Carta de Orleans:
para uma educação comprometida com a vida
Adotada no
VI Congresso Internacional de Educação Unibave:
desenvolvimento e sustentabilidade
a América Latina e suas propostas
Orleans, 7 a 9 novembro de 2013
Considerando que o modelo de sociedade está passando por transformações
profundas e que o uso indiscriminado dos recursos naturais tem levado as condições para a
vida no e do planeta a níveis de deterioração preocupantes;
Considerando que o atual modelo de sociedade e de educação, ao fragmentar o
conhecimento e valorizar apenas a dimensão objetiva e racional, organizando um sistema
social e educacional compartimentado, tem ignorado as relações e interações mantidas pelos
fenômenos naturais e sociais, resultando em perda de sentido do conhecimento para a
humanidade, por sua visão reducionista a respeito do mundo, da natureza e do ser humano;
Considerando o potencial da educação para a ressignificação do modelo social, com
sua capacidade de despertar uma nova consciência e um novo olhar em relação à sociedade,
ao uso dos recursos naturais, ao planeta como um todo, e como parte do universo cósmico;
Considerando o mal estar estabelecido pelos valores da modernidade com seu
cientificismo exacerbado, distanciando o ensino da vida, urge a necessidade da academia
assumir um papel proativo na compreensão e respostas aos problemas fundamentais da
humanidade e da educação, de forma solidária, partindo da ideia de destino comum de toda
a humanidade;
Considerando o que precede, os participantes do VI Congresso Internacional de
Educação Unibave propõem, para uma educação comprometida com a vida, este protocolo,
entendido como um conjunto de princípios fundamentais e que se constitui como um eixo
norteador das práticas educativas para os seus signatários, sem qualquer pressão jurídica e
institucional.
Artigo 1
Contribuir para a formação de uma consciência eco-planetária, a fim de desenvolver
ações destinadas a manter as condições que sustentam todos os seres, especialmente a Terra
viva, a comunidade de vida e a vida humana, visando a sua continuidade.
Artigo 2
Defender políticas que atendam às necessidades da geração presente e das futuras,
de tal forma que o capital natural seja mantido e enriquecido em sua capacidade de
regeneração, reprodução e coevolução.
Artigo 3
Desenvolver o ser humano como um sistema auto-eco-organizador, que ao interagir
com o meio físico e social, produz a si mesmo em suas múltiplas dimensões e seus diferentes
lugares e níveis de percepção.
Artigo 4
Contribuir no processo de transformação e reinvenção da educação, no plano local e
mundial, na perspectiva multidimensional e multirreferencial, garantindo a articulação entre
os diferentes saberes, não somente aqueles situados na cultura das ciências naturais e das
ciências humanas e sociais, mas também destes com as culturas das tradições ancestrais,
indígenas, camponesas, populares e urbanas, no sentido de favorecer a reflexão em busca de
vias sustentáveis, inspiradas por um pensamento ético.
Artigo 5
Criar ambientes capazes de inquietar os sujeitos para revisitarem suas relações com a
vida e com o estilo de vida, construindo vivências solidárias, praticando diálogos, respeitando
a diversidade pessoal e cultural, tendo em vista a dignidade humana e a construção social do
conhecimento.
Artigo 6
Compreender a escola como uma comunidade de aprendizagem, um espaço
democrático, no qual todos são corresponsáveis pelas aprendizagens e transformações.
Artigo 7
Favorecer a formação de docentes, estimulando a criatividade e a inovação, em torno
de um currículo integrado e metodologias de ensino que possibilitem a religação de saberes
e o acolhimento da diversidade, orientando-se por metatemas que contribuam para ampliar
a consciência e estimular o compromisso com o presente e o futuro da humanidade e do
planeta.
Artigo 8
Repensar o processo avaliativo de aprendizagem, considerando a
multidimensionalidade da natureza humana (corporal, emocional, espiritual), valorizando a
capacidade autopoiética, criativa, solidária, assim como as habilidades intra e interpessoal de
relacionamento humano para a convivência.
