REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
ESTADO DE GOIÁS
MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO - MPOG
INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA - IPEA
SECRETARIA DO PLANEJAMENTO E DO DESENVOLVIMENTO - SEPLAN/GO
AGÊNCIA GOIANA DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL - AGDR/GO
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS
RELATÓRIO 1
AGOSTO – 2009
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
FINALIDADE
Revisão da literatura referente a estudos regionais e urbanos recentes (período
1998-2008)
EQUIPE DE PESQUISADORES
Fernando Negret Fernandez - Doutor.
João Batista de Deus - Doutor.
Nair de Moura Vieira - Mestra.
COORDENAÇÃO INSTITUCIONAL
Lucio Warley Lippi - Especialista.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
ii
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
SUMÁRIO
1
APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................... 8
2
OBJETIVOS ...................................................................................................................................... 14
2.1
OBJETIVO GERAL ..................................................................................................................... 14
2.2
OBJETIVOS ESPECÍFICOS .......................................................................................................... 14
3
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 15
4
RESENHAS BÁSICAS: DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA ..................................................................... 17
5
4.1
CARACTERIZAÇÃO E TENDÊNCIAS DA REDE URBANA DO BRASIL ........................................... 17
4.2
PROPOSTA DE REGIONALIZAÇÃO DO BRASIL ........................................................................... 27
4.3
REGIÕES DE INFLUÊNCIA DAS CIDADES 2007 (REGIC) ............................................................. 34
OBRAS SELECIONADAS: RESENHAS DOS ESTUDOS RELEVANTES ................................................... 41
5.1
A DINÂMICA DEMOGRÁFICA DE GOIÁS .................................................................................... 41
5.2
A REGIÃO COMO ARENA POLÍTICA: UM ESTUDO SOBRE A PRODUÇÃO DA REGIÃO URBANA
CENTRO-GOIANO ............................................................................................................................... 45
5.3 SUBSÍDIO À REGIONALIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DAS CIDADES: O CASO DE
CATALÃO-GO ..................................................................................................................................... 48
5.4 GOVERNO DO ESTADO DE GOIÁS. DIRETRIZES DE POLÍTICA INDUSTRIAL E TECNOLÓGICA
(VERSÃO PRELIMINAR). ..................................................................................................................... 51
5.5
O SUDESTE GOIANO E A DESCONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL ..................................................... 57
5.6
MIGRAÇÃO, EXPANSÃO DEMOGRÁFICA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO EM GOIÁS .......... 63
5.7 AS IMPLICAÇÕES DO PROCESSO DE MODERNIZAÇÃO CONSERVADORA NA ESTRUTURA E NAS
ATIVIDADES AGROPECUÁRIAS DA REGIÃO CETRO-SUL DE GOIÁS ..................................................... 69
5.8 O GRANDE VALE DO OESTE. AS TRANSFORMAÇÕES DA BACIA ARAGUAIA EM TERRITÓRIO
GOIANO.............................................................................................................................................. 75
5.9
FORMOSA: PORTAL DO NORDESTE GOIANO OU PÓLO REGIONAL NO ENTORNO DE BRASÍLIA?
84
6
IDENTIFIÇÃO DE LITERATURA ESPECÍFICA: REVISTAS CIENTÍFICAS RELEVANTES PRODUZIDAS
EM GOIÁS .............................................................................................................................................. 87
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
iii
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
7
IDENTIFIÇÃO DE LITERATURA ESPECÍFICA: DISSERTAÇÃO............................................................. 89
7.1 COMPETITIVIDADE DO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DE CALÇADOS: GOIÂNIA-GOIANIRA
(2002 A 2006) .................................................................................................................................... 89
7.2
CRESCIMENTO ECONÔMICO, DIFERENCIAIS REGIONAIS DE RENDA EMIGRAÇÃO: TEORIA E
EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS ..................................................................................................................... 90
7.3 RELAÇÕES INSTITUCIONAIS NA GESTÃO DO ESPAÇO METROPOLITANO: O CASO DO
MUNICÍPIO DE GOIÂNIA ..................................................................................................................... 90
7.4
CARACTERIZAÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA EM GOIÁS ............................................................ 91
7.5
AS ESTRATÉGIAS DE CRESCIMENTO DA COOPERATIVA MISTA DOS PRODUTORES DE LEITE DE
MORRINHOS (CONPLEM) DE GOIÁS .................................................................................................... 92
7.6
AS PLANTAÇÕES DE SOJA E O IMPACTO AMBIENTAL CAUSADO NA ÁGUA E SOLO NA REGIÃO
DO CERRADO/ CENTRO – OESTE/ CIDADE DE CRISTALINA – GOIÁS ................................................... 92
7.7
DISSERTAÇÕES DEFENDIDAS NO MESTRADO EM HISTÓRIA ..................................................... 93
7.7.1 SULISTAS EM MINEIROS: A RECRIAÇÃO DA IDENTIDADE ...................................................... 94
7.7.2 NAS ÁGUAS DO ARAGUAIA: A NAVEGAÇÃO E A HIBRIDEZ CULTURAL ................................. 95
7.7.3 SÃO DOMINGOS: TRADIÇÕES E CONFLITOS ........................................................................... 95
7.7.4 IMAGENS DO COMÉRCIO ANAPOLINO NO JORNAL “O ANÁPOLIS” (1930 – 1960): A
CONSTRUÇÃO DA MANCHESTER GOIANA ....................................................................................... 96
7.8
AGROINDÚSTRIA E A REORGANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO PIRES DO RIO.................................... 98
7.9
A BUSCA DO PARAÍSO .............................................................................................................. 98
7.10 A CIDADE DE MORRINHOS: ELEMENTOS DA PRODUÇÃO DE UM ESPAÇO URBANO ................... 99
7.11 A EBULIÇÃO DE UMA FRONTEIRA: UM ESTUDO SOBRE AS RECENTES TRANSFORMAÇÕES
ESPACIAIS EM IACIARA – GO............................................................................................................ 100
7.12 A FORMAÇÃO DE MOSSÂMEDES-GO: DA ALDEIA DE SÃO JOSÉ AOS NOVOS LIMITES
MUNICIPAIS ..................................................................................................................................... 102
7.13 A IMPLANTAÇÃO DA MITSUBISHI EM CATALÃO: ESTRATÉGIAS POLÍTICAS E TERRITORIAIS
DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA NOS ANOS 90............................................................................. 102
7.14 A IMPORTÂNCIA DA MANUTENÇÃO DOS REMANESCENTES DE CERRADO NO SUDOESTE
GOIANO: A CONTRIBUIÇÃO DA SUB-BACIA DO RIBEIRÃO ZECA NOVATO ........................................ 103
7.15 A POLÍTICA DE INDUSTRIALIZAÇÃO EM GOIÁS COM OS DISTRITOS AGRO-INDUSTRIAIS - DAIA
(1970/90) ......................................................................................................................................... 105
7.16 AQUI E ACOLÁ - ÁREAS REFORMADAS, TERRITÓRIOS TRANSFORMADOS
(RETERRITORIALIZAÇÃO E A CONSTRUÇÃO DO LUGAR - UM DEBATE ENTRE PROJETOS DE
ASSENTAMENTO RURAIS E EMPREENDIMENTOS RURAIS DO BANCO DA TERRA EM GOIÁS) ............ 105
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
iv
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
7.17 AS TRANSFORMAÇÕES ESPACIAIS NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DA RODOVIA GO-060, NO OESTE
GOIANO............................................................................................................................................ 106
7.18 CIDADE DE GOIÁS - FORMAS URBANAS E REDEFINIÇÃO DE USOS .......................................... 107
7.19 CIDADE DE GOIÁS: PATRIMÔNIO HISTÓRICO, COTIDIANO E CIDADANIA ................................ 107
7.20 COMPLEXO AGROINDUSTRIAL, SOB A FORMA DE COOPERATIVAS, NA OCUPAÇÃO E USO DO
CERRADO - O CASO DA COMIGO EM RIO VERDE – GO ...................................................................... 108
7.21 CONFIGURAÇÃO SÓCIO-ESPACIAL DE PORANGATU – GO ....................................................... 109
7.22 COOPERATIVAS: UMA ALTERNATIVA DE ORGANIZAÇÃO PARA O PRODUTOR RURAL - O CASO
DA AGROVALE EM QUIRINÓPOLIS – GO ........................................................................................... 110
7.23 ESTUDO DO IMPACTO AMBIENTAL A PARTIR DA ANÁLISE ESPAÇO / TEMPORAL - O CASO DA
REGIÃO VÃO DO PARANÃ – GO ........................................................................................................ 110
7.24 IMPACTOS AMBIENTAIS DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO URBANO EM QUIRINÓPOLIS – GO .... 111
7.25 KALUNGA: O MITO DO ISOLAMENTO DIANTE DA MOBILIDADE ESPACIAL ............................. 112
7.26 LUZIÂNIA: FRAGMENTAÇÃO TERRITORIAL DE UM MUNICÍPIO DO ENTORNO DE BRASÍLIA.... 113
7.27 MUNICÍPIO DE GOIÁS: UMA ANÁLISE DE FRAGMENTAÇÃO TERRITORIAL .............................. 114
7.28 O COMÉRCIO VAREJISTA PERIÓDICO NO TEMPO-ESPAÇO DA FESTA DO DIVINO PAI ETERNO
EM TRINDADE .................................................................................................................................. 115
7.29 O GRANDE VALE DO OESTE - TRANSFORMAÇÕES DA BACIA DO ARAGUAIA EM GOIÁS.......... 116
7.30 O PRODECER E A TERRITORIALIZAÇÃO DO CAPITAL EM GOIÁS: O PROJETO DE COLONIZAÇÃO
PAINEIRAS ....................................................................................................................................... 117
7.31 PAISAGEM CAMPO DE VISIBILIDADE E DE SIGNIFICAÇÃO SOCIOCULTURAL: PARQUE
NACIONAL DA CHAPADA DOS VEADEIROS E VILA DE SÃO JORGE .................................................... 118
7.32 PARQUE NACIONAL DAS EMAS - UMA HISTÓRIA, UMA CONTRADIÇÃO, UMA REALIDADE ..... 119
7.33 PORÃ-KATU - GOYÁZ POLÍTICAS REGIONAIS E DESENVOLVIMENTO LOCAL .......................... 120
7.34 REGIÃO E IDENTIDADE: A CONSTRUÇÃO DE UM "NORDESTE" EM GOIÁS ............................... 121
7.35 SUSCETIBILIDADE NATURAL E RISCO À EROSÃO LINEAR NO SETOR SUL DO ALTO CURSO DO
RIO ARAGUAIA (GO/MT): SUBSÍDIOS AO PLANEJAMENTO GEOAMBIENTAL ..................................... 122
7.36 TERRITORIALIDADES AGROINDUSTRIAIS E O REORDENAMENTO DA DINÂMICA AGRÁRIA
REGIONAL: O CASO DA PERDIGÃO EM RIO VERDE/GO...................................................................... 123
7.37 URUANA E SUA DINÂMICA ESPACIAL RECENTE ..................................................................... 123
7.38 VISÕES DE PIRENÓPOLIS: O LUGAR E OS MORADORES FACE AO TURISMO ............................. 124
7.39 A EXPANSÃO DA FRONTEIRA AGRÍCOLA NO ESTADO DE GOIÁS: SETOR SUCROALCOOLEIRO 125
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
v
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
7.40 AGRICULTURA FAMILIAR E AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA: INTEGRAÇÕES E CONTRADIÇÕES126
7.41 GOIÂNIA UMA CIDADE DE IMIGRANTES ................................................................................. 126
7.42 CIÊNCIA E TECNOLOGIA E AS ALTERAÇÕES NAS FORMAS DE SOCIABILIDADE EM GOIÁS: UM
ESTUDO SOBRE O SOFTWARE MSN MESSENGER............................................................................... 127
7.43 A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA BRASILEIRA E ALGUNS DE SEUS ASPECTOS
SOCIOAMBIENTAIS: O CASO DA REGIÃO DE GOIANÁPOLIS-GO ........................................................ 128
7.44 GLOBALIZAÇÃO E MIGRAÇÃO INTERNACIONAL NO MUNDO DO TRABALHO: O MERCOSUL EM
QUESTÃO ......................................................................................................................................... 129
7.45 A QUESTÃO REGIONAL E O CAMPESINATO: A AGRICULTURA EM CATALÃO-GO .................... 130
7.46 ANÁLISE DAS TRANSFORMAÇÕES RECENTES NA AGRICULTURA DA REGIÃO SUDOESTE DE
GOIÁS – 1970-1995.......................................................................................................................... 131
7.47 CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA REDE URBANA DO CENTRO-OESTE: DIFERENCIAÇÃO
FUNCIONAL E FLUXOS DE PASSAGEIROS ENTRE BRASÍLIA E GOIÂNIA............................................. 131
7.48 ESPECIALIZAÇÃO DA ATIVIDADE COMERCIAL ATACADISTA: O SETOR ATACADISTA –
TRANSPORTADOR MODERNO DE ANÁPOLIS ..................................................................................... 133
7.49 A MINERAÇÃO DE AMIANTO EM GOIÁS .................................................................................. 133
7.50 AVALIAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA-AMBIENTAL DA ATIVIDADE MINERADORA EM CATALÃO E
OUVIDOR - GOIÁS ............................................................................................................................ 134
7.51 SOLO POBRE, TERRA RICA: PAISAGENS DO CERRADO E AGROPECUÁRIA MODERNIZADA EM
JATAÍ 136
7.52 INTERAÇÃO CAMPO-CIDADE: A (RE)ORGANIZAÇÃO SÓCIO ESPACIAL DE JATAÍ (GO) NO
PERÍODO DE 1970 A 2000 ................................................................................................................ 136
7.53 INFLUÊNCIAS GEOPOLÍTICAS E DEFESA NACIONAL: QUARTÉIS DO EXÉRCITO NA REGIÃO DE
CERRADO DE GOIÁS, TOCANTINS, DISTRITO FEDERAL E TRIÂNGULO MINEIRO ............................... 137
7.54 O MEIO TÉCNICO-CIENTÍFICO-INFORMACIONAL E A ESTRUTURAÇÃO DA REDE DO PÓLO DE
MODA ÍNTIMA EM CATALÃO/GOIÁS ................................................................................................. 138
8
IDENTIFIÇÃO DE LITERATURA ESPECÍFICA: ESTUDO .................................................................... 139
8.1
SISTEMAS PRODUTIVOS E INOVATIVOS LOCAIS DE MPME: UMA NOVA ESTRATÉGIA DE AÇÃO
PARA O SEBRAE ............................................................................................................................... 139
9
IDENTIFIÇÃO DE LITERATURA ESPECÍFICA: LIVRO ....................................................................... 141
9.1 O TEMPO DA TRANSFORMAÇÃO: ESTRUTURA E DINÂMICA DA FORMAÇÃO ECONÔMICA DE
GOIÁS .............................................................................................................................................. 141
9.2
AGRICULTURA DE GOIÁS: ANÁLISE & DINÂMICA .................................................................. 141
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
vi
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
9.3
A ECONOMIA GOIANA NO CONTEXTO NACIONAL: 1970-2000 ............................................... 142
9.4
CERRADO, SOCIEDADE E AMBIENTE – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL EM GOIÁS .......... 142
9.5
GOIÂNIA - METRÓPOLE NÃO PLANEJADA ............................................................................... 143
10 ESTUDOS EXISTENTES NÃO RESENHADOS: JUSTIFICATIVA .......................................................... 143
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
vii
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
1
APRESENTAÇÃO
Por Lucio Warley Lippi1
As interações resultantes das relações sociais de produção, distribuição e consumo
de bens tangíveis e intangíveis, condicionam e determinam padrões sociais diferenciados
tanto no tempo, quanto no espaço territorial. Esta dinâmica estabelece múltiplas conexões
capazes de impactar as configurações sociais e estabelecer redes de influências integradas,
incorporadas ou contraditórias, ancoradas em cidades classificadas por critérios de
hierarquização. Materializa-se, na gênese desse processo dinâmico, a essência dialética2
das relações sociais.
Asseverar sobre a evolução das relações sociais implica na identificação,
caracterização e classificação de variáveis, notadamente as variáveis do tipo “fluxo”: fluxo
de renda, fluxo comercial, fluxo de investimentos; dentre outras. A dificuldade em
estabelecer uma ou mais variáveis reside na capacidade explicativa da variável, frente ao
fenômeno sócio-econômico em apreço para propositura de políticas públicas. O exame da
literatura disponível referente ao espaço territorial do Estado de Goiás tem como objetivo a
identificação de possíveis elementos explicativos da dinâmica urbana; entendida como
espaço territorial, superada a possível dicotomia rural x urbano.
O estabelecimento de políticas públicas está intrinsecamente atrelado à forma como
se detecta a atual configuração da dinâmica urbana. Tomemos a questão dos Arranjos
Produtivos Locais como instrumento de política pública.
A Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento do Estado de Goiás - SEPLAN/GO,
por intermédio da Superintendência de Estatística, Pesquisa e Informação - SEPIN elaborou
um estudo sobre intenção de investimento privado no Estado de Goiás. Utilizou como
metodologia para levantar intenções de investimentos, a coleta diária de informações
1
Gestor de Planejamento e Orçamento do Estado de Goiás e Gerente de Planejamento da Agência Goiana de
Desenvolvimento Regional – AGDR; Especialista em Auditoria e Gestão Governamental.
2
Não há intencionalidade em definir o sentido do conceito, mas o registro das múltiplas possibilidades. Por
exemplo: dialética ascendente ou dialética descendente, dialética transcendental; conforme Platão e Kant,
respectivamente.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
8
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
primárias dos prováveis investimentos a serem realizados no setor industrial e de serviços;
divulgadas pelos principais meios de comunicação. Sinteticamente tem-se o seguinte
panorama3:
INTENÇÃO DE INVESTIMENTOS PARA GOIÁS - 2009 / 2012
PARTICIPAÇÃO DOS INVESTIMENTOS POR REGIÕES DE PLANEJAMENTO
3
Disponível em 13/08/2009: http://www.seplan.go.gov.br/sepin/ => Pesquisas conjunturais: Pesquisa de
Intenção de Investimentos => Releases
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
9
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
Paralelamente ao mencionado estudo está instituída, por intermédio do Decreto nº
5.990 de 12/08/2004, a Rede de Apoio Aos Arranjos Produtivos Locais - RG-APL; instância
que congrega diversas entidades públicas e privadas com a seguinte finalidade:
o
“Art. 2 A Rede Goiana de Apoio a Arranjos Produtivos Locais, criada por este
Decreto, tem por finalidade empreender ações que objetivam a:
I - estabelecer, promover, organizar e consolidar a política estadual de inovação
tecnológica local, através da constituição e o fortalecimento de Arranjos
Produtivos Locais;
II - apoiar e incentivar o desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação,
estimulando ações nas cadeias produtivas de destaque no Estado;
III - colaborar na captação de recursos financeiros para aplicação no
desenvolvimento de Arranjos Produtivos Locais;
IV - criar e manter o Banco de Dados para armazenar dados, informações e
identificação relativos a Arranjos Produtivos Locais existentes e a serem
implantados no Estado;
V - selecionar os setores produtivos e as regiões a serem apoiados por recursos
do Estado, na implementação de Arranjos Produtivos Locais;
VI - incentivar e apoiar a qualificação e a especialização de mão-de-obra para o
setor produtivo das áreas de apoio a Arranjos Produtivos Locais;
VII - difundir e estimular a formação de Arranjos Produtivos Locais, com
demonstração de sua importância para a economia local e regional;
VIII - criar condições de avaliação do andamento de cada Plataforma
Tecnológica, visando observar os resultados concretos e os benefícios gerados
para o Estado em função da sua implantação;
IX - estabelecer as condições indispensáveis às ações cooperativas dos setores
públicos e privados, com o intuito de garantir a aplicação máxima de
conhecimentos científicos e tecnológicos atualizados, bem como auxiliar no
desenvolvimento de tecnologias apropriadas às necessidades de cada região;
X - prestar assessoramento e informações a todas as pessoas físicas ou
jurídicas interessadas nos objetivos estabelecidos neste Decreto;
XI - realizar ações e desenvolver atividades afins e complementares.”
O Parágrafo Único do Artigo 1º do referido Decreto Nº 5.990, de 12 de agosto de
2004, define Arranjos Produtivos Locais da seguinte forma:
“Consideram-se Arranjos Produtivos Locais os aglomerados de agentes
econômicos, políticos e sociais, localizados em um mesmo espaço territorial,
que apresentem, real ou potencialmente, vínculos consistentes de articulação,
interação, cooperação e aprendizagem para a inovação tecnológica.”
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
10
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
A Secretaria de Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado de Goiás SECTEC/GO,
coordenadora institucional da
RG-APL,
divulgou os seguintes dados em seu
4
relatório semestral :
Total de
APL'S
49
26
Consolidados
Em formação
23
4
Panorama dos APLs de Goiás - Relatório Semestral da Rede Goiana de Apoio aos Arranjos Produtivos
Locais. 1º semestre 2008. SECTEC, Superintendência de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico, Gerência
de Ações Locais.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
11
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
O relatório apresentou, ainda, a seguinte distribuição espacial:
Interessa-nos averiguar, diante desta síntese de dados, a possibilidade de
apontamento das variáveis determinantes e condicionantes capazes de impactar
positivamente na conjuntura delineada, objetivando a redução das desigualdades interregionais resultante das políticas públicas lastreadas no conhecimento sobre a Dinâmica
Urbana dos Estados; tarefa que o presente trabalho pretende principiar.
A participação do Estado de Goiás na Pesquisa
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS
promovida pelo Governo Federal, resultante da celebração do Acordo de Cooperação
Técnica, tendo como intervenientes executores a
SEPLAN/GO
e o Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada - IPEA; objetiva integrar o Estado de Goiás ao processo de
elaboração e execução da pesquisa sobre a dinâmica territorial. A participação institucional
de Unidades Orçamentárias Estaduais justifica-se pela necessidade da elaboração de
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
12
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
estudos e pesquisas sobre a dinâmica regional no Estado de Goiás, cujas análises e
conclusões servirão de parâmetros para formulação e a execução de Política Pública.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
13
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
2
2.1
OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
O objetivo geral do estudo “Dinâmica Urbana dos Estados” é analisar aspectos do
sistema urbano dos Estados brasileiros integrantes da pesquisa, no período de 2000 a 2008,
enfocando as transformações ocorridas no perfil demográfico, produtivo e funcional das
cidades, bem como na sua distribuição espacial, a fim de contribuir para a definição de
estratégias de apoio à formulação e à execução das políticas públicas em diferentes escalas.
2.2
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
a) Identificar movimentos recentes relacionados às configurações espaciais – aspetos
demográficos, econômicos, funcionais e de gestão do Estado;
b) Fortalecer a base analítica para os estudos de rede urbana. Compreender o processo
de produção territorial e desigualdades no território goiano.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
14
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
3
INTRODUÇÃO
O presente estudo está estruturado de forma a evidenciar a elaboração das resenhas
obrigatórias, a elaboração de resenhas de estudos que apresentam maior contribuição ao
tema e, ainda, o levantamento de material bibliográfico correlato à dinâmica territorial
goiana.
O item 4 -
RESENHAS BÁSICAS: DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA
obrigatórias definidas pelo
IPEA,
apresenta as resenhas
a saber: a) IPEA / UNICAMP / IBGE (2002).
Caracterização e Tendências da Rede Urbana do Brasil, Brasília. b) CEDEPLAR /
UFMG (2007). Proposta de Regionalização do Brasil. Coordenação de Clélio Campolina
Diniz (Módulo 3 do Estudo para Subsidiar a Abordagem da Dimensão Territorial do
Desenvolvimento Nacional no PPA 2008-2011 e no Planejamento Governamental de
Longo Prazo, encomendado pelo MPOG ao CGEE); como também, c) IBGE (2008).
Regiões de Influência das cidades 2007 (REGIC), Rio de Janeiro.
O item 5 -
OBRAS SELECIONADAS: RESENHAS DOS ESTUDOS RELEVANTES
trata da
seleção do material de maior relevância consonante ao tema em foco. Figuram entre os
destaques as seguintes obras: 1) A DINÂMICA DEMOGRÁFICA DE GOIÁS; 2) A REGIÃO COMO
ARENA POLÍTICA: UM ESTUDO SOBRE A PRODUÇÃO DA REGIÃO URBANA CENTRO-GOIANO;
3)
SUBSÍDIO À REGIONALIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DAS CIDADES: O CASO DE
CATALÃO-GO;
TECNOLÓGICA
4)
GOVERNO DO ESTADO DE GOIÁS. DIRETRIZES DE POLÍTICA INDUSTRIAL E
(VERSÃO
PRELIMINAR);
5)
O SUDESTE GOIANO E A DESCONCENTRAÇÃO
INDUSTRIAL; 6) MIGRAÇÃO, EXPANSÃO DEMOGRÁFICA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO EM
GOIÁS 7) AS IMPLICAÇÕES DO PROCESSO DE MODERNIZAÇÃO CONSERVADORA NA ESTRUTURA
E NAS ATIVIDADES AGROPECUÁRIAS DA REGIÃO CETRO-SUL DE GOIÁS; 8) O GRANDE VALE DO
OESTE. AS TRANSFORMAÇÕES DA BACIA ARAGUAIA EM TERRITÓRIO GOIANO;
e, 9) FORMOSA:
PORTAL DO NORDESTE GOIANO OU PÓLO REGIONAL NO ENTORNO DE BRASÍLIA?
O item 6 -
IDENTIFIÇÃO DE LITERATURA ESPECÍFICA: REVISTAS CIENTÍFICAS
RELEVANTES PRODUZIDAS EM GOIÁS
indica os periódicos que servirão de base para futuras
consultas aos artigos técnicos correlatos ao tema.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
15
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
O item 7 - IDENTIFIÇÃO DE LITERATURA ESPECÍFICA: DISSERTAÇÃO apresenta resumos
de 57 obras que não foram objeto de resenha, contudo apresentam argumentações
relevantes à execução da pesquisa.
O item 8 -
IDENTIFIÇÃO DE LITERATURA ESPECÍFICA: ESTUDO
técnico elaborado pelo
SEBRAE;
compreende material
busca caracterizar o Arranjo Produtivo Local -
APL,
procurando entender sua dinâmica, interação e cooperação inter-firmas. O trabalho
objetivava, ainda, identificar as dificuldades e potencialidades do
APL
para, a partir delas,
apontar sugestões de política para seu desenvolvimento.
O item 9 -
IDENTIFIÇÃO DE LITERATURA ESPECÍFICA: LIVRO
destaca cinco obras
publicadas que devido sua aceitação e reconhecimento foram lançadas em formato de
livro.
O item 10 -
ESTUDOS EXISTENTES NÃO RESENHADOS: JUSTIFICATIVA
visa arrazoar a
seleção de obras importantes que não foram objeto de resenha.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
16
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
4
4.1
RESENHAS BÁSICAS: DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA
CARACTERIZAÇÃO E TENDÊNCIAS DA REDE URBANA DO BRASIL
Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto de Pesquisa Econômica
APLICADA (IPEA). IBGE, UNICAMP, IE, NESUR. CARACTERIZAÇÃO E TENDÊNCIAS DA REDE
URBANA DO BRASIL.
Volume 4 . Redes Urbanas Regionais, Norte, Nordeste e Centro-
Oeste. Brasília, 2001.
Por Fernando Negret5
O Estudo da Região Centro-Oeste, inserido no Volume 4, Redes Urbanas
Regionais, foi elaborado por uma equipe de pesquisadores sob a coordenação de Rosana
Baeninger e Zoraide Amarante I. Miranda.
O documento está estruturado em três grandes partes dedicadas cada uma a região
Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Inclui uma breve parte introdutória denominada Bases
Teóricas dos Estudos Regionais, no qual se explica qual é a perspectiva de análise e
reflexão do estudo.
Nesse sentido o documento explica como ponto de partida, que foi adotada como
referência territorial a divisão em grandes regiões do Brasil, definida pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, menciona-se que na elaboração
de estudos regionais, essa regionalização mostrou ser pouca adequada dada a
“interdependência econômica e urbana entre espaços localizados em regiões geográficas
distintas”.
O estudo tomou como escala de análise as mesorregiões geográficas definidas pelo
IBGE e abrange os seguintes aspectos: tendências locacionais da atividade produtiva,
concentração e desconcentração dessas atividades, diversificação do setor de serviços e
mudanças ocupacionais relacionadas a essa diversificação, especialmente para as
5
Coordenador do Mestrado em Desenvolvimento Regional da ALFA. Professor, pesquisador e consultor da
área regional, urbana e sócio-ambiental.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
17
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
aglomerações urbanas e principais centros da rede urbana brasileira; transformações das
estruturas ocupacionais dos centros urbanos, segundo a sua hierarquia e tamanho,
procurando caracterizar a estrutura do emprego; e, finalmente, identificação e qualificação
da infra-estrutura urbana, quando ela constituiu-se em vetor de transformação do sistema
de cidades.
Essas questões foram trabalhadas para as grandes regiões como “mediações” para
se entender a articulação entre a dinâmica recente das economias regionais, as
características da urbanização e as transformações da rede urbana.
Uma primeira classificação dos centros urbanos se obteve segundo as
características específicas de cada região, “base para estabelecer critérios e para proceder a
classificação da rede urbana do Brasil”. Essa classificação contempla as diversas
espacialidades do sistema urbano brasileiro.
O documento afirma que na tradição do pensamento geográfico, a cidade é parte
integrante e, ao mesmo tempo, formadora da região e como tal não pode, nem deve ser
tratada de modo separado ou desconexo. Nesse sentido afirma-se que a classificação da
rede urbana deveria contemplar não só a estrutura dos fluxos de bens, serviços e
indivíduos, em um dado espaço econômico, mas também os fatores econômicos e sociais
que determinaram tal estrutura ao longo de um processo de desenvolvimento. Assim não se
pode considerar a cidade como apartada do processo de produção de uma economia
regional.
Em termos da opção metodológica, o estudo explica que se optou por articular a
teoria neoclássica do pensamento geográfico sobre hierarquias de redes urbanas com a
teoria histórico-materialista, cujo enfoque “reside na produção do espaço regional-urbano e
seus determinantes”, o que permite estabelecer uma correlação entre dinâmica do sistema
de cidades e evolução do capitalismo em escala internacional.
O estudo explica que com base nessa correlação, pretende-se não somente
classificar a rede urbana brasileira, como também fazer uma análise prospectiva, com
vistas a formulação de políticas públicas. (Cabe desde já afirmar que não existe no
documento proposta de políticas públicas).
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
18
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
Após essas considerações introdutórias, mas que definem claramente o enfoque do
estudo, faz-se uma revisão bibliográfica sobre “A Tradição Neoclássica de Estudos de
Rede Urbana” destacando as teorias de Thunem e Cristaller sobre lugares centrais e
centralidade. Discute a “Tradição da Geografia Humana Radical”. Igualmente se analisam
“Os Sistemas de Cidades” em termos conceituais como “Rede de Cidades” e de suas
características, principalmente hierarquias, tamanhos, funcionamento e zonas de influência
das cidades. Comenta-se especificamente a “Teoria dos Lugares Centrais” de Cristaller,
(1966) e mostra-se que é um enfoque priorizado no estudo. Aborda a “Especialização das
Cidades”, destacando-se casos concretos de cidades com serviços especiais internacionais,
além da sua área de influencia. Comenta-se sobre “As Relações entre Campo e Cidade”,
“As Dinâmicas Recentes dos Sistemas de Cidades” e a “A Emergência de uma Nova
Hierarquia Urbana”.
Ainda na parte introdutória sobre metodologia o estudo apresenta uma seção breve
denominada “Referenciais da Rede Urbana do Brasil”, na qual se explicita o processo geral
de transformações do sistema urbano-regional, com relação a dois aspectos: a ampliação
das funções dos centros urbanos e a ampliação das demandas de articulação e integração.
O qual é interpretado como resultado da desconcentração das atividades produtivas e a
interiorização do desenvolvimento.
Com relação à Configuração da Rede Urbana Brasileira se explicam os quatro
referenciais básicos para a sua análise: 1)Estudos Regionais (redes urbanas das grandes
regiões); 2) Hierarquia da Rede, pela classificação dos Centros Urbanos (seis categorias e
111 centros urbanos; 3) Os Sistemas Urbanos Regionais (12 sistemas) e sua articulação em
três estruturas urbanas; 4) Aglomerações Urbanas (49 aglomerações).
Para o Estudo, Rede Urbana é o conjunto das cidades que polarizam o território
brasileiro e os fluxos de bens, pessoas e serviços que se estabelecem entre si. È formada
por centros, com dimensões variadas, que estabelecem dinâmicas entre si como campos de
forças de diferentes magnitudes.
Explica-se que a classificação da Rede Urbana Brasileira foi desenvolvida com
base em um conjunto de critérios e procedimentos articulados ás tipologias de tamanho dos
centros urbanos, ocupacional e de dependência funcional desses, bem como da forma
urbana assumida pelos centros.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
19
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
O estudo da configuração da rede implicou quatro etapas:
a) Estudos Regionais, cujos critérios foram tamanho e tipologia dos centros
urbanos ou seja, a sua posição com base no trabalho do IBGE Regiões de Influência das
Cidades (REGIC); porcentagem da População Economicamente Ativa -
PEA
urbana; total
da população; taxa de crescimento da população; porcentagem de acréscimo da população;
densidade demográfica (1996) e agrupamento dos centros urbanos. Além desses
indicadores e com apoio do Quadro de Composição das Aglomerações Urbanas,
consideram-se ainda como indicadores a presença de processo de conurbação e
periferização. Tamanho populacional dos centros em 1991 e 1996; crescimento do
município-núcleo e da periferia 1980-91 e 1991-96 e “indicadores referentes quanto à
articulação entre centros urbanos”.
b) Quadro de Classificação da Rede Urbana do Brasil, que identificou seis
categorias: Metrópoles Globais, Nacionais e Regionais, 13 centros urbanos, com exceção
de Manaus; Centros Regionais, 16 centros sendo 13 de aglomerações urbanas não
metropolitanas; Centros Sub-regionais 1 e 2, somando 82 centros urbanos.
c) Sistemas Urbano-Regionais, compreendeu a organização dos sistemas
territoriais a partir das metrópoles e centros regionais. Foram realizados estudos
específicos com base nos fluxos de pessoas, mercadorias e informações distinguindo como
sistema os conjuntos mais articulados entre si, com contigüidade espacial e dependência
funcional. Além disso, ritmo da urbanização, nível de adensamento da rede de cidades;
grau de complementaridade entre os centros urbanos; nível de desenvolvimento humano,
expressos nos indicadores de renda, alfabetização e acesso aos serviços urbanos básicos.
Com base nesses indicadores e aspectos, foram reagrupados os doze sistemas em três
“grandes estruturas articuladas”: 1) a do Centro Sul, incluindo as áreas de influência de
Belo Horizonte até as de Porto Alegre; 2) a do Nordeste, desde as áreas de São LuisTerezina, até Salvador e Feira de Santana; 3) a do Centro-Oeste, integrada pelos sistemas
de Cuiabá, Belém, Manaus e de Brasília-Goiânia.
d) Quadro de Composição das Aglomerações Urbanas do Brasil, as quais
correspondem a “mancha de ocupação contínua entre pelo menos dois municípios
(derivada de perifização ou conurbação), e apresentam intensos fluxos de relações
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
20
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
intermunicipais, comutação diária, complementaridade funcional, integração sócioeconômica, decorrente de especialização e complementação funcional das aglomerações
urbanas. Foram identificadas 49 aglomerações, 12 classificadas em nível metropolitano.
Na Caracterização da Rede Urbana da Região Centro-Oeste, destacam-se duas
questões: 1) o fato de não ter estudos sobre o processo de desenvolvimento e suas
implicações sobre os sistemas regionais urbanos; 2) o período histórico de análise não pode
ser restrito somente aos últimos 15 anos, na medida em que foi nos anos 60/70 que se
constituíram as bases da ocupação do território e da construção da rede.
Após ser descrito o “objeto” da pesquisa explicando o que é o Centro-Oeste como
região e seu processo geral de ocupação, descrevem-se o objetivo e a metodologia. Neste
item se assinala que com o objetivo de explicar a diversidade regional e a morfologia das
cidades da região deve-se fazer uma construção periódica dos cenários nos quais se deu a
“sua inserção na economia nacional e internacional”. Agrega-se que a metodologia implica
duas referencias: o agregado político- administrativo dos territórios das unidades
federativas e a menor unidade territorial de análise, o município, cuja dinâmica sócioprodutiva representa o embrião das estruturas funcionais características de diversas
estruturas produtivas e inserções regionais, não necessariamente limitadas pela “rigidez”
dos territórios estaduais. Conclui afirmando que o município é a unidade que,
metodologicamente, melhor permite compreender a rede de cidades, suas inter-relações e
diferenciações funcionais, cuja configuração desdobra-se em peculiaridades da estrutura
produtiva e, conseqüentemente, em recortes analíticos regionais.
Inclui-se uma Caracterização da Economia Regional, na qual se menciona
rapidamente a exploração mineira inicial em pequenos núcleos dispersos, principalmente
em Goiás e Mato Grosso e posteriormente no subitem Formação Econômica e Social se
assinala como Cuiabá, Vila Bela e Goiás em Mato Grosso e Goiás foram os principais
núcleos iniciais que, embora muito fragilmente, estabeleceram relações sócio-econômicas
com o Sudeste. Posteriormente, o documento apresenta uma análise do processo de
desenvolvimento de cada Estado, em termos de atividades econômicas e o surgimento e
consolidação de centros urbanos importantes como Goiânia e Anápolis. No subitem Bases
da Expansão Recente se assinala o Plano de Metas (1956-61) do governo de Juscelino
Kubitschek como “um grande divisor de águas” entre o processo de ocupação e a
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
21
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
“moderna incorporação do Centro-Oeste pela agricultura comercial e a bovinocultura”. É
neste item que se descrevem as grandes obras, tais como a construção de Brasília e as vias
BR 153 que ligou Goiânia a São José de Rio Preto e a BR 060 ligando Brasília-AnápolisGoiâna. Um terceiro Item está dedicado a Expansão Sócio-Econômica Recente onde se
analisam Os Programas Governamentais e Frentes de Expansão. Inclui o Desempenho
Econômico Regional 1985-96 analisando as atividades econômicas por produto, na
agricultura e na pecuária, no nível da região e por Estado, destacando-se 10 produtos
principais e dentre eles a soja, a cana de açúcar, algodão e milho. Neste item também se
aborda o emprego, apresentam-se tabelas por ramo de atividade para a região Centro-Oeste
e se destaca o crescimento geral do emprego na região como um todo, o maior crescimento
do emprego em Mato Grosso por ser fronteira de expansão agrícola e a menor expansão
em Goiás. A análise do emprego inclui o comportamento por atividade, mostrando a
importância do setor agropecuário, dado o aumento das empresas nesse setor e o novo
perfil empresarial.
