuária goiana, com forte característica tradicional e familiar foi sendo substituída pela agropecuária empresarial e capitalista que demanda inovações tecnológicas do setor industrial. Destaca os principais planos de desenvolvimento regionais implantados em Goiás: POLOCENTRO, PRODECER e também o papel do FCO (Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste) e SNCR (Sistema Nacional de Crédito Rural). Pires reforça, com dados tabelados a partir dos censos agropecuários, o processo de modernização nas atividades de produção agrícola elencando a quantidade de tratores, fertilizantes e defensivos e destaca a região centro-sul como sendo a região em que o processo de modernização mais se intensificou. Analisa a questão agrícola em Goiás destacando as mudanças na composição dos produtos agrícolas e sua distribuição no espaço estadual. Nos anos 70, há um declínio da área colhida de arroz e ascensão da soja que, nos anos 80, iniciou um processo de substituição de culturas no estado, marcado pelo processo de modernização, sendo intensificado no ano de 2004. Outro produto com forte expansão é a cana-de-açúcar e a região centro-sul é a responsável por quase toda produção goiana. Esta região “tornou-se uma das principais regiões brasileiras que se destacou na produção de arroz, feijão, milho, soja e cana-de-açúcar”. Faz um mapeamento estadual dos efetivos bovinos para facilitar a visualização de sua distribuição no eixo que se estende do sul ao norte da porção oeste do estado. Enfatiza que os anos 80 marcam a estrutura industrial goiana com a penetração, no estado, de indústrias que aproveitaram os incentivos fiscais e a proximidade do mercado interno do Sudeste, além da implantação do FOMENTAR para estimular a agroindustrialização do Estado, e posteriormente do PRODUZIR . “O setor industrial de transformação apresentou uma tendência de expansão e tornou-se, o segmento goiano, o principal setor de atividade econômica, tendo em 2004 uma participação de 19% do produto interno bruto goiano e de 53% do somatório dos sub-setores do setor industrial”. Em 2005 a região centro-sul do estado aglutinava 89% das empresas instaladas em Goiás, sendo a região que “representa o centro dinâmico da economia goiana, pois concentra as principais unidades de processamento dos segmentos industriais, sobretudo nos setores de bens não-duráveis, bens intermediários e bens de capital”. Lembra que a dinâmica da UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 73 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 economia goiana não é autônoma e que há uma complementaridade com a economia paulista. Levanta as empresas multinacionais que vieram para Goiás e enfatiza que investimentos de capital nacional também foram realizados. Observa-se que o “processo de modernização conservadora na estrutura e nas atividades agropecuárias da região centro-sul, do estado de Goiás favoreceram o incremento da produção e da produtividade dos bens agrícolas. Esta fato teve importância para a penetração das agroindústrias neste espaço regional, que em conjunto com as demais atividades industriais, tiveram um papel importante para a diversificação produtiva da região”. Houve a modernização da atividade agrícola e diversificação produtiva sem o fracionamento da estrutura produtiva, provocando uma redução da população rural que se deslocou para o setor urbano e industrial em busca de emprego. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 74 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 5.8 O GRANDE VALE DO OESTE. AS TRANSFORMAÇÕES DA BACIA ARAGUAIA EM TERRITÓRIO GOIANO FRANCO, Solange Maria. O GRANDE VALE DO OESTE. AS TRANSFORMAÇÕES DA BACIA ARAGUAIA EM TERRITORIO GOIANO. Dissertação para o Mestrado em Geografia da Universidade Federal de Goiás. Instituto de Estudos Sócio-Ambientais. Goiânia, 2003. Por Fernando Negret16 A autora é formada em jornalismo e com o presente trabalho obteve seu título de mestre na área de concentração Formação Regional, Política, Economia e Cultura. O estudo objeto desta resenha é uma dissertação apresentada no Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Geografia do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais da UFG. É um trabalho amplo no seu período histórico e nos aspectos de análise. Está estruturado em sete partes: a primeira inclui a introdução, o referencial teórico e a metodologia, destacando-se desta última o seu grau de detalhamento. A segunda parte denominada Contextos da Ocupação da Bacia Araguaia, inclui abordagens sobre o sóciocultural, o político, o econômico, colonial, goiano, da bacia e dos mitos indígenas. A parte terceira trata da configuração territorial da bacia Araguaia; a quarta delimita o objeto de estudo da dissertação, sendo este a configuração da bacia Araguaia no Estado de Goiás; a quinta trata das transformações espaciais na área da bacia Araguaia em Goiás no período de 1870 a 1970. Na sexta as condicionantes sócio-espaciais nas quatro décadas de transformação na seção goiana da bacia do Araguaia e a sétima parte inclui as considerações finais. Trata-se de um estudo de grandes dimensões em todos os campos tratados perante o objetivo de caracterizar o processo de ocupação histórica da bacia do Rio Araguaia. Nesse sentido realiza inicialmente uma abordagem global da bacia abrangendo a totalidade dos territórios dos quatro estados que a integram: Goiás, Tocantins, Mato Grosso e Pará. Essa abrangência a autora a justifica porque se trata da quarta bacia em tamanho da América do 16 Coordenador do Mestrado em Desenvolvimento Regional das Faculdades Alves Faria – ALFA. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 75 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 Sul, contém a maior ilha fluvial do mundo e a maior diversidade de peixes do planeta, além de conter uma rica biodiversidade em flora e fauna. O objetivo geral do estudo é analisar a ocupação desse território a partir de dois enfoques e períodos: histórico de 1868 a 1970 e a transformação da paisagem de 1970 a 2001. Os objetivos específicos incluem a caracterização dos aspectos físicos da bacia, o levantamentos de dados e informações históricas, o reconhecimento das diferentes fases de ocupação e a identificação, no tempo e no espaço, das transformações da paisagem e seus agentes sociais. Apresenta uma boa revisão bibliográfica no referencial teórico, discutindo e diferenciando a forma de estudar o passado com o presente, assinalando que “as geografias do passado não trabalham propriamente com o passado mais com os fragmentos que ele deixou”. Além disso, adverte que os documentos antigos não são neutros e necessariamente incorporam as estruturas de poder do âmbito quando foram produzidos. A autora também faz uma advertência no sentido de que “não se pode reconstruir, recuperar ou desvendar o passado”. Em termos da definição da pesquisa, afirma-se que se pretende “evidenciar as transformações de uma paisagem sem incorrer no isolamento, mas buscando relacionar os impactos físicos às condições sociais locais e externas que incidiram ou se acarretaram”. Nesse sentido se busca interpretar as intervenções humanas e o resultante dessa intervenção. Com relação às categorias de análises mais gerais, o estudo incorpora os conceitos de paisagem e região. A paisagem é definida com base em Santos (1997) que a considera como um conjunto de formas heterogêneas, de idades diferentes, pedaços de tempos históricos, representativos de diversas formas de produzir o espaço. Segundo esse autor, a paisagem é o resultado de uma acumulação de tempos. O conceito de região é discutido em termos geográficos, defendendo a bacia como uma unidade territorial. Menciona-se que na Nova Geografia “a região é um conjunto de lugares, onde as diferenças internas entre esses lugares são menores que as existentes entre eles e qualquer elemento de outro conjunto de lugares”. Na geografia pós-moderna a região é uma área formada por articulações particulares no âmbito de uma sociedade globalizada. Mas também se discute a região em termos do desenvolvimento desigual e combinado, proposto por Trotsky como um UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 76 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 fenômeno que ocorre no capitalismo. Nesse sentido se explica que as regiões podem ser caracterizadas em termos das desigualdades dos níveis de desenvolvimento em que se encontram. Os aspectos físicos mais específicos tratados na pesquisa são o clima, a topografia, águas, solos, vegetação, hidrografia e relevo. Já o recorte territorial regional está delimitado naturalmente pelo conceito de bacia hidrográfica, ou seja, a área drenada por um rio ou um sistema fluvial. Com relação ao uso da bacia como unidade territorial de gestão o estudo faz uma análise histórica da legislação, dos órgãos e das suas atuações no Brasil. Dos diferentes contextos que integram a parte segunda do estudo, cabe ressaltar o fato histórico da descoberta de ouro no Rio Vermelho em 1725 e que segundo a autora foi o marco do povoamento do estado de Goiás, ao tempo que lembra a bandeira do Anhanguera como a mais conhecida e definitiva na ocupação do território goiano. Dois anos após a descoberta do ouro foi fundado o Arraial de Santana que posteriormente seria a futura sede da capitania. Neste contexto, menciona-se que entre 1727 e 1732 foram fundados vários povoados no sul de Goiás: Anta, Ferreiro, Ouro Fino, Barra, Água Quente, Santa Cruz e Meia Ponte. Entre 1730 e 1740 foram Traíras, São José do Alto Tocantins (hoje Niquelânda) Cachoeira, Crixás, Natividade, São Feliz, Pontal, Arraias, Cavalcante, Papuan (Pilar), Santa Luzia (Luziânia), Carmo e Cocal. Essas fundações são de importância no estudo sobre a dinâmica urbana em Goiás, porque mostram os centros urbanos inicias da ocupação do território do estado, os quais segundo o próprio estudo, a maioria deles foi abandonada ou estão desaparecidos e alguns subsistem como sedes de municípios. É interessante mencionar que o Estado de Goiás foi o segundo produtor de ouro do Brasil no século XVIII, entretanto após o curto período de exploração a população dos centros criados com base na mineração se dispersou em busca de alternativas de subsistência e o estado demorou em desenvolver o processo de urbanização. O estudo vai mostrando, historicamente, o surgimento das atividades num território que permaneceu isolado e sem comunicação, particularmente no século XIX, período sobre o qual pouco se sabe da sua historiografia. Outro momento histórico relevante no processo de comunicação e interconexão do território goiano com o território nacional foi a inauguração da navegação pelo Rio UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 77 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 Araguaia que aconteceu em 1868. Em 1869 foi aprovada pela Associação Comercial do Pará a incorporação de uma Companhia de Navegação, a qual começou atividades nesse mesmo ano. Entretanto foi na década seguinte que, com a ajuda do império, foi possível estabelecer a navegação de maneira mais estável e fortalecer dessa maneira o processo de ocupação do território. A parte três do estudo constitui um detalhado estudo dos aspectos físicos da bacia, incluindo o relevo, a vegetação, o tipo de solos, o clima e a hidrografia, tudo muito bem fundamentado e apoiado em mapas de excelente qualidade e grau de elaboração. Destacase nesta parte a discussão histórica sobre a definição das nascentes do Rio do Araguaia, as quais apesar de ainda não estar definidas institucionalmente, o estudo argumenta com dados técnicos como sendo o “Córrego Buracão o principal cause do Rio”. Também são relevantes os dados sobre a distribuição da população dos quatro estados no território da bacia, que em total no ano 2000 chegavam a 1.308.255 habitantes, correspondendo 406.468 ao estado de Goiás. Na parte quatro, o estudo aborda os aspectos físicos do território de Goiás na bacia, e nesta oportunidade são mais detalhadas ainda as análises sobre solos destacando aspectos de estrutura, fertilidade e vulnerabilidade. Da vegetação comentam-se os fenômenos de degradação e desmatamento por ações naturais ou antrôpicas e da hidrografia se destaca a divisão das sub-bacias descritas e acompanhadas de excelentes mapas em cores. As transformações ocorridas de 1870 a 1970 e descritas na parte quinta da dissertação são de grande interesse histórico, na medida em que se narra com diversas citações bibliográficas as mudanças sócio-econômicas que foi experimentando o território. Inicialmente se narra a situação sócio-ambiental na bacia e particularmente na Capital Goiás onde, em 1872 o estudo destaca a vida pacata, pobre e difícil desta cidade isolada. Nesse ano a população total da bacia em território goiano chegava a 11.687 habitantes e incluía além de Goiás a Pilar, Rio Bonito e Rio Verde. O estudo afirma como a pecuária após a mineração foi a atividade econômica fundamental durante um longo período, bem como assinala que as melhores terras localizadas no sul e sudoeste da bacia foram desde o inicio apropriadas “por uma minoria de indivíduos ligados à administração provincial na época do ouro”, ficando as terras ruins UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 78 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 e de menor fertilidade para os pobres. No final do século XIX o gado era o principal produto exportado por Goiás. Em 1920 a população da bacia chegava a 54.134 habitantes, praticamente triplicando o número estimado para 1872. Além do aumento da população também foram criados novos municípios chegando a cinco: Goiás, Mineiros, Palmeiras, Pilar e Rio Bonito (atual Caiapônia). Nesses cinco municípios existiam nesse ano 232.600 cabeças de gado, sendo que em Goiás e em Mineiros estava mais de 60% desse rebanho. O milho era o produto mais plantado, seguido de perto pelo arroz, também se plantava feijão, mandioca, cana, café, além de batata, algodão, fumo, cação, coco e maniçoba. No ano de 1940 o território da bacia no estado de Goiás estava integrado por seis municípios com a criação de Paraúna e uma população um pouco superior a de 1920, entretanto representava proporcionalmente menos que outras regiões do estado que tiveram maior crescimento. Em 1950 cinco novos municípios integram a bacia: Aurilandia, Firminópolis, Iporá, Poganratu e Baliza. Dos 59.254 habitantes em 1940 a população passa para 191.806 em 1950. A cidade de Goiás é o centro urbano que mais cresce e passa de 28.320 para 107.418, enquanto que os outros mantêm praticamente o mesmo número de habitantes ou houve decrescimento, como no caso de Mineiros que pela desmembração perdeu alguma população pouco significativa. Em termos econômicos a pecuária continua sendo a atividade principal e o rebanho teve um crescimento de 243.878 para 389.513 cabeças. O número de estabelecimentos também aumentou de 3352 em 1940 para 9.566 em 1950 e o tamanho médio das propriedades diminuiu para 334 hectares, quando em 1940 a superfície media dos estabelecimentos era de 832 hectares. O censo de 1950 já inclui dados sobre maquinaria e nesse ano existiam no território da bacia 555 máquinas, das quais somente 6 eram tratores e 19 arados. Isso demonstra o baixo nível de mecanização das atividades agropecuárias na região. Em termos do número de hectares plantado houve um crescimento significativo ao passar de 23.559 hectares cultivados em 1940, que representavam 3,4 % do estado, para 145.561 e significando agora 18,8% do total de Goiás. Essa mudança é relevante em termos da representatividade da produção regional no âmbito do estado. Na década de 1960 os municípios já eram 35, a população tinha crescido relativamente pouco em relação com a década anterior ao passar de 191.806 para 237.629. O rebanho bovino dobrou e a maquinaria total diminuiu. O volume da produção em toneladas e o tipo de produtos agrícolas praticamente não tiveram alteração. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 79 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 O trabalho apresenta um item denominado balanço do século compreendido entre 1870 e final de 1960, e nele afirma-se que nesse período não ocorreram grandes transformações produtivas nem sócio-ambientais, e que o impacto sobre o meio natural foi mínimo comparado com a degradação que experimenta a região nas últimas décadas do século XX e inícios do atual XXI. Inclusive se faz uma advertência no trabalho no sentido de que a Marcha para o Oeste e a Fundação Brasil Central chegaram à região, mas não significaram uma transformação importante em termos produtivos nem demográficos como constata-se nos dados apresentados pelo estudo. Essas duas iniciativas tiveram maior significação e impacto em Mato Grosso e no Xingu. Somente o Plano de Metas de Juscelino Kubitschek com a construção de algumas estradas federais, como a BelémBrasília, mesmo que não cruzaram a região, tiveram certo impacto no processo de ocupação da bacia do Araguaia em território goiano. A parte sexta do estudo, denominada de “As condições Sócio-Espaciais das Quatro Décadas de Transformação da Porção Goiana da Bacia do Araguaia”, começa com a firmação de que esse território é “Uma Nova Fronteira a Serviço do Capital”. Com base no IBGE ressalta-se que a região do Centro-Oeste a partir da década de 1970 é incorporada com uma nova função do desenvolvimento capitalista nacional nos moldes da produção empresarial. É desse modo que se inicia e de fato se dá a transformação produtiva agropecuária dessa macro-região. No caso específico da bacia goiana do Araguaia, foi somente o Programa Polocentro que promoveu nesses termos o desenvolvimento dos municípios do sul da bacia, atingindo Caiapônia, Mineiros, Santa Rita de Araguaia e Baliza. Com relação às transformações demográficas na bacia goiana cabe destacar que na década de 1970 a Cidade de Goiás já não ocupava o primeiro lugar em população, sendo que São Luiz de Montes Belos aparece como de maior número de habitantes seguido de Caiapônia e São Félix do Xingu. As estatísticas expressam o processo de desenvolvimento econômico regional e explicam em boa medida a expansão demográfica de outros centros urbanos e a decadência da antiga capital de Goiás, que já tinha perdido dinamismo desde a perda do poder administrativo. O número de municípios também cresceu na bacia e em esse período o número já era de 41. Igualmente é destacável o incremento do número de tratores que passou de 25 em 1960 para 376 em 1970 e os arados de 119 para 2176. Esses UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 80 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 números são significativos em termos locais, porém insignificante em termos de todo o estado de Goiás que nesse ano já tinha 37.224 máquinas e instrumentos agrícolas. Segundo o estudo a produção também teve transformações importantes em vários sentidos. Embora o número de hectares plantados se incrementasse de 127.602 para 181.672, a produção teve um acréscimo proporcionalmente menor ao passar de 147.546 toneladas para 163.712. Esse fenômeno é explicado pela autora como produto de desgaste da fertilidade da terra após três coletas. Nesse volume da produção o arroz é o principal produto. O rebanho bovino teve um crescimento significativo ao passar nos dez anos de 663.391 cabeças de gado a 1.678.561, representando também um aumento na participação do estado de 13.6% para 22%. Na década dos 80, afirma o estudo com base em Bertram (1988), que a estrutura produtiva goiana ainda não dispunha de uma “formação bruta de capital nem de infraestrutura social” e a produtividade e a competitividade eram baixas. Praticamente todas as regiões, incluindo as do sudoeste goiano apresentavam padrões rígidos de estrutura produtiva e na região da bacia era predominante a concentração fundiária. Em termos administrativos na década de 1980 não foram criados novos municípios. Entretanto houve mudanças populacionais ao se incrementar de 293.115 habitantes em 1970 para 381.189 em 1980. Também houve mudanças na hierarquia dos centros urbanos, e Goiás novamente ocupava o primeiro lugar, seguido nesse momento de Crixás, Caiapônia e Iporá. Não houve maiores mudanças com relação ao número de estabelecimentos rurais, entretanto houve um incremento no tamanho médio das propriedades ao chegar a 403 hectares, maior que a média de 353 hectares em 1970. O número de máquinas e implementos agrícolas teve um incremento surpreendente, bem como os empréstimos. Com relação á produção houve incrementos no número de hectares plantados, no volume da produção e na produtividade por hectare: em 1970 se plantaram 181.672 hectares que produziram 163.712 toneladas, já em 1980 se plantaram 409.071 hectares com uma produção de 461.037. A pecuária praticamente dobrou, pois o rebanho passou de 1.678.561 cabeças em 1970 para 3.661. 