XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. DIAGNÓSTICO DA GERAÇÃO DE RESIDUOS PNEUMÁTICOS INSERVÍVEIS DO MUNICÍPIO DE VITÓRIA DA CONQUISTA Andressa Caroline De Battisti (FAINOR) [email protected] Euclides Santos Bittencourt (UNEB) [email protected] Os impactos ambientais causados pelos resíduos das cadeias de produção é um tema a ser considerado pela academia. Os impactos ambientais são inevitáveis nas cidades. Para minimizar as dimensões desse comportamento de consumo, alguns interessados, sobretudo as universidades estão pesquisando alternativas para reaproveitamento dos resíduos. Com o aumento populacional dado a melhor qualidade de vida, os problemas se avolumam. Segundo (ANIP, 2014), no Brasil são colocados no mercado aproximadamente 61 milhões de pneus por ano e depois são abandonados em aterros, lixões, córregos, lagoas e rios. Nesse sentido, o artigo tem o objetivo de contribuir cientificamente para o conhecimento da geração de resíduos pneumáticos no município de Vitória da Conquista, apresentando uma proposta de um modelo operacional de Gerenciamento Integrado dos Resíduos Pneumáticos “pneus” - PGIRP para aplicação direta em ambientes reais, a exemplo na pavimentação urbana, tal como uma logística reversa. A pesquisa foi realizada no aterro sanitário e nas fontes geradoras, borracharia, etc. Os resultados serviram de subsídio para mensurar o reaproveitamento do resíduo pneumático e sugestões para política públicas. Palavras-chave: Logistica Reversa, Pneus; Resíduos XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. 1. Introdução A geração de resíduos sólidos é um problema que vem se agravando com o crescimento da população dos países emergentes. Segundo a Associação Nacional de Indústria de Pneumáticos (ANIP), no Brasil são colocados no mercado aproximadamente 61 milhões de pneus por ano, e cerca de 100 milhões de pneus estão abandonados em aterros, lixões, córregos, lagoas e rios do Brasil, acarretando impactos ambientais e sérios problemas de saúde pública. O presente artigo tem o objetivo de contribuir cientificamente para o município de Vitória da Conquista, apresentando uma proposta “piloto” de um Plano de Gerenciamento Integrado dos Resíduos Pneumáticos “pneus” – PGIRP e formulação para aplicação em asfalto emborrachado. A problemática desta pesquisa focasse em três problemas, devido à produção, uso e descarte indiscriminado no meio-ambiente: (i) o impacto gerado meio ambiente, (ii) à saúde pública e a (iii) coleta de resíduos. Apesar da sua importância fundamental na locomoção de usuários, como gerenciar os resíduos “pneus inservíveis” , especificamente, no caso do município de Vitória da Conquista? 1.1 Objetivo geral Investigar o comportamento dos resíduos pneumáticos (pneus) no município de Vitória da Conquista, objetivando minimizar pressões no aterro sanitário e impacto ambiental. 1.2 Objetivos específicos O estudo dos resíduos de modo geral se trata de uma condição sine qua nom para as próximas gerações devido ao consumo conspícuo da sociedade, sobretudo nas questões ambientais. Notadamente, a realidade é atroz e não nos permite se quer avaliar os impactos gerados com o comportamento voltado a ter por ter as coisas. O resíduo pneumático inservível é um grande problema para o meio ambiente. A destruição do ecossistema é eminente, porém, à medida que, se fazem previsões sobre a quantidade que será lançada pela sociedade, será possível inferir sobre o futuro e as possíveis alternativas de reaproveitamento que a sociedade enfrentará. Desse modo, em princípio, com os “pés no chão”, o artigo reúne alguns objetivos operacionais para dar um ponto de partida para o estudo. Eles seguem para melhor ordenação dos achados 2 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. (descobertas): a) Realizar um estudo sobre o consumo dos pneus nos dias atuais, mostrando a geração, o impacto e a cadeia de suprimento, ou logística reversa. b) Elaborar