Projeto Círculos de Leitura
Texto de Apoio: Roteiro para Leitura Dramática de Fernão Capelo Gaivota
ROTEIRO PARA LEITURA DRAMÁTICA
LIVRO: FERNÃO CAPELO GAIVOTA
PARTE 01
Narrador: Esta é a história de Fernão Capelo Gaivota, uma gaivota diferente, que
não se satisfazia em voar para pegar restos de comida, como fazia seu bando.
Procurando satisfazer seus pais ele até tentou desistir de aprender coisas novas.
Mãe: - Por quê, Fernão, por quê? Por que é tão difícil ser igual ao resto do Bando?
Por que você não come? Filho, você é só osso e pena!
Narrador: Seu pai o aconselhava a ser como as outras gaivotas:
Pai: - Escute aqui Fernão, o inverno não está longe. O número de botes de pesca
vai diminuir e o peixe de superfície vai nadar no fundo. Se você tem que estudar,
estude como obter comida. Esse negócio de voar é muito poético, mas não enche
barriga, como sabe muito bem. Não se esqueça de que a razão por que você voa é
comer.
Narrador: Fernão, após sua conversa com os pais, decidiu ser uma gaivota como
todas as outras. Porém, seu amor pelo vôo era mais forte do que todas as suas
promessas, e sem demora ele voltou a experimentar novas técnicas de vôo. Já
estava conseguindo alcançar altas velocidades, quando inesperadamente viveu seu
primeiro momento de fracasso. Após errar na tentativa de fazer uma curva em alta
velocidade, se chocou com um mar duro como tijolo, e naquele momento, desejou
que seu corpo afundasse nas profundezas do mar, para acabar com tudo aquilo. Foi
nesse momento que ele ouviu uma estranha e oca voz soando dentro de seu peito:
Voz Cavernosa: - Eu sou uma gaivota. Sou limitada por minha natureza. Se fosse o
meu destino aprender tanto sobre vôo, eu teria na cabeça uma carta de vôo em vez
de cérebro. Se fosse minha sina voar em alta velocidade, eu teria as asas curtas do
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falcão e viveria de ratos, em vez de peixe. Meu pai tem razão. Preciso esquecer
essas tolices. Tenho que voar de volta para o bando e sentir-me contente com o que
sou: uma pobre e limitada gaivota.
Narrador: Fernão aceitou o que lhe dizia a voz cavernosa. Voltou à praia decidido a
voar somente para comer, como já lhe diziam seus pais. Uma vez mais, Fernão se
esqueceu das promessas feitas, e voou pela noite. Nesse momento a voz cavernosa
voltou:
Voz Cavernosa: - Gaivotas jamais voam à noite! Se tivessem nascido para voar à
noite, elas teriam olhos de coruja, teriam as asas curtas de Falcão!
Narrador: Ao ouví-la Fernão pode se reconhecer como sendo uma gaivota diferente
e viu a solução: precisava somente encolher as asas! Sentiu-se eufórico pela
possibilidade de ensinar para o seu bando tudo o que descobriu, pensando que eles
ficariam felizes em aprender. Mas não foi assim que aconteceu. Ao voltar para o
Bando, Fernão foi chamado pelo ancião:
Ancião: - Fernão Capelo Gaivota! Ao centro!
Narrador: Fernão pensou que seria coberto de honrarias.
Fernão: - Mas eu não quero honrarias. Não tenho desejo algum de ser líder. Quero
apenas contar o que descobri e ensinar os novos horizontes para todos.
Ancião:
- Fernão Capelo Gaivota! Ao centro para ser coberto de Vergonha, na
frente de todas as suas companheiras gaivotas!
Narrador: Fernão não entendia o motivo da expulsão e pedia uma oportunidade
para lhes mostrar o que tinha descoberto, mas o ancião deu o veredito final e todas
ao mesmo tempo fecharam os ouvidos e lhe deram as costas.
Ancião: - A fraternidade terminou!
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Voz em off (narrador): Que fraternidade era essa?