376 em 1980. A indústria também teve um incremento importante passando de 449 estabelecimentos em 1970 para 1145 em 1980, os setores industriais principais eram alimentos, mineração não metálica, madeira e mobiliário. O trabalho conclui a análise dessa década afirmando que todas essas atividades UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 81 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 econômicas ocasionaram “aparentes transformações na paisagem”, embora a área ocupada apenas chegasse a 275,99 K2, significando tão somente 0.3% do território da bacia. A década de 1990 significa para Goiás, segundo o estudo, um período de grandes mudanças, já que o estado chegou a altos níveis de urbanização “mesmo que periférica”. Em termos da estrutura econômica setorial a agropecuária já não é predominante e somente significa 0.5%, a atividade industrial 6.6% e os serviços 92.6%. No território da bacia também ocorre o processo de urbanização e pela primeira vez a população urbana é maior que a população rural. No estado são criados 19 municípios, dos quais 13 estão na bacia. Em 1992 verifica-se uma redução dos hectares cultivados e da produção colhida nesse território, sendo o arroz e o milho as duas principais culturas. Entre 1995 e1996 foram recenseados 21.796 estabelecimentos com tamanho médio aproximado de 376 hectares e houve um incremento menor das máquinas e instrumentos com relação à década anterior, embora os tratores tivessem um aumento substancial passando de 4.615 para 7.766. Os municípios da bacia conservam sua vocação agropecuária e a industrialização não avança na região. Inclusive acontece uma diminuição dos estabelecimentos industriais de 1145 em 1980 para 804 em 1996. O estudo conclui que em 1993 as áreas antrôpicas sem definição de uso ocupam 9.44% do território e a vegetação natural 46.7%. Na década dos 2000, segundo o estudo, a fronteira agrícola de Goiás continuou se expandindo com a abertura de novas áreas para a pecuária e a agricultura. Com relação ao número e tamanho médio dos estabelecimentos o trabalho adverte que pode ter havido mudanças na metodologia de levantamento e coleta de dados que poderiam explicar a queda do tamanho total da área das propriedades e ao mesmo tempo a diminuição do tamanho médio dos estabelecimentos. No ano 2000 o rebanho bovino chega a 6.237.537 cabeças o qual significa um aumento de 5% com relação a 1993. De maneira contraria as áreas plantadas experimentam uma redução de 40.6% desde 1980, passando de 409.071 em 1980 para 243.073 em 2000. O estudo explica esse decrescimento como o processo normal do desgaste das terras apos três ou quatro colheitas e como método de criação de pastagem para o gado. Entretanto a produção e a produtividade agrícola cresceram consideravelmente, chegando a 792.777 toneladas no ano 2000 com uma produtividade de 3.24 toneladas por hectare. Essa produtividade é atribuída aos avanços tecnológicos da soja que em 98.340 hectares foram produzidas 275.889 toneladas. Os principais municípios produtores são Mineiros e Caiapônia com quase o 70% da produção regional de soja e do UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 82 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 total das demais culturas. Administrativamente a região teve novas mudanças e agora já são 60 municípios. A população da região decresceu de 411. 265 em 1991 para 492.482 no ano 2000, sendo que 31 municípios perderam habitantes e alguns chegaram a diminuir em até a metade, como foi o caso de Campos Verdes, Itapaci, Mara Rosa e Porangatu. Foi a continuação do êxodo rural para as grandes cidades iniciado na década dos 70. Agora os principais centros urbanos da região são Iporá, São Luis de Montes Belos, Cidade de Goiás, São Miguel de Araguaia e Jussara. Após esse processo sócio-ambiental as imagens mostram que 72.11% do território teve ações antrôpicas. O trabalho apresenta um balanço de 1970 ao ano 2000 no qual se ressalta que foram os migrantes com capital vindos do Paraná e do Rio Grande do Sul os que realmente transformaram a estrutura produtiva e a ocupação do solo da região. Nesses anos, houve um processo de melhoria das rodovias que comunicaram a bacia do Araguaia com o estado e o território nacional e promoveram a sua articulação, a ocupação e a transformação produtiva regional. Nas considerações finais o estudo afirma que esses dois períodos analisados tiveram características e resultados diferenciados: no primeiro de 1870 a 1960, criaram-se os primeiros povoados e as primeiras estradas que permitiram a entrada dos migrantes, os quais no segundo período, de 1970 a 2000, transformariam a estrutura produtiva, mediante um processo de concentração das terras, de mudanças tecnológicas e do aumento da produção. Entretanto, nesse mesmo processo verificou-se a expulsão do pequeno produtor para as periferias das grandes cidades do Centro-Oeste e ocorreu forte degradação ambiental e dos recursos naturais. Com relação à preservação ambiental o documento assinala que as unidades de conservação apenas representam 0,37% da área da região o qual é realmente muito pouco, considerando o acelerado avanço da fronteira agrícola para essas áreas. Igualmente se ressalta o desconhecimento sobre o número de indígenas que subsistem na região e o pouco de terra que foi deixada para eles subsistirem depois da usurpação dos seus territórios. Para concluir a autora do estudo faz a seguinte consideração: “Reservemos espaço físico para que o social seja mais justo, para preservar a vegetação, o solo, a água e nós”. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 83 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 5.9 FORMOSA: PORTAL DO NORDESTE GOIANO OU PÓLO REGIONAL NO ENTORNO DE BRASÍLIA? TEIXEIRA, R. Formosa: portal do nordeste goiano ou pólo regional no entorno de Brasília? 2005. 157 f..Dissertação (Mestrado em Geografia) – Instituto de Estudos SócioAmbientais, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2005. Por João Batista de Deus17 Esse trabalho foi escrito por Renato Araújo Teixeira como dissertação de mestrado em Geografia pela Universidade Federal de Goiás (UFG). O referido autor graduou-se em geografia pela UFG em 2003, é doutorando do curso de geografia pelo Instituto de Estudos Sócio-Ambientais da UFG. Atualmente é professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás em Inhumas. Trabalha com Geografia Regional, principalmente nos seguintes temas: planejamento e gestão municipal, estudos das paisagens urbanas-regionais, sensoriamento remoto e cartografia. O objetivo principal do trabalho é analisar a evolução sócio-espacial do município de Formosa a partir da relação com a Capital Federal – Brasília. Na dissertação, inicialmente realiza-se uma descrição minuciosa das mudanças espaciais ocorridas no município de Formosa em função da influência do Distrito Federal, ao mesmo tempo, em que é analisada a importância sócio-econômica desse município em relação à microrregião do Entorno de Brasília e do Nordeste Goiano, procurando constatar a diversidade regional do Entorno de Brasília como sendo uma síntese histórica do espaço, produto e meio da vida social daquela porção o território brasileiro. O trabalho é rico em mapas, tabelas e gráficos, possibilitando a visão clara da evolução dos processos sócio-espaciais e a análise da situação atual divididos em três capítulos. O primeiro capítulo inicia-se com uma breve descrição do município, seus aspectos sociais, físico-naturais e sua localização no território. Mostra uma relação impar ao se articular dentro da Região do Entorno de Brasília, como cidade média metropolitana e ao 17 Diretor do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais – IESA / Universidade Federal de Goiás - UFG. Professor, Doutor em Geografia. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 84 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 mesmo tempo mantém o papel desempenhado ao longo de sua história, o “portal de Nordeste Goiano”. Nesse capítulo, discute-se algumas categorias geografias com destaque para a região, com relação a essa categoria inicia-se com a polêmica idéia do fim das regiões, polêmica essa que vem arrastando desde os anos de 1980 e ganha força na década seguinte com o amadurecimento das tecnologias de transporte e comunicação. Faz-se um histórico dos conceitos de região até os dias atuais, discutindo com vários autores, tanto da geografia clássica, como da geografia e ciências humanas contemporâneas, para então reafirmar a força e a atualidade da categoria região. Após a discussão teórica inicia-se a análise do objeto de estudos pela microrregião Entorno de Brasília. O autor mostra como a construção de Brasília alterou a fisionomia da região. A Capital Federal passa a ser ponto de atração populacional, possibilitando o crescimento da maioria das cidades sob a influência de Brasília. Grande porção de população de baixa renda migra para o entorno de Brasília, que cresce em média 5% ao ano de 1970 à 2000. Esse processo leva a fragmentação do território, com o surgimento de novos municípios, causando enormes impactos aos antigos municípios, como por exemplo, a queda na arrecadação de impostos. Essa questão é discutida levando em consideração a geopolítica regional envolvendo o Estado de Goiás e o Governo de Brasília pelo controle político e ideológico da região. É nesse contexto que o autor insere o município de Formosa na região, questão que vai abordar com maior profundidade no capítulo seguinte. No segundo capítulo, discuti-se as transformações espaciais no município de Formosa. O autor considera que Formosa está integrada ao processo de globalização e que Brasília tem papel importante para esse fato, pois é o motor do desenvolvimento econômico regional. Para entender a realidade atual, busca-se explicações históricas, fazendo uma periodização do eventos mais importantes ocorridos no município, mostrando a evolução do espaço ao longo da história, para chegar ao processo de metropolização de Brasília, seu impacto regional e a influência no município. A partir do território de Formosa, desvela-se a rede de relações sócio-econômicas entre este território, Brasília e o Entorno, discernindo o processo regional que constitui essa área. A relação de Brasília com a Região do entorno é demostrada de diversas formas, mas, está fundamentalmente relacionada à dependência UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 85 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 dos serviços disponíveis no Distrito Federal, em especial, à área da saúde. A pesquisa realizada demonstra, através dos fluxos interurbanos de veículos entre Brasília e sua área de influência, a intensidade dessa relação. Para afirmar que formou-se uma “CidadeRegião”, apesar de que, segundo o autor, esse termo não consegue abarcar toda complexidade que essa porção do território tem. No terceiro capítulo é abordada a influência de Formosa no Nordeste Goiano. A cidade oferece vários serviços a cidades do nordeste goiano. Afirma-se que essa função é histórica já que a cidade era conhecida como “boca do sertão” e mais recentemente “Portal do Nordeste goiano”. Ao discutir esse tema, constata-se a rede de influência de Formosa, sendo essa um importante apoio à debilitada estrutura econômica dos municípios do nordeste de Goiás, ao mesmo tempo que desmistifica a influência de inexorável de Brasília sobre o seu entorno. Formosa, segundo o autor, acompanha a dinâmica do Estado de Goiás, com forte crescimento econômico, tendo como novo componente dessa dinâmica a agricultura e apostando no turismo como mais uma fonte de criação de riqueza e renda. Considero a obra importante trabalho pela qualidade dos dados apresentados e pela relação incessante que o autor faz entre o local e o regional. E, ainda, o fato da região na qual a cidade de Formosa estar inserida ser de fundamental relevância para o entendimento do território goiano e a relação histórica que essa cidade estabelece com o nordeste goiano fazem dessa obra leitura importante para os estudos do Estado de Goiás. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 86 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 6 IDENTIFIÇÃO DE LITERATURA ESPECÍFICA: REVISTAS CIENTÍFICAS RELEVANTES PRODUZIDAS EM GOIÁS Ateliê Geográfico tem o propósito de pensar geograficamente os lugares do mundo e os tempos dos lugares. É uma publicação quadrimestral da linha de pesquisa Espaço, Práticas culturais e educativas do Instituto de Estudos Sócio-ambientais http://www.revistas.ufg.br/index.php/atelie Boletim Goiano de Geografia publicação semestral do programa de pós-graduação em geografia nível mestrado e doutorado. http://www.revistas.ufg.br/index.php/bgg História Revista o periódico é uma publicação semestral do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Goiás, tem como objetivo a divulgação da produção historiográfica em forma de artigos inéditos, conferências, entrevistas e resenhas. http://www.revistas.ufg.br/index.php/historia Sociedade e Cultura é a revista de pesquisas e debates em Ciências Sociais editada semestralmente. http://www.revistas.ufg.br/index.php/fchf A Revista da Faculdade de Direito da UFG é uma publicação semestral de trabalhos inéditos relacionados com a área jurídica e/ou outras áreas afins. http://www.direito.ufg.br/revista/ Estudos - revista bimestral que tem por finalidade publicar artigos e resenhas inéditos de docentes e discentes da UCG, em blocos temáticos. www.ucg.br/ucg/editora UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 87 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 Fragmentos de Cultura - é um periódico bimestral da UCG e do Instituto de Filosofia e Teologia de Goiás para divulgar produções científicas com outras instituições locais, nacionais e internacionais. www.ucg.br/ucg/editora Mosaico - publicação semestral do Mestrado em História da UCG que enfatiza, na grande área das Ciências Humanas, os estudos históricos e culturais de forma interdisciplinar. www.ucg.br/ucg/editora UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 88 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 7 7.1 IDENTIFIÇÃO DE LITERATURA ESPECÍFICA: DISSERTAÇÃO COMPETITIVIDADE DO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DE CALÇADOS: GOIÂNIAGOIANIRA (2002 A 2006) Neide Selma do Nascimento Orientador: Sérgio Duarte de Castro Dissertação de Mestrado em Desenvolvimento e Planejamento Territorial - UCG Resumo: A presente Dissertação estuda a Competitividade do Arranjo Produtivo Local de Calçados de Goiânia – Goianira sob o enfoque dos Arranjos Produtivos Locais. Do ponto de vista teórico, conceitual e dentro do referencial evolucionista, busca-se estudar as aglomerações produtivas especializadas, iniciando com Marshall, Krugman, Porter, Schimitz partindo para as teorias de desenvolvimento regional e sua trajetória na produção recente em economia regional. Além da competitividade que é definido, tal como proposto por Kupfer, 1996 - como a capacidade das empresas formularem e implementarem estratégias concorrências que lhe permitam ampliar ou conservar, de forma duradoura, posições sustentáveis no mercado, mas privilegiando a sua dimensão sistêmica, com foco no local. Nesse contexto, o objetivo principal é verificar as possibilidades de crescimento e sustentação da competitividade. A principal hipótese utilizada é que a competitividade depende diretamente do capital social acumulado no arranjo, e, é fortemente afetada pela sinergia gerada na interação entre empresas e destas com os demais atores do ambiente, bem como de forma incisiva, a importância de políticas públicas ativas na construção de vantagens competitivas localizadas. Após verificar essas possibilidades, constatou-se que o Arranjo Produtivo Local de Calçados de Goiânia - Goianira têm baixa capacidade de ações conjuntas “eficiência coletiva” devido ao caráter incipiente e frágil das relações de cooperação entre os atores do arranjo. Todavia, o arranjo encontra-se na fase inicial de desenvolvimento. Palavras-chaves: 1. Arranjo Produtivo Local. 2. Aglomerações Produtivas Especializadas. 3. Competitividade. 4. Ações Conjuntas. 5. Pólo Calçadista de Goianira. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 89 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 7.2 CRESCIMENTO ECONÔMICO, DIFERENCIAIS REGIONAIS DE RENDA EMIGRAÇÃO: TEORIA E EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS Autor: Carlos Wagner de Albuquerque Oliveira Orientador: Roberto de Goes Ellery Junior UNB Resumo: Os modelos neoclássicos que versam sobre crescimento econômico apresentam como corolário a convergência de renda entre regiões. Não obstante, o Brasil se caracteriza historicamente pela concentração geográfica da produção e da renda. Recentemente, essa possibilidade tem sido incorporada pela teoria, cujos argumentos se pautam na existência de vantagens comparativas, retornos crescentes de escala, economias de aglomeração e externalidades marshalianas. A questão é: a política regional de estatizar deve enfatizar a redução das disparidades regionais de renda existentes no Brasil? A resposta a essa questão é apresentada em Matsuyama e Takahashi (1998). Os resultados mostram que no período em que o Brasil acelerava o seu processo de industrialização (anos de 1950), havia uma tendência natural para a concentração regional da produção e da população e essa concentração traria um maior nível de bem–estar para a população. Assim, a política regional deveria ser a de incentivar a concentração, o contrario do que postulara o relatório do GTDN. Porém, a conjuntura dos anos 1980 mostrou que, nesse período, a população atingiria um superior nível de bem-estar se fosse melhor distribuída entre as regiões. Embora uma distribuição igualitária da população seja desejável, partindo de uma situação de concentração, o setor público deveria atuar efetivamente no sentido de promover uma melhor distribuição populacional. 7.3 RELAÇÕES INSTITUCIONAIS NA GESTÃO DO ESPAÇO METROPOLITANO: O CASO DO MUNICÍPIO DE GOIÂNIA Autora: Sandra Sarno Rodrigues dos Santos Orientador: Aristides Moyses Defesa: 27/06/2008 UNB Resumo: A urbanização da cidade brasileira, a partir da segunda metade do século XX, faz das cidades um centro polarizador da vida política, econômica, cultural, no contexto regional e UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 90 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 nacional. Destaca que, as cidades assumem o papel de comando da organização do espaço geográfico e urbano, em especial as metrópoles. O crescimento desordenado das cidades brasileiras, sobretudo das regiões metropolitanas é fruto da ausência de um planejamento urbano, da imensa desigualdade sócio-econômica entre as classes sociais. Na atualidade, as regiões metropolitanas enfrentam vários problemas como o déficit habitacional, transporte coletivo urbano, educação, saúde e violência, nem mesmo Goiânia, uma cidade planejada foge desta realidade. As regiões metropolitanas tornam assim áreas de tensão social, nem mesmo a criação e a implantação das regiões metropolitanas pelo Governo Federal e posteriormente repassado aos governos estaduais a instituição das mesmas, não foi capaz de solucionar esses problemas. No caso da criação da Região Metropolitana de Goiânia – RMG, segundo os entrevistados houve o agravamento da qualidade de vida de seus moradores, decorrente do aumento do déficit habitacional, a ineficiência do transporte coletivo para atender a demanda crescente e a violência. Entre as soluções sugeridas pelos entrevistados para resolver ou amenizar os problemas da RMG sobressaíram o planejamento urbano e a gestão compartilhada. 7.4 CARACTERIZAÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA EM GOIÁS Nair de Moura Vieira Dissertação de Mestrado em Engenharia de Produção – UFSC Orientador: Luiz Carlos de Carvalho Júnior Resumo: O presente trabalho tem como objetivo caracterizar a cadeia da soja no Estado de Goiás e analisar as atividades realizadas em cada segmento constitutivo da mesma assim como o comportamento dos seus agentes. Primeiramente, tem-se uma revisão bibliográfica acerca dos conceitos que explicam a evolução da agricultura e são discutidos os conceitos de complexo rural, agroindustrial, sistema de commodities,cadeia agroalimentar, as dimensões do sistema agroalimentar e o enfoque sistêmico por fornecer a sustentação teórica necessária à compreensão da forma de como uma cadeia funciona e sugerir as variáveis que afetam o desempenho do sistema. Posteriormente, são apresentadas as características da cadeia da soja no Estado de Goiás com uma descrição de sua evolução histórica mostrando que na década de 70 inicia-se na região Centro-Oeste do Brasil o processo de ocupação agroindustrial (com as atividades de beneficiamento no Estado de UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 91 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 Goiás), transformando-se num pólo de atração de capitais nos anos 80. Diante do estudo realizado entende-se que a cadeia da soja goiana implantou-se pela atração de recursos físicos, infra-estruturais e incentivos fiscais fornecidos aos complexos agroindustriais e seu crescimento pode-se elevar inclusive com uma maior eficiência da rede de transportes. 