Artigo 9
Defender políticas de humanidade e de civilização que assegurem a vida e a cultura
dos diferentes povos em uma convivência respeitosa.
Artigo 10
Apoiar representantes nacionais, que comungam dos princípios expostos nesta carta,
em suas negociações no pacto internacional de adoção da Nova Agenda Mundial do
Desenvolvimento (2015) e da Nova Agenda Urbana Mundial (2016-2036), relativas a um
futuro sustentável para toda a humanidade.
Organização
Marlene Zwierewicz
Centro Universitário Barriga Verde - Unibave - Brasil
Nelson Vallejo-Gómez
l’Association Pour la Pensée Complexe- França
Gustavo Lopez Ospina
Instituto Complexus - Colômbia
Colaboração
Marilza Vanessa Rosa Suanno
Universidade Federal de Goiás - UFG - Brasil
Universidade Estadual de Goiás - UEG - Brasil
Antonio Pantoja Vallejo
Universidade de Jaén - Espanha
Elcio Willemann
Ana Paula Bazzo
Guilherme Valente de Souza
João Fabrício Guimara Somariva
Idê Maria Salvan Maccari
Rosani Hobold Duarte
Idemar Guizzo
Dimas Ailton Rocha
Ismael Dagostin Gomes
Celso de Oliveira Souza
Miryan Cruz Debiasi
Vandreça Vigarini Vigarani Dorrigão
Alcionê Damasio Cardoso
Karina Donadel
Edina Furlan Rampineli
Luiz De Noni
Joélia Sizenando
Diego Itibere Cunha Vasconcelos
Paulo André Doneda Jung
Rogério Degasperi
Nacim Miguel Junior
Rovanio Bussulo
Aurivam Marcos Siminonatto
Vanessa Aparecida Cardoso
Deise Coan
Fabiane Popik
Marlene Alberton Monteguti
Centro Universitário Barriga Verde - Unibave - Brasil
Carlos Alberto Póvoa
Universidade Federal do Triângulo Mineiro - UFTM - Brasil
Gilberto Luiz Agnolin
Secretaria de Estado de Educação de Santa Catarina - SED - Brasil
Akiko Santos
Ana Cristina Souza dos Santos
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ - Brasil
Americo Sommerman
Centro de Educação Transdisciplinar - CETRANS - Brasil
Maria José de Pinho
Maria José da Silva Morais
Edna Maria Cruz Pinho
Universidade Federal de Tocantins - UFT - Brasil
Vera Lúcia de Souza e Silva
Universidade Regional de Blumenau - FURB - Brasil
Björn Brorström
Ramón Garrote Jurado
Universidade de Borås - HB - Suécia
Saturnino de la Torre
Universidade de Barcelona - UB - Espanha
Antonio Serafim Venzon
Assembleia Legislativa de Santa Catarina - ALESC - Brasil
Pierre Pinto Cardoso
Instituto Federal de Roraima - IFRR - Brasil
Idonézia Collodel Benetti
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC - Brasil
Maria Zilene Cardoso
Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa
Catarina - FAPESC - Brasil
Abadia de Lourdes da Cunha
Silma Pereira do Nascimento
UniEVANGÉLICA - Anápolis - GO
Angie Catalina Rios Lopez
Christian Arboleda Orozco
Sandra Milena Toro Correa
Universidade de Medellín - UM - Colômbia
Raquel de Oliveira Costa Pereira Knop
Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI - Brasil
Cleia Demetrio Pereira
Prefeitura de Braço do Norte - Brasil
Escola Básica Municipal Visconde de Taunay - Blumenau - Brasil
Escola Municipal de Ensino Fundamental Professora Amélia de Souza Silva - Balneário Rincão - Brasil
Participantes do VI Congresso Internacional de Educação UNIBAVE
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Carta de Orleans: para uma educação