uma estimativa por meio do volume de pneus gerados na comercialização e descarte no município de Vitória da Conquista, a partir dos controles do aterro do sanitário. c) Inferir sobre o reuso ou reaproveitamento energético dos resíduos pneumáticos inservíveis na cadeia logística de suprimento da sociedade. Segundo a Associação Nacional das Indústrias de Pneumáticos - Anip, em 2008, foram produzidos aproximadamente 59 milhões de novas unidades de pneus. Estima-se que, desse total, apenas 10% foram utilizados em processos de reciclagem ou reaproveitamento, evidenciando, assim, que a maioria pode estar sendo disposta de forma inadequada. Contudo, o reaproveitamento e a reutilização desses materiais são vistos como uma alternativa na transformação destes resíduos, contribuindo para a geração de novos empregos, economia de energia no processo industrial e preservação do meio ambiente, melhorando assim, a qualidade de vida das pessoas. Dessa forma, a motivação para esta pesquisa e elaboração deste artigo fundamentou-se na relevância que o mesmo trás de desconforto para sociedade e na importância que a transformação desses resíduos tem para formulação em novos produtos utilizáveis e a manutenção da saúde do planeta. Alguns estudos desenvolvidos evidenciam que é imprescindível buscar soluções para reduzir o volume destes artefatos no ambiente. Sendo assim, espera-se com o desenvolvimento deste estudo ampliar o debate sobre sustentabilidade nos espaços de conhecimentos teóricos dos docentes e discentes envolvidos na teia das discussões ambientais. Na formação de engenharia de produção e áreas afins, existem espaços para dialogar e agregar informações/contribuições para portfólio dos projetos de pesquisa e extensão. 2. Referencial teórico Segundo o Portal G1, o volume de lixo cresce em proporção maior que a população brasileira. Na última década, 40 milhões de brasileiros ascenderam socialmente. Essa nova classe média 3 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. passou a consumir mais, e quem consome mais gera mais lixo. Nos últimos dez anos, a população do Brasil aumentou 9,65%. No mesmo período, o volume de lixo cresceu mais do que o dobro disso, 21%. É mais consumo, gerando mais lixo, que nem sempre vai para o lugar certo. De acordo com estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada- IPEA, no Brasil ainda existem 2.906 lixões distribuídos por 2.810 municípios. A região Nordeste abriga o maior número de municípios com lixões: são 1.598, o equivalente a 89% do total de cidades da região. A geração de resíduos sólidos é um problema que vem se agravando com o crescimento da população dos países emergentes. Segundo a Associação Nacional de Indústria de Pneumáticos (ANIP), no Brasil são colocados no mercado aproximadamente 61 milhões de pneus por ano, e cerca de 100 milhões de pneus estão abandonados em aterros, lixões, córregos, lagoas e rios do Brasil, acarretando impactos ambientais e sérios problemas de saúde pública. Além disso, o descarte indevido de pneus em rios e lagos contribuem para o assoreamento e enchentes. Oliveira e Castro (2007) ressaltam que na Constituição Federal Brasileira de 1988 (2007), as questões ambientais são consideradas como patrimônio nacional e das futuras gerações. Prevê obrigações, principalmente com relação aos resíduos sólidos que são produzidos em grandes quantidades diárias e determina que a manutenção da qualidade ambiental é de competência conjunta do Governo Federal, dos Estados e dos Municípios. Contudo, apesar das responsabilidades estarem definidas na legislação, efetivamente muito pouco se vê por parte dos organismos públicos a respeito da preservação do meio ambiente. Conforme Araújo (2011), embora o pneu seja considerado um produto essencial, devido à importante função que desempenha na locomoção dos veículos, este tem gerado profundas mudanças no modo de vida contemporâneo, bem como provocado uma constante discussão quanto à sua destinação. Ainda segundo a autora, o tempo de decomposição de um pneu pode demorar até 600 anos e a sua composição química que contém substâncias tóxicas podem ser liberadas na atmosfera e provocar contaminação. Ao final de sua vida útil, o pneu pode ser classificado em servível (podem ser reformados) ou inservível (não podem ser reformados). 