Ainda com relação ao Desempenho Econômico Regional inclui-se uma análise
sobre o comportamento setorial do PIB no qual se ressalta a expansão da participação do
setor agropecuário na região pelas exportações de grãos e carnes e a expansão dos serviços,
pela presença de Brasília.
A Caracterização da Rede Urbana Regional se baseia segundo o documento em
uma análise “do conjunto de determinantes do desenvolvimento sócio-econômico regional
e suas inter-relações com a estruturação espacial”. Essa análise inclui a caracterização e a
identificação espacial dos sistemas produtivos, juntamente com a análise da dinâmica
produtiva.
Neste sentido se apresenta uma análise da Dinâmica Populacional e se destaca que
a região Centro-Oeste ao longo da década de 1970 absorveu 1.3 milhões de migrantes,
duas vezes superior a taxa nacional. Esta década foi o auge do crescimento demográfico, já
que posteriormente se verifica uma desaceleração das taxas de crescimento regional. As
análises demográficas posteriores são no nível do estado e por mesorregiões de forma
detalhada. Adverte-se que o Distrito Federal, a partir da década de 1980, não perdeu poder
de atração populacional e que deu um crescimento no entorno goiano do DF. Esse
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
22
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
fenômeno implicou que no estado de Goiás “a fixação produtiva da população em seu
território foi sensivelmente reduzida”.
O estudo apresenta uma análise detalhada do comportamento demográfico dos
estados por mesorregião e sobre Goiás afirma-se que o Norte Goiano teve uma taxa
negativa de -0,27% e de apenas 0,47 para o noroeste. Essa duas regiões eram produtoras de
alimentos e com o desmonte dos programas de apoio passaram a pecuária intensiva.
Entretanto, o leste goiano passou por um período de grande dinamismo, crescendo a taxa
elevadas nos períodos de 1980-96. Destaca-se dessa mesorregião a sua assimetria, já que
está constituía por duas microrregiões com dinâmicas distintas: ao norte a micro-região do
Vão do Paranã, a mais pobre e despovoada do Estado de Goiás, enquanto o entorno do
Distrito Federal configura uma microrregião com grande dinâmica agropecuária e atração
populacional. A mesorregião Centro Goiano, donde se localiza Goiânia, teve desaceleração
do crescimento no período 1980-91 e 1,7% de 1991 a 1996. Na mesorregião sul a
população decresceu, o qual é produto da migração para ás cidades característico em toda
região Centro-Oeste.
Na análise do Perfil da Rede Urbana, realizada com base nos municípios, mostra
um processo de concentração da população nos principais centros urbanos Goiânia e
Brasília e respectivas cidades satélites. Juntos, esses dois aglomerados em 1970
representavam 25.8% do total da população e em 1996 passaram a concentrar 37.7%. Se a
essas duas aglomerações se junta à população de Rio Verde, Campo Grande, Dourados e
Cuiabá-Varzea Grande, a concentração chega a 50,75% da população total. Nessa
perspectiva o estudo avança nas análises demográficas mostrando o grau de concentração
em poucos municípios da região, nos estados e mesorregiões, bem como as complementa
mostrando a dinâmica ocupacional em relação à
PEA
ocupada nas atividades econômicas
em cada mesorregião.
No caso do estado de Goiás, a
PEA
é marcada pela maior participação na
agropecuária e extração mineral, embora existam centros urbanos ligados ao comércio e
serviços em geral em várias mesorregiões, como é caso de Aragarças e Aruanã, na
mesorregião norte goiano; Porangatú e Uruaçu no norte; Goiânia, Anápolis, Aparecida de
Goiânia, Rialma, Senador Canedo e Trindade no Centro; Luziânia, Planaltina de Goiás e
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
23
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
Santo Antônio do Descoberto no leste e Caldas Novas, Anhanguera, Itumbiara e Pires do
Rio no sul.
O estudo distingue Goiás como o estado da Região Centro-Oeste que apresenta uma
rede urbana mais adensada e consolidada. Afirma-se que embora predominem os
municípios pequenos, nas mesorregiões Centro onde está Goiânia, Sul de Rio Verde e
Catalão, e Leste do entorno de Brasília, a rede urbana é marcada por dinâmicas regionais
específicas, configurando importantes centros urbanos como Brasília, Goiânia e Anápolis.
Ainda com relação ao Perfil da Rede geral do Centro-Oeste se estabelece a seguinte
ordem dos centros urbanos com
PEA
ocupada em comércio e serviços: Brasília, Goiânia,
Campo Grande, Cuiabá, Anápolis, Luziânia, Aparecida de Goiânia, Várzea Grande,
Dourados e Rondonópolis.
Na análise da Rede Urbana Principal e especificamente sobre a Conformação dos
principais Centros Urbanos, ressalta-se o fato de que mesmo com os avanços da agroindustrialização não houve grandes mudanças na hierarquia urbana e somente é destacado
o surgimento de novos centros urbanos na área de fronteira, no norte de Mato Grosso, tais
como Alta Floresta, Sinop, Sorriso, Colider e Juina.
Em termos metodológicos o estudo explica que com base num modelo Clauster e
informações de 1991 se “permite identificar grupos de homogeneidades, no caso do
Centro-Oeste, divididos em sete grupos”. O Regic, aplicado em 1993, permite identificar e
mapear centralidades, divididas em oito categorias. Além desses dois métodos, se aplicou o
“Índice de Terceirização” para os anos 1980 e 1985. Explica-se que semelhante ao método
Regic, embora aplicando indicadores estritos de macro-estrutura produtiva e polarização, o
índice de terceirização “permite identificar uma possível tendência de diversificação
produtiva e polarização da rede urbana”. O índice de terceirização toma como princípio a
heterogeneidade das relações econômicas, procurando resgatar a diferenciação entre
produto e renda regional-municipal. Neste sentido assume-se que os serviços urbanos são
consumidos localmente e que por tanto a sua análise pode apontar possíveis tendências á
concentração de inter-relações sócio-econômicas heterogêneas que expressam a divisão
social do trabalho. Com base nesse índice se apresenta uma tabela com a Classificação da
Rede Urbana Municipal, e análises específicos sobre o Aglomerado Metropolitano
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
24
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
Nacional de Brasília, O Aglomerado Metropolitano Regional de Goiânia, Centros Urbanos
Isolados Regionais e Centros Urbanos Isolados Locais.
Um quarto item apresenta as Mudanças Econômicas e Impactos sobre a Rede
Urbana, sendo que no subitem Desenvolvimento Econômico e Urbano recente se assinala
que a partir da década de 80 a economia regional passa a sofrer as vicissitudes da economia
nacional. Nesse sentido menciona as restrições financeiras e fiscais que levaram a cortes
nos subsídios e afetaram grandes programas nacionais de apoio, com o qual o Centro-Oeste
foi relegado ás leis do mercado. Isso se vê refletido na pouca diversificação produtiva dos
centros urbanos, pouca geração de emprego e até a retração em várias mesorregiões.
Resumindo, o estudo apresenta como centros consolidados aqueles já mencionados
anteriormente: Goiânia, Anápolis, Rio Verde e Itumbiara e o Distrito Federal. No sudoeste
de Mato Grosso Cuiabá, Rondonópolis e Cáceres e em Mato Grosso do Sul, Campo
Grande, Dourados e Corumbá. Todos esses centros polarizam suas respectivas regiões de
influência.
Finalmente o documento apresenta um subitem sobre Tendências e Novas
Espacialidades, no qual analisa a influência do “processo de abertura da economia que
provocou fortes alterações na dimensão espacial do desenvolvimento”. Afirma-se
novamente que “o resultado do processo em curso, nos últimos anos, consolidou as áreas
mais dinâmicas e capitalizadas, onde a atividade produtiva privada foi mais beneficiada
pela fertilidade dos solos e as políticas de aproveitamento dos cerrados”. Isso consolidou
os mesmos centros urbanos mencionados e a rede urbana que integram. O documento
menciona com razão que desde o ponto de vista ambiental os efeitos sobre o ecossistema
Cerrados são sensíveis e preocupantes. Incluem-se nesse item algumas considerações sobre
os projetos do Plano de Desenvolvimento Nacional "Brasil em Ação” mostrando alguns
efeitos e perspectivas de impacto das ações programadas.
Nas Considerações Finais o estudo apresenta as seguintes conclusões:
a) A dinâmica sócio-econômica do Centro-Oeste não mostra uma inserção
produtiva e funcional do conjunto da região nem completo desenvolvimento
regional. Somente um conjunto reduzido de cidades mostra inserção regional e
nacional e todos os estados mostram concentração nesse poucos centros.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
25
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
b) A migração na década de 60 e 70 com a criação da nova capital e projetos
de colonização foi elemento importante na ocupação regional.
c) Não existe um desenvolvimento urbano regional consolidado e predomina
grande concentração de população e de atividades secundárias e terçarias em
poucos centros urbanos.
d) O desenvolvimento recente reforçou o sistema urbano regional já existente.
e) Brasília é um caso específico, “não apresenta uma dinâmica econômica
assentada na complementaridade á economia do sudeste” a sua localização foi
decisão política e seu crescimento ocorreu de dentro para fora.
f) Brasília foi estímulo para Anápolis e Goiânia, esta última tem uma base
econômica mais diversificada.
g) A base produtiva continua sendo a agropecuária e questiona-se o modelo
agrário pela insustentábilidade e a concentração urbana que não garante
“oportunidades de emprego e oferta de bens e serviços a outros municípios”.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
26
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
4.2
PROPOSTA DE REGIONALIZAÇÃO DO BRASIL
Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão. Secretaria de Planejamento e
Investimentos
Estratégicos.
PLANEJAMENTO.
Regiões de Referência III. Brasília, 2008.
ESTUDO
DA
DIMENSÃO
TERRITORIAL
PARA
O
Por Fernando Negret6
O volume III regiões de Referência, foi elaborado por uma equipe técnica
coordenada por Clélio Campolina Diniz, reconhecido como um destacado pesquisador na
área regional e urbana, bem como a equipe integrada por técnicos e pesquisadores
especializados. A equipe técnica teve como subcoordenador Rodrigo Ferreira Simões e a
colaboração de sete pessoas entre técnicos e pesquisadores.
O documento está estruturado em quatro capítulos: O Capítulo 1 é conceitual e trata
do território e do desenvolvimento, da regionalização econômica, da integração nacional e
o ordenamento do território, além de uma nova regionalização para efeitos de
planejamento e sobre uma política urbano-regional contemporânea. O Capítulo 2 aborda
Considerações Metodológicas, que inclui o Modelo Formal e as equações usadas para as
análises, além de incorporar considerações sobre acessibilidade viária, biomas,
ecorregiões, bacias hidrográficas e, ainda, capacitação tecnológica e modelo econômico
demográfico com estrutura viária. O Capítulo 3 inclui uma Proposta de Regionalização no
qual se mostram os resultados obtidos em termos de territórios da estratégia, as macroregiões, sub-regiões, a estratégia de regionalização, especificidades das sub-regiões na
Amazônia, caracterização das sub-regiões e indicadores e variáveis. O capítulo 4 trata da
seleção dos Macro e Mesopólos para o ordenamento do território e construção de um
Brasil policêntrico. Este capítulo inclui resultados territoriais da simulação com o
crescimento diferenciado dos sete novos pólos e a rede urbana prospectiva.
No primeiro capítulo, o estudo apresenta uma conceituação de região a partir de
uma boa revisão bibliográfica, na qual privilegia os conceitos de região que conferem a
6
Coordenador do Mestrado em Desenvolvimento Regional da ALFA. Professor, pesquisador e consultor da
área regional, urbana e sócio-ambiental.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
27
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
“ação humana certa dimensão ativa ante o ambiente natural”. Fica manifesto que se
compartilha o conceito de “região funcional” e explica-se que se trata de aquela articulada
a partir da análise da espacialidade das relações econômicas. É um modelo caracterizado
pelas trocas e fluxos organizados pelas relações de mercado muito mais que pela
uniformidade/identidade de paisagens e produções. A noção de região é diretamente
associada à idéia de rede urbana, ultrapassando-se a perspectiva de simples
complementaridade entre campo e cidade. Busca-se os níveis de hierarquização, de
complementaridade e a função ligada á localização dos núcleos urbanos.
Ressalta a importância da teoria do Lugar Central de Christaller e afirma que a sua
interpretação não literal de seus resultados pode auxiliar no entendimento de uma questão
central para as possibilidades de regionalização do espaço a partir desses pressupostos:
“redes urbanas na oferta de serviços”.
Nesse sentido afirma de maneira categórica que a função primordial de um núcleo
urbano é atuar como centro de serviços para seu hinterland imediato, fornecendo bens e
serviços centrais. Estes, por sua vez, caracterizam-se por serem de ordens diferenciadas,
gerando uma hierarquia de centros urbanos análoga aos bens e serviços que ofertam.
Posteriormente se explicam como chaves na teoria de Christaller os conceitos de “Limite
Crítico” do nível mínimo de demanda de um bem e serviço; “Alcance” da distância a
percorrer para aceder a esse bem e serviço.
Após revisar as contribuições de outros teóricos sobre a Teoria do Lugar Central o
documento destaca a importância do centro urbano na medida em que envolve todos os
processos de compra e venda de mercadorias, sejam elas meios de produção, força de
trabalho ou bens de consumo, ou de serviços, principalmente os serviços de consumo
coletivo. O considera como o núcleo estruturante do espaço localizado, por meio da
formação de redes urbanas pelas quais flui o capital.
Sobre o conceito de região o documento fala da “natureza epistemológica funcional
do trabalho de regionalização” e adverte que se estiver claro o propósito da segmentação
do território, cabe o passo seguinte que é definir os critérios que “devem instruir tal
segmentação orientada à compreensão da esfera econômica. Nessa perspectiva e se
apoiando em Perroux e Boudeville, afirma-se que tal segmentação obedece a dois critérios
auto-explicativos básicos: homogeneidade e heterogeneidade.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
28
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
Definindo o enfoque do estudo, afirma-se que em uma concepção econômica de
região, a “dimensão das trocas” – relações mercantis efetivamente - assume papel de eixo
fundante. A continuação o documento afirma que “Traduz-se nisso uma reflexão detida
daquilo que Marx aponta como foco da sociabilidade do sistema capitalista, ou seja a
sociabilidade das trocas”. Essa afirmação não é clara com relação aos princípios do
marxismo.
Com relação ao critério de homogeneidade, afirma-se que ainda seja útil para
caracterizações de cunho produtivo ou de aspectos da paisagem natural – especializações
produtivas, coberturas vegetais, relevo, etc. – não permite atentar para uma dimensão
crucial em uma sociedade mercantil, isto é, os diferentes níveis de hierarquia, integração e
complementaridade que definiriam os sistemas econômicos e seus fluxos de troca no
espaço. Entanto que seguindo critérios de heterogeneidade na definição de segmentação do
espaço, se é possível avaliar a configuração e intensidade de sistemas econômicos e a
definição do que poderia ser considerada uma região econômica. Desta forma o estudo
define claramente uma posição favorável a heterogeneidade como “princípio de qual se
deve partir”. Complementarmente afirma-se de maneira conclusiva que desde o ponto de
vista econômico é mais importante determinar se há trocas entre dois pontos do que saber
se ambos são especializados na produção do mesmo bem.
Além da prevalência econômica nos fluxos, outro aspecto que considera primordial
nesses processos é a orientação dos fluxos migratórios ou populacionais, a partir da própria
dinâmica econômica. Nas páginas seguintes a esta consideração, o documento faz uma
análise dos fluxos migratórios do país em relação com o processo de industrialização em
São Paulo e Rio de Janeiro e das regiões de maior dinamismo econômico, com o qual
acontece um processo de concentração e centralização do capital, a produção e a população
nos centros urbanos.
Menciona-se a importância do Plano de Metas do governo Kubitschek na
modernização de setores produtivos e nos fortes investimentos na melhoria da infraestrutura, ampliando a rede de transportes e favorecendo a intensificação do comercio
inter-regional e a mobilidade populacional. Posteriormente se faz menção aos processos de
urbanização, fluxos migratórios e populacionais em períodos específicos recentes até a
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
29
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
discussão da desconcentração espacial das atividades procurando uma reversão da
polarização.
No terceiro ponto deste primeiro capítulo fala-se da integração nacional e
ordenamento do território e sugerem-se quatro grandes dimensões complementares,
integração físico-territorial, integração econômica, integração social e integração política.
A Física-territorial baseia-se na construção de transporte, energia e telecomunicações para
fortalecer novos centros e os mercados; a econômica como complementaridade intersetorial e inter-regional de atividades produtivas; a social como incorporação de grande
parte da população ao mercado e a padrões dignos de vida e a política como reforço da
solidariedade nacional e para um projeto de nação. Quatro formas de integração que
motivam uma ampla discussão.
O quarto ponto do capítulo discute a Nova Regionalização para o Planejamento e
partindo das características do Brasil em termos de desigualdades regionais, diversidade
ambiental e cultural, e a falta de uma regionalização útil ao planejamento; retoma os
conceitos de Homogeneidade e Heterogeneidade. Discute o primeiro com relação ao
natural e propõe seis grandes macro-regiões. Com relação à heterogeneidade e segundo
Christaller, Losch, Jacobs e Perrroux, se propõem “Macrorregiões polarizadas”, “com base
no comando do urbano sobre os grandes espaços”.
Esses dois recortes devem servir de referência para as políticas macro-espaciais,
estruturadoras do território e voltadas para seu ordenamento, no âmbito do policentrismo.
Posteriormente o documento somente menciona como política as ações que o estado poder
tomar sobre os pólos estabelecidos.
No ponto 5 deste capítulo Para uma Política Urbano-Regional Contemporânea se
expressa claramente que a cidade é o lugar fundamental da organização da vida cultural,
sócio-política e econômica, que sintetiza a civilização, promove suas dimensões mais
estruturantes e tem sua expressão maior nos meios de produção e criatividade e nas
condições privilegiadas para a reprodução coletiva. (Esta afirmação dos autores deixa em
claro uma posição “urbano-centrista” do desenvolvimento a todos os níveis, sem
mencionar a pobreza e as maiores desigualdades da realidade latino-americana).
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
30
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
O capítulo termina propondo “construir lugares e atores”. Esses lugares propõem-se
como espaços e territórios plenos de significados sociais, centrados na reinversão da vida
cotidiana, no sentido da vida pública e coletiva e de suas condições múltiplas com as
diversas escalas que a globalização propicia. (não considera as relações sociais de
produção, nem as contradições do sistema capitalista, a pesar de ter citado a Marx com
uma interpretação estranha)
O Capítulo III sobre considerações metodológicas explica um conjunto de modelos
e formulas matemáticas para medir o Índice de Terciarização, que dimensiona a
capacidade de “carregamento” das atividades pelos serviços ofertados por uma
determinada região e o índice de capacidade de transbordamento desses serviços para outra
localidade.
Apresenta-se o Modelo Gravitacional que permite a definição da região de
interação de um pólo, ou seja, a demarcação da sua área de influência, levando em conta o
poder de atração determinado diretamente pela intensidade das trocas e inversamente pela
distância geográfica, refletida economicamente no custo de transporte por unidade de
produto transportado.
Diversas equações para cálculos são apresentadas para analisar trocas migratórias e
interações entre micro-regiões. Igualmente um índice de acessibilidade baseado no sistema
de transporte rodoviário articulado ao transporte hidroviário e com outras ferramentas
foram estabelecidos os tempos de deslocamento entre as micro-regiões geográficas;
O ponto três deste capítulo analisa biomas, ecorregiões e bacias hidrográficas como
elementos de regionalização, fazendo distinção entre espaço natural e espaço construído.
Consideram-se as partes das regiões naturais não ocupadas, por exemplo, do Cerrado e da
Amazônia como elementos de uma regionalização e se adverte que raramente coincidem
uma região polarizada com uma bacia hidrográfica. Já no caso de uma região estruturada
com base em rios a bacia é estruturante.
No ponto quatro discute-se a Repolarização Regional e Dispersão Produtiva dando
exemplos em regiões de México e China. Comentam-se as mudanças do Rio de Janeiro e
São Paulo com a mudança da capital e da industrialização de outras cidades. Inclui-se um
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
31
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
índice de capacitação tecnológica regional com base em patentes aprovadas, artigos
científicos publicados e alunos de Pós-Graduação em Áreas Tecnológicas.
No Capítulo 3 apresenta-se “Uma Proposta de Regionalização”, iniciando com os
Territórios da Estratégia que são seis grandes macro-regiões: 1) Bioma Florestal
Amazônico; 2) Sertão Semi-Árido Nordestino; 3) Litoral Norte-Nordeste; 4) Sudeste-Sul;
5) Centro-Oeste; 6) Centro-Norte.
Os cálculos de Polarização, Ajuste Ambiental e de Identidade Cultural, levaram a
11 macrorregiões com seus respectivos macropolos. A sub-regionalização identificou 118
sub-regiões, permitindo um ajuste mais fino entre os indicadores econômicos e sociais de
polarização e a compatibilização com as características ambientais e de identidade cultural.
Incluem-se cartogramas, a explicação do processo de regionalização em passos e uma
explicação da forma como foram caracterizadas as 118 sub-regiões em sócio-demografia,
estrutura econômica, território, rede urbana e centralidade,
No capitulo 4, apresenta-se a seleção dos Macro e Mesopolos e uma explicação da
sua função estratégica regional e nacional. Inclui-se a seleção dos novos sub-polos
estratégicos com funções predominantes de promover o desenvolvimento regional, mas
não se incluindo centros desse tipo no sudeste e sul.
Com base numa simulação do processo de desenvolvimento futuro e considerando
o tamanho atual da cidade, seu desempenho, as potencialidades econômicas do seu entorno
e sua posição estratégica, obteve-se multiplicadores da população dos macro-polos, e subpolos.
O documento discute Rede Urbana Prospectiva, sobre o qual apresenta diversidade
de formas de mensuração, como conectividade, centralidades, fluxos, estabilidade e
intensidade. Com base nesses conceitos sugere que entre as cidades podem acontecer todos
esses tipos de processos de maneira dinâmica e que podem ser quantificados.
Finalmente apresentam-se quatro modificações ao Modelo para Rede de Cidades
com base no modelo gravitacional e sobre o qual se fazem ajustes para gerar uma equação
com base no modelo gravitacional e sobre o qual se fazem ajustes para gerar uma equação,
ou seja, a sociabilidade das trocas que segundo o documento “mimetizam em alguma
medida a variedade de situações encontradas em qualquer rede de cidades... essa equação
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
32
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
será utilizada na simulação da rede de cidades do Brasil para o ano 2000 e será também
utilizada para ilustrar modificações nessa rede decorrente de uma política pública que dê
preferência para o desenvolvimento de algumas cidades”.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
33
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
4.3
REGIÕES DE INFLUÊNCIA DAS CIDADES 2007 (REGIC)
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –
CIDADES.
IBGE. REGIÕES DE INFLUÊNCIA DAS
Rio de Janeiro, 2008.
Por Fernando Negret7
O Estudo Regiões de Influência das Cidades foi elaborado pela equipe técnica do
IBGE que integram a Coordenação de Geografia do instituto, dentre os quais participaram
técnicos da área de Hierarquia e Regiões de influência e de Geoprocessamento. O
documento foi elaborado com o apoio do Centro de Documentação e Disseminação de
Informações do IBGE.
O estudo se apresenta estruturado em três grandes partes, uma inicial sobre a Rede
Urbana Brasileira com descrições gerais, a segunda que explica a metodologia e uma
terceira que expõe os resultados intermediários.
Na parte primeira, A Rede Urbana Brasileira, mostra os resultados finais do estudo
e explica que inicialmente se elaborou uma classificação dos centros urbanos e depois
foram delimitadas suas áreas de influência. Essa classificação privilegiou a função do
território avaliando níveis de centralidade do Poder Executivo e do Judiciário no nível
federal e de centralidade empresarial, bem como a presença de diferentes equipamentos e
serviços. Nesta primeira parte o documento mostra os resultados definitivos sobre
hierarquia dos centros urbanos, as regiões de influência e as relações entre redes e entre
centros. Entretanto e para um melhor entendimento do estudo optou-se nesta resenha por
explicar inicialmente a metodologia, expor como processo os resultados intermediários e
como conclusão os resultados finais.
A segunda parte dedicada à metodologia explicita um histórico sobre os estudos
realizados sobre a matéria no Brasil, os quais se iniciaram em 1966 com a Divisão
Regional do Brasil, posteriormente as Regiões Micro-Homogêneas em 1970 e a Divisão do
7
Coordenador do Mestrado em Desenvolvimento Regional da ALFA. Professor, pesquisador e consultor da
área regional, urbana e sócio-ambiental.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
34
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
Brasil em Regiões Funcionais Urbanas em 1970. Esses três trabalhos subseqüente e
articulados, adotaram a metodologia de Rochefort (1961, 1965) que buscava identificar os
centros polarizadores da rede urbana, a dimensão da área de influência desses centros e os
fluxos que se estabeleciam nessas áreas, a partir da distribuição de bens e serviços. Ou seja,
é a metodologia que ainda hoje se utiliza, complementada com outros fluxos de bens e
serviços.
Em 1978 foi retomada a pesquisa e publicados os resultados em 1987 como
Regiões de Influência das Cidades. Esse novo estudo tomou como base conceitual a “teoria
das localidades centrais” (Christaller, 1966) baseada na centralidade dos centros urbanos
decorrente da distribuição de bens e serviços. A freqüência da demanda de determinados
bens e serviços define padrões de localização diferenciados nos centros urbanos, sendo os
de consumo cotidiano os de maior demanda próxima aos centros urbanos e os bens mais
sofisticados, com menor demanda, localizados em centros urbanos de maior hierarquia.
Esse estudo foi realizado em 1416 em sedes municipais que dispunham de atividades que
poderiam gerar centralidade, além de seus limites municipais. O resultado foi um conjunto
de municípios em torno de um centro de zona o qual foi conceitualmente definido da
seguinte maneira: “uma unidade está subordinada a um centro quando com este mantiver
um relacionamento de intensidade igual ou superior ao dobro dos relacionamentos com
centros alternativos do mesmo nível hierárquico” (Regiões, 1987).
Em 1993 foi realizado outro estudo sobre as Regiões de Influencia das Cidades e
publicado em 2000. Esse estudo ressaltava os diferentes níveis, intensidades e sentidos dos
fluxos, sendo o espaço perpassado por redes desiguais e simultâneas. ”A rede dos lugares
centrais seria, então, um dos possíveis desenhos das redes geográficas”. Foram definidas
46 funções centrais subdivididas em três grupos de cidades de baixa, media e alta
centralidade. Foi aplicado um questionário e respondido pelas agências de IBGE sobre
2106 municípios com atividades indicativas de centralidade extra-municipal. A
centralidade foi calculada pelo total dos fluxos e os centros ordenados pela soma dos
pontos alcançados, definindo-se oito níveis de centralidade.
O estudo atual retoma a metodologia de 1972, na qual se classificam inicialmente
os centros urbanos e a seguir se delimitam suas áreas de atuação. Neste estudo privilegiouse a gestão do território, considerando a localização dos diversos órgãos do estado e das
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
35
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
empresas “cujas decisões afetam um território que fica sobre o controle das empresas nela
sediadas”. Com base nessa informação é possível avaliar níveis de centralidade
administrativa, jurídica e econômica. Além disso, e para qualificar melhor a centralidade
de centros urbanos e de centros especializados, possivelmente não selecionados por esse
critério, se fizeram estudos complementares incluindo outros equipamentos e serviços, tais
como atividades de comércio e serviços, atividade financeira, ensino superior, serviços de
saúde, internet, redes de televisão aberta e transporte aéreo. Com base nesses aspectos
foram identificados e hierarquizados os núcleos de gestão de território.
Após a classificação dos centros urbanos se estudaram as ligações entre cidades e
se determinaram as regiões de influência. Posteriormente se verificou que o conjunto dos
centros urbanos com maior centralidade em zonas extensas apresenta certas divergências
com o conjunto dos centros de gestão de território. Neste último caso encontram-se centros
que exercem somente funções centrais para a população local.
Finalmente o documento afirma que elementos importantes para a hierarquização
dos centros urbanos foram os centros de gestão do território, a intensidade de
relacionamentos e a dimensão da região de influência de cada centro.
O estudo inclui nesta parte da metodologia uma explicação detalhada dos Centros
de Gestão do Território, descrevendo cada um dos elementos ou fatores que foram
utilizados para a hierarquização:
a) Gestão Federal: se incluíram somente os órgãos públicos federais que implicam
acesso da população ao serviço, indicando assim centralidade. Nesse sentido
foram examinadas as localidades das unidades do INSS, da Secretaria de
Receita Federal e do Ministério de Trabalho e Emprego. A maior hierarquia foi
estabelecida segundo a localização das agências de maior nível e nesse caso
Brasília tem as agencias de maior hierarquia. Em relação ao judiciário foram
averiguadas as localidades dos órgãos da Justiça Federal Comum e da Justiça
Federal Especializada, as quais se organizam em tribunais e seções de diferente
nível hierárquico na localização estadual e municipal;
b) Gestão Empresarial: foi analisada a hierarquia das empresas com base no
Cadastro Central de Empresas – CEMPRE, do IIBGE, 2004 e considerando a
localização das unidades localizadas em municípios diferentes á sede da
empresas;
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
36
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
c) Comércio e Serviços: a análise deste fator ou indicador foi realizada também
com base no CEMPRE , 2004, de onde se extraiu a Classificação Nacional das
Atividades Econômicas. Com base nessa classificação foi pesquisado o número
de atividades presentes em cada centro urbano e estabelecida a hierarquia
urbana;
d) Instituições Financeiras: com base em dados do Banco do Brasil, foram
estabelecidos os bancos presentes em mais de 20 unidades federativas e
classificados os centros com maior número de instituições; a presença de um ou
mais de oito bancos de atuação nacional; o volume do ativo e o percentual do
volume no ativo da unidade total na unidade da Federação;
e) Ensino Superior: o ensino de graduação foi analisado com base no número de
alunos matriculados, número de Grandes Áreas abrangidas e número de tipos de
cursos existentes. Foram identificados seis níveis de centralidade. A pósgraduação foi analisada pelo número de cursos, número de grandes áreas de
conhecimento e proporção de cursos de excelência;
f) Saúde: os indicadores foram complexidade do atendimento disponível e o
tamanho do setor, avaliado pelo volume do atendimento realizado;
g) Internet: foram analisados os domínios da Internet, tanto em números absolutos
quanto por número de habitantes, se usando a seguinte fórmula: Nº de
Domínios/ População x 10.000;
h) Redes de Televisão Aberta: esse aspecto foi avaliado por município onde se
localiza a sede da geradora e de cada uma das filiadas.
Na Definição dos Centros de Gestão do Território, foi selecionado um total de
1.082, sendo 906 Centros de Gestão Federal e 724 de Gestão Empresarial. Para definir os
centros de gestão do território: “considerou-se que os centros de último nível somente
seriam mantidos se integrassem as duas classificações, ou se, estando apenas em uma
delas, destacavam-se em pelo menos dois dos eixos de análise de equipamentos e
serviços”. Finalmente foram selecionados 711 centros de gestão.
As Regiões de Influencia foram definidas a partir da “Intensidade das Ligações
entre as Cidades”. Nesse sentido foram investigados os eixos de Gestão Pública e de
Gestão Empresarial, além da saúde. No caso da gestão pública foram contadas as ligações
na relação de subordinação administrativa no âmbito da SRF, do INSS e do TEM. Para a
gestão empresarial foi somado o número de filiais ou unidades locais, instaladas num
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
37
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
centro, segundo a localização da sede. Os registros de internações hospitalares financiadas
pelas SUS identificam o local de residência e o de internação do paciente.
As informações foram levantadas mediante um questionário, pelas agencias do
IBGE, que perguntava sobre os locais procurados pela população para: 1) cursar o ensino
superior; 2) comprar roupa; 3) usar aeroporto; 4) buscar serviços de saúde; 5) atividades de
lazer. No questionário era possível listar até quatro destinos. Outro item pesquisou a
regularidade e a freqüência com que as pessoas podem se deslocar para outros municípios
utilizando transporte coletivo. Em comunicações investigaram-se em que município são
editados os jornais vendidos. Foram pesquisados os três principais produtos agropecuários,
a origem dos insumos e o primeiro destino da maior parte da produção.
A Segunda Parte do estudo, Resultados Intermediários, mostra de maneira
detalhada a Centralidade parcial encontrada com base em cada um dos critérios aplicados
sobre Gestão Federal e Gestão Empresarial. Assim, mostra-se a presença dos níveis
gerenciais em cada unidade territorial sobre os poderes executivo e judiciário nos
diferentes níveis de direção, bem como a distribuição espacial das sedes das empresas. Da
mesma maneira se apresentam os resultados específicos sobre a localização dos
equipamentos e serviços. Em comércio e serviços se afirma, por exemplo, como São Paulo
e Rio de Janeiro apresentam a diversidade máxima de classes nos dois setores e são os dois
centros de maior hierarquia. Da mesma maneira se mostram os resultados para as análises
das instituições financeiras, ensino superior, internet, redes de televisão aberta e conexões
aéreas.
Com base em todas essas análises setoriais se definiram os centros de Gestão do
Território, mencionados anteriormente, e também ás Áreas de Influência segundo Temas
Específicos, tais como os transportes coletivos com base nas ligações regulares, ensino
superior localizado onde os moradores se dirigem a cursar, saúde segundo deslocamentos
para consultas médicas, distribuição dos jornais, freqüência aos aeroportos municipais,
destino da produção e origem dos insumos da atividade agropecuária. Os mapas mostram
claramente a hierarquia de Goiânia em serviços e de Brasília em gestão federal. Cuiabá e
Campo grande aparecem distantes na dimensão da centralidade.
A parte primeira do estudo A Rede Urbana Brasileira mostra os resultados finais da
Hierarquia dos Centros Urbanos com base na gestão do território, avaliando níveis de
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
38
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
centralidade do poder executivo e do judiciário no nível federal e a gestão empresarial. A
classificação das cidades é a seguinte:
1. Metrópoles: são os 12 principais centros urbanos do país, divididos em
Grande Metrópole Nacional, que é São Paulo; Metrópole Nacional, Rio de
Janeiro e Brasília; Metrópole que inclui Manaus, Belém, Fortaleza, Recife,
Salvador, Recife, Belo Horizonte, Curitiba, Goiânia, e Porto Alegre;
2. Capital Regional, que integram 70 centros e tem três divisões: a) Capital
Regional Nível A com 11 cidades, com medianas de 955 mil habitantes e
487 relacionamentos. B) Capital Regional Nível B, 20 cidades com
medianas de 435 mil habitantes e 406 relacionamentos; c) Capital Regional
C, 39 cidades com medianas de 250 mil habitantes e 162 relacionamentos;
3. Centro Sub-Regional com 169 centros em duas categorias: Centro SubRegional A, com 85 cidades, medianas de 95 mil habitantes e 112
relacionamentos; Centro-Sub-Regional B, 79 cidades com medianas de 71
mil habitantes e 71 relacionamentos;
4. Centro de Zona, que inclui 556 cidades de menor porte, divididos em Centro
de Zona A, com 192 cidades, medianas de 45 mil habitantes e 49
relacionamentos e Centros de Zona B, 364 cidades, medianas de 23 mil
habitantes e 16 relacionamentos;
5. Centro Local, as demais 4.473 cidades cuja centralidade e atuação não
ultrapassam os limites do seu próprio município.
Com relação ás Regiões de influência foram identificadas 12 redes urbanas
comandadas pelas metrópoles. Três redes foram definidas como de primeiro nível porque a
principal ligação externa de cada metrópole é com as metrópoles nacionais. As redes são
diferenciadas em termos de tamanho, organização e complexidade. O documento descreve
cada uma das redes com seus centros urbanos.
Aborda-se ainda na primeira parte as relações entre as redes e entre os centros de
mais alto nível e afirma-se que os centros que comandam as 12 redes urbanas identificadas
se destacam pelas relações de controle e comando sobre centros de nível inferior, ao
propagar decisões, determinar relações e destinar investimentos, especialmente pelas
ligações da gestão federal e empresarial.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
39
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
No final da primeira parte, reitera-se que o estudo da rede urbana analisou duas
dinâmicas distintas: a de um sistema de localidades centrais que comanda sua hinterlândia
e a de um sistema de cidades articuladas em redes.
Cabe assinalar finalmente que o estudo apresenta matrizes das regiões de influência
e mapas muito bem elaborados sobre as zonas de influência dos principais centros urbanos
do país e das redes das cidades com base nas relações externas entre cidades.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
40
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
5
5.1
OBRAS SELECIONADAS: RESENHAS DOS ESTUDOS RELEVANTES
A DINÂMICA DEMOGRÁFICA DE GOIÁS
CHAVEIRO, Eguimar; CALAÇA, Manoel; REZENDE, Mônica C. S. A dinâmica
demográfica de Goiás. Goiânia: Ellos, 2009. 130 p.
Por João Batista de Deus8
Esse trabalho foi produzido por três geógrafos, sendo dois professores, doutores
em geografia, da Universidade Federal de Goiás, Manoel Calaça e Eguimar Chaveiro e a
geógrafa mestre Mônica Rezende. O Professor Eguimar trabalha com o tema a muitos anos
como pesquisador e também como professor da disciplina: Geografia da População. Já o
professor Manoel Calaça trabalha com temas relacionados ao campo, como Geografia
Agrária, que discutem as questões populacionais ligadas às mudanças ocorridas no campo
brasileiro e, em particular, em Goiás. Mônica Rezende foi orientada do professor Calaça
desde a graduação, como bolsista de iniciação à pesquisa, até o mestrado em geografia.
Atualmente trabalha no Conselho Nacional de Justiça em Brasília.
