PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ
CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ – USJ
CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
JULIANA JÉSSICA DA SILVA
ANÁLISE DOS IMPACTOS DA EVIDENCIAÇÃO DO VALOR JUSTO: Um estudo
de caso na empresa Brasil Foods S.A.
São José
2013
PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE SÃO JOSÉ
CENTRO UNIVERSITÁRIO MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ – USJ
CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
JULIANA JÉSSICA DA SILVA
ANÁLISE DOS IMPACTOS DA EVIDENCIAÇÃO DO VALOR JUSTO: Um estudo
de caso na empresa Brasil Foods S.A.
Trabalho de Conclusão do Curso de Ciências
Contábeis do Centro Universitário Municipal
de São José – USJ.
Orientador:
Carvalho.
São José
2013
Prof.
Dr.
Fernando
Nitz de
JULIANA JÉSSICA DA SILVA
ANÁLISE DOS IMPACTOS DA EVIDENCIAÇÃO DO VALOR JUSTO: Um estudo
de caso na empresa Brasil Foods S.A.
Trabalho de Conclusão de Curso elaborado como requisito parcial para obtenção do
grau de Bacharel em Ciências Contábeis do Centro Universitário Municipal de São
José – USJ avaliado pela seguinte banca examinadora:
Orientador:
_____________________________
Prof. Dr. Fernando Nitz de Carvalho
_____________________________
Prof. MSc. Isair Sell
_____________________________
Prof. Dr. Ivan Ludgero Ivanqui
São José, 26 de Junho de 2013.
“A minha família, a qual me repassou os
valores necessários para alcançar os
objetivos almejados e vencer as batalhas
da vida.”
AGRADECIMENTOS
A minha Mãe, meu Pai e meu Irmão, pelo apoio e incentivo que me
mantiveram nesta caminhada. Ao meu noivo pelas palavras de estímulo, e pela
compreensão nos momentos em que me afastei devido aos estudos, que me
permitiram chegar ao fim deste pequeno trecho da vida.
Aos amigos e colegas, que juntos desde o inicio nesta caminhada, ajudando
uns aos outros, deixam nossos dias mais divertidos, diminuindo a tensão dos dias
difíceis.
Ao meu orientador, Prof. Dr. Fernando Nitz de Carvalho, pela atenção,
compreensão e pelo conhecimento repassado que contribui muito para elaboração
desta pesquisa.
E a Deus pela vida plena e por iluminar o meu caminho até aqui.
RESUMO
As constantes mudanças nas normas contábeis buscam a padronização das
demonstrações financeiras com o intuito de promover informação confiável para
seus usuários, sujeitando os profissionais contábeis ao compromisso da atualização
do conhecimento. Uma destas mudanças é a mensuração de alguns ativos e
passivos a valor justo, que vem gerando discussões entre autores e profissionais da
área, e assim motivando esta pesquisa que tem como objetivo analisar os impactos
nos indicadores econômico-financeiros da empresa Brasil Foods S.A no exercício de
2008, 2009, 2010, 2011 e 2012 com a evidenciação de seus ativos e passivos pelo
valor justo. Para atingir este objetivo, primeiramente apresentam-se as definições
sobre o tema para o entendimento do contexto, explanando as forma de
mensuração e os ativos e passivos mensurados a valor justo. Em seguida
apresenta-se o estudo de caso, que elucida as informações qualitativas e
quantitativas sobre valor justo evidenciadas pela Brasil Foods S.A., e por meio das
informações quantitativas realizam-se os ajustes nas demonstrações financeiras,
permitindo o cálculo dos indicadores financeiros sobre as demonstrações financeiras
a valor justo e a valor contábil, e por meio dos indicadores realiza-se a comparação
e verificam-se os impactos causados pela evidenciação do valor justo. A
metodologia da pesquisa foi definida da seguinte forma, quanto a sua natureza a
pesquisa é aplicada, quanto a abordagem é uma pesquisa predominantemente
quantitativa e quanto aos objetivos é uma pesquisa descritiva. Foi realizado um
estudo de caso com base nas demonstrações contábeis da Brasil Foods S.A.
obtidos através do site da CVM.
Palavras-chave: Valor justo. Evidenciação. Demonstrações financeiras. Indicadores.
Impactos.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Demonstração das vantagens e desvantagens da utilização do custo
corrente de entrada na visão de diferentes autores: Iudícibus, Hendriksen e Van
Breda. ........................................................................................................................ 19
Quadro 2 – Formas de cálculo do valor justo ............................................................ 22
Quadro 3 – Índices de Liquidez das demonstrações originais da controladora. ....... 65
Quadro 4 – Índices de Liquidez das demonstrações ajustadas da controladora....... 66
Quadro 5 – Índices de Endividamento das demonstrações originais da controladora.
.................................................................................................................................. 66
Quadro 6 – Índices de Endividamento das demonstrações ajustadas da
controladora. ............................................................................................................. 67
Quadro 7 – Índices de Rentabilidade das demonstrações originais da controladora.
.................................................................................................................................. 67
Quadro 8 – Índices de Rentabilidade das demonstrações ajustadas da controladora.
.................................................................................................................................. 67
Quadro 9 – Índices de Liquidez das demonstrações originais consolidadas. ........... 68
Quadro 10 – Índices de Liquidez das demonstrações ajustadas consolidadas. ....... 68
Quadro 11 – Índices de Endividamento das demonstrações originais consolidadas.
.................................................................................................................................. 69
Quadro 12 – Índices de Endividamento das demonstrações ajustadas consolidadas.
.................................................................................................................................. 69
Quadro 13 – Índices de Rentabilidade das demonstrações originais consolidadas. . 70
Quadro 14 – Índices de Rentabilidade das demonstrações ajustadas consolidadas.
.................................................................................................................................. 70
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Ajuste realizados no Balanço Patrimonial da controladora de 2008......... 43
Figura 2 – Ajustes realizados no Balanço Patrimonial consolidado de 2008. ........... 44
Figura 3 – Ajustes realizados no Resultado do Exercício e Patrimônio líquido de
2008. ......................................................................................................................... 45
Figura 4 – Determinação do valor justo dos instrumentos financeiros de 2008. ....... 46
Figura 5 – Composição dos saldos de instrumentos financeiros por categoria em
2010. ......................................................................................................................... 47
Figura 6 –Composição dos saldos de instrumento financeiros por categoria em 2009.
.................................................................................................................................. 48
Figura 7 – Comparação entre valor justo e valor contábil de 2009 e 2010. .............. 49
Figura 8 – Ativos e passivos a valor justo segundo a hierarquização de valor de 2009
e 2010. ...................................................................................................................... 51
Figura 9 – Custo de aquisição das ações da Sadia. ................................................. 52
Figura 10 – Ativos e passivos adquiridos da Sadia. .................................................. 53
Figura 11 – Composição dos saldos dos instrumentos financeiros por categoria em
2011. ......................................................................................................................... 54
Figura 12 – Comparação do valor justo e valor contábil de 2011.............................. 55
Figura 13 – Ativos e passivos a valor justo segundo a hierarquização de valor de
2011. ......................................................................................................................... 56
Figura 14 – Composição do saldo dos investimentos em 2011. ............................... 57
Figura 15 – Composição dos saldos de instrumentos financeiros da controladora em
2012. ......................................................................................................................... 57
Figura 16 – Composição dos saldos de instrumentos financeiros consolidados em
2012. ......................................................................................................................... 58
Figura 17 – Comparação valor contábil e valor justo da controladora em 2012. ....... 58
Figura 18 – Comparação valor contábil e valor justo consolidado em 2012. ............ 59
Figura 19 –Ativos e passivos a valor justo segundo a hierarquização de valor de
2012. ......................................................................................................................... 60
Figura 20 – Valor justo dos ativos e passivos adquiridos na combinação de negócios
Quickfood. ................................................................................................................. 61
Figura 21 – Valor justo dos ativos e passivos adquiridos na combinação de negócios
Avex. ......................................................................................................................... 62
Figura 22 – Valor justo dos ativos e passivos adquiridos na combinação de negócios
Dánica. ...................................................................................................................... 63
Figura 23 – Composição dos saldos de investimentos em 2012............................... 64
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10
1.1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 12
1.2 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 12
1.3 ESTRUTURA ...................................................................................................... 13
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................................................. 15
2.1 NORMAS INTERNACIONAIS ............................................................................. 15
2.2 MENSURAÇÃO CONTÁBIL ................................................................................ 16
2.2.1 Valores de entrada ......................................................................................... 17
2.2.1.1 Custo histórico ............................................................................................... 17
2.2.1.2 Custo corrente ............................................................................................... 18
2.2.1.3 Custos históricos corrigidos ........................................................................... 20
2.2.1.4 Custos correntes corrigidos ........................................................................... 20
2.2.2 Valores de Saída ............................................................................................. 20
2.2.2.1 Valores descontados de fluxos de caixas futuros .......................................... 21
2.2.2.2 Preços correntes de venda ............................................................................ 21
2.2.2.3 Equivalentes correntes de caixa .................................................................... 21
2.2.2.4 Valores de liquidação .................................................................................... 21
2.2.3 Mensuração pelo valor justo ......................................................................... 22
2.3 INSTRUMENTOS FINANCEIROS ...................................................................... 23
2.3.1 Definição de instrumentos financeiros ........................................................ 23
2.3.2 Mensuração de instrumentos financeiros.................................................... 25
2.4 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ............................................. 28
2.4.1 Demonstrações contábeis ............................................................................. 28
2.4.2 Indicadores financeiros e econômicos ........................................................ 30
2.4.2.1 Índices de liquidez ......................................................................................... 30
2.4.2.2 Índices de endividamento .............................................................................. 31
2.4.2.3 Índices de rentabilidade................................................................................. 32
2.5 ESTUDOS ANTERIORES ................................................................................... 33
3 METODOLOGIA .................................................................................................... 36
4 ESTUDO DE CASO ............................................................................................... 38
4.1 BRASIL FOODS S.A. .......................................................................................... 38
4.2 INFORMAÇÕES EVIDENCIADAS ...................................................................... 39
4.2.1 Informações Qualitativas ............................................................................... 39
4.2.1.1 Demonstrações Financeiras de 2008 ............................................................ 40
4.2.1.2 Demonstrações Financeiras de 2009 e 2010 ................................................ 40
4.2.1.3 Demonstrações Financeiras de 2011 e 2012 ................................................ 42
4.2.2 Informações Quantitativas ............................................................................ 42
4.2.2.1 Demonstrações Financeiras de 2008 ............................................................ 42
4.2.2.2 Demonstrações Financeiras de 2009 e 2010 ................................................ 46
4.2.2.3 Demonstrações Financeiras de 2011 ............................................................ 53
4.2.2.4 Demonstrações Financeiras de 2012 ............................................................ 57
4.3 AJUSTES DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ............................................ 64
4.4 COMPARAÇÕES DE INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS ............... 65
4.4.1 Indicadores das demonstrações da controladora ....................................... 65
4.4.2 Indicadores das demonstrações consolidadas ........................................... 68
4.5 IMPACTOS DA EVIDENCIAÇÃO DO VALOR JUSTO ....................................... 70
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 72
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 74
ANEXO A – DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS BRASIL FOODS S.A .................. 76
10
1 INTRODUÇÃO
Com
o
crescimento dos mercados internacionais e
incremento
da
globalização, a informação contábil torna-se uma ferramenta relevante para
avaliação da situação econômica e financeira das empresas, assim, observa-se a
necessidade da padronização das informações contábeis das empresas, para tornar
possível a comparabilidade, com o intuito de proporcionar aos usuários da
informação a situação das empresas analisadas.
Niyama e Tibúrcio Silva (2011, p. 24) afirmam que “a padronização se torna
necessária em decorrência das características do processo contábil devido às falhas
do sistema de mercado em produzir demonstrações contábeis justas para a
sociedade”.
Inicialmente, com a aprovação da Lei nº 11.638 de 28 de dezembro de 2007,
foram alterados e revogados dispositivos que regulam a elaboração das
demonstrações contábeis de Sociedades por Ações reguladas pela Lei nº 6.404/76.
As empresas de capital aberto já estavam obrigadas a elaborar suas demonstrações
observando as normas emitidas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), no
entanto com a alteração da Lei nº 6.404/76 as normas da CVM são elaboradas com
base nos padrões internacionais adotados pelos principais mercados de capitais.
Entretanto, as alterações provocaram mudanças significativas nos registros
contábeis e para o entendimento, adequação e controle da situação de convergência
das normas internacionais, criou-se o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC)
pela Resolução do CFC nº 1.055/05 e o Comitê Gestor da Convergência pela
Resolução do CFC nº 1.103/07.
O CPC emite pronunciamentos técnicos sobre os procedimentos contábeis
visando à viabilização da convergência das normas brasileiras de contabilidade aos
padrões internacionais, que apresentam conceitos desde a estrutura conceitual
básica da convergência até o reconhecimento, mensuração e evidenciação dos
ativos e passivos. Dentre os conceitos apresentados, observam-se considerações
sobre a mensuração pelo valor justo.