4 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. Os resíduos pneumáticos apresentam, em sua maioria, uma estrutura formada por diversos materiais como borracha, aço, nylon ou poliéster. No Brasil, as exigências de destinação de resíduos de pneus existem desde 1999, quando o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA promulgou a Resolução 258, onde se instituiu a responsabilidade ao produtor e importador pelo ciclo total da mercadoria, em vigor desde janeiro de 2002. Dessa forma, para que produtores e importadores obtenham licença ambiental, devem comprovar o recolhimento e destinação dos inservíveis junto ao IBAMA (órgão responsável pela fiscalização). No entanto, existem grandes dificuldades para que a fiscalização possa ser feita, e consequentemente ainda existirão materiais descartados inadequadamente. Conforme Silva e Okimoto (2009), à frente do desenvolvimento de incentivos econômicos e governamentais brasileiros, estão às pesquisas e tecnologias que envolvem os pneus inservíveis. Existem aplicações em sua forma inteira ou cortados e triturados. Inteiros podem ser aplicados em obras de contenções, nas margens de rios para evitar desmoronamentos; podem ser utilizados como recifes artificiais; na construção de quebra-mares; equipamentos para parques infantis; no controle de erosão; podem, ainda, ser utilizados como combustível em fábricas; em fornos de cimento; na drenagem de gases em aterros sanitários e em usinas termelétricas. Os que são cortados e triturados são submetidos a operações de separação dos diferentes materiais que o compõe. A borracha que se obtém através destes processos, ou seja, triturada ou granulada, irá ter diversas aplicações, como: em misturas asfálticas, agregado em concretos ou argamassas, em revestimentos de quadras e pistas de esportes, na fabricação de tapetes automotivos, adesivos, também pode se tornar solas de sapato, mantas e tantos outros materiais . Contudo, de acordo com Oda e Fernandes (2001) apenas 10% das 300 mil toneladas de sucata de pneus disponíveis no Brasil para obtenção de borracha regenerada são de fato recicladas. Deste modo, Silva e Okimoto (2009), afirmam que grande parte das tecnologias desenvolvidas para o reaproveitamento de pneus, está ligada à construção civil. Portanto, atualmente, a construção civil é o meio que mais consome os pneus inservíveis, tanto inteiros, quanto cortados, triturados ou fibras restantes do processo de recauchutagem. E esse fato, se 5 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. deve à grande disponibilidade desse material no meio ambiente somado ao conflito populacional. O que requer um gerenciamento inteligente e especialista, o PRM. O gerenciamento das operações que compõem o fluxo reverso faz parte da Administração da Recuperação de Produtos – Product Recovery Management (PRM). PRM é definida como “o gerenciamento de todos os produtos, componentes e materiais usados e descartados pelos quais uma empresa fabricante é responsável legalmente, contratualmente ou por qualquer outra maneira”. O objetivo da PRM é a recuperação, tanto quanto possível, de valor, econômico e ecológico, dos produtos, componentes e materiais. A Figura 1 abaixo descreve as opções de recuperação: Figura 1- Resumo de opções de recuperação de produtos (Krikke, 1998, p. 35) Opções de PRM Nível de Exigências de Qualidade Produto Resultante Restaurar o produto para Algumas partes reparadas ou Desmontagem Reparo Produto pleno funcionamento Renovação Módulo Inspecionar e atualizar módulos críticos Remanufatura Parte