O ESCRITOR
uma história de amor
GISETI MARQUES
O ESCRITOR
uma história de amor
1a edição
Matão, SP
2014
O ESCRITOR – UMA HISTÓRIA DE AMOR
Capa: Equipe O Clarim
Projeto gráfico: Equipe O Clarim
Revisão: Lúcia Helena Lahoz Morelli
Todos os direitos reservados
© Casa Editora O Clarim
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FICHA CATALOGRÁFICA
Giseti Marques
O Escritor – Uma história de amor
1ª edição: julho/2014 – 10.000 exemplares
Matão/SP: Casa Editora O Clarim
416 páginas – 16 x 23 cm
ISBN – 978-85-7357-127-1
CDD – 133.9
Índice para catálogo sistemático:
133.9
133.901
133.91
133.92
133.93
Espiritismo
Filosofia e Teoria
Mediunidade
Fenômenos Físicos
Fenômenos Psíquicos
Impresso no Brasil
Presita en Brazilo
DEDICATÓRIA
DE TOdOS OS BENS com que Deus nos presenteou, acredito que o primeiro
e mais valioso seja a família. Por isso, dedico esta obra aos meus queridos e amados
pais, Joaquim Teodoro de Oliveira e Maria do Socorro Marques de Oliveira. Não
só por me receberem como filha, mas por me proporcionarem, em mais uma existência, um direcionamento embasado em princípios éticos e, sobretudo, na moral
do Mestre Jesus. Foi em um lar eminentemente cristão que eu e meus sete irmãos
crescemos, levando sempre o melhor de cada um.
Hoje, sem palavras para agradecer por tudo que o recebi, destino o conteúdo
desta maravilhosa obra a vocês, que são sinônimos de perseverança, luta e coragem,
constituindo uma família numerosa, com honestidade e amor.
Que Deus abençoe todos os pais desta maravilhosa escola chamada Terra e
em especial os meus!
Com carinho,
GISETI MARQUES.
SUMÁRIO
01. O LIVRO............................................................................................................ 9
02. A HISTÓRIA................................................................................................... 17
1. O EXAME......................................................................................................21
2. A DECISÃO DE PEDRO...........................................................................27
3. O ABORTO................................................................................................. 33
4. PEDRO DÁ UM ULTIMATO................................................................. 41
5. O CENTRO ESPÍRITA..............................................................................47
6. UMA EXPLICAÇÃO SOBRE A REENCARNAÇÃO............................. 55
7. FRANCISCO, O PAI DE LAURA............................................................. 61
8. OUTRAS MUDANÇAS.............................................................................67
9. MARÍLIA.......................................................................................................75
10. GUILHERME RETORNA........................................................................ 81
11. A CONSTATAÇÃO DA REENCARNAÇÃO........................................87
12. GUSTAVO.................................................................................................95
13. MARÍLIA DESABAFA.............................................................................. 103
14. O PRIMEIRO ENCONTRO.................................................................. 111
15. O DESCONHECIDO.............................................................................119
16. UM FATO TRISTE................................................................................ 127
O Escritor
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17. OUTRAS MUDANÇAS......................................................................... 135
18. A VISITA A PADRE HERMAN............................................................. 143
19. A CONFISSÃO......................................................................................... 149
20. O SEGUNDO ENCONTRO............................................................... 155
21. O ALMOÇO............................................................................................. 163
22. CONVITE AO TRABALHO..................................................................171
23. O TRABALHO NO VILAREJO............................................................ 179
24. O CENTRO ESPÍRITA.......................................................................... 187
25. DONA GERTRUDES............................................................................ 195
26. O PROTESTO........................................................................................203
27. A VISITA...................................................................................................211
28. O QUADRO............................................................................................ 219
29. A QUERMESSE.......................................................................................227
30. NO HOSPITAL.......................................................................................237
31. A DESPEDIDA.........................................................................................247
32. CONFESSANDO O AMOR..................................................................255
33. A INVESTIDA DE PEDRO...................................................................263
34. NO GABINETE DO DIRETOR...........................................................273
35. GUILHERME........................................................................................... 283
36. FÁBIO, O POLÍTICO............................................................................ 291
37. O ULTIMATO DE PEDRO................................................................. 301
38. UMA DISPUTA SUJA............................................................................309
39. AS AUDIÊNCIAS.................................................................................... 319
40. A DECISÃO.............................................................................................329
41. OS VERDADEIROS ESPÍRITAS..........................................................339
42. ENTRE A CRUZ E A ESPADA.............................................................347
43. “AME-ME POR AMOR SOMENTE”.................................................. 355
44. A DECISÃO DE FELIPE........................................................................367
45. O QUE SE PLANTA SE COLHE.........................................................377
46. O AMOR EM PLENITUDE..................................................................387
03. ALMAS AFINS...............................................................................................397
Giseti Marques
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01
O LIVRO
BRASIL, século XX.