O CPC 38 trata sobre valor justo do Item AG69 a até AG82 e define como
valor justo o preço da transação na data de mensuração em uma troca entre partes
não relacionadas, sem favorecidos, motivada por considerações comerciais normais.
11
Entretanto, afirma que a melhor forma de mensuração pelo valor justo é a existência
de preços cotados no mercado ativo.
O contexto esta em significativa discussão por sua aplicação causar
alterações nas demonstrações contábeis. O critério utilizado anteriormente para
avaliação dos ativos e passivos era o custo histórico, no entanto, não demonstra a
real situação do ativo ou passivo, sendo assim, a utilização do método de avaliação
pelo valor justo, que tenta trazer os mesmos a valor de mercado, pode trazer
mudanças tanto qualitativas como quantitativas para as demonstrações contábeis.
Conforme contexto operacional da Brasil Foods S.A., divulgado em notas
explicativas, a empresas é uma das maiores companhias brasileiras do ramo
alimentício, trabalhando com foco na industrialização e comercialização de carnes e
derivados de aves, suínos e bovinos, produtos processados, massas, vegetais
congelados e derivados de soja. A empresa esta listada no segmento de Novo
Mercado na BM&fbovespa e na Bolsa de Valores de Nova Iorque. O nome da Brasil
Foods S.A. agrega valor a diversas marcas como a Batavo, Claybon, Chester®,
Confiança, Delicata, Doriana, Elegê, Fazenda, Nabrasa, Perdigão, Perdix, Fiesta,
Hot Pocket, Miss Daisy, Nuggets, Qualy, Rezende, Sadia, Speciale Sadia, Texas e
Wilson, além de marcas licenciadas como Turma da Mônica.
Destaca-se assim a participação relevante da Brasil Foods S.A. no mercado
de carnes e derivados, tanto interno como externo e por ser uma empresa de capital
aberto, e participante do mercado internacional, torna-se obrigada à divulgação de
demonstrações contábeis, seguindo a Lei nº 11.638/07, os pronunciamentos
emitidos pelo CPC e as normas impostas pela CVM.
Observa-se a necessidade de uma pesquisa sobre a evidenciação de ativos e
passivos pelo valor justo com o intuito de analisar as alterações que esta forma de
mensuração pode causar, e tendo como objeto as empresa Brasil Foods S.A. que
em suas demonstrações de 2008, 2009, 2010, 2011 e 2012 evidenciaram seus
ativos e passivos com base no valor justo.
Diante do exposto, apresenta-se o seguinte problema de pesquisa: Quais
foram os impactos nos indicadores econômico-financeiros da empresa Brasil Foods
S.A do exercício de 2008, 2009, 2010, 2011 e 2012 com a evidenciação de ativos e
passivos pelo valor justo?
12
1.1 OBJETIVOS
O objetivo geral do estudo consiste em analisar os impactos nos indicadores
econômico-financeiros da empresa Brasil Foods S.A no exercício de 2008, 2009,
2010, 2011 e 2012 com a evidenciação de seus ativos e passivos pelo valor justo.
Para atender ao objetivo geral, elaboraram-se os seguintes objetivos específicos:

Buscar informações sobre a bibliografia e legislação referente à
mensuração e evidenciação do valor justo;

Apresentar as demonstrações contábeis da empresa Brasil Foods S.A. do
Exercício de 2008, 2009, 2010, 2011 e 2012;

Classificar em qualitativa e quantitativa as informações que a empresa
Brasil Foods S.A. evidenciou relacionado ao valor justo e mensurar ajustes
nas informações contábeis com base nos dados quantitativos verificados;

Analisar se os ativos, passivos e resultados mensurados com base no
valor justo causaram alterações significativas nos indicadores econômicofinanceiros no período analisado.
1.2 JUSTIFICATIVA
Rotineiramente surgem novas alterações na legislação brasileira que
modificam parte do nosso conhecimento, que nos incentiva a nos atualizar e estar
constantemente buscando informações que capacite o profissional contábil.
Atualmente, com a aprovação da Lei nº 11.638/07, as práticas contábeis
utilizadas foram modificadas de forma relevante, fazendo com que os profissionais
da área observassem a necessidade de atualização de seus conhecimentos para
que se mantivessem no mercado com mais qualidade e eficiência nas atividades.
A adequação às normas internacionais não é uma tarefa fácil, já que onera
tempo para cursos de atualização e implica necessidade de analisar as empresas
isoladamente, observando cada caso, para aplicações das devidas alterações.
Algumas dessas alterações ocasionam modificações que incentivam a realização de
novas pesquisas acerca do assunto, possibilitando, assim, a transmissão das
informações aos interessados.
13
Como evidenciado, a mensuração pelo valor justo é uma das alterações que
fez modificações nas demonstrações contábeis e alterou o modo de mensuração
utilizado anteriormente, por isso está em discussão por alguns autores e
profissionais da área.
A empresa Brasil Foods S.A. foi escolhida como objeto de estudo por ser
caracterizada como uma empresa de capital aberto, enquadrando-se na Lei nº
11.638/07. Além disso, evidenciou seus ativos e passivos pelo valor justo em suas
demonstrações, permitindo-se realizar a pesquisa dos impactos provenientes dessa
evidenciação nos períodos de 2008, 2009, 2010, 2011 e 2012, evidenciando para a
comunidade acadêmica a relevância dessa modificação nas demonstrações
contábeis.
1.3 ESTRUTURA
No
primeiro
capítulo
se
apresenta
a
introdução
que
engloba
a
contextualização do tema proposto, a delimitação, a problematização e diante disso
é apresentado o problema da pesquisa. Ainda no primeiro capítulo, apresenta-se o
objetivo geral da pesquisa e são definidos objetivos específicos visando alcançar os
resultados necessários para atingir o objetivo geral e responder o problema da
pesquisa.
O segundo capítulo trata-se da fundamentação teórica, onde se apresenta os
principais conceitos a cerca do tema proposto, que segundo Gil (1999, p. 75) “há a
necessidade de se consultar material adequado à definição da conceituação da
pesquisa”. Apresenta-se também no segundo capítulo os estudos anteriores “tendo
em vista identificar o estágio em que se encontram os conhecimentos a certa do
tema investigado”. (GIL, 1999, p. 75)
Quanto ao terceiro capítulo, pretende-se apresentar a metodologia utilizada,
evidenciando os métodos científicos empregados na pesquisa para obtenção dos
resultados, que possibilitam constatar a veracidade do conhecimento.
Pretende-se no quarto capítulo apresentar o estudo de caso, onde serão
destacadas
as
informações
quantitativas
e
qualitativas
evidenciadas
nas
Demonstrações Financeiras da Brasil Foods S.A., e por meio dos dados
quantitativos,
ajustar
as
demonstrações
financeiras
para
permitir
análise
14
comparativa com e sem o valor justo, assim possibilitando a análise dos impactos da
evidenciação do valor justo nos indicadores econômico-financeiros.
15
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Para melhor entendimento do tema proposto nesta pesquisa, neste tópico
serão
apresentados
embasamentos
acerca
das
normas
internacionais
de
contabilidade, as formas de mensuração utilizadas na contabilidade em geral, a
mensuração pelo valor justo, a mensuração dos instrumentos financeiros e a análise
das demonstrações contábeis por meio dos indicadores financeiros e econômicos.
2.1 NORMAS INTERNACIONAIS
A abertura da economia brasileira, o crescimento das negociações de ações
em bolsa de valores e o aumento do interesse de investidores estrangeiros
impulsionaram os órgãos envolvidos a se preocupar com a dificuldade da
comparabilidade das demonstrações contábeis, devido à diversidade de práticas
existente e deste modo observou-se a necessidade da harmonização das normas
contábeis.
Em 1973 foi criado o IASC (International Accountingn Standard Committe),
que surgiu do compromisso assumido por Austrália, Canadá, França, Alemanha,
Japão, México, Inglaterra, Irlanda e Estados Unidos, tendo como finalidade estudos
dos padrões contábeis. Entretanto no dia 1ª de abril de 2001 o IASC tornou-se IASB
(International Accounting Standards Board), que é uma entidade privada,
independente, formada por mais de 140 entidades de classe de diversos países,
incluído o Brasil que é representado pelo o IBRACON e o Conselho Federal de
Contabilidade.
O IASB foi criado como objetivo de desenvolver um conjunto de normas
contábeis globais de qualidade para promover a aplicação das normas e a
convergência entre as normas contábeis locais e as internacionais, de modo que
possibilite a comparabilidade das demonstrações contábeis.
As normas desenvolvidas pelo IASB são denominadas IFRS (Internacional
Financial Reporting), segundo Niyama e Tibúrcio Silva (2011, p. 24) “estas normas
tem como principal finalidade reduzir as diferenças entre os procedimentos e as
normas contábeis adotadas nos diferentes países”. Deste modo, possibilita-se a
harmonização das normas contábeis facilitando a análise das demonstrações
contábeis que evidenciarão a real situação econômica e financeira da empresa.
16
Para facilitar o entendimento das IFRS, no dia 7 de outubro de 2005 a
Resolução nº 1.055/05 do CFC criou o CPC (Comitê de Pronunciamentos
Contábeis) que emite pronunciamentos técnicos com o intuito de padronizar os
procedimentos de elaboração e divulgação das demonstrações contábeis. Todavia,
para que as normas deixassem de ser somente recomendação e passassem a ser
de uso obrigatório, no dia 28 de dezembro de 2007 foi aprovada a Lei nº 11.638/07
que altera e revoga dispositivos da Lei nº 6.404/76 que dispõe sobre as Sociedades
por Ações, que regula sobre as demonstrações financeiras e a escrituração dos atos
e fatos das mesmas com a finalidade de iniciar o processo de convergência as
normas internacionais.
2.2 MENSURAÇÃO CONTÁBIL
As formas de mensuração para contabilização de ativos e passivos sofreu
uma mudança relevante com a convergência das normas internacionais. Até o
momento os ativos e passivos eram comumente registrados pelo seu custo histórico,
ou seja, pelo valor da transação, sendo a forma de mensuração mais utilizada na
escrituração contábil. Entretanto, com a alteração da lei definiu-se que alguns ativos
e passivos devem ser mensurados com base no valor justo.
Para entendimento da alteração nas formas de mensuração utilizadas no
reconhecimento de ativos e passivos faz-se necessário à apresentação de alguns
conceitos de mensuração.
Segundo Iudícibus et. al. (2010, p. 46) “mensuração é o processo que
consiste em determinar os valores pelos quais os elementos das demonstrações
contábeis devem ser reconhecidos e apresentados no balanço patrimonial e na
demonstração do resultado”.
O processo de mensuração é utilizado com objetivo de definir valores que
depois de escriturados devem representar o patrimônio da empresa, que será
analisado pelos usuários da informação, que esperam analisar informação corretas e
que demonstrem a realidade econômica e financeira da entidade. Logo, os atos e
fatos ocorridos devem ser mensurados de forma a evidenciar nas demonstrações
valores que apresentem com veracidade o que o ativo ou passivo representa na
entidade.
17
Segundo Hendriksen e Van Breda (2009, p. 303):
Em contabilidade, mensuração é o processo de atribuição de valores
monetários significativos a objetos ou eventos associados a uma empresa e
obtidos de forma a garantir agregação (tal como na avaliação total de
ativos) ou desagregação quando exigida em situações especificas.
Hendriksen e Van Breda (2009) em seu conceito de mensuração explanam
sobre a possibilidade de agregação e desagregação de valores, pois caso um ativo
seja reavaliado, a mensuração permite que os valores encontrados na sua
reavaliação sejam registrados, alterando os valores evidenciados em demonstrações
anteriores transmitindo confiabilidade nas informações. Entretanto, para atingir a
veracidade na mensuração dos atos e fatos se faz necessária aplicação de variadas
bases de mensuração.
As bases de mensuração serão apresentadas divididas em valores de entrada
e valores de saídas, baseando-se nos conceitos de Hendriksen e Van Breda (2009)
e Iudícibus et. al. (2010) e Iudícibus (2009).
2.2.1 Valores de entrada
Segundo Hendriksen e Van Breda (2009, p. 306) as medidas de entradas
“são valores pagos na aquisição de ativos ou serviços”. Destacando-se as formas de
mensuração utilizadas para atribuir valores a atos e fatos relacionados ao ingresso
de ativos na entidade.
2.2.1.1 Custo histórico
É uma das formas de mensuração mais adotadas na contabilidade, já que seu
valor monetário a ser escriturado é de fácil acesso, pois está evidenciado na
transação realizada.
Utilizando como base de mensuração o custo histórico, segundo Iudícibus et.
al. (2010, p. 46):
18
Os ativos são registrados pelos valores pagos ou a serem pagos em caixa
ou equivalente de caixa para adquiri-los [...] e os passivos são registrados
pelos valores dos recursos que foram recebidos em troca da obrigação [...]
ou pelos valores em caixa ou equivalentes de caixa que serão necessários
para liquidar o passivo...