O livro trata da evolução populacional de Goiás, tendo como recorte temporal os
anos de 1970 ao ano de 2004. O texto aborda o tema à luz das principais categorias da
análise populacional. Procura dar um panorama da atual situação da população que reside
em Goiás, aprofundando em algumas questões. Levando em consideração que é o primeiro
livro lançado que faz uma análise dos dados na atualidade sobre esse tema, torna-o
imprescindível para iniciarmos as discussões sobre os temas sócio espaciais relativos ao
Centro-Oeste e, especificamente, Goiás. O livro foi dividido em três capítulos, sendo que
cada capítulo ainda dividido em vários subcapítulos. Cada capítulo foi produzido para dar
uma visão lógica sobre as questões populacionais de Goiás, ao mesmo tempo em que
discute as questões sócio espaciais do território goiano.
8
Diretor do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais – IESA / Universidade Federal de Goiás - UFG. Professor,
Doutor em Geografia.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
41
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
O estudo inicia com uma breve introdução, apresentando um visão geral sobre o
livro e preparando o leitor para o que vai encontrar pela frente. Em seguida vem o primeiro
capítulo, “Território e o Sujeito Social Espacializado: a evolução populacional do Estado
de Goiás”, que faz uma abordagem histórica da evolução populacional de Goiás e das
diversas regiões que compõe o território goiano. Mostra como o processo de ocupação e
povoamento de Goiás revela um crescimento populacional “induzido” acompanhado de
políticas territoriais, juntamento com os projetos de colonização. Segundo os autores, só
assim poderemos compreender as bases de sustentação para a atual configuração, para que
possamos captar as funções que os municípios exercem no território goiano a partir das
transformações ocorridas após os anos de 1970.
Nesse capítulo, a questão teórica trabalhada parte do princípio de que o sujeito
social está envolvido no espaço a partir do modelo de acumulação ligado a um modo de
vida, sendo esse territorializado de maneira diferenciada, conferindo aos lugares as
expressões sociais dos diferentes conteúdos. Apresenta ainda como se distribui a população
de Goiás para então fazer o resgate histórico, que inicia com a questão do campo e a
relação campo-cidade. Mostra como a modernização do campo proporcionou profundas
alterações na composição da população no que se refere ao local de residência, com fortes
repercussões nas áreas urbanas e como essas alterações forjaram a atual configuração do
território, a consolidação dos atuais centros populacionais e a formação das áreas
metropolitanas de Goiânia e Brasília.
O segundo capítulo intitulado “Espaço/Tempo da Estrutura da População Goiana:
1970 a 2004” inicia marcando posição contrária com relação ao método neopositivista,
afirmando que as questões quantitativas descoladas das relações sociais são meras
abstrações e que apenas os dados numéricos não dariam conta do verdadeiro sentido da
organização e construção sócioespacial. Partindo desse princípio aborda, teoricamente, a
possibilidade da geografia realizar análise pelas categorias espaço e território, categorias
essas com forte conotação das relações sociais. Colocadas as bases teóricas, analisa o
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) no Estado de Goiás, relacionando esse índice
com o desenvolvimento econômico, mostrando as desigualdades regionais. Através da
análise referendada por tabelas e mapas, mostra como há um Goiás desenvolvido e outro
miserável. O sul e a porção central do Estado, com estreitas ligações com o sul e o sudeste
brasileiro, especialmente São Paulo, estão relativamente bem em comparação com com o
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
42
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
norte e nordeste do Estado, pois tem uma dinâmica econômica que possibilita gerar
emprego e renda. Discute também a pobreza nas regiões metropolitanas de Goiânia e
Brasília.
Outra questão abordada é a fecundidade, ou seja, como essa categoria chave da
demografia está relacionada ao acesso da população à educação, saúde e renda. Demonstra,
através dos dados, a localização dos municípios mais pobres e com maior problema, todos
localizados nas regiões tradicionalmente pobres: o norte e o nordeste. Outra relação feita
pelos autores é que apesar da fecundidade do Estado ter caído para 2,2 filhos por mulher,
houve crescimento de fecundidade entre a faixa etária entre 15 e 17 anos. Ou seja, não é
possível tratar da questão sem levar em conta as relações sociais. O capítulo aborda
também a mortalidade infantil, fazendo relação com o crescimento vegetativo e o
desenvolvimento regional e o acesso da população à saúde e a boa alimentação. Mostra
como as regiões norte e nordeste tem situação frágil e destoa do restante do Estado, em
especial as regiões centrais e sul de Goiás. Feito isso, analisa a estrutura etária da
população fazendo uma evolução da pirâmide etária, indo de 1970 à 2000. O conjunto de
pirâmides vai de bases largas em 1970 para arredondada em 2000, evidenciando o
envelhecimento da população goiana.
O terceiro capítulo “A Demografia e o Território: unidades e diferencialidades”
trata do processo migratório. Inicialmente, os autores afirmam que as análises já realizadas
sobre o tema refutam a proposta neopositivista, trabalhando com a idéia de migração
forçada, ou seja, o processo migratório está relacionado às condições econômicas e sociais
dos indivíduos nos lugares de origem, obrigando-os a migrarem. Na seqüência, faz
abordagem da teoria do processo migratório, para então analisar a migração em Goiás.
Sobre a questão, mostra as razões que levam o Estado de Goiás a ser a segunda unidade da
federação a receber mais migrante, só perdendo para São Paulo. Demonstra como essa
migração contribuiu para formação das regiões metropolitanas de Goiânia e Brasília (no
caso a região do entorno de Brasília) e o fortalecimento do pólos atratores de população, as
cidades com maior dinâmica econômica. Outra questão relacionada ao tema é a
infraestrutura viária e de comunicação como fatores que propiciam o processo migratório.
As migrações não são homogenias e tem forte diferenças entre as regiões, sendo que a
maior quantidade de migrantes vem do Estado de Minas Gerais, seguidas pela Bahia,
Distrito Federal, São Paulo, Tocantins, Ceará e Maranhão. As regiões goianas que recebem
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
43
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
a maior parte dos migrantes do sudeste e sul do país são a Mesorregião Sul e Central. Os
migrantes da região norte e nordeste do país tem como principal destino as regiões
metropolitanas de Goiânia e Brasília.
Esse capítulo analisa ainda como esse processo migratório moldou, ao longo dos
anos, o território goiano e fortaleceu os antigos núcleos urbanos mais dinâmicos, levando a
regiões metropolitanas a concentrar grande contingente da população goiana (mais de
cinqüenta por cento da população de Goiás estão concentradas nas regiões do entorno de
Brasília e metropolitana de Goiânia), podendo ser ampliada se considerarmos o eixo
Brasília-Goiânia. Fora das regiões metropolitanas, alguns grandes pólos concentram
população, tais como: Rio Verde, Itumbiara, Jataí, Catalão, etc. Por fim, os autores tratam
da migração de goianos para outros países, pois o Estado de Goiás é o segundo Estado
brasileiro que mais migra para os países “desenvolvidos”. Para os autores esse processo
demonstra as ligações em redes estabelecida no território e a possibilidade da população ter
acesso a essas ligações criando possibilidades e desejos.
O livro “A Dinâmica Demográfica de Goiás” faz abordagem ao tema populacional,
buscando tratar das questões empíricas relacionadas à teoria, dando maior credibilidade e
enriquecendo o texto. Procuraram relacionar as categorias geográficas como território,
espaço geográfico e lugar com as categorias da demografia. A boa espacialização dos
dados através de mapas e a disposição em tabelas facilitam, para o leitor, a compreensão,
em meio a muitos números e índices. Considero essa obra relevante também devido a
pouca bibliografia existente sobre o tema, pois boa parte da produção acadêmica sobre esse
tema é de estudo de caso.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
44
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
5.2
A REGIÃO COMO ARENA POLÍTICA: UM ESTUDO SOBRE A PRODUÇÃO DA REGIÃO
URBANA CENTRO-GOIANO
ARRAIS, T. P. A. A região como arena política: um estudo sobre a produção da
região urbana Centro-Goiano. Coleção Linhas Temática. 01. de. Goiânia: EV. Editora Série Ensaios Temáticos, 2007. v. 01. 259 p.
Por João Batista de Deus9
Esse trabalho foi produzido pelo geógrafo Tadeu Alencar Arrais, professor da
Universidade Federal de Goiás. O presente professor trabalha com o tema geografia
regional e território, tendo o seu foco principal o estado de Goiás. Com vários trabalhos
sobre o eixo Brasília-Goiânia, faz parte do corpo docente da pós graduação em Geografia
da UFG e é editor da revista “Boletim Goiano de Geografia”. Ministra aulas na graduação
com a disciplina: geografia de Goiás.
O livro discute a questão regional, procurando dar uma abordagem moderna, descolando
da abordagem clássica, introduzindo a categoria território e relacionando-a com o atual
momento, ou seja, trabalhando com a fluidez do território em um mundo globalizado, com
inúmeros fluxos, passando através dos fixos cada vez mais robustos. A região em foco
abrange as áreas metropolitanas de Goiânia e Brasília, além de Anápolis, compreendendo
uma área de aproximadamente 15.000 km2, com população superior à 4,5 milhões de
habitantes e peso socioeconômico ímpar no Centro-Norte brasileiro. O Eixo de
Desenvolvimento Goiânia-Anápolis-Brasília reflete um novo momento de produção da
região, ligando-a ao projeto da competitividade, onde se busca imprimir a idéia de
velocidade, ligada ao marketing regional. Essas questões são abordadas em contradição
com os atores locais, que, na opinião do autor, criam um processo de fragmentação dos
ambientes metropolitanos de Goiânia e Brasília.
O livro é dividido em cinco capítulos, onde o autor discorre sobre o tema fazendo
inicialmente uma problematização no primeiro capítulo “Reconhecendo a Problemática”.
9
Diretor do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais – IESA / Universidade Federal de Goiás - UFG. Professor,
Doutor em Geografia.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
45
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
As questões são abordadas nesse capítulo e respondidas nos subseqüentes. As várias
questões levantadas estão relacionadas desde a problemas oriundos da migração pendular,
passando pela assistência à população, até as questões relacionadas a gestão do território.
Discute também questões conceituais relacionadas ao tema, utilizando categorias como
urbano, região e território. Assim, nesse capítulo o autor conduz o leitor, apontando o que
lhe aguarda nos próximos capítulos, dando uma base para a discussão futura.
No segundo capítulo “Globalização e Geografia regional”, o autor aprofunda a discussão
das questões teóricas, inserindo a problemática da globalização, relacionando o local com
o global e com o regional. Nesse capítulo, discuti-se com diversos autores os temas
citados, buscando levar a discussão para a definição dos conceitos, pelos quais serão
trabalhados nos capítulos posteriores, em especial colocando a dimensão do vivido na
discussão regional.
No terceiro capítulo “O Território Goiano: formação regional”, o autor discorre como foi
produzido, ao longo da história, a formação do Estado de Goiás e suas regiões, em especial
da porção central dessa Unidade da Federação. O destaque especial é para Goiânia e
Brasília. No caso de Goiânia o tema da modernidade está presente, conjuntamente com a
elite agrária conservadora que a produziu. O papel da capital na configuração regional e a
estrutura que surge em função dessa alteração produzida no espaço. Brasília foi discutida
aos olhos dos mega projetos da época e da discussão da desigualdade regional. Para o autor
a construção de Brasília se insere na lógica acumulativa, integrando a fronteira agrícola do
país, cumprindo um duplo papel, o de ser sede dos poderes institucionalizados e de
desempenhar um papel regional como pólo de desenvolvimento. Assim, as duas capitais
cumpriram o papel determinado, se tornando atratores populacionais e de investimentos.
No quarto capítulo, “O Centro Goiano: em busca de uma região”, o autor descreve e
analisa a região Centro Goiano (nomenclatura usada pelo autor), como uma região com
alto índice de urbanização, não apenas populacional, mas também como modo de vida e
articulação espacial, inserida no processo produtivo global e moderno. Assim, é um espaço
com expressiva influência regional, contendo duas metrópoles e a cidade de Anápolis,
criando um território polinucleada multifuncional e fragmentada. Centro receptor e
irradiador de modernidades. Através de diversos mapas, esquemas, tabelas e gráficos o
autor mestra o papel dos municípios na região e sua articulação. Ao mesmo tempo em que
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
46
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
discute a centralidade, mostra como essa região é palco de conflitos e tensões, devido aos
diferentes projetos dos diversos grupos sociais envolvendo atores hegemônicos e nãohegemônicos, tornando a região uma “arena política”.
O quinto e último capítulo, “O projeto Regional como Expressão da 'Arena Política'”, temse a discussão da região enquanto atratora de investimentos, não apenas privado, mas
principalmente público, dentro do projeto, que o autor considera vitorioso, de transformar a
região em um grande eixo de desenvolvimento ligado ao projeto dos atores hegemônicos.
Para tal, discute o papel de estado inserido no discurso associado ao Consenso de
Washington. Assim, pensa-se na região como uma integração competitiva, que não está
descolada das relações de produção capitalista. Para a consolidação dessa região, diversos
projetos públicos são projetados e alguns concretizados, tais como o porto seco de
Anápolis e outros com pouca viabilidade, segundo o autor, como o Trem Veloz entre as
duas capitais. A chave do discuso é atender os novos padrões de produção e consumo,
integrando as áreas à economia internacional. Apesar do discuso hegemônico, para o autor,
a fragmentação do território é notória e está relacionada a atuação do atores não
hegemônicos, criando uma contra-racionalidade transformando a região em uma “arena
política”. Por fim, considera que há uma determinada hegemonia regional que ocorre
dentro do Estado, quanto fora dele, sendo difícil de ser quebrada.
Em resumo, o livro “A região como arena política: um estudo sobre a produção da região
urbana Centro-Goiano” discute a principal região d Centro-Oeste brasileiro, o eixo
Goiânia-Anápolis-Brasília. O autor trabalha com dois discursos, sendo um hegemônico,
vinculado ao Estado e ao capital e outro ligado aos atores denominados não hegemônicos,
os diversos grupos sociais antagônicos ao capital e ao modelo neoliberal, criando, o que foi
denominado pelo autor, a “arena política”.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
47
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
5.3
SUBSÍDIO À REGIONALIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO FUNCIONAL DAS CIDADES: O CASO
DE CATALÃO-GO
MOYA, G. L. C. Subsídio à regionalização e classificação funcional das cidades: o caso
de Catalão-GO. Rio Claro: Unesp, 2000. (dissertação de mestrado).
Por João Batista de Deus10
O presente trabalho foi escrito pelo geógrafo Guillermo Leônidas Castro Moya,
professor da Universidade Federal de Goiás, Campus de Catalão. A dissertação foi
defendida na UNESP de Rio Claro – SP, no Instituto de Geociências e Ciências Exatas no
ano de 2000.
Inicialmente o autor faz uma longa introdução, onde aborda alguns aspectos
históricos da região, desde o seu surgimento até o ano de 2000. Na visão do autor, a
história de Catalão mistura-se à história de Goiás, com registros anteriores a 1744. Foram
estabelecidos marcos históricos de grande importância para a região, que foram
trabalhados no capítulo seguinte.
No primeiro capítulo, intitulado “Caracterização Geral do Objeto de Estudo”,
realizou-se uma descrição minuciosa da região, utilizando mapas quadros e tabelas. Nessa
descrição é tratada a localização geográfica e geodésica. A estrutura viária foi ressaltada e
relacionada à localização.
Fez uma contextualização histórica estabelecendo marcos importantes para a
formação da região. Entre os marcos está a construção da Estrada de Ferro Mogiana. A
Estrada de Ferro proporcionou a ligação de Goiás, e especificamente a região, entrar em
contato com o litoral e, a partir daí, receber inovações. Foi construída grande malha férrea
por toda a região, com várias estações de carga e passageiros na zona rural. Essas estações
se transformam em cidades, dando o formato da camada Região da Estrada de Ferro, que
se estende até Anápolis.
10
Diretor do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais – IESA / Universidade Federal de Goiás - UFG. Professor,
Doutor em Geografia.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
48
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
Outro marco importante para o autor foi a descoberta de minério em
Catalão/Ouvidor, com início da extração nos anos de 1970. O impacto dos investimentos
com a construção das empresas de mineração e posteriormente a lavra, acelerou o
crescimento do município de Catalão, levando a diminuição da população dos municípios
vizinhos, reconfigurando a região e fortalecendo Catalão como pólo regional.
A expansão da fronteira agrícola foi outro evento que marcou a região, atingindo
boa parte dos municípios. Intensificou a migração do Sudeste e Sul brasileiro para o
sudeste goiano. Mudou a maneira de produzir no campo. Criou-se inúmeras empresas
rurais e dinamizou o comércio local, ao mesmo tempo em que se esvaziava o campo. No
raciocínio do autor, esses marcos históricos foram fundamentais para o entendimento da
configuração regional.
No capítulo seguinte, denominado “Aspectos Físicos” são traçados os aspectos
físicos naturais da região. Inicia-se com a geologia da região, estabelecendo a formação
geológica da região (a região está assentada na porção nordeste do Escudo Cristalino, na
Bacia Sedimentar do Paraná), as principais unidades geológicas que compõe esse território,
são elas: Pré-Cambriano indiviso, Pré-Cambriano Médio, Terrenos Cretáceos, Cobertura
Terciária detrítico-laterítica. Também foi a estrutura Geomorfológica e a evolução do
relevo ao longo do tempo. A análise geomorfológica é relevante na relação posterior, com
as áreas ocupadas para a agricultura mecanizada. O solo é caracterizado com mapas
localizando os tipos de solos mais relevantes, com predomínio de Latossolo vermelho
escuro e Latossolo vermelho amarelo. Na seqüência, vem a hidrografia que moldou o
relevo. Destacam-se quatro bacias hidrográficas que deságuam no Rio Paranaíba, principal
rio da região.
O capítulo seguinte, “Aspectos Econômicos”, trata das atividades econômicas
encontradas, seguindo a seguinte ordem: a mineração, com a extração de rocha fosfática e
nióbio, além de reservas de titânio, vermiculita, terras raras, entre outras; a agricultura,
nesse momento é apresentada a estrutura fundiária regional, a forma de utilização das
terras, os principais produtos com área colhida e rendimento médio, com destaque para
arroz, milho, soja e cana-de-açúcar; a pecuária é outra atividade importante, pois ocupa as
áreas mais acidentadas, impróprias para agricultura; a indústria é destaque já que em
Catalão foram construídas plantas de duas montadoras, a Mitsubishi Motors Corporation e
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
49
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
a John Deere Company, e várias misturadoras de adubo; o comércio e serviços assumem
relevância devido à situação de pólo regional, pois servem à toda região.
O capítulo “Aspectos Sociais” trata inicialmente da população, tendo como
subtítulo, Demografia. A questão populacional é verificada com um histórico da taxa de
crescimento de Catalão em comparação com a região, demonstrando como Catalão cresceu
acima da média regional de 1991 à 1996. Alguns municípios da região tiveram crescimento
negativo que, para o autor, representa o processo de estagnação econômica. O processo de
desenvolvimento levou a um elevado grau de urbanização, fator analisado pelo autor.
Conjuntamente com a urbanização discute-se o êxodo rural e os problemas urbanos
relacionados à pouca infraestrutura das cidades goianas para atender às novas demandas. A
habitação recebe destaque, afirmando que grande maioria das casas das cidades da região
são casas populares, com terrenos pequenos, pouca área construída e elevado número de
moradores por residência. Na saúde, outro tema tratado, foi constatado que apenas três
municípios tinham leitos públicos enquanto quatro não tinham nenhum. O restante fazem
parte da rede privada e filantrópica, mas conveniado com o SUS. No geral a estrutura é
compatível com a região, tendo Catalão e Ipameri como centros médicos principais. A
educação tem uma boa estrutura no município de Catalão, contando com 16000 alunos e
duas instituições de nível superior, uma federal e outra privada.
Por fim, o capítulo que fecha a análise “Formação e Consolidação de uma Região
Funcional”, onde primeiramente é feita uma discussão teórica de região funcional
trabalhando o conceito de que a hierarquia funcional está relacionada à vinculação entre o
centro primaz e sua área de influência, atendendo à região com bens e serviços. Nesse
capítulo discute-se também a metodologia adotada pelo IBGE para classificação e
hierarquização de cidades, o REGIC. Baseado na metodologia do REGIC, o autor mostra o
papel do centro regional, Catalão, e como esse se articula à região.
A dissertação “Subsídio à regionalização e classificação funcional das cidades: o
caso de Catalão-GO” aborda a problemática regional partindo da metodologia do IBGE
para classificação de cidades e, a partir dessa metodologia, mostra a centralidade de
Catalão. Mas, para chegar até esse momento, o autor faz boa caracterização da região,
situando o leitor no objeto da pesquisa.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
50
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
5.4
GOVERNO DO ESTADO DE GOIÁS. DIRETRIZES DE POLÍTICA INDUSTRIAL E
TECNOLÓGICA (VERSÃO PRELIMINAR).
Goiânia, 2007
Por Nair de Moura Vieira. 11
O documento, Diretrizes de Política Industrial e Tecnológica (versão Preliminar),
foi elaborado por um Grupo de Trabalho de Política Industrial, composto por técnicos da
SIC (Secretaria de Estado da Indústria e Comércio), SEFAZ (Secretaria de Estado da
Fazenda), SEPLAN (Secretaria de Estado do Planejamento e Desenvolvimento), SEAGRO
(Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento), SECTEC (Secretaria de Estado da
Ciência e Tecnologia), SECOMEX (Secretaria de Estado do Comércio Exterior) e PGE
(Procurador Geral do Estado). O documento foi redigido por Sérgio Duarte de Castro.
O estudo se apresenta estruturado em cinco partes, uma inicial sobre Cenário
Internacional, Nacional e Estadual enfocando a Política Industrial. A segunda trata do
objetivo geral de transformar o Estado de Goiás em um pólo agroindustrial e elenca os
objetivos específicos. Na parte 3, descreve a visão estratégica com a dimensão setorial,
onde destaca o perfil setorial, o modelo de desenvolvimento e as opções estratégicas
setoriais, e a dimensão regional com as opções estratégicas regionais. A quarta parte trata
das ações verticais: políticas de apoio ao investimento, ações de desenvolvimento em áreas
estratégicas e ações gerais de modernização e competitividade industrial setorial; e
horizontais: inovação e desenvolvimento tecnológico, educação e capacitação profissional,
infra-estrutura e inserção externa. Na parte 5 foram estabelecidas a coordenação e a
operação das ações propostas nas diretrizes.
Na primeira parte, o estudo apresenta um cenário internacional enfocando a
competição econômica e tecnológica entre países e regiões e a tendência à integração.
Quanto à estrutura produtiva destaca “automação integrada flexível como novo paradigma
industrial; importância crescente do complexo eletrônico, da química fina e de novos
11
Coordenadora Pedagógica e professora do Curso de Ciências Econômicas da Universidade Católica de
Goiás - UCG.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
51
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
materiais; revolução nos processos de trabalho e nas estratégias empresariais; alianças
estratégicas e formação de redes como forma de competição”. Enfatiza que na elaboração
de política industrial em escala subnacional deve-se abordar 4 aspectos: A inovação e o
conhecimento como requisito fundamental da competição global, acirramento da
competição locacional, abertura de novos espaços de atuação para os estudos subnacionais
e a abertura de novas oportunidades no agronegócio mundial.
No cenário nacional mostra a ausência de uma política voltada para “um
desenvolvimento mais equilibrado e integrado do país” e a generalização da “guerra fiscal”
e sua ameaça à coesão e a solidariedade regional, mas que mesmo assim os estados têm
sido pró-ativos na definição dos rumos de seu desenvolvimento e conseguido avanços
importantes com agressivas políticas de atração de investimentos; pois aprenderam que,
“os incentivos fiscais não são suficientes para a articulação de um sistema produtivo local
coerente e sustentável” e, por isso, têm sido mais seletivos na concessão dos benefícios
orientados para o desenvolvimento endógeno sustentável.
Ressalta a proposta de Reforma Tributária do governo federal que retira dos estados
sua autonomia sobre o ICMS, impedindo-os da concessão de incentivos fiscais e aponta
dois desafios aos estados federados: “de se articularem e pressionarem o governo federal
no sentido da preservação de sua autonomia sobre o ICMS12 e da articulação de uma
efetiva política nacional de desenvolvimento industrial e regional”. Pesa nestes desafios,
dentre outros, o baixo crescimento, as elevadas taxas reais de juros e a carente infraestrutura.
O cenário estadual mostra, em 1984, o esforço em estabelecer uma política
industrial própria à base de concessão de benefícios fiscais, com o Fundo de Participação e
Fomento à Industrialização do Estado de Goiás (FOMENTAR) e, em 2000, o Programa de
Desenvolvimento Industrial de Goiás (PRODUZIR) com dois grandes avanços:
incorporando o “estimulo a verticalização e agregação de valor a produção primária de
Goiás, e na redução das desigualdades regionais no âmbito do próprio Estado; e
12
O estabelecimento de regras que disciplinem o uso de instrumentos fiscais, entretanto, são importantes para
evitar as evidentes distorções da guerra fiscal.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
52
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
articulando o programa de incentivos fiscais em busca de um desenvolvimento sustentável,
situando-se no plano “Goiás Século XXI” (de 1999).
Os resultados, a partir de 1999, são apontados através da média do PIB goiano cujo
crescimento entre 1999 e 2004 foi maior que a média nacional com 4,4% e 2,6%,
respectivamente. “O crescimento é liderado pela expansão da indústria, cuja participação
no PIB do estado salta de 28,7% em 1998 para 35,5% em 2004”. E, entre 1998 e 2005,
houve uma expansão do emprego na indústria de transformação com um crescimento
acumulado de 74,8%. Em seguida, afirma-se que o crescimento do emprego está associado
à agregação de valor à produção primária do Estado de Goiás e dimensiona o processo de
verticalização da produção de grãos com o avanço da capacidade de processamento de
óleos vegetais e as atividades de refino e envase; às unidades fabris do setor lácteo e
complexo carnes; processamento de olerícolas (Goiás é líder absoluto na industrialização
de atomatados); mineração com destaque do fosfato, ferroníquel e ferronióbio.
Um aspecto interessante é que o desenvolvimento industrial ocorrido no Estado
vem acompanhado de redução de pobreza e desigualdade na distribuição de renda. O
documento aponta duas grandes limitações do PRODUZIR quanto aos objetivos propostos:
não promoveu uma maior distribuição regional dos investimentos sendo que 45,6% dos
empreendimentos implantados localizam-se na região metropolitana, ficando a região
norte, nordeste e entorno do DF com apenas 5,6% do total; e “não houve uma integração
efetiva e coordenada entre o conjunto das ações que pudesse configurar de fato uma
política industrial mais ampla”.
Ressalta que, diante do grau de maturidade atingido é necessário um salto de
qualidade contemplando uma política mais articulada, com maior seletividade setorial e
regional, “maior efetividade nos mecanismos de indução, mecanismos eficientes de
coordenação e exigências de contrapartidas claras que estimulem a inovação, a
modernização e a melhoria de competitividade das empresas”.
Diante do exposto, na segunda parte, que trata dos objetivos, com o propósito de
transformar Goiás em pólo agroindustrial com destaque no cenário nacional e
internacional, tendo como motor propulsor a expansão e modernização da indústria
listaram-se os seguintes objetivos: ampliar a competitividade da indústria local; estimular a
modernização produtiva e a inovação tecnológica; gerar emprego e renda reduzindo a
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
53
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
pobreza e as desigualdades sociais; contribuir para a criação e conquista de novos
mercados no Brasil e no exterior; estimular o desenvolvimento local contribuindo para a
redução das desigualdades sociais e regionais; e adensar o tecido industrial, intensificando
seus encadeamentos produtivos e tecnológicos e ampliando o poder multiplicador dos
investimentos.
Na terceira parte, salientam que a política industrial deve ser elaborada com uma
visão estratégica compartilhada, para orientar as políticas públicas e mobilizar os
segmentos sociais em prol de um projeto de Estado subnacional. Na dimensão setorial fazse uma abordagem teórica sobre classificação setorial e, em seguida mostra na indústria de
Goiás os segmentos intensivos em recursos naturais têm maior peso, representado pela
agroindústria com destaque para os complexos de processamento de grãos e carnes, o
lácteo, o de processamento de tomate e o sucro-alcooleiro. A industria de extração e
beneficiamento de bens minerais com destaque o níquel, nióbio, fosfato, amianto-crisotila
e ouro. Seguem-se os setores intensivos em Mão de obra: indústria tradicional de
confecções, calçados e móveis, sendo a segunda maior empregadora depois da alimentícia.
Com a expansão da agroindústria desenvolveu-se a indústria de embalagens papel/papelão,
plásticas e metálicas para atender à demanda do Estado e região Centro-Oeste. Os setores
intensivos em escala, embora recentes na economia goiana, destacam-se a indústria
química (aditivos para a indústria de alimentos, de cosméticos e de produtos de limpeza.
As indústrias locais produzem bens de consumo destinados a pessoas de baixa renda. São
produtos de limpeza e higiene pessoal, fraldas descartáveis, tubaínas e biscoitos) e
farmacêutica (medicamentos “similares”). Outro setor é o automobilístico que conta
Mitsubishi e a Hyundai/Caoa. O setor de fornecedores especializados é incipiente na
estrutura industrial de GOIÁS. O setor baseado em ciência é praticamente inexistente no
tecido industrial local embora já se destaque o de equipamentos médicos com
desenvolvimento de softwares.
Apontaram duas visões de futuro, a primeira tem como perfil desejado “uma
estrutura industrial mais intensiva em tecnologia, voltada para a fabricação de produtos
diferenciados, de maior valor agregado e maior dinamismo tecnológico e de mercado” com
a estratégia de atrair e promover investimentos locais nos setores de fornecimentos
especializados, apostar em segmentos da oleoquímica fina e pesada e da sucroquímica. A
segunda, aponta a articulação de duas ações: de caráter horizontal de apoio aos MPN’s
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
54
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
(Micro e Pequenos Negócios) voltadas para a capacitação gerencial e profissional, acesso
ao Crédito e mercados, para desenvolver e incorporar tecnologias apropriadas à pequena
produção e sua integração à dinâmica industrial do estado; de identificação de vocações
locais “a partir das diretrizes gerais da política industrial” apoiando-se nas ações de suporte
ao desenvolvimento de APL’s no âmbito estadual. Desta forma, estabeleceram-se como
setores estratégicos: bens de capital, bioenergia, oleoquímica e sucroquímica, fármacos e
medicamentos, pequenos Negócios Inovadores, e como portadores de futuro: biotecnologia
e softwares.
Trabalharam a visão de desenvolvimento industrial de corte regional a partir de três
conceitos: cidades pólo, redes de cidades e eixos de desenvolvimento. Cidades pólo “são
aquelas que, por sua densidade econômica, têm potencial para alavancar o
desenvolvimento da região em seu entorno”. Devendo ser articulado ao de “rede de
cidades”, para obter os resultados esperados. Rede de cidades compreendendo “a
organização do conjunto das cidades e suas zonas de influência, em cada região, a partir
dos fluxos de bens, pessoas e serviços estabelecidos entre si e com as respectivas áreas
rurais”. Eixo de desenvolvimento “corte espacial de unidades territoriais contíguas,
articuladas em torno de uma via de transporte importante, efetiva ou potencial, com
acessibilidade aos diversos pontos situados na área de influência do eixo”.
Apresenta Goiás como um estado com fortes desigualdades regionais, número
limitado de cidades médias (48) com mais de 20 mil habitantes e desigualmente
distribuídas pelo território. As cidades mais antigas concentradas ao longo da BR 153,
aglomeradas no centro e em torno da capital; uma no entorno do Distrito Federal e outra,
mais recente, no eixo Mineiros-Itumbiara. Com a indústria ocorre o mesmo, em um
número menor de cidades. Destacaram que há uma “ausência de municípios com efetiva
capacidade de polarização em todo o Oeste, Norte e Nordeste do Estado” e que, apenas ao
Sul e Sudoeste aparecem municípios com capacidade de polarização. Identificou-se
também um conjunto de subpólos nas regiões menos desenvolvidas e que na região
Noroeste de Goiás parece um vazio urbano onde predomina a pecuária extensiva. Os pólos
e sub-pólos, mesmo os mais dinâmicos, apresentam baixa capacidade de integração e
contribuição para o desenvolvimento de rede de cidades e que, por isso, há um
esvaziamento no interior do Estado e uma concentração no Entorno do DF e região
Metropolitana de Goiânia. Os principais eixos da economia goiana estão situados ao sul do
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
55
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
estado e vinculados aos fluxos com o Triângulo e São Paulo, exceto o eixo GoiâniaBrasília.
Apresentam como estratégia: “maximizar o potencial dos pólos e eixos mais
dinâmicos, a partir de suas vocações; fomentar fortemente, o desenvolvimento dos demais
eixos, assim como dos sub-pólos; fomentar a articulação e inserção da rede de cidades no
movimento dinâmico de seus pólos e eixos; apoiar programas de desenvolvimento local
que dinamizem a pequena produção rural e urbana; estimular a articulação e inserção da
pequena produção no movimento dinâmico dos grandes complexos de cada região; e
adensar a rede urbana nas regiões vazias”.
Na quarta parte propõem a criação e/ou adequação de um conjunto de instrumentos
e ações de caráter vertical, como incentivos fiscais e financeiros (Nova Lei do Produzir e
Benefícios Fiscais), de financiamento (Fundo Constitucional do Centro Oeste – FCO,
Agência de Fomento, BNDES, FUNMINERAL), do uso do poder de compra, não apenas
do Estado, mas também interindustrial, e de promoção comercial. Assim como ações de
caráter horizontal nas áreas de inovação e desenvolvimento tecnológico; educação e
capacitação empresarial, infra-estrutura; e inserção externa.
Por fim, na quinta parte, propõem a criação de um Grupo de Acompanhamento da
Política Industrial sob a coordenação da Secretaria de Indústria e Comércio e com
representantes das seguintes Secretarias de Estado: de Indústria e Comércio, do
Planejamento, da Fazenda, de Ciência e Tecnologia, de Comércio Exterior, da Agricultura,
de infra-estrutura e de Meio Ambiente e Recursos Hídricos que ouviria a sociedade
organizada através de suas entidades representativas.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
56
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
5.5
O SUDESTE GOIANO E A DESCONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL
Deus, João Batista de.
O SUDESTE GOIANO E A DESCONCENTRAÇÃO INDUSTRIAL.
Brasília: Ministério da Integração Nacional: Universidade Federal de Goiás, 2002.
Por Nair de Moura Vieira.13
O livro O Sudeste Goiano e a desconcentração industrial elaborado pelo professor
João Batista de Deus, doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo e
diretor do Instituto de Estudos Sócio-Ambiental, o livro pertence à Coleção Centro-Oeste
de Estudos e Pesquisas publicado pelo Ministério da Integração Nacional, por meio de sua
Secretaria de Desenvolvimento do Cento-Oeste, que divulga obras representativas da
cultura centro-ocidental brasileira.
O livro está estruturado em quatro capítulos: O Capítulo 1 trata dos conceitos
teóricos e metodológicos que nortearam a pesquisa; a práxis, a produção, a aparência e a
essência do espaço; o movimento e as suas contradições; o trabalho e a produção do lugar;
a totalidade e o particular no lugar e as contradições sociais e a produção do espaço. O
Capítulo 2 mostra o processo de formação regional e o papel do município de Catalão
como pólo regional do Sudeste Goiano, uma breve periodização da formação histórica do
Sudeste Goiano, levanta os aspectos fundamentais da natureza territorial da microrregião
Catalão com sua estrutura fundiária e agricultura e pecuária, a presença industrial,
comercial e o crescimento educacional como reflexo da urbanização e o sistema de saúde
integrado e municipalizado. O Capítulo 3 discute o processo de desconcentração da
economia brasileira e os reflexos na microrregião de Catalão, as transformações
socioespaciais desiguais ocorridas no território brasileiro, difusão de novas técnicas em
áreas de baixa densidade econômica, o papel do estado na formação espacial o
desenvolvimento do Sul Goiano, a integração de Goiás à economia nacional através da
agricultura, o impacto das inovações e a produção do espaço em Catalão e os incentivos
fiscais como fator de modernização. O Capítulo 4 faz uma reflexão sobre as cidades
médias na nova configuração territorial brasileira, suas funções na atual estrutura urbana,
13
Coordenadora Pedagógica e professora do Curso de Ciências Econômicas da Universidade Católica de
Goiás - UCG.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
57
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
as condições de Catalão para abrigar novos investimentos e os fatores locais de domínio do
pólo sobre a região e o progresso conservador como ideário da elite local.
O primeiro capítulo aborda o espaço geográfico, no qual o principal método é o
dialético materialista e compreende o espaço como produto social surgido “da relação entre
sociedade e natureza”, tendo a práxis, como resultado do processo do trabalho “produzido,
pelos conhecimentos e experiências acumulados por meio da sociabilidade ao longo do
tempo”, e determinado pelo grau de desenvolvimento das técnicas, da ciência e da
capacidade produtiva do homem em promover mudanças e transformações sociais e
espaciais.
Discute conceitos sobre o estudo do espaço e a tendência de privilegiar a forma e a
necessidade de buscar sua essência para entender a totalidade que é marcada por
contradições, negadas pelas forças conservadoras e “afirmada pela capacidade do novo de
impor-se diante do antigo”.
Trabalha os conceitos de produção do espaço e a formação da consciência segundo
Lèfebvre que afirma que a consciência “que leva ao questionamento e à libertação é um
fato histórico, uma ação contínua criando paisagens que se acumulam ao longo do tempo”,
dependendo do “modo de organização social de cada momento”.
Busca conhecer também as contradições do espaço para analisar como as inovações
“transformaram uma estrutura socioeconômica agrária em uma estrutura de acumulação
flexível, inserindo a região na economia globalizada”. Destaca que a materialização do
trabalho reflete-se no espaço urbano e nas suas articulações com os núcleos urbanos.
Ressalta a importância da localidade e o antagonismo entre o local e o global,
acrescentando à microrregião em destaque, a análise de duas categorias: “as
horizontalidades, produzidas pelas relações entre os espaços contíguos, e as verticalidades,
que correspondem às ações, normas e inovações vindas dos mais diversos lugares,
produzindo a globalização”.