7.5 AS ESTRATÉGIAS DE CRESCIMENTO DA COOPERATIVA MISTA DOS PRODUTORES DE LEITE DE MORRINHOS (CONPLEM) DE GOIÁS Mauro César de Paula Dissertação de Mestrado em Engenharia de Produção – UFSC Orientador: Luiz Carlos de Carvalho Júnior Resumo: O Objetivo deste artigo é identificar as principais estratégias de crescimento da COPLEM, no decorrer das duas ultimas décadas do século passado, bem como a evolução do comportamento da cooperativa com relação aos seus associados. Para tanto, utilizou-se de levantamentos bibliográficos, analise de documentos específicos da cooperativa e pesquisa primária (pelo processo de amostragem) realizada junto aos produtores associados. Os resultados mostraram que a partir da implantação da COPLEM no município de Morrinhos esta se apresentou como uma divisora de águas na economia local e na região meiapontense do Estado de Goiás. As estratégias adotadas pela cooperativa como repassadora de matéria-prima, a diversificação do destino da captação, e os investimentos realizados em infra-estrutura, contribuíram na agregação de valor, na geração de empregos. Renda e impostos, acelerando por conseqüência o desenvolvimento econômico da região. 7.6 AS PLANTAÇÕES DE SOJA E O IMPACTO AMBIENTAL CAUSADO NA ÁGUA E SOLO NA REGIÃO DO CERRADO/ CENTRO – OESTE/ CIDADE DE CRISTALINA – GOIÁS Autora: Lara Kênia de Bessa Orientador: José Paulo Pietrafesa Data da defesa:30/08/2006 Resumo: O trabalho aqui apresentado enfoca a vocação econômica do Centro-oeste brasileiro com destaque para o município de Cristalina de Goiás. Destacando como fonte prioritária de renda a agropecuária utilizada para subsistência em tempos remotos. E a partir de 1970, a UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 92 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 transformação ocorrida na agricultura pela ocupação agrícola altamente incentivada por ocupação agrícola altamente incentivada por ações prioritárias que visavam promover a substituição no modo de produção agrícola até então de subsistência, pela implementação de lavouras tecnificadas que visavam desovar o maquinário e produtos agropecuários produzidos na industria nacional e atender o mercado externo das ‘commodities’ (soja). No decorrer da dissertação, são feitas reflexões gerais sobre a ocupação e seus reflexos no contexto social da região do Cerrado/ Centro–Oeste/ Goiás; e mais amiúde sobre a Cidade de Cristalina de Goiás. Entre outras coisas, os objetivos desta pesquisa visam destacar o alto índice de degradação ambiental na água e solo das regiões abordadas e a crise ambiental existente em face da degradação incontrolável destes recursos naturais. Assim como, demonstrar que existem acordos extrajudiciais e judiciais, Leis, decretos, normas reguladoras etc., que regulamentam a gestão pública e uso dos recursos naturais. Pontua quais são os meios de proteção legais vigentes, sua aplicabilidade e eficácia na atual conjuntura. Destaca que a partir da tecnificação das lavouras, houve uma intensificação na produção de soja, que influenciou de forma significativa o tripé da sustentabilidade que são representados pelas vertentes da economia/política, cultura e meio ambiente. No entanto, a forma de produção adotada possui falhas, vez que eleva o interesse capitalista em detrimento da forte pressão ocorrida no meio natural. Verificamos, que o vilão da história é o modo de produção vigente que domina a forma de pensar dos atores sociais. Pois no campo da ciência jurídica, existe farto aparato de leis e órgãos destinados à regulamentação e gestão do meio ambiente, tanto na esfera administrativa como na esfera judicial. Porém, o maior problema constatado e a deficiência na aplicabilidade destas normas que comprometem sua eficácia. Concluímos que a eficiência e a aplicabilidade das normas esbarram na filosofia capitalista. Portanto, a melhor fórmula para reverter esta situação é a conscientização/reeducação de todos para articulação de um modo de produção sustentável que contemple todas vertentes do tripé. 7.7 DISSERTAÇÕES DEFENDIDAS NO MESTRADO EM HISTÓRIA (RECEBIDO EM 01/07/09 da coordenadora do Mestrado, faltam os créditos, caso necessário inserir depois) UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 93 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 7.7.1 SULISTAS EM MINEIROS: A RECRIAÇÃO DA IDENTIDADE Resumo: Esta dissertação tem como objeto de análise a imigração sulista que se manifesta em Mineiros, GO, a partir de um olhar revelador sobre a recriação de sua identidade. Sulistas provenientes de colônias de imigrantes europeus italianos e alemães adotaram, em Mineiros, a cultura do tradicionalismo gaúcho, que não cultuavam em seu espaço de origem, tornando-se “gaúchos” em terras goianas. A análise busca a dinâmica do processo que motivou a recriação identitária em um processo de reterritorialização desenvolvido a partir da oposição ao estabelecido, gerando preconceitos e estigmas. Busca também a percepção de uma releitura sobre a cultura gaúcha, cultura essa eivada de novas tonalidades, na medida em que há uma identificação gaúcha e também a recriação de uma cultura gaúcha. Na investigação feita para este estudo, procura-se responder, fundamentalmente, à seguinte questão: que razões motivaram o fenômeno sulista de tornarse “gaúcho” em Mineiros? Após uma contextualização da realidade rio-grandense identificando a cultura imigrante européia e a cultura gaúcha, investigam-se as razões da imigração para Goiás. Continuando, destacam-se as dificuldades do sulista quanto à adaptabilidade e os desafios de conviver com o estabelecido e de criar seu próprio espaço. Na busca pela auto-afirmação em um espaço cuja sociedade já se encontra organizada, os sulistas reorganizam-se para conseguir coesão grupal e, para isso, reelaboram a sua própria identidade. Para atingir os objetivos propostos, adotou-se, como referencial teórico, o modelo de análise denominado Estabelecidos e Outsiders, de autoria de Norbert Elias, além de um estudo identitário acerca dos conceitos de identidade a partir de Hall, Castells, Hobsbawm, Albuquerque Junior, entre outros. Houve a necessidade, assim, do desenvolvimento de estudos sobre a formação de preconceitos, estigmas e disputas pelo poder. A síntese da relação estabelecidos e outsiders conclui a análise, na qual se apresenta Mineiros antes e depois dos outsiders (sulistas), bem como a persistência da disputa no campo político, em que as razões da formulação da nova identidade dos sulistas servem como causa e efeito. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 94 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 7.7.2 NAS ÁGUAS DO ARAGUAIA: A NAVEGAÇÃO E A HIBRIDEZ CULTURAL Resumo: A presente dissertação trata de um estudo de caso sobre o processo de hibridez nas cidades ribeirinhas do Araguaia, ocorrido com as políticas de povoamento e navegação a vapor do século XIX. O objetivo principal foi mostrar como se processou a hibridez cultural e como a identidade foi sendo construída, com o desenvolvimento das políticas fundiárias, defesa e comercialização agrícola ao longo do rio e de seus afluentes. Ao longo do trabalho, verificou-se a multiplicidade, a diversidade e a complexidade que marcaram a evolução temporal do espaço rio, como via de integração, trabalho e entretenimento, ressaltando o seu poder de provocar a coesão social, além de fazer papel mediador entre estados. A pesquisa buscou suporte em uma gama de fontes documentais primárias e secundárias: cartas régias, memórias, ofícios, atos, relatórios oficiais, fotografias, mapas, entrevistas, livros de renomados escritores, cuja finalidade foi compreender os mecanismos que geraram a hibridez cultural nos sertões do Araguaia. A primeira parte descreve o rio como um espaço que provoca, no imaginário humano, o desejo de conhecer seus mistérios. Mostra a política de povoamento adotada pelos governantes, que teve como propósito, auxiliar o incremento da navegação. Analisa a forma de implantação dos presídios militares, e sua influencia sobre a navegação a vapor, como agente indutor de profundas alterações nas estruturas sociais até então existentes (os aldeamentos). Na segunda parte, foi apresentado o processo de implantação da navegação a vapor, em meados do século XIX, para o desenvolvimento do comércio e as práticas culturais do ribeirinho. 7.7.3 SÃO DOMINGOS: TRADIÇÕES E CONFLITOS Resumo: O presente estudo retrata a situação do Município de São Domingos, onde está inserido o Parque Estadual de Terra Ronca, não pela vertente ambientalista, mas especialmente sob o viés da história oral dos seus mitos, lendas e tradições. O objetivo da pesquisa foi registrar e documentar a diversidade das expressões culturais do município e identificar as razões da redução e desaparecimento de várias manifestações. Assim, optou-se por uma pesquisa de natureza exploratória, fundamentada na abordagem qualitativa. Os instrumentos de coleta UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 95 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 de dados foram definidos em função de suas finalidades. Foram utilizadas entrevistas, observações de campo e análise de documentos. O Parque de Terra Ronca foi criado em 1989 para proteger um valioso complexo espeleológico no qual são encontradas sete das trinta maiores cavernas do Brasil. Nesse município, situado no nordeste goiano, surgido no período do ciclo do ouro, hoje está inserido em uma região considerada como o corredor da miséria do Estado de Goiás. O município possui um patrimônio cultural e religioso bastante rico e diversificado, como a Romaria do Bom Jesus da Lapa, que tem sua representação cultural com missas, batizados e festas, desenvolvidas dentro da gruta. Das mais de trezentas cavernas que compõem o Parque, a gruta Terra Ronca é a mais conhecida e a mais cheia de mistérios e lendas, entre elas, a de que serviu de esconderijo para a população da cidade, quando da passagem da Coluna Prestes por São Domingos. Nos dias atuais, a população vive problemas de redução ou de desaparecimento de algumas de suas expressões culturais, característica marcante de sua identidade regional. Os resultados indicaram que a implantação da Unidade de Conservação do Parque Estadual de Terra Ronca foi o grande motivador de diversos conflitos, que puderam ser percebidos nas questões fundiárias, que não considerou conciliar ocupação humana com preservação ambiental, provocando um forte sentimento de rejeição, insegurança e insatisfação nos proprietários de terras daquela localidade. Esse conflito sócio-ambiental proporcionou sérios reflexos sobre a manutenção dos aspectos culturais, particularmente, sobre seus mitos, lendas e tradições. 7.7.4 IMAGENS DO COMÉRCIO ANAPOLINO NO JORNAL “O ANÁPOLIS” (1930 – 1960): A CONSTRUÇÃO DA MANCHESTER GOIANA A década de 1930 foi rica na produção de imagens. No Brasil, o cenário foi de mudanças nas ordens política, social e econômica, com a chegada ao poder do governo Getúlio Vargas. Esse período registrou uma nova dinâmica para a economia nacional, graças à penetração do capital no interior do país. Em Goiás, a imagem que marcou o período foi a entrada da estrada de ferro no território goiano, puxada pela produção cafeeira. Com relação a Anápolis, o ano de 1935 ficou registrado na memória como o ano da chegada do trem à cidade e, com ele, a modernidade e o progresso. Esse período foi identificado como o momento de hegemonia do setor terciário, em que houve grande impulso na troca de mercadorias e serviços. O propósito deste estudo foi captar a imagem da cidade comercial UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 96 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 construída a partir da narrativa do jornal O Anápolis e do conjunto de fotografias do acervo do Museu Histórico de Anápolis. A proposta era, por meio das imagens publicadas semanalmente, enxergar a evolução e a permanência da materialidade urbana e, valendo-se da análise dos anúncios, perceber as diferentes maneiras utilizadas pelo jornal para representar o comércio para o consumidor, além de verificar a relação entre as metáforas divulgadas pelo jornal O Anápolis e a construção do comércio na imaginação social da cidade. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 97 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 7.8 AGROINDÚSTRIA E A REORGANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO PIRES DO RIO Autor: Cleusa Maria da Silva Data da Defesa: 17/07/2002 Prof. Dr. Manoel Calaça (Orientador) Resumo: O presente trabalho traz resultados pertinentes acerca do processo de ocupação da região mineradora de Santa Cruz de Goiás, as várias formas de ocupação e a fragmentação territorial que deram origem a diversos municípios. Em seguida, analisa a nova territorialidade criada pela agroindústria no município de Pires do Rio. Nas últimas décadas, o mundo foi o palco de grandes transformações, as quais propiciaram que profundas alterações nas relações de trabalho e produção de capital fossem observadas. No Brasil foi reforçado o processo de industrialização agropecuária. Na década de 1980, com o esgotamento da região Sul e Sudeste, o Centro-Oeste configurou-se como uma nova região de fronteiras agrícolas, aberta aos fluxos migratórios de capital, tecnologia e agroindústria. A instalação da agroindústria de soja/derivados/carne no município de Pires do Rio promoveu a reorganização do território, constituindo-se como agente dinâmico nesse processo e contribuindo para inúmeras implicações territoriais. A pluriatividade da produção e a organização do território em rede foram estabelecidas. Pôde-se verificar que a agroindústria não apenas fez com que as relações no campo fossem alteradas, assim como também possibilitou o redimensionamento das relações urbanas. O processo de ocupação e transformação do território brasileiro tem se constituído em decorrência da predominância econômica, quer seja em nível local, regional ou mesmo nacional. 7.9 A BUSCA DO PARAÍSO Autor: Wagneide Rodrigues Data da Defesa: 17/08/2001 Profª. Dr.ª Maria Geralda de Almeida (Orientadora) Resumo: O turismo implica numa prática sócio-econômica, política e cultural intercedida pelo espaço geográfico e se estrutura a partir do fluxo de pessoas e mercadorias. Nesse contexto, A Busca do Paraíso é um estudo sobre o processo de ocupação turística em Alto UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 98 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 Paraíso de Goiás. Ele aborda as questões ambientais da atividade através de uma análise sobre a capacidade de carga turística. E, considera os seguintes aspectos - duração da estadia dos visitantes; dispersão ou distribuição dos turistas dentro da área; características dos turistas; época do ano em que ocorre a visita, pois o estabelecimento de parâmetros que mantenham o equilíbrio entre a atuação humana no meio ambiente natural e a capacidade de regeneração do mesmo estão diretamente relacionados. A pesquisa teve como objetivo a análise das mudanças sócio-econômicas e espaciais promovidas pela atividade turística em Alto Paraíso de Goiás. A busca é uma inquietação, no sentido de se compreender o turismo enquanto mecanismo de promoção da sustentabilidade, pois o mesmo legitima práticas causadoras de desequilíbrio ambiental, como turismo ecológico. No passado o Paraíso era interpretado como um lugar de comida farta e possibilidade de procriação; hoje é o desejo por um lugar diferente, o rompimento com o cotidiano, um lugar onde não haja desigualdade social e a paisagem natural esteja conservada. Entretanto, a valorização da paisagem pela atividade turística desconsidera as questões sócio-ambientais dos "Paraísos", que revelam apenas "o lado belo" do turismo. Ora, o turismo fundamenta-se na heterogeneidade dos lugares, diversidade e encontro de culturas, e isso é farto em Alto Paraíso de Goiás. É mais uma atividade humana que altera significativamente a paisagem, gerando tanto impactos positivos quanto negativos, uma vez que o processo de territorialização do turismo tem ocorrido de maneira intensa no município. Há contradições na realização da atividade, pois ela se desenvolve na lógica da produção capitalista, provocando alterações na organização social, econômica e ambiental. A exploração de ambientes frágeis e a segregação espacial em detrimento de um constante processo de apropriação do território pelo turismo são uns dos fatores que afetam a sustentabilidade ambiental e social. "A busca do Paraíso", tão constante em tempos remotos e presentes nas mais variadas culturas é, ainda hoje, um símbolo a ser desvendado, assim como a busca da sustentabilidade, contraditória e às margens da utopia. 7.10 A CIDADE DE MORRINHOS: ELEMENTOS DA PRODUÇÃO DE UM ESPAÇO URBANO Autor: Cláudia Márcia Romano Bernardes Silva Data da Defesa: 06/09/2002 Profª. Dr.ª Lana de Souza Cavalcanti (Orientadora) Resumo: UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 99 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 O objeto deste estudo é a cidade de Morrinhos, no Estado de Goiás. Uma cidade centenária do princípio do século XIX, povoada em seus primórdios por colonos paulistas e mineiros. A pretensão é a de analisar alguns aspectos desse espaço urbano, na perspectiva da pesquisa geográfica. Para compreender o espaço urbano, é necessário diferenciá-lo ou destacá-lo da região na qual está inserido, analisando a dinâmica do seu modo de produção. O objetivo desta pesquisa é o de compreender a dinâmica atual do espaço intra-urbano e elementos gerais da produção desse espaço. O resgate do passado, a partir do final da década de 70, serve como uma espécie de lente, através da qual poder-se-á observar o processo de produção desse espaço. Do ponto de vista da análise geográfica, do espaço intra-urbano, e na pretensão de analisar a localização, o arranjo espacial, a produção do espaço, algumas categorias foram consideradas prioritárias como forma, função, estrutura, processo assim como paisagem e lugar. Para alcançar os objetivos desta pesquisa procuraram-se resgatar a formação histórica e as tendências de espansão urbana de Morrinhos, identificando o deslocamento de atividades comerciais da área central para outros locais e compreendendo o crescimento da cidade. Para dar sustentabilidade a esse raciocínio, foi usado um sistema de análise que envolveu os moradores da cidade (questionários) bem como políticos que participaram da construção deste espaço geográfico. Os mapas e as figuras dão apio para a compreensão da dinâmica de Morrinhos. 7.11 A EBULIÇÃO DE UMA FRONTEIRA: UM ESTUDO SOBRE AS RECENTES TRANSFORMAÇÕES ESPACIAIS EM IACIARA – GO Autor: Jutorides Alves Damascena Data da Defesa: 03/09/2003 Profª. Dr.