Sendo assim, o custo histórico corresponde ao valor original da transação.
Segundo Iudícibus (2009, p. 134) a vantagem da mensuração pelo custo histórico é
“sua possível aderência, no momento da aquisição, para expressar os potenciais de
serviços futuros, para a empresa, do ativo que está sendo adquirido”. E segundo
Hendriksen e Van Breda (2009, p. 306) “a vantagem do custo histórico reside no fato
de ser verificável”.
Iudícibus (2009, p. 134) relata também sobre a desvantagem da mensuração
pelo custo histórico que é “o fato de que o valor dos ativos muda com o tempo não
somente em virtude das variações de preços, obsolescência e etc., mas também em
virtude de mudanças no estoque de potenciais serviços de cada ativo”. A mesma
desvantagem é explanada também por Hendriksen e Van Breda (2009, p. 306) que
afirmam que “ao fim de longos períodos o ativo pode não ter significado algum como
medida de quantidade de recursos disponíveis à empresa”.
Portando, mantendo os ativos avaliados pelo custo histórico a entidade
evidencia em suas demonstrações valores que não representam o real valor do ativo
e os benefícios futuros que o mesmo pode originar.
2.2.1.2 Custo corrente
Na avaliação de um ativo ou passivo pelo custo corrente, é necessário
verificar o valor de compra do ativo e liquidação do passivo na data de hoje.
De acordo com Iudícibus et. al. (2010, p. 46) na aplicação do custo corrente:
Os ativos são reconhecidos pelos valores em caixa ou equivalente de caixa
que teriam de ser pagos se esses ativos ou ativos equivalente fossem
adquiridos na data do balanço e os passivos são reconhecidos pelos
valores em caixa ou equivalente de caixas, não descontados, que seriam
necessários para liquidar a obrigação.
19
Diante do exposto a vantagem da utilização do custo corrente sobre o custo
histórico, é que o mesmo permite que seja verificado o valor do ativo hoje,
identificando o seu valor de compra.
Segundo Hendriksen e Van Breda (2009, p. 308) “se houver um mercado no
qual os ativos semelhantes sejam comprados e vendidos, um preços de troca
poderá ser obtido e associado ao ativo possuído”.
Todavia, para que o valor de troca obtido seja confiável, o ativo possuído
deve estar em condições semelhantes aos ativos analisados no mercado.
A utilização do custo corrente de entrada é vista de forma diferente pelos
autores, conforme pode ser observado no Quadro 1:
Vantagens da utilização do custo
corrente de entrada de acordo com
Iudícibus
a) Possibilidade de se aproximar do
valor que deveria desembolsar
para adquirir ativo igual ao que
está avaliando;
b) Amortizando uma despesa o
ativo avaliado a custo corrente,
tem-se uma comparação mais
adequada entre valores correntes
de receita e despesa.
Desvantagens da utilização do custo
corrente de entrada de acordo com
Hendriksen e Van Breda
a) Não estão disponíveis custos e
cotações correntes para itens
sazonais e de moda;
b) As variações do custo corrente
nem sempre refletem as variações
do preço corrente de venda;
c) O aumento de custos resultaria em
ganhos registrados no exercício
corrente, mesmo que não tivessem
sido realizados por meio de uma
venda;
d) Os ganhos e perdas causados por
variações de preços específicos de
entrada seriam incluídos no lucro
líquido das operações, a menos
que os custos das mercadorias
vendidas.
Quadro 1 – Demonstração das vantagens e desvantagens da utilização do custo corrente de entrada
na visão de diferentes autores: Iudícibus, Hendriksen e Van Breda.
Fonte: Iudícibus (2009) e Hendriksen e Van Breda (2009).
Diante do exposto no Quadro 1, Iudícibus (2009, p. 134) demonstra somente
as vantagens da utilização do custo corrente de entrada, enquanto Hendriksen e
Van Breda (2009, p. 308) apresentam somente as desvantagens da utilização do
mesmo.
Conforme explicitado pelos autores, a avaliação pelo custo corrente se torna
interessante para atribuição do valor atual do ativo, mas devido à diversidade de
20
itens a serem avaliados, a constante variação de preços e de custos, a atribuição de
valores com base no custo corrente pode se tornar subjetiva.
2.2.1.3 Custos históricos corrigidos
Esta base de mensuração representa o mesmo conceito de custo histórico,
mas corrigido por meio da variação do poder aquisitivo da moeda.
Segundo Iudícibus (2009, p. 135) “o custo histórico corrigido apresenta a
vantagem de ser de fácil utilização e leva a uma avaliação do patrimônio líquido que
facilita a tomada de decisão para manter o patrimônio com a mesma potencialidade”.
Portanto, a avaliação com base do custo histórico corrigido fornece
informações com mais características que permitem uma melhor avaliação do
desempenho, no entanto o poder aquisitivo da moeda depende da situação da
empresa diante do ambiente em que esta inserida.
2.2.1.4 Custos correntes corrigidos
Para aplicação desta forma de mensuração são utilizados os conceitos de
custo corrente e inserido valores de um coeficiente de variação de preços.
Segundo Iudícibus (2009, p. 136) “é talvez o mais completo conceito de
avaliação de ativos e valores de entrada”, pois permite a comparação de ativos em
datas diferentes.
Segundo Fernandes (1998, p. 7) “ao comparar-se o Custo Corrente e o Custo
Corrente Corrigido verifica-se o surgimento de um novo elemento denominado
ganho ou perda nos itens monetários.” Permitindo a análise da variação do poder
aquisitivo da moeda da entidade.
2.2.2 Valores de Saída
De acordo com Hendriksen e Van Breda (2009, p. 310) “valores de saída
representam os valores de venda de ativos...” Portanto serão explicitadas neste
tópico as formas de mensuração utilizadas para avaliação de atos e fatos ligados a
saída de ativos da entidade.
21
2.2.2.1 Valores descontados de fluxos de caixas futuros
De acordo com Barreto (2009, p. 20) os valores descontados de fluxo de
caixas futuros são também conhecidos como valor presente líquido (VPL), o mesmo
é determinado pelo processo de desconto e é necessário definição de taxa de
desconto para trazer o mesmo a valor presente.
Hendriksen e Van Breda (2009, p. 312) e Iudícibus (2009, p. 132) afirmam
que esta forma de mensuração é comumente utilizada em itens monetários, devido à
espera ser o fator determinante de benefício a ser recebido.
2.2.2.2 Preços correntes de venda
Com a utilização desta base de mensuração é possível se aproximar do valor
que será realizado na venda, também conhecido como valor realizável líquido.
Segundo Hendriksen e Van Breda (2009, p. 310) “o valor realizável líquido é definido
como sendo preço corrente de saída menos o valor corrente de todos os custos e
despesas incrementais esperados, relacionados à conclusão, à venda e à entrega
da mercadoria”.
Portanto, a utilização da base de preços correntes de venda para avaliação
de ativos possibilita uma avaliação correta dos custos e despesas realizadas até o
momento da venda.
2.2.2.3 Equivalentes correntes de caixa
A aplicação dos equivalentes correntes de caixa é a avaliação de todos os
ativos explanando o valor que seria obtido na venda. Hendriksen e Van Breda (2009,
p. 311) e Iudícibus (2009, p. 133) expõem a mesma dificuldade para aplicação desta
base de mensuração, visto que os itens que não possuem preço de mercado
acessível devem ser excluídos das demonstrações, por exemplo, alguns ativos
intangíveis não serão evidenciados nas demonstrações contábeis.
2.2.2.4 Valores de liquidação
Os valores de liquidação são utilizados em transações forçadas, é a aplicação
de valores reduzidos ou até inferior ao custo. Esta base de mensuração é utilizada
22
somente quando o ativo perde a utilidade ou quando a entidade pretende suspender
as operações. (HENDRIKSEN E VAN BREDA, 2009, p. 311 e IUDÍCIBUS, 2009, P.
133).
2.2.3 Mensuração pelo valor justo
De acordo com o CPC 2 valor justo é o valor pelo qual um ativo pode ser
trocado, ou um passivo liquidado, entre partes interessadas, conhecedoras do
negócio e independentes entre si, com a ausência de fatores que pressionem para a
liquidação da transação ou que caracterize uma transação compulsória. Portanto, se
utiliza o preço de compra e venda ou preço de mercado de um ativo para mensurálo, porém, esta transação não pode ser forçada por nenhuma das partes.
O processo de mensuração pelo valor justo é simplificado se o item a ser
mensurado possui valor de mercado de fácil acesso. Entretanto, para obter o preço
de mercado são observados outros itens com as mesmas características, situação e
ambiente, estas circunstâncias dificultam o processo de mensuração pelo valor
justo.
Para que a utilização do valor justo não gere informações inconsistentes
segundo Almeida (2007, p. 11) existem três formas de cálculo do valor justo,
especificadas no Quadro 2.
Método
Cálculo/Utilização
Valor justo estimado pelo custo de reposição.
Pouco utilizado devido à natureza.
Valor justo definido com base em índices de
itens comparáveis de empresas que atuem no
Mercado
mesmo mercado. Dificuldade da utilização é a
identificação de ativos comparáveis.
Valor justo é estimado com base no lucro futuro
esperado, descontado o valor presente e uma
taxa percentual ajustada ao risco da empresa.
Lucro Futuro
Comumente utilizado, também conhecido como
método de lucro excedente de múltiplos
períodos.
Quadro 2 – Formas de cálculo do valor justo
Custo
Fonte: Almeida, 2007, p. 11.
A utilização da mensuração pelo valor justo é discutida entre os autores e
profissionais, Lopes (2008, apud BARRETO 2009, p. 25) defende o valor justo como
23
única forma de avaliação de derivativos, já que a maioria destes não possui valor de
custo, entretanto Sá (2008, p. 1 apud BARRETO 2009, p. 25) defende a atualização
do custo histórico atualizado de forma objetiva, pois a utilização de valor justo pode
tornar a informação subjetiva prejudicando os usuários da informação.
Portanto, devido à complexidade da utilização da mensuração do valor justo,
o mesmo deve ser utilizado conscientemente, os profissionais devem estar atentos
aos princípios da contabilidade que podem ser afetados pela aplicação equivocada
desta base de mensuração, como a confiabilidade e a prudência.
2.3 INSTRUMENTOS FINANCEIROS
A aprovação da Lei nº 11.638/07 ocasionou significativas mudanças nas
normas brasileiras de contabilidade, estas mudanças provocaram alterações nas
formas de reconhecimento, mensuração e evidenciação dos atos e fatos ocorridos
nas entidades. Conforme mencionado, a mensuração pelo valor justo é uma das
mudanças significativas das convergências as normas internacionais e que esta
gerando discussões entre autores e profissionais contábeis. A aplicabilidade desta
forma de mensuração esta comumente evidenciada nos instrumentos financeiros,
devido à obrigatoriedade da aplicação. Para identificar qual a relevâncias das
alterações causadas pela mensuração pelo valor justo e se elas são qualitativas ou
quantitativas
apresenta-se
como
devem
ser
mensurados
os
instrumentos
financeiros, com base no CPC 38.
2.3.1 Definição de instrumentos financeiros
De acordo com o CPC 38 os instrumentos financeiros são classificados em
quatro categorias: Ativo ou passivo financeiro mensurado pelo valor justo por meio
de resultado; investimentos mantidos até o vencimento; empréstimos e contas a
receber; e ativos financeiros disponíveis para a venda.
Mensurados pelo valor justo por meio de resultado – São classificados como
mantido para negociação: no caso de ativos adquiridos ou incorridos com a
finalidade de venda ou recompra em curto prazo; ativos que fazem parte da carteira
de instrumentos financeiros gerenciados em conjuntos e que possuem evidências de
modelo real recente de tomada de lucros em curto prazo; ou é classificado como
24
derivativo (exceto contrato de garantia financeira e Hedge). E no momento do
reconhecimento inicial ele é designado pela entidade pelo valor justo por meio do
resultado.
Investimentos mantidos até o vencimento são ativos financeiros não
derivativos com vencimento definidos que a entidade tem a intenção positiva e
capacidade de manter até o vencimento, exceto, os que a entidade definir no
reconhecimento inicial pelo valor justo por meio de resultado; os que a entidade
designa como disponíveis para venda; e os eu satisfazem a definição de
empréstimos e contas a receber.
Empréstimos e recebíveis são ativos financeiros, não derivativos com
pagamentos fixos ou determináveis que não estão cotados em mercado ativo,exceto
os que a entidade tem a intenção de vender imediatamente ou a curto prazo;
mantidos para negociação; designados pelo valor justo por meio do resultado;
designados como disponíveis para a venda; e que o detentor não possa recuperar a
totalidade do seu investimento.
Ativos Financeiros disponíveis para a venda são ativos financeiros não
derivativos classificados como disponíveis para vendas ou que não são
empréstimos, contas a receber, investimentos mantidos até o vencimento e
classificados pelo valor justo por meio de resultado.