Observa que em Catalão ocorreram mudanças de influência globalizante, mas que a
sociedade agrária aos poucos foi sendo substituída pela industrial-urbana sem a destruição
radical do seu fundamento essencial.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
58
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
O segundo capítulo que trata do processo de formação regional: o papel de Catalão
tem como finalidade caracterizar o processo de urbanização de Goiás principalmente a
partir de meados dos anos 90. Nessa época, montadoras de veículos e máquinas agrícolas
(empresas multinacionais) instalaram-se em Catalão causando impacto na cidade e nos
municípios da região. A partir da década de 70 “Catalão assumiu um relevante papel de
centro regional goiano... a estrutura urbana montada produziu condições para que o
consumo coletivo urbano de Catalão fosse estendido” a vários municípios inclusive
próximos à Brasília. Doze núcleos urbanos recebem influência marcante de Catalão e
funcionam como um arranjo socioespacial, formando uma sub-região, espaço uno e
articulado atendendo à reprodução do capital com características próprias pela articulação
local, transformando Catalão no “lócus de comando global na estrutura sub-regional de
Goiás”.
A importância de se estudar a microrregião de Catalão não está ligada apenas a
entender o processo de urbanização de Goiás, mas também o processo de modernização
ocorrida na periferia do território brasileiro e as suas transformações.
Em Goiás, as mudanças espaciais são conseqüência da descentralização econômica
brasileira ocorrida a partir dos anos 70 e essa descentralização é conservadora, pois cabe às
regiões periféricas apenas as indústrias leves como: alimentos, bebidas, têxteis, vestuário,
dentre outras. Mas que Catalão se destaca “pelo tipo de indústrias ali implantadas, na área
de transportes e produção: montadoras de máquinas agrícolas e de veículos; na área
química: fábricas de ácido sulfúrico e fosfórico (usados em indústrias locais de adubo)”, e
todas requerem maior aporte de ciência e tecnologia, por isso se diferencia do restante do
estado e fez com que Catalão se tornasse uma cidade que polariza uma sub-região do
estado.
Fatores que favoreceram as modificações ocorridas em Catalão tornando-o centro
do fluxo de pessoas e mercadorias na microrregião: o seu dinamismo econômico,
existência de jazidas de minérios, pavimentação da BR-050, produção de soja em
latifúndios, estrutura de serviços (comércio, saúde, educação), Distrito Minero-Industrial,
localização geográfica (inserção na rota de fluxos de São Paulo), incentivos fiscais do
governo estadual e isenção de tributos municipais.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
59
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
O autor mostra que a estrada de ferro proporcionou o desenvolvimento do Sudeste
Goiano. Era a principal via de comunicação com Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro,
incrementando a produção, a valorização das terras, o crescimento das estradas de rodagem
e o processo de urbanização ao longo dos trilhos da ferrovia. Mas “a ferrovia por si só não
produziu dinâmica suficiente para transformações profundas nas relações de trabalho”. Em
meados dos anos 70 ocorre a modernização da agricultura com novas culturas e novas
tecnologias, implantação de empresas de mineração, pavimentação da BR-050 inserindo a
região na rota dos fluxos nacionais fortalecendo o comércio e os serviços. Esta fase
esgotou-se no início dos anos 90, mas ao final dessa década chegam as montadoras
Mitsubishi e Cameco e também as empresas Coperbrás e Ultrafértil exigindo novos
padrões de serviços e mão-de-obra qualificada.
Descreve em que se baseia a economia de cada município da microrregião de
Catalão, os investimentos recebidos e as suas características demográficas e a estrutura
fundiária marcada pela concentração de terras em poucas propriedades. Mostra, através de
tabelas, a produção agropecuária, principais produtos por micro e mesorregião, a
participação de cada produto na área plantada, a quantidade produzida na agricultura e o
maquinário existente. Quanto à pecuária, nas tabelas pode-se visualizar a quantidade de
estabelecimentos existentes por categoria de laticínio sob inspeção federal, número de
estabelecimentos e atividade econômica, efetivo de rebanhos bovino, vacas ordenhadas e
produção de leite (em mil litros) segundo município e microrregião, assim como o número
e gênero de estabelecimentos industriais cadastrados na Secretaria da Fazenda em junho de
1991 e em 1996.
Ao longo das ultimas décadas Catalão consolidou-se como pólo econômico na
microrregião devido a influência de seu comércio atacadista, concentração de serviços e
lazer, transporte coletivo, serviços educacionais e o sistema de saúde integrado e
municipalizado, aliados à localização cujos municípios além da pequena distância estão
ligados por rodovias.
No terceiro capítulo discute-se como o processo de modernização e a
descentralização conservadora tornou possível a atração de grandes empresas para Goiás,
especialmente Catalão. Empresas que ao buscar aumentar seus lucros recebendo incentivos
fiscais e usando mão-de-obra barata (menos qualificada, de fácil e rápido treinamento,
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
60
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
sendo realizado pelo SENAI) de cidades da periferia nacional como Catalão promovem
mudanças nas estruturas urbanas e transformam as cidades intermediárias em receptoras de
população. Essa desconcentração fez com que Catalão recebesse “indústrias de setores
distintos da economia goiana, devido à sua localização geográfica. Está próxima dos
grandes centros de consumo e de áreas produtoras de tecnologia e mão-de-obra
qualificada, ligada à rede urbana de São Paulo com acesso rápido e fácil a produtos de
consumo industrial...comparando-se a outras cidades goianas” que, com os mesmos
incentivos fiscais, concentram-se na produção de alimentos.
Destaca a ação do Estado, na descentralização da economia brasileira, criando
condições logísticas, provendo infra-estrutura mínima, condições de ensino para treinar os
trabalhadores e estrutura médico-hospitalar. Em Catalão essa infra-estrutura já existia antes
de receber os atuais investimentos e as ações dos atores hegemônicos e do estado criaram
uma dinâmica no conteúdo do território goiano sustentando a produtividade territorial
desejada. Assim, “Catalão passa a fazer parte das redes nacionais e internacionais por
causa das empresas ali instaladas, imprimindo novas velocidades ao território e
interligando-o aos pontos portadores de novas técnicas”, assumindo papel inexistente nas
redes urbanas tradicionais.
O estado de Goiás inseriu-se à economia nacional através da agricultura e sua
modernização cujas transformações tecnológicas atraiu empresários do sul e sudeste pelas
terras baratas, perspectivas de produção e incentivos governamentais, provocando a
proletarização dos trabalhadores rurais, a concentração fundiária e a urbanização. E a
“quantidade de mão-de-obra utilizada pelas montadoras e o tamanho das empresas”
instaladas em Catalão são “inferiores às usadas nas agroindústrias, que empregam maior
quantidade de mão-de-obra, dinamizando a produção agropecuária com investimentos e
transferência de tecnologia”.
Por fim, o quarto capítulo faz uma análise sobre a cidade média mostrando a
necessidade de conceituar melhor esta categoria de cidade afirmando que “não é apenas a
quantidade populacional, é também a importância que suas funções têm sobre a sua subregião e o seu papel na hierarquia das redes urbanas”. Desta forma, a descentralização
econômica no Brasil criou “um território hierarquizado, nas áreas com baixa densidade
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
61
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
populacional, cidades pequenas que exercem funções de cidades médias”, como é o caso
de Catalão (cidade pólo).
É a modernização da estrutura produtiva que determina a nova configuração do
território regional que se manifesta por dois tipos de recortes: 1) “pela relação sumária de
um núcleo e sua região de influência, organizados de forma que garantam uma
determinada produção ou combinação de atividades exercidas neste núcleo”. Catalão
exerce a relação de várias formas ligadas à estrutura produtiva com os empregos ofertados
pelas firmas lá estabelecidas, pelo comércio e serviços que atendem a toda região, pela
aquisição e comercialização dos produtos agropecuários regionais, pela concentração das
sedes de órgãos públicos e pelo domínio político; e, 2) “vincula-se à racionalidade do
processo produtivo, ligando lugares estratégicos da produção, da comercialização, da
informação, do controle e da regulação, com repercussão em toda região, fazendo com que
a microrregião Catalão, com forte tradição agropecuária, mude o seu conceito de
desenvolvimento”, a região passa a ter conexão com outras regiões seguindo uma
“hierarquia globalizada, sob o comando de centros mundiais”.
Para a elite colocar em prática seu projeto de desenvolvimento (por meio da atração
de grandes empresas) a região conta com a influência política, infra-estrutura, boas
condições do consumo coletivo urbano e a localização da cidade.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
62
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
5.6
MIGRAÇÃO, EXPANSÃO DEMOGRÁFICA E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO EM
GOIÁS
PÁDUA, Andréia Aparecida Silva de. Migração, Expansão Demográfica e
Desenvolvimento Econômico em Goiás. 2008. 111 f. Dissertação (Mestrado em
Desenvolvimento e Planejamento Territorial) – Universidade Católica de Goiás,
Goiânia, 08/04/2008.
Por Nair de Moura Vieira14
A dissertação Migração, Expansão Demográfica e Desenvolvimento em Goiás foi
elaborada pela mestranda Andréia Aparecida Silva de Pádua, sob a orientação da profa.
Dra. Eliane Romeiro Costa e co-orientação do prof. Dr. Luís Antônio Estevam.
A dissertação está estruturada em quatro capítulos: O Capítulo 1 “A Continuidade
da Marcha para o Oeste” trata do início da ocupação demográfica de Goiás, da Marcha
para o Oeste e da continuidade da Migração. O Capítulo 2 “Dinâmica do Crescimento
Demográfico Regional” mostra os indicadores demográficos do território, a concentração
demográfica espacial e o perfil demográfico das microrregiões de Goiás. O Capítulo 3
“Suporte Econômico da População Regional” faz um breve histórico da modernização
agropecuária regional, o processo de produção e o crescimento econômico na
agropecuária, principalmente na produção de commodities. Também aborda a
agroindústria e a questão do comportamento do emprego por setores no Estado de Goiás. O
Capítulo 4 “A Questão do Emprego Formal e Informal em Goiás” mostra o crescimento do
emprego formal por setores de atividade e do setor informal em Goiás, a PEA, Emprego
formal e PIB.
O primeiro capítulo relata a História de Goiás, e o processo de ocupação do
território goiano, a mineração, os primeiros ocupantes e os fatores que contribuíram para a
migração para o Estado. Faz um breve comentário sobre o grande movimento de migração
demográfica conhecida como a “Primeira Marcha para o Oeste”, com a construção de
14
Coordenadora Pedagógica e professora do Curso de Ciências Econômicas da Universidade Católica de
Goiás - UCG.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
63
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
Goiânia, e a continuidade da migração para o Oeste com a construção de Brasília, que
também contribuiu para o aumento da migração para Goiás, do crescimento da população
urbana e redução da população rural.
No segundo capítulo faz-se uma análise do ranking dos municípios mais populosos,
observa-se o perfil demográfico das microrregiões de Goiás, relata “os indicadores
demográficos do território goiano, a taxa de crescimento e a evolução da população
demográfica, rural e urbana em Goiás, desde 1972 até 2005”. Mostra através de tabelas, o
crescimento da população recenseada, taxa de crescimento médio anual e crescimento
acumulado em períodos de 1872 a 2005 e pode-se observar “que a população de Goiás,
como um todo, multiplicou sua taxa média de crescimento anual progressivamente até
1980 e que, a partir desse ano, ocorreu uma mudança no território goiano, ocasionando
uma transformação tanto política como demográfica decorrente da divisão do Estado em
duas Unidades Federais: Goiás e Tocantins.”
De 1920 a 1950 o crescimento da população se deu em função da construção de
Goiânia, pela Colônia Agrícola Nacional de Goiás (CANG) e o incremento do comércio
principalmente em Anápolis “por ser a estação final da estrada de ferro”. De 1950 a 1960:
a construção de Brasília, da BR-050, da usina hidrelétrica de Cachoeira Dourada,
crescimento do comércio e produção de materiais para construção da nova capital. Em
1970 observa-se o rápido crescimento da população, em função da migração, que passou a
demandar “serviços sociais, escolas, energia, estradas, saneamento e habitação,
sobrecarregando os governos”. No período 1980 a 1991 houve uma estabilização do
crescimento populacional. Alertou sobre a divisão do Estado com o Tocantins e que por
esse motivo, em 1991, a população goiana apresenta um decréscimo.
Mostra com dados tabelados que a população urbana de Goiás cresceu mais de
100% nos períodos 1950-1960 e 1960-1970 marcado pelo crescimento interno e chegada
de imigrantes. E que a população rural perde grande contingente entre 1980 e 1991 em
decorrência do processo de modernização da produção. Em 1980 a queda se deu em torno
de 50% e, entre 1991 a 2003, continuou registrando decréscimos.
Aborda a concentração demográfica espacial destaca as diferenciações regionais
entre o norte o sul de Goiás e mostra a “evolução dos municípios e seu ranking entre os dez
maiores em população, sua localização e o motivo de serem os mais populosos. E, por
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
64
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
último, o perfil demográfico das microrregiões e mesorregiões de Goiás, ou seja, a divisão
do Estado goiano em regiões, que ocorreu em 1991 através da proposta do IBGE,
analisando sua divisão e participação percentual da população residente”. Para facilitar a
visualização, a autora elaborou cartogramas com dados do IBGE.
No terceiro capítulo que trata do suporte econômico da população em Goiás,
analisa-se o processo de modernização agropecuária regional através de um breve histórico
descrevendo o papel do PND na implantação dos programas de desenvolvimento regionais:
POLAMAZÔNIA, POLOCENTRO (destaca fundação do GOIÁSRURAL e a atuação da
EMBRAPA E EMATER) e Região Geoconômica de Brasília apontando os seus objetivos
e contradições. Também aborda como o Sistema Nacional de Crédito Rural, em Goiás,
funcionou como forma de financiamento e mostra, graficamente, que os recursos
destinados aos produtores goianos eram superiores a média nacional. E que a questão do
financiamento também foi tratada no Plano de Desenvolvimento do Estado de Goiás,
criado entre 1961 e 1965 (Plano MB), criando o fundo de Desenvolvimento Econômico.
O Plano de Ação do governo Otávio Lage (1968-1970) que “visava ampliar o
número de técnicos agrícolas, criando fábricas de adubo, aperfeiçoar a estrutura de
mercado, entre outros” mostra a preocupação com o êxodo rural.
Foi criado um mecanismo de incentivo ao desenvolvimento econômico e social no
final da década de 1980, o Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste –
FCO, gerenciado pelo Banco do Brasil e mais tarde pelo Banco de Desenvolvimento,
contribuindo “para o crescimento da região Centro-Oeste, atingindo Goiás e minimizando
os efeitos de queda nos recursos do crédito rural na década de 1980”.
A década de 1980 é marcada pelo intenso movimento do êxodo rural como reflexo
da valorização das terras agrícolas, da urbanização e “à legislação de direitos trabalhistas,
que fez com que os fazendeiros preferissem mandar seus empregados embora ao invés de
obedecer às normas legais”.
A década de 1990 marca a interrupção das políticas Federais de fomento ao
desenvolvimento regional, extinguindo a “Superintendência do Desenvolvimento do
Centro-Oeste (SUDECO), representando perda de representatividade do Centro-Oeste
junto à União, mas o Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) ficou
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
65
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
como único programa Federal em ação na região goiana com volume disponível dos
recursos do Fundo de 29% para Goiás... disponibilizando financiamentos de longo prazo,
ainda dinamizando a economia regional”.
Para captar investimentos, o Estado de Goiás criou programas de incentivos
financeiros, tais como o FOMENTAR, apresentado em 1984, e o PRODUZIR, em 1999, e
simultaneamente, a promoção de alterações na Legislação Tributária do Estado com
redução efetiva da carga tributária para os que se dispusessem a empreender no estado.
Assim o Estado conseguiu modificar o seu perfil produtivo. “Sua economia teve a
complexidade aumentada com o alongamento de suas cadeias produtivas, vez que o nível
de agregação de valor de sua produção aumentou consideravelmente, assim como a
densidade tecnológica presente em seu território. Tal afirmação pode ser constatada ao se
observar a evolução crescente do PIB goiano, comparado com o PIB brasileiro, de acordo
com a SEPLAN-GO, bem como a do perfil de suas exportações”.
Em função do modelo de modernização agrícola, dos programas de apoio ao crédito
e dos financiamentos rurais, o território goiano transformou sua estrutura sócio-produtiva
de Goiás, tais como na: técnica de produção, redução de trabalho, e a incorporação de
maquinários, tratores e insumos, e o processo de industrialização da agricultura
concentrou-se no “cultivo de soja, milho e cana, mas as culturas que haviam sustentado a
integração de Goiás no âmbito nacional, como o arroz e feijão principalmente, tenderam a
uma significativa diminuição nas últimas décadas, devido à tendência de melhores
perspectivas de exportação e mecanização”. Mostra, com figuras, o comportamento da
produção e área plantada goiana. Tabela o ranking da produção dos principais produtos
agrícolas no Estado de Goiás, Centro-Oeste e Brasil e o ranking da produção de grãos por
microrregião onde o Sudoeste Goiano ocupa, com destaque, o primeiro lugar em volume
total de produção de grãos representando 38,82% da produção do estado. No ranking dos
municípios goianos - maiores produtores de grãos- em 2005, Jataí ocupa o primeiro lugar,
seguida por Rio Verde.
Para facilitar a visualização, a autora mostra, com figura, a evolução da pecuária e o
número de cabeças de bovinos e suínos de 1958 a 1980 e com tabela os principais rebanhos
(bovino, suíno e vacas leiteiras) e produção de leite de 1980 a 2006, com dados da
SEPLAN. Como o número de aves em Goiás teve um aumento significativo de 1980 a
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
66
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
2001, e também outra tabela com o efetivo de bovinos, suínos e aves por microrregião em
2005.
Nos últimos anos a economia goiana tem avançado nos setores da indústria e
agropecuária.
Dentre os municípios que perderam participação no PIB estadual entre 1999 e 2004
estão Goiânia e Anápolis cujas estruturas produtivas têm o setor de serviços como
principal atividade e, entre os municípios que obtiveram ganho destacam-se: Catalão
Catalão “favorecido pelo processo de verticalização da mineração e pelo incremento da
produção de veículos”; Rio Verde impulsionado pela indústria alimentícia e pela
agropecuária; Jataí com indústria de transformação e a agropecuária; Senador Canedo,
estimulado pelo setor de serviços, basicamente a distribuição de combustível; e Luziânia,
graças à “boa performance da agropecuária, sobretudo, lavouras irrigadas e agroindústrias.
O ganho de participação também foi observado no município de São Simão” devido à
“inserção da hidrelétrica de São Simão em 2001, no cálculo do PIB de Goiás, que antes era
computada para Minas Gerais”.
Lembra que apesar do destaque da agroindústria construiu-se, em Goiás, nos
últimos 25 anos, um diversificado parque industrial com “a produção de equipamentos
agrícolas, automóveis, equipamentos hospitalares, um importante pólo farmacêutico e uma
significativa indústria química” com a instalação de indústrias farmacêuticas e
laboratórios, no início da década de 90, no Distrito Agroindustrial de Anápolis, iniciando a
criação do pólo farmoquímico. “Outro exemplo são as indústrias de couro e calçados, pois
Goiás em 2003, apontando com o 4° maior rebanho bovino do País, de 19,1 milhões de
cabeças, junto com seus vizinhos, fazia parte da maior região produtora de couro do País”.
A autora tabela as principais empresas agroindustriais estabelecidas em Goiás com os
respectivos municípios e lista os dez maiores municípios goianos em relação ao valor
adicionado (VA), por setores de atividades – 2005 e a força de Goiás no ranking da
produção brasileira – agropecuária (2007) e pecuária (2005).
E, por último, no quarto capítulo analisou-se o comportamento do emprego por
setores em Goiás, tanto na agroindústria, quanto na agropecuária e serviços, entre outros.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
67
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
Na década de 1970 a PEA, em Goiás, ainda estava voltada para a agricultura
(pecuária, silvicultura, extração vegetal, caça e pesca) mesmo com o acelerado processo de
urbanização, o mesmo ocorre na década de 1980. A autora mostra a no Estado de Goiás e
Brasil a PEA, ocupada e taxa de desocupação nos períodos 1991-1993 e 1995-2003, que a
“PEA goiana aumentou quase na mesma proporção da população ocupada”.
Constata-se com dados da Rais/TEM que nos anos de 1990 e 2004 o emprego total
na economia cresceu acima da média nacional. Também houve um crescimento no numero
de estabelecimentos. Observa-se a situação do nível do emprego no Estado de Goiás,
Centro-Oeste e Brasil no período 1990 a 2004, e neste período Goiás apresentou um
crescimento de admitidos de quase 100%, acima da média nacional. Também no mesmo
período três setores tiveram aumento percentual no total de empregos: agropecuária,
comércio e a indústria da transformação
A geração de novos postos de trabalho concentra-se em Goiânia, Aparecida de
Goiânia, Turvelândia e Rio Verde.
Quanto ao setor informal, no período 1990 a 2002 no Estado de Goiás o emprego
informal cresceu 7,2%, mesmo com o emprego formal tendo um crescimento considerável,
não absorve a quantidade da população economicamente ativa goiana, levando as pessoas a
ingressar no emprego informal.
Embora Goiás, no período analisado, tenha absorvido um número expressivo de
trabalhadores em decorrência do crescimento econômico acima da média nacional, as
vagas abertas pelo agronegócio e pelas indústrias que se instalaram no Estado não foram
suficientes na geração de novos postos de trabalho para atender o contingente de pessoas
que procuravam emprego.
“O Produto Interno Bruto (PIB) do Estado de Goiás tem aumentado a taxas
superiores à média nacional e o mesmo ocorre com o aumento demográfico no território,
também situado acima da média nacional. Entretanto, a renda per capita do Estado não tem
crescido substancialmente. Renda per capita é PIB/população e, como a população tem
crescido muito, a renda per capita tem ficado abaixo da média nacional. Isto significa que
Goiás continua recebendo um aporte significativo de migração para o território”.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
68
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
5.7
AS IMPLICAÇÕES DO PROCESSO DE MODERNIZAÇÃO CONSERVADORA NA
ESTRUTURA E NAS ATIVIDADES AGROPECUÁRIAS DA REGIÃO CETRO-SUL DE GOIÁS
Por Nair de Moura Vieira15
PIRES, Murilo José. As implicações do processo de modernização conservadora na
estrutura e nas atividades agropecuárias da região centro-sul de Goiás. 2008. 134 f. Tese
(Doutorado em Desenvolvimento Econômico) – Instituto de Economia, Universidade
Estadual de Campinas, Campinas, 16/07/2008.
A tese, As implicações do processo de modernização conservadora na estrutura e
nas atividades agropecuárias da região centro-sul de Goiás, foi elaborada pelo doutorando
Murilo José de Souza Pires sob a orientação do prof. Dr. Pedro Ramos.
O trabalho está estruturado em três capítulos: O Capítulo 1 entitulado “O termo
Modernização Conservadora: Sua Origem e Utilização no Brasil” trata da origem do termo
“Modernização Conservadora”, do uso do termo Modernização Conservadora pelos
analistas brasileiros, da preservação da estrutura fundiária brasileira. O Capítulo 2 aborda a
“Formação e Evolução da Estrutura Econômica em Goiás: O Interregno de 1726 a 1975 e
faz uma análise histórica da formação econômica de Goiás, das modificações da estrutura
econômica nos períodos: 1895-1975; 1914-1935 destacando o papel da ferrovia e da nova
capital do estado e 1936-1975: a modernização econômica da região Centro-Sul. Relata a
ocupação da região do Vale do São Patrício como uma experiência fracassada e mostra as
mudanças ocorridas na estrutura e atividades agropecuárias em Goiás no período 19201975. O Capítulo 3 mostra as implicações do processo de modernização conservadora na
estrutura e nas atividades agropecuárias da região Centro-Sul do estado de Goiás e destaca
a importância dos planos de desenvolvimento regional para a constituição do novo padrão
agrícola.
O primeiro capítulo tem como objetivo “compreender o significado do termo
modernização conservadora e como este foi utilizado pelos analistas brasileiros e também
15
Coordenadora Pedagógica e professora do Curso de Ciências Econômicas da Universidade Católica de
Goiás - UCG.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
69
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
verificar como está configurada a estrutura fundiária nacional”. Descreve como vários
autores tratam da passagem das economias pré-industriais para as economias capitalistas e
industriais. Constata que nos países desenvolvidos as estruturas econômicas e sociais
“apresentam
menor
grau
de
heterogeneidade
quando
comparado
aos
países
subdesenvolvidos, dado que as elites dominantes dos países centrais construíram um
projeto de nação que incorporou ao sistema econômico capitalista os estratos inferiores da
estrutura social. No caso do Brasil, a elite dominante criou empecilhos ao acesso à
cidadania e à democracia, visto que as classes inferiores foram e continuam sendo alijadas
das vantagens proporcionadas pela modernização”.
Levanta os trabalhos de analistas
brasileiros quanto ao uso do termo “modernização conservadora” enfatizando suas
argumentações e destaca que os mesmos não fizeram uma transposição crítica desse termo
e nem levaram em consideração os aspectos históricos que nos separam das sociedades dos
países centrais (alemã e japonesa). Ignácio Rangel mostrou que “a questão agrária nacional
era decorrente do hiato estrutural determinado pelo descompasso entre a penetração das
forças produtivas capitalistas na agropecuária nacional e a absorção dos trabalhadores
expulsos por esta modernização agropecuária nos mercados de trabalho capitalistas
(urbano e industrial)”.
Mostra através dos índices de Gini, que na evolução da distribuição da posse da
terra no Brasil houve uma forte concentração. Em nível regional, região Norte apresenta a
maior concentração, seguida pelo Centro-Oeste. Assim, “a estrutura fundiária nacional
enraizou-se predominantemente em unidades de explorações agrícolas que se
modernizaram seguindo o caminho da via prussiana, isto é, transformando as unidades de
exploração agrícola em capitalista sem que houvesse o fracionamento da estrutura
fundiária nacional”.
O capítulo 2 analisa e constata que as transformações econômicas ocorridas em
Goiás, no período 1726 a 1975, não provocaram mudanças na estrutura e nas atividades
agropecuárias da região. Isto porque desde o final do ciclo do ouro a dinâmica econômica
do estado voltou-se para a agricultura de subsistência e para a pecuária extensiva
concentrando-se na produção de arroz e gado. Aponta como um dos principais gargalos
para a inserção de Goiás na lógica da acumulação de capital a infra-estrutura de transportes
com estradas precárias. A chegada da Estrada de Ferro Goiás trouxe a modernização na
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
70
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
região sudeste do estado, e na região sudoeste foi a rodovia que a conectou com a
economia do Triângulo Mineiro e paulista.
Com a implantação da “Marcha para o Oeste” ocorreu, além da construção de
Goiânia e a transferência da capital, o prolongamento dos trilhos da Estrada de Ferro Goiás
que provocou uma diversificação produtiva nas áreas por ela cortadas, destinados ao
mercado paulista e mineiro. É o caso do arroz e charque. As principais empresas que
agregavam valor à pecuária (caso do charque) localizavam-se em: Catalão, Goiandira,
Ipameri, Pires do Rio e Anápolis, todas localizadas no entorno da Estrada de Ferro Goiás.
O escoamento do boi pouco ocorreu pela estrada de ferro porque faltavam vagões-gaiolas,
95% do gado eram transportados a pé chegando magros ao destino.
Contudo, “a estrutura fundiária do estado continuava arraigada nas médias e
grandes propriedades e, mesmo no momento que houve uma busca por um caminho
alternativo a grande propriedade fundiária como aconteceu durante a “Marcha para o
Oeste”, ainda assim, as experiências de desconcentração fundiária foram coroadas pelo
fracasso”. É o caso da ocupação da região do Vale do São Patrício ocorrida, em Goiás,
durante o período do Estado Novo (1937-1945).
Examina a experiência fracassada de desconcentração fundiária existente em GO
com a implantação da Colônia Agrícola Nacional de Goiás (CANG) mostrando que seu
objetivo de expandir a fronteira agrícola para o interior do estado, e fazer a ocupação
demográfica e econômica serviu também para “equacionar os conflitos agrários pelo uso e
posse da terra nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste” porque os produtores rurais
necessitavam de novas áreas para expandir sua produção, pois usavam métodos
tradicionais de cultivo e poucas inovações tecnológicas.
Pelo projeto oficial a CANG receberia do Ministério da Agricultura (Divisão de
Terras e Colonização) assistência financeira e orientação técnica com novos métodos de
cultura intensiva para promover a modernização da produção agrícola regional. Com a
promessa de terras pela CANG vieram imigrantes de Minas Gerais, São Paulo, Rio Grande
do Sul, do Nordeste e do próprio estado de Goiás.
O autor afirma que vários fatores contribuíram para o fracasso da CANG: o acesso
a terra pela posse da mesma, falta de recursos para sustentar a produção, busca de recursos
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
71
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
junto aos fornecedores de crédito e comerciantes de Anápolis (comprometendo o
rendimento dos colonos), emancipação do município de Ceres (1953) que se torna
responsável pela manutenção das instituições, sem a verba do Ministério e o Plano de
Metas que absorveu os recursos da União para a construção de Brasília. Por isso, “grande
parte dos colonos em Ceres foi obrigada a abandonar a condição de proprietários,
negociando ou mesmo renunciando a seus direitos de posse, durante a década de 1950”.
Descaracterizou-se a CANG que cedeu espaço para as grandes fazendas circunvizinhas.
Por fim, ao discutir a evolução e limitações da estrutura e das atividades
agropecuárias no período de 1920 a 1975, constata que o progresso técnico trazido pelos
trilhos da Estrada de Ferro Goiás não teve forças suficientes para transformar a agricultura
tradicional em capitalista. O que ocorreu a partir de meados da década de 1970 com os
planos de desenvolvimento regionais.
O Capítulo 3 mostra “as implicações do processo de modernização conservadora na
estrutura e nas atividades agropecuárias da região centro-sul do estado de Goiás”
considerando a configuração da estrutura fundiária, os programas de desenvolvimento
regional, os processos de modernização na produção agrícola, a espacialização da
produção agropecuária, o processo de diversificação industrial e os impactos sociais.
Constata que a estrutura fundiária dominante em Goiás foi mantida intocada pela
elite dominante que avançou no processo de modernização das explorações agrícolas.
Demonstra, através de dados censitários, que a maioria dos produtores rurais do estado é
proprietária de seus estabelecimentos agrícolas e que o número de estabelecimentos
agropecuários com arrendatários e parceiros cresceu entre 1975 e 1985. E, através de uma
mapa, desenha a estrutura fundiária em Goiás provando que na região centro-sul há um
predomínio das grandes áreas pois existe “um pequeno número de imóveis rurais que
detém grande parte da área dos estabelecimentos agrícolas” comprovando que “o processo
de modernização conservadora foi conduzido politicamente pela oligarquia dominante e
avançou na região centro-sul seguindo os caminhos da via prussiana, pois não houve o
fracionamento da grande exploração agrícola”.
Destaca o papel exercido pelos programas de desenvolvimento regional marcados
pelo II Plano Nacional de Desenvolvimento (PND: 1974/79), quando o Estado passou a
intervir nas regiões periféricas ao eixo dinâmico da economia nacional e formulou políticas
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
72
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
de desenvolvimento regional. Assim, a estrutura da agropecuária goiana, com forte
característica tradicional e familiar foi sendo substituída pela agropecuária empresarial e
capitalista que demanda inovações tecnológicas do setor industrial. Destaca os principais
planos
de desenvolvimento
regionais
implantados
em Goiás:
POLOCENTRO,
PRODECER e também o papel do FCO (Fundo Constitucional de Financiamento do
Centro-Oeste) e SNCR (Sistema Nacional de Crédito Rural).
Pires reforça, com dados tabelados a partir dos censos agropecuários, o processo de
modernização nas atividades de produção agrícola elencando a quantidade de tratores,
fertilizantes e defensivos e destaca a região centro-sul como sendo a região em que o
processo de modernização mais se intensificou.
Analisa a questão agrícola em Goiás destacando as mudanças na composição dos
produtos agrícolas e sua distribuição no espaço estadual. Nos anos 70, há um declínio da
área colhida de arroz e ascensão da soja que, nos anos 80, iniciou um processo de
substituição de culturas no estado, marcado pelo processo de modernização, sendo
intensificado no ano de 2004. Outro produto com forte expansão é a cana-de-açúcar e a
região centro-sul é a responsável por quase toda produção goiana. Esta região “tornou-se
uma das principais regiões brasileiras que se destacou na produção de arroz, feijão, milho,
soja e cana-de-açúcar”.
Faz um mapeamento estadual dos efetivos bovinos para facilitar a visualização de
sua distribuição no eixo que se estende do sul ao norte da porção oeste do estado.
Enfatiza que os anos 80 marcam a estrutura industrial goiana com a penetração, no
estado, de indústrias que aproveitaram os incentivos fiscais e a proximidade do mercado
interno do Sudeste, além da implantação do FOMENTAR para estimular a
agroindustrialização do Estado, e posteriormente do PRODUZIR . “O setor industrial de
transformação apresentou uma tendência de expansão e tornou-se, o segmento goiano, o
principal setor de atividade econômica, tendo em 2004 uma participação de 19% do
produto interno bruto goiano e de 53% do somatório dos sub-setores do setor industrial”.
Em 2005 a região centro-sul do estado aglutinava 89% das empresas instaladas em Goiás,
sendo a região que “representa o centro dinâmico da economia goiana, pois concentra as
principais unidades de processamento dos segmentos industriais, sobretudo nos setores de
bens não-duráveis, bens intermediários e bens de capital”. Lembra que a dinâmica da
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
73
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
economia goiana não é autônoma e que há uma complementaridade com a economia
paulista. Levanta as empresas multinacionais que vieram para Goiás e enfatiza que
investimentos de capital nacional também foram realizados.
Observa-se que o “processo de modernização conservadora na estrutura e nas
atividades agropecuárias da região centro-sul, do estado de Goiás favoreceram o
incremento da produção e da produtividade dos bens agrícolas. Esta fato teve importância
para a penetração das agroindústrias neste espaço regional, que em conjunto com as demais
atividades industriais, tiveram um papel importante para a diversificação produtiva da
região”. Houve a modernização da atividade agrícola e diversificação produtiva sem o
fracionamento da estrutura produtiva, provocando uma redução da população rural que se
deslocou para o setor urbano e industrial em busca de emprego.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
74
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
5.8
O GRANDE VALE DO OESTE. AS TRANSFORMAÇÕES DA BACIA ARAGUAIA EM
TERRITÓRIO GOIANO
FRANCO,
Solange
Maria.
O
GRANDE
VALE
DO
OESTE.
AS
TRANSFORMAÇÕES DA BACIA ARAGUAIA EM TERRITORIO GOIANO.
Dissertação para o Mestrado em Geografia da Universidade Federal de Goiás.
Instituto de Estudos Sócio-Ambientais. Goiânia, 2003.
Por Fernando Negret16
A autora é formada em jornalismo e com o presente trabalho obteve seu título de
mestre na área de concentração Formação Regional, Política, Economia e Cultura.
O estudo objeto desta resenha é uma dissertação apresentada no Programa de
Pesquisa e Pós-Graduação em Geografia do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais da
UFG. É um trabalho amplo no seu período histórico e nos aspectos de análise. Está
estruturado em sete partes: a primeira inclui a introdução, o referencial teórico e a
metodologia, destacando-se desta última o seu grau de detalhamento. A segunda parte
denominada Contextos da Ocupação da Bacia Araguaia, inclui abordagens sobre o sóciocultural, o político, o econômico, colonial, goiano, da bacia e dos mitos indígenas. A parte
terceira trata da configuração territorial da bacia Araguaia; a quarta delimita o objeto de
estudo da dissertação, sendo este a configuração da bacia Araguaia no Estado de Goiás; a
quinta trata das transformações espaciais na área da bacia Araguaia em Goiás no período
de 1870 a 1970. Na sexta as condicionantes sócio-espaciais nas quatro décadas de
transformação na seção goiana da bacia do Araguaia e a sétima parte inclui as
considerações finais.
Trata-se de um estudo de grandes dimensões em todos os campos tratados perante o
objetivo de caracterizar o processo de ocupação histórica da bacia do Rio Araguaia. Nesse
sentido realiza inicialmente uma abordagem global da bacia abrangendo a totalidade dos
territórios dos quatro estados que a integram: Goiás, Tocantins, Mato Grosso e Pará. Essa
abrangência a autora a justifica porque se trata da quarta bacia em tamanho da América do
16
Coordenador do Mestrado em Desenvolvimento Regional das Faculdades Alves Faria – ALFA.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
75
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
Sul, contém a maior ilha fluvial do mundo e a maior diversidade de peixes do planeta, além
de conter uma rica biodiversidade em flora e fauna.
O objetivo geral do estudo é analisar a ocupação desse território a partir de dois
enfoques e períodos: histórico de 1868 a 1970 e a transformação da paisagem de 1970 a
2001. Os objetivos específicos incluem a caracterização dos aspectos físicos da bacia, o
levantamentos de dados e informações históricas, o reconhecimento das diferentes fases de
ocupação e a identificação, no tempo e no espaço, das transformações da paisagem e seus
agentes sociais.
Apresenta uma boa revisão bibliográfica no referencial teórico, discutindo e
diferenciando a forma de estudar o passado com o presente, assinalando que “as geografias
do passado não trabalham propriamente com o passado mais com os fragmentos que ele
deixou”. Além disso, adverte que os documentos antigos não são neutros e
necessariamente incorporam as estruturas de poder do âmbito quando foram produzidos. A
autora também faz uma advertência no sentido de que “não se pode reconstruir, recuperar
ou desvendar o passado”.
Em termos da definição da pesquisa, afirma-se que se pretende “evidenciar as
transformações de uma paisagem sem incorrer no isolamento, mas buscando relacionar os
impactos físicos às condições sociais locais e externas que incidiram ou se acarretaram”.
Nesse sentido se busca interpretar as intervenções humanas e o resultante dessa
intervenção.