Narrador: Mesmo tendo sido expulso ele não sentia raiva de seu bando. Mantendo
o compromisso que tinha com o aprendizado, Fernão partiu para os penhascos do
Fim do Mundo. Ele sentia-se acompanhado por sua vontade de aprender. Descobriu
também que o tédio, o medo e a raiva são “as razões pelas quais é tão curta a vida
das gaivotas”. Elas tinham medo de enfrentar o novo. Por isto viviam no tédio e
tinham muita raiva de alguém que ousasse fazer algo diferente. Solitário, Fernão
aprendeu novas dimensões de vôo. Todas as esperanças de aprendizado que ele
havia sonhado para o bando, agora desfrutava sozinho. Após algum tempo de
aperfeiçoamento, chegaram até ele duas gaivotas de asas brilhantes. Fernão
submeteu-as a provas de vôo, para descobrir se assim como ele, elas sabiam voar
com perfeição. Ao constatar que aquelas gaivotas tinham afinidades com ele,
Fernão perguntou:
Fernão: - Muito bem, quem são vocês?
Gaivotas: - Nós somos do seu bando, Fernão. Somos suas irmãs. Viemos para
levá-lo para mais alto, para levá-lo para casa.
Fernão: - Não tenho casa. Nem bando. Sou um pária. E não posso levar mais alto
este velho corpo.
Gaivotas: - Mas você pode Fernão. Por que você aprendeu. Um estudo terminou e
chegou a hora de começar outro.
Narrador: Fernão percebeu que havia chegado a hora de iniciar um novo estágio
em sua vida. O aprendizado solitário havia acabado. Iniciava-se agora o
aprendizado em conjunto, onde a energia destas novas parceiras iria ajudá-lo a
superar novos limites. Acompanhado pelas duas gaivotas mergulhou em um céu
escuro e perfeito, concentrando-se deliciado em seu novo vôo.
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PARTE 02
Narrador: Quando Fernão chegou nesse outro lugar, havia uma dezena de gaivotas
na praia esperando por ele. Elas os receberam sem pronunciar uma palavra. Ele
sentiu apenas que era bem vindo e que finalmente encontrara o seu lar. Ao invés de
pios e grasnidos, havia um silêncio acolhedor, propício para o aprendizado..
Conversando com o seu instrutor Sullivan, que havia se tornado seu grande amigo,
Fernão expôs seus questionamentos:
Fernão: - Onde está todo mundo Sullivan? Por que não há mais de nós aqui? Ora,
no lugar de onde vim havia...
Sullivan: - Milhares e milhares de gaivotas eu sei. A única resposta que posso dar
Fernão, é que você é uma ave em um milhão. A maioria de nós chegou aqui muito
devagar. Passamos de um mundo a outro, que era quase exatamente igual ao
anterior, esquecendo imediatamente de onde tínhamos vindo, sem nos importar para
onde estávamos indo, vivendo o momento. Você tem idéia de quantas vidas tivemos
que viver antes de nos ocorrer a primeira idéia de que há mais na vida do que
comer, brigar ou ter poder no bando? Mil vidas, Fernão, dez mil! E depois, mais cem
vidas até que começamos a aprender que há uma coisa como perfeição, e mais
outros cem anos antes de nos ocorrer a idéia de que nossa finalidade em viver é
encontrar e ostentar esta perfeição. A mesma regra se aplica agora a nós, claro:
escolhemos nosso próximo mundo através do que aprendemos nesse aqui. Nada
aprenda e o próximo mundo será o mesmo que este, com todas as mesmas
limitações e pesos de chumbo para superar. Você, no entanto, Fernão, aprendeu
tanto de uma única vez, que não teve que passar por mil vidas para chegar a esta.
Narrador: Fernão cada vez mais compreendia tudo o que estava acontecendo.
Sentia-se muito feliz e perguntava se aquele lugar não seria o céu. Procurou então
Chiang, o ancião daquele bando, para obter algumas respostas:
Fernão:
- Chiang, este lugar não é o céu, é?
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Narrador: O ancião sorriu à luz da lua...