Conforme o CPC 38, também é classificado como instrumentos financeiros,
os derivativos, os contratos de garantia financeira hedge e derivativos embutidos.
Derivativo é um instrumento financeiro ou contrato no alcance do CPC 38 com
as seguintes características: seu valor altera com a alteração da taxa de juros
especificada, ou outra variável, mas no caso de variável financeira não seja
específica de uma parte do contrato; não é necessário qualquer investimento líquido
inicial ou que seja inferior ao que seria exigido para outro tipo de contrato com o
mesmo retorno; é liquidado em data futura.
O CPC 38 define Contrato de garantia financeira como o contrato que requer
que o emitente efetue pagamentos especificados para reembolsar o detentor por
pagamentos não efetuados no prazo conforme condições iniciais.
Conforme o CPC 38, Hedge é uma operação para proteger o valor de um
ativo em caso de desvalorização ou manter o preço de uma dívida.
Derivativos embutido segundo o CPC 38 é um componente de instrumento
combinado que também inclui um contrato principal não derivativo, alguns dos fluxos
25
de caixa de instrumentos combinados variam de forma semelhante a um derivativo
isolado. Possui as mesmas características do derivativo isolado e deve ser
contabilizado separado somente se: as características econômicas e os riscos não
estiverem relacionados com as características do contrato principal; o instrumento
separado com as mesmas características que o derivativo embutido satisfizer a
definição de derivativo; o instrumento combinado não for medido pelo valor justo
com as alterações no valor justo reconhecidas no resultado.
2.3.2 Mensuração de instrumentos financeiros
Neste tópico, serão apresentadas as formas de mensuração utilizadas para
atribuição de valores a instrumentos financeiros e como devem ser utilizadas essas
formas de mensuração, tanto no reconhecimento inicial como nos subsequentes
tendo como base as orientações do CPC 38.
Custo amortizado de ativo ou passivo financeiro é a quantia pela qual um
ativo ou passivo financeiro é medido no reconhecimento inicial menos os
reembolsos de capital, mais ou menos a amortização cumulativa usando o método
dos juros efetivos de qualquer diferença inicial e quantia do vencimento e menos
qualquer redução por perda do valor recuperável ou incobrabilidade.
Método de juros efetivo é o método de calcular o custo amortizado do ativo ou
passivo financeiro e alocar a despesa e receita de juros no período. A taxa efetiva de
juros é a taxa que desconta os pagamentos e recebimento de caixa futuro estimados
durante a vida do instrumento financeiro, existe um pressuposto que a definição das
características citadas são estimadas confiavelmente, entretanto nos casos raros
que não for possível identificar os fluxos de caixa futuros e a vida útil do instrumento
devem ser utilizados os fluxos de caixa contratuais.
Desreconhecimento é a remoção do ativo ou passivo financeiro anteriormente
evidenciado no balanço.
Valor justo é a quantia pela qual um ativo poderia ser trocado, ou um passivo
liquidado, entre partes conhecedoras e dispostas a isso em transação sem
favorecimento.
Compra ou venda regular é a compra ou venda de ativo financeiro por meio
de contrato que exige a entrega dentro do prazo estabelecido geralmente por
regulação ou convenção do mercado em questão.
26
Custo de Transação é o custo incremental, diretamente atribuível à aquisição,
alienação e emissão de ativo ou passivo financeiro. Custo incremental é aquele que
não ocorre se a entidade não adquirir, alienar ou emitir um instrumento financeiro.
Inicialmente, os ativos e passivos financeiros devem ser mensurados pelo
valor justo, e nos casos de ativos e passivos que não são mensurados pelo valor
justo por meio de resultado, somasse os custos de transação que sejam diretamente
atribuíveis à aquisição ou emissão de ativos ou passivos financeiros.
Para mensuração subsequente, conforme já mencionado os ativos financeiro
são classificados em quatro categorias: ativos financeiros mensurados pelo valor
justo por meio de resultado; investimentos mantidos até o vencimento; empréstimos
e contas a receber; e ativos financeiros disponíveis para a venda.
Os ativos financeiros e derivativos que sejam ativos, após o reconhecimento
inicial, devem ser mensurados pelo seu valor justo sem dedução dos custos de
transação, exceto: Os ativos classificados como empréstimos e contas a receber e
investimentos mantidos até o vencimento que devem ser mensurados pelo custo
amortizado usando o método de juros efetivo; e Os Investimentos em instrumentos
patrimoniais que o valor justo não possa ser mensurado de forma confiável, e
derivativos que estejam ligados e devam ser liquidados pela entrega do instrumento
patrimonial na cotado, os quais devem ser medidos pelo custo. Os ativos financeiros
em posições protegidas estão sujeitos aos requisitos da contabilidade de hedge.
Os passivos financeiros, após o reconhecimento inicial devem ser
mensurados pelo custo amortizado usando o método de taxa de juros efetivo,
exceto: Os passivos financeiros mensurados pelo valor justo por meio de resultado;
Os passivos financeiros que surjam quando uma transferência de ativo financeiro
não se qualifica para desreconhecimento; Os contratos de garantia financeira; e Os
compromissos para conceder um empréstimo a uma taxa de juros inferior a do
mercado. Os passivos financeiros em posições protegidas estão sujeito aos
requisitos da contabilidade de hedge.
O CPC 38 apresenta considerações sobre a contabilidade de hedge, pois na
contabilidade deste instrumento financeiro são reconhecidos os efeitos de
compensações nos resultados dos valores justos de instrumentos de hedge e do
item protegido. Conforme o CPC as relações de hedge são de três tipos: de valor
justo; de fluxo de caixa; e de investimento líquido e operações.
27
Para a contabilidade de Hedge uma relação de Hedge precisa atender as
seguintes condições: Deve possuir documentos formais contendo a designação, os
objetivos, a gestão de risco da entidade para levar a efeito do Hedge, a identificação
do instrumento de Hedge, a posição ou transação coberta, a natureza do risco, e a
forma como a entidade vai avaliar a eficácia do instrumento de Hedge; Deve ser
eficaz ao conseguir alterações de compensação do valor justo ou do fluxo de caixa
atribuíveis ao custo coberto, estando de acordo com a gestão de risco documentada;
Quanto a Hedge de fluxo de caixa tem que ser altamente provável e tem de
apresentar exposição a variações nos fluxos de caixa que poderiam afetar o
resultado; deve ser possível medir confiavelmente a eficácia do Hedge; o Hedge
deve ser avaliado em base contínua e ter sido altamente eficaz durante os períodos
para o qual foi designado.
Segundo o CPC 38 o Hedge de valos justo deve ser contabilizado da seguinte
forma:

Ganho ou perda resultante de nova mensuração de instrumento de
Hedge pelo valor justo deve ser reconhecido no resultado;

Ganho ou perda resultando do item coberto que é medido pelo custo
deve ser ajustado e reconhecido no resultado;

Ganho ou perda quando o item coberto é um ativo financeiro disponível
para venda devem ser reconhecidos no resultado.
O Hedge de fluxo de caixa segundo o CPC 38 deve ser contabilizado da
seguinte forma:

Ganhos ou perdas resultantes de instrumento de Hedge eficaz devem
ser reconhecidos como outros resultados abrangentes;

Ganhos ou perdas resultando de Hedge não eficaz devem ser
reconhecidos no resultado.
O Hedge de investimento líquido deve ser contabilizado de forma semelhante
aos Hedges de fluxo de caixa.
Para mensuração de ativos e passivos financeiros pelo valor justo, o CPC 38
apresenta algumas considerações sobre as técnicas de valoração para obter
estimativas confiáveis do valor justo.
28
Segundo o CPC 38 a melhor forma de aplicação de valor justo é a existências
de preços cotados em mercado ativo, entretanto se o ativo ou passivo analisado não
possuir mercado ativo, a entidade deve aplicar técnicas de avaliação, que incluem a
utilização de transações recentes de mercado que seja possível identificar o valor
justo corrente de outro instrumento que seja substancialmente o mesmo, análise do
fluxo de caixa descontado e modelos de apreçamento de opções. A entidade poderá
usar técnicas de avaliação comumente usadas por participantes de mercados e que
esteja demonstrado que é uma técnica de avaliação que proporcionará estimativas
confiáveis.
A técnica de avaliação escolhida para estimar o valor justo deve aproveitar o
máximo de informações do mercado e não se utilizar de informações específicas da
entidade, para que assim possa reunir os fatores considerados pelos participantes
do mercado para determinar o preço do instrumento financeiro. Contudo, para
manter que a técnica de avaliação utilizada é confiável, a entidade deve fazer
análise periódica se a técnica de avaliação esta de acordo com as técnicas
utilizadas no mercado.
2.4 ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
Neste tópico serão apresentados alguns conceitos de indicadores financeiros
para o melhor entendimento da análise das demonstrações contábeis, possibilitando
a análise dos impactos da evidenciação do valor justo.
No mercado atual, que é globalizado e as empresas de capital aberto
possuem diversos investidores, a análise das demonstrações contábeis é ferramenta
de significativa importância para avaliação da situação financeira econômica e
patrimonial dessas entidades, auxiliando os investidores na tomada de decisão.
2.4.1 Demonstrações contábeis
Segundo Marion (2010, p. 9) “todas as demonstrações contábeis devem ser
analisadas”. Portanto, se faz necessária a análise do Balanço Patrimonial (BP); a
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE); Demonstrações dos Resultados
Abrangentes (DRA); Demonstrações das Origens e Aplicações de Recursos
(DOAR);
Demonstrações
dos
Lucros
e
Prejuízos
Acumulados
(DLPA);
29
Demonstrações das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL); Demonstrações dos
Fluxos de Caixas (DFC); e Demonstração do Valor Adicionado (DVA).
Após a publicação da Lei nº 11.638/07, ocorreram algumas mudanças na
obrigatoriedade da apresentação de algumas demonstrações, como a DFC que até
então não era obrigatória para as companhias abertas, com a alteração da Lei a
DFC se tornou obrigatória substituindo a DOAR.
Segundo CPC 26, determina-se que as entidades devem adotar juntamente
com a emissão da DRE a Demonstração dos Resultados Abrangentes (DRA).
Também com o advindo da Lei nº 11.638/07 a apresentação da DVA se tornou
obrigatória para as companhias abertas.
O Balanço patrimonial demonstra a situação financeira, econômica e
patrimonial da empresa, segundo Marion (2010, p. 7) afirma que “num certo sentido,
todas as demonstrações convergem para o Balanço Patrimonial”. Isso ocorre porque
os resultados encontrados em todas as outras demonstrações estão evidenciados
no BP.
A DRE fica definida segundo Iudícibus et. al. (2010, p. 4) como o
detalhamento das receitas e despesas, ganhos e perdas, definindo assim o lucro ou
prejuízo líquido do exercício, que no BP fica demonstrado também em conta de
lucros e prejuízos do exercício em determinado período.
De acordo com Iudícibus et. al. (2010, p. 4) a DRA pode “ser apresentada
separadamente ou dentro das mutações do patrimônio líquido, e nela são
apresentadas as mutações do patrimônio líquido e outras mutações do patrimônio
líquido que poderão transitar no futuro pelo resultado do período ou irem direto para
lucros ou prejuízos acumulados”.
A DFC que segundo Iudícibus et. al. (2010, p. 5) “demonstra a movimentação
de disponibilidades em um dado período, através dos fluxos de entrada e saída das
atividades operacionais, de investimentos e de financiamentos, tem seu saldo
evidenciado no BP pelos saldos de caixa e equivalentes de caixa”.
A DOAR segundo Iudícibus et. al. (2010, p. 5) “Evidencia as origens de
recursos que ampliam a folga financeira de curto prazo e as aplicações de recursos
que consomem essa folga”. O saldo evidenciado na DOAR pode ser identificado no
total do ativo circulante no BP.
De acordo com Iudícibus et. al. (2010, p. 4) a DMPL “evidencia a mutação do
patrimônio líquido em termos globais e em termos de mutações internas.” Já a DLPA
30
evidencia as mutações somente da conta de lucros ou prejuízos acumulados,
portanto a DMPL se torna mais completa. No Balanço Patrimonial o resultado da
DMPL para ser visualizado no patrimônio líquido e as contas que estão evidencias
inseridas no mesmo.
A DVA segundo Iudícibus et.al. (2010, p. 5) “tem como objetivo principal
informar o valor da riqueza gerada pela empresa e a forma de sua distribuição.”
Portanto, a DVA evidencia com maior transparência de que forma a riqueza gerada
pela entidade é distribuída aos empregados, acionistas, governo e capital de
terceiros.
2.4.2 Indicadores financeiros e econômicos
Os indicadores financeiros e econômicos utilizados na análise das
demonstrações contábeis são índices calculados por meio da divisão de duas
grandezas possibilitando assim sua interpretação e avaliação para análise da
situação econômica e financeira da empresa. Diante disso, serão apresentados
nesta etapa os indicadores utilizados na análise das demonstrações contábeis
baseado nos conceitos de Marion (2010). Segundo ele os índices são divididos
principalmente em três tipos: Índices de liquidez; índices de endividamento; e Índices
de rentabilidade.