ª Celene Cunha Monteiro Antunes Barreira (Orientadora) Resumo: A produção geográfica sobre a espacialidade goiana tem crescido bastante após a criação do Programa de Pesquisa e Pós-Gradução em Geografia da Universidade Federal de Goiás. A motivação em conhecer mais o espaço goiano surge da própria necessidade, enquanto pesquisador, de ampliar a discussão epistemológica para, também, ampliar o arcabouço teórico da ciência e procurar chegar cada vez mais próximo do entendimento da realidade. Nesse sentido, as categorias de análise tornam-se instrumentos fundamentais para o geógrafo. Nossa pesquisa enquadra-se em Geografia Regional, uma vez que procura apreender a dinâmica regional e de fronteira que está ocorrendo no Nordeste do Estado de UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 100 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 Goiás, especificamente no município de Iaciara. A categoria região, entendida como sendo uma dimensão espacial das especificidades sociais em uma totalidade espaço-social, expressa bem essa resistência do espaço frente à pretensa homogeneidade espacial do capital. Enquanto as regiões Sul e Sudeste de Goiás vão sendo incorporadas economicamente ao centro financeiro e econômico do país à partir da década de 1930, as demais regiões do Estado ficam relegadas ao esquecimento, sobretudo o Norte e o Nordeste. Essa incorporação espacial de forma seletiva implicará em sérios problemas de desníveis regionais, a saber, a idéia de Sul rico e desenvolvido, sinônimo de modernidade, e Norte pobre, arcaico, tradicional e atrasado. Uma categoria que a Geografia deixou de lado por vários anos ajuda-nos a entender essa incorporação que vem se dando do Nordeste de Goiás: a fronteira. Ela é a fração espacial, social ou temporal que permite diferenciar uma região da outra. Na verdade a relação fronteira e região se manifesta à partir do diferente, isto é, a fronteira aparecerá como o elemento que está propiciando a mudança de toda a região. A partir da década de 1980 observa-se a incorporação do município de Iaciara, mediante a pecuária, ao capitalismo monopolista presente em praticamente todo o país. Compreender como tem se dado essa manifestação da fronteira econômica em Iaciara constitui-se como objetivo central da pesquisa proposta, abordando temas como a expansão do latifúndio, a expropriação de pequenos produtores, o desemprego e as dinâmicas urbanas decorrentes. Para tanto, realizou-se uma Revisão Bibliográfica, com pesquisa em bibliografia teórica, visando a compreensão da manifestação da fronteira no espaço, bem como os respectivos processos decorrentes desta expansão. Posteriormente, realizou-se a coleta de dados e a sua compilação. Outro passo importante refere-se à pesquisa de campo, na qual foi realizada a aplicação de entrevistas (com fazendeiros, comerciantes, moradores e o prefeito) para a apreensão de suas percepções em relação às dinâmicas ocorridas. Com base nos dados obtidos e na intensa revisão bibliográfica, foi possível verificar que a expansão da fronteira em Iaciara é decorrente de um processo maior, qual seja, o de expansão da fronteira econômica rumo à Amazônia à partir do Sul e do Sudeste do Brasil em função da ausência de terras disponíveis a preços baixos. De fato, a ocupação de Iaciara e, também, do Vão do Paranã, só é possível em função da conjugação de fatores como preço muito baixo da terra, meio natural propício à prática da pecuária e infra-estrutura disponível. Contudo, o crescimento da pecuária de corte não implica apenas em melhoria econômica, pelo contrário, acarreta na produção de um espaço desigual e combinado, atendendo apenas as necessidades do capital monopolista. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 101 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 7.12 A FORMAÇÃO DE MOSSÂMEDES-GO: DA ALDEIA DE SÃO JOSÉ AOS NOVOS LIMITES MUNICIPAIS Autor: Elson Rodrigues Olanda Data da Defesa: 28/06/2001 Profª. Dr.ª Celene Cunha Monteiro Antunes Barreira (Orientadora) Resumo: No século XVIII, a colonização portuguesa não havia conseguido uma ocupação efetiva de todo o território onde atualmente é o Estado de Goiás. Portugal definiu uma estratégia de ocupação do interior, por meio da criação de núcleos povoadores que receberam denominações de Presídios e Aldeias. A Aldeia de São José de Mossâmedes (1775) nasce e se estrutura sob os auspícios do Estado Português enquanto parte do planejamento de uma ocupação territorial que absorvesse a população indígena. A povoação constituída na Aldeia sobreviveu ao longo do tempo e foi elevada à condição de município em 1952.O atual município de Mossâmedes obteve a sua emancipação, com o desmembramento do município da Cidade de Goiás, após a ocupação da fronteira agrícola, na "Zona do Mato Grosso de Goiás", iniciada nas primeiras décadas do século XX e consolidada nas décadas de trinta e quarenta, sobretudo com a chegada dos mineiros, oriundos do Oeste de Minas Gerais e do Triângulo Mineiro. Estes fincaram suas raízes e fundaram povoados, constituindo, assim, núcleos urbanos nessa região, inclusive Adelândia, Buriti de Goiás e Sanclerlândia, distritos de Mossâmedes que se tornaram municípios. Discute-se o processo de formação territorial do município de Mossâmedes no contexto de uma nova dinâmica dos núcleos urbanos, a partir de meados do século XX com a consolidação da fronteira agrícola na região. 7.13 A IMPLANTAÇÃO DA MITSUBISHI EM CATALÃO: ESTRATÉGIAS POLÍTICAS E TERRITORIAIS DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA NOS ANOS 90 Autor: Ronaldo da Silva Data da Defesa: 12/06/2002 Profª. Dr.ª Lana de Souza Cavalcanti (Orientadora) Resumo: Nos anos 90 o Brasil foi o país que recebeu os maiores investimentos do mundo no setor automotivo. Várias multinacionais, montadoras de autoveículos e indústrias de autopeças construíram fábricas no país. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 102 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 informou que U$ 21 bilhões de dólares foram projetados para serem investidos de 1995 e 2003. Esse processo deflagrou uma grande disputa entre os Estados da federação e entre os municípios para sediar estas indústrias. A disputa ficou conhecida como guerra fiscal, ou como conforme preferem os geógrafos, guerrra dos lugares. Nesse contexto uma delas, a Mitsubishi Automotores se instalou no Estado de Goiás, na cidade de Catalão investindo um total de U$ 135 milhões. Esta pesquisa se propõe a realizar uma investigação sobre as razões geográficas e políticas que levaram a indústria de autoveículos Mitsubishi Automotores do Brasil a implantar sua fábrica em Catalão-Goiás. Em São Paulo estavam concentradas quase todas as montadoras do país. Mas, nos anos 90, montadoras já instaladas neste Estado buscaram deixá-lo e as empresas recém-chegadas também procuraram outros Estados para se alojarem. Com isso formou-se uma nova configuração territorial da indústria automobilística brasileira. Portanto, ao investigar as causas que levaram a Mitsubishi a escolher Catalão e Goiás, esse estudo faz uma análise da visão geográfica da empresa para conhecer a sua decisão locacional, ou melhor, as estratégias político-territoriais empreendidas pela a empresa. Discute-se também a nova configuração territorial da indústria automobilística e as estratégias empreendidas por elas para acirrar a disputa entre os Estados, que em conseqüência da luta travada lhes ofertam mais e mais isenções fiscais, créditos públicos e inúmeras obras físicas. E, por último, se procura analisar a influência econômica e as transformações espaciais na cidade provocadas pela implantação da Mitsubishi Automotores. 7.14 A IMPORTÂNCIA DA MANUTENÇÃO DOS REMANESCENTES DE CERRADO NO SUDOESTE GOIANO: A CONTRIBUIÇÃO DA SUB-BACIA DO RIBEIRÃO ZECA NOVATO Autor: Jackeline Silva Alves Data da Defesa: 09/05/2003 Profª. Dr.ª Sandra de Fátima Oliveira (Orientadora) Resumo: A configuração dos aspectos fisionômicos do Cerrado (paisagem) é resultante de interrações existentes entre os elementos compositores do meio físico, influenciados em maior ou menor grau por intervenções antrópicas. A disponibilidade dos recursos existentes neste bioma (minérios e gemas preciosas, a disponibilidade de água, a própria vegetação propícia à formação de pastagens naturais, bem como a vastidão em terras a serem ocupadas) constituíram-se como elementos responsáveis pela ocupação econômica e social da região UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 103 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 durante os distintos períodos que marcam os ciclos econômicos. À medida em que os elementos formadores do meio físico, passam a ser vistos apenas como recursos a serem apropriados(como meios que se destinam a um fim), dilapidam-se mecanismos próprios da natureza, acarretando alterações ambientais. Através da expansão da fronteira agrícola no Cerrado goiano intensificou-se as pressões ambientais nestas áreas. Para que extensas glebas de terra do Cerrado goiano fossem incorporadas ao sistema econômico/produtivo necessitou-se substituir a cobertura vegetal original destas áreas, por campos de cultivo (monoculturas), notadamente, da soja e pastagens cultivadas. Tal processo, provocou a fragmentação do complexo vegetacional, logo descaracterização da paisagem. Porém, as conseqüências advindas desta prática não se limitam ao nível aparente, tendo desencadeado bruscas modificações no ambiente. A retirada da cobertura vegetal nativa provoca perdas para a diversidade biológica existente, pois ao introduzir o sistema de lavouras monoculturas simplifica-se o ambiente, acarretando grandes prejuízos para a natureza. A presente pesquisa trata sobre, a importância da manutenção dos remanescentes de Cerrado na microrregião do Sudoeste goiano, enfatizando-se a representatividade da sub-bacia do ribeirão Zeca Novato, para a conservação da integridade da paisagem na região, ao mesmo tempo em que esta proximidade da mesma em relação ao PNE(GO) e ao PENT (MS), ambas importantes UCS de proteção Integral em domínio de Cerrado. A necessidade em se pensar mecanismos que possibilitem o uso múltiplo da terra no Sudoeste Goiano, decorrem das práticas (ir)racionais que tem se empreendido sobre os recursos naturais nesta microrregião. Para tanto, a execução desta dissertação, pautou nas seguintes etapas metodológicas: levantamento e análise bibliográfica; levantamento de dados secundários junto a órgãos públicos, organizações não governamentais e fundações; observações em campo; produção de material fotográfico; elaboração de material cartográfico para a subbacia do ribeirão Zeca Novato (mapas temáticos), posterior descrição e análise das informações nestes contidas; redação da dissertação. A criação das áreas naturais protegidas (Unidades de Conservação), tem sido uma prática bastante utilizada pelo planejamento territorial tendo em vista amenizar problemas causados pela fragmentação de habitats naturais. Assim, para garantir a funcionalidade destas reservas, no sentido de atingir índices relevantes para a conservação, faz-se necessário que estas estejam localizadas próximas uma das outras, de modo a permitir formar um sistema de reservas sob diversas categorias de manejo. Além do valor estético, critérios científicos devem ser UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 104 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 considerados quando da seleção destas áreas. Nesse sentido, as UCs devem sempre que possível situar em locais que concentrem índices consideráveis de biodiversidade. 7.15 A POLÍTICA DE INDUSTRIALIZAÇÃO EM GOIÁS COM OS DISTRITOS AGROINDUSTRIAIS - DAIA (1970/90) Autor: 0yana Rodrigues dos Santos Data da Defesa: 26/03/1999 Profª. Dr.ª Celene Cunha Monteiro Antunes Barreira – Orientadora Resumo: O governo do Estado de Goiás veio, nas últimas décadas, buscando desenvolver a atividade industrial e encontrou na adoção da política de industrialização, através dos Distritos Agro-Inndustriais, um caminho para tentar, atingir tal fim. No processo de implementação dos mesmos, elementos da conjuntura interna e externa ao espaço goiano influenciaram no ritmo de efetivação desses parques industriais, com destaque para o DAIA- Distrito Agro-industrial de Anápolis; empreendimento que alcançou um dos estágios mais altos de materialização contido nos documentos oficiais de incentivo ao desenvolvimento industrial do estado. O estudo buscou compreender o que é essa política de industrialização via distrito agro-industrial, o que proposto por ela foi materializado, seus mecanismos de funcionamento, sua evolução e perspectivas na atualidade, tendo como base empírica o DAIA. 7.16 AQUI E ACOLÁ - ÁREAS REFORMADAS, TERRITÓRIOS TRANSFORMADOS (RETERRITORIALIZAÇÃO E A CONSTRUÇÃO DO LUGAR - UM DEBATE ENTRE PROJETOS DE ASSENTAMENTO RURAIS E EMPREENDIMENTOS RURAIS DO BANCO DA TERRA EM GOIÁS) Autor: Karla Emmanuela Ribeiro Data da Defesa: 10/12/2003 Prof. Dr. Manoel Calaça (Orientador) Resumo: A presente dissertação tem por objetivo averiguar a ocorrência ou não de um processo de territorialização-desterritorialização-reterritorialização (TDR) do campesinato goiano por meio de um estudo comparativo entre um projeto do programa de assentamento rural (PA) do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e de um UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 105 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 empreendimento em agrovilas do programa do Banco da Terra (EABT) em Goiás. Assim, a partir de um estudo de caso, sob o enfoque do planejamento territorial dos projetos e da organização social das famílias beneficiadas pelos programas em questão, procurar-se-á caracterizar o processo de construção do lugar pelos camponeses-agricultores-familiares; verificar-se-á ou não a unidade identitária do sujeito social nos dois projetos; elencar-se-á as estratégias adotadas na construção das novas comunidades que se instalam nas áreas reformadas. Essa análise procurará, desta forma, suscitar em debate do território quanto elemento moldável, pois as áreas são reformadas cotidianamente. A questão central trata-se da exeqüibilidade do controle de um novo território social, garantindo a autonomia do indivíduo e a formação de uma coletividade. 7.17 AS TRANSFORMAÇÕES ESPACIAIS NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DA RODOVIA GO-060, NO OESTE GOIANO Autor: Rodrigo Sabino Teixeira Borges Data da Defesa: 13/08/2001 Profª. Dr.ª Celene Cunha Monteiro Antunes Barreira (Orientadora) Resumo: O presente trabalho tem por objetivo buscar a compreensão das alterações espaciais materializadas na área de influência do eixo viário da rodovia GO-060, a partir do início de sua implementação, deflagrada na Segunda metade da década de 1940. A análise norteia-se na estruturação da principal atividade econômica desenvolvida nesse espaço, a agropecuária. O estudo se propõe a esclarecer algumas questões relacionadas à implantação da rodovia e a sua influência na ocupação e desenvolvimento econômico do espaço agrário, entre as quais entender como o surgimento do eixo viário vinculou-se ao processo de organização do espaço regional e estadual; investigar como tal processo impôs a reestruturação dos espaços anteriormente ocupados, alterando a estrutura sócioeconômica preexistente; apreender o papel desempenhado pelos fatores naturais no processo de ocupação regional; e identificar as perspectivas atuais de configuração do espaço em função da atividade agropecuária. A área em estudo localiza-se na porção oeste do Estado de Goiás, abrangendo 24 municípios, dentre os quais Anicuns, Iporá e São Luiz de Montes Belos. Sua delimitação foi norteada em trabalho desenvolvido pelo Instituto de Desenvolvimento Urbano e Regional (INDUR) em 1980. A implantação do eixo viário da GO-060 caarregou consigo a tranformação do espaço como fator de causa e efeito no UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 106 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 processo de incorporação de novos territórios ao processo produtivo e sua incorporação a economia estadual e nacional. Este processo produtivo revelou-se dinâmico, trazendo a reboque um grande afluxo populacional que promoveu o surgimento de estabelecimentos rurais, o nascimento de novas cidades e o consumo intenso dos recursos naturais. 7.18 CIDADE DE GOIÁS - FORMAS URBANAS E REDEFINIÇÃO DE USOS Autor: Odiones de Fátima Borba Data da Defesa: 11/08/1998 Profª. Dr.ª Lana de Souza Cavalcanti – Orientadora Resumo: A cidade de Goiás foi capital do Estado de Goiás por duzentos e cinquenta anos. A antiga capital era considerada um representativo do velho, o que não combinava com o discurso modernista que solicitava uma nova capital para impulsionar a modernização do mesmo. Este fato, somaado às condições físicos de localização da cidade- em área muito acidentada e com estrutura urbana construída no período colonial- fez com que a transferência da capital fosse inevitável. Desde a fundação, quando os primeiros mineradores chegaram ao Estado, até à mudança da capital, a cidade de Goiás não acompanhou o desenvolvimento do país. As dificuldades em se encontrar pedras preciosas no solo goiano resultou numa ocupação dispersa e numa formação urbana simples. Essa estrutura urbana ainda persiste ao tempo e deste legado que a cidade se vangloria, apresentando-se hoje como a maior riqueza. O presente trabalho propõe um estudo das mudanças ocorridas no espaço da cidade de Goiás ao longo da sua história e de como estas mudanças implicaram na reutilização das formas antigas, dando-lhe uma nova atribuição de uso. É na busca de sedimentação da atividade turística que a comunidade local se orienta, utilizando do legado histórico presente na paisagem urbana de sua cidade e das festas tradicionais como o maior atrativo para os visitantes. 7.19 CIDADE DE GOIÁS: PATRIMÔNIO HISTÓRICO, COTIDIANO E CIDADANIA Autor: Dominga Corrêia Pedroso Moraes Data da Defesa: 17/05/2002 Profª. Dr.ª Lana de Souza Cavalcanti (Orientadora) Resumo: UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 107 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 Este trabalho trata das representações sociais de jovens cidadãos sobre o espaço urbano que constitui o centro histórico de Goiás. Entende-se que a produção desse espaço é uma construção humana, histórica e geográfica, com características próprias das sociedades que viveram a vivem imprimindo suas marcas nas construções, nas ruas, nos monumentos, nas festas, nos modos de vida cotidiano de uma cidade que é Patrimônio Histórico Cultural da Humanidade. O estudo contou com uma investigação teórica para explicar a produção espacial da cidade de Goiás das origens aos dias atuais, explicar conceitos pertinentes a este trabalho como: espaço urbano, cidade, cidadão, paisagem e lugar, caracterizando-os no contexto vilaboense. Explicar, também, teórico- metodologicamente a pesquisa em representações sociais. As representações sociais dos jovens moradores revelaram as relações cotidianas desses cidadãos com o espaço do centro histórico de Goiás, o conhecimento, as imagens e as atitudes que eles tëm do Patrimônio Histórico vilaboense, os desejos e preocupações com o futuro deles e da cidade. O Patrimônio Histórico, os elementos culturais presentes nas paisagens e nos lugares do centro histórico de Goiás são a fonte de conhecimento, a partir da qual a Geografia pode desenvolver projetos educativos visando a formação para a cidadania de crianças e jovens da cidade. 7.20 COMPLEXO AGROINDUSTRIAL, SOB A FORMA DE COOPERATIVAS, NA OCUPAÇÃO E USO DO CERRADO - O CASO DA COMIGO EM RIO VERDE – GO Autor: Christiane Senhorinha Soares Campos Data da Defesa: 05/04/1999 Prof. Dr. Barsanufo Gomides Borges – Orientador Resumo: O presente trabalho visa demonstrar a participação das Cooperativas de Produção Agropecuária na ocupação e uso capitalista do Cerrado Central e estudo das principais transformações espaciais, consequentemente sócio-econômicas e ambientais, geradas pela atuação das cooperativas neste processo. O município de Rio verde sedia uma das grandes cooperativas agropecuária do Centro-Oeste – Cooperativa-Comigo, que apresenta todas as características típicas do modo de ocupação em estudo, e já foi objeto de algumas pesquisas e levantamentos de dados estatísticos que podem ajudar a caracterizar o desenvolvimento do Capitalismo, na medida em que é a quarta maior cidade de Goiás. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 108 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 7.21 CONFIGURAÇÃO SÓCIO-ESPACIAL DE PORANGATU – GO Autor: Walquíria dos Santos Soares Data da Defesa: 05/09/2002 Profª. Dr.ª Celene Cunha Monteiro Antunes Barreira (Orientadora) Resumo: A ocupação do território goiano, até a década de 1950, dá-se de forma fragmentada. Após este período, a expansão da ocupação caracterizou-se pela adoção de uma política marcada pela criação de infra-estrutura de transportes e energia, dando continuidade ao modelo de substituição de importações e consolidação da "Marcha para o Oeste". A mudança da capital federal para o Planalto Central e a implantação de um eixo rodoviário, do qual fez parte a rodovia Belém-Brasília, uniu o Sul e o Norte do País, acelerando a integração de Goiás no comércio nacional. A implantação de uma estrutura de base urbano-industrial refletiu-se na expansão da fronteira agropecuária e no crescimento urbano no País. Em Goiás, a expansão agropecuária teve fases distintas: o Sul do Estado foi incorporado como frente agrícola entre 1930 e 1950; o Norte, a partir do avanço da Belém-Brasília em 1950, concretizando em 1960. A rodovia integrou fisicamente o Estado e abriu a região Norte para o avanço da fronteira agropecuária. A partir da década de 1960, realizou-se um esforço de integração econômica do território nacional. As empresas agropecuárias foram um dos atores dessa integração, a partir do desenvolvimento dos transportes e das comunicações bem como das políticas territoriais, que permitiram maior articulação e permuta comercial entre os diversos setores e espaços produtivos distantes uns dos outros. Na esteira deste processo Porangatu é incorporado à dinâmica produtiva nacional. A partir daí, verificou-se um revigoramento do processo de ocupação do município. As mudanças mais significativas dessa nova etapa foram: o crescimento da cidade e o aumento da produção pecuária com a modernização do campo. Estes fatores externos, aliados a uma dinâmica particular do território, proporcionaram mudanças visíveis na configuração sócioespacial do município. Assim, o presente trabalho propõe um estudo das transformações materializadas no espaço territorial de Porangatu, no contexto de uma nova dinâmica de organização geográfica deste espaço, a partir de sua estruturação econômica, assentada na pecuária de corte. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 109 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 7.22 COOPERATIVAS: UMA ALTERNATIVA DE ORGANIZAÇÃO PARA O PRODUTOR RURAL O CASO DA AGROVALE EM QUIRINÓPOLIS – GO Autor: Nilda Aparecida P. Resende Data da Defesa: 18/07/2002 Prof. Dr. Manoel Calaça (Orientador) Resumo: O presente estudo tem como objetivo fazer um estudo da experiência de organização de cooperativas agrícolas no meio rural e sua importância no processo de desenvolvimento da agricultura e da pecuária em Goiás, em especial a Microrregião Quirinópolis. Com o enfoque histórico inicial do movimento cooperativista tenta-se resgatar suas origens no plano internacional, brasileiro e goiano e a sua organização em redes, para posteriormente trabalhar com o caso específico da Cooperativa Mista dos Produtores Rurais do Vale do Paranaíba Ltda. - AGROVALE. Objetiva-se, a partir dessa referência de estudos, situar a proposta cooprativista e as suas realizações práticas no período histórico compreendido entre 1976 a 2000. A pesquisa se efetiva na Microrregião Quirinópolis, Estado de Goiás, e esta é tomada como referência por ser um espaço geográfico "privilegiado" do desenvolvimento da pecuária e da agricultura no período em análise. A AGROVALE é uma cooperativa mista (grãos e leite) de importância regional. Sua expansão não se deu todavia sem percalços. Da sua formação em 1976 até 2000 ela experimentou uma ampliação significativa do seu quadro social e de sua área de ação. No entanto, desde 1996, processa-se uma redução do número de associados e municípios de ação, decorrente da crise interna pela qual passa a cooperativa. Finalmente, uma análise realizada neste trabalho procura mostrar também a interrelação cooperativa-cooperado, apontando algumas pistas sobre a visão do cooperado acerca da cooperativa. 7.23 ESTUDO DO IMPACTO AMBIENTAL A PARTIR DA ANÁLISE ESPAÇO / TEMPORAL - O CASO DA REGIÃO VÃO DO PARANÃ – GO Autor: Gislaine Cristina Luiz Data da Defesa: 01/09/1998 Prof. Dr. Eduardo Delgado Assad – Orientador Resumo: Este trabalho tem como objetivo avaliar o impacto ambiental na região Vão do ParanãGoiás. Para tanto, abordou-se o impacto ambiental, com repercussão a nível global e mais UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 110 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 detalhado, tendo como parâmetro a análise espaço-temporal do uso e ocupação da terra. A nível global, utilizou-se o modelo de absorção de CO2, desenvolvido por MONTEIRO 1995, como indicativo para estimar o pontencial da região em absorver CO2 da atmosfera. A nível mais detalhado, o indicador foi o uso e ocupação da terra e de quanto esse difere do zoneamento agroecológico, formulado pelo IBGE/SEPLAN. A partir dessa diferença, quantificou-se os índices de qualidade ambiental. O desenvolvimento da pesquisa foi feito a partir de técnicas cartográficas, produtos de sensoriamento remoto e técnicas do Sistema de Informações Geográficas; os quais possibilitaram, a partir da compilação, armazenamento e tratamento dos planos de informações a obtenção das variáveis e elementos necessários para avaliar o impacto ambiental na região Vão do Paranão-Goiás. 7.24 IMPACTOS AMBIENTAIS DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO URBANO EM QUIRINÓPOLIS – GO Autor: Vonedirce Maria Santos Borges Data da Defesa: 08/08/2002 Profª. Dr.ª Selma Simões de Castro (Orientadora) Resumo: Quirinópolis, cuja origem data do século XIX, é uma das muitas cidades da região do Sudoeste Goiano, que apresentou crescimento demográfico e espacial lento até 1960 e intenso após 1970, contemporaneamente à expansão da nova fronteira agrícola do cerrado, viabilizada por programas federais como o POLOCENTRO, derivado do II Plano Nacional de Desenvolvimento, que objetivaram a apropriação rápida das terras ao sistema produtivo agropecuário moderno, voltado à exportação. Nesse contexto, a presente pesquisa objetivou analisar a sua evolução urbana entre 1960 e 2000, na busca das causas dos impactos ambientais negativos, os quais foram, inventariados, classificados, mapeados e relacionados, sobretudo aos dados demográficos, aos vários mapas do meio físico e ao uso e ocupação do sítio urbano numa perspectiva histórico-evolutiva, cujos produtos serviram para a delimitação das áreas mais críticas e dos vetores atuais da expansão urbana atual, além de permitirem uma compreensão do processo de urbanização, quanto aos fundamentos teóricos, com base no apoio da bibliografia consultada. Os resultados permitiram constatar que o afluxo da população, sobretudo de baixa renda imigrada do campo do próprio município e arredores, além de outras regiões do país, acarretou crescimento demográfico rápido e intenso que demandou novas áreas para moradia. Essa UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 111 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 demanda foi atendida mediante a também rápida apropriação das áreas limítrofes da cidade, onde foram instalados vários sucessivos loteamentos destinados às classes menos favorecidas desse processo e às custas de desmatamentos irregulares e ocupação de áreas nem sempre favoráveis a esse tipo de uso sem a infra-estrutura adequada. O antigo sítio urbano situado às margens do córrego Cruzeiro hoje está transformado no setor central da cidade e o sítio urbano já ocupa as áreas dos córregos das Clemências e Capela e extravasa os limites do perímetro urbano oficial. 7.25 KALUNGA: O MITO DO ISOLAMENTO DIANTE DA MOBILIDADE ESPACIAL Autor: Marise Vicente de Paula Data da Defesa: 04/08/2003 Prof. Dr. Alecsandro José Prudêncio Ratts (Orientador) Resumo: O sítio Histórico Kalunga é o maior grupo de remanescentes de Quilombo do Brasil. Formado há aproximadamente 250 anos por cativos negros fugidos das minas de ouro do Estado de Goiás. Atualmente possui 4.935 habitantes segundo o censo do IBGE de 1996, distribuídos em 230.000há, localizados na microrregião da Chapada dos Veadeiros, norte do Estado de Goiás. É composto por cinco núcleos principais: Vão do Moleque, Ribeirão dos Bois, Vão das Almas, Contenda e Kalunga, e por uma centena de pequenas localidades como Engenho, que representa a área de pesquisa deste trabalho. Os Kalunga sofreram nos últimos 20 anos um crescente processo de “descoberta”, comum aos agrupamentos negros rurais em todo o território nacional. Esta nova tendência remete sobre os grupos um certo assédio por parte de pesquisadores, bem como especulações por parte da mídia, que divulgam os quilombos como pessoas que vivem isoladas, num tempo pretérito, mantendo na integra ainda hoje a cultura e costumes próprios de seus antepassados, segundo teorias segregradoras e exotizadoras extremamente nocivas ao grupo em termos políticos, sociais e culturais. Esta noção de isolamento cultural e geográfico contrasta no entanto com a intensa mobilidade espacial apresentada pelo grupo, tanto num aspecto de migração forçadas pela falta principalmente de educação e meios de subsistência, quanto pelos deslocamentos rituais, quando o Kalunga se dirige rumo às festas tradicionais na região. Apoiada nestas considerações, as presente pesquisa pretende realizar um estudo a respeito do isolamento frente à intensa mobilidade espacial apresentada pelos moradores do UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 112 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 Engenho. Os procedimentos metodológicos se constituem em trabalhos de campo e aplicação de entrevistas. De acordo com as observações realizadas constatamos a exist6encia de uma intensa mobilidade espacial realizada pelo grupo, tanto em relação aos grandes centros urbanos como Brasília/DF e Goiânia. Porém, nossa intenção neste trabalho, não se restringe em argumentar acerca da inexistência do isolamento total do grupo kalunga, em especial dos moradores do Engenho, contrapondo este quadro à mobilidade espacial apresentada pelo grupo, mas sim lançar pontos de reflexão sobre a conjuntura política histórica e social que delinea a realidade do agrupamento, bem como apontar quão nociva é a idéia referentes ao atraso e inferioridade contribuindo assim para marginalização e exotização do grupo. Assim, acreditamos que a desmistificação desse conjunto de idéias possa colaborar para criação de canis de acesso à história política e cultural dos quilombos e promovendo o fortalecimento e a construção da sua auto-imagem. 7.26 LUZIÂNIA: FRAGMENTAÇÃO TERRITORIAL DE UM MUNICÍPIO DO ENTORNO DE BRASÍLIA Autor: Marcelo de Mello Data da Defesa: 16/12/1999 Profª. Dr.ª Celene Cunha Monteiro Antunes Barreira – Orientadora Resumo: Ao se analisar as contradições materializadas no território da Região do Entorno de Brasília, deve-se considerar as ações dos diversos agentes que participaram do processo de construção desse espaço heterogeamente habitado. Uma série de programas e projetos em escalas nacionais e regionais promoveram uma dinâmica nos deslocamentos populacionais e de cpitais que caracterizaram um processo de desterritorialização e reterritorialização. Ficou evidenciado que as medidas que buscaram a construção de um integração do Território Nacional, ocasionaram, em contrapartida, uma desintegração regional que, estrategicamente, atenderam às necessidades da nova capital federal. O presente trabalho realizou uma leitura do processo de construção das contradições espaciais presentes na região do Entorno de Brasília. Para tanto, tomou como referência empírica o munípio de Luziânia, bem como Valparaíso e Cidade Ocidental. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 113 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 7.27 MUNICÍPIO DE GOIÁS: UMA ANÁLISE DE FRAGMENTAÇÃO TERRITORIAL Autor: José Alberto Evangelista de Lima Data da Defesa: 28/11/2003 Profª. Dr.ª Celene Cunha Monteiro Antunes Barreira (Orientadora) Resumo: Estudar a Geografia de um município significa, dentre outras estratégias de pesquisa, adentrar à sua história, descobrir suas origens, influências recebidas, mudanças ocorridas e sua importância para a região na qual encontra-se inserido. Assim, compreender a Geografia do antigo Arraial de Santana, implantado em 6 de julho de 1727, às margens do Rio Vermelho, sua evolução e dinâmica atual constitui a tarefa da presente pesquisa. Nessa busca pode-se encontrar o espaço e o tempo delimitados, circunscritos num território, o município, que permite analisar diferentes aspectos da complexidade do lugar. Este projeto tem como objetivo geral, elaborar uma análise comparativa dos municípios que foram desmembrados do município de Goiás, (antigo Arraial de Santana) desde 1950, avaliando as transformações regionais e o impacto causado sobre o fragmentado Município de Goiás, cuja dimensão territorial chegou a corresponder a 25.000Km² antes da década de 50 do século XX. Após esse período reduziu-se para 6.535 km, com o surgimento de vários outros municípios, reduzindo a sua dimensão para os 3.106 km² atuais. Alguns aspectos são relevantes nesta pesquisa, tais como: identificar as origens e os motivos que contribuíram para as emancipações, verificar os reflexos dessas emancipações para os municípios desmembrados, relacionar as transformações econômicas, políticas e sociais que precederam em Goiás desde a década de 50 e seus reflexos na economia da região e ainda avaliar o desenvolvimento sócio econômico dos municípios emancipados aprofundando-se no município DE Goiás. Buscar-se-á compreender o processo de construção do território/região, que antes (dos desmembramentos) constituía o município de Goiás, levando-se em conta as relações histórico-espaciais da sociedade, bem como a sua forma de organização da produção no espaço regional. O método regional, a escala temporal e o recorte espacial, justificam-se, face ao objeto e as suas peculiaridades. A base operacinal/metodológica está fundamentada em levantamentos de dados junto ao IBGE, Secretaria de Estado da Fazenda, nas prefeituras municipais e órgãos, entrevistas com pioneiros e pessoas com relevante papel social nos municípios. Porém, faz-se necessário um minucioso levantamento bibliográfico, para dar fundamentação teórica ao trabalho. Após o levantamento histórico dos municípios pesquisados, seguir-se a os levantamentos UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 114 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 cartográficos e o mapeamento da região, para finalmente desmontar as transformações ocorridas no território do município de Goiás ao longo do processo fragmentação. Esperase que este estudo seja de relevância para a sociedade vilaboense, como também para os municípios que dele se originaram, visto que, através dele é possível desvendar processos sócio-espaciasi necessários à compreensão da realidade e/ou local, que possibilite um novo olhar das suas problemáticas sob a ótica da Geografia. 7.28 O COMÉRCIO VAREJISTA PERIÓDICO NO TEMPO-ESPAÇO DA FESTA DO DIVINO PAI ETERNO EM TRINDADE Autor: Tito Oliveira Coelho Data da Defesa: 27/11/2003 Profª. Dr.ª Celene Cunha Monteiro Antunes Barreira (Orientadora) Resumo: A presente dissertação é o resultado de uma análise das relações do comércio varejista periódico no tempo-espaço da Festa do Divino Pai Eterno em Trindade, GO, com os elementos envolvidos na organização deste evento. A partir de uma abordagem sóciohistórico-cultural-discursiva dos dados levantados em arquivos, jornais, revistas, bibliografias pertinentes ao tema versado, entrevistas e aplicação de questionários em 2001 e 2002, procedeu-se um estudo da festa enquanto evento relevante para os comerciantes esporádicos, locadores de pontos (habitantes da cidade) e para o Município de Trindade. A festa é um elemento singular no território goiano, inscrito no tempo-espaço histórico e social de uma romaria que se iniciou com um oratório em meados do século XIX. Nesse sentido, procurou-se dialogar com a história de Trindade (antiga Barro Preto) e com os discursos que a remontam: o achado do medalhão por Constantino Xavier Maria e sua esposa Ana Rosa, o do clero após a separação do Estado da Igreja, o do comércio inserido na cultura do homem desde longa data, discutindo, a propósito deste último, a sua inserção no campo da cultura popular e do processo de precarização das condições de trabalho do brasileiro. Tratou-se, a partir das “imagens” do comércio varejista periódico no tempoespaço da festa, da constituição dos sujeitos no espaço de comércio periódico, da aglomeração de romeiros, turistas e comerciantes na cidade-santuário (que Rosendahl considera hierópolis), das metamorfoses em conseqüência das relações espaço-tempo festivo, da intervenção política na organização do comércio periódico, bem como a relação dos sujeitos entre si com os modos de se realizar a festa. Versou-se a relação da festa com UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 115 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 a rede urbana brasileira, sobre o discurso da produção, circulação e consumo de mercadorias possibilitado pelo desenvolvimento das estradas de rodagem, que permitiu a interligação dos fluxos com a cidade de Trindade nos dias festivos. Por fim, foram consideradas, em virtude de uma subjetividade em relação aos sujeitos inseridos na romaria, as influências do poder público nas mudanças na forma de se construir e se proceder na festa. Por tradição, os comerciantes e os mendigos (que foram transformados em comerciantes de postais) inventavam um espaço diferente daquele vivido cotidianamente, num tempo-espaço utópico, transgredindo normas, regras e valores sociais. Com a intervenção do poder estatal e suas parcerias no modo de se fazer a festa, recriou-se a arte de realizá-la, alterando-se a identidade da romaria do Pai Eterno em Trindade. 7.29 O GRANDE VALE DO OESTE - TRANSFORMAÇÕES DA BACIA DO ARAGUAIA EM GOIÁS Autor: Solange Maria Franco Data da Defesa: 03/06/2003 Profª. Dr.ª Celene Cunha Monteiro Antunes Barreira (Orientadora) Resumo: Este trabalho tem como objetivo evidenciar as transformações espaciais da Bacia do Rio Araguaia no Estado de Goiás a partir de cinco recortes temporais: o primeiro que serve de contexto do processo de ocupação, abrange o primeiro século de ocupação mais efetiva a partir da navegação no início da década de 1870; o segundo recorte começa exatamente um século depois, quando a região começa a sofrer mudanças de ordem física, social e econômica mais acentuadas; os outros períodos seguem seqüências das décadas posteriores: 1980, 1993 e 2001. Ainda que o recorte espacial da pesquisa seja a área da bacia atualmente em território goiano, foram considerados os conceitos de Bacia Hidrográfica e as delimitações de toda a Bacia do rio Araguaia como investigação introdutória essencial ao desenvolvimento do trabalho. A pesquisa se baseia nas alterações físicas dos padrões de Uso da Terra, incluindo o nível de Vegetação remanescente e para tanto foram produzidos diversos mapas temáticos apoiados em dados oficiais ou de fontes confiáveis. Também foram elaborados outros mapas com informações geográficas essenciais ao desenvolvimento do trabalho como, delimitação da bacia, classes de solos dominantes, vegetação primitiva, drenagem, curvas de nível, entre outros. Por fim, as UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 116 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 análises se nortearam pela confrontação dos resultados encontrados nos dados físicos (mapas temáticos) com a história econômica e social da área em questão, principalmente as políticas públicas implementadas durante os períodos estudados. 7.30 O PRODECER E A TERRITORIALIZAÇÃO DO CAPITAL EM GOIÁS: O PROJETO DE COLONIZAÇÃO PAINEIRAS Autor: Maria Erlan Inocêncio Data da Defesa: 03/05/2002 Prof. Dr. Manoel Calaça (Orientadora) Resumo: As políticas públicas para a agricultura foram ao longo dos últimos 30 anos o elemento motivador das modernizações agropecuárias. Uma das políticas agrícolas de maior destaque para o cerrado e que o ocupou de forma sistemática foi - o PRODECER, acordo resultante da cooperação econômica para o desenvolvimento dos cerrados entre o Brasil e o Japão. Este acordo pautou-se pela ocupação racional do cerrado de forma a permitir a instalação de uma agricultura moderna de base tecnológica. Este programa se desenvolveu em Goiás a partir de 1980, quando incorporou 8.275 ha de terras onde se desenvolveu o projeto de colonização Paineiras, nos municípios de Campo Alegre de Goiás e Ipameri. A área foi dividida em 29 lotes com superfícies entre 200 e 400 ha, e vendidos a 29 produtores do Sul e Sudeste do país. Estes migraram para Goiás através do incentivo da CAMPO, empresa criada para administrar a instalação e o desenvolvimento dos projetos do PRODECER e uma cooperativa que intermediou a transferência - COCARI (que teve a denominação mudada para COACER) - como forma de se adaptar as necessidades inerentes ao bioma cerrado. Os produtores tiveram o Banco do Brasil S/A como instituição financiadora tanto para a compra da terra, quanto para a aquisição dos primeiros equipamentos e máquinas para a produção. Assim parte do Sudeste goiano se transformou em território do PRODECER, onde atores sociais privados advindos de outras regiões geográficas brasileiras espacializaram o poder sobre o solo do cerrado. O projeto Paineiras se constitui como o objeto de pesquisa trabalhado, onde se pretendeu delinear as diferentes faces que o capital assume como forma de subverter os espaços rurais sob o seu domínio, instituindo novas territorialidades, alicerçadas sobre o favorecimento de elementos estruturais artificiais e naturais. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 117 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 7.31 PAISAGEM CAMPO DE VISIBILIDADE E DE SIGNIFICAÇÃO SOCIOCULTURAL: PARQUE NACIONAL DA CHAPADA DOS VEADEIROS E VILA DE SÃO JORGE Autor: Clarinda Aparecida da Silva Data da Defesa: 29/08/2003 Profª. Dr.