Chiang: - Você está aprendendo novamente Fernão Gaivota...
Fernão:
- O que acontece a partir daqui? Para onde vamos nós? Não há este tal
lugar chamado céu?
Chiang: - Não Fernão, não há este tal lugar. O céu não é um lugar e também não é
um tempo. O céu é ser perfeito. Você é uma gaivota muito rápida que gosta de voar,
não é?
Fernão: - Eu... eu gosto da velocidade...
Chiang:
- Você começará a tocar o céu, Fernão, no momento em que tocar a
velocidade perfeita. E isso não significa voar a mil quilômetros por hora, ou a um
milhão, ou na velocidade da luz. Isso porque todo número é um limite e a perfeição
não tem limite. A velocidade perfeita, meu filho, é estar lá.
Narrador: Fernão refletiu e percebeu que já tinha estado no céu. Lembrou-se de ter
vivido momentos em que se esquecera de tudo por estar totalmente entregue ao que
estava fazendo. Estes momentos eram o céu, essa era a perfeição. Fernão começou
a recobrar suas memórias, e lembrou-se do antigo bando do qual fora expulso. A
partir daquele momento ele foi tomado por uma forte vontade de voltar ao seu antigo
bando, para ensinar tudo o que aprendera naquele lugar.
Fernão:
- Sully vou ter que voltar, seus alunos estão indo muito bem. Eles podem
ajudá-lo a dar conta dos recém-chegados.
Sully: - Eu vou sentir a sua falta Fernão.
Fernão: - Sully, que vergonha! E não seja tolo! O que é que estamos tentando
praticar todos os dias? Se a nossa amizade dependesse de espaço e tempo, então
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quando finalmente dominarmos os dois, teremos destruído nossa fraternidade! Mas
supere o espaço e tudo que sobra é o aqui. Supere o tempo, e tudo que sobra é o
agora. E entre o aqui e o agora, você não acha que a gente pode se ver de vez em
quando?
Narrador: Decidido, Fernão focalizou em sua mente a imagem do grande bando na
terra, e dessa forma foi em busca daqueles que precisavam dele. Ao chegar na terra
Fernão encontrou Francisco, também um pária, que mais tarde se tornou seu aluno.
No entanto, Francisco era uma gaivota ressentida que alimentava um ódio pelo seu
bando, resultando num enorme desejo de vingança:
Francisco: - Não me importo com que eles dizem, há tantas coisas mais no vôo do
que simplesmente bater asas de um lugar para outro! Um mosquito faz isso! Será
que eles estão cegos? Não conseguem enxergar nada? Não me importo com que
eles pensam, vou mostrar a eles o que é voar! Vou ser um puro Pária, se é assim
que eles querem que eu seja. Eu vou fazer com que se arrependam.
Narrador: O vôo perfeito só é possível para aquele que voa com prazer,
completamente entregue ao que está fazendo. Quando você está preso no
ressentimento, você fica refém do passado e sua energia não vai para um novo
aprendizado. Francisco com este ressentimento seria incapaz de aprender e fazer
algo bem feito.
Fernão: - Francisco você não percebe que esse ressentimento está prejudicando o
seu aprendizado? Que você agora só pensa em voar movido pela vingança,
esquecido do prazer que é voar?. Não seja duro com aqueles que te expulsaram,
Francisco. Ao lhe expulsar, as outras gaivotas apenas fizeram mal a si mesmas
porque perderam a oportunidade de aprender o que você tinha para ensinar. Um dia,
reconhecerão isso. Perdoe e ajude-as a compreender. Francisco Coutinho Gaivota,
você quer voar tanto que esquecerá o bando, aprenderá, voltará um dia e trabalhará
para ajudá-los a saber?
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Voz em off (Outra voz de narrador, uma voz bem suave, quase sussurando, como
uma voz cavernosa): Você não percebe que só quando se esquecer da mágoa é
que poderá continuar aprendendo? Você não percebe que quando voar com
perfeição, esta perfeição é que vai encantar as outras gaivotas. Você só vai
conseguir ensinar se fizer bem feito. Isto será bom para você e para os outros.