2.4.2.1 Índices de liquidez
Segundo Marion (2010, p. 73) índices de liquidez são utilizados para avaliar a
capacidade de pagamento da empresa e podem ser avaliados considerando o longo
prazo, curto prazo ou prazo imediato:
O índice de liquidez corrente segundo Marion (2010, p. 73) avalia a
capacidade de pagamento em curto prazo e é calculado através da seguinte
fórmula:
Ativo circulante
Passivo circulante
Analisando o índice de liquidez corrente isoladamente, se ele é superior a
“1,0”, pode-se afirmar que a situação é positiva, contudo sua fórmula inclui o saldo
de todas as contas do ativo e todas as contas do passivo, portanto devem ser
31
verificado as conta mais relevante no ativo que auxiliaram no resultar positivo ou
negativo do índice.
De acordo com Marion (2010, p. 78) o índice de liquidez seca avalia a
capacidade da empresa de pagar suas dívidas com disponíveis e duplicatas a
receber. Portanto, o cálculo do índice de liquidez seca exclui os estoques e é
composto pela seguinte fórmula:
Ativo circulante - Estoque
Passivo circulante
Entretanto se uma empresa possui um índice de liquidez seca baixo não quer
dizer que a empresa não conseguirá cumprir suas obrigações. Portando, devem ser
avaliadas as contas que compõem as os saldos utilizados na fórmula do índice.
O índice de liquidez geral segundo Marion (2010, p. 79) “Mostra a capacidade
de pagamento da empresa em longo prazo, considerando o que ela converterá em
dinheiro (a curto e longo prazo), relacionando-se com tudo o que já assumiu de
dívida (a curto e longo prazo).” Portanto para cálculo deste índice usa-se a seguinte
fórmula:
Ativo circulante + Realizável a longo prazo
Passivo circulante + Exigível a longo prazo
A capacidade de pagamento em prazo imediato é representada pelo índice de
liquidez imediata, segundo Marion (2010, p. 80) este índice “mostra o que dispomos
imediatamente para saldar nossas dividas de curto prazo.” A fórmula para o cálculo
deste índice esta apresentada a seguir:
Disponibilidade (caixa+aplicações de curto prazo)
Passivo circulante
Segundo Marion (2010, p. 81) este é um índice sem realce, pois relaciona as
disponibilidades com contas de variados vencimentos.
Marion (2010, p. 80) menciona conceitos que devem ser conservados para
uma boa análise dos índices. Os indicadores não devem ser considerados
isoladamente, apreciar o indicador em uma série de anos, pelo menos três, e
comparar os índices encontrados com índices-padrão, ou seja, índices de
concorrentes, empresas do mesmo ramo de atividade.
2.4.2.2 Índices de endividamento
32
Por meio dos índices de endividamento, pode-se analisar a quantidade de
dívida da entidade e a qualidade da dívida.
Segundo Marion (2010, p. 92) o ativo é financiado por capital de terceiros e
capital próprio, que são fontes de recursos. Portanto, os índices de endividamento
podem demonstrar se a entidade se utiliza mais de capital de terceiros ou de capital
próprio para financiar seus ativos e se esses recursos adquiridos de terceiros tem
seu vencimento a curto ou em longo prazo.
De acordo com Marion (2010) com esses indicadores pode-se avaliar a
quantidade de dívida, a garantia do capital próprio ao capital de terceiros e
composição do endividamento.
Para verificar a quantidade de dívida será utilizado o indicador que representa
a participação de capital de terceiros sobre os recursos totais, o mesmo é calculado
através da seguinte fórmula:
Capital de terceiros
Capital de terceiros + Capital próprio
A indicador da garantia do capital próprio ao capital de terceiros permiti a
análise da a possibilidade da entidade de cobrir o capital de terceiros com o capital
próprio, este indicador é calculado pela seguinte fórmula:
Capital próprio
Capital de terceiros
O indicador da composição do endividamento é representado pela seguinte
fórmula:
Passivo circulante
Capital de terceiros
Verificando assim se entidade opera mais com dívidas em curto prazo ou em
longo prazo, que segundo Marion (2010, p. 94) é mais favorável para entidade
operar com dívidas em longo prazo, proporcionando a entidade tempo para geração
de capital para saldar os compromissos.
2.4.2.3 Índices de rentabilidade
Segundo Marion (2010, p. 129) “... Ativo significa investimento realizado pela
empresa a fim de obter receita e, por conseguinte, lucro”. Portanto, os indicadores
33
de rentabilidade da entidade estão relacionados à situação econômica da empresa,
relacionando assim os investimentos com os resultados.
Um dos indicadores de rentabilidade é a taxa de retorno sobre investimento,
que representa quanto à entidade obteve de ganho pelo que foi investido, este
indicador é calculado pela seguinte fórmula:
Lucro líquido
Ativo total
Com este indicador pode-se obter também o tempo médio de retorno,
dividindo 100% pela taxa de retorno sobre o investimento.
Outro indicador é a taxa de retorno sobre o patrimônio líquido, que segundo
Marion (2010, p. 130) representa o poder de ganho dos proprietários, deve ser
calculada pela fórmula abaixo:
Lucro Líquido
Patrimônio líquido
O indicador da taxa de retorno sobre o patrimônio também permiti verificar o
tempo médio de retorno.
2.5 ESTUDOS ANTERIORES
Com a intenção de verificar quão aprofundada esta a pesquisa cientifica sobre
o tema proposto, buscaram-se alguns estudos anteriores sobre valor justo com
procedimentos equivalentes.
Kehl em maio de 2005 elaborou monografia para o curso de economia da
universidade o Rio de Janeiro, com o objetivo de apresentar as principais referências
que nortearam a evolução do pensamento contábil para o critério do valor justo e
verificar as barreiras existentes para sua plena aplicação no Brasil. Kehl obteve
como conclusão que o critério de valor justo foi norteado pelos órgãos reguladores e
responsáveis pela emissão de normas contábeis no mundo, que acreditam que
todos os ativos e passivos devem ser avaliados a valor justo para aproximar as
demonstrações contábeis da real situação. O mesmo também concluiu que para
aplicação no Brasil este critério de avaliação enfrentaria barreiras no sistema
jurídico, escassez de mercados líquidos e barreiras culturais ligadas à formação
acadêmica.
34
Almeida realizou em 2007, pesquisa cientifica para dissertação apresentada a
Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas,
tendo como objetivo apresentar as diferentes definições de valor justo descritas na
regulamentação vigentes no Brasil, Estados Unidos da América e Europa e como as
demonstrações contábeis se diferenciam com o uso do valor justo. Para atingir este
objetivo o mesmo apresentou discussões sobre os benefícios da utilização do valor
justo nas demonstrações financeiras, a relevância da informação contábil baseada
no custo, a verificabilidade da informação do valor justo e sua forma de mensuração.
Foram analisadas as demonstrações contábeis de 50 empresas brasileiras de
capital aberto e 50 empresas internacionais também de capital aberto.
O pesquisador observou que as normas brasileiras são muito diferentes das
normas internacionais. Das empresas brasileiras analisadas 85% abordaram o tema
valor justo em suas notas explicativas, mais citadas nas contas de instrumentos
financeiros e benefícios a empregados. Nas empresas internacionais, 95%
abordaram o valor justo em suas notas explicativas, mas citados nas contas de
instrumentos financeiros, benefícios a empregados e ativos intangíveis.
Foi observado também que nas empresas brasileiras poucas contas foram
mensuradas pelo valor justo e possuem pouco detalhamento relacionado ao tema
em notas explicativas. Já nas empresas internacionais a mensuração pelo valor
justo é utilizada de forma ampla e bem detalhada em notas explicativas.
Na época da pesquisa não existia norma brasileira que regulasse a utilização
do valor justo, somente orientações da CVM, no entanto em conclusão da pesquisa
a discrepância das normas brasileiras em relação às normas internacionais não foi
considerada atraso dos órgãos reguladores brasileiros, devido à adoção do valor
justo não ser unânime pelos especialistas.
Assim, o autor conclui que para a utilização do valor justo deveriam ser
elaboradas as demonstrações contábeis com base no custo histórico e também com
base no valor justo possibilitando aos usuários a análise de projeções.
Santos divulgou em 2009, no encontro Latino Americano de Iniciação
Científica, Pós-graduação e Iniciação científica Junior, um artigo cujo tema é a
Avaliação contábil pelo método do valor justo – fair value “ênfase na mensuração
dos instrumentos financeiros”. Através de pesquisa bibliográfica e coleta de dados
sobre a aplicação do valor justo a instrumentos financeiros a autora tem como
objetivo apresentar as oportunidades, os riscos e a complexidade da aplicação deste
35
método de contabilização. Contudo a autora conclui que a aplicação do valor justo
como método de mensuração pode causar impactos significativos, tanto qualitativos
como quantitativos nas demonstrações contábeis, entretanto observou que este
método trás maior comparabilidade, confiabilidade e percepção real do mercado e
do patrimônio existente. Diante disso recomendou aos profissionais contábeis o
subjetivismo responsável, ou seja, o compromisso, a transparência e a veracidade
da essência econômica da empresa.
Barreto elaborou em 2009, pesquisa científica para dissertação apresentada
ao departamento de contabilidade e atuária da faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, com o objetivo
principal de entender o papel da contabilidade a valor justo na crise financeira
mundial, por meio do entendimento da opinião de especialistas em economia e
mercado financeiro a respeito do tema. Com a elaboração de uma revisão
bibliográfica das últimas publicações sobre o valor justo e entrevistas com
especialista em economia e mercado financeiro, o autor observou que a
contabilidade a valor justo não teve um papel decisivo na crise financeira mundial e
não poderia ter evitado a mesma, entretanto alguns autores afirmaram que as novas
normas podem ter agravado os efeitos da crise e no geral os especialistas entendem
que a crise seria descoberta mais tardiamente nas instituições financeiras com a não
utilização da contabilidade a valor justo.
36
3 METODOLOGIA
Para que este estudo seja classificado como uma pesquisa científica, torna-se
necessário seguir algumas normas metodológicas. Segundo Gil (1999, p. 26)
“método científico pode ser definido como o conjunto de procedimentos intelectuais
e técnicos adotados para atingir o conhecimento”. Portanto, a utilização de métodos
científicos para a coleta dos dados e análise dos mesmos torna a pesquisa
fidedigna, permitindo por tanto a difusão de conhecimentos e informações
confiáveis.
A presente pesquisa esta classificada segundo sua natureza como aplicada,
pois segundo Gil (1999, p. 43) “a pesquisa aplicada tem como característica
fundamental o interesse na aplicação, utilização e consequências práticas do
conhecimento”.
Quanto a sua abordagem a pesquisa é considerada predominantemente
quantitativa, pois serão apresentados demonstrativos contábeis que serão
analisados e comparados. Gil (apud Silva, 2011, p. 47) relata “que a pesquisa
quantitativa considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em
números opiniões e informações para classificá-los e analisá-los”.
Quanto aos objetivos as pesquisas podem ser classificadas como
exploratória, descritiva ou explicativa, segundo Gil (1999, p. 44) “a pesquisa
descritiva tem como objetivo primordial descrever as características de determinada
população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis”, portanto
a presente pesquisa classifica-se como descritiva, pois pretende analisar e
relacionar as características dos demonstrativos do objeto de estudo.
A pesquisa apresentada é uma análise detalhada dos demonstrativos de uma
única empresa, segundo Gil (1999, p. 72) “o estudo de caso é caracterizado pelo
estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir o
seu conhecimento amplo e detalhado”, deste modo segundo os procedimentos a
pesquisa classifica-se como estudo de caso.
Por intermédio da análise das demonstrações contábeis e relatórios da
empresa Brasil Foods S.A. pretende-se verificar as informações a cerca da
mensuração de ativos e passivos pelo valor justo. A fonte de dados utilizada para
obtenção dos documentos, dados e informações necessárias para a pesquisa é o
endereço eletrônico da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). De acordo com as
37
normas emitidas pela CVM, a Lei 6.404/76 e 11.638/07, as sociedades por ações
têm a obrigatoriedade de publicar suas demonstrações contábeis no site da CVM,
tornando-se assim uma fonte confiável para coleta dos dados.
A coleta dos dados será realizada no período compreendido nos meses de
agosto de 2012 a março de 2013, sendo que os demonstrativos pesquisados se
referem ao período de 2008, 2009, 2010, 2011 e 2012.
Por meio dos dados coletados, onde serão evidenciados os demonstrativos,
será possível calcular os índices financeiros que permitem a avaliação das
tendências ao longo do período analisado relacionando assim os impactos causados
pela mensuração pelo valor justo.
A presente pesquisa depara-se com algumas delimitações, uma das
delimitações esta no procedimento abordado que é estudo de caso, deste modo
torna-se um fato isolado que só poderá ser comparado ou igualado a casos que
apresentem características, ambientes e situações idênticas. Outra delimitação se
refere ao período analisado, conforme citado serão coletados dados de 2008, 2009,
2010, 2011 e 2012, portanto os resultados obtidos são considerados unicamente
para este período.