ª Maria Iêda de Almeida Burjack (Orientadora) Resumo: Este estudo, baseado principalmente em uma abordagem humanista da Geografia, procura compreender as diversas experiências entre distintos grupos socioculturais e a paisagem do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e a Vila de São Jorge. Destaca-se por abordar os aspectos mais íntimos dessas experiências, em como essa paisagem é percebida, quais os valores, significados e atitudes são manifestados diante dela. O Parque e a Vila, como um recurso turístico importante, vêm sendo procurados por turistas e migrantes. Estes grupos, somados aos que já moravam e moram na Vila – os nativos – mantêm uma complexidade e variedade de experiências e respostas com a paisagem. O foco da pesquisa centra-se em duas formas de ver e perceber a paisagem: a dos “de dentro” – moradores nativos e migrantes – e a dos “de fora” – turistas. Ressalta-se, ainda, a percepção de transformações socioculturais na paisagem da Vila de São Jorge. Esta Vila que compartilha com o Parque diversos olhares e guarda profundas dimensões relacionadas à percepção, aos sentimentos e à vida sociocultural dos “de dentro”, com a chegada dos “de fora” passa por intensas mudanças. Verifica-se que os julgamentos de valor da paisagem do Parque passam pelo utilitário, ecológico, afetivo e estético. Poucas experiências negativas diante das paisagens foram identificadas. Registra-se acentuada preferência por determinadas paisagens como as cachoeiras, paredões e Canyons, sobressaindo a Cachoeira do Salto I, preferida pelos “de fora “ essencialmente pela beleza estética; para os nativos essa paisagem é carregadas de sentimentos afetivos construídos pelas experiências diárias, pelas lembranças de momentos vividos no passado e que inspiram o presente e fazem dela um lugar. Os moradores nativos reforçam a diferença entre uma paisagem direta e cotidianamente vivida diante de uma outra, no caso dos turistas, vivenciada esporadicamente e, geralmente, percebida como paisagem espetáculo. As bruscas transformações ocorridas na Vila alteraram as manifestações culturais e sociais, porém a população nativa mantém os vínculos afetivos com o lugar. Os dados coletados indicam que essas mudanças devem-se, além da atividade turística, ao próprio processo modernizador que cria novas necessidades e ajusta as tradições culturais ao ritmo da vida UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 118 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 urbana. Ressalta-se, ainda, a importância deste estudo como subsídio a outros trabalhos que buscam indicadores válidos para o desenvolvimento do turismo, valorizando a paisagem como campo de visibilidade e, sobretudo, de significação sociocultural. 7.32 PARQUE NACIONAL DAS EMAS - UMA HISTÓRIA, UMA CONTRADIÇÃO, UMA REALIDADE Autor: Daniela Vieira Marques Data da Defesa: 31/10/2003 Profª. Dr.ª Sandra de Fátima Oliveira (Orientadora) Resumo: O Cerrado é uma região que oferece inúmeras perspectivas quanto à ocupação e a preservação. Isso se deve porque é uma área que conheceu a exploração a poucas décadas, então, por esse motivo, ainda conserva paisagens naturais, preservadas das mãos humanas. A região do Sudoeste do Estado de Goiás foi umas das primeiras do Estado a ser incorporada ao processo produtivo intenso e a ver suas terras quase que totalmente tomadas pela agricultura moderna, principalmente de grãos. É importante frisar o quase, porque ainda existem alguns poucos remanescentes preservados na região, como é o caso do Parque Nacional das Emas. A criação da unidade ocorreu em 1961 e o incremento de novas técnicas ao Cerrado na década de 1970, por isso o Parque Nacional das Emas – PNE, preserva, até hoje, em seus limites uma área de 131 mil ha, aproximadamente. Por isso, esta pesquisa procurou entender, a representação que o parque possui para a comunidade, como se deu a sua criação e manutenção até os dias atuais, mesmo sofrendo pressões para ceder suas terras e recursos ao processo produtivo representado, principalmente, pela agricultura moderna. Contribuíram para esse levantamento da relação parque-comunidade, utilizando-se da representação social como instrumento para avaliar a importância do PNE para o meio, alguns agentes importantes na construção dessa história como as organizações governamentais (Prefeituras de Mineiros e Chapadão do Céu, através de suas secretarias voltadas para o meio ambiente), não-governamentais (Fundação Ecológica de Mineiros e Conservation International do Brasil), Sindicato Rural de Mineiros, e os Srs. Antônio Malheiros, Martiniano J. Silva e Gabriel Cardoso Borges (diretor do parque). UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 119 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 7.33 PORÃ-KATU - GOYÁZ POLÍTICAS REGIONAIS E DESENVOLVIMENTO LOCAL Autor: Felippe Jorge Kopanakis Pacheco Data da Defesa: 24/09/2002 Profª. Dr.ª Maria do Amparo Albuquerque Aguiar (Co-Orientadora) Resumo: O rápido processo de urbanização verificado a partir da Segunda metade do século XX no Brasil trouxe inúmeras consequências para a sobrevivência de seus moradores e de sua capacidade ambiental. Fortes impactos sócio-ambientais marcam o crescimento das cidades brasileiras, sejam elas megalópoles, metrópoles, grandes aglomerados urbanos, cidades médias ou pequenas. A grande característica da urbanização brasileira é a de dotar todas, não importando o tamanho ou seu nível de especialização e função, de problemas semelhantes: agressão ambiental, violência, assoreamento de leitos de drenagem, assentamento humano em áreas de risco, especulação imobiliária, saneamento inadequado, exclusão social. Tudo proveniente da falta de planejamento urbano e de políticas públicas que fossem capazes, ao longo dos anos, de normatizar o seu crescimento, dotando-lhes de capacidade de enfrentar os impactos de forma que a grande maioria da população não fosse o objeto de ação direta dos problemas. Apresentamos aqui, uma pesquisa que se baseou na origem da cidade moderna, tendo sua memória ligada à concepção das cidades romanas, que nos deixaram o legado da forma e das funções dos equipamentos urbanos; a chegada do pensamento luso à terra brasilis carregado de resquícios da defesa de seu território, influenciando diretamente na construção de nossas cidades; a modernidade trazendo consigo a frieza e a objetividade em se desenhar a cidade de hoje. A conquista do sertão goiano, e a entrada do mercado ditando as normas para a ocupação espacial do vasto território interior brasileiro formando uma rede de cidades que hoje se completam e se ligam no sistema global de forma direta. O crescimento e a expansão urbana de Porangatu trazendo para o interior os problemas das grandes cidades do país. A perspectiva de que é necessário se aliar à pratica urbana conceitos de desenvolvimento sustentável enquanto ainda é possível transformar os problemas em soluções, as idéias em atitudes voltadas à união, a parceria de todos para gerar riquezas sociais e atitudes ambientais que não carreguem ainda mais a nossa terra de destruição. A incrível capacidade de acreditar que um outro mundo é possível, e que dias melhores virão. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 120 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 7.34 REGIÃO E IDENTIDADE: A CONSTRUÇÃO DE UM "NORDESTE" EM GOIÁS Autor: Gisélia Lima Carvalho Data da Defesa: 14/04/2003 Profª. Dr.ª Maria Geralda de Almeida (Orientadora) Resumo: O Nordeste Goiano não é considerado uma região político-administrativa, muito embora persista como região institucionalizada pelos sucessivos governos estaduais. Seu espaço compreende as microrregiões Chapada dos Veadeiros e Vão do Paranã (Mesorregião Norte e Leste, respectivamente), cujo recorte é assumido pelo Estado, pela imprensa, pela sociedade que o afirmam e o estigmatizam como uma região-problema, pobre, arcaica, sem atrativos para o grande capital e para a permanência de sua população, sendo transformada no estereótipo de “corredor da miséria” do estado de Goiás. Por esses aspectos, somados às características físico-culturais, o Nordeste Goiano é tido como semelhante ao Nordeste brasileiro. Sob o enfoque da Geografia regional, tentamos nessa pesquisa, explicar espacial e temporalmente como se deu a instauração, ou seja, o reconhecimento legítimo da região enquanto conceito de “Nordeste” em Goiás, questionando sobre a construção de sua identidade - esta sendo entendida como representação da realidade visando a um reconhecimento social da diferença no espaço. Nesse sentido, para a análise regional, o conceito de região adotado não é aquele construído pela diferença em si, mas aquele instaurado, reconhecido legitimamente como diferente pela sociedade. Para tanto, fizemos revisão bibliográfica na área da Geografia regional - especialmente no que se refere à identidade regional - na História, na Sociologia e na Antropologia. Empiricamente, tentamos apreender os reflexos do recorte enunciado para a população, bem como se a identidade desta justifica os discursos sobre a região. Acreditamos que a diferença, presente nesse espaço, faz-se pela exclusão social, pela negligência política e pela atitude discursiva assumida socialmente e cuja pretensão é de construir e afirmar uma região e uma identidade conforme o interesse de quem a anuncia e, ao ser fomentada pelo estigma de miséria, pode ser uma fonte segura de captação de recursos. No entanto, o enunciado sobre o Nordeste Goiano, funciona como um argumento que desfavorece o reconhecimento e a existência deste no cenário estadual, mas não o impede de ser uma construção histórica para seus moradores no interior de cada “espaço vivido” que se impõe ao desfavor de uma grande região tida como única e homogênea. A realidade é que no interior desta, cruzam-se elementos humanos, modos de vida e identidades variados que se conformam em outras UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 121 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 escalas de regiões bem dinâmicas e de grande diversidade sociocultural, muito diferentes daqueles que dizem ter. 7.35 SUSCETIBILIDADE NATURAL E RISCO À EROSÃO LINEAR NO SETOR SUL DO ALTO CURSO DO RIO ARAGUAIA (GO/MT): SUBSÍDIOS AO PLANEJAMENTO GEOAMBIENTAL Autor: Luciano de Souza Xavier Data da Defesa: 27/10/2003 Profª. Dr.ª Selma Simões de Castro (Orientadora) Resumo: O desenvolvimento e as fisionomias da paisagem terrestre ocorrem mediante a atuação de diversos fatores e processos ao longo do tempo. A interferência antrópica também influencia essa dinâmica no que se refere ao aproveitamento dos recursos naturais. A amplitude e velocidade cada vez maiores entre as trocas de energia no ambiente, relacionadas ao uso dos recursos naturais, consequentemente refletem de maneira direta no aumento dos desequilíbrios e no retorno dos resíduos ao próprio meio. Isso caracteriza problemas ambientais em consequência da sua incorporação insatisfatória ao novo ambiente produzido pela organização do espaço geográfico. No extremo sudoeste goiano situa-se o setor sul da Alta Bacia do Rio Araguaia, que representa parte de uma das mais importantes bacias hidrográficas do Brasil e que possui áreas impactadas por processos erosivos dos solos totalizando cerca de cem ocorrências resultantes da interação de fatores do meio físico com o uso e manejo das terras. Com objetivo de elaborar diretrizes e ações visando o planejamento geoambiental para o setor sul do alto curso do Rio Araguaia com ênfase no controle dos processos erosivos lineares e nas suas consequências, através da delimitação de sistemas ambientais e avaliação dos seus graus de suscetibilidade e risco à erosão linear na escala de detalhe de 1/60.000, este trabalho indicou dez sistemas ambientais diferentes em suas características. Comprovaram também que 94,5% desses sistemas ambientais encontram-se em classes de suscetibilidade natural à erosão linear que variam de moderadamente suscetível a ravinas a extremamente suscetível a ravinas e voçorocas e que aproximadamente 80,27% dessas áreas de altas suscetibilidades estão sendo utilizadas para atividades agropecuárias não recomendadas. Com relação ao risco à erosão linear, 80,52% da área se encontra em classes que variam de médio risco a risco iminente e 76,31% dessas áreas são utilizadas para atividades agropecuárias. Os graus de criticidade nos sistemas ambientais em função de suas suscetibilidades e riscos aos UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 122 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 processos erosivos lineares indicaram quatro em estado crítico muito alto, três em estado crítico alto, dois em média criticidade e um em baixa criticidade. 7.36 TERRITORIALIDADES AGROINDUSTRIAIS E O REORDENAMENTO DA DINÂMICA AGRÁRIA REGIONAL: O CASO DA PERDIGÃO EM RIO VERDE/GO Autor: Henrique de Oliveira Data da Defesa: 19/12/2003 Prof. Dr. Manoel Calaça (Orientador) Resumo: Esta dissertação, cujos objetivos de estudo são os sistemas de integração e os integrados, no contexto da indústria Perdigão, interpreta as respostas dadas pelo lugar, município de Rio Verde e outros do sudoeste goiano, ao processo de implantação dos referidos sistemas de integração. Entende-se que, através do estabelecimento de novas relações de trabalho (territorialidades) e através da incorporação da produção de grãos do município de Rio Verde (sede da agroindústria) e de outras áreas limítrofes, a agroindústria Perdigão organiza um sistema produtivo que permite discutir a criação de um novo território: o Território da Perdigão. Cabe ressaltar que a economia goiana é estruturada na associação entre o setor primário e as atividades agroindustriais e que, em pouco mais de três décadas, o espaço agrário goiano adequou-se ao atendimento de novos modelos produtivos, voltados para a comercialização. A instalação de agroindústrias no território goiano, a exemplo da Perdigão em Rio Verde, é a expressão maior desse processo. 7.37 URUANA E SUA DINÂMICA ESPACIAL RECENTE Autora: Marta de Paiva Macedo Data da Defesa: 16/08/2001 Profª. Dr.ª Celene Cunha Monteiro Antunes Barreira (Orientadora) Resumo: Este trabalho tem como objetivo compreender os processos que desencadearam a formação recente de um pólo regional a partir da fragmentação do antigo "Mato Grosso" Goiano, possibilitada pela especialização produtiva que esteve apoiada na introdução de inovações no campo. Este pólo regional, que estamos denominando Região de Uruana é, também, fruto da combinação de fatores internos e externos a ele. Entre tais fatores destacam-se a UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 123 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 formação regional alicerçada nos seus "ocupantes" - os produtores, aliado às condições sócio-econômicas e culturais por eles reveladas, além das intervenções do governo e de um meio natural propício. Uruana, município localizado na microrregião de Ceres, - antigo "Mato Grosso" Goiano -, surgiu no contexto da ocupação efetiva desta região, movimento que ficou conhecido durante o avanço da fronteira agrícola como "frente pioneira do Mato Grosso Goiano", ocorrido na década de 40, no Estado. A partir daí, Uruana se desenvolveu apoiado sobretudo na produção de grãos, inserindo-se na dinâmica do Estado como importante fornecedor de cereais para abastecer o mercado interno. Com a modernização da agricultura, esboçada na década de 60, alterações significativas marcaram o início de um novo processo de diferenciação na espacialidade local, devido à redefinição da atividade produtiva agrícola, com a introdução do cultivo de melancia. Esse momento, comandado pelos agentes sociais, respondeu pelo início de uma nova dinâmica estabelecida em Goiás e até transcendeu os limites do território goiano e do país, pelo fato de que Uruana, juntamente com o seu entorno imediato: Carmo do Rio Verde, Itapuranga e Jaraguá, configuram um pólo regional na especifidade da produção de melancia. Portanto, a homogeneidade que caracterizava o antigo "Mato Grosso" Goiano, apresenta-se hoje, fragmentada pelas especializações produtivas apresentadas. Os fragmentos são regionais e Uruana é um deles, e isto é uma razão para que estudos sejam realizados no intuito de se conhecer melhor esta nova realidade apresentada em Goiás. 7.38 VISÕES DE PIRENÓPOLIS: O LUGAR E OS MORADORES FACE AO TURISMO Autor: Ondimar Batista F. dos Santos Data da Defesa: 27/09/2002 Profª. Dr.ª Maria Geralda de Almeida (Orientadora) Resumo: A pesquisa busca o entrelaçamento da Geografia com o Turismo, uma vez que para a atividade turística é imprescindível o uso do espaço geográfico. A cidade de Pirenópolis insere-se no contexto turístico por volta de 1970 em decorrência de vários fatores. Dentre eles, o patrimônio histórico-cultural e natural ali presente, a melhoria da malha viária interligando a cidade a importantes centros urbanos (Brasília, Goiânia) e outros. O turismo gera transformações de diversas ordens nas áreas onde se instala. Daí emerge a necessidade de se compreender as transformações que se espacializam através da alteração da UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 124 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 paisagem. Essas mudanças são vistas na redefinição de uso dos territórios apropriados pela atividade turística. A paisagem é apontada como elemento fundante do turismo, mas é também ponto de referência e de vivência. O lugar ligado à identidade torna-se vulnerável diante de um novo ritmo - o do turismo em virtude da incorporação de outros costumes e hábitos no cotidiano dos moradores de Pirenópolis. O território é visto numa abordagem cultural e afetiva, no sentido de entendê-lo como fruto das relações de poder que vai delineando identidades, sentimentos, laços afetivos, indo além das fronteiras físicas. O fio condutor para a compreensão dos elos entre a atividade turística e as categorias geográficas, foi a intenção de trazer à tona as possíveis alterações no lugar do pirenopolino, a partir das novas territorialidades aí expressas pelo turismo. Buscou-se nas ações e programas de políticas do turismo tanto de ordem pública quanto privada, saber como vem se dando o ordenamento do território. Não se pode esquecer do morador enquanto coadjuvante de uma nova peça, qual seja, Pirenópolis vista pelas lentes do Turismo. Percebe-se atualmente que a atividade na área desenvolve-se de forma promissora, todavia torna-se necessário que se desenvolvam políticas e metas que orientem tal atividade e sobretudo, que a população local esteja engajada no processo. 7.39 A EXPANSÃO DA FRONTEIRA AGRÍCOLA NO ESTADO DE GOIÁS: SETOR SUCROALCOOLEIRO Autor: Ed Licys de Oliveira Carrijo Orientador: Prof. Dr. Fausto Miziara Resumo: O objetivo deste trabalho é contribuir para a compreensão do recente processo de avanço do setor sucroalcooleiro em Goiás. Para tanto, este fenômeno será analisado dentro de uma perspectiva mais ampla, que o relacione com a expansão da Fronteira Agrícola. Será apresentado um modelo teórico que explica esse processo, articulando as características “naturais” do espaço – topografia, localização, fertilidade, recursos hídricos – aos processos econômicos de tomada de decisão dos atores individuais. Uma das hipóteses desse trabalho é a de que essa nova etapa de expansão da Fronteira Agrícola tenderá a reproduzir a etapa anterior. Com isso a expectativa é a de que ocorra uma disputa entre a cana e as lavouras temporárias – especialmente a soja – pelas melhores áreas de cultivo. Neste sentido, foi possível visualizar, por meio de dados trabalhados com um Sistema de UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 125 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 Informação Geográfica (SIG) e também pelo estudo de caso realizado em Mineiros (GO), por meio do qual se constatou que as usinas estão sendo consolidadas em áreas produtoras de grãos e que há um número elevado de arrendamento. Levando em consideração esses fatores, verifica-se que haverá uma substituição das lavouras de soja e pecuária pela de cana-de-açúcar, uma vez que a chegada da usina força os produtores de grãos a migrarem para outra região. 7.40 AGRICULTURA FAMILIAR E AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA: INTEGRAÇÕES E CONTRADIÇÕES Autora: Simone Pereira de Carvalho Resumo: Recentemente, o Estado brasileiro retomou as políticas agroenergéticas de estímulo à produção de cana-de-açúcar, em decorrência dos problemas de abastecimento de petróleo. O Estado de Goiás entrou nas principais rotas de expansão da cana. Os cultivos estão adentrando não somente nas grandes extensões territoriais, mas também em regiões de agricultura familiar. O objetivo dessa dissertação é compreender as formas de integração dos agricultores familiares à agroindústria canavieira, bem como as contradições sociais e ambientais desencadeadas pelo processo de expansão da cultura da cana-de-açúcar no município de Itapuranga – GO. Para o desenvolvimento do tema proposto, utilizou-se uma abordagem qualitativa, realizada com base na combinação de técnicas de pesquisa, especialmente a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental, as entrevistas e a observação. Conclui-se que as políticas agroenergéticas contribuíram para transformar o contexto socioeconômico de Itapuranga. Apesar de recente, as novas relações intermediadas pelos contratos de integração foram suficientes para provocar alterações consideráveis na dinâmica social, organizacional e produtiva dos agricultores, desencadeando processos contraditórios na geração de empregos, no processo migratório, nas polêmicas em torno da violência, na oferta e nos preços dos gêneros alimentícios e nas relações da sociedade com o meio ambiente. 