XII CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL
LEVANTAMENTO PRELIMINAR DA AVIFAUNA NA
VÁRZEA E ÁREAS DE ENTORNO DO RIO IGUAÇU EM
UNIÃO DA VITÓRIA, PR
Ana Paula Rucinski - Universidade Estadual do Paraná, Campus União da Vitória, PR.
[email protected]
Sérgio Bazilio - Universidade Estadual do Paraná, Campus União da Vitória, PR.
INTRODUÇÃO
As áreas de várzea são consideradas como um importante ecossistema para a conservação de várias espécies
(MALTCHIK et al. 2003). Os campos de várzea situados no estado do Paraná compreendem três áreas distintas: da
região metropolitana de Curitiba até o sul do estado (bacia hidrográfica do Iguaçu); aproximadamente na porção
nordeste do estado (bacia hidrográfica do Tibagi); e no extremo noroeste do estado (bacia hidrográfica do Paraná)
(MAACK, 1981). Neste contexto, as aves formam um grupo taxonômico bastante diverso entre as espécies, as
quais têm sido recomendadas como boas indicadoras de qualidade ambiental e por possuírem grande capacidade de
deslocamento para escolha do hábitat respondem às mudanças do mesmo em diversas escalas, desempenham
importantes funções ecológicas e são facilmente detectadas, servindo como ferramenta para verificação do grau de
conservação e qualidade desses ambientes (ARGELDE-OLIVEIRA, 1995; RAMOS et al. 2007). O presente estudo
tem como objetivo investigar a riqueza da avifauna presente na várzea do Rio Iguaçu em União da Vitória, PR.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de Estudo
A área de estudo compreende um fragmento de várzea localizado no município de União da Vitória, Paraná, a qual
está inserida entre Latitude: 26°11’22,27’’S; Longitude: 51°07’32,48’’O e elevação de 748 metros, a margem
direita do rio Iguaçu, à aproximadamente a um quilômetro do trevo de acesso ao município de Cruz Machado. A
área de estudo está inserida na área delimitada como área de preservação permanente (APP) que compreende uma
faixa de 100 metros de cada lado das margens do rio Iguaçu. (JULIANO et al. 2008).
Planejamento da Amostra
As atividades realizadas para o levantamento da avifauna foram elaboradas por intermédio de análise qualitativa e
quantitativa, através de observações visuais e sonoras, com o auxílio de binóculos, câmera fotográfica e gravador
digital, através do uso do método de contagem estabelecido em quatro pontos, separados entre si por no mínimo
300 m, no interior dos campos de várzea. As amostragens foram realizadas pelo período da manhã entre os horários
das 06h00min até as 11h00min. Durante as observações utilizou-se a técnica do ponto fixo, onde o pesquisador
permanece parado por um tempo médio de 30 minutos, anotando em uma caderneta todas as espécies de aves
registradas por observação direta ou vocalização (DEVELEY, 2009). Para a identificação utilizou Sigrist (2013),
Narosky & Yzurieta (2003) e Perlo (2009).
RESULTADOS
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Obteve-se o registro de 121 espécies de aves no fragmento de várzea, distribuídas em 18 ordens. Das 40 famílias
registradas, Tyrannidae foi a mais representativa com 18 espécies, ou seja, 14,87% de toda avifauna encontrada,
seguida por Thraupidae com oito espécies representando 6,61% e Columbidae por sete espécies com 5,78%.