Inspecionar todos os módulos/partes e atualizar Canibalização Recuperação seletiva de partes Depende do uso em outras opções de PRM substituídas Alguns módulos reparados ou substituídos Módulos/partes usados e novos em novo produto Algumas partes reutilizadas, outras descartadas ou para reciclagem. Reciclagem Material Depende do uso em remanufatura Materiais utilizados em novos produtos Fonte: Adaptado de Cecílio Elias Daher et al (2006), 2015 6 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. No sentido amplo, a logística reversa significa todas as operações relacionadas com a reutilização de produtos e materiais. Logística Reversa se refere a todas as atividades logísticas de coletar, desmontar e processar produtos e/ou materiais e peças usados a fim de assegurar uma recuperação sustentável (amigável ao meio ambiente). DAHER, et al (2006). Em especial, para os propósitos deste artigo, o procedimento logístico reverso trata do fluxo de materiais que voltam à cadeia de suprimento da empresa por algum motivo de descarte/consumo/coleta de resíduos pneumáticos inservíveis. O tema será tratado com maior profundidade em outro momento da pesquisa. 3. Metodologia O trabalho de pesquisa adotou o paradigma científico dedutivo, o que permitiu explorar o tema de maneira descritiva. Notadamente, por se tratar de um levantamento de informações de fonte primária, validado por informações de fonte secundária, caberá uma análise estatística preliminar em modelo menos robusto, no caso adotamos as ferramentas do EXCEL e para futuro, na formulação uma proposta teórica de plano de gestão de resíduos pneumáticos, o estudo aponta para modelos mais robustos, tal como a adoção de séries temporais. Em princípio, adotaram-se as etapas a seguir para atingimento dos objetivos da pesquisa. a) Levantamentos bibliográficos nos principais bancos de teses e dissertações, nas bibliotecas do sistema CAPES e universidades, tais como no sistema de bibliotecas USP, nos principais periódicos da construção civil, destacando os das editoras PINI e ARCO. b) Após estudo geral, os materiais, ou resíduos pneumáticos, especificamente, o pneu, “in loco”, no aterro sanitário de Vitória da Conquista foi levantado os dados de campo, pelos registros contínuos do peso de pneus descartados existentes no aterro sanitário e na visita de campo, as formas, ou atenção, que são dirigidas ao resíduo. c) Os resultados obtidos na consulta ao aterro sanitário foram compilados/tratados para formatação de artigos científicos e abrir o debate sobre o reaproveitamento energético do resíduo pneumático na cadeia de suprimento, para os mesmos fins ou outros fins específicos a definir pela sociedade e apoio dos centros de pesquisas. 7 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. d) Participar de eventos científicos para expor os resultados da pesquisa. Para uma avaliação embrionária, o estudo foi apresentado no seminário das engenharias da Fainor (Faculdade Independente do Nordeste), onde teve destaque e notoriedade apurada para a continuidade do estudo. 4. Resultados De modo geral, a partir da análise descritiva, o que foi possível realizar com os dados obtidos, porque as informações do ano de 2014, ainda não tinham sido computadas. O estudo seguiu na perspectiva de reunir uma série histórica de dados desse insumo logístico reverso de maior amplitude. Para o estudo usou-se a série histórica de três exercícios fiscais, de 2011 a 2014, onde segue uma detalhada abordagem descritiva do uso e descarte dos pneus, de forma que os pneus são inservíveis para fins iniciais, mas, muito embora, o resíduo tem valor conforme se observou o manejo de empresas interessadas de regiões economicamente polarizadas. O insumo no aterro é acondicionado em um setor que a medida que forma lotes de 4000 unidades, esses lotes são transportados a custo zero do aterro até a unidade de beneficiamento. Na quantidade captada, Figura 2, alguns vão