38
4 ESTUDO DE CASO
Para proceder com o estudo de caso foram coletadas informações sobre a
empresa
Brasil
Foods
S.A..
Dentre
as
informações
coletadas
estão
as
demonstrações financeiras, incluído as notas explicativas, onde foram identificados,
seu contexto operacional, as principais políticas contábeis utilizadas, e as
informações relevantes sobre a evidenciação do valor justo, para assim realizar as
análises dos indicadores econômico-financeiros e avaliar a relevância dos impactos
da evidenciação do valor justo.
4.1 BRASIL FOODS S.A.
Conforme informações expressas em notas explicativas as Demonstrações
Financeiras, a Brasil Foods S.A. foi fundada em 1934 em Santa Catarina, em 2008
ainda era denominada Perdigão S.A. É uma das maiores companhias brasileiras do
ramo alimentício e tem como foco a criação produção e abate de aves, suínos e
bovinos, industrialização e/ou comercialização de carnes in natura, produtos
processados, leite e lácteos, massas, vegetais congelados e derivados de soja.
Atualmente divide suas atividades em 4 segmentos, mercado interno,
mercado externo, food service e lácteos. No mercado interno possui 70 unidade de
processamento, no mercado externo possui 7 unidade de processamento, a
companhia conta também com 38 centros de distribuição e faz exportação para mais
de 145 países.
O seu Nome agrega valor a diversas marcas e as principais são: Batavo,
Claybon, Chester®, Confiança, Delicata, Doriana, Elegê, Fazenda, Nabrasa,
Perdigão, Perdix, Fiesta, Hot Pocket, Miss Daisy, Nuggets, Qualy, Rezende, Sadia,
Speciale Sadia, Texas e Wilson, além de marcas licenciadas como Turma da
Mônica.
Em relação à preparação e apresentação das demonstrações financeiras, em
2008 foi feita adoção inicial da Lei nº 11.638/07 e da Medida Provisória n° 449/08,
portanto as demonstrações financeiras apresentadas em 31.12.2008 estão de
acordo com as normas adotadas no Brasil, ou seja, Lei nº 6.404/76 com alterações
advindas da Lei nº 11.638/07, a Medida Provisória n° 449/08, regras e regulamento
emitidos pela CVM e normas emitidas pelo IBRACON.
39
A companhia analisou as mudanças da Lei das Sociedades por Ações e
verificou os pronunciamentos contábeis emitidos pelo CPC que eram aplicáveis ao
contexto da companhia, portanto foram aplicados seguintes pronunciamentos:
Estrutura Conceitual, CPC 01, CPC 02, CPC 04, CPC 05, CPC 06, CPC 07, CPC 08,
CPC 12, CPC 13 e CPC 14.
Não foram elaboradas informações comparativas do ano anterior, ou seja,
não foram realizados os ajustes nas Demonstrações Financeiras de 31.12.2007,
portanto não podem ser utilizadas para fins de comparação.
As demonstrações financeiras elaboradas em 31 de dezembro de 2009 não
sofreram alterações quanto às normas adotadas em 2008.
Entretanto, em 2010 a companhia adotou pela primeira vez em suas
Demonstrações Consolidadas as normas do IFRS por completo, tendo como data de
transição o dia 01.01.2009, sendo assim ao elaborar as demonstrações de
31.12.2010 a companhia aplicou retroativamente a 01.01.2009 as modificações
necessárias para adoção completa das normas IFRS. A aplicação do IFRS
aconteceu em duas etapas devido à publicação de mais pronunciamento do CPC,
portanto em 2010 além dos pronunciamento aplicados em 2008, foram aplicados os
seguinte pronunciamento: CPC 15, CPC 16, CPC 20, CPC 21, CPC 22, CPC 23,
CPC 26, CPC 27, CPC 29, CPC 32, CPC 33, CPC 37, CPC 41, CPC 43, ICPC 09,
ICPC 10, ICPC 12.
No exercício de 2011 e 2012 as demonstrações financeiras foram elaboradas
conforme adoção do IFRS realizada em 2010.
4.2 INFORMAÇÕES EVIDENCIADAS
Com o intuito de uma melhor avaliação dos impactos da evidenciação do
valor justo, foram observadas quais as informações foram evidenciadas sobre o
tema e individualizando os dados quantitativos e qualitativos.
4.2.1 Informações Qualitativas
Neste tópico serão apresentadas as informações qualitativas evidenciadas
pela Brasil Foods S.A em suas demonstrações financeiras, portanto, serão
explanadas as informações sobre valor justo divulgadas em notas explicativas.
40
4.2.1.1 Demonstrações Financeiras de 2008
Analisando as notas explicativas das demonstrações financeiras de 2008
constatou-se no resumo das principais práticas contábeis que as aplicações
financeiras classificadas como caixa e equivalentes de caixa, por sua própria
natureza são mensuradas a valor justo por meio de resultado e as aplicações
financeiras mantidas para negociação em curto prazo e as aplicações disponíveis
para a venda são registradas em seu reconhecimento inicial também pelo valor
justo.
Os contratos de arrendamento mercantil são reconhecidos pelo menor valor
entre o valor presente das parcelas e o valor justo. São reconhecidos também pelo
valor justo os instrumentos derivativos financeiros ativamente negociados no
mercado organizado, onde seu valor justo é determinado pelos valores cotados no
mercado no fechamento do balanço.
Conforme CPC 14 a companhia fez o reconhecimento das operações de
hedge pelo valor justo e pelo fluxo de caixa, conforme as operações que atendem as
características exigidas por cada forma de reconhecimento conforme descrito no
item 2.3.2 desta pesquisa. Entretanto, somente as operações reconhecidas pelo
fluxo de caixa foram apresentadas por meio de informações quantitativas.
4.2.1.2 Demonstrações Financeiras de 2009 e 2010
As informações evidenciadas sobre valor justo nas demonstrações financeiras
de 2009 e 2010 serão explanadas juntas, visto que à aplicação completa do IFRS foi
realizada em 2010 e teve como data de transição 01.01.09, portanto as
demonstrações financeiras de 2009 e 2010 apresentam as informações completa
dos ajustes realizados para a aplicação do IFRS nestes períodos.
Nas notas explicativas às demonstrações financeiras individuais e
consolidadas de 2009 e 2010 além de apresentar as mesmas informações
qualitativas sobre valor justo apresentadas nas demonstrações financeiras de 2008,
elucidam também as informações que serão apresentadas a seguir.
As demonstrações financeiras de 2009 e 2010 foram preparadas com base no
custo histórico com exceção dos instrumentos financeiros, instrumentos financeiros
derivativos, ativos financeiros disponíveis para venda que foram mensurados a valor
41
justo, e ativos e passivos de empresas adquiridas a partir de 01.01.09 que foram
reconhecidos inicialmente a valor justo.
A combinação de negócio é reconhecida pelo valor justo na data da aquisição
e o ágio é reconhecido pela diferença apurada entre o valor justo líquido dos ativos
adquiridos e passivos assumidos incluindo intangíveis.
Os empréstimos e recebíveis são reconhecidos inicialmente pelo valor justo e
acrescidos de qualquer custo de transação atribuíveis.
Os ativos biológicos são mensurados ao valor justo menos as despesas de
venda no momento do reconhecimento inicial e ao final de cada período se for
mensurado de forma confiável.
No caso dos planos de opções de compras de ações o valor justo das opções
outorgadas é reconhecido como despesa e devem ser atualizados trimestralmente.
Subvenções e Incentivos fiscais que gerem obrigações futuras, essas devem
são reconhecidas a valor justo inicial.
Os ativos e passivos atuariais sobre benefícios a empregados são
reconhecidos pelo valor justo, com base no preço de mercado e no caso de títulos
cotados, baseiam-se no preço de compra publicado.
A determinação do valor justo dos Instrumentos Financeiros é realizada por
meio de 3 níveis de hierarquização da mensuração, previstos na deliberação da
CVM nº 604/09, estes níveis são baseados nos inputs observáveis e não
observáveis. Conforme notas explicativas analisadas os inputs observáveis refletem
dados de mercado obtidos de fontes independentes e os inputs não observáveis
refletem as premissas de marcado da companhia. O nível 1 refere-se aos preços
cotados para instrumentos idênticos em mercados ativos, o nível 2 é relativo aos
preços cotados em mercado ativo para instrumentos similares, preços cotados para
instrumentos idênticos ou similares em mercados não ativos e modelos de avaliação
para os quais inputs são observáveis e o nível 3 são os instrumentos cujos inputs
significantes não são observáveis.
Em suas notas explicativas a companhia faz menção de algumas
comparações do valor contábil e valor justo, concluindo que devido ao ciclo de curto
prazo, os saldos de caixa e equivalente de caixa, contas a receber de clientes,
contas a pagar, fornecedores, possuem valor contábil próximo ao valor justo. Na
maioria dos empréstimos e financiamentos o valor contábil se aproxima do valor
justo, justificado pelas linhas pós-fixadas vinculadas à TJPL (BNDES) e operações
42
pós-fixadas atreladas a LIBOR E CDI. A companhia observou diferença significativa
somente nas operações de mercados de capitais.
4.2.1.3 Demonstrações Financeiras de 2011 e 2012
As informações qualitativas sobre valor justo divulgadas em 2011 e 2012 são
as mesmas divulgadas em 2009 e 2010 correspondentes aos itens do balanço
patrimonial que são reconhecidos pelo valor justo.
Em suas notas explicativas a companhia também divulga as normas e
pronunciamentos ainda não adotados, e em 2011 e 2012 informou a não adoção da
norma IFRS 13, que define valor justo, que ainda não foi adotada por que a
companhia esta avaliando o impacto da adoção desta norma em suas
demonstrações consolidadas.
4.2.2 Informações Quantitativas
Neste tópico serão apresentadas as informações quantitativas evidencias pela
Brasil Foods S.A. em suas demonstrações financeiras e notas explicativas. Os
valores apresentados nas figuras deste capítulo estão representados por milhares
de reais.
4.2.2.1 Demonstrações Financeiras de 2008
Nas Demonstrações financeiras de 2008 da controlada foram apresentados
os ajustes realizados pela alteração das práticas contábeis, que foram exigidas pela
adoção do IFRS, conforme Figura 1.
43
Figura 1 – Ajuste realizados no Balanço Patrimonial da controladora de 2008.
Fonte: Notas explicativa Brasil Foods S.A., 2008.
Dentre
estes ajustes observa-se
como evidenciação de
informação
quantitativa do valor justo a mensuração das operações de derivativos realizadas
por meio de instrumentos de non-deliverable forward (“NFD”), swap de moeda e de
taxa de juros a valor de mercado, que é uma das formas de mensuração do valor
justo, este ajuste esta representado por um lançamento a débito na conta de
Empréstimos e Financiamento no passivo circulante e contra partida no Patrimônio
líquido conforme Figura 1.
Os ajustes foram realizados da mesma forma nas Demonstrações financeira
consolidadas do período de 2008, conforme Figura 2.
44
Figura 2 – Ajustes realizados no Balanço Patrimonial consolidado de 2008.
Fonte: Notas explicativas Brasil Foods S.A., 2008
Em meio aos ajustes realizados nas demonstrações consolidadas observa-se
o mesmo ajuste realizado na controlada representado pelo débito na conta de
Empréstimos e financiamentos no passivo circulante e contra partida no Patrimônio
líquido. Ainda nas demonstrações consolidadas observa-se como evidenciação de
informação quantitativa do valor justo o registro do ganho não realizado decorrente
da diferença entre o valor contábil e o valor justo de mercado das aplicações em
títulos do Tesouro Brasileiro da Subsidiária integral Crossban Holdings GMBH, estes
ajustes são observados na Figura 2 pelo lançamento a crédito nas Disponibilidades
e aplicações financeiras e contra partida no Patrimônio Líquido.
45
Ainda na apresentação dos ajustes realizados em observância
da
convergência as normas internacionais, foram apresentados os ajustes realizados
no Patrimônio Líquido e no Resultado do Exercício relacionados ao valor justou ou
valor de mercado conforme Figura 3.
Figura 3 – Ajustes realizados no Resultado do Exercício e Patrimônio líquido de 2008.
Fonte: Notas explicativas Brasil Foods S.A., 2008.
Foi divulgado em notas explicativas também informação quantitativa da
determinação do valor justo dos instrumentos financeiros, que foi determinado com
base nas informações disponíveis no mercado e foram apresentados conforme
Figura 4, com valor contábil igual ao valor justo.
46
Figura 4 – Determinação do valor justo dos instrumentos financeiros de 2008.
Fonte: Notas explicativas Brasil Foods S.A, 2008.
4.2.2.2 Demonstrações Financeiras de 2009 e 2010
Conforme mencionado no item 4.2.1.2 as informações de valor justo
evidenciadas nas demonstrações de 2009 e 2010 serão explanadas juntas.