DISCUSSÃO
Em relação à riqueza da avifauna encontrada, as áreas úmidas juntamente com áreas de entorno, são de suma
importância para a manutenção das comunidades de aves, especialmente para aquelas que dependem deste
ecossistema (SOUZA et al. 2014). Além de abrigar espécies que apresentam algum grau de ameaça, por exemplo,
Euphonia chalybea, Phylloscartes eximius, Leptasthenura setaria, Polioptila lactea, Cyanocorax caeruleus e
Picumus aurulentus, as quais encontram-se com o status de quase ameaçada e Amazona vinacea encontra-se na
categoria de perigo, segundo a lista da IUCN (2014). Já para o estado do Paraná, segundo MIKICH e BÉRNILS
(2004) entre as aves registradas destaca-se a espécie Phylloscartes eximius na categoria de Vulnerável; Polioptila
láctea como em Perigo; Amazona vinacea e Mesembrinibis cayennensis como espécies Quase Ameaçadas. A
presença de Chiroxiphia caudata, Phylloscartes eximius, Elaenia chiriquensis, Tyrannus tyrannus, Micrastur
ruficollis e Polioptila lactea, que possui distribuição pouco conhecida na região e para o estado do Paraná, atesta a
importância da preservação desse ambiente. Muitas espécies de aves destacam-se pela facilidade em adaptar-se as
áreas úmidas, pois utilizam as mesmas como local de repouso, alimentação e nidificação (SCHERER et al. 2006).
É nesse sentido que a guilda tróficas com maior abundância foi a dos insetívoros com 58 espécies, em seguida por
onívoros com 21 espécies, granívoros e frugívoros com 13 espécies, carnívoros e piscívoros com seis, nectarívoros
com três espécies, e necrófagos com apenas uma espécie. Em relação atividades comportamentais das aves, foi
observado indivíduos da espécie Dendrocolaptes platyrostris em atividade reprodutiva e nidificações das espécies
Leptotila verreauxi e Pitangus sulphuratus.
CONCLUSÃO
É possível reconhecer o valor ecológico do local pela presença da riqueza encontrada, bem como pelo número de
espécies que apresentam algum status de ameaça e àquelas consideradas raras, assim servir como subsídio a novos
trabalhos que visem o desenvolvimento de métodos viáveis para a manutenção ambiental desses locais, destacando
assim a importância desta área em âmbito conservacionista.
REFERÊNCIAS
ARGELDE-OLIVEIRA, M. M. 1995. Aves e Vegetação em um Bairro Residencial da Cidade de São Paulo (São
Paulo, Brasil). Revista Brasileira de Zoologia, 12 (1): 110-116.
BIRDLIFE INTERNATIONAL. IUCN: Red List of Threatened Species. 2014. Disponível em:
www.iucnredlist.org - Data de acesso: 20 /03 /2015.
DEVELEY, P. F. 2009. Métodos para Observação de Aves. In: JÚNIOR, L. C.; RUDRAN, R.; PADUA, C. V.
Métodos de Estudos em Biologia da Conservação & Manejo da Vida Silvestre. 2ª ed. Curitiba: UFPR, Cap. 6, p.
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JULIANO, K. A.; GIUSTI, D. A.; MURATORI, A. M. 2008. Aspectos Legais da Degradação de Solos em Áreas
de Preservação Permanente em Mineração de Areia no Médio Iguaçu. R. Bras. Ci. Solo, 32:905-909.
MAACK, R. 1981. Geografia Física do Estado do Paraná. 2. ed. Rio de Janeiro: José Olympio; Curitiba: Secretaria
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MALTCHIK, L.; BERTOLUCI, V. D. M.; ERBA, D. A. 2003. Inventário das Áreas Úmidas do Município de São
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MIKICH, S. B. & BÉRNILS R. S. 2004. Livro Vermelho da Fauna Ameaçada no Estado do Paraná.
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NAROSKY, T.; YZURIETA, D. 2003. Guia para la Identificación de las Aves de Argentina y Uruguay. 15ª Ed.
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RAMOS, C. A.; JUNIOR, O. C.; NASI, R. 2007. Animais como Indicadores: Uma Ferramenta para Acessar a
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SCHERER, J. M. F.; SCHERER, A. L.; PETRY M. V.; TEXEIRA, É. C. (2006) Estudo da Avifauna Associada à
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SIGRIST, T. Guia de Campo: Avifauna Brasileira, 2013.
SOUZA, F. V.; EVANGELISTA, M. M.; ALMEIDA, E. G.; ALMEIDA, S. M. 2014. Composição, Riqueza e
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