para empresas de remodelagem, outros são encaminhados para trituração e aplicação em pavimentação ou materiais suplementares da indústria da construção civil. Figura 2 – Tabela de captação de pneus inservíveis CAPTAÇÃO DE PNEUS NO ATERRO VITÓRIA DA CONQUISTA 2014 2011 2012 2013 2014 MÊS ABSOLUTO ABSOLUTO ABSOLUTO ABSOLUTO Janeiro 17.920 17.860 56.740 25.520 Fevereiro 7.820 6.370 24.750 22.980 Março 17.410 24.130 16.050 15.050 Abril 2.650 9.320 31.650 13.800 Maio 9.100 19.340 23.850 35.690 8 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. Junho 7.739 12.630 20.280 10.510 Julho 7.710 28.850 24.340 20.470 Agosto 13.350 23.890 23.050 22.400 Setembro 7.380 20.240 30.050 17.560 Outubro 18.550 17.460 16.560 21.440 Novembro 10.480 21.020 18.350 20.410 Dezembro 69.890 32.250 39.010 32.360 Total 189.999 233.360 324.680 258.190 Média 15.833 19.447 27.057 21.516 Desvio Médio 9298 5185 7573 4826 Fonte: Aterro sanitário, elaborada pelos autores, 2015 A Figura 2 exibe o quantitativo de pneus captados no aterro sanitário no período de quatros anos, correspondente ao exercício fiscal de 2011 a 2014. As médias mostram uma tendência crescente, apesar no ano de 2014 o consumo regredir em relação em 2013, quando na série apresentou o maior consumo/descarte. O nosso olhar é específico ao aterro sanitário, pois existem outras fontes menores de captação que a priori não é possível mensurar, mas para o propósito do projeto os valores são discretos. Na Figura 3, é possível observar o comportamento, ao longo do exercício. O gráfico ratifica a informação da tabela. 9 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. Figura 3 – Comportamento do descarte de pneus no aterro sanitário em 4 anos Fonte: Aterro sanitário, elaborada pelos autores, 2015 Acima observa-se, mesmo usando uma escala menos precisa, que a rigor o aumento do consumo deve-se ao próprio empoderamento da sociedade em termos da política econômica, porém, cabe uma análise mais precisa, mensalmente, sobre as tendências. Nos meses de janeiro e dezembro pode-se observar nos extremos da figura o consumo aumenta significativamente. Na Figura 4, um desdobramento da Figura 2 e 3, onde estão os parâmetros levantados dos dados, em termo de média global, em relação o consumo de um ano em relação ao outro. Figura 4 – Tabela consolidada mostrando a variação média do consumo anual ANO QUANTIDADE DE PNEUS (KG) % Variação % 2011 189.650 19 0 2012 233.360 23 23 2013 324.680 32 39 2014 258.190 26 -20 ∑ 1.005.880 74 21 Fonte: Aterro sanitário, elaborada pelos autores, 2015 A tabela explicita que o consumo anual médio varia cerca de 20%, ou seja, o consumo vem aumentando a 20% / ano. Isto é possível perceber na Figura 5, no gráfico onde mostrar a relativo aumento de consumo e as variações. Apesar da inflexão em 2014. 10 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. Figura 5 – Variação percentual de consumo de pneus/ano, dados do aterro sanitário Fonte: Aterro sanitário, elaborada pelos autores, 2015 No gráfico, Figura 5, tanto as relações percentuais, tal como as variações mostra uma inflexão no ano de 2014. Um ponto importante para análise mais minuciosa do consumo, ou geração do resíduo. No texto, o trabalho aponta o consumo como a causa, mas sabe-se, pela teoria das restrições que o elo da cadeia é dado pela relação “Efeito – Causa – Efeito”. A sociedade gera motivações para outras situações descompensatórias, como pressão no aterro, doenças endêmicas como dengue, etc. Nesse sentido, os efeitos resultantes são catastrófico o que justifica em linhas gerais um reaproveitamento na perspectiva da sustentabilidade ambiental. De modo a verificar o comportamento, com mais sensibilidade neste nível de análise descritiva, os pesquisadores se dedicaram em verificar as variações mês a mês, no período de 4 anos da séries históricas. O aterro sanitário iniciou esse trabalho de acondicionamento de pneus em 2011, a partir das políticas