Francisco: - Eu quero...
PARTE 03
Narrador: Ao observar o modo de voar de Francisco, Fernão lhe explica que estava
usando de muita força em alguns movimentos. Fernão ensina a Francisco que
precisava fazer as manobras com firmeza, mas também suavidade. No entanto,
Francisco precisava modificar sua idéia de aprendizado, ampliando-a para a idéia
trazida por Fernão. Para Fernão
“todos nós somos, na verdade, uma idéia da
Grande Gaivota, uma idéia ilimitada de liberdade. Vôo de precisão é um passo para
expressar nossa verdadeira natureza. Tudo que nos limita tem que ser afastado. É
esse o motivo de todo esse treinamento (p.59). Fernão com o passar do tempo
encontrou cada vez mais gaivotas aprendendo pelo prazer de voar. Após isso
percebeu que seus alunos estavam prontos. Fernão decidiu que era hora de voltar
para o bando. Lembra-se de quando fora expulso de lá. Sabia que teria aprendido
muito mais rápido se naquele momento tivesse encontrado alguém para ajudá-lo.
Fernão sabia que devia haver no bando algumas gaivotas à espera de alguém que
os despertasse. Seus alunos, porém, não acharam uma boa idéia, pois temiam
represálias. Neste momento vemos a necessidade do líder ter confiança e certeza
do que queria fazer. Fernão estava confiante e é esta confiança que mobiliza seus
alunos.
João Calvino: - Nós não estamos prontos, não seríamos bem vindos! Nós somos
Párias! Não podemos nos obrigar a ir para um lugar onde não seríamos bem
recebidos, podemos?
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Fernão: - Temos liberdade para irmos aonde quisermos e ser o que somos.
Francisco: - Bem, nós não temos que cumprir a lei se não somos parte do bando,
temos? Além do mais, se houver briga, ajudaremos muito mais do que se ficarmos
aqui.
Narrador: Fernão, porém, mostrou para as gaivotas que o único compromisso que
elas haviam estabelecido não era com a lei do bando, mas sim, com o prazer de
voar, com o prazer de aprender. Fernão juntamente com estas gaivotas, voltou
disposto a ensinar para aquele bando todas as possibilidades que um vôo poderia
proporcionar. Mas quando eles voltaram, não ficaram surpresos com o fato de todas
as gaivotas virarem as costas, pois a Lei do Bando dizia que um pária jamais
poderia retornar. Fernão falava para as gaivotas que o acompanhavam sobre a
importância de não seguirmos nenhuma lei que nos impeça de evoluir, pois o único
modo de alcançarmos a liberdade é afastando de nós tudo aquilo que nos limita:
Fernão: - É certo para uma gaivota voar, a liberdade é a própria natureza do seu
ser. Tudo que dificulte essa liberdade deve ser afastado para o lado, seja ritual,
superstição ou limitação sob qualquer forma. A única verdadeira lei é a que leva à
liberdade!
Narrador: A fascinação em um primeiro momento é condição para que os outros
tenham vontade de aprender, Fernão sabia que ostentar a perfeição era um recurso
necessário, a única forma para despertar a curiosidade em algumas gaivotas. Mas
temia ser visto pelo bando como o um ser perfeito, um deus.
Voz de uma gaivota:
- Como é que você espera que a gente voe como você?
Você é especial, talentoso, divino, acima das outras aves.
Fernão: - Olhem para Francisco! Teseu! Rolando! Judylee! Eles são também
especiais, talentosos, divinos? Não mais do que vocês, não mais do que eu. A única
diferença, a única mesmo, é que eles começaram a compreender o que realmente
são: uma idéia da Grande Gaivota, e a colocar esta idéia em prática.