Com relação às categorias de análises mais gerais, o estudo incorpora os conceitos
de paisagem e região. A paisagem é definida com base em Santos (1997) que a considera
como um conjunto de formas heterogêneas, de idades diferentes, pedaços de tempos
históricos, representativos de diversas formas de produzir o espaço. Segundo esse autor, a
paisagem é o resultado de uma acumulação de tempos. O conceito de região é discutido em
termos geográficos, defendendo a bacia como uma unidade territorial. Menciona-se que na
Nova Geografia “a região é um conjunto de lugares, onde as diferenças internas entre esses
lugares são menores que as existentes entre eles e qualquer elemento de outro conjunto de
lugares”. Na geografia pós-moderna a região é uma área formada por articulações
particulares no âmbito de uma sociedade globalizada. Mas também se discute a região em
termos do desenvolvimento desigual e combinado, proposto por Trotsky como um
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
76
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
fenômeno que ocorre no capitalismo. Nesse sentido se explica que as regiões podem ser
caracterizadas em termos das desigualdades dos níveis de desenvolvimento em que se
encontram. Os aspectos físicos mais específicos tratados na pesquisa são o clima, a
topografia, águas, solos, vegetação, hidrografia e relevo. Já o recorte territorial regional
está delimitado naturalmente pelo conceito de bacia hidrográfica, ou seja, a área drenada
por um rio ou um sistema fluvial. Com relação ao uso da bacia como unidade territorial de
gestão o estudo faz uma análise histórica da legislação, dos órgãos e das suas atuações no
Brasil.
Dos diferentes contextos que integram a parte segunda do estudo, cabe ressaltar o
fato histórico da descoberta de ouro no Rio Vermelho em 1725 e que segundo a autora foi
o marco do povoamento do estado de Goiás, ao tempo que lembra a bandeira do
Anhanguera como a mais conhecida e definitiva na ocupação do território goiano. Dois
anos após a descoberta do ouro foi fundado o Arraial de Santana que posteriormente seria a
futura sede da capitania. Neste contexto, menciona-se que entre 1727 e 1732 foram
fundados vários povoados no sul de Goiás: Anta, Ferreiro, Ouro Fino, Barra, Água Quente,
Santa Cruz e Meia Ponte. Entre 1730 e 1740 foram Traíras, São José do Alto Tocantins
(hoje Niquelânda) Cachoeira, Crixás, Natividade, São Feliz, Pontal, Arraias, Cavalcante,
Papuan (Pilar), Santa Luzia (Luziânia), Carmo e Cocal. Essas fundações são de
importância no estudo sobre a dinâmica urbana em Goiás, porque mostram os centros
urbanos inicias da ocupação do território do estado, os quais segundo o próprio estudo, a
maioria deles foi abandonada ou estão desaparecidos e alguns subsistem como sedes de
municípios.
É interessante mencionar que o Estado de Goiás foi o segundo produtor de ouro do
Brasil no século XVIII, entretanto após o curto período de exploração a população dos
centros criados com base na mineração se dispersou em busca de alternativas de
subsistência e o estado demorou em desenvolver o processo de urbanização. O estudo vai
mostrando, historicamente, o surgimento das atividades num território que permaneceu
isolado e sem comunicação, particularmente no século XIX, período sobre o qual pouco se
sabe da sua historiografia.
Outro momento histórico relevante no processo de comunicação e interconexão do
território goiano com o território nacional foi a inauguração da navegação pelo Rio
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
77
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
Araguaia que aconteceu em 1868. Em 1869 foi aprovada pela Associação Comercial do
Pará a incorporação de uma Companhia de Navegação, a qual começou atividades nesse
mesmo ano. Entretanto foi na década seguinte que, com a ajuda do império, foi possível
estabelecer a navegação de maneira mais estável e fortalecer dessa maneira o processo de
ocupação do território.
A parte três do estudo constitui um detalhado estudo dos aspectos físicos da bacia,
incluindo o relevo, a vegetação, o tipo de solos, o clima e a hidrografia, tudo muito bem
fundamentado e apoiado em mapas de excelente qualidade e grau de elaboração. Destacase nesta parte a discussão histórica sobre a definição das nascentes do Rio do Araguaia, as
quais apesar de ainda não estar definidas institucionalmente, o estudo argumenta com
dados técnicos como sendo o “Córrego Buracão o principal cause do Rio”. Também são
relevantes os dados sobre a distribuição da população dos quatro estados no território da
bacia, que em total no ano 2000 chegavam a 1.308.255 habitantes, correspondendo
406.468 ao estado de Goiás.
Na parte quatro, o estudo aborda os aspectos físicos do território de Goiás na bacia,
e nesta oportunidade são mais detalhadas ainda as análises sobre solos destacando aspectos
de estrutura, fertilidade e vulnerabilidade. Da vegetação comentam-se os fenômenos de
degradação e desmatamento por ações naturais ou antrôpicas e da hidrografia se destaca a
divisão das sub-bacias descritas e acompanhadas de excelentes mapas em cores.
As transformações ocorridas de 1870 a 1970 e descritas na parte quinta da
dissertação são de grande interesse histórico, na medida em que se narra com diversas
citações bibliográficas as mudanças sócio-econômicas que foi experimentando o território.
Inicialmente se narra a situação sócio-ambiental na bacia e particularmente na Capital
Goiás onde, em 1872 o estudo destaca a vida pacata, pobre e difícil desta cidade isolada.
Nesse ano a população total da bacia em território goiano chegava a 11.687 habitantes e
incluía além de Goiás a Pilar, Rio Bonito e Rio Verde.
O estudo afirma como a pecuária após a mineração foi a atividade econômica
fundamental durante um longo período, bem como assinala que as melhores terras
localizadas no sul e sudoeste da bacia foram desde o inicio apropriadas “por uma minoria
de indivíduos ligados à administração provincial na época do ouro”, ficando as terras ruins
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
78
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
e de menor fertilidade para os pobres. No final do século XIX o gado era o principal
produto exportado por Goiás.
Em 1920 a população da bacia chegava a 54.134 habitantes, praticamente
triplicando o número estimado para 1872. Além do aumento da população também foram
criados novos municípios chegando a cinco: Goiás, Mineiros, Palmeiras, Pilar e Rio Bonito
(atual Caiapônia). Nesses cinco municípios existiam nesse ano 232.600 cabeças de gado,
sendo que em Goiás e em Mineiros estava mais de 60% desse rebanho. O milho era o
produto mais plantado, seguido de perto pelo arroz, também se plantava feijão, mandioca,
cana, café, além de batata, algodão, fumo, cação, coco e maniçoba.
No ano de 1940 o território da bacia no estado de Goiás estava integrado por seis
municípios com a criação de Paraúna e uma população um pouco superior a de 1920,
entretanto representava proporcionalmente menos que outras regiões do estado que tiveram
maior crescimento. Em 1950 cinco novos municípios integram a bacia: Aurilandia,
Firminópolis, Iporá, Poganratu e Baliza. Dos 59.254 habitantes em 1940 a população
passa para 191.806 em 1950. A cidade de Goiás é o centro urbano que mais cresce e passa
de 28.320 para 107.418, enquanto que os outros mantêm praticamente o mesmo número de
habitantes ou houve decrescimento, como no caso de Mineiros que pela desmembração
perdeu alguma população pouco significativa. Em termos econômicos a pecuária continua
sendo a atividade principal e o rebanho teve um crescimento de 243.878 para 389.513
cabeças. O número de estabelecimentos também aumentou de 3352 em 1940 para 9.566
em 1950 e o tamanho médio das propriedades diminuiu para 334 hectares, quando em
1940 a superfície media dos estabelecimentos era de 832 hectares. O censo de 1950 já
inclui dados sobre maquinaria e nesse ano existiam no território da bacia 555 máquinas,
das quais somente 6 eram tratores e 19 arados. Isso demonstra o baixo nível de
mecanização das atividades agropecuárias na região. Em termos do número de hectares
plantado houve um crescimento significativo ao passar de 23.559 hectares cultivados em
1940, que representavam 3,4 % do estado, para 145.561 e significando agora 18,8% do
total de Goiás. Essa mudança é relevante em termos da representatividade da produção
regional no âmbito do estado. Na década de 1960 os municípios já eram 35, a população
tinha crescido relativamente pouco em relação com a década anterior ao passar de 191.806
para 237.629. O rebanho bovino dobrou e a maquinaria total diminuiu. O volume da
produção em toneladas e o tipo de produtos agrícolas praticamente não tiveram alteração.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
79
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
O trabalho apresenta um item denominado balanço do século compreendido entre
1870 e final de 1960, e nele afirma-se que nesse período não ocorreram grandes
transformações produtivas nem sócio-ambientais, e que o impacto sobre o meio natural foi
mínimo comparado com a degradação que experimenta a região nas últimas décadas do
século XX e inícios do atual XXI. Inclusive se faz uma advertência no trabalho no sentido
de que a Marcha para o Oeste e a Fundação Brasil Central chegaram à região, mas não
significaram uma transformação importante em termos produtivos nem demográficos
como constata-se nos dados apresentados pelo estudo. Essas duas iniciativas tiveram maior
significação e impacto em Mato Grosso e no Xingu. Somente o Plano de Metas de
Juscelino Kubitschek com a construção de algumas estradas federais, como a BelémBrasília, mesmo que não cruzaram a região, tiveram certo impacto no processo de
ocupação da bacia do Araguaia em território goiano.
A parte sexta do estudo, denominada de “As condições Sócio-Espaciais das Quatro
Décadas de Transformação da Porção Goiana da Bacia do Araguaia”, começa com a
firmação de que esse território é “Uma Nova Fronteira a Serviço do Capital”. Com base
no IBGE ressalta-se que a região do Centro-Oeste a partir da década de 1970 é incorporada
com uma nova função do desenvolvimento capitalista nacional nos moldes da produção
empresarial. É desse modo que se inicia e de fato se dá a transformação produtiva
agropecuária dessa macro-região. No caso específico da bacia goiana do Araguaia, foi
somente o Programa Polocentro que promoveu nesses termos o desenvolvimento dos
municípios do sul da bacia, atingindo Caiapônia, Mineiros, Santa Rita de Araguaia e
Baliza.
Com relação às transformações demográficas na bacia goiana cabe destacar que na
década de 1970 a Cidade de Goiás já não ocupava o primeiro lugar em população, sendo
que São Luiz de Montes Belos aparece como de maior número de habitantes seguido de
Caiapônia e São Félix do Xingu. As estatísticas expressam o processo de desenvolvimento
econômico regional e explicam em boa medida a expansão demográfica de outros centros
urbanos e a decadência da antiga capital de Goiás, que já tinha perdido dinamismo desde a
perda do poder administrativo. O número de municípios também cresceu na bacia e em
esse período o número já era de 41. Igualmente é destacável o incremento do número de
tratores que passou de 25 em 1960 para 376 em 1970 e os arados de 119 para 2176. Esses
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
80
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
números são significativos em termos locais, porém insignificante em termos de todo o
estado de Goiás que nesse ano já tinha 37.224 máquinas e instrumentos agrícolas.
Segundo o estudo a produção também teve transformações importantes em vários
sentidos. Embora o número de hectares plantados se incrementasse de 127.602 para
181.672, a produção teve um acréscimo proporcionalmente menor ao passar de 147.546
toneladas para 163.712. Esse fenômeno é explicado pela autora como produto de desgaste
da fertilidade da terra após três coletas. Nesse volume da produção o arroz é o principal
produto. O rebanho bovino teve um crescimento significativo ao passar nos dez anos de
663.391 cabeças de gado a 1.678.561, representando também um aumento na participação
do estado de 13.6% para 22%.
Na década dos 80, afirma o estudo com base em Bertram (1988), que a estrutura
produtiva goiana ainda não dispunha de uma “formação bruta de capital nem de infraestrutura social” e a produtividade e a competitividade eram baixas. Praticamente todas as
regiões, incluindo as do sudoeste goiano apresentavam padrões rígidos de estrutura
produtiva e na região da bacia era predominante a concentração fundiária.
Em termos administrativos na década de 1980 não foram criados novos municípios.
Entretanto houve mudanças populacionais ao se incrementar de 293.115 habitantes em
1970 para 381.189 em 1980. Também houve mudanças na hierarquia dos centros urbanos,
e Goiás novamente ocupava o primeiro lugar, seguido nesse momento de Crixás,
Caiapônia e Iporá.
Não houve maiores mudanças com relação ao número de
estabelecimentos rurais, entretanto houve um incremento no tamanho médio das
propriedades ao chegar a 403 hectares, maior que a média de 353 hectares em 1970. O
número de máquinas e implementos agrícolas teve um incremento surpreendente, bem
como os empréstimos. Com relação á produção houve incrementos no número de hectares
plantados, no volume da produção e na produtividade por hectare: em 1970 se plantaram
181.672 hectares que produziram 163.712 toneladas, já em 1980 se plantaram 409.071
hectares com uma produção de 461.037. A pecuária praticamente dobrou, pois o rebanho
passou de 1.678.561 cabeças em 1970 para 3.661. 376 em 1980. A indústria também teve
um incremento importante passando de 449 estabelecimentos em 1970 para 1145 em 1980,
os setores industriais principais eram alimentos, mineração não metálica, madeira e
mobiliário. O trabalho conclui a análise dessa década afirmando que todas essas atividades
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
81
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
econômicas ocasionaram “aparentes transformações na paisagem”, embora a área ocupada
apenas chegasse a 275,99 K2, significando tão somente 0.3% do território da bacia.
A década de 1990 significa para Goiás, segundo o estudo, um período de grandes
mudanças, já que o estado chegou a altos níveis de urbanização “mesmo que periférica”.
Em termos da estrutura econômica setorial a agropecuária já não é predominante e somente
significa 0.5%, a atividade industrial 6.6% e os serviços 92.6%. No território da bacia
também ocorre o processo de urbanização e pela primeira vez a população urbana é maior
que a população rural. No estado são criados 19 municípios, dos quais 13 estão na bacia.
Em 1992 verifica-se uma redução dos hectares cultivados e da produção colhida nesse
território, sendo o arroz e o milho as duas principais culturas. Entre 1995 e1996 foram
recenseados 21.796 estabelecimentos com tamanho médio aproximado de 376 hectares e
houve um incremento menor das máquinas e instrumentos com relação à década anterior,
embora os tratores tivessem um aumento substancial passando de 4.615 para 7.766. Os
municípios da bacia conservam sua vocação agropecuária e a industrialização não avança
na região. Inclusive acontece uma diminuição dos estabelecimentos industriais de 1145 em
1980 para 804 em 1996. O estudo conclui que em 1993 as áreas antrôpicas sem definição
de uso ocupam 9.44% do território e a vegetação natural 46.7%.
Na década dos 2000, segundo o estudo, a fronteira agrícola de Goiás continuou se
expandindo com a abertura de novas áreas para a pecuária e a agricultura. Com relação ao
número e tamanho médio dos estabelecimentos o trabalho adverte que pode ter havido
mudanças na metodologia de levantamento e coleta de dados que poderiam explicar a
queda do tamanho total da área das propriedades e ao mesmo tempo a diminuição do
tamanho médio dos estabelecimentos. No ano 2000 o rebanho bovino chega a 6.237.537
cabeças o qual significa um aumento de 5% com relação a 1993. De maneira contraria as
áreas plantadas experimentam uma redução de 40.6% desde 1980, passando de 409.071 em
1980 para 243.073 em 2000. O estudo explica esse decrescimento como o processo normal
do desgaste das terras apos três ou quatro colheitas e como método de criação de pastagem
para
o
gado.
Entretanto
a
produção
e
a
produtividade
agrícola
cresceram
consideravelmente, chegando a 792.777 toneladas no ano 2000 com uma produtividade de
3.24 toneladas por hectare. Essa produtividade é atribuída aos avanços tecnológicos da soja
que em 98.340 hectares foram produzidas 275.889 toneladas. Os principais municípios
produtores são Mineiros e Caiapônia com quase o 70% da produção regional de soja e do
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
82
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
total das demais culturas. Administrativamente a região teve novas mudanças e agora já
são 60 municípios. A população da região decresceu de 411. 265 em 1991 para 492.482
no ano 2000, sendo que 31 municípios perderam habitantes e alguns chegaram a diminuir
em até a metade, como foi o caso de Campos Verdes, Itapaci, Mara Rosa e Porangatu. Foi
a continuação do êxodo rural para as grandes cidades iniciado na década dos 70. Agora os
principais centros urbanos da região são Iporá, São Luis de Montes Belos, Cidade de
Goiás, São Miguel de Araguaia e Jussara. Após esse processo sócio-ambiental as imagens
mostram que 72.11% do território teve ações antrôpicas.
O trabalho apresenta um balanço de 1970 ao ano 2000 no qual se ressalta que foram
os migrantes com capital vindos do Paraná e do Rio Grande do Sul os que realmente
transformaram a estrutura produtiva e a ocupação do solo da região. Nesses anos, houve
um processo de melhoria das rodovias que comunicaram a bacia do Araguaia com o estado
e o território nacional e promoveram a sua articulação, a ocupação e a transformação
produtiva regional.
Nas considerações finais o estudo afirma que esses dois períodos analisados
tiveram características e resultados diferenciados: no primeiro de 1870 a 1960, criaram-se
os primeiros povoados e as primeiras estradas que permitiram a entrada dos migrantes, os
quais no segundo período, de 1970 a 2000, transformariam a estrutura produtiva, mediante
um processo de concentração das terras, de mudanças tecnológicas e do aumento da
produção. Entretanto, nesse mesmo processo verificou-se a expulsão do pequeno produtor
para as periferias das grandes cidades do Centro-Oeste e ocorreu forte degradação
ambiental e dos recursos naturais. Com relação à preservação ambiental o documento
assinala que as unidades de conservação apenas representam 0,37% da área da região o
qual é realmente muito pouco, considerando o acelerado avanço da fronteira agrícola para
essas áreas. Igualmente se ressalta o desconhecimento sobre o número de indígenas que
subsistem na região e o pouco de terra que foi deixada para eles subsistirem depois da
usurpação dos seus territórios. Para concluir a autora do estudo faz a seguinte
consideração: “Reservemos espaço físico para que o social seja mais justo, para preservar a
vegetação, o solo, a água e nós”.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
83
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
5.9
FORMOSA: PORTAL DO NORDESTE GOIANO OU PÓLO REGIONAL NO ENTORNO DE
BRASÍLIA?
TEIXEIRA, R. Formosa: portal do nordeste goiano ou pólo regional no entorno de
Brasília? 2005. 157 f..Dissertação (Mestrado em Geografia) – Instituto de Estudos SócioAmbientais, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2005.
Por João Batista de Deus17
Esse trabalho foi escrito por Renato Araújo Teixeira como dissertação de mestrado
em Geografia pela Universidade Federal de Goiás (UFG). O referido autor graduou-se em
geografia pela UFG em 2003, é doutorando do curso de geografia pelo Instituto de Estudos
Sócio-Ambientais da UFG. Atualmente é professor do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Goiás em Inhumas. Trabalha com Geografia Regional,
principalmente nos seguintes temas: planejamento e gestão municipal, estudos das
paisagens urbanas-regionais, sensoriamento remoto e cartografia.
O objetivo principal do trabalho é analisar a evolução sócio-espacial do município
de Formosa a partir da relação com a Capital Federal – Brasília. Na dissertação,
inicialmente realiza-se uma descrição minuciosa das mudanças espaciais ocorridas no
município de Formosa em função da influência do Distrito Federal, ao mesmo tempo, em
que é analisada a importância sócio-econômica desse município em relação à microrregião
do Entorno de Brasília e do Nordeste Goiano, procurando constatar a diversidade regional
do Entorno de Brasília como sendo uma síntese histórica do espaço, produto e meio da
vida social daquela porção o território brasileiro. O trabalho é rico em mapas, tabelas e
gráficos, possibilitando a visão clara da evolução dos processos sócio-espaciais e a análise
da situação atual divididos em três capítulos.
O primeiro capítulo inicia-se com uma breve descrição do município, seus aspectos
sociais, físico-naturais e sua localização no território. Mostra uma relação impar ao se
articular dentro da Região do Entorno de Brasília, como cidade média metropolitana e ao
17
Diretor do Instituto de Estudos Sócio-Ambientais – IESA / Universidade Federal de Goiás - UFG. Professor,
Doutor em Geografia.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
84
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
mesmo tempo mantém o papel desempenhado ao longo de sua história, o “portal de
Nordeste Goiano”.
Nesse capítulo, discute-se algumas categorias geografias com destaque para a
região, com relação a essa categoria inicia-se com a polêmica idéia do fim das regiões,
polêmica essa que vem arrastando desde os anos de 1980 e ganha força na década seguinte
com o amadurecimento das tecnologias de transporte e comunicação. Faz-se um histórico
dos conceitos de região até os dias atuais, discutindo com vários autores, tanto da geografia
clássica, como da geografia e ciências humanas contemporâneas, para então reafirmar a
força e a atualidade da categoria região.
Após a discussão teórica inicia-se a análise do objeto de estudos pela microrregião
Entorno de Brasília. O autor mostra como a construção de Brasília alterou a fisionomia da
região. A Capital Federal passa a ser ponto de atração populacional, possibilitando o
crescimento da maioria das cidades sob a influência de Brasília. Grande porção de
população de baixa renda migra para o entorno de Brasília, que cresce em média 5% ao
ano de 1970 à 2000. Esse processo leva a fragmentação do território, com o surgimento de
novos municípios, causando enormes impactos aos antigos municípios, como por exemplo,
a queda na arrecadação de impostos. Essa questão é discutida levando em consideração a
geopolítica regional envolvendo o Estado de Goiás e o Governo de Brasília pelo controle
político e ideológico da região. É nesse contexto que o autor insere o município de
Formosa na região, questão que vai abordar com maior profundidade no capítulo seguinte.
No segundo capítulo, discuti-se as transformações espaciais no município de
Formosa. O autor considera que Formosa está integrada ao processo de globalização e que
Brasília tem papel importante para esse fato, pois é o motor do desenvolvimento
econômico regional.
Para entender a realidade atual, busca-se explicações históricas, fazendo uma
periodização do eventos mais importantes ocorridos no município, mostrando a evolução
do espaço ao longo da história, para chegar ao processo de metropolização de Brasília, seu
impacto regional e a influência no município. A partir do território de Formosa, desvela-se
a rede de relações sócio-econômicas entre este território, Brasília e o Entorno, discernindo
o processo regional que constitui essa área. A relação de Brasília com a Região do entorno
é demostrada de diversas formas, mas, está fundamentalmente relacionada à dependência
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
85
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
dos serviços disponíveis no Distrito Federal, em especial, à área da saúde. A pesquisa
realizada demonstra, através dos fluxos interurbanos de veículos entre Brasília e sua área
de influência, a intensidade dessa relação. Para afirmar que formou-se uma “CidadeRegião”, apesar de que, segundo o autor, esse termo não consegue abarcar toda
complexidade que essa porção do território tem.
No terceiro capítulo é abordada a influência de Formosa no Nordeste Goiano. A
cidade oferece vários serviços a cidades do nordeste goiano. Afirma-se que essa função é
histórica já que a cidade era conhecida como “boca do sertão” e mais recentemente “Portal
do Nordeste goiano”. Ao discutir esse tema, constata-se a rede de influência de Formosa,
sendo essa um importante apoio à debilitada estrutura econômica dos municípios do
nordeste de Goiás, ao mesmo tempo que desmistifica a influência de inexorável de Brasília
sobre o seu entorno. Formosa, segundo o autor, acompanha a dinâmica do Estado de Goiás,
com forte crescimento econômico, tendo como novo componente dessa dinâmica a
agricultura e apostando no turismo como mais uma fonte de criação de riqueza e renda.
Considero a obra importante trabalho pela qualidade dos dados apresentados e pela
relação incessante que o autor faz entre o local e o regional. E, ainda, o fato da região na
qual a cidade de Formosa estar inserida ser de fundamental relevância para o entendimento
do território goiano e a relação histórica que essa cidade estabelece com o nordeste goiano
fazem dessa obra leitura importante para os estudos do Estado de Goiás.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
86
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
6
IDENTIFIÇÃO DE LITERATURA ESPECÍFICA: REVISTAS CIENTÍFICAS
RELEVANTES PRODUZIDAS EM GOIÁS
Ateliê Geográfico tem o propósito de pensar geograficamente os lugares do mundo e os
tempos dos lugares. É uma publicação quadrimestral da linha de pesquisa Espaço, Práticas
culturais e educativas do Instituto de Estudos Sócio-ambientais
http://www.revistas.ufg.br/index.php/atelie
Boletim Goiano de Geografia publicação semestral do programa de pós-graduação em
geografia nível mestrado e doutorado.
http://www.revistas.ufg.br/index.php/bgg
História Revista o periódico é uma publicação semestral do Departamento de História e
do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Goiás, tem como
objetivo a divulgação da produção historiográfica em forma de artigos inéditos,
conferências, entrevistas e resenhas.
http://www.revistas.ufg.br/index.php/historia
Sociedade e Cultura é a revista de pesquisas e debates em Ciências Sociais editada
semestralmente.
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A Revista da Faculdade de Direito da UFG é uma publicação semestral de trabalhos
inéditos relacionados com a área jurídica e/ou outras áreas afins.
http://www.direito.ufg.br/revista/
Estudos - revista bimestral que tem por finalidade publicar artigos e resenhas inéditos de
docentes e discentes da UCG, em blocos temáticos.
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DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
Fragmentos de Cultura - é um periódico bimestral da UCG e do Instituto de Filosofia e
Teologia de Goiás para divulgar produções científicas com outras instituições locais,
nacionais e internacionais.
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Mosaico - publicação semestral do Mestrado em História da UCG que enfatiza, na grande
área das Ciências Humanas, os estudos históricos e culturais de forma interdisciplinar.
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88
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
7
7.1
IDENTIFIÇÃO DE LITERATURA ESPECÍFICA: DISSERTAÇÃO
COMPETITIVIDADE DO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL DE CALÇADOS: GOIÂNIAGOIANIRA (2002 A 2006)
Neide Selma do Nascimento
Orientador: Sérgio Duarte de Castro
Dissertação de Mestrado em Desenvolvimento e Planejamento Territorial - UCG
Resumo:
A presente Dissertação estuda a Competitividade do Arranjo Produtivo Local de Calçados
de Goiânia – Goianira sob o enfoque dos Arranjos Produtivos Locais. Do ponto de vista
teórico, conceitual e dentro do referencial evolucionista, busca-se estudar as aglomerações
produtivas especializadas, iniciando com Marshall, Krugman, Porter, Schimitz partindo
para as teorias de desenvolvimento regional e sua trajetória na produção recente em
economia regional. Além da competitividade que é definido, tal como proposto por
Kupfer, 1996 - como a capacidade das empresas formularem e implementarem estratégias
concorrências que lhe permitam ampliar ou conservar, de forma duradoura, posições
sustentáveis no mercado, mas privilegiando a sua dimensão sistêmica, com foco no local.
Nesse contexto, o objetivo principal é verificar as possibilidades de crescimento e
sustentação da competitividade. A principal hipótese utilizada é que a competitividade
depende diretamente do capital social acumulado no arranjo, e, é fortemente afetada pela
sinergia gerada na interação entre empresas e destas com os demais atores do ambiente,
bem como de forma incisiva, a importância de políticas públicas ativas na construção de
vantagens competitivas localizadas. Após verificar essas possibilidades, constatou-se que o
Arranjo Produtivo Local de Calçados de Goiânia - Goianira têm baixa capacidade de ações
conjuntas “eficiência coletiva” devido ao caráter incipiente e frágil das relações de
cooperação entre os atores do arranjo. Todavia, o arranjo encontra-se na fase inicial de
desenvolvimento.
Palavras-chaves: 1. Arranjo Produtivo Local. 2. Aglomerações Produtivas Especializadas.
3. Competitividade. 4. Ações Conjuntas. 5. Pólo Calçadista de Goianira.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
89
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
7.2
CRESCIMENTO ECONÔMICO, DIFERENCIAIS REGIONAIS DE RENDA EMIGRAÇÃO:
TEORIA E EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS
Autor: Carlos Wagner de Albuquerque Oliveira
Orientador: Roberto de Goes Ellery Junior
UNB
Resumo:
Os modelos neoclássicos que versam sobre crescimento econômico apresentam como
corolário a convergência de renda entre regiões. Não obstante, o Brasil se caracteriza
historicamente pela concentração geográfica da produção e da renda. Recentemente, essa
possibilidade tem sido incorporada pela teoria, cujos argumentos se pautam na existência
de vantagens comparativas, retornos crescentes de escala, economias de aglomeração e
externalidades marshalianas. A questão é: a política regional de estatizar deve enfatizar a
redução das disparidades regionais de renda existentes no Brasil? A resposta a essa questão
é apresentada em Matsuyama e Takahashi (1998). Os resultados mostram que no período
em que o Brasil acelerava o seu processo de industrialização (anos de 1950), havia uma
tendência natural para a concentração regional da produção e da população e essa
concentração traria um maior nível de bem–estar para a população. Assim, a política
regional deveria ser a de incentivar a concentração, o contrario do que postulara o relatório
do GTDN. Porém, a conjuntura dos anos 1980 mostrou que, nesse período, a população
atingiria um superior nível de bem-estar se fosse melhor distribuída entre as regiões.
Embora uma distribuição igualitária da população seja desejável, partindo de uma situação
de concentração, o setor público deveria atuar efetivamente no sentido de promover uma
melhor distribuição populacional.
7.3
RELAÇÕES INSTITUCIONAIS NA GESTÃO DO ESPAÇO METROPOLITANO: O CASO DO
MUNICÍPIO DE GOIÂNIA
Autora: Sandra Sarno Rodrigues dos Santos
Orientador: Aristides Moyses
Defesa: 27/06/2008
UNB
Resumo:
A urbanização da cidade brasileira, a partir da segunda metade do século XX, faz das
cidades um centro polarizador da vida política, econômica, cultural, no contexto regional e
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
90
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
nacional. Destaca que, as cidades assumem o papel de comando da organização do espaço
geográfico e urbano, em especial as metrópoles. O crescimento desordenado das cidades
brasileiras, sobretudo das regiões metropolitanas é fruto da ausência de um planejamento
urbano, da imensa desigualdade sócio-econômica entre as classes sociais. Na atualidade, as
regiões metropolitanas enfrentam vários problemas como o déficit habitacional, transporte
coletivo urbano, educação, saúde e violência, nem mesmo Goiânia, uma cidade planejada
foge desta realidade. As regiões metropolitanas tornam assim áreas de tensão social, nem
mesmo a criação e a implantação das regiões metropolitanas pelo Governo Federal e
posteriormente repassado aos governos estaduais a instituição das mesmas, não foi capaz
de solucionar esses problemas. No caso da criação da Região Metropolitana de Goiânia –
RMG, segundo os entrevistados houve o agravamento da qualidade de vida de seus
moradores, decorrente do aumento do déficit habitacional, a ineficiência do transporte
coletivo para atender a demanda crescente e a violência. Entre as soluções sugeridas pelos
entrevistados para resolver ou amenizar os problemas da RMG sobressaíram o
planejamento urbano e a gestão compartilhada.
7.4
CARACTERIZAÇÃO DA CADEIA PRODUTIVA EM GOIÁS
Nair de Moura Vieira
Dissertação de Mestrado em Engenharia de Produção – UFSC
Orientador: Luiz Carlos de Carvalho Júnior
Resumo:
O presente trabalho tem como objetivo caracterizar a cadeia da soja no Estado de Goiás e
analisar as atividades realizadas em cada segmento constitutivo da mesma assim como o
comportamento dos seus agentes. Primeiramente, tem-se uma revisão bibliográfica acerca
dos conceitos que explicam a evolução da agricultura e são discutidos os conceitos de
complexo rural, agroindustrial, sistema de commodities,cadeia agroalimentar, as
dimensões do sistema agroalimentar e o enfoque sistêmico por fornecer a sustentação
teórica necessária à compreensão da forma de como uma cadeia funciona e sugerir as
variáveis que afetam o desempenho do sistema. Posteriormente, são apresentadas as
características da cadeia da soja no Estado de Goiás com uma descrição de sua evolução
histórica mostrando que na década de 70 inicia-se na região Centro-Oeste do Brasil o
processo de ocupação agroindustrial (com as atividades de beneficiamento no Estado de
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
91
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
Goiás), transformando-se num pólo de atração de capitais nos anos 80. Diante do estudo
realizado entende-se que a cadeia da soja goiana implantou-se pela atração de recursos
físicos, infra-estruturais e incentivos fiscais fornecidos aos complexos agroindustriais e seu
crescimento pode-se elevar inclusive com uma maior eficiência da rede de transportes.
7.5
AS ESTRATÉGIAS DE CRESCIMENTO DA COOPERATIVA MISTA DOS PRODUTORES DE
LEITE DE MORRINHOS (CONPLEM) DE GOIÁS
Mauro César de Paula
Dissertação de Mestrado em Engenharia de Produção – UFSC
Orientador: Luiz Carlos de Carvalho Júnior
Resumo:
O Objetivo deste artigo é identificar as principais estratégias de crescimento da COPLEM,
no decorrer das duas ultimas décadas do século passado, bem como a evolução do
comportamento da cooperativa com relação aos seus associados. Para tanto, utilizou-se de
levantamentos bibliográficos, analise de documentos específicos da cooperativa e pesquisa
primária (pelo processo de amostragem) realizada junto aos produtores associados. Os
resultados mostraram que a partir da implantação da COPLEM no município de Morrinhos
esta se apresentou como uma divisora de águas na economia local e na região
meiapontense do Estado de Goiás. As estratégias adotadas pela cooperativa como
repassadora de matéria-prima, a diversificação do destino da captação, e os investimentos
realizados em infra-estrutura, contribuíram na agregação de valor, na geração de empregos.
Renda e impostos, acelerando por conseqüência o desenvolvimento econômico da região.
7.6
AS PLANTAÇÕES DE SOJA E O IMPACTO AMBIENTAL CAUSADO NA ÁGUA E SOLO NA
REGIÃO DO CERRADO/ CENTRO – OESTE/ CIDADE DE CRISTALINA – GOIÁS
Autora: Lara Kênia de Bessa
Orientador: José Paulo Pietrafesa
Data da defesa:30/08/2006
Resumo:
O trabalho aqui apresentado enfoca a vocação econômica do Centro-oeste brasileiro com
destaque para o município de Cristalina de Goiás. Destacando como fonte prioritária de
renda a agropecuária utilizada para subsistência em tempos remotos. E a partir de 1970, a
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
92
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
transformação ocorrida na agricultura pela ocupação agrícola altamente incentivada por
ocupação agrícola altamente incentivada por ações prioritárias que visavam promover a
substituição no modo de produção agrícola até então de subsistência, pela implementação
de lavouras tecnificadas que visavam desovar o maquinário e produtos agropecuários
produzidos na industria nacional e atender o mercado externo das ‘commodities’ (soja). No
decorrer da dissertação, são feitas reflexões gerais sobre a ocupação e seus reflexos no
contexto social da região do Cerrado/ Centro–Oeste/ Goiás; e mais amiúde sobre a Cidade
de Cristalina de Goiás. Entre outras coisas, os objetivos desta pesquisa visam destacar o
alto índice de degradação ambiental na água e solo das regiões abordadas e a crise
ambiental existente em face da degradação incontrolável destes recursos naturais. Assim
como, demonstrar que existem acordos extrajudiciais e judiciais, Leis, decretos, normas
reguladoras etc., que regulamentam a gestão pública e uso dos recursos naturais. Pontua
quais são os meios de proteção legais vigentes, sua aplicabilidade e eficácia na atual
conjuntura. Destaca que a partir da tecnificação das lavouras, houve uma intensificação na
produção de soja, que influenciou de forma significativa o tripé da sustentabilidade que são
representados pelas vertentes da economia/política, cultura e meio ambiente. No entanto, a
forma de produção adotada possui falhas, vez que eleva o interesse capitalista em
detrimento da forte pressão ocorrida no meio natural. Verificamos, que o vilão da história é
o modo de produção vigente que domina a forma de pensar dos atores sociais. Pois no
campo da ciência jurídica, existe farto aparato de leis e órgãos destinados à regulamentação
e gestão do meio ambiente, tanto na esfera administrativa como na esfera judicial. Porém,
o maior problema constatado e a deficiência na aplicabilidade destas normas que
comprometem sua eficácia. Concluímos que a eficiência e a aplicabilidade das normas
esbarram na filosofia capitalista. Portanto, a melhor fórmula para reverter esta situação é a
conscientização/reeducação de todos para articulação de um modo de produção sustentável
que contemple todas vertentes do tripé.
7.7
DISSERTAÇÕES DEFENDIDAS NO MESTRADO EM HISTÓRIA
(RECEBIDO EM 01/07/09 da coordenadora do Mestrado, faltam os créditos, caso
necessário inserir depois)
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
93
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
7.7.1
SULISTAS EM MINEIROS: A RECRIAÇÃO DA IDENTIDADE
Resumo:
Esta dissertação tem como objeto de análise a imigração sulista que se manifesta em
Mineiros, GO, a partir de um olhar revelador sobre a recriação de sua identidade. Sulistas
provenientes de colônias de imigrantes europeus italianos e alemães adotaram, em
Mineiros, a cultura do tradicionalismo gaúcho, que não cultuavam em seu espaço de
origem, tornando-se “gaúchos” em terras goianas. A análise busca a dinâmica do processo
que motivou a recriação identitária em um processo de reterritorialização desenvolvido a
partir da oposição ao estabelecido, gerando preconceitos e estigmas. Busca também a
percepção de uma releitura sobre a cultura gaúcha, cultura essa eivada de novas
tonalidades, na medida em que há uma identificação gaúcha e também a recriação de uma
cultura gaúcha. Na investigação feita para este estudo, procura-se responder,
fundamentalmente, à seguinte questão: que razões motivaram o fenômeno sulista de tornarse “gaúcho” em Mineiros? Após uma contextualização da realidade rio-grandense
identificando a cultura imigrante européia e a cultura gaúcha, investigam-se as razões da
imigração para Goiás. Continuando, destacam-se as dificuldades do sulista quanto à
adaptabilidade e os desafios de conviver com o estabelecido e de criar seu próprio espaço.