sanitárias de erradicação do mosquito da dengue. A secretaria de saúde e de serviço público em parceria intensificaram ações para coleta do resíduo pneumático inservível na cidade de Vitória da Conquista. Na Figura 6, estão dispostas na tabela, as informações variação mês a mês, entre os períodos das séries históricas. Figura 6 – Tabela das variações mensais de coleta/consumo de pneus em Vitória da Conquista 11 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. VARIAÇÃO % MÊS 2011/2012 2012/2013 2013/2014 Janeiro -19 128 -55 Fevereiro -34 179 -7 Março 13 -52 -6 Abril 186 144 -56 Maio 73 -11 50 Junho 33 15 -48 Julho 205 -39 -16 Agosto 46 -31 -3 Setembro 123 7 -42 Outubro -23 -32 29 Novembro 63 -37 11 Dezembro -62 -13 -17 Total 23 39 -20 Fonte: Aterro sanitário, elaborada pelos autores, 2015 As variações da tabela acima exibem que em determinados meses, o consumo/descarte/coleta tem variações extremamente positiva, ao passo que em outros meses, comparando dentro do período e fora do período às variações são extremamente negativas. O Exemplo, o mês de julho as variações entre 2011/2012 foi extremamente positiva, mas nos períodos subsequentes, entre 2012/2013 e 2013/2014, as variações foram negativas. A Figura 7, o gráfico mostra a sazonalidades entres os meses, períodos... Notadamente, ou a coleta nos pontos de apanha são irregulares, isso pode acontecer, ou de fato, existe uma variação que precisa ser investigada como modelos mais robustos. 12 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. Figura 7 – Sazonalidade mensal, comparada ano/ano nas series históricas de 4 anos Fonte: Aterro sanitário, elaborada pelos autores, 2015 Esta análise tem a finalidade de verificar a relação evolutiva da formação do lixo urbano, especificamente, o resíduo pneumático inservível (pneus). Considerando o período de avaliação, externa-se que mensalmente, a cidade de vitória da conquista gera cerca de 20 toneladas de resíduo pneumático "pneus". Também, a outra hipótese é que a coleta é feita irregularmente, principalmente na transição entre os períodos, entre o mês de dezembro e janeiro. A discrepância de variação (%) dos períodos 2011/2012 e 2012/2013, de fato o crescimento do lixo (pneus) no início do ano cresceu, todavia entre os meses de abril a outubro a geração de lixo (pneus) segue uma tendência, ou regularidade. Reforçasse que o no final do ano, entre os meses de outubro e dezembro, a coleta de lixo é irregular, ou o serviço público torna-se mais moroso. Reitera-se, se faz necessário ter uma análise mais consistente utilizando modelos econométricos mais robustos, sobretudo períodos, ou séries, maiores para avaliação. Por fim, para contribuir para um debate a partir de uma análise de tendência, algumas simulações foram realizadas, apostando nas inferências, ou do maior pico do descarte/consumo/coleta, ou por meio das próprias séries agrupadas na forma cronológica, ou 13 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. por meio de avaliação de ajuste do comportamento das séries em quatro anos, que de fato não segue uma tendência linear, mostrando que existe sazonalidade para o caso do estudo. As Figuras de 8 a 10, a seguir foram plotadas para que outras contribuições sejam dirimidas ou provocadas para o sucesso da pesquisa que ainda não se encerra com este artigo. Figura 8 - Série histórica de 4 anos do descarte/consumo/coleta para o aterro sanitário Fonte: Aterro sanitário, elaborada pelos autores, 2015 O gráfico, Figura 8, mostrar que na transição entre os anos de dezembro e janeiro existe um pico, ou por conta do consumo do final do ano, ou devido à secretaria de serviço público adotar alguma estratégia de coleta. O que fica retratado no gráfico é o comportamento de coleta de resíduos pneumáticos para o aterro sanitário. A outra informação é que n ano de 2014 o descarte/consumo/coleta sofreu um sofreu uma inflexão, esse efeito já exibido na figura 1, tabela bruta de dados. A curva de tendência define claramente a mudança de comportamento. Agora segue uma discussão da verdadeira tendência. Na Figura 9 mostra uma tendência crescente, tomando como base os picos dos meses dezembro. Já na Figura 10, a função guarda uma tendência decrescente, uma vez foram avaliados pelo consumo total, ambos comparados pela média. 