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Narrador: Apesar da rejeição inicial, as aulas de Fernão já chamam atenção – como
já havia previsto. Se não soubesse disso, não teria decidido voltar fazendo um
espetáculo com seus alunos, formando uma Grande Gaivota, e demonstrando o
aprendizado em grupo. As outras gaivotas começam a olhar, e algumas se
encantam com o que vêem. Aqui temos uma definição do que faz um bom líder. Em
todas as horas Fernão estava ali, ao lado dos alunos, demonstrando, sugerindo,
pressionando, orientando. Voou com eles através da noite, da nuvem, da
tempestade, pelo puro prazer de voar, enquanto o bando infeliz agachava – se junto
no chão. [...] Terminados os vôos os alunos relaxavam na areia e com o passar do
tempo escutaram Fernão com mais atenção. Ele tinha algumas idéias malucas que
não podiam compreender, mas também algumas que eram muito boas. (p.65). A
multidão curiosa em ver Fernão e seus companheiros aumentava todos os dias. Uns
vinham para questionar, outros para idolatrar, e outros para escarnecer.” (p.68)
Fernão: - O que é que você acha Francisco? Estamos à frente do nosso tempo?
Francisco: - Bem, esse tipo de vôo sempre existiu, à espera de ser aprendido por
todos os que quisessem descobri-lo. Não tem nada a ver com tempo. Estamos à
frente do que está sendo convencionado nesse momento histórico, talvez. À frente
da maneira de como voa a maioria das gaivotas.
Narrador: Este vôo sempre existiu, mas os heróis e pensadores o aprimoraram e
elevaram, oferecendo suas experiências para que toda humanidade possa usufruir
delas.
Fernão: - Eu me lembro de um pássaro jovem e feroz, Francisco Coutinho Gaivota
era o nome dele. Acabara de ser declarado Pária, estava pronto para combater o
bando até a morte, começara a construir o seu próprio amargo inferno nos
penhascos do Fim do Mundo. E que está hoje, construindo seu próprio céu e
liderando o bando nessa direção.
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Francisco: - Eu liderando? O que é que você quer dizer com isso, eu liderando? O
instrutor aqui é você. Você não pode ir embora.
Fernão:
- Não posso? Você não acha que possa haver outros bandos, outros
Franciscos que precisam mais de um instrutor do que este, que já está no caminho
da luz?
Francisco: - Eu? Fernão eu sou apenas uma Gaivota comum e você é...
Fernão: - O filho único da Grande Gaivota? Vocês não precisam mais de mim aqui.
Você precisa é descobrir a si mesmo um pouco mais todos os dias, o Francisco
Gaivota real, ilimitado. Você precisa compreendê-lo e submetê-lo a treinamento.
Narrador: Fernão percebeu que Francisco já estava pronto para ajudar outras
gaivotas a encontrarem o conhecimento. Agora ele podia partir para outro estágio.
Em suas últimas palavras para Francisco, Fernão mostrou seu desejo de não ser
transformado em um deus. Ele sabia que ser posto neste lugar é uma tendência e
um perigo. Quando vemos alguém como um deus, o transformamos em alguém
inatingível, nunca nos sentimos capazes de chegar ao seu nível. Na idealização não
há uma relação, uma troca de aprendizados. Ficamos apenas como servos,
“seguidores”, servindo um “grande senhor”.
Fernão: - Não deixe que eles espalhem boatos a meu respeito, ou que me
transformem em um deus. OK, Francisco? Eu sou uma gaivota que gosta de voar.
Narrador: Francisco não compreendeu, porque na realidade era difícil para ele se
separar do seu mestre. Mesmo assim Fernão foi embora.
Fernão: - Pobre Francisco. Não acredite no que os olhos lhe dizem. Tudo o que
eles mostram é limitação. Olhe com compreensão, descubra o que já sabe e
descobrirá a maneira de voar com perfeição.
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Narrador: Francisco, após presenciar a partida de Fernão, recebeu o seu primeiro
grupo de gaivotas, novinhas em folha. Ele enxergou por um instante seus alunos
como eles realmente eram e amou o que viu. Sua corrida para o aprendizado havia
começado... Só então entendeu o que Fernão sempre lhe dissera .
Somente
quando ensinamos o que sabemos a alguém é que assimilamos o conhecimento,
nos apropriando dele. É isto que acontece nos nossos Círculos de Leitura.
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