7.41 GOIÂNIA UMA CIDADE DE IMIGRANTES Autor: Maria de Lourdes Alves Orientador: Prof. Dr Fausto Miziara UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 126 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 Data da Defesa:15/02/2002 Resumo: Análise dos fluxos migratórios para Goiânia com base em modelo teórico capaz de explicar os deslocamentos populacionais em períodos marcantes da história brasileira. Estuda-se o processo de ocupaçao do Estado de Goiás, analisando as diversas etapas de expansão das fronteiras que têm em comum o fato de constituirem-se mecanismos de expansão de processos situados primordialmente nos centros dinâmicos do país. Finalmente é feita uma breve retrospectiva sobre a trajetória histórica de Goiânia desde a sua construção até os anos 90 do século XX, analisando questões como a origem dos fluxos migratórios e o crescimento desordenado em sua decorrência. 7.42 CIÊNCIA E TECNOLOGIA E AS ALTERAÇÕES NAS FORMAS DE SOCIABILIDADE EM GOIÁS: UM ESTUDO SOBRE O SOFTWARE MSN MESSENGER Autor: Adrielle Beze Peixoto Orientador: Prof. Dr Francisco C.E. Rabelo Data da Defesa: 11/03/2005 Resumo: A pesquisa em questão refere-se ao estudo das alterações consequentes dos fenômenos relacionados à área de ciência e tecnologia sobre as formas de sociabilidade. Com a intenção de alcançarmos nosso objetivo, propusemo-nos à análise do uso do software de comunicação instantânea MSN Messenger, em sua aplicação à área administrativa e junto a um grupo de comunicação interpessoal. Para este estudo lançamos mão de teorias que realçam aspectos da interação com rosto/sem rosto, e a importância da forma quanto da percepção dos grupos em análise. Procuramos construir o histórico do desenvolvimento da ciência e tecnologia em Goiás e o esforço desse estado para combater a exclusão digital. Verificamos, entretanto, a existência de parcelas da sociedade que se encontram altamente qualificadas para seu uso, promovendo a inserção das tecnologias de informação no cotidiano social. Essa constatação permitiu-nos conhecer os aspectos internos de cada grupo, bem como as características particulares de cada um. A avaliação das teorias junto aos grupos estudados ocorreu por meio da análise de entrevistas e diálogos pertinentes a um e outro grupo, o que nos forneceu a estrutura e aplicativos dos grupos, e ainda a UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 127 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 influência do software MSN Messenger sobre as formas de sociabilidade de seus integrantes. 7.43 A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA BRASILEIRA E ALGUNS DE SEUS ASPECTOS SOCIOAMBIENTAIS: O CASO DA REGIÃO DE GOIANÁPOLIS-GO Autor: Eurípedes Vieira Coelho Júnior Orientador: Profª. Drª Maria do Amparo Albuquerque Aguiar Data da Defesa: 26/08/2005 Resumo: Este trabalho objetivou estudar os impactos da modernização da agricultura brasileira a partir da observação em uma determinada região, por intermédio das relações de produção existentes entre os vários integrantes do processo produtivo, desde o trabalhador rural até a indústria de insumos agrícolas. Foram realizadas entrevistas com diversos técnicos de órgãos governamentais, lideranças classistas e algumas autoridades que atuam em diversas áreas de interface com o objeto empírico de estudo, bem como foram ainda aplicados questionários em propriedade rurais tanto a proprietários de lavouras como a trabalhadores rurais. Na análise do objeto teórico lançou-se mão, dentre outros autores, de Anhtony Giddens na abordagem que ele faz das conseqüências da modernidade sobre as relações sociais e sobre o meio ambiente; utilizou-se a abordagem que faz Norbert Elias da questão da exclusão social e nos aspectos que dizem respeito mais diretamente a questão da modernização da agricultura brasileira buscou-se a contribuição de José Graziano da Silva para o entendimento desse processo. Como resultados da pesquisa de campo realizada na região de Goianápolis-GO, confirmou-se mais do que a situação de precariedade das relações de trabalho, que são na sua esmagadora maioria informais, senão também a insalubridade do ambiente laboral, onde os trabalhadores rurais expõe sua saúde a sérios riscos. Esse trabalhador não é, no entanto, a única vítima do paradigma de produção rural vigente no Brasil. A pesquisa mostrou que também o produtor rural é por sua vez espoliado pela indústria de insumos que conseguiu impor a necessidade de utilização de um pacote tecnológico do qual o produtor tornou-se dependente e refém,e com o qual essa indústria apropria-se de uma substancial parcela dos resultados da atividade produtiva que caberiam por mérito ao produtor. Constatou-se ainda a urbanização do campo no qual atuam trabalhadores rurais com residência na zona urbana, onde esposas e filhos encontram ocupação para a complementação da renda familiar. Outra constatação é a de que está UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 128 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 ainda muito longe da preocupação de indústrias e produtores rurais o cuidado com a preservação do meio ambiente, seriamente agredido com a tecnologia que privilegia altas taxas de produtividade ao custo da superexploração dos recursos naturais. A conclusão é que se evidenciam um paradoxo e um dilema. O paradoxo esta no fato de que muito embora haja uma aparente lógica e coerência tanto no modelo "Revolução Verde" quanto no de agricultura sustentável, ambos escondem contradições que lhe são inerentes pois, enquanto no primeiro se produz em larga escala e a baixo custo no segundo, embora se proteja o meio ambiente e o homem, ele ainda não pode ser replicado em escala global em virtude de baixa competitividade. O dilema que se coloca é a opção pela preservação ambiental com alimentos mais caros ou a depredação progressiva com socialização dos benefícios provisórios da produção em grande escala. Na solução dos impasses que essa questão propõe uma certeza que prevalece é que somente com a pressão da sociedade e a atuação de ONGs. e outrosmovimentos sociais se logrará avançar no sentido do bem estar humano e preservação de nossa mãe natureza. 7.44 GLOBALIZAÇÃO E MIGRAÇÃO INTERNACIONAL NO MUNDO DO TRABALHO: O MERCOSUL EM QUESTÃO Autora: Cláudia Glênia Silva de Freitas Orientador: Profª. Drª Marta Rovery de Souza Data da Defesa: 29/08/2006 Resumo: O processo de globalização, presente no mundo moderno, sedimentou de forma paulatina o esforço humano por superar fronteiras geograficamente existentes entre os povos, trazendo à tona um movimento populacional diferente dos já até então existentes. Movimento este impulsionado pela busca de melhores condições de trabalho e pelas facilidades advindas da criação dos vários processos integracionistas assinados por diversos países. Esta dissertação pretende investigar como a globalização pode provocar, através de diversos fatores, como a reestruturação produtiva e espacial, o movimento populacional internacional entre os países do globo, enfocando esse movimento dentro da América Latina. Investigando desde as tentativas de integração dentro do continente Sul Americano, até a assinatura do Tratado de Assunção, documento criador do MERCOSUL. Buscará entender os recentes movimentos imigratórios para o Brasil no contexto intrabloco. Neste sentido analisará a evolução econômica, política e social dos países signatários, na UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 129 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 tentativa de captar as justificativas para este crescente movimento populacional, que hoje atinge além das metrópoles brasileiras, as regiões limítrofes com os demais Estados Partes, como o Centro-Oeste. 7.45 A QUESTÃO REGIONAL E O CAMPESINATO: A AGRICULTURA EM CATALÃO-GO Autor: Marcelo Rodrigues Mendonça Orientador: Profª. Drª: Gilka Vasconcelos Ferreira de Salles Data da defesa: 01/08/1998 Resumo: A Questão Regional e o Campesinato - a alhicultura em Catalão-GO, menciona duas temáticas, ao mesmo tempo distintas e interrelacionadas. Ao mencionar a questão regional no Brasil enfoca-se a questão nordestina, evidenciando a necessidade de rever a temática, bem como, apontar considerações acerca da forma e do conteúdo dos estudos regionais. Ao discutir o campesinato, tema de enorme complexidade e de infinitas observações na academia, propõese compreendê-lo a partir da realidade investigada, seus gestos, suas falas, suas dificuldades, suas esperanças, enfim suas histórias de vida. O presente trabalho foi construído a partir da vivência dos sujeitos históricos investigados - os produtoresalhicultores - camponeses na comunidade Morro Agudo (Cisterna), no município de Catalão-GO. O trabalho foi dividido em três partes: no primeiro capítulo aborda-se parcialmente a constituição do pensamento regional, resgatando a relação região-espaço vivido, como fundamental para a elaboração dos estudos regionais. No segundo capítulo, delineia-se a partir da intensa revisão bibliográfica, a abordagem teórico-metodológica utilizada para a compreensão do campesinato e de suas características. Enfoca-se as estratégias (re)criadas pelos camponeses frente aos obstáculos criados pelo aparato creditício e financeiro, frente a política de importações adotadas pelo Estado brasileiro, a falta de assistência técnica, dentre outros. Apresenta-se uma descrição da comunidade pesquisada, suas manifestações sócio-culturais, além dos elementos que (re)produzidos historicamente materializam-se nas paisagens locais. No terceiro capítulo buscase compreender as vivências, o modo de ser e de viver das famílias camponesas, a partir das relações com o mercado competitivo e globalizado. Utilizou-se fontes orais, documentos diversos, questionários e entrevistas, cujas informações foram incorporadas ao longo do texto, a partir de citações, gráficos, tabelas, depoimentos, etc, essenciais para a UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 130 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 compreensão do universo social, político, econômico e cultural dos produtores-alhicultores e suas inter-relações com a economia globalizada. 7.46 ANÁLISE DAS TRANSFORMAÇÕES RECENTES NA AGRICULTURA DA REGIÃO SUDOESTE DE GOIÁS – 1970-1995 Autor: Débora Fergunson Ferreira Orientador: Prof. Dr José Flores Fernandes Filho Data da defesa: 01/04/2001 Resumo: A proposta deste trabalho consiste em analisar as transformações ocorridas na agricultura na região Sudoeste de Goiás. Para tal finalidade foram selecionadas as seguintes microrregiões: Meia Ponte, Sudoeste de Goiás e Vale do Rio dos Bois, presentes nos Censos agropecuários realizados pela Fundação IBGE com base nos anos de 1970, 1975, 1980, 1985 e 1995/96. A análise foi feita através dos seguintes instrumentos: coleta de dados estatísticos para constatação da evolução da agricultura brasileira no período de 1970 a 1995/96; leitura de contribuições de autores de economia para entendimento das mudanças tecnológicas que afetam a área rural: entrevistas realizadas com os produtores rurais, engenheiros agrônomos, proprietários de revenda de produtos agrícolas e gerentes de agências bancárias. O desenvolvimento do estudo foi feito, principalmente, abordando os aspectos teóricos que tratam da modernização da agricultura; a seguir, relata-se o processo de modernização da agricultura brasileira, posteriormente, apresentam-se as políticas de fomento da agricultura nos Cerrados Brasileiros e, finalmente, trata-se das transformações ocorridas na agricultura do Sudoeste Goiano. Com os resultados obtidos foi possível perceber que houve na região a substituição das culturas de menor valor intrínseco pela de maior valor intrínseco; que a produtividade de todos os produtos analisados apresentou crescimento, isto da intensificação do uso de novas tecnologias; e, também, que o crédito rural foi o principal determinante no processo inicial da modernização da agricultura na Região Sudoeste de Goiás. 7.47 CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA REDE URBANA DO CENTRO-OESTE: DIFERENCIAÇÃO FUNCIONAL E FLUXOS DE PASSAGEIROS ENTRE BRASÍLIA E GOIÂNIA Autor: Nagyla Salomão Alves de Souza Orientador: Profª. Drª Lucia Cony Faria Cidade UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 131 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 Data da defesa: 01/08/2001 Resumo: O estudos sobre redes urbanas podem enfocar diversos aspectos da realidade espacial das cidades articuladas em forma de rede. Entre esses aspectos, a circulação constitui-se em um dos mais importantes, devido à crescente integração que se processa entre os centros urbanos, por meio dos variados fluxos de pessoas, bens e idéias. O movimento de pessoas de uma cidade para outra conforma um tipo de fluxo que pode revelar diferenciações funcionais entre esses mesmos centros. Movimentos pendulares de pessoas a trabalho, para fazer compras, fechar negócios ou mesmo para fazer visitas e com objetivos de lazer trazem consigo as características funcionais das cidades de uma determinada rede urbana. Os fluxos de todos os tipos, entre eles os humanos, espelham a forma de integração dos centros urbanos num determinado sistema de cidades. A presente pesquisa se propõe a analisar o caso de Brasília e Goiânia, pertencentes à rede urbano da região Centro-Oeste do Brasil, buscando identificar, por intermédio dos movimentos humanos realizados por viagens de ônibus de caráter interestadual, quais os tipos de ligações que existem entre as duas cidades e se os fluxos humanos são capazes de revelar diferenciações funcionais entre estas duas jovens capitais do Centro-Oeste. Também são comparados por meio dos dados secundários sobre fluxo de pessoas, o movimento de Brasília e Goiânia entre si, e de cada uma delas com alguns centros do Sudeste e, secundariamente, o movimento daquelas duas cidades com outros centros formadores de sua rede urbana. O objetivo dessa comparação é perceber se os fluxos humanos revelam algum tipo de fragilidade da rede urbana do Centro-Oeste em contraposição a uma ascendência do Sudeste sobre essa região. Para tanto, forma realizadas análises sobre dados secundários de movimento de passageiros e sobre a economia das cidades de Brasília, al[em de uma pesquisa de campo elaborada na forma de questionário, junto aos passageiros do trajeto Brasília-Goiânia, buscando identificar, prioritariamente, os motivos e a freqüência das viagens. A presente pesquisa conclui que as interações entre Brasília e Goiânia, estabelecidas pelo fluxo de pessoas que viajam de ônibus entre as duas cidades, são intensas, revelam diferenças de peso das suas principais funções, que são semelhantes e, contrariamente ao que se pensava, chama atenção para a relevância das redes sociais, e contraposição a aspectos puramente econômicos. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 132 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 7.48 ESPECIALIZAÇÃO DA ATIVIDADE COMERCIAL ATACADISTA: O SETOR ATACADISTA – TRANSPORTADOR MODERNO DE ANÁPOLIS Autor: Janes Socorro da Luz Orientador: Profª Dra. Nelba de Azevedo Penna Data da defesa: 2001 Resumo: O principal objetivo dessa dissertação é destacar a importância da cidade de Anápolis para a compreensão da dinâmica urbana, através da análise do desenvolvimento econômico e das implicações que a sua posição geográfica estratégica oferece ao longo de sua história. Enfoca a atividade comercial atacadista que transforma-se em atacadista-transportador para atender às exigências impostas pela modernização e cuja a especialização produz um novo dinamismo no espaço urbano de Anápolis. Analisa a dinâmica do espaço urbano e a importância do comércio atacadista na produção das infra-estruturas necessárias para o desenvolvimento urbano inserido no contexto da modernização e especialização das atividades econômicas na atualidade das redes técnicas e de informação, utilizando como referência a teoria dos circuitos superior e inferior da economia para destacar a capacidade de articulação do setor atacadista de transportador. Uma teoria que embasa a análise do processo evolutivo dos circuitos produtivos. É um trabalho que contribui para a compreensão de uma área que, na atualidade, apresenta grande dinamismo indicando na formação de novas relações entre os centros urbanos próximos, nos quais a especialização representa um mecanismo de adequação das empresas ao novo mercado que se forma. 7.49 A MINERAÇÃO DE AMIANTO EM GOIÁS Autora: Cristina Socorro da Silva Orientador: Prof. Dr. Shigeo Shiki Data da defesa: 01/03/2002 Resumo: Este trabalho tem como objetivo analisar a importância da substância amianto a nível regional e estadual e os impactos econômicos ocorridos após o fechamento do mercado internacional para sua comercialização, dando ênfase à balança comercial, arrecadação tributária, mercado de trabalho, renda do município de Minaçu e do Estado de Goiás advinda da produção do minério e comercialização do produto. Para maior compreensão do leitor, aborda-se estudos e diagnósticos levantados sobre a real agressão do minério e de UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 133 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 seus derivados à saúde humana e ao meio ambiente, além das medidas legais tomadas para proteção ambiental a nível nacional e internacionais e, os produtos substitutivos com alternativa. A metodologia adotada na execução do trabalho foi a seleção e análise bibliográfica em livros, revistas, periódicos e em sites especializados, pesquisas de campo e entrevistas realizadas na cidade de Minaçu: na empresa SAMA S.A., na prefeitura e na agenfa; além de pesquisas em órgãos estaduais e federais, ligados ao setor mineral como: AGIM - GO, DNPM - 6º DS/GO, DNPM - Sede, ETERNIT S. A., MIC - SECEX, MME e, a economia do Estado de Goiás como: secretarias de finanças, fazenda, planejamento e orçamento. Os dados estatísticos foram levantados tomando como base as publicações: Anuário Mineral Brasileiro (AMB), Sumário Mineral Brasileiro (SMB), Balanço Mineral Brasileiro (BMB), Balanço Social da Empresa SAMA S. A. além do Relatório Anual de Lavra, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para análise dos efeitos do minério e do produto ao meio ambiente e à saúde humana, os dados foram adquiridos através de contatos nos órgãos nacionais ligados à problemática do banimento como: a ABICRISO, ABIFIBRO, ABRA, ABREA, CEA, CNI, CNTI, CONAMA, EPM, GIS, INCOR, INSER, IPT, UNICAMPO e USP, em revistas especializadas como FORBES, e em órgãos internacionais como: EPA, NCR, WHO. E após o desenvolvimento do estudo, concluímos que a economia do município de Minaçu estará seriamente comprometida caso ocorra o banimento do minério, impactando o crescimento econômico do município, tendo em vista que a sua principal atividade econômica e de arrecadação tributária nos anos 90 foi a indústria de exploração do minério amianto crisotila e exportação de suas fibras, induzindo efeitos multiplicadores locacionais e estimulando a formação das atividades nãobásicas, gerando demanda por bens e serviços. Entretanto, não haverá um significativo impacto na economia regional do Estado de Goiás, tendo em vista a pequena participação do setor mineral como fonte geradora de renda e de emprego frente a outros setores como agricultura e pecuária. Observou-se ao longo da pesquisa que ainda não foram desenvolvidas fibras sintéticas com características físicas e econômicas viáveis às empresas produtoras nacionais e internacionais principalmente para o setor de construção civil no ramo de casas populares. 