Na busca pela auto-afirmação em um espaço cuja sociedade já se encontra organizada, os
sulistas reorganizam-se para conseguir coesão grupal e, para isso, reelaboram a sua própria
identidade. Para atingir os objetivos propostos, adotou-se, como referencial teórico, o
modelo de análise denominado Estabelecidos e Outsiders, de autoria de Norbert Elias,
além de um estudo identitário acerca dos conceitos de identidade a partir de Hall, Castells,
Hobsbawm, Albuquerque Junior, entre outros. Houve a necessidade, assim, do
desenvolvimento de estudos sobre a formação de preconceitos, estigmas e disputas pelo
poder. A síntese da relação estabelecidos e outsiders conclui a análise, na qual se apresenta
Mineiros antes e depois dos outsiders (sulistas), bem como a persistência da disputa no
campo político, em que as razões da formulação da nova identidade dos sulistas servem
como causa e efeito.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
94
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
7.7.2
NAS ÁGUAS DO ARAGUAIA: A NAVEGAÇÃO E A HIBRIDEZ CULTURAL
Resumo:
A presente dissertação trata de um estudo de caso sobre o processo de hibridez nas cidades
ribeirinhas do Araguaia, ocorrido com as políticas de povoamento e navegação a vapor do
século XIX. O objetivo principal foi mostrar como se processou a hibridez cultural e como
a identidade foi sendo construída, com o desenvolvimento das políticas fundiárias, defesa e
comercialização agrícola ao longo do rio e de seus afluentes. Ao longo do trabalho,
verificou-se a multiplicidade, a diversidade e a complexidade que marcaram a evolução
temporal do espaço rio, como via de integração, trabalho e entretenimento, ressaltando o
seu poder de provocar a coesão social, além de fazer papel mediador entre estados. A
pesquisa buscou suporte em uma gama de fontes documentais primárias e secundárias:
cartas régias, memórias, ofícios, atos, relatórios oficiais, fotografias, mapas, entrevistas,
livros de renomados escritores, cuja finalidade foi compreender os mecanismos que
geraram a hibridez cultural nos sertões do Araguaia. A primeira parte descreve o rio como
um espaço que provoca, no imaginário humano, o desejo de conhecer seus mistérios.
Mostra a política de povoamento adotada pelos governantes, que teve como propósito,
auxiliar o incremento da navegação. Analisa a forma de implantação dos presídios
militares, e sua influencia sobre a navegação a vapor, como agente indutor de profundas
alterações nas estruturas sociais até então existentes (os aldeamentos). Na segunda parte,
foi apresentado o processo de implantação da navegação a vapor, em meados do século
XIX, para o desenvolvimento do comércio e as práticas culturais do ribeirinho.
7.7.3
SÃO DOMINGOS: TRADIÇÕES E CONFLITOS
Resumo:
O presente estudo retrata a situação do Município de São Domingos, onde está inserido o
Parque Estadual de Terra Ronca, não pela vertente ambientalista, mas especialmente sob o
viés da história oral dos seus mitos, lendas e tradições. O objetivo da pesquisa foi registrar
e documentar a diversidade das expressões culturais do município e identificar as razões da
redução e desaparecimento de várias manifestações. Assim, optou-se por uma pesquisa de
natureza exploratória, fundamentada na abordagem qualitativa. Os instrumentos de coleta
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
95
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
de dados foram definidos em função de suas finalidades. Foram utilizadas entrevistas,
observações de campo e análise de documentos. O Parque de Terra Ronca foi criado em
1989 para proteger um valioso complexo espeleológico no qual são encontradas sete das
trinta maiores cavernas do Brasil. Nesse município, situado no nordeste goiano, surgido no
período do ciclo do ouro, hoje está inserido em uma região considerada como o corredor da
miséria do Estado de Goiás. O município possui um patrimônio cultural e religioso
bastante rico e diversificado, como a Romaria do Bom Jesus da Lapa, que tem sua
representação cultural com missas, batizados e festas, desenvolvidas dentro da gruta. Das
mais de trezentas cavernas que compõem o Parque, a gruta Terra Ronca é a mais conhecida
e a mais cheia de mistérios e lendas, entre elas, a de que serviu de esconderijo para a
população da cidade, quando da passagem da Coluna Prestes por São Domingos. Nos dias
atuais, a população vive problemas de redução ou de desaparecimento de algumas de suas
expressões culturais, característica marcante de sua identidade regional. Os resultados
indicaram que a implantação da Unidade de Conservação do Parque Estadual de Terra
Ronca foi o grande motivador de diversos conflitos, que puderam ser percebidos nas
questões fundiárias, que não considerou conciliar ocupação humana com preservação
ambiental, provocando um forte sentimento de rejeição, insegurança e insatisfação nos
proprietários de terras daquela localidade. Esse conflito sócio-ambiental proporcionou
sérios reflexos sobre a manutenção dos aspectos culturais, particularmente, sobre seus
mitos, lendas e tradições.
7.7.4
IMAGENS DO COMÉRCIO ANAPOLINO NO JORNAL “O ANÁPOLIS” (1930 – 1960): A
CONSTRUÇÃO DA MANCHESTER GOIANA
A década de 1930 foi rica na produção de imagens. No Brasil, o cenário foi de mudanças
nas ordens política, social e econômica, com a chegada ao poder do governo Getúlio
Vargas. Esse período registrou uma nova dinâmica para a economia nacional, graças à
penetração do capital no interior do país. Em Goiás, a imagem que marcou o período foi a
entrada da estrada de ferro no território goiano, puxada pela produção cafeeira. Com
relação a Anápolis, o ano de 1935 ficou registrado na memória como o ano da chegada do
trem à cidade e, com ele, a modernidade e o progresso. Esse período foi identificado como
o momento de hegemonia do setor terciário, em que houve grande impulso na troca de
mercadorias e serviços. O propósito deste estudo foi captar a imagem da cidade comercial
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
96
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
construída a partir da narrativa do jornal O Anápolis e do conjunto de fotografias do acervo
do Museu Histórico de Anápolis. A proposta era, por meio das imagens publicadas
semanalmente, enxergar a evolução e a permanência da materialidade urbana e, valendo-se
da análise dos anúncios, perceber as diferentes maneiras utilizadas pelo jornal para
representar o comércio para o consumidor, além de verificar a relação entre as metáforas
divulgadas pelo jornal O Anápolis e a construção do comércio na imaginação social da
cidade.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
97
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
7.8
AGROINDÚSTRIA E A REORGANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO PIRES DO RIO
Autor: Cleusa Maria da Silva
Data da Defesa: 17/07/2002
Prof. Dr. Manoel Calaça (Orientador)
Resumo:
O presente trabalho traz resultados pertinentes acerca do processo de ocupação da região
mineradora de Santa Cruz de Goiás, as várias formas de ocupação e a fragmentação
territorial que deram origem a diversos municípios. Em seguida, analisa a nova
territorialidade criada pela agroindústria no município de Pires do Rio. Nas últimas
décadas, o mundo foi o palco de grandes transformações, as quais propiciaram que
profundas alterações nas relações de trabalho e produção de capital fossem observadas. No
Brasil foi reforçado o processo de industrialização agropecuária. Na década de 1980, com
o esgotamento da região Sul e Sudeste, o Centro-Oeste configurou-se como uma nova
região de fronteiras agrícolas, aberta aos fluxos migratórios de capital, tecnologia e
agroindústria. A instalação da agroindústria de soja/derivados/carne no município de Pires
do Rio promoveu a reorganização do território, constituindo-se como agente dinâmico
nesse processo e contribuindo para inúmeras implicações territoriais. A pluriatividade da
produção e a organização do território em rede foram estabelecidas. Pôde-se verificar que a
agroindústria não apenas fez com que as relações no campo fossem alteradas, assim como
também possibilitou o redimensionamento das relações urbanas. O processo de ocupação e
transformação do território brasileiro tem se constituído em decorrência da predominância
econômica, quer seja em nível local, regional ou mesmo nacional.
7.9
A BUSCA DO PARAÍSO
Autor: Wagneide Rodrigues
Data da Defesa: 17/08/2001
Profª. Dr.ª Maria Geralda de Almeida (Orientadora)
Resumo:
O turismo implica numa prática sócio-econômica, política e cultural intercedida pelo
espaço geográfico e se estrutura a partir do fluxo de pessoas e mercadorias. Nesse
contexto, A Busca do Paraíso é um estudo sobre o processo de ocupação turística em Alto
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
98
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
Paraíso de Goiás. Ele aborda as questões ambientais da atividade através de uma análise
sobre a capacidade de carga turística. E, considera os seguintes aspectos - duração da
estadia dos visitantes; dispersão ou distribuição dos turistas dentro da área; características
dos turistas; época do ano em que ocorre a visita, pois o estabelecimento de parâmetros que
mantenham o equilíbrio entre a atuação humana no meio ambiente natural e a capacidade
de regeneração do mesmo estão diretamente relacionados. A pesquisa teve como objetivo a
análise das mudanças sócio-econômicas e espaciais promovidas pela atividade turística em
Alto Paraíso de Goiás. A busca é uma inquietação, no sentido de se compreender o turismo
enquanto mecanismo de promoção da sustentabilidade, pois o mesmo legitima práticas
causadoras de desequilíbrio ambiental, como turismo ecológico. No passado o Paraíso era
interpretado como um lugar de comida farta e possibilidade de procriação; hoje é o desejo
por um lugar diferente, o rompimento com o cotidiano, um lugar onde não haja
desigualdade social e a paisagem natural esteja conservada. Entretanto, a valorização da
paisagem pela atividade turística desconsidera as questões sócio-ambientais dos "Paraísos",
que revelam apenas "o lado belo" do turismo. Ora, o turismo fundamenta-se na
heterogeneidade dos lugares, diversidade e encontro de culturas, e isso é farto em Alto
Paraíso de Goiás. É mais uma atividade humana que altera significativamente a paisagem,
gerando tanto impactos positivos quanto negativos, uma vez que o processo de
territorialização do turismo tem ocorrido de maneira intensa no município. Há contradições
na realização da atividade, pois ela se desenvolve na lógica da produção capitalista,
provocando alterações na organização social, econômica e ambiental. A exploração de
ambientes frágeis e a segregação espacial em detrimento de um constante processo de
apropriação do território pelo turismo são uns dos fatores que afetam a sustentabilidade
ambiental e social. "A busca do Paraíso", tão constante em tempos remotos e presentes nas
mais variadas culturas é, ainda hoje, um símbolo a ser desvendado, assim como a busca da
sustentabilidade, contraditória e às margens da utopia.
7.10
A CIDADE DE MORRINHOS: ELEMENTOS DA PRODUÇÃO DE UM ESPAÇO URBANO
Autor: Cláudia Márcia Romano Bernardes Silva
Data da Defesa: 06/09/2002
Profª. Dr.ª Lana de Souza Cavalcanti (Orientadora)
Resumo:
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
99
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
O objeto deste estudo é a cidade de Morrinhos, no Estado de Goiás. Uma cidade centenária
do princípio do século XIX, povoada em seus primórdios por colonos paulistas e mineiros.
A pretensão é a de analisar alguns aspectos desse espaço urbano, na perspectiva da
pesquisa geográfica. Para compreender o espaço urbano, é necessário diferenciá-lo ou
destacá-lo da região na qual está inserido, analisando a dinâmica do seu modo de produção.
O objetivo desta pesquisa é o de compreender a dinâmica atual do espaço intra-urbano e
elementos gerais da produção desse espaço. O resgate do passado, a partir do final da
década de 70, serve como uma espécie de lente, através da qual poder-se-á observar o
processo de produção desse espaço. Do ponto de vista da análise geográfica, do espaço
intra-urbano, e na pretensão de analisar a localização, o arranjo espacial, a produção do
espaço, algumas categorias foram consideradas prioritárias como forma, função, estrutura,
processo assim como paisagem e lugar. Para alcançar os objetivos desta pesquisa
procuraram-se resgatar a formação histórica e as tendências de espansão urbana de
Morrinhos, identificando o deslocamento de atividades comerciais da área central para
outros locais e compreendendo o crescimento da cidade. Para dar sustentabilidade a esse
raciocínio, foi usado um sistema de análise que envolveu os moradores da cidade
(questionários) bem como políticos que participaram da construção deste espaço
geográfico. Os mapas e as figuras dão apio para a compreensão da dinâmica de Morrinhos.
7.11
A EBULIÇÃO DE UMA FRONTEIRA: UM ESTUDO SOBRE AS RECENTES
TRANSFORMAÇÕES ESPACIAIS EM IACIARA – GO
Autor: Jutorides Alves Damascena
Data da Defesa: 03/09/2003
Profª. Dr.ª Celene Cunha Monteiro Antunes Barreira (Orientadora)
Resumo:
A
produção geográfica sobre a espacialidade goiana tem crescido bastante após a criação
do Programa de Pesquisa e Pós-Gradução em Geografia da Universidade Federal de Goiás.
A motivação em conhecer mais o espaço goiano surge da própria necessidade, enquanto
pesquisador, de ampliar a discussão epistemológica para, também, ampliar o arcabouço
teórico da ciência e procurar chegar cada vez mais próximo do entendimento da realidade.
Nesse sentido, as categorias de análise tornam-se instrumentos fundamentais para o
geógrafo. Nossa pesquisa enquadra-se em Geografia Regional, uma vez que procura
apreender a dinâmica regional e de fronteira que está ocorrendo no Nordeste do Estado de
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
100
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
Goiás, especificamente no município de Iaciara. A categoria região, entendida como sendo
uma dimensão espacial das especificidades sociais em uma totalidade espaço-social,
expressa bem essa resistência do espaço frente à pretensa homogeneidade espacial do
capital. Enquanto as regiões Sul e Sudeste de Goiás vão sendo incorporadas
economicamente ao centro financeiro e econômico do país à partir da década de 1930, as
demais regiões do Estado ficam relegadas ao esquecimento, sobretudo o Norte e o
Nordeste. Essa incorporação espacial de forma seletiva implicará em sérios problemas de
desníveis regionais, a saber, a idéia de Sul rico e desenvolvido, sinônimo de modernidade,
e Norte pobre, arcaico, tradicional e atrasado. Uma categoria que a Geografia deixou de
lado por vários anos ajuda-nos a entender essa incorporação que vem se dando do Nordeste
de Goiás: a fronteira. Ela é a fração espacial, social ou temporal que permite diferenciar
uma região da outra. Na verdade a relação fronteira e região se manifesta à partir do
diferente, isto é, a fronteira aparecerá como o elemento que está propiciando a mudança de
toda a região. A partir da década de 1980 observa-se a incorporação do município de
Iaciara, mediante a pecuária, ao capitalismo monopolista presente em praticamente todo o
país. Compreender como tem se dado essa manifestação da fronteira econômica em Iaciara
constitui-se como objetivo central da pesquisa proposta, abordando temas como a expansão
do latifúndio, a expropriação de pequenos produtores, o desemprego e as dinâmicas
urbanas decorrentes. Para tanto, realizou-se uma Revisão Bibliográfica, com pesquisa em
bibliografia teórica, visando a compreensão da manifestação da fronteira no espaço, bem
como os respectivos processos decorrentes desta expansão. Posteriormente, realizou-se a
coleta de dados e a sua compilação. Outro passo importante refere-se à pesquisa de campo,
na qual foi realizada a aplicação de entrevistas (com fazendeiros, comerciantes, moradores
e o prefeito) para a apreensão de suas percepções em relação às dinâmicas ocorridas. Com
base nos dados obtidos e na intensa revisão bibliográfica, foi possível verificar que a
expansão da fronteira em Iaciara é decorrente de um processo maior, qual seja, o de
expansão da fronteira econômica rumo à Amazônia à partir do Sul e do Sudeste do Brasil
em função da ausência de terras disponíveis a preços baixos. De fato, a ocupação de Iaciara
e, também, do Vão do Paranã, só é possível em função da conjugação de fatores como
preço muito baixo da terra, meio natural propício à prática da pecuária e infra-estrutura
disponível. Contudo, o crescimento da pecuária de corte não implica apenas em melhoria
econômica, pelo contrário, acarreta na produção de um espaço desigual e combinado,
atendendo apenas as necessidades do capital monopolista.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
101
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
7.12
A FORMAÇÃO DE MOSSÂMEDES-GO: DA ALDEIA DE SÃO JOSÉ AOS NOVOS LIMITES
MUNICIPAIS
Autor: Elson Rodrigues Olanda
Data da Defesa: 28/06/2001
Profª. Dr.ª Celene Cunha Monteiro Antunes Barreira (Orientadora)
Resumo:
No século XVIII, a colonização portuguesa não havia conseguido uma ocupação efetiva de
todo o território onde atualmente é o Estado de Goiás. Portugal definiu uma estratégia de
ocupação do interior, por meio da criação de núcleos povoadores que receberam
denominações de Presídios e Aldeias. A Aldeia de São José de Mossâmedes (1775) nasce e
se estrutura sob os auspícios do Estado Português enquanto parte do planejamento de uma
ocupação territorial que absorvesse a população indígena. A povoação constituída na
Aldeia sobreviveu ao longo do tempo e foi elevada à condição de município em 1952.O
atual município de Mossâmedes obteve a sua emancipação, com o desmembramento do
município da Cidade de Goiás, após a ocupação da fronteira agrícola, na "Zona do Mato
Grosso de Goiás", iniciada nas primeiras décadas do século XX e consolidada nas décadas
de trinta e quarenta, sobretudo com a chegada dos mineiros, oriundos do Oeste de Minas
Gerais e do Triângulo Mineiro. Estes fincaram suas raízes e fundaram povoados,
constituindo, assim, núcleos urbanos nessa região, inclusive Adelândia, Buriti de Goiás e
Sanclerlândia, distritos de Mossâmedes que se tornaram municípios. Discute-se o processo
de formação territorial do município de Mossâmedes no contexto de uma nova dinâmica
dos núcleos urbanos, a partir de meados do século XX com a consolidação da fronteira
agrícola na região.
7.13
A IMPLANTAÇÃO DA MITSUBISHI EM CATALÃO: ESTRATÉGIAS POLÍTICAS E
TERRITORIAIS DA INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA NOS ANOS 90
Autor: Ronaldo da Silva
Data da Defesa: 12/06/2002
Profª. Dr.ª Lana de Souza Cavalcanti (Orientadora)
Resumo:
Nos anos 90 o Brasil foi o país que recebeu os maiores investimentos do mundo no setor
automotivo. Várias multinacionais, montadoras de autoveículos e indústrias de autopeças
construíram fábricas no país. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
102
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
informou que U$ 21 bilhões de dólares foram projetados para serem investidos de 1995 e
2003. Esse processo deflagrou uma grande disputa entre os Estados da federação e entre os
municípios para sediar estas indústrias. A disputa ficou conhecida como guerra fiscal, ou
como conforme preferem os geógrafos, guerrra dos lugares. Nesse contexto uma delas, a
Mitsubishi Automotores se instalou no Estado de Goiás, na cidade de Catalão investindo
um total de U$ 135 milhões. Esta pesquisa se propõe a realizar uma investigação sobre as
razões geográficas e políticas que levaram a indústria de autoveículos Mitsubishi
Automotores do Brasil a implantar sua fábrica em Catalão-Goiás. Em São Paulo estavam
concentradas quase todas as montadoras do país. Mas, nos anos 90, montadoras já
instaladas neste Estado buscaram deixá-lo e as empresas recém-chegadas também
procuraram outros Estados para se alojarem. Com isso formou-se uma nova configuração
territorial da indústria automobilística brasileira. Portanto, ao investigar as causas que
levaram a Mitsubishi a escolher Catalão e Goiás, esse estudo faz uma análise da visão
geográfica da empresa para conhecer a sua decisão locacional, ou melhor, as estratégias
político-territoriais empreendidas pela a empresa. Discute-se também a nova configuração
territorial da indústria automobilística e as estratégias empreendidas por elas para acirrar a
disputa entre os Estados, que em conseqüência da luta travada lhes ofertam mais e mais
isenções fiscais, créditos públicos e inúmeras obras físicas. E, por último, se procura
analisar a influência econômica e as transformações espaciais na cidade provocadas pela
implantação da Mitsubishi Automotores.
7.14
A IMPORTÂNCIA DA MANUTENÇÃO DOS REMANESCENTES DE CERRADO NO
SUDOESTE GOIANO: A CONTRIBUIÇÃO DA SUB-BACIA DO RIBEIRÃO ZECA NOVATO
Autor: Jackeline Silva Alves
Data da Defesa: 09/05/2003
Profª. Dr.ª Sandra de Fátima Oliveira (Orientadora)
Resumo:
A configuração dos aspectos fisionômicos do Cerrado (paisagem) é resultante de interrações existentes entre os elementos compositores do meio físico, influenciados em maior
ou menor grau por intervenções antrópicas. A disponibilidade dos recursos existentes neste
bioma (minérios e gemas preciosas, a disponibilidade de água, a própria vegetação propícia
à formação de pastagens naturais, bem como a vastidão em terras a serem ocupadas)
constituíram-se como elementos responsáveis pela ocupação econômica e social da região
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
103
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
durante os distintos períodos que marcam os ciclos econômicos. À medida em que os
elementos formadores do meio físico, passam a ser vistos apenas como recursos a serem
apropriados(como meios que se destinam a um fim), dilapidam-se mecanismos próprios da
natureza, acarretando alterações ambientais. Através da expansão da fronteira agrícola no
Cerrado goiano intensificou-se as pressões ambientais nestas áreas. Para que extensas
glebas de terra do Cerrado goiano fossem incorporadas ao sistema econômico/produtivo
necessitou-se substituir a cobertura vegetal original destas áreas, por campos de cultivo
(monoculturas), notadamente, da soja e pastagens cultivadas. Tal processo, provocou a
fragmentação do complexo vegetacional, logo descaracterização da paisagem. Porém, as
conseqüências advindas desta prática não se limitam ao nível aparente, tendo desencadeado
bruscas modificações no ambiente. A retirada da cobertura vegetal nativa provoca perdas
para a diversidade biológica existente, pois ao introduzir o sistema de lavouras
monoculturas simplifica-se o ambiente, acarretando grandes prejuízos para a natureza. A
presente pesquisa trata sobre, a importância da manutenção dos remanescentes de Cerrado
na microrregião do Sudoeste goiano, enfatizando-se a representatividade da sub-bacia do
ribeirão Zeca Novato, para a conservação da integridade da paisagem na região, ao mesmo
tempo em que esta proximidade da mesma em relação ao PNE(GO) e ao PENT (MS),
ambas importantes UCS de proteção Integral em domínio de Cerrado. A necessidade em se
pensar mecanismos que possibilitem o uso múltiplo da terra no Sudoeste Goiano, decorrem
das práticas (ir)racionais que tem se empreendido sobre os recursos naturais nesta
microrregião. Para tanto, a execução desta dissertação, pautou nas seguintes etapas
metodológicas: levantamento e análise bibliográfica; levantamento de dados secundários
junto a órgãos públicos, organizações não governamentais e fundações; observações em
campo; produção de material fotográfico; elaboração de material cartográfico para a subbacia do ribeirão Zeca Novato (mapas temáticos), posterior descrição e análise das
informações nestes contidas; redação da dissertação. A criação das áreas naturais
protegidas (Unidades de Conservação), tem sido uma prática bastante utilizada pelo
planejamento territorial tendo em vista amenizar problemas causados pela fragmentação de
habitats naturais. Assim, para garantir a funcionalidade destas reservas, no sentido de
atingir índices relevantes para a conservação, faz-se necessário que estas estejam
localizadas próximas uma das outras, de modo a permitir formar um sistema de reservas
sob diversas categorias de manejo. Além do valor estético, critérios científicos devem ser
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
104
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
considerados quando da seleção destas áreas. Nesse sentido, as UCs devem sempre que
possível situar em locais que concentrem índices consideráveis de biodiversidade.
7.15
A POLÍTICA DE INDUSTRIALIZAÇÃO EM GOIÁS COM OS DISTRITOS AGROINDUSTRIAIS - DAIA (1970/90)
Autor: 0yana Rodrigues dos Santos
Data da Defesa: 26/03/1999
Profª. Dr.ª Celene Cunha Monteiro Antunes Barreira – Orientadora
Resumo:
O governo do Estado de Goiás veio, nas últimas décadas, buscando desenvolver a
atividade industrial e encontrou na adoção da política de industrialização, através dos
Distritos Agro-Inndustriais, um caminho para tentar, atingir tal fim. No processo de
implementação dos mesmos, elementos da conjuntura interna e externa ao espaço goiano
influenciaram no ritmo de efetivação desses parques industriais, com destaque para o
DAIA- Distrito Agro-industrial de Anápolis; empreendimento que alcançou um dos
estágios mais altos de materialização contido nos documentos oficiais de incentivo ao
desenvolvimento industrial do estado. O estudo buscou compreender o que é essa política
de industrialização via distrito agro-industrial, o que proposto por ela foi materializado,
seus mecanismos de funcionamento, sua evolução e perspectivas na atualidade, tendo
como base empírica o DAIA.
7.16
AQUI E ACOLÁ - ÁREAS REFORMADAS, TERRITÓRIOS TRANSFORMADOS
(RETERRITORIALIZAÇÃO E A CONSTRUÇÃO DO LUGAR - UM DEBATE ENTRE
PROJETOS DE ASSENTAMENTO RURAIS E EMPREENDIMENTOS RURAIS DO BANCO DA
TERRA EM GOIÁS)
Autor: Karla Emmanuela Ribeiro
Data da Defesa: 10/12/2003
Prof. Dr. Manoel Calaça (Orientador)
Resumo:
A presente dissertação tem por objetivo averiguar a ocorrência ou não de um processo de
territorialização-desterritorialização-reterritorialização (TDR) do campesinato goiano por
meio de um estudo comparativo entre um projeto do programa de assentamento rural (PA)
do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e de um
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
105
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
empreendimento em agrovilas do programa do Banco da Terra (EABT) em Goiás. Assim,
a partir de um estudo de caso, sob o enfoque do planejamento territorial dos projetos e da
organização social das famílias beneficiadas pelos programas em questão, procurar-se-á
caracterizar o processo de construção do lugar pelos camponeses-agricultores-familiares;
verificar-se-á ou não a unidade identitária do sujeito social nos dois projetos; elencar-se-á
as estratégias adotadas na construção das novas comunidades que se instalam nas áreas
reformadas. Essa análise procurará, desta forma, suscitar em debate do território quanto
elemento moldável, pois as áreas são reformadas cotidianamente. A questão central trata-se
da exeqüibilidade do controle de um novo território social, garantindo a autonomia do
indivíduo e a formação de uma coletividade.
7.17
AS TRANSFORMAÇÕES ESPACIAIS NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DA RODOVIA GO-060, NO
OESTE GOIANO
Autor: Rodrigo Sabino Teixeira Borges
Data da Defesa: 13/08/2001
Profª. Dr.ª Celene Cunha Monteiro Antunes Barreira (Orientadora)
Resumo:
O presente trabalho tem por objetivo buscar a compreensão das alterações espaciais
materializadas na área de influência do eixo viário da rodovia GO-060, a partir do início de
sua implementação, deflagrada na Segunda metade da década de 1940. A análise norteia-se
na estruturação da principal atividade econômica desenvolvida nesse espaço, a
agropecuária. O estudo se propõe a esclarecer algumas questões relacionadas à
implantação da rodovia e a sua influência na ocupação e desenvolvimento econômico do
espaço agrário, entre as quais entender como o surgimento do eixo viário vinculou-se ao
processo de organização do espaço regional e estadual; investigar como tal processo impôs
a reestruturação dos espaços anteriormente ocupados, alterando a estrutura sócioeconômica preexistente; apreender o papel desempenhado pelos fatores naturais no
processo de ocupação regional; e identificar as perspectivas atuais de configuração do
espaço em função da atividade agropecuária. A área em estudo localiza-se na porção oeste
do Estado de Goiás, abrangendo 24 municípios, dentre os quais Anicuns, Iporá e São Luiz
de Montes Belos. Sua delimitação foi norteada em trabalho desenvolvido pelo Instituto de
Desenvolvimento Urbano e Regional (INDUR) em 1980. A implantação do eixo viário da
GO-060 caarregou consigo a tranformação do espaço como fator de causa e efeito no
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
106
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
processo de incorporação de novos territórios ao processo produtivo e sua incorporação a
economia estadual e nacional. Este processo produtivo revelou-se dinâmico, trazendo a
reboque um grande afluxo populacional que promoveu o surgimento de estabelecimentos
rurais, o nascimento de novas cidades e o consumo intenso dos recursos naturais.
7.18
CIDADE DE GOIÁS - FORMAS URBANAS E REDEFINIÇÃO DE USOS
Autor: Odiones de Fátima Borba
Data da Defesa: 11/08/1998
Profª. Dr.ª Lana de Souza Cavalcanti – Orientadora
Resumo:
A cidade de Goiás foi capital do Estado de Goiás por duzentos e cinquenta anos. A antiga
capital era considerada um representativo do velho, o que não combinava com o discurso
modernista que solicitava uma nova capital para impulsionar a modernização do mesmo.
Este fato, somaado às condições físicos de localização da cidade- em área muito acidentada
e com estrutura urbana construída no período colonial- fez com que a transferência da
capital fosse inevitável. Desde a fundação, quando os primeiros mineradores chegaram ao
Estado, até à mudança da capital, a cidade de Goiás não acompanhou o desenvolvimento
do país. As dificuldades em se encontrar pedras preciosas no solo goiano resultou numa
ocupação dispersa e numa formação urbana simples. Essa estrutura urbana ainda persiste
ao tempo e deste legado que a cidade se vangloria, apresentando-se hoje como a maior
riqueza. O presente trabalho propõe um estudo das mudanças ocorridas no espaço da
cidade de Goiás ao longo da sua história e de como estas mudanças implicaram na
reutilização das formas antigas, dando-lhe uma nova atribuição de uso. É na busca de
sedimentação da atividade turística que a comunidade local se orienta, utilizando do legado
histórico presente na paisagem urbana de sua cidade e das festas tradicionais como o maior
atrativo para os visitantes.
7.19
CIDADE DE GOIÁS: PATRIMÔNIO HISTÓRICO, COTIDIANO E CIDADANIA
Autor: Dominga Corrêia Pedroso Moraes
Data da Defesa: 17/05/2002
Profª. Dr.ª Lana de Souza Cavalcanti (Orientadora)
Resumo:
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
107
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
Este trabalho trata das representações sociais de jovens cidadãos sobre o espaço urbano
que constitui o centro histórico de Goiás. Entende-se que a produção desse espaço é uma
construção humana, histórica e geográfica, com características próprias das sociedades que
viveram a vivem imprimindo suas marcas nas construções, nas ruas, nos monumentos, nas
festas, nos modos de vida cotidiano de uma cidade que é Patrimônio Histórico Cultural da
Humanidade. O estudo contou com uma investigação teórica para explicar a produção
espacial da cidade de Goiás das origens aos dias atuais, explicar conceitos pertinentes a
este trabalho como: espaço urbano, cidade, cidadão, paisagem e lugar, caracterizando-os
no contexto vilaboense. Explicar, também, teórico- metodologicamente a pesquisa em
representações sociais. As representações sociais dos jovens moradores revelaram as
relações cotidianas desses cidadãos com o espaço do centro histórico de Goiás, o
conhecimento, as imagens e as atitudes que eles tëm do Patrimônio Histórico vilaboense,
os desejos e preocupações com o futuro deles e da cidade. O Patrimônio Histórico, os
elementos culturais presentes nas paisagens e nos lugares do centro histórico de Goiás são
a fonte de conhecimento, a partir da qual a Geografia pode desenvolver projetos educativos
visando a formação para a cidadania de crianças e jovens da cidade.
7.20
COMPLEXO AGROINDUSTRIAL, SOB A FORMA DE COOPERATIVAS, NA OCUPAÇÃO E
USO DO CERRADO - O CASO DA COMIGO EM RIO VERDE – GO
Autor: Christiane Senhorinha Soares Campos
Data da Defesa: 05/04/1999
Prof. Dr. Barsanufo Gomides Borges – Orientador
Resumo:
O presente trabalho visa demonstrar a participação das Cooperativas de Produção
Agropecuária na ocupação e uso capitalista do Cerrado Central e estudo das principais
transformações espaciais, consequentemente sócio-econômicas e ambientais, geradas pela
atuação das cooperativas neste processo. O município de Rio verde sedia uma das grandes
cooperativas agropecuária do Centro-Oeste – Cooperativa-Comigo, que apresenta todas as
características típicas do modo de ocupação em estudo, e já foi objeto de algumas
pesquisas e levantamentos de dados estatísticos que podem ajudar a caracterizar o
desenvolvimento do Capitalismo, na medida em que é a quarta maior cidade de Goiás.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
108
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
7.21
CONFIGURAÇÃO SÓCIO-ESPACIAL DE PORANGATU – GO
Autor: Walquíria dos Santos Soares
Data da Defesa: 05/09/2002
Profª. Dr.ª Celene Cunha Monteiro Antunes Barreira (Orientadora)
Resumo:
A ocupação do território goiano, até a década de 1950, dá-se de forma fragmentada. Após
este período, a expansão da ocupação caracterizou-se pela adoção de uma política marcada
pela criação de infra-estrutura de transportes e energia, dando continuidade ao modelo de
substituição de importações e consolidação da "Marcha para o Oeste". A mudança da
capital federal para o Planalto Central e a implantação de um eixo rodoviário, do qual fez
parte a rodovia Belém-Brasília, uniu o Sul e o Norte do País, acelerando a integração de
Goiás no comércio nacional. A implantação de uma estrutura de base urbano-industrial
refletiu-se na expansão da fronteira agropecuária e no crescimento urbano no País. Em
Goiás, a expansão agropecuária teve fases distintas: o Sul do Estado foi incorporado como
frente agrícola entre 1930 e 1950; o Norte, a partir do avanço da Belém-Brasília em 1950,
concretizando em 1960. A rodovia integrou fisicamente o Estado e abriu a região Norte
para o avanço da fronteira agropecuária. A partir da década de 1960, realizou-se um
esforço de integração econômica do território nacional. As empresas agropecuárias foram
um dos atores dessa integração, a partir do desenvolvimento dos transportes e das
comunicações bem como das políticas territoriais, que permitiram maior articulação e
permuta comercial entre os diversos setores e espaços produtivos distantes uns dos outros.
Na esteira deste processo Porangatu é incorporado à dinâmica produtiva nacional. A partir
daí, verificou-se um revigoramento do processo de ocupação do município. As mudanças
mais significativas dessa nova etapa foram: o crescimento da cidade e o aumento da
produção pecuária com a modernização do campo. Estes fatores externos, aliados a uma
dinâmica particular do território, proporcionaram mudanças visíveis na configuração sócioespacial do município. Assim, o presente trabalho propõe um estudo das transformações
materializadas no espaço territorial de Porangatu, no contexto de uma nova dinâmica de
organização geográfica deste espaço, a partir de sua estruturação econômica, assentada na
pecuária de corte.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
109
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
7.22
COOPERATIVAS: UMA ALTERNATIVA DE ORGANIZAÇÃO PARA O PRODUTOR RURAL O CASO DA AGROVALE EM QUIRINÓPOLIS – GO
Autor: Nilda Aparecida P. Resende
Data da Defesa: 18/07/2002
Prof. Dr. Manoel Calaça (Orientador)
Resumo:
O presente estudo tem como objetivo fazer um estudo da experiência de organização de
cooperativas agrícolas no meio rural e sua importância no processo de desenvolvimento da
agricultura e da pecuária em Goiás, em especial a Microrregião Quirinópolis. Com o
enfoque histórico inicial do movimento cooperativista tenta-se resgatar suas origens no
plano internacional, brasileiro e goiano e a sua organização em redes, para posteriormente
trabalhar com o caso específico da Cooperativa Mista dos Produtores Rurais do Vale do
Paranaíba Ltda. - AGROVALE. Objetiva-se, a partir dessa referência de estudos, situar a
proposta cooprativista e as suas realizações práticas no período histórico compreendido
entre 1976 a 2000. A pesquisa se efetiva na Microrregião Quirinópolis, Estado de Goiás, e
esta é tomada como referência por ser um espaço geográfico "privilegiado" do
desenvolvimento da pecuária e da agricultura no período em análise. A AGROVALE é
uma cooperativa mista (grãos e leite) de importância regional. Sua expansão não se deu
todavia sem percalços. Da sua formação em 1976 até 2000 ela experimentou uma
ampliação significativa do seu quadro social e de sua área de ação. No entanto, desde 1996,
processa-se uma redução do número de associados e municípios de ação, decorrente da
crise interna pela qual passa a cooperativa. Finalmente, uma análise realizada neste
trabalho procura mostrar também a interrelação cooperativa-cooperado, apontando
algumas pistas sobre a visão do cooperado acerca da cooperativa.
7.23
ESTUDO DO IMPACTO AMBIENTAL A PARTIR DA ANÁLISE ESPAÇO / TEMPORAL - O
CASO DA REGIÃO VÃO DO PARANÃ – GO
Autor: Gislaine Cristina Luiz
Data da Defesa: 01/09/1998
Prof. Dr. Eduardo Delgado Assad – Orientador
Resumo:
Este trabalho tem como objetivo avaliar o impacto ambiental na região Vão do ParanãGoiás. Para tanto, abordou-se o impacto ambiental, com repercussão a nível global e mais
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
110
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
detalhado, tendo como parâmetro a análise espaço-temporal do uso e ocupação da terra. A
nível global, utilizou-se o modelo de absorção de CO2, desenvolvido por MONTEIRO
1995, como indicativo para estimar o pontencial da região em absorver CO2 da atmosfera.
A nível mais detalhado, o indicador foi o uso e ocupação da terra e de quanto esse difere
do zoneamento agroecológico, formulado pelo IBGE/SEPLAN. A partir dessa diferença,
quantificou-se os índices de qualidade ambiental. O desenvolvimento da pesquisa foi feito
a partir de técnicas cartográficas, produtos de sensoriamento remoto e técnicas do Sistema
de Informações Geográficas; os quais possibilitaram, a partir da compilação,
armazenamento e tratamento dos planos de informações a obtenção das variáveis e
elementos necessários para avaliar o impacto ambiental na região Vão do Paranão-Goiás.