O valor justo dos instrumentos financeiros foi evidenciado conforme Figura 5 e
6, onde esta apresentada a composição dos saldos das aplicações financeiras da
controlada e consolidados por categoria, exceto os derivativos.
47
Figura 5 – Composição dos saldos de instrumentos financeiros por categoria em 2010.
Fonte: Notas explicativas Brasil Foods S.A., 2010.
48
Figura 6 –Composição dos saldos de instrumento financeiros por categoria em 2009.
Fonte: Notas Explicativas Brasil Foods S.A., 2010.
Estão explanados na Figura 7 a comparação do valor justo e valor contábil
dos ativos e passivos financeiros, onde se observa que não houve diferença no valor
justo e valor contábil nas demonstrações separadas da controladora, diferente do
apresentado nas demonstrações consolidadas.
49
Figura 7 – Comparação entre valor justo e valor contábil de 2009 e 2010.
Fonte: Notas explicativas Brasil Foods S.A., 2010.
Estão evidenciados também os ativos e passivos financeiros a valor justo
classificados segundo a hierarquização do valor justo, conforme Figura 8,
classificados da seguinte forma:

Nível 1 - Investimentos em ativos financeiros nas modalidades
de títulos da dívida externa brasileira, certificados do tesouro nacional, letras
financeiras do tesouro, fundos de investimento financeiro e ações, pois suas
cotações estão disponíveis em mercado ativo.

Nível 2 - Investimentos em ativos financeiros nas modalidades
de CDB, operações compromissadas lastreadas em debêntures, pois são
verificados por meio de cotação de preços de instrumentos financeiros
semelhantes em mercados não ativos. Os derivativos são valorizados por
meio de inputs de mercado prontamente observáveis, tais como previsões de
taxas de juros, fatores de volatilidade, cotações de paridade cambial à vista e
futuras.
50

neste nível.
Nível 3 – Nenhum passivo ou ativo financeiro foi classificado
51
Figura 8 – Ativos e passivos a valor justo segundo a hierarquização de valor de 2009 e 2010.
Fonte: Notas Explicativas Brasil Foods S.A., 2010.
52
Ainda em notas explicativas às demonstrações financeiras de 2009 e 2010, foi
demonstrada a apuração do custo de aquisição das ações da Sadia, evidenciando o
custo de aquisição a valor justo, como pode ser observado na Figura 9:
Figura 9 – Custo de aquisição das ações da Sadia.
Fonte: Notas explicativas Brasil Foods S.A. 2010.
Os ativos adquiridos e passivos assumidos na aquisição das ações da Sadia
foram demonstrados com o valor justo correspondente na data da aquisição,
conforme apresentado na Figura 10:
53
Figura 10 – Ativos e passivos adquiridos da Sadia.
Fonte: Notas explicativas Brasil Foods S.A., 2010.
Os valores indicados na coluna de ajuste da Figura 10, da letra (a) até (f)
referem-se aos ajustes a valor justo, a letra (g) corresponde ao efeito dos impostos
diferidos sobre os ajustes e a letra (h) refere-se a contra partida dos ajustes da letra
(a) até (g) no patrimônio líquido.
4.2.2.3 Demonstrações Financeiras de 2011
Nas demonstrações financeiras de 2011 separadas e consolidadas, foi
evidenciado em notas explicativas a composição dos saldos dos instrumentos
financeiros por categoria, exceto os derivativos, demonstrando assim o valor justo
das aplicações financeiras, conforme apresentados na Figura 11.
54
Figura 11 – Composição dos saldos dos instrumentos financeiros por categoria em 2011.
Fonte: Notas explicativas Brasil Foods S.A, 2011.
Ainda sobre instrumentos financeiros, conforme Figura 12, é apresentada a
diferença entre valor justo e valor contábil dos instrumentos financeiros, que
igualmente a 2010, em 2011 não houve diferença do valor contábil e valor justo nas
demonstrações separadas da controladora, diferente da comparação dos valores
nas demonstrações consolidadas.
55
Figura 12 – Comparação do valor justo e valor contábil de 2011.
Fonte: Notas explicativas Brasil Foods S.A., 2011.
Estão demonstrados na Figura 13, os valores justos dos instrumentos
financeiros dispostos segundo a hierarquização do valor e com a mesma
metodologia de valorização utilizada em 2009 e 2010.
56
Figura 13 – Ativos e passivos a valor justo segundo a hierarquização de valor de 2011.
Fonte: Notas explicativas Brasil Foods S.A., 2011.
Na apresentação da composição dos investimentos estão demonstrados os
ajustes a valor justo de ativos e passivos adquiridos, como pode ser observado na
Figura 14.
57
Figura 14 – Composição do saldo dos investimentos em 2011.
Fonte: Notas explicativas Brasil Foods S.A., 2011.
4.2.2.4 Demonstrações Financeiras de 2012
Nas demonstrações financeiras de 2012, separadas e consolidadas, foi
apresentados a composição dos saldos dos instrumentos financeiros, exceto
derivativos, e nesta composição está evidenciado o valor justo das aplicações
financeiras e caixa restrito, conforme Figura 15 e 16.
Figura 15 – Composição dos saldos de instrumentos financeiros da controladora em 2012.
Fonte: Notas Explicativas Brasil Foods S.A., 2012.
58
Figura 16 – Composição dos saldos de instrumentos financeiros consolidados em 2012.
Fonte: Notas Explicativas Brasil Foods S.A., 2012.
Conforme Figura 17 e 18, foram evidenciados também em 2012 a
comparação entre valor justo e valor contábil dos saldos dos instrumentos
financeiros, mas somente para fins divulgação em notas explicativas, visto que os
itens que apresentaram diferença entre valor justo e valor contábil estão
evidenciados a valor contábil nas demonstrações financeiras.
Figura 17 – Comparação valor contábil e valor justo da controladora em 2012.
Fonte: Notas Explicativas Brasil Foods S.A., 2012.
59
Figura 18 – Comparação valor contábil e valor justo consolidado em 2012.
Fonte: Notas Explicativas Brasil Foods S.A., 2012.
Assim como demonstrado nos anos de 2009, 2010 e 2011, em 2012 foram
apresentados os instrumentos financeiros segundo os níveis de hierarquização de
valor, classificados com a mesma metodologia de valorização, e podem ser observar
na Figura 19
60
Figura 19 –Ativos e passivos a valor justo segundo a hierarquização de valor de 2012.
Fonte: Notas explicativas Brasil Foods S.A., 2012.
Estão apresentados na Figura 20 os ativos e passivos a valor justo adquiridos
na combinação de negócios com a Quickfood.
Os valores apresentados na coluna de ajuste da Figura 20 que são
representados pelas letras (a) e (b) correspondem aos ajustes a valor justo, e a letra
(c) refere-se ao imposto diferido sobre os ajustes.
61
Figura 20 – Valor justo dos ativos e passivos adquiridos na combinação de negócios Quickfood.
Fonte: Notas explicativas Brasil Foods S.A., 2012.
Os valores justos dos ativos e passivos adquiridos na combinação de
negócios com a Avex estão apresentados na Figura 21.
Os valores apresentados na coluna de ajuste da Figura 21 que são
representados pelas letras (a) até a letra (e) correspondem aos ajustes a valor justo,
e a letra (f) refere-se ao imposto diferido sobre os ajustes.
62
Figura 21 – Valor justo dos ativos e passivos adquiridos na combinação de negócios Avex.
Fonte: Notas explicativas Brasil Foods S.A., 2012.
Os valores justos dos ativos e passivos adquiridos na combinação de
negócios com a Dánica estão apresentados na Figura 22.
Os valores apresentados na coluna de ajuste da Figura 22 que são
representados pelas letras (a) até a letra (d) correspondem aos ajustes a valor justo,
e a letra (e) refere-se ao imposto diferido sobre os ajustes.
63
Figura 22 – Valor justo dos ativos e passivos adquiridos na combinação de negócios Dánica.
Fonte: Notas explicativas Brasil Foods S.A., 2012.
Na apresentação da composição dos saldos dos investimentos estão
explanados o saldo dos ajustes a valor justos dos ativos e passivos adquiridos, que
pode ser observado na Figura 23.
64
Figura 23 – Composição dos saldos de investimentos em 2012.
Fonte: Notas explicativas Brasil Foods S.A., 2012.
4.3 AJUSTES DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS
As demonstrações financeiras sem o valor justo foram elaboradas com base
nas informações quantitativas evidenciadas em notas explicativas sobre valor justo,
que estão apresentadas no item 4.2.2, visto que não é possível ajustar as
demonstrações com base nas informações qualitativas.
Contudo, foram ajustadas no Balanço Patrimonial somente as contas de
aplicações financeiras no ativo circulante e empréstimos e financiamentos no
passivo circulante, visto que estas foram as únicas contas que apresentaram o valor
contábil em comparação ao valor justo evidenciado.
Os ajustes apresentados abaixo estão expressos em milhares de reais.
No exercício de 2008 foi ajustada na demonstração da controladora debitando
o valor de R$ 6.907 na conta de empréstimo e financiamentos e em contrapartida no
patrimônio líquido, e na demonstração consolidada foi debitado o valor de R$ 48.700
na conta de empréstimos e financiamento, creditado o valor de R$ 1.750 na conta de
aplicação financeira, e a contrapartida dos dois no patrimônio líquido.
A partir de 2009 os ajustes foram feitos somente nas demonstrações
consolidadas, que apresentou diferença entre valor justo e valor contábil dos
instrumentos financeiros. Já nas demonstrações da controlado os instrumentos
financeiros estão apresentados como o valor justo e o valor contábil igual.
Portanto em 2009 foram realizados da mesma forma que nas demonstrações
consolidadas de 2008, apresentando uma redução de R$ 12.281 nas aplicações
financeiras e R$ 16.561 nos empréstimos e financiamentos.
Em 2010 o valor contábil também foi menor que o valor justo das aplicações
financeiras e dos empréstimos e financiamentos, portanto foram ajustadas as
65
aplicações com redução de R$ 8.376 e os empréstimos e financiamento com
redução de R$ 95.251.
Igualmente, em 2011 apresentaram na diferença entre valor justo e valor
contábil a redução de R$ 4.699 nas aplicações financeiras e R$ 186.703 nos
empréstimos e financiamentos.
Em 2012 não foram feitos ajustes, pois conforme notas explicativas o valor
justo dos empréstimos e financiamentos foram evidenciados somente para fins de
divulgação, e não foram apresentados nos demonstrativos, somente em notas
explicativas. E as aplicações financeiras também não apresentaram diferença entre
o valor justo e valor contábil.
4.4 COMPARAÇÕES DE INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS
Neste capítulo é apresentada a comparação dos indicadores financeiros e
econômicos, ou seja, os índices de liquidez, endividamento e rentabilidade,
calculados com base nas demonstrações financeiras com o valor justo e sem o valor
justo conforme anexo 1 e 2.
4.4.1 Indicadores das demonstrações da controladora
Estão apresentados no Quadro 3 e 4 os índices de liquidez, calculados com
base nas demonstrações da controladora.
LIQUIDEZ
IMEDIATA
FÓRMULA
Disponível
2008
2009
2010
2011
2012
0,06
0,28
0,25
0,16
0,14
0,64
1,08
0,97
0,70
0,80
0,87
1,38
1,24
0,93
1,09
Passivo circulante
SECA
AC - estoques
Passivo circulante
CORRENTE
Ativo circulante
Passivo circulante
GERAL
AC + Realizável a LP
0,63
0,91
1,04
0,84
0,81
PC + Exigível a LP
Quadro 3 – Índices de Liquidez das demonstrações originais da controladora.
Fonte: elaborado pela autora, 2013.
66
LIQUIDEZ
IMEDIATA
SECA
CORRENTE
GERAL
FÓRMULAS
Disponível
Passivo circulante
AC - estoques
Passivo circulante
Ativo circulante
Passivo circulante
AC + Realizável a LP
PC + Exigível a LP
2008
2009
2010
2011
2012
0,06
0,28
0,25
0,16
0,14
0,64
1,08
0,97
0,70
0,80
0,88
1,38
1,24
0,93
1,09
0,64
0,91
1,04
0,84
0,81
Quadro 4 – Índices de Liquidez das demonstrações ajustadas da controladora
Fonte: elaborado pela autora, 2013.
Observa-se na comparação dos Quadros 4 e 5 que só houve mudança nos
índices de liquidez do ano de 2008, visto que nas demonstrações da controladora o
único ajuste realizado foi no ano de 2008 na conta de empréstimos e financiamentos
no passivo circulante, conforme informado mais detalhadamente no item 4.3.
O ajuste realizado no ano de 2008 nas demonstrações consolidadas afetaram
todos os índices de liquidez, visto que foi alterado o valor do passivo circulante,
grandeza utilizada na fórmula de todos os índices de liquidez.
Contudo as únicas mudanças aparentes foram nos índices de liquidez
corrente e geral que apresentaram um aumento de 0,01.