7.50 AVALIAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA-AMBIENTAL DA ATIVIDADE MINERADORA EM CATALÃO E OUVIDOR - GOIÁS Autor César Antonio de Oliveira UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 134 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 Orientador: Prof. Dr. Shigeo Shiki Data da defesa: 01/04/2002 Resumo: A característica marcante da história da humanidade é sua dependência dos recursos naturais para sobrevivência enquanto espécie e para melhoria da qualidade de vida relacionada a avanços tecnológicos. Apesar deste entendimento, a ciência econômica tradicional não condicionou trabalhar tais recursos como uma de suas grandes preocupações analíticas quanto à escassez, em muitos casos, subjugando-os à condição de "externalidades". Todavia, as últimas décadas, caracterizadas pela imensa incorporação de recursos naturais e pela agregação de novas regiões ao circuito da produção mundial, exigiram que uma nova forma de avaliação fosse estabelecida. Os métodos e as metodologias sofreram mudanças no seu escopo de análise, agregando valores qualitativos que não eram tidos como fundamentais, entre os quais as questões dos impactos regionais e ambientais. Regiões ganharam destaque quando portadoras de recursos naturais que interessassem ao circuito produtivo, sendo este o caso da microrregião do entorno de Catalão-GO, que se tornou um dos mais importantes pólos de crescimento econômicosocial do estado, sustentado na mineração de fosfato e de nióbio. Este trabalho buscou avaliar os impactos, na esfera econômico-social-ambiental, da atividade mineradora de nióbio sobre esta região, à expectativa de que esta foi uma das principais responsáveis pela mudança de cenário, ocorrida nos últimos 30 anos. Avaliou impactos sobre o montante e o perfil populacional; sobre a atração a outras atividades econômicas; sobre o nível de emprego; sobre os aspectos educacionais; sobre a infra-estrutura local; sobre a tributação; sobre a cultura; e sobre o meio-ambiente. Em caráter conclusivo, constatou-se que embora exista toda uma dificuldade em isolar a exploração de nióbio da mineração como um todo, pois seu crescimento se deu ao mesmo tempo da exploração de fosfato, é possível classificá-la como importante componente regional, quanto à raridade, destinação e participação no mercado mundial. Constatou-se também que os impactos avaliados foram substanciais, alterando todo o perfil sócio-econômico regional, apresentando uma nova estrutura com sólida tendência de continuidade, mesmo projetando o fim da atividade mineradora, diferente de outras regiões que se destacaram, historicamente, com a mineração e não se sustentaram. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 135 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 7.51 SOLO POBRE, TERRA RICA: PAISAGENS DO CERRADO E AGROPECUÁRIA MODERNIZADA EM JATAÍ Autor: Ivanilton José de Oliveira Orientador: Profª Drª Claudette Barriguela Junqueira Data de defesa: 01/10/.2002 Resumo: Jataí, município do sudoeste goiano, é um bom exemplo da dinâmica de ocupação das paisagens na área core do cerrado brasileiro. Seus ambientes rurais, outrora dominados por cerrados, campestres e matas, cederam lugar às paisagens antrópicas, compondo um cenário homogeneizado e simplificado. Este trabalho procura demonstrar as características dos ambientes naturais de Jataí, como sua geologia, seu relevo, seus solos, seu clima e sua vegetação original, na tentativa de vislumbrar suas inter-relações, expressas na forma de unidades de paisagem. Apresenta, também, a dinâmica da ocupação de terras no município, enfocando principalmente o período após os anos 50, do século XX. O conhecimento das paisagens naturais e como elas foram sendo ocupadas pelas atividades produtivas permitiu uma discussão sobre a sustentabilidade das formas de uso da terra em Jataí, em especial com o processo de modernização agropecuária, que marcou a consolidação dos espaços destinados à produção agrícola de caráter estritamente comercial. A análise enfoca tanto os ganhos quanto os problemas oriundos dessa transformação sócio-espacial. A execução das etapas da pesquisa esteve pautada pelo uso das chamadas geotecnologias, como os sistemas de informações geográficas (SIG) e os produtos de sensoriamento remoto, cujas aplicações na análise geográfica são inúmeras, mas que ainda são pouco exploradas ou subutilizadas, principalmente nas atividades de gestão do espaço e análise ambiental. 7.52 INTERAÇÃO CAMPO-CIDADE: A (RE)ORGANIZAÇÃO SÓCIO ESPACIAL DE JATAÍ (GO) NO PERÍODO DE 1970 A 2000 Autor: Nágela Aparecida de Melo Orientadora: Profª Drª Beatriz Ribeiro Soares Data da defesa: 25 de agosto de 2003 Resumo: Jataí é um município goiano, localizado na porção sudoeste do estado, originado no contexto econômico da expansão da agropecuária tradicional para o interior de Goiás, no século XIX. É integrante do conjunto do espaço brasileiro, cuja “invenção” e UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 136 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 transformações, bem como apreensão desses processos passam necessariamente por uma análise que considere as relações sociais, políticas e econômicas desenvolvidas historicamente no País. Essas relações são mediadas, orientadas e ou sofrem interferências de “forças” exógenas que, dentro da lógica de desenvolvimento desigual e combinado do capital, exercem ações no sentido da configuração de espaços homogêneos para a circulação e reprodução do capital. Os espaços podem, portanto, ter este aspecto, mas ao mesmo tempo são unos, singulares, expressam as relações mais íntimas dos lugares e das pessoas dos lugares. Jataí, além de ser parte desse contexto macro, é também, como a maioria das cidades e municípios goianos, uma construção a partir das relações do campo, e tem sua própria história. Jataí é a expressão espacial da acumulação de tempos. Tempo dos pioneiros mineiros e paulistas com suas famílias e escravos, dos nativos indígenas e das suas metamorfoses; tempo também dos tradicionais fazendeiros goianos, da criação de bovinos, dos meeiros, dos agregados, da cidade com função econômica limitada; e, ainda, tempo da substituição do trabalho braçal pela máquina, dos cerrados pela soja e milho, da produção para subsistência nas terras de cultura, da produção para a agroindústria nos chapadões, dos migrantes sulistas, enfim, da transformação da cidade dos notáveis em cidade econômica. Este trabalho trata, especificamente, do processo de (re)organização sócio-espacial da cidade de Jataí (GO), diante do contexto histórico da modernização da produção agrícola no município (1970-2000). 7.53 INFLUÊNCIAS GEOPOLÍTICAS E DEFESA NACIONAL: QUARTÉIS DO EXÉRCITO NA REGIÃO DE CERRADO DE GOIÁS, TOCANTINS, DISTRITO FEDERAL E TRIÂNGULO MINEIRO Autor: Marajá João Alves de Mendonça Filho Orientadora: Maria Geralda de Almeida Data de defesa: 07/07/2005 Resumo: Os quartéis do Exército são posicionados dentro do território nacional, e mais especificamente, no cerrado do Brasil Central, de forma organizada e estratégica. Entretanto, são poucas as pessoas que conhecem os reais motivos que os estabeleceram nas cidades onde estão, os quais justificam suas existências. Em busca de respostas, o objetivo estabelecido foi analisar o processo de instalação dos quartéis da força terrestre do Exército Brasileiro nas áreas de cerrado de Goiás, Tocantins, Distrito Federal e Triângulo Mineiro, UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 137 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 suas relações geopolíticas com a defesa nacional, dentro do movimento de expansão das frentes pioneiras. Observou-se que a crescente necessidade de aumento da segurança do país, diante do conturbado contexto mundial no século XX, caracterizado pelas constantes ameaças de invasões de territórios alheios, fez com que vários países, inclusive o Brasil, aumentassem e aperfeiçoassem suas estruturas de defesa. Desta forma, este período destacou-se por uma série de criações de novas Unidades Militares em todo o território nacional, ocasionando grandes remanejamentos de quartéis entre cidades, com o objetivo assegurar o poder nacional. O processo de instalações de novas Organizações Militares foi marcado pela geopolítica governamental de ocupação demográfica do Oeste brasileiro, em especial, as áreas de cerrado. Chegou-se ao entendimento que os quartéis são frutos da unidade contraditória do espaço que vai sendo tecida, a partir da inserção do capital, privilegiando algumas regiões em detrimento de outras, seja por fatores físicos, sociais ou políticos, determinando assim, o lócus das Unidades Militares. 7.54 O MEIO TÉCNICO-CIENTÍFICO-INFORMACIONAL E A ESTRUTURAÇÃO DA REDE DO PÓLO DE MODA ÍNTIMA EM CATALÃO/GOIÁS Autor: Magda Valéria da Silva Orientador: João Batista de Deus Data de defesa: 11/10/2005 Resumo: Este trabalho tem por objetivo apresentar a estruturação em rede do Pólo de Moda Íntima de Catalão/Goiás, sendo considerado como principal e maior pólo deste gênero no estado de Goiás. Para compreender sua estruturação é necessário resgatar a inserção do município no meio técnico-científico-informacional a partir da década de 1970, bem como sua articulação com capital. O entendimento dessa rede parte de uma base teórica amparada na teoria miltoniana dos dois circuitos da economia urbana nos países subdesenvolvidos (circuito superior e inferior). Nesse contexto, consideramos que o perfil produtivo e econômico apresentado pelas confecções de lingerie que compõem o setor de moda íntima em Catalão está contextualizado dentro destes dois circuitos, o inferior, apresentado sumariamente por atividades comerciais, produtivas e de serviços de pequena escala e o superior, por abarcar atividades que envolvem grandes empresas, instituições financeiras, ou seja, o grande capital. A estruturação do Pólo de Moda Íntima em uma rede que a consideramos como local, vem sendo apresentando ao longo de seu processo estruturante UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 138 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 sucessos e fracassos, porém a persistência individual de cada empresário, a união desses mesmos empresários culminou na criação da UNICON, que começa a realizar parcerias objetivando o desenvolvimento do setor. Entre elas encontra-se a iniciativa do SENAI em instalar uma “Oficina de Moda Íntima”, que qualificará mão-de-obra para o mercado de trabalho local. A oficina representa um avanço técnico e tecnológico para o setor, sendo a única do estado. Portanto, a estruturação deste Pólo não se realiza em um contexto isolado, pois a dinâmica e a fluidez que o município tem e vem adquirindo nas últimas décadas tem favorecido não só o setor, mas o município em suas mais variadas atividades econômicas. 8 8.1 IDENTIFIÇÃO DE LITERATURA ESPECÍFICA: ESTUDO SISTEMAS PRODUTIVOS E INOVATIVOS LOCAIS DE MPME: UMA NOVA ESTRATÉGIA DE AÇÃO PARA O SEBRAE Ampliação da RedeSist Dinâmica produtiva e inovativa do APL de confecções da região de Jaraguá-Go Sérgio Duarte de Castro Apresentação O presente trabalho é uma síntese da nota técnica de uma pesquisa sobre o arranjo produtivo local (APL18) de confecções da região de Jaraguá-Go, realizada entre maio de 2003 e janeiro de 2004, no âmbito de um projeto que a RedeSist vem desenvolvendo, em parceria com o Sebrae, de estudo dos APLs de micro e pequenas empresas (MPEs) no Brasil. 18 Arranjos Produtivos Locais são “aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais, com foco em um conjunto específico de atividades econômicas e que apresentam vínculos e interdependência. Geralmente, envolvem a participação e a interação de empresas – que podem ser desde produtoras de bens e serviços finais até fornecedoras de insumos e equipamentos, prestadoras de consultoria e serviços, comercializadoras, clientes, entre outros – e suas variadas formas de representação e associação. Incluem, também, diversas outras instituições públicas e privadas voltadas para: formação e capacitação de recursos humanos, como escolas técnicas e universidades; pesquisa, desenvolvimento e engenharia; política, promoção e financiamento” Lastres e Cassiolato (2002). UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 139 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 O segmento de confecções é um dos que têm revelado maior dinamismo em Goiás nos últimos anos. Entre 1990 e 2003 a indústria confeccionista no estado cresceu a taxas sistematicamente superiores á média nacional. Enquanto o número de empresas na indústria de confecções no Brasil apresenta um crescimento acumulado de apenas 22,3%, entre 1990 e 2003, e o número de empregados cai 12,2% no mesmo período, em Goiás o número de empresas e de empregos crescem respectivamente 151,6% e 110,0% no segmento (RAIS-MTE, 2003). Apesar dessa indústria encontrar-se presente em um grande número de municípios no estado, ela revela uma forte concentração em algumas aglomerações, entre as quais as principais são a de Goiânia, juntamente com Trindade, e a de Jaraguá, integrada com os municípios vizinhos de São Francisco de Goiás, Itaguaru e Uruana. Nessa última aglomeração, a concentração geográfica de firmas de confecção atraiu para a região outros segmentos da cadeia, e contribuiu para a intensificação das relações produtivas, comerciais e tecnológicas no seu âmbito, assim como as relações das empresas com instituições locais - como associações empresariais, universidades, instituições de capacitação de RH, e órgãos estaduais e federais de suporte - caracterizando a existência de um arranjo produtivo local com grande potencial de desenvolvimento. O objetivo da pesquisa foi de caracterizar o arranjo, procurando entender sua dinâmica, especialmente no que diz respeito à interação e cooperação inter-firmas e/ou instituições para o aprendizado e a inovação. O trabalho objetivava, ainda, identificar as dificuldades e potencialidades do APL para, a partir delas, apontar sugestões de política para seu desenvolvimento. A pesquisa foi desenvolvida através da realização de entrevistas com os principais atores institucionais do arranjo, além da aplicação de questionário elaborado pela RedeSist em uma amostra das empresas de confecção da região. A amostra, estratificada por porte de empresas e municípios do arranjo, constituiu-se de 66 empresas do setor e foi aleatoriamente selecionada a partir do cadastro da RAIS19. 19 Os dados secundários constantes no trabalho foram atualizados para essa publicação e algumas análises posteriores foram acrescentadas. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 140 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 9 9.1 IDENTIFIÇÃO DE LITERATURA ESPECÍFICA: LIVRO O TEMPO DA TRANSFORMAÇÃO: ESTRUTURA E DINÂMICA DA FORMAÇÃO ECONÔMICA DE GOIÁS Autor: ESTEVAM, Luís Ano: 1998 9.2 AGRICULTURA DE GOIÁS: ANÁLISE & DINÂMICA Autor: Armantino Alves Pereira (org) et al Ano: 2004 Resumo: Parte I: AGRICULTURA TRADICIONAL. Retrata aspectos históricos desde a fase da mineração, esta, cedendo lugar à pecuária e, posteriormente, à agricultura, finalmente, à consolidação da pecuária extensiva e agricultura de subsistência. Parte II: AGRICULTURA MODERNA. Descreve a transição evolutiva da agricultura tradicional p/ a agricultura Moderna, tecnológica ou mercadológica, incluindo as principais instituições, programas especiais e projetos agropecuária e seus reflexos sócio-econômicos; destacando-se entre estes, a atual competitividade de Goiás na região Centro-Oeste e entre os Estados brasileiros. Realça, todavia, que a agropecuária representa o pilar básico do desenvolvimento estadual, ladeada por outros pólos dinâmicos, convergindo para o foco principal: a melhor qualidade de vida da população goiana em busca de cidadania. Parte III: AGRICULTURA FUTURA. Revela realidades e projetos em andamento no orbe todo, reconhece perspectivas e vislumbra o cenário futuro à agropecuária de Goiás em suas multifacetadas alternativas diante da biotecnologia, da engenharia genética, da sustentabilidade, da ecologia, da informática e do agronegócio, seguindo a esteira dos eventos técnico-científicos e das políticas desenvolvimentistas que ocorrem em diferentes países, modificando e plasmando o cenário da agropecuária, lá e aqui. Evidencia a preocupação de cientistas, políticos, técnicos, ecologistas e produtores, que, atentos, questionam qual será o papel da agricultura futura no mundo, no Brasil e em Goiás, qual será o perfil do técnico e do produtor? UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 141 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 Parte IV: CONHEÇA MAIS. Expõe o pensamento de pessoas que atuam no campo da política, do ensino e do técnico-agropecuário, em face de sua visão e missão, revelam sua experiência, sua vontade de serem proativos e como vêem a vinculação Ensino-PesquisaExtensão na busca da melhor qualidade de vida, equidade social e cidadania para a sociedade goiana e brasileira. 9.3 A ECONOMIA GOIANA NO CONTEXTO NACIONAL: 1970-2000 Goiânia: Editora.da UCG Ano: 2007 Eduardo Rodrigues da Silva Resumo: Esse livro trata da economia de Goiás no período de 1970 a 2000 e encontra-se dividido em três capítulos. O primeiro aborda a integração do estado no contexto comercial com São Paulo e os efeitos regionais das políticas públicas como a Marcha para o Oeste, as construções de Goiânia e Brasília, a instituição do Crédito Rural e as políticas de desenvolvimento regionais, até a década de 1970. O segundo capítulo trata das conseqüências da modernização agrícola no estado, nos anos 1980, em grande parte, influenciadas pelas ações governamentais na Política de Garantia de Preços Mínimos, no Fundo Constitucional do Centro-Oeste, na disponibilização de recursos do BNDES e na adesão à “guerra fiscal”. O terceiro aponta os resultados das políticas neoliberais no âmbito regional, mostrando que Goiás aprofundou sua integração de forma complementar ao dinamismo do Sudeste brasileiro e cresceu, no período, acima da média nacional. 9.4 CERRADO, SOCIEDADE E AMBIENTE – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL EM GOIÁS Autora: Cleonice Rocha, Francisco Leonardo Tejerina-Garro, José Paulo Pietrafesa – Organizadores Ano: 2008 ISBN: 978-85-7103-373 Resumo: UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 142 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 A obra divide-se em três capítulos: abordagem ambiental, abordagem socioeconômica e abordagem técnico-econômica. Cada uma dessas partes se subdivide em tópicos específicos e tem o seu desenvolvimento e a sua conclusão. Os organizadores ressaltam que é necessário entender o que está acontecendo no espaço ambiental nos múltiplos aspectos levantados, por entender eu a ciência é o aminho para a descoberta de alternativas que levem as comunidades a construíres um pensamento crítico, possibilitando, assim, mudanças na prática da relação seres humanos/ambiente. Portanto, o objetivo básico dos textos é situar a problemática ambiental no estado de Goiás, abordando aspectos biológicos, socioeconômicos e técnico-científicos na perspectiva do desenvolvimento sustentável. 9.5 GOIÂNIA - METRÓPOLE NÃO PLANEJADA Autor: Aristides Moysés Ano: 2004 ISBN: 0000000000 Resumo: Este livro reflete sobre o papel da cidade enquanto espaço de desenvolvimento social e adota a linha de raciocínio de que a cidade pode ser um espaço de desenvolvimento e de integração sociais e de que a participação popular e a gestão democrática do poder são requisitos indispensáveis para a concretização dessa utopias. Recoloca o processo de conformação do urbano no Centro-Oeste brasileiro, tendo como eixo condutor o papel das cidades planejadas e implantadas no Planalto Central, destacando a cidade de Goiânia como pioneira desse processo. 10 ESTUDOS EXISTENTES NÃO RESENHADOS: JUSTIFICATIVA Em princípio, para a realização a primeira etapa do projeto, listamos um conjunto de estudos relacionados ao tema da pesquisa, porém, no decorrer das reuniões, percebemos que não seria necessário resenhar todos. Elegemos aqui, alguns critérios para exclusão destes estudos: Para o trabalho de pesquisa “Dinâmica Urbana dos Estados” foram encontrados diversos estudos que têm relação com os temas propostos, contudo alguns com menor UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 143 DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1 relevância para o projeto que justifique uma resenha. O fato de boa parte dos trabalhos serem dissertação de mestrado, que tem como característica intrínseca serem trabalhos pontuais, na maioria das vezes estudos de caso, com pouca abrangência espacial, torna-os secundários para a pesquisa. Todavia, consideramos os textos listados importantes para a execução do projeto, observando que servirão de importante fonte de consulta no decorrer da pesquisa. A falta de uma definição precisa da metodologia fez com que optássemos por diretrizes gerais contidas no projeto “Dinâmica Urbana dos Estados”. Como os trabalhos são, na sua maioria, pontuais, escolhemos, dentre vários, os que contemplavam abordagens regionais, tais como o eixo Brasília-Goiânia, região Sudoeste de Goiás, temas gerais como população, etc. Assim como também foram excluídos os estudos fora do recorte temporal do projeto. Consideramos importante a produção que tem como corte temporal os anos anteriores. Sabemos que os fatores históricos são fundamentais para entendermos os processos ocorridos no presente, mas preferimos guardá-los como importante fonte de pesquisa, sem a necessidade de resenhá-los, nesse momento. Listamos textos referentes a temas que consideramos importantes, mas que não foram relacionados pelo IPEA, tais como: meio ambiente, etnia, cultura, religião, eventos sazonais (festas religiosas e turísticas). Os estudos referentes a esses temas não foram resenhados por considerarmos fora da abrangência da pesquisa, porém, esses trabalhos servirão de fonte de consulta para o momento da análise dos dados. UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS 144