7.24
IMPACTOS AMBIENTAIS DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO URBANO EM QUIRINÓPOLIS –
GO
Autor: Vonedirce Maria Santos Borges
Data da Defesa: 08/08/2002
Profª. Dr.ª Selma Simões de Castro (Orientadora)
Resumo:
Quirinópolis, cuja origem data do século XIX, é uma das muitas cidades da região do
Sudoeste Goiano, que apresentou crescimento demográfico e espacial lento até 1960 e
intenso após 1970, contemporaneamente à expansão da nova fronteira agrícola do cerrado,
viabilizada por programas federais como o POLOCENTRO, derivado do II Plano Nacional
de Desenvolvimento, que objetivaram a apropriação rápida das terras ao sistema produtivo
agropecuário moderno, voltado à exportação. Nesse contexto, a presente pesquisa
objetivou analisar a sua evolução urbana entre 1960 e 2000, na busca das causas dos
impactos ambientais negativos, os quais foram, inventariados, classificados, mapeados e
relacionados, sobretudo aos dados demográficos, aos vários mapas do meio físico e ao uso
e ocupação do sítio urbano numa perspectiva histórico-evolutiva, cujos produtos serviram
para a delimitação das áreas mais críticas e dos vetores atuais da expansão urbana atual,
além de permitirem uma compreensão do processo de urbanização, quanto aos
fundamentos teóricos, com base no apoio da bibliografia consultada. Os resultados
permitiram constatar que o afluxo da população, sobretudo de baixa renda imigrada do
campo do próprio município e arredores, além de outras regiões do país, acarretou
crescimento demográfico rápido e intenso que demandou novas áreas para moradia. Essa
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
111
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
demanda foi atendida mediante a também rápida apropriação das áreas limítrofes da
cidade, onde foram instalados vários sucessivos loteamentos destinados às classes menos
favorecidas desse processo e às custas de desmatamentos irregulares e ocupação de áreas
nem sempre favoráveis a esse tipo de uso sem a infra-estrutura adequada. O antigo sítio
urbano situado às margens do córrego Cruzeiro hoje está transformado no setor central da
cidade e o sítio urbano já ocupa as áreas dos córregos das Clemências e Capela e extravasa
os limites do perímetro urbano oficial.
7.25
KALUNGA: O MITO DO ISOLAMENTO DIANTE DA MOBILIDADE ESPACIAL
Autor: Marise Vicente de Paula
Data da Defesa: 04/08/2003
Prof. Dr. Alecsandro José Prudêncio Ratts (Orientador)
Resumo:
O sítio Histórico Kalunga é o maior grupo de remanescentes de Quilombo do Brasil.
Formado há aproximadamente 250 anos por cativos negros fugidos das minas de ouro do
Estado de Goiás. Atualmente possui 4.935 habitantes segundo o censo do IBGE de 1996,
distribuídos em 230.000há, localizados na microrregião da Chapada dos Veadeiros, norte
do Estado de Goiás. É composto por cinco núcleos principais: Vão do Moleque, Ribeirão
dos Bois, Vão das Almas, Contenda e Kalunga, e por uma centena de pequenas localidades
como Engenho, que representa a área de pesquisa deste trabalho. Os Kalunga sofreram nos
últimos 20 anos um crescente processo de “descoberta”, comum aos agrupamentos negros
rurais em todo o território nacional. Esta nova tendência remete sobre os grupos um certo
assédio por parte de pesquisadores, bem como especulações por parte da mídia, que
divulgam os quilombos como pessoas que vivem isoladas, num tempo pretérito, mantendo
na integra ainda hoje a cultura e costumes próprios de seus antepassados, segundo teorias
segregradoras e exotizadoras extremamente nocivas ao grupo em termos políticos, sociais e
culturais. Esta noção de isolamento cultural e geográfico contrasta no entanto com a
intensa mobilidade espacial apresentada pelo grupo, tanto num aspecto de migração
forçadas pela falta principalmente de educação e meios de subsistência, quanto pelos
deslocamentos rituais, quando o Kalunga se dirige rumo às festas tradicionais na região.
Apoiada nestas considerações, as presente pesquisa pretende realizar um estudo a respeito
do isolamento frente à intensa mobilidade espacial apresentada pelos moradores do
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
112
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
Engenho. Os procedimentos metodológicos se constituem em trabalhos de campo e
aplicação de entrevistas. De acordo com as observações realizadas constatamos a
exist6encia de uma intensa mobilidade espacial realizada pelo grupo, tanto em relação aos
grandes centros urbanos como Brasília/DF e Goiânia. Porém, nossa intenção neste
trabalho, não se restringe em argumentar acerca da inexistência do isolamento total do
grupo kalunga, em especial dos moradores do Engenho, contrapondo este quadro à
mobilidade espacial apresentada pelo grupo, mas sim lançar pontos de reflexão sobre a
conjuntura política histórica e social que delinea a realidade do agrupamento, bem como
apontar quão nociva é a idéia referentes ao atraso e inferioridade contribuindo assim para
marginalização e exotização do grupo. Assim, acreditamos que a desmistificação desse
conjunto de idéias possa colaborar para criação de canis de acesso à história política e
cultural dos quilombos e promovendo o fortalecimento e a construção da sua auto-imagem.
7.26
LUZIÂNIA: FRAGMENTAÇÃO TERRITORIAL DE UM MUNICÍPIO DO ENTORNO DE
BRASÍLIA
Autor: Marcelo de Mello
Data da Defesa: 16/12/1999
Profª. Dr.ª Celene Cunha Monteiro Antunes Barreira – Orientadora
Resumo:
Ao se analisar as contradições materializadas no território da Região do Entorno de
Brasília, deve-se considerar as ações dos diversos agentes que participaram do processo de
construção desse espaço heterogeamente habitado. Uma série de programas e projetos em
escalas nacionais e regionais promoveram uma dinâmica nos deslocamentos populacionais
e de cpitais que caracterizaram um processo de desterritorialização e reterritorialização.
Ficou evidenciado que as medidas que buscaram a construção de um integração do
Território Nacional, ocasionaram, em contrapartida, uma desintegração regional que,
estrategicamente, atenderam às necessidades da nova capital federal. O presente trabalho
realizou uma leitura do processo de construção das contradições espaciais presentes na
região do Entorno de Brasília. Para tanto, tomou como referência empírica o munípio de
Luziânia, bem como Valparaíso e Cidade Ocidental.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
113
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
7.27
MUNICÍPIO DE GOIÁS: UMA ANÁLISE DE FRAGMENTAÇÃO TERRITORIAL
Autor: José Alberto Evangelista de Lima
Data da Defesa: 28/11/2003
Profª. Dr.ª Celene Cunha Monteiro Antunes Barreira (Orientadora)
Resumo:
Estudar a Geografia de um município significa, dentre outras estratégias de pesquisa,
adentrar à sua história, descobrir suas origens, influências recebidas, mudanças ocorridas e
sua importância para a região na qual encontra-se inserido. Assim, compreender a
Geografia do antigo Arraial de Santana, implantado em 6 de julho de 1727, às margens do
Rio Vermelho, sua evolução e dinâmica atual constitui a tarefa da presente pesquisa. Nessa
busca pode-se encontrar o espaço e o tempo delimitados, circunscritos num território, o
município, que permite analisar diferentes aspectos da complexidade do lugar. Este projeto
tem como objetivo geral, elaborar uma análise comparativa dos municípios que foram
desmembrados do município de Goiás, (antigo Arraial de Santana) desde 1950, avaliando
as transformações regionais e o impacto causado sobre o fragmentado Município de Goiás,
cuja dimensão territorial chegou a corresponder a 25.000Km² antes da década de 50 do
século XX. Após esse período reduziu-se para 6.535 km, com o surgimento de vários
outros municípios, reduzindo a sua dimensão para os 3.106 km² atuais. Alguns aspectos
são relevantes nesta pesquisa, tais como: identificar as origens e os motivos que
contribuíram para as emancipações, verificar os reflexos dessas emancipações para os
municípios desmembrados, relacionar as transformações econômicas, políticas e sociais
que precederam em Goiás desde a década de 50 e seus reflexos na economia da região e
ainda avaliar o desenvolvimento sócio econômico dos municípios emancipados
aprofundando-se no município DE Goiás. Buscar-se-á compreender o processo de
construção do território/região, que antes (dos desmembramentos) constituía o município
de Goiás, levando-se em conta as relações histórico-espaciais da sociedade, bem como a
sua forma de organização da produção no espaço regional. O método regional, a escala
temporal e o recorte espacial, justificam-se, face ao objeto e as suas peculiaridades. A base
operacinal/metodológica está fundamentada em levantamentos de dados junto ao IBGE,
Secretaria de Estado da Fazenda, nas prefeituras municipais e órgãos, entrevistas com
pioneiros e pessoas com relevante papel social nos municípios. Porém, faz-se necessário
um minucioso levantamento bibliográfico, para dar fundamentação teórica ao trabalho.
Após o levantamento histórico dos municípios pesquisados, seguir-se a os levantamentos
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114
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
cartográficos e o mapeamento da região, para finalmente desmontar as transformações
ocorridas no território do município de Goiás ao longo do processo fragmentação. Esperase que este estudo seja de relevância para a sociedade vilaboense, como também para os
municípios que dele se originaram, visto que, através dele é possível desvendar processos
sócio-espaciasi necessários à compreensão da realidade e/ou local, que possibilite um novo
olhar das suas problemáticas sob a ótica da Geografia.
7.28
O COMÉRCIO VAREJISTA PERIÓDICO NO TEMPO-ESPAÇO DA FESTA DO DIVINO PAI
ETERNO EM TRINDADE
Autor: Tito Oliveira Coelho
Data da Defesa: 27/11/2003
Profª. Dr.ª Celene Cunha Monteiro Antunes Barreira (Orientadora)
Resumo:
A presente dissertação é o resultado de uma análise das relações do comércio varejista
periódico no tempo-espaço da Festa do Divino Pai Eterno em Trindade, GO, com os
elementos envolvidos na organização deste evento. A partir de uma abordagem sóciohistórico-cultural-discursiva dos dados levantados em arquivos, jornais, revistas,
bibliografias pertinentes ao tema versado, entrevistas e aplicação de questionários em 2001
e 2002, procedeu-se um estudo da festa enquanto evento relevante para os comerciantes
esporádicos, locadores de pontos (habitantes da cidade) e para o Município de Trindade. A
festa é um elemento singular no território goiano, inscrito no tempo-espaço histórico e
social de uma romaria que se iniciou com um oratório em meados do século XIX. Nesse
sentido, procurou-se dialogar com a história de Trindade (antiga Barro Preto) e com os
discursos que a remontam: o achado do medalhão por Constantino Xavier Maria e sua
esposa Ana Rosa, o do clero após a separação do Estado da Igreja, o do comércio inserido
na cultura do homem desde longa data, discutindo, a propósito deste último, a sua inserção
no campo da cultura popular e do processo de precarização das condições de trabalho do
brasileiro. Tratou-se, a partir das “imagens” do comércio varejista periódico no tempoespaço da festa, da constituição dos sujeitos no espaço de comércio periódico, da
aglomeração de romeiros, turistas e comerciantes na cidade-santuário (que Rosendahl
considera hierópolis), das metamorfoses em conseqüência das relações espaço-tempo
festivo, da intervenção política na organização do comércio periódico, bem como a relação
dos sujeitos entre si com os modos de se realizar a festa. Versou-se a relação da festa com
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115
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
a rede urbana brasileira, sobre o discurso da produção, circulação e consumo de
mercadorias possibilitado pelo desenvolvimento das estradas de rodagem, que permitiu a
interligação dos fluxos com a cidade de Trindade nos dias festivos. Por fim, foram
consideradas, em virtude de uma subjetividade em relação aos sujeitos inseridos na
romaria, as influências do poder público nas mudanças na forma de se construir e se
proceder na festa. Por tradição, os comerciantes e os mendigos (que foram transformados
em comerciantes de postais) inventavam um espaço diferente daquele vivido
cotidianamente, num tempo-espaço utópico, transgredindo normas, regras e valores
sociais. Com a intervenção do poder estatal e suas parcerias no modo de se fazer a festa,
recriou-se a arte de realizá-la, alterando-se a identidade da romaria do Pai Eterno em
Trindade.
7.29
O GRANDE VALE DO OESTE - TRANSFORMAÇÕES DA BACIA DO ARAGUAIA EM GOIÁS
Autor: Solange Maria Franco
Data da Defesa: 03/06/2003
Profª. Dr.ª Celene Cunha Monteiro Antunes Barreira (Orientadora)
Resumo:
Este trabalho tem como objetivo evidenciar as transformações espaciais da Bacia do Rio
Araguaia no Estado de Goiás a partir de cinco recortes temporais: o primeiro que serve de
contexto do processo de ocupação, abrange o primeiro século de ocupação mais efetiva a
partir da navegação no início da década de 1870; o segundo recorte começa exatamente um
século depois, quando a região começa a sofrer mudanças de ordem física, social e
econômica mais acentuadas; os outros períodos seguem seqüências das décadas
posteriores: 1980, 1993 e 2001. Ainda que o recorte espacial da pesquisa seja a área da
bacia atualmente em território goiano, foram considerados os conceitos de Bacia
Hidrográfica e as delimitações de toda a Bacia do rio Araguaia como investigação
introdutória essencial ao desenvolvimento do trabalho. A pesquisa se baseia nas alterações
físicas dos padrões de Uso da Terra, incluindo o nível de Vegetação remanescente e para
tanto foram produzidos diversos mapas temáticos apoiados em dados oficiais ou de fontes
confiáveis. Também foram elaborados outros mapas com informações geográficas
essenciais ao desenvolvimento do trabalho como, delimitação da bacia, classes de solos
dominantes, vegetação primitiva, drenagem, curvas de nível, entre outros. Por fim, as
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116
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
análises se nortearam pela confrontação dos resultados encontrados nos dados físicos
(mapas temáticos) com a história econômica e social da área em questão, principalmente as
políticas públicas implementadas durante os períodos estudados.
7.30
O PRODECER E A TERRITORIALIZAÇÃO DO CAPITAL EM GOIÁS: O PROJETO DE
COLONIZAÇÃO PAINEIRAS
Autor: Maria Erlan Inocêncio
Data da Defesa: 03/05/2002
Prof. Dr. Manoel Calaça (Orientadora)
Resumo:
As políticas públicas para a agricultura foram ao longo dos últimos 30 anos o elemento
motivador das modernizações agropecuárias. Uma das políticas agrícolas de maior
destaque para o cerrado e que o ocupou de forma sistemática foi - o PRODECER, acordo
resultante da cooperação econômica para o desenvolvimento dos cerrados entre o Brasil e
o Japão. Este acordo pautou-se pela ocupação racional do cerrado de forma a permitir a
instalação de uma agricultura moderna de base tecnológica. Este programa se desenvolveu
em Goiás a partir de 1980, quando incorporou 8.275 ha de terras onde se desenvolveu o
projeto de colonização Paineiras, nos municípios de Campo Alegre de Goiás e Ipameri. A
área foi dividida em 29 lotes com superfícies entre 200 e 400 ha, e vendidos a 29
produtores do Sul e Sudeste do país. Estes migraram para Goiás através do incentivo da
CAMPO, empresa criada para administrar a instalação e o desenvolvimento dos projetos
do PRODECER e uma cooperativa que intermediou a transferência - COCARI (que teve a
denominação mudada para COACER) - como forma de se adaptar as necessidades
inerentes ao bioma cerrado. Os produtores tiveram o Banco do Brasil S/A como instituição
financiadora tanto para a compra da terra, quanto para a aquisição dos primeiros
equipamentos e máquinas para a produção. Assim parte do Sudeste goiano se transformou
em território do PRODECER, onde atores sociais privados advindos de outras regiões
geográficas brasileiras espacializaram o poder sobre o solo do cerrado. O projeto Paineiras
se constitui como o objeto de pesquisa trabalhado, onde se pretendeu delinear as diferentes
faces que o capital assume como forma de subverter os espaços rurais sob o seu domínio,
instituindo novas territorialidades, alicerçadas sobre o favorecimento de elementos
estruturais artificiais e naturais.
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117
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
7.31
PAISAGEM CAMPO DE VISIBILIDADE E DE SIGNIFICAÇÃO SOCIOCULTURAL: PARQUE
NACIONAL DA CHAPADA DOS VEADEIROS E VILA DE SÃO JORGE
Autor: Clarinda Aparecida da Silva
Data da Defesa: 29/08/2003
Profª. Dr.ª Maria Iêda de Almeida Burjack (Orientadora)
Resumo:
Este estudo, baseado principalmente em uma abordagem humanista da Geografia, procura
compreender as diversas experiências entre distintos grupos socioculturais e a paisagem do
Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros e a Vila de São Jorge. Destaca-se por abordar
os aspectos mais íntimos dessas experiências, em como essa paisagem é percebida, quais
os valores, significados e atitudes são manifestados diante dela. O Parque e a Vila, como
um recurso turístico importante, vêm sendo procurados por turistas e migrantes. Estes
grupos, somados aos que já moravam e moram na Vila – os nativos – mantêm uma
complexidade e variedade de experiências e respostas com a paisagem. O foco da pesquisa
centra-se em duas formas de ver e perceber a paisagem: a dos “de dentro” – moradores
nativos e migrantes – e a dos “de fora” – turistas. Ressalta-se, ainda, a percepção de
transformações socioculturais na paisagem da Vila de São Jorge. Esta Vila que compartilha
com o Parque diversos olhares e guarda profundas dimensões relacionadas à percepção,
aos sentimentos e à vida sociocultural dos “de dentro”, com a chegada dos “de fora” passa
por intensas mudanças. Verifica-se que os julgamentos de valor da paisagem do Parque
passam pelo utilitário, ecológico, afetivo e estético. Poucas experiências negativas diante
das paisagens foram identificadas. Registra-se acentuada preferência por determinadas
paisagens como as cachoeiras, paredões e Canyons, sobressaindo a Cachoeira do Salto I,
preferida pelos “de fora “ essencialmente pela beleza estética; para os nativos essa
paisagem é carregadas de sentimentos afetivos construídos pelas experiências diárias, pelas
lembranças de momentos vividos no passado e que inspiram o presente e fazem dela um
lugar. Os moradores nativos reforçam a diferença entre uma paisagem direta e
cotidianamente vivida diante de uma outra, no caso dos turistas, vivenciada
esporadicamente e, geralmente, percebida como paisagem espetáculo. As bruscas
transformações ocorridas na Vila alteraram as manifestações culturais e sociais, porém a
população nativa mantém os vínculos afetivos com o lugar. Os dados coletados indicam
que essas mudanças devem-se, além da atividade turística, ao próprio processo
modernizador que cria novas necessidades e ajusta as tradições culturais ao ritmo da vida
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
118
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
urbana. Ressalta-se, ainda, a importância deste estudo como subsídio a outros trabalhos
que buscam indicadores válidos para o desenvolvimento do turismo, valorizando a
paisagem como campo de visibilidade e, sobretudo, de significação sociocultural.
7.32
PARQUE NACIONAL DAS EMAS - UMA HISTÓRIA, UMA CONTRADIÇÃO, UMA
REALIDADE
Autor: Daniela Vieira Marques
Data da Defesa: 31/10/2003
Profª. Dr.ª Sandra de Fátima Oliveira (Orientadora)
Resumo:
O Cerrado é uma região que oferece inúmeras perspectivas quanto à ocupação e a
preservação. Isso se deve porque é uma área que conheceu a exploração a poucas décadas,
então, por esse motivo, ainda conserva paisagens naturais, preservadas das mãos humanas.
A região do Sudoeste do Estado de Goiás foi umas das primeiras do Estado a ser
incorporada ao processo produtivo intenso e a ver suas terras quase que totalmente
tomadas pela agricultura moderna, principalmente de grãos. É importante frisar o quase,
porque ainda existem alguns poucos remanescentes preservados na região, como é o caso
do Parque Nacional das Emas. A criação da unidade ocorreu em 1961 e o incremento de
novas técnicas ao Cerrado na década de 1970, por isso o Parque Nacional das Emas – PNE,
preserva, até hoje, em seus limites uma área de 131 mil ha, aproximadamente. Por isso,
esta pesquisa procurou entender, a representação que o parque possui para a comunidade,
como se deu a sua criação e manutenção até os dias atuais, mesmo sofrendo pressões para
ceder suas terras e recursos ao processo produtivo representado, principalmente, pela
agricultura moderna. Contribuíram para esse levantamento da relação parque-comunidade,
utilizando-se da representação social como instrumento para avaliar a importância do PNE
para o meio, alguns agentes importantes na construção dessa história como as organizações
governamentais (Prefeituras de Mineiros e Chapadão do Céu, através de suas secretarias
voltadas para o meio ambiente), não-governamentais (Fundação Ecológica de Mineiros e
Conservation International do Brasil), Sindicato Rural de Mineiros, e os Srs. Antônio
Malheiros, Martiniano J. Silva e Gabriel Cardoso Borges (diretor do parque).
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119
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
7.33
PORÃ-KATU - GOYÁZ POLÍTICAS REGIONAIS E DESENVOLVIMENTO LOCAL
Autor: Felippe Jorge Kopanakis Pacheco
Data da Defesa: 24/09/2002
Profª. Dr.ª Maria do Amparo Albuquerque Aguiar (Co-Orientadora)
Resumo:
O rápido processo de urbanização verificado a partir da Segunda metade do século XX no
Brasil trouxe inúmeras consequências para a sobrevivência de seus moradores e de sua
capacidade ambiental. Fortes impactos sócio-ambientais marcam o crescimento das
cidades brasileiras, sejam elas megalópoles, metrópoles, grandes aglomerados urbanos,
cidades médias ou pequenas. A grande característica da urbanização brasileira é a de dotar
todas, não importando o tamanho ou seu nível de especialização e função, de problemas
semelhantes: agressão ambiental, violência, assoreamento de leitos de drenagem,
assentamento humano em áreas de risco, especulação imobiliária, saneamento inadequado,
exclusão social. Tudo proveniente da falta de planejamento urbano e de políticas públicas
que fossem capazes, ao longo dos anos, de normatizar o seu crescimento, dotando-lhes de
capacidade de enfrentar os impactos de forma que a grande maioria da população não fosse
o objeto de ação direta dos problemas. Apresentamos aqui, uma pesquisa que se baseou na
origem da cidade moderna, tendo sua memória ligada à concepção das cidades romanas,
que nos deixaram o legado da forma e das funções dos equipamentos urbanos; a chegada
do pensamento luso à terra brasilis carregado de resquícios da defesa de seu território,
influenciando diretamente na construção de nossas cidades; a modernidade trazendo
consigo a frieza e a objetividade em se desenhar a cidade de hoje. A conquista do sertão
goiano, e a entrada do mercado ditando as normas para a ocupação espacial do vasto
território interior brasileiro formando uma rede de cidades que hoje se completam e se
ligam no sistema global de forma direta. O crescimento e a expansão urbana de Porangatu
trazendo para o interior os problemas das grandes cidades do país. A perspectiva de que é
necessário se aliar à pratica urbana conceitos de desenvolvimento sustentável enquanto
ainda é possível transformar os problemas em soluções, as idéias em atitudes voltadas à
união, a parceria de todos para gerar riquezas sociais e atitudes ambientais que não
carreguem ainda mais a nossa terra de destruição. A incrível capacidade de acreditar que
um outro mundo é possível, e que dias melhores virão.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
120
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
7.34
REGIÃO E IDENTIDADE: A CONSTRUÇÃO DE UM "NORDESTE" EM GOIÁS
Autor: Gisélia Lima Carvalho
Data da Defesa: 14/04/2003
Profª. Dr.ª Maria Geralda de Almeida (Orientadora)
Resumo:
O Nordeste Goiano não é considerado uma região político-administrativa, muito embora
persista como região institucionalizada pelos sucessivos governos estaduais. Seu espaço
compreende as microrregiões Chapada dos Veadeiros e Vão do Paranã (Mesorregião Norte
e Leste, respectivamente), cujo recorte é assumido pelo Estado, pela imprensa, pela
sociedade que o afirmam e o estigmatizam como uma região-problema, pobre, arcaica, sem
atrativos para o grande capital e para a permanência de sua população, sendo transformada
no estereótipo de “corredor da miséria” do estado de Goiás. Por esses aspectos, somados às
características físico-culturais, o Nordeste Goiano é tido como semelhante ao Nordeste
brasileiro. Sob o enfoque da Geografia regional, tentamos nessa pesquisa, explicar espacial
e temporalmente como se deu a instauração, ou seja, o reconhecimento legítimo da região
enquanto conceito de “Nordeste” em Goiás, questionando sobre a construção de sua
identidade - esta sendo entendida como representação da realidade visando a um
reconhecimento social da diferença no espaço. Nesse sentido, para a análise regional, o
conceito de região adotado não é aquele construído pela diferença em si, mas aquele
instaurado, reconhecido legitimamente como diferente pela sociedade. Para tanto, fizemos
revisão bibliográfica na área da Geografia regional - especialmente no que se refere à
identidade regional - na História, na Sociologia e na Antropologia. Empiricamente,
tentamos apreender os reflexos do recorte enunciado para a população, bem como se a
identidade desta justifica os discursos sobre a região. Acreditamos que a diferença,
presente nesse espaço, faz-se pela exclusão social, pela negligência política e pela atitude
discursiva assumida socialmente e cuja pretensão é de construir e afirmar uma região e
uma identidade conforme o interesse de quem a anuncia e, ao ser fomentada pelo estigma
de miséria, pode ser uma fonte segura de captação de recursos. No entanto, o enunciado
sobre o Nordeste Goiano, funciona como um argumento que desfavorece o reconhecimento
e a existência deste no cenário estadual, mas não o impede de ser uma construção histórica
para seus moradores no interior de cada “espaço vivido” que se impõe ao desfavor de uma
grande região tida como única e homogênea. A realidade é que no interior desta, cruzam-se
elementos humanos, modos de vida e identidades variados que se conformam em outras
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
121
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
escalas de regiões bem dinâmicas e de grande diversidade sociocultural, muito diferentes
daqueles que dizem ter.
7.35
SUSCETIBILIDADE NATURAL E RISCO À EROSÃO LINEAR NO SETOR SUL DO ALTO
CURSO DO RIO ARAGUAIA (GO/MT): SUBSÍDIOS AO PLANEJAMENTO GEOAMBIENTAL
Autor: Luciano de Souza Xavier
Data da Defesa: 27/10/2003
Profª. Dr.ª Selma Simões de Castro (Orientadora)
Resumo:
O desenvolvimento e as fisionomias da paisagem terrestre ocorrem mediante a atuação de
diversos fatores e processos ao longo do tempo. A interferência antrópica também
influencia essa dinâmica no que se refere ao aproveitamento dos recursos naturais. A
amplitude e velocidade cada vez maiores entre as trocas de energia no ambiente,
relacionadas ao uso dos recursos naturais, consequentemente refletem de maneira direta no
aumento dos desequilíbrios e no retorno dos resíduos ao próprio meio. Isso caracteriza
problemas ambientais em consequência da sua incorporação insatisfatória ao novo
ambiente produzido pela organização do espaço geográfico. No extremo sudoeste goiano
situa-se o setor sul da Alta Bacia do Rio Araguaia, que representa parte de uma das mais
importantes bacias hidrográficas do Brasil e que possui áreas impactadas por processos
erosivos dos solos totalizando cerca de cem ocorrências resultantes da interação de fatores
do meio físico com o uso e manejo das terras. Com objetivo de elaborar diretrizes e ações
visando o planejamento geoambiental para o setor sul do alto curso do Rio Araguaia com
ênfase no controle dos processos erosivos lineares e nas suas consequências, através da
delimitação de sistemas ambientais e avaliação dos seus graus de suscetibilidade e risco à
erosão linear na escala de detalhe de 1/60.000, este trabalho indicou dez sistemas
ambientais diferentes em suas características. Comprovaram também que 94,5% desses
sistemas ambientais encontram-se em classes de suscetibilidade natural à erosão linear que
variam de moderadamente suscetível a ravinas a extremamente suscetível a ravinas e
voçorocas e que aproximadamente 80,27% dessas áreas de altas suscetibilidades estão
sendo utilizadas para atividades agropecuárias não recomendadas. Com relação ao risco à
erosão linear, 80,52% da área se encontra em classes que variam de médio risco a risco
iminente e 76,31% dessas áreas são utilizadas para atividades agropecuárias. Os graus de
criticidade nos sistemas ambientais em função de suas suscetibilidades e riscos aos
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
122
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
processos erosivos lineares indicaram quatro em estado crítico muito alto, três em estado
crítico alto, dois em média criticidade e um em baixa criticidade.
7.36
TERRITORIALIDADES AGROINDUSTRIAIS E O REORDENAMENTO DA DINÂMICA
AGRÁRIA REGIONAL: O CASO DA PERDIGÃO EM RIO VERDE/GO
Autor: Henrique de Oliveira
Data da Defesa: 19/12/2003
Prof. Dr. Manoel Calaça (Orientador)
Resumo:
Esta dissertação, cujos objetivos de estudo são os sistemas de integração e os integrados,
no contexto da indústria Perdigão, interpreta as respostas dadas pelo lugar, município de
Rio Verde e outros do sudoeste goiano, ao processo de implantação dos referidos sistemas
de integração. Entende-se que, através do estabelecimento de novas relações de trabalho
(territorialidades) e através da incorporação da produção de grãos do município de Rio
Verde (sede da agroindústria) e de outras áreas limítrofes, a agroindústria Perdigão
organiza um sistema produtivo que permite discutir a criação de um novo território: o
Território da Perdigão. Cabe ressaltar que a economia goiana é estruturada na associação
entre o setor primário e as atividades agroindustriais e que, em pouco mais de três décadas,
o espaço agrário goiano adequou-se ao atendimento de novos modelos produtivos, voltados
para a comercialização. A instalação de agroindústrias no território goiano, a exemplo da
Perdigão em Rio Verde, é a expressão maior desse processo.
7.37
URUANA E SUA DINÂMICA ESPACIAL RECENTE
Autora: Marta de Paiva Macedo
Data da Defesa: 16/08/2001
Profª. Dr.ª Celene Cunha Monteiro Antunes Barreira (Orientadora)
Resumo:
Este trabalho tem como objetivo compreender os processos que desencadearam a formação
recente de um pólo regional a partir da fragmentação do antigo "Mato Grosso" Goiano,
possibilitada pela especialização produtiva que esteve apoiada na introdução de inovações
no campo. Este pólo regional, que estamos denominando Região de Uruana é, também,
fruto da combinação de fatores internos e externos a ele. Entre tais fatores destacam-se a
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
123
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
formação regional alicerçada nos seus "ocupantes" - os produtores, aliado às condições
sócio-econômicas e culturais por eles reveladas, além das intervenções do governo e de um
meio natural propício. Uruana, município localizado na microrregião de Ceres, - antigo
"Mato Grosso" Goiano -, surgiu no contexto da ocupação efetiva desta região, movimento
que ficou conhecido durante o avanço da fronteira agrícola como "frente pioneira do Mato
Grosso Goiano", ocorrido na década de 40, no Estado. A partir daí, Uruana se desenvolveu
apoiado sobretudo na produção de grãos, inserindo-se na dinâmica do Estado como
importante fornecedor de cereais para abastecer o mercado interno. Com a modernização
da agricultura, esboçada na década de 60, alterações significativas marcaram o início de
um novo processo de diferenciação na espacialidade local, devido à redefinição da
atividade produtiva agrícola, com a introdução do cultivo de melancia. Esse momento,
comandado pelos agentes sociais, respondeu pelo início de uma nova dinâmica
estabelecida em Goiás e até transcendeu os limites do território goiano e do país, pelo fato
de que Uruana, juntamente com o seu entorno imediato: Carmo do Rio Verde, Itapuranga e
Jaraguá, configuram um pólo regional na especifidade da produção de melancia. Portanto,
a homogeneidade que caracterizava o antigo "Mato Grosso" Goiano, apresenta-se hoje,
fragmentada pelas especializações produtivas apresentadas. Os fragmentos são regionais e
Uruana é um deles, e isto é uma razão para que estudos sejam realizados no intuito de se
conhecer melhor esta nova realidade apresentada em Goiás.
7.38
VISÕES DE PIRENÓPOLIS: O LUGAR E OS MORADORES FACE AO TURISMO
Autor: Ondimar Batista F. dos Santos
Data da Defesa: 27/09/2002
Profª. Dr.ª Maria Geralda de Almeida (Orientadora)
Resumo:
A pesquisa busca o entrelaçamento da Geografia com o Turismo, uma vez que para a
atividade turística é imprescindível o uso do espaço geográfico. A cidade de Pirenópolis
insere-se no contexto turístico por volta de 1970 em decorrência de vários fatores. Dentre
eles, o patrimônio histórico-cultural e natural ali presente, a melhoria da malha viária
interligando a cidade a importantes centros urbanos (Brasília, Goiânia) e outros. O turismo
gera transformações de diversas ordens nas áreas onde se instala. Daí emerge a necessidade
de se compreender as transformações que se espacializam através da alteração da
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
124
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
paisagem. Essas mudanças são vistas na redefinição de uso dos territórios apropriados pela
atividade turística. A paisagem é apontada como elemento fundante do turismo, mas é
também ponto de referência e de vivência. O lugar ligado à identidade torna-se vulnerável
diante de um novo ritmo - o do turismo em virtude da incorporação de outros costumes e
hábitos no cotidiano dos moradores de Pirenópolis. O território é visto numa abordagem
cultural e afetiva, no sentido de entendê-lo como fruto das relações de poder que vai
delineando identidades, sentimentos, laços afetivos, indo além das fronteiras físicas. O fio
condutor para a compreensão dos elos entre a atividade turística e as categorias
geográficas, foi a intenção de trazer à tona as possíveis alterações no lugar do pirenopolino,
a partir das novas territorialidades aí expressas pelo turismo. Buscou-se nas ações e
programas de políticas do turismo tanto de ordem pública quanto privada, saber como vem
se dando o ordenamento do território. Não se pode esquecer do morador enquanto
coadjuvante de uma nova peça, qual seja, Pirenópolis vista pelas lentes do Turismo.
Percebe-se atualmente que a atividade na área desenvolve-se de forma promissora, todavia
torna-se necessário que se desenvolvam políticas e metas que orientem tal atividade e
sobretudo, que a população local esteja engajada no processo.
7.39
A EXPANSÃO DA FRONTEIRA AGRÍCOLA NO ESTADO DE GOIÁS: SETOR
SUCROALCOOLEIRO
Autor: Ed Licys de Oliveira Carrijo
Orientador: Prof. Dr. Fausto Miziara
Resumo:
O objetivo deste trabalho é contribuir para a compreensão do recente processo de avanço
do setor sucroalcooleiro em Goiás. Para tanto, este fenômeno será analisado dentro de uma
perspectiva mais ampla, que o relacione com a expansão da Fronteira Agrícola. Será
apresentado um modelo teórico que explica esse processo, articulando as características
“naturais” do espaço – topografia, localização, fertilidade, recursos hídricos – aos
processos econômicos de tomada de decisão dos atores individuais. Uma das hipóteses
desse trabalho é a de que essa nova etapa de expansão da Fronteira Agrícola tenderá a
reproduzir a etapa anterior. Com isso a expectativa é a de que ocorra uma disputa entre a
cana e as lavouras temporárias – especialmente a soja – pelas melhores áreas de cultivo.
Neste sentido, foi possível visualizar, por meio de dados trabalhados com um Sistema de
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
125
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
Informação Geográfica (SIG) e também pelo estudo de caso realizado em Mineiros (GO),
por meio do qual se constatou que as usinas estão sendo consolidadas em áreas produtoras
de grãos e que há um número elevado de arrendamento. Levando em consideração esses
fatores, verifica-se que haverá uma substituição das lavouras de soja e pecuária pela de
cana-de-açúcar, uma vez que a chegada da usina força os produtores de grãos a migrarem
para outra região.
7.40
AGRICULTURA FAMILIAR E AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA: INTEGRAÇÕES E
CONTRADIÇÕES
Autora: Simone Pereira de Carvalho
Resumo:
Recentemente, o Estado brasileiro retomou as políticas agroenergéticas de estímulo à
produção de cana-de-açúcar, em decorrência dos problemas de abastecimento de petróleo.
O Estado de Goiás entrou nas principais rotas de expansão da cana. Os cultivos estão
adentrando não somente nas grandes extensões territoriais, mas também em regiões de
agricultura familiar. O objetivo dessa dissertação é compreender as formas de integração
dos agricultores familiares à agroindústria canavieira, bem como as contradições sociais e
ambientais desencadeadas pelo processo de expansão da cultura da cana-de-açúcar no
município de Itapuranga – GO. Para o desenvolvimento do tema proposto, utilizou-se uma
abordagem qualitativa, realizada com base na combinação de técnicas de pesquisa,
especialmente a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental, as entrevistas e a
observação. Conclui-se que as políticas agroenergéticas contribuíram para transformar o
contexto socioeconômico de Itapuranga. Apesar de recente, as novas relações
intermediadas pelos contratos de integração foram suficientes para provocar alterações
consideráveis na dinâmica social, organizacional e produtiva dos agricultores,
desencadeando processos contraditórios na geração de empregos, no processo migratório,
nas polêmicas em torno da violência, na oferta e nos preços dos gêneros alimentícios e nas
relações da sociedade com o meio ambiente.
7.41
GOIÂNIA UMA CIDADE DE IMIGRANTES
Autor: Maria de Lourdes Alves
Orientador: Prof. Dr Fausto Miziara
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
126
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
Data da Defesa:15/02/2002
Resumo:
Análise dos fluxos migratórios para Goiânia com base em modelo teórico capaz de
explicar os deslocamentos populacionais em períodos marcantes da história brasileira.
Estuda-se o processo de ocupaçao do Estado de Goiás, analisando as diversas etapas de
expansão das fronteiras que têm em comum o fato de constituirem-se mecanismos de
expansão de processos situados primordialmente nos centros dinâmicos do país.
Finalmente é feita uma breve retrospectiva sobre a trajetória histórica de Goiânia desde a
sua construção até os anos 90 do século XX, analisando questões como a origem dos
fluxos migratórios e o crescimento desordenado em sua decorrência.
7.42
CIÊNCIA E TECNOLOGIA E AS ALTERAÇÕES NAS FORMAS DE SOCIABILIDADE EM
GOIÁS: UM ESTUDO SOBRE O SOFTWARE MSN MESSENGER
Autor: Adrielle Beze Peixoto
Orientador: Prof. Dr Francisco C.E. Rabelo
Data da Defesa: 11/03/2005
Resumo:
A pesquisa em questão refere-se ao estudo das alterações consequentes dos fenômenos
relacionados à área de ciência e tecnologia sobre as formas de sociabilidade. Com a
intenção de alcançarmos nosso objetivo, propusemo-nos à análise do uso do software de
comunicação instantânea MSN Messenger, em sua aplicação à área administrativa e junto
a um grupo de comunicação interpessoal. Para este estudo lançamos mão de teorias que
realçam aspectos da interação com rosto/sem rosto, e a importância da forma quanto da
percepção dos grupos em análise. Procuramos construir o histórico do desenvolvimento da
ciência e tecnologia em Goiás e o esforço desse estado para combater a exclusão digital.