Os índices de endividamento, calculados com base nas demonstrações da
controladora estão apresentados nos Quadros 5 e 6 a seguir.
ENDIVIDAMENTO
Partc. de capital de terc. s/
recursos totais
Garantia do capital próprio
ao capital de terceiros
Composição do
endividamento
FÓRMULAS
2008
Capital de terceiros
0,55
Cap. Terceiros + Cap. Próprio
Capital próprio
1,83
Capital de terceiros
Passivo circulante
0,54
Capital de terceiros
2009
2010
2011
2012
0,45
0,39
0,57
1,10
2,20
2,59
1,76
0,91
0,51
0,63
0,63
0,53
Quadro 5 – Índices de Endividamento das demonstrações originais da controladora.
Fonte: elaborado pela autora, 2013.
67
ENDIVIDAMENTO
FÓRMULAS
Capital de terceiros
Partc. de capital de terc. s/
recursos totais
Cap. Terceiros + Cap. Próprio
Capital próprio
Garantia do capital próprio
ao capital de terceiros
Capital de terceiros
Composição do
endividamento
Passivo circulante
Capital de terceiros
2008
2009
2010
2011
2012
0,54
0,45
0,39
0,57
1,10
1,84
2,20
2,59
1,76
0,91
0,54
0,51
0,63
0,63
0,53
Quadro 6 – Índices de Endividamento das demonstrações ajustadas da controladora.
Fonte: elaborado pela autora, 2013.
As alterações realizadas em 2008 também afetam todos os índices de
endividamento, já que igualmente ao índice de liquidez, o passivo circulante esta
envolvido nas grandezas utilizadas para todos os índices de endividamento.
Contudo, os ajustes realizados afetaram aparentemente os índices da
garantia do capital próprio ao capital de terceiros em um aumento de 0,01 e a
participação do capital de terceiros sobre os recursos totais teve uma diminuição de
0,01.
Os índices de rentabilidade calculados sobre as demonstrações financeiras
da controladora estão apresentados no Quadro 7 e 8 a seguir.
RENTABILIDADE
FÓRMULAS
2008
2009
2010
2011
2012
Taxa de retorno sobre
investimento
Lucro Líquido
1,2%
0,7%
4,3%
6,2%
2,7%
1,9% 0,9% 5,9% 9,7%
Patrimônio Líquido
Quadro 7 – Índices de Rentabilidade das demonstrações originais da controladora.
Fonte: elaborado pela autora, 2013.
5,6%
Taxa de retorno sobre o PL
Ativo
Lucro Líquido
RENTABILIDADE
FÓRMULAS
2008
2009
2010
2011
2012
Taxa de retorno sobre
investimento
Lucro Líquido
1,2%
0,7%
4,3%
6,2%
2,7%
1,9% 0,9% 5,9% 9,7%
Patrimônio Líquido
Quadro 8 – Índices de Rentabilidade das demonstrações ajustadas da controladora.
Fonte: elaborado pela autora, 2013.
5,6%
Taxa de retorno sobre o PL
Ativo
Lucro Líquido
Observa-se que os índices de rentabilidade não apresentaram alterações com
ajustes realizados em 2008, mesmo com mudanças realizadas no patrimônio líquido
que poderiam afetar a taxa de retorno sobre o patrimônio líquido.
68
4.4.2 Indicadores das demonstrações consolidadas
Os Quadros 9 e 10 a seguir apresentam os índices de liquidez calculados
sobre as demonstrações financeiras consolidadas.
LIQUIDEZ
2008
2009
2010
2011
2012
0,64
0,67
0,56
0,34
0,34
1,39
1,32
1,36
1,06
1,15
1,94
1,68
1,73
1,39
1,55
0,93
0,99
1,02 0,99
PC + Exigível a LP
Quadro 9 – Índices de Liquidez das demonstrações originais consolidadas.
Fonte: elaborado pela autora, 2013.
0,95
IMEDIATA
FÓRMULA
Disponível
Passivo circulante
SECA
AC - estoques
passivo circulante
CORRENTE
Ativo circulante
Passivo circulante
GERAL
LIQUIDEZ
AC + Realizável a LP
2008
2009
2010
2011
2012
0,65
0,67
0,57
0,35
0,34
1,42
1,33
1,38
1,08
1,15
1,97
1,68
1,76
1,43
1,55
0,93
0,99
1,03
1,01
PC + Exigível a LP
Quadro 10 – Índices de Liquidez das demonstrações ajustadas consolidadas.
Fonte: elaborado pela autora, 2013.
0,95
IMEDIATA
FÓRMULAS
Disponível
Passivo circulante
SECA
AC - estoques
passivo circulante
CORRENTE
Ativo circulante
Passivo circulante
GERAL
AC + Realizável a LP
Conforme mencionada no item 4.3 os ajustes realizados nas demonstrações
financeiras consolidadas de 2008, 2009, 2010 e 2011 modificaram a conta de
aplicações financeiras no ativo circulante e empréstimos e financiamentos no
passivo circulante, assim afetam todos os índices de liquidez, entretanto somente
alguns apresentam modificações aparentes. Entretanto, em 2012 não foi realizado
nenhum ajuste.
O índice de liquidez imediata apresentou aumento de 0,01 nos anos de 2008,
2010 e 2011, enquanto em 2009 o índice não apresentou nenhuma modificação.
69
O índice de liquidez seca em 2008 teve aumento de 0,03, já em 2009 teve
aumente de 0,01, e em 2010 e 2011 teve aumento de 0,02.
O índice de liquidez corrente apresentou aumento de 0,03 em 2008 e 2010, já
em 2011 apresentou aumento de 0,04, enquanto em 2009 não teve modificação.
O índice de Liquidez geral apresentou o aumento de 0,01 em 2009 e 2010, e
em 2011 teve aumento de 0,02.
A seguir no Quadro 11 e 12, são evidenciados os índices de endividamento
calculados sobre as demonstrações financeiras consolidadas.
ENDIVIDAMENTO
FÓRMULAS
2008
2009
2010
2011
2012
Partc. de capital de terc. s/
recursos totais
Capital de terceiros
Cap. Terceiros + Cap.
Próprio
1,73
1,18
1,04
1,12
1,11
Garantia do capital próprio
ao capital de terceiros
Capital próprio
0,58
0,84
0,97
0,89
0,90
0,43
0,41
0,40 0,50
Capital de terceiros
Quadro 11 – Índices de Endividamento das demonstrações originais consolidadas.
Fonte: elaborado pela autora, 2013.
0,46
Capital de terceiros
Composição do
endividamento
Passivo circulante
ENDIVIDAMENTO
FÓRMULAS
2008
2009
2010
2011
2012
Partc. de capital de terc. s/
recursos totais
Capital de terceiros
Cap. Terceiros + Cap.
Próprio
1,70
1,18
1,02
1,10
1,11
Garantia do capital próprio
ao capital de terceiros
Capital próprio
0,59
0,85
0,98
0,91
0,90
Composição do
endividamento
Capital de terceiros
Passivo circulante
0,43
0,41
0,40
0,50
Capital de terceiros
Quadro 12 – Índices de Endividamento das demonstrações ajustadas consolidadas.
Fonte: elaborado pela autora, 2013.
0,46
Os ajustes realizados nas demonstrações financeiras consolidadas também
afetam todos os índices de endividamento, visto que o valor do passivo circulante foi
alterado e faz parte das grandezas de todos os índices de endividamento. Entretanto
somente alguns índices apresentam modificação aparentes.
O índice de participação do capital de terceiros sobre o capital próprio
apresentou redução de 0,03 em 2008 e de 0,02 em 2010 e 2011, enquanto em 2009
não teve variação.
70
O índice de garantia do capital próprio ao capital de terceiro apresentou em
todos os períodos aumento de 0,01.
Já os índices de composição do endividamento não apresentaram variação.
Nos Quadros 13 e 14 a seguir estão apresentados dos índices de
rentabilidade calculados com base nas demonstrações financeiras consolidadas.
RENTABILIDADE
FÓRMULAS
2008
2009
2010
2011
2012
Taxa de retorno sobre
investimento
Lucro Líquido
0,5%
0,4%
2,9%
4,6%
2,7%
1,3% 0,9% 5,9% 9,7%
Patrimônio Líquido
Quadro 13 – Índices de Rentabilidade das demonstrações originais consolidadas.
Fonte: elaborado pela autora, 2013.
5,6%
Taxa de retorno sobre o PL
Ativo
Lucro Líquido
RENTABILIDADE
FÓRMULAS
2008
2009
2010
2011
2012
Taxa de retorno sobre
investimento
Lucro Líquido
0,5%
0,4%
2,9%
4,6%
2,7%
1,3% 0,9% 5,9% 9,6%
Patrimônio Líquido
Quadro 14 – Índices de Rentabilidade das demonstrações ajustadas consolidadas.
Fonte: elaborado pela autora, 2013.
5,6%
Taxa de retorno sobre o PL
Ativo
Lucro Líquido
Observa-se que os índices de rentabilidade sofreram alterações somente no
índice de taxa de retorno sobre o patrimônio líquido no ano de 2011 com uma
redução de 0,1 ponto percentual.
4.5 IMPACTOS DA EVIDENCIAÇÃO DO VALOR JUSTO
Na realização da análise comparativa dos indicadores econômico-financeiros
calculados com base nas demonstrações financeiras com e sem o valor justo
observa-se que a maior variação ocorreu no índice de liquidez corrente das
demonstrações consolidadas, com um aumento de 0,04 no período de 2011. Outras
variações ocorridas nos indicadores permaneceram entre 0,01 e 0,03 e não houve
variação em todos os indicadores.
71
Portanto, as variações acorridas não causaram impactos significativos na
situação econômica e financeira da companhia mensurados pelos indicadores
contábeis.
Contudo, faz-se necessário considerar que as informações evidenciadas
sobre valor justo não foram completamente ajustadas, devido à falta das
informações quantitativas do valor contábil dos itens evidenciados a valor justo.
Portanto, seria necessário ajuste de todos os valores evidenciados a valor
justo para valor contábil e assim avaliar os impactos causados pela contabilização a
valor justo de forma mais ampla.
72
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A mensuração dos ativos e passivos a valor justo é um tema que esta em
constante discussão entre autores e profissionais da área, justificada pela
divergência de opiniões quanto preferência entre a mensuração pelo valor justo e
mensuração pelo custo histórico.
A
mudança
do
método
de
mensuração
pode
acarretar
mudanças
significativas nas demonstrações financeiras, tanto qualitativas como quantitativas.
Para analisar estas mudanças foram identificadas as informações qualitativas e
quantitativas evidenciadas pela companhia, onde se observou que as informações
qualitativas não possibilitam a análise dos impactos da evidenciação do valor justo,
portanto os impactos foram analisados com base nas informações quantitativas
observadas.
O objetivo geral da pesquisa foi plenamente atingido, pois se analisou os
impactos nos indicadores econômico-financeiros da empresa Brasil Foods S.A no
exercício de 2008, 2009, 2010, 2011 e 2012 com a evidenciação de seus ativos e
passivos pelo valor justo. Diante do exposto, percebeu-se um reduzido impacto nos
indicadores analisados, ponderando as limitações da pesquisa de ajustar apenas as
evidenciações quantitativas.
Os objetivos específicos também foram atendidos, pois com as informações
quantitativas coletadas, foram realizados os possíveis ajustes nas demonstrações
contábeis, reclassificando algumas contas ao valor contábil, e com o cálculo dos
indicadores econômico-financeiros das demonstrações financeiras com e sem o
valor justo, tornou-se possível verificar que as variações dos indicadores explanadas
no item 4.4.1 e 4.4.2 não apresentaram variações significativas, portanto não se
obteve impactos relevantes nos indicadores econômico-financeiros.
No entanto, conforme mencionado, os valores evidenciados a valor justo não
foram totalmente ajustados a valor contábil, justificado pela falta de informação
comparativa entre valor justo e valor contábil.
A análise dos impactos da evidenciação do valor justo realizada na Brasil
Foods S.A. se aplica somente a este estudo de caso, deste modo não é possível
afirmar que a mensuração pelo valor justo gera impactos relevantes nas
73
demonstrações financeiras, esta afirmação necessita de análise especifica de cada
caso.
Portanto, sugere-se para pesquisas posteriores relacionadas ao tema, a
análise comparativa dos indicadores econômico-financeiros de diversas empresas
em uma única pesquisa, para se obter informações mais amplas sobre os impactos
causados pela mensuração pelo valor justo.
74
REFERÊNCIAS
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1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e
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<http://www.cpc.org.br.> Acesso em: 30 de Maio de 2012.
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GIL, Antonio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5º Ed. São Paulo:
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MARION, José Carlos. Análise das demonstrações contábeis: contabilidade
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NIYAMA, Jorge Katsumi; TIBÚRCIO SILVA, Cesar Augusto. TEORIA DA
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2011.
76
ANEXO A – DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS BRASIL FOODS S.A
77
78
79
80
81
82
83
84
85
86
87
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PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