14 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. Figura 9 – Tendência do descarte/consumo/coleta comparado pelo pico do mês de dezembro das séries Fonte: Aterro sanitário, elaborada pelos autores, 2015 A média mostra uma tendência crescente do consumo, ou seja, do descarte para o aterro sanitário. Na Figura 10, a função se inverte, de modo que nasce um problema para discutir. Figura 10 – Tendência do descarte/consumo/coleta comparado pelo descarte/consumo/coleta Fonte: Aterro sanitário, elaborada pelos autores em 2015 Entende-se que as séries de dados do aterro ainda são exíguas para determinar uma tendência, mais avaliações e simulações em ambientes robustos se faz necessário. 15 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. 5. Considerações finais As expectativas são diversas quando se tratar de meio ambiente. A sustentabilidade de um sistema, ou um conjunto de sistemas depende da compreensão que a sociedade tem com esse ato. No caso particular do artigo há varias formas de aplicação (reutilização, reaproveitamento, recomposição e reclicagem) do pneu inservível levando em consideração as soluções ambientais conforme seguem: a) a “discreta” diminuição da retirada de recursos naturais para a produção de insumos na construção civil, ou na engenharia de estradas e rodovias; b) a “discreta” extinção da deposição inadequada no meio ambiente e; c) aliado à eliminação de um problema de saúde pública, retirando os focos de insetos transmissores de doenças no município de Vitória da Conquista. A inserção de insumos de descarte na cadeia reversa, ou logística reserva, a partir de um novo pensamento ambiental de reaproveitamento de resíduos sólidos, seja da construção civil, ou do descarte de resíduos pneumáticos “pneus” se tratam de uma maneira inteligente de refabricação e comercialização de produtos acrescidos com borracha de pneus inertes. Portanto também se espera aproveitar as habilidades e competências dos recursos acadêmicos, o trabalho “vivo” discentes e docentes e o trabalho “morto” instalações e equipamentos para subjacente ao esperado politicamente pela universidade propor intervenções de melhoria na sociedade. Em outra perspectiva de longo prazo espera-se formar parcerias com o setor produtivo e outros centros de pesquisa de Vitória da Conquista para a construção física de um projeto ambiental “piloto” de uma usina integrada de reaproveitamento e reinserção de produtos para aplicação na indústria da construção civil e na construção de estradas, especificamente, produtos triturados. Além de levantamentos bibliográficos e informações do aterro, pretende-se realizar uma pesquisa amostral mais robusta no mercado, para cruzar informações em quatro estratos diferenciados de comerciantes de pneus no âmbito do município de Vitória da Conquista. 16 XXXV ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Perspectivas Globais para a Engenharia de Produção Fortaleza, CE, Brasil, 13 a 16 de outubro de 2015. Simular um Plano “piloto” de Gerenciamento Integrado dos Resíduos Pneumáticos conforme interação com os stakeholders, compreendendo as dados descritivos levantados no aterro sanitário, para validar a tendência do descarte/consumo/coleta será de grande valor na elucidação ou ratificação das análises realizadas no ambiente Excel. No entanto uma abordagem econométrica poderá melhorar acurácia das simulações, sobretudo no que tange ao comportamento de utilização e reaproveitamento dos resíduos pneumáticos inservíveis. Referências ARAÚJO, Suelene Silva. 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