Verificamos, entretanto, a existência de parcelas da sociedade que se encontram altamente
qualificadas para seu uso, promovendo a inserção das tecnologias de informação no
cotidiano social. Essa constatação permitiu-nos conhecer os aspectos internos de cada
grupo, bem como as características particulares de cada um. A avaliação das teorias junto
aos grupos estudados ocorreu por meio da análise de entrevistas e diálogos pertinentes a
um e outro grupo, o que nos forneceu a estrutura e aplicativos dos grupos, e ainda a
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
127
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
influência do software MSN Messenger sobre as formas de sociabilidade de seus
integrantes.
7.43
A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA BRASILEIRA E ALGUNS DE SEUS ASPECTOS
SOCIOAMBIENTAIS: O CASO DA REGIÃO DE GOIANÁPOLIS-GO
Autor: Eurípedes Vieira Coelho Júnior
Orientador: Profª. Drª Maria do Amparo Albuquerque Aguiar
Data da Defesa: 26/08/2005
Resumo:
Este trabalho objetivou estudar os impactos da modernização da agricultura brasileira a
partir da observação em uma determinada região, por intermédio das relações de produção
existentes entre os vários integrantes do processo produtivo, desde o trabalhador rural até a
indústria de insumos agrícolas. Foram realizadas entrevistas com diversos técnicos de
órgãos governamentais, lideranças classistas e algumas autoridades que atuam em diversas
áreas de interface com o objeto empírico de estudo, bem como foram ainda aplicados
questionários em propriedade rurais tanto a proprietários de lavouras como a trabalhadores
rurais. Na análise do objeto teórico lançou-se mão, dentre outros autores, de Anhtony
Giddens na abordagem que ele faz das conseqüências da modernidade sobre as relações
sociais e sobre o meio ambiente; utilizou-se a abordagem que faz Norbert Elias da questão
da exclusão social e nos aspectos que dizem respeito mais diretamente a questão da
modernização da agricultura brasileira buscou-se a contribuição de José Graziano da Silva
para o entendimento desse processo. Como resultados da pesquisa de campo realizada na
região de Goianápolis-GO, confirmou-se mais do que a situação de precariedade das
relações de trabalho, que são na sua esmagadora maioria informais, senão também a
insalubridade do ambiente laboral, onde os trabalhadores rurais expõe sua saúde a sérios
riscos. Esse trabalhador não é, no entanto, a única vítima do paradigma de produção rural
vigente no Brasil. A pesquisa mostrou que também o produtor rural é por sua vez espoliado
pela indústria de insumos que conseguiu impor a necessidade de utilização de um pacote
tecnológico do qual o produtor tornou-se dependente e refém,e com o qual essa indústria
apropria-se de uma substancial parcela dos resultados da atividade produtiva que caberiam
por mérito ao produtor. Constatou-se ainda a urbanização do campo no qual atuam
trabalhadores rurais com residência na zona urbana, onde esposas e filhos encontram
ocupação para a complementação da renda familiar. Outra constatação é a de que está
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
128
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
ainda muito longe da preocupação de indústrias e produtores rurais o cuidado com a
preservação do meio ambiente, seriamente agredido com a tecnologia que privilegia altas
taxas de produtividade ao custo da superexploração dos recursos naturais. A conclusão é
que se evidenciam um paradoxo e um dilema. O paradoxo esta no fato de que muito
embora haja uma aparente lógica e coerência tanto no modelo "Revolução Verde" quanto
no de agricultura sustentável, ambos escondem contradições que lhe são inerentes pois,
enquanto no primeiro se produz em larga escala e a baixo custo no segundo, embora se
proteja o meio ambiente e o homem, ele ainda não pode ser replicado em escala global em
virtude de baixa competitividade. O dilema que se coloca é a opção pela preservação
ambiental com alimentos mais caros ou a depredação progressiva com socialização dos
benefícios provisórios da produção em grande escala. Na solução dos impasses que essa
questão propõe uma certeza que prevalece é que somente com a pressão da sociedade e a
atuação de ONGs. e outrosmovimentos sociais se logrará avançar no sentido do bem estar
humano e preservação de nossa mãe natureza.
7.44
GLOBALIZAÇÃO E MIGRAÇÃO INTERNACIONAL NO MUNDO DO TRABALHO: O
MERCOSUL EM QUESTÃO
Autora: Cláudia Glênia Silva de Freitas
Orientador: Profª. Drª Marta Rovery de Souza
Data da Defesa: 29/08/2006
Resumo:
O processo de globalização, presente no mundo moderno, sedimentou de forma paulatina o
esforço humano por superar fronteiras geograficamente existentes entre os povos, trazendo
à tona um movimento populacional diferente dos já até então existentes. Movimento este
impulsionado pela busca de melhores condições de trabalho e pelas facilidades advindas da
criação dos vários processos integracionistas assinados por diversos países. Esta
dissertação pretende investigar como a globalização pode provocar, através de diversos
fatores, como a reestruturação produtiva e espacial, o movimento populacional
internacional entre os países do globo, enfocando esse movimento dentro da América
Latina. Investigando desde as tentativas de integração dentro do continente Sul Americano,
até a assinatura do Tratado de Assunção, documento criador do MERCOSUL. Buscará
entender os recentes movimentos imigratórios para o Brasil no contexto intrabloco. Neste
sentido analisará a evolução econômica, política e social dos países signatários, na
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
129
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
tentativa de captar as justificativas para este crescente movimento populacional, que hoje
atinge além das metrópoles brasileiras, as regiões limítrofes com os demais Estados Partes,
como o Centro-Oeste.
7.45
A QUESTÃO REGIONAL E O CAMPESINATO: A AGRICULTURA EM CATALÃO-GO
Autor: Marcelo Rodrigues Mendonça
Orientador: Profª. Drª: Gilka Vasconcelos Ferreira de Salles
Data da defesa: 01/08/1998
Resumo:
A Questão Regional e o Campesinato - a alhicultura em Catalão-GO, menciona duas
temáticas, ao mesmo tempo distintas e interrelacionadas. Ao mencionar a questão regional
no Brasil enfoca-se a questão nordestina, evidenciando a necessidade de rever a temática,
bem como, apontar considerações acerca da forma e do conteúdo dos estudos regionais. Ao
discutir o campesinato, tema de enorme complexidade e de infinitas observações na
academia, propõese compreendê-lo a partir da realidade investigada, seus gestos, suas
falas, suas dificuldades, suas esperanças, enfim suas histórias de vida. O presente trabalho
foi construído a partir da vivência dos sujeitos históricos investigados - os produtoresalhicultores - camponeses na comunidade Morro Agudo (Cisterna), no município de
Catalão-GO. O trabalho foi dividido em três partes: no primeiro capítulo aborda-se
parcialmente a constituição do pensamento regional, resgatando a relação região-espaço
vivido, como fundamental para a elaboração dos estudos regionais. No segundo capítulo,
delineia-se a partir da intensa revisão bibliográfica, a abordagem teórico-metodológica
utilizada para a compreensão do campesinato e de suas características. Enfoca-se as
estratégias (re)criadas pelos camponeses frente aos obstáculos criados pelo aparato
creditício e financeiro, frente a política de importações adotadas pelo Estado brasileiro, a
falta de assistência técnica, dentre outros. Apresenta-se uma descrição da comunidade
pesquisada, suas manifestações sócio-culturais, além dos elementos que (re)produzidos
historicamente materializam-se nas paisagens locais. No terceiro capítulo buscase
compreender as vivências, o modo de ser e de viver das famílias camponesas, a partir das
relações com o mercado competitivo e globalizado. Utilizou-se fontes orais, documentos
diversos, questionários e entrevistas, cujas informações foram incorporadas ao longo do
texto, a partir de citações, gráficos, tabelas, depoimentos, etc, essenciais para a
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
130
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
compreensão do universo social, político, econômico e cultural dos produtores-alhicultores
e suas inter-relações com a economia globalizada.
7.46
ANÁLISE DAS TRANSFORMAÇÕES RECENTES NA AGRICULTURA DA REGIÃO
SUDOESTE DE GOIÁS – 1970-1995
Autor: Débora Fergunson Ferreira
Orientador: Prof. Dr José Flores Fernandes Filho
Data da defesa: 01/04/2001
Resumo:
A proposta deste trabalho consiste em analisar as transformações ocorridas na agricultura
na região Sudoeste de Goiás. Para tal finalidade foram selecionadas as seguintes
microrregiões: Meia Ponte, Sudoeste de Goiás e Vale do Rio dos Bois, presentes nos
Censos agropecuários realizados pela Fundação IBGE com base nos anos de 1970, 1975,
1980, 1985 e 1995/96. A análise foi feita através dos seguintes instrumentos: coleta de
dados estatísticos para constatação da evolução da agricultura brasileira no período de
1970 a 1995/96; leitura de contribuições de autores de economia para entendimento das
mudanças tecnológicas que afetam a área rural: entrevistas realizadas com os produtores
rurais, engenheiros agrônomos, proprietários de revenda de produtos agrícolas e gerentes
de agências bancárias. O desenvolvimento do estudo foi feito, principalmente, abordando
os aspectos teóricos que tratam da modernização da agricultura; a seguir, relata-se o
processo de modernização da agricultura brasileira, posteriormente, apresentam-se as
políticas de fomento da agricultura nos Cerrados Brasileiros e, finalmente, trata-se das
transformações ocorridas na agricultura do Sudoeste Goiano. Com os resultados obtidos foi
possível perceber que houve na região a substituição das culturas de menor valor intrínseco
pela de maior valor intrínseco; que a produtividade de todos os produtos analisados
apresentou crescimento, isto da intensificação do uso de novas tecnologias; e, também, que
o crédito rural foi o principal determinante no processo inicial da modernização da
agricultura na Região Sudoeste de Goiás.
7.47
CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA REDE URBANA DO CENTRO-OESTE: DIFERENCIAÇÃO
FUNCIONAL E FLUXOS DE PASSAGEIROS ENTRE BRASÍLIA E GOIÂNIA
Autor: Nagyla Salomão Alves de Souza
Orientador: Profª. Drª Lucia Cony Faria Cidade
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
131
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
Data da defesa: 01/08/2001
Resumo:
O estudos sobre redes urbanas podem enfocar diversos aspectos da realidade espacial das
cidades articuladas em forma de rede. Entre esses aspectos, a circulação constitui-se em
um dos mais importantes, devido à crescente integração que se processa entre os centros
urbanos, por meio dos variados fluxos de pessoas, bens e idéias. O movimento de pessoas
de uma cidade para outra conforma um tipo de fluxo que pode revelar diferenciações
funcionais entre esses mesmos centros. Movimentos pendulares de pessoas a trabalho, para
fazer compras, fechar negócios ou mesmo para fazer visitas e com objetivos de lazer
trazem consigo as características funcionais das cidades de uma determinada rede urbana.
Os fluxos de todos os tipos, entre eles os humanos, espelham a forma de integração dos
centros urbanos num determinado sistema de cidades. A presente pesquisa se propõe a
analisar o caso de Brasília e Goiânia, pertencentes à rede urbano da região Centro-Oeste do
Brasil, buscando identificar, por intermédio dos movimentos humanos realizados por
viagens de ônibus de caráter interestadual, quais os tipos de ligações que existem entre as
duas cidades e se os fluxos humanos são capazes de revelar diferenciações funcionais entre
estas duas jovens capitais do Centro-Oeste. Também são comparados por meio dos dados
secundários sobre fluxo de pessoas, o movimento de Brasília e Goiânia entre si, e de cada
uma delas com alguns centros do Sudeste e, secundariamente, o movimento daquelas duas
cidades com outros centros formadores de sua rede urbana. O objetivo dessa comparação é
perceber se os fluxos humanos revelam algum tipo de fragilidade da rede urbana do
Centro-Oeste em contraposição a uma ascendência do Sudeste sobre essa região. Para
tanto, forma realizadas análises sobre dados secundários de movimento de passageiros e
sobre a economia das cidades de Brasília, al[em de uma pesquisa de campo elaborada na
forma de questionário, junto aos passageiros do trajeto Brasília-Goiânia, buscando
identificar, prioritariamente, os motivos e a freqüência das viagens. A presente pesquisa
conclui que as interações entre Brasília e Goiânia, estabelecidas pelo fluxo de pessoas que
viajam de ônibus entre as duas cidades, são intensas, revelam diferenças de peso das suas
principais funções, que são semelhantes e, contrariamente ao que se pensava, chama
atenção para a relevância das redes sociais, e contraposição a aspectos puramente
econômicos.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
132
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
7.48
ESPECIALIZAÇÃO DA ATIVIDADE COMERCIAL ATACADISTA: O SETOR ATACADISTA –
TRANSPORTADOR MODERNO DE ANÁPOLIS
Autor: Janes Socorro da Luz
Orientador: Profª Dra. Nelba de Azevedo Penna
Data da defesa: 2001
Resumo:
O principal objetivo dessa dissertação é destacar a importância da cidade de Anápolis para
a compreensão da dinâmica urbana, através da análise do desenvolvimento econômico e
das implicações que a sua posição geográfica estratégica oferece ao longo de sua história.
Enfoca a atividade comercial atacadista que transforma-se em atacadista-transportador para
atender às exigências impostas pela modernização e cuja a especialização produz um novo
dinamismo no espaço urbano de Anápolis. Analisa a dinâmica do espaço urbano e a
importância do comércio atacadista na produção das infra-estruturas necessárias para o
desenvolvimento urbano inserido no contexto da modernização e especialização das
atividades econômicas na atualidade das redes técnicas e de informação, utilizando como
referência a teoria dos circuitos superior e inferior da economia para destacar a capacidade
de articulação do setor atacadista de transportador. Uma teoria que embasa a análise do
processo evolutivo dos circuitos produtivos. É um trabalho que contribui para a
compreensão de uma área que, na atualidade, apresenta grande dinamismo indicando na
formação de novas relações entre os centros urbanos próximos, nos quais a especialização
representa um mecanismo de adequação das empresas ao novo mercado que se forma.
7.49
A MINERAÇÃO DE AMIANTO EM GOIÁS
Autora: Cristina Socorro da Silva
Orientador: Prof. Dr. Shigeo Shiki
Data da defesa: 01/03/2002
Resumo:
Este trabalho tem como objetivo analisar a importância da substância amianto a nível
regional e estadual e os impactos econômicos ocorridos após o fechamento do mercado
internacional para sua comercialização, dando ênfase à balança comercial, arrecadação
tributária, mercado de trabalho, renda do município de Minaçu e do Estado de Goiás
advinda da produção do minério e comercialização do produto. Para maior compreensão
do leitor, aborda-se estudos e diagnósticos levantados sobre a real agressão do minério e de
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
133
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
seus derivados à saúde humana e ao meio ambiente, além das medidas legais tomadas para
proteção ambiental a nível nacional e internacionais e, os produtos substitutivos com
alternativa. A metodologia adotada na execução do trabalho foi a seleção e análise
bibliográfica em livros, revistas, periódicos e em sites especializados, pesquisas de campo
e entrevistas realizadas na cidade de Minaçu: na empresa SAMA S.A., na prefeitura e na
agenfa; além de pesquisas em órgãos estaduais e federais, ligados ao setor mineral como:
AGIM - GO, DNPM - 6º DS/GO, DNPM - Sede, ETERNIT S. A., MIC - SECEX, MME e,
a economia do Estado de Goiás como: secretarias de finanças, fazenda, planejamento e
orçamento. Os dados estatísticos foram levantados tomando como base as publicações:
Anuário Mineral Brasileiro (AMB), Sumário Mineral Brasileiro (SMB), Balanço Mineral
Brasileiro (BMB), Balanço Social da Empresa SAMA S. A. além do Relatório Anual de
Lavra, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para análise dos efeitos do
minério e do produto ao meio ambiente e à saúde humana, os dados foram adquiridos
através de contatos nos órgãos nacionais ligados à problemática do banimento como: a
ABICRISO, ABIFIBRO, ABRA, ABREA, CEA, CNI, CNTI, CONAMA, EPM, GIS,
INCOR, INSER, IPT, UNICAMPO e USP, em revistas especializadas como FORBES, e
em órgãos internacionais como: EPA, NCR, WHO. E após o desenvolvimento do estudo,
concluímos que a economia do município de Minaçu estará seriamente comprometida caso
ocorra o banimento do minério, impactando o crescimento econômico do município, tendo
em vista que a sua principal atividade econômica e de arrecadação tributária nos anos 90
foi a indústria de exploração do minério amianto crisotila e exportação de suas fibras,
induzindo efeitos multiplicadores locacionais e estimulando a formação das atividades
nãobásicas, gerando demanda por bens e serviços. Entretanto, não haverá um significativo
impacto na economia regional do Estado de Goiás, tendo em vista a pequena participação
do setor mineral como fonte geradora de renda e de emprego frente a outros setores como
agricultura e pecuária. Observou-se ao longo da pesquisa que ainda não foram
desenvolvidas fibras sintéticas com características físicas e econômicas viáveis às
empresas produtoras nacionais e internacionais principalmente para o setor de construção
civil no ramo de casas populares.
7.50
AVALIAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA-AMBIENTAL DA ATIVIDADE MINERADORA EM
CATALÃO E OUVIDOR - GOIÁS
Autor César Antonio de Oliveira
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
134
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
Orientador: Prof. Dr. Shigeo Shiki
Data da defesa: 01/04/2002
Resumo:
A característica marcante da história da humanidade é sua dependência dos recursos
naturais para sobrevivência enquanto espécie e para melhoria da qualidade de vida
relacionada a avanços tecnológicos. Apesar deste entendimento, a ciência econômica
tradicional não condicionou trabalhar tais recursos como uma de suas grandes
preocupações analíticas quanto à escassez, em muitos casos, subjugando-os à condição de
"externalidades". Todavia, as últimas décadas, caracterizadas pela imensa incorporação de
recursos naturais e pela agregação de novas regiões ao circuito da produção mundial,
exigiram que uma nova forma de avaliação fosse estabelecida. Os métodos e as
metodologias sofreram mudanças no seu escopo de análise, agregando valores qualitativos
que não eram tidos como fundamentais, entre os quais as questões dos impactos regionais e
ambientais. Regiões ganharam destaque quando portadoras de recursos naturais que
interessassem ao circuito produtivo, sendo este o caso da microrregião do entorno de
Catalão-GO, que se tornou um dos mais importantes pólos de crescimento econômicosocial do estado, sustentado na mineração de fosfato e de nióbio. Este trabalho buscou
avaliar os impactos, na esfera econômico-social-ambiental, da atividade mineradora de
nióbio sobre esta região, à expectativa de que esta foi uma das principais responsáveis pela
mudança de cenário, ocorrida nos últimos 30 anos. Avaliou impactos sobre o montante e o
perfil populacional; sobre a atração a outras atividades econômicas; sobre o nível de
emprego; sobre os aspectos educacionais; sobre a infra-estrutura local; sobre a tributação;
sobre a cultura; e sobre o meio-ambiente. Em caráter conclusivo, constatou-se que embora
exista toda uma dificuldade em isolar a exploração de nióbio da mineração como um todo,
pois seu crescimento se deu ao mesmo tempo da exploração de fosfato, é possível
classificá-la como importante componente regional, quanto à raridade, destinação e
participação no mercado mundial. Constatou-se também que os impactos avaliados foram
substanciais, alterando todo o perfil sócio-econômico regional, apresentando uma nova
estrutura com sólida tendência de continuidade, mesmo projetando o fim da atividade
mineradora, diferente de outras regiões que se destacaram, historicamente, com a
mineração e não se sustentaram.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
135
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
7.51
SOLO POBRE, TERRA RICA: PAISAGENS DO CERRADO E AGROPECUÁRIA
MODERNIZADA EM JATAÍ
Autor: Ivanilton José de Oliveira
Orientador: Profª Drª Claudette Barriguela Junqueira
Data de defesa: 01/10/.2002
Resumo:
Jataí, município do sudoeste goiano, é um bom exemplo da dinâmica de ocupação das
paisagens na área core do cerrado brasileiro. Seus ambientes rurais, outrora dominados por
cerrados, campestres e matas, cederam lugar às paisagens antrópicas, compondo um
cenário homogeneizado e simplificado. Este trabalho procura demonstrar as características
dos ambientes naturais de Jataí, como sua geologia, seu relevo, seus solos, seu clima e sua
vegetação original, na tentativa de vislumbrar suas inter-relações, expressas na forma de
unidades de paisagem. Apresenta, também, a dinâmica da ocupação de terras no município,
enfocando principalmente o período após os anos 50, do século XX. O conhecimento das
paisagens naturais e como elas foram sendo ocupadas pelas atividades produtivas permitiu
uma discussão sobre a sustentabilidade das formas de uso da terra em Jataí, em especial
com o processo de modernização agropecuária, que marcou a consolidação dos espaços
destinados à produção agrícola de caráter estritamente comercial. A análise enfoca tanto os
ganhos quanto os problemas oriundos dessa transformação sócio-espacial. A execução das
etapas da pesquisa esteve pautada pelo uso das chamadas geotecnologias, como os
sistemas de informações geográficas (SIG) e os produtos de sensoriamento remoto, cujas
aplicações na análise geográfica são inúmeras, mas que ainda são pouco exploradas ou
subutilizadas, principalmente nas atividades de gestão do espaço e análise ambiental.
7.52
INTERAÇÃO CAMPO-CIDADE: A (RE)ORGANIZAÇÃO SÓCIO ESPACIAL DE JATAÍ (GO)
NO PERÍODO DE 1970 A 2000
Autor: Nágela Aparecida de Melo
Orientadora: Profª Drª Beatriz Ribeiro Soares
Data da defesa: 25 de agosto de 2003
Resumo:
Jataí é um município goiano, localizado na porção sudoeste do estado, originado no
contexto econômico da expansão da agropecuária tradicional para o interior de Goiás, no
século XIX. É integrante do conjunto do espaço brasileiro, cuja “invenção” e
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
136
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
transformações, bem como apreensão desses processos passam necessariamente por uma
análise que considere as relações sociais, políticas e econômicas desenvolvidas
historicamente no País. Essas relações são mediadas, orientadas e ou sofrem interferências
de “forças” exógenas que, dentro da lógica de desenvolvimento desigual e combinado do
capital, exercem ações no sentido da configuração de espaços homogêneos para a
circulação e reprodução do capital. Os espaços podem, portanto, ter este aspecto, mas ao
mesmo tempo são unos, singulares, expressam as relações mais íntimas dos lugares e das
pessoas dos lugares. Jataí, além de ser parte desse contexto macro, é também, como a
maioria das cidades e municípios goianos, uma construção a partir das relações do campo,
e tem sua própria história. Jataí é a expressão espacial da acumulação de tempos. Tempo
dos pioneiros mineiros e paulistas com suas famílias e escravos, dos nativos indígenas e
das suas metamorfoses; tempo também dos tradicionais fazendeiros goianos, da criação de
bovinos, dos meeiros, dos agregados, da cidade com função econômica limitada; e, ainda,
tempo da substituição do trabalho braçal pela máquina, dos cerrados pela soja e milho, da
produção para subsistência nas terras de cultura, da produção para a agroindústria nos
chapadões, dos migrantes sulistas, enfim, da transformação da cidade dos notáveis em
cidade econômica. Este trabalho trata, especificamente, do processo de (re)organização
sócio-espacial da cidade de Jataí (GO), diante do contexto histórico da modernização da
produção agrícola no município (1970-2000).
7.53
INFLUÊNCIAS GEOPOLÍTICAS E DEFESA NACIONAL: QUARTÉIS DO EXÉRCITO NA
REGIÃO DE CERRADO DE GOIÁS, TOCANTINS, DISTRITO FEDERAL E TRIÂNGULO
MINEIRO
Autor: Marajá João Alves de Mendonça Filho
Orientadora: Maria Geralda de Almeida
Data de defesa: 07/07/2005
Resumo:
Os quartéis do Exército são posicionados dentro do território nacional, e mais
especificamente, no cerrado do Brasil Central, de forma organizada e estratégica.
Entretanto, são poucas as pessoas que conhecem os reais motivos que os estabeleceram nas
cidades onde estão, os quais justificam suas existências. Em busca de respostas, o objetivo
estabelecido foi analisar o processo de instalação dos quartéis da força terrestre do Exército
Brasileiro nas áreas de cerrado de Goiás, Tocantins, Distrito Federal e Triângulo Mineiro,
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
137
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
suas relações geopolíticas com a defesa nacional, dentro do movimento de expansão das
frentes pioneiras. Observou-se que a crescente necessidade de aumento da segurança do
país, diante do conturbado contexto mundial no século XX, caracterizado pelas constantes
ameaças de invasões de territórios alheios, fez com que vários países, inclusive o Brasil,
aumentassem e aperfeiçoassem suas estruturas de defesa. Desta forma, este período
destacou-se por uma série de criações de novas Unidades Militares em todo o território
nacional, ocasionando grandes remanejamentos de quartéis entre cidades, com o objetivo
assegurar o poder nacional. O processo de instalações de novas Organizações Militares foi
marcado pela geopolítica governamental de ocupação demográfica do Oeste brasileiro, em
especial, as áreas de cerrado. Chegou-se ao entendimento que os quartéis são frutos da
unidade contraditória do espaço que vai sendo tecida, a partir da inserção do capital,
privilegiando algumas regiões em detrimento de outras, seja por fatores físicos, sociais ou
políticos, determinando assim, o lócus das Unidades Militares.
7.54
O MEIO TÉCNICO-CIENTÍFICO-INFORMACIONAL E A ESTRUTURAÇÃO DA REDE DO
PÓLO DE MODA ÍNTIMA EM CATALÃO/GOIÁS
Autor: Magda Valéria da Silva
Orientador: João Batista de Deus
Data de defesa: 11/10/2005
Resumo:
Este trabalho tem por objetivo apresentar a estruturação em rede do Pólo de Moda Íntima
de Catalão/Goiás, sendo considerado como principal e maior pólo deste gênero no estado
de Goiás. Para compreender sua estruturação é necessário resgatar a inserção do município
no meio técnico-científico-informacional a partir da década de 1970, bem como sua
articulação com capital. O entendimento dessa rede parte de uma base teórica amparada na
teoria miltoniana dos dois circuitos da economia urbana nos países subdesenvolvidos
(circuito superior e inferior). Nesse contexto, consideramos que o perfil produtivo e
econômico apresentado pelas confecções de lingerie que compõem o setor de moda íntima
em Catalão está contextualizado dentro destes dois circuitos, o inferior, apresentado
sumariamente por atividades comerciais, produtivas e de serviços de pequena escala e o
superior, por abarcar atividades que envolvem grandes empresas, instituições financeiras,
ou seja, o grande capital. A estruturação do Pólo de Moda Íntima em uma rede que a
consideramos como local, vem sendo apresentando ao longo de seu processo estruturante
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
138
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
sucessos e fracassos, porém a persistência individual de cada empresário, a união desses
mesmos empresários culminou na criação da UNICON, que começa a realizar parcerias
objetivando o desenvolvimento do setor. Entre elas encontra-se a iniciativa do SENAI em
instalar uma “Oficina de Moda Íntima”, que qualificará mão-de-obra para o mercado de
trabalho local. A oficina representa um avanço técnico e tecnológico para o setor, sendo a
única do estado. Portanto, a estruturação deste Pólo não se realiza em um contexto isolado,
pois a dinâmica e a fluidez que o município tem e vem adquirindo nas últimas décadas tem
favorecido não só o setor, mas o município em suas mais variadas atividades econômicas.
8
8.1
IDENTIFIÇÃO DE LITERATURA ESPECÍFICA: ESTUDO
SISTEMAS PRODUTIVOS E INOVATIVOS LOCAIS DE MPME: UMA NOVA ESTRATÉGIA
DE AÇÃO PARA O SEBRAE
Ampliação da RedeSist
Dinâmica produtiva e inovativa do APL de confecções da região de Jaraguá-Go
Sérgio Duarte de Castro
Apresentação
O presente trabalho é uma síntese da nota técnica de uma pesquisa sobre o arranjo
produtivo local (APL18) de confecções da região de Jaraguá-Go, realizada entre maio de
2003 e janeiro de 2004, no âmbito de um projeto que a RedeSist vem desenvolvendo, em
parceria com o Sebrae, de estudo dos APLs de micro e pequenas empresas (MPEs) no
Brasil.
18
Arranjos Produtivos Locais são “aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais, com
foco em um conjunto específico de atividades econômicas e que apresentam vínculos e interdependência.
Geralmente, envolvem a participação e a interação de empresas – que podem ser desde produtoras de bens e
serviços finais até fornecedoras de insumos e equipamentos, prestadoras de consultoria e serviços,
comercializadoras, clientes, entre outros – e suas variadas formas de representação e associação. Incluem,
também, diversas outras instituições públicas e privadas voltadas para: formação e capacitação de recursos
humanos, como escolas técnicas e universidades; pesquisa, desenvolvimento e engenharia; política,
promoção e financiamento” Lastres e Cassiolato (2002).
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
139
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
O segmento de confecções é um dos que têm revelado maior dinamismo em Goiás
nos últimos anos. Entre 1990 e 2003 a indústria confeccionista no estado cresceu a taxas
sistematicamente superiores á média nacional. Enquanto o número de empresas na
indústria de confecções no Brasil apresenta um crescimento acumulado de apenas 22,3%,
entre 1990 e 2003, e o número de empregados cai 12,2% no mesmo período, em Goiás o
número de empresas e de empregos crescem respectivamente 151,6% e 110,0% no
segmento (RAIS-MTE, 2003).
Apesar dessa indústria encontrar-se presente em um grande número de municípios
no estado, ela revela uma forte concentração em algumas aglomerações, entre as quais as
principais são a de Goiânia, juntamente com Trindade, e a de Jaraguá, integrada com os
municípios vizinhos de São Francisco de Goiás, Itaguaru e Uruana.
Nessa última aglomeração, a concentração geográfica de firmas de confecção atraiu
para a região outros segmentos da cadeia, e contribuiu para a intensificação das relações
produtivas, comerciais e tecnológicas no seu âmbito, assim como as relações das empresas
com instituições locais - como associações empresariais, universidades, instituições de
capacitação de RH, e órgãos estaduais e federais de suporte - caracterizando a existência de
um arranjo produtivo local com grande potencial de desenvolvimento.
O objetivo da pesquisa foi de caracterizar o arranjo, procurando entender sua
dinâmica, especialmente no que diz respeito à interação e cooperação inter-firmas e/ou
instituições para o aprendizado e a inovação. O trabalho objetivava, ainda, identificar as
dificuldades e potencialidades do APL para, a partir delas, apontar sugestões de política
para seu desenvolvimento.
A pesquisa foi desenvolvida através da realização de entrevistas com os principais atores
institucionais do arranjo, além da aplicação de questionário elaborado pela RedeSist em
uma amostra das empresas de confecção da região. A amostra, estratificada por porte de
empresas e municípios do arranjo, constituiu-se de 66 empresas do setor e foi
aleatoriamente selecionada a partir do cadastro da RAIS19.
19
Os dados secundários constantes no trabalho foram atualizados para essa publicação e algumas análises
posteriores foram acrescentadas.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
140
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
9
9.1
IDENTIFIÇÃO DE LITERATURA ESPECÍFICA: LIVRO
O TEMPO DA TRANSFORMAÇÃO: ESTRUTURA E DINÂMICA DA FORMAÇÃO
ECONÔMICA DE GOIÁS
Autor: ESTEVAM, Luís
Ano: 1998
9.2
AGRICULTURA DE GOIÁS: ANÁLISE & DINÂMICA
Autor: Armantino Alves Pereira (org) et al
Ano: 2004
Resumo:
Parte I: AGRICULTURA TRADICIONAL. Retrata aspectos históricos desde a fase da
mineração, esta, cedendo lugar à pecuária e, posteriormente, à agricultura, finalmente, à
consolidação da pecuária extensiva e agricultura de subsistência.
Parte II: AGRICULTURA MODERNA. Descreve a transição evolutiva da agricultura
tradicional p/ a agricultura Moderna, tecnológica ou mercadológica, incluindo as principais
instituições, programas especiais e projetos agropecuária e seus reflexos sócio-econômicos;
destacando-se entre estes, a atual competitividade de Goiás na região Centro-Oeste e entre
os Estados brasileiros. Realça, todavia, que a agropecuária representa o pilar básico do
desenvolvimento estadual, ladeada por outros pólos dinâmicos, convergindo para o foco
principal: a melhor qualidade de vida da população goiana em busca de cidadania.
Parte III: AGRICULTURA FUTURA. Revela realidades e projetos em andamento no orbe
todo, reconhece perspectivas e vislumbra o cenário futuro à agropecuária de Goiás em suas
multifacetadas alternativas diante da biotecnologia, da engenharia genética, da
sustentabilidade, da ecologia, da informática e do agronegócio, seguindo a esteira dos
eventos técnico-científicos e das políticas desenvolvimentistas que ocorrem em diferentes
países, modificando e plasmando o cenário da agropecuária, lá e aqui. Evidencia a
preocupação de cientistas, políticos, técnicos, ecologistas e produtores, que, atentos,
questionam qual será o papel da agricultura futura no mundo, no Brasil e em Goiás, qual
será o perfil do técnico e do produtor?
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
141
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
Parte IV: CONHEÇA MAIS. Expõe o pensamento de pessoas que atuam no campo da
política, do ensino e do técnico-agropecuário, em face de sua visão e missão, revelam sua
experiência, sua vontade de serem proativos e como vêem a vinculação Ensino-PesquisaExtensão na busca da melhor qualidade de vida, equidade social e cidadania para a
sociedade goiana e brasileira.
9.3
A ECONOMIA GOIANA NO CONTEXTO NACIONAL: 1970-2000
Goiânia: Editora.da UCG
Ano: 2007
Eduardo Rodrigues da Silva
Resumo:
Esse livro trata da economia de Goiás no período de 1970 a 2000 e encontra-se dividido
em três capítulos. O primeiro aborda a integração do estado no contexto comercial com
São Paulo e os efeitos regionais das políticas públicas como a Marcha para o Oeste, as
construções de Goiânia e Brasília, a instituição do Crédito Rural e as políticas de
desenvolvimento regionais, até a década de 1970.
O segundo capítulo trata das conseqüências da modernização agrícola no estado, nos anos
1980, em grande parte, influenciadas pelas ações governamentais na Política de Garantia
de Preços Mínimos, no Fundo Constitucional do Centro-Oeste, na disponibilização de
recursos do BNDES e na adesão à “guerra fiscal”.
O terceiro aponta os resultados das políticas neoliberais no âmbito regional, mostrando que
Goiás aprofundou sua integração de forma complementar ao dinamismo do Sudeste
brasileiro e cresceu, no período, acima da média nacional.
9.4
CERRADO, SOCIEDADE E AMBIENTE – DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL EM GOIÁS
Autora: Cleonice Rocha, Francisco Leonardo Tejerina-Garro, José Paulo Pietrafesa –
Organizadores
Ano: 2008
ISBN: 978-85-7103-373
Resumo:
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
142
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
A obra divide-se em três capítulos: abordagem ambiental, abordagem socioeconômica e
abordagem técnico-econômica. Cada uma dessas partes se subdivide em tópicos
específicos e tem o seu desenvolvimento e a sua conclusão. Os organizadores ressaltam
que é necessário entender o que está acontecendo no espaço ambiental nos múltiplos
aspectos levantados, por entender eu a ciência é o aminho para a descoberta de alternativas
que levem as comunidades a construíres um pensamento crítico, possibilitando, assim,
mudanças na prática da relação seres humanos/ambiente. Portanto, o objetivo básico dos
textos é situar a problemática ambiental no estado de Goiás, abordando aspectos
biológicos, socioeconômicos e técnico-científicos na perspectiva do desenvolvimento
sustentável.
9.5
GOIÂNIA - METRÓPOLE NÃO PLANEJADA
Autor: Aristides Moysés
Ano: 2004
ISBN: 0000000000
Resumo:
Este livro reflete sobre o papel da cidade enquanto espaço de desenvolvimento social e
adota a linha de raciocínio de que a cidade pode ser um espaço de desenvolvimento e de
integração sociais e de que a participação popular e a gestão democrática do poder são
requisitos indispensáveis para a concretização dessa utopias. Recoloca o processo de
conformação do urbano no Centro-Oeste brasileiro, tendo como eixo condutor o papel das
cidades planejadas e implantadas no Planalto Central, destacando a cidade de Goiânia
como pioneira desse processo.
10
ESTUDOS EXISTENTES NÃO RESENHADOS: JUSTIFICATIVA
Em princípio, para a realização a primeira etapa do projeto, listamos um conjunto
de estudos relacionados ao tema da pesquisa, porém, no decorrer das reuniões,
percebemos que não seria necessário resenhar todos. Elegemos aqui, alguns critérios para
exclusão destes estudos:
Para o trabalho de pesquisa “Dinâmica Urbana dos Estados” foram encontrados
diversos estudos que têm relação com os temas propostos, contudo alguns com menor
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
143
DINÂMICA URBANA DOS ESTADOS: RELATÓRIO 1
relevância para o projeto que justifique uma resenha. O fato de boa parte dos trabalhos
serem dissertação de mestrado, que tem como característica intrínseca serem trabalhos
pontuais, na maioria das vezes estudos de caso, com pouca abrangência espacial, torna-os
secundários para a pesquisa. Todavia, consideramos os textos listados importantes para a
execução do projeto, observando que servirão de importante fonte de consulta no decorrer
da pesquisa.
A falta de uma definição precisa da metodologia fez com que optássemos por
diretrizes gerais contidas no projeto “Dinâmica Urbana dos Estados”. Como os trabalhos
são, na sua maioria, pontuais, escolhemos, dentre vários, os que contemplavam abordagens
regionais, tais como o eixo Brasília-Goiânia, região Sudoeste de Goiás, temas gerais como
população, etc.
Assim como também foram excluídos os estudos fora do recorte temporal do
projeto. Consideramos importante a produção que tem como corte temporal os anos
anteriores. Sabemos que os fatores históricos são fundamentais para entendermos os
processos ocorridos no presente, mas preferimos guardá-los como importante fonte de
pesquisa, sem a necessidade de resenhá-los, nesse momento.
Listamos textos referentes a temas que consideramos importantes, mas que não
foram relacionados pelo IPEA, tais como: meio ambiente, etnia, cultura, religião, eventos
sazonais (festas religiosas e turísticas). Os estudos referentes a esses temas não foram
resenhados por considerarmos fora da abrangência da pesquisa, porém, esses trabalhos
servirão de fonte de consulta para o momento da análise dos dados.
UNIDADE DA FEDERAÇÃO: GOIÁS
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Relatório Final