A manhã despontava no horizonte deste belo país com um vento que so-
prava frio, juntamente com uma chuva que caía fina e insistente. Pelas estradas
ladeadas de muito verde e um cheiro gostoso de mato, um ônibus seguia célere seu
destino. Um jovem de aproximadamente 35 anos acordava em uma das poltronas
da condução. Espreguiçou-se e afastou um pouco a cortina da janela de sua cadeira, vislumbrando o nascer do sol entre as nuvens escuras. Sorriu e pensou: “Meu
Deus, que visão maravilhosa! Como é bonita a Sua criação, meu Pai!”.
Ficou algum tempo olhando o belo espetáculo que a Terra todos os dias
oferece a seus habitantes. Pena que poucos saibam apreciá-lo.
Hugo olhou ao lado e viu, na poltrona vizinha, juntamente com seus perten-
ces, um livro intitulado: Uma História de Amor.
Segurou-o e disse baixinho:
– Espero que sua história acalente muitos corações tristes!
O rapaz abraçou o livro e respirou profundamente. No íntimo sentia-se
feliz. De seu ponto de vista, a vida tinha sido generosa com ele. Apenas sentia falta
de uma pessoa com quem pudesse dividir suas alegrias e tristezas. Lembrou-se de
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sua ex-namorada, com quem mantivera um relacionamento de três anos. Recentemente a jovem rompera o namoro, alegando incompatibilidade de interesses.
Desde que conhecera Roberta, Hugo percebera que eles eram muito di-
ferentes. Todavia, apaixonara-se pelo jeito sofisticado da jovem, por sua beleza, e
mantivera esperanças de que, com o tempo, ela fosse mudar, passando a dar mais
valor às pequenas coisas da vida. Entretanto, isso não acontecera e a convivência
tornara-se insustentável.
Apesar de sentir carinho pela jovem, percebera a duras penas que paixão não
é amor, e que o que sustenta um relacionamento é esse sentimento tão difundido
em todos os cantos do mundo e tão difícil de ser encontrado. Sentira-se aliviado
por não ter se casado com ela, ainda que sentisse sua falta, pois acostumara-se
com sua presença. Depois de meses de ausência divulgando seu mais novo livro,
passando por diversas capitais do país, contrariara seu editor, voltando para casa de
ônibus. Não gostava de avião.
Hugo Teodoro Correia era um renomado escritor e médium, conhecido por
ser homem simples, dono de uma índole boa e gentil, herança de sua mãe. Fisicamente, porém, se parecia mais com o pai: alto, moreno claro, magro, cabelos
pretos lisos e bem cortados, e um par de olhos cor de mel. Era um rapaz de feições
bonitas. Tinha um caráter irrepreensível e era dono de uma paciência admirável.
Espírita desde criança, aprendera com a mãe valores morais orientados pelas obras
basilares que compõem o Pentateuco Kardequiano, que, por sua vez, refletem as
orientações do mensageiro do amor – Jesus de Nazaré.
Hugo foi tirado de seus pensamentos, pois o ônibus em que viajava entrou
na rodoviária de uma cidade onde faria uma breve e última parada antes do ponto
final. Os passageiros teriam 30 minutos para fazer um lanche se assim o quises-
sem. O homem rapidamente se levantou, segurou uma bolsa de mão, o seu livro
e desceu do carro em busca de um banheiro. Minutos depois, sentou-se em uma
lanchonete e pediu um bom café da manhã, pois só agora tinha se dado conta de
que já estava havia muito tempo sem fazer uma boa refeição. Serviu-se das maravilhosas iguarias que a culinária daquela terra que aprendera a amar oferecia. Estava
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terminando seu café, quando uma senhora muito distinta aproximou-se. Sorrindo,
ela perguntou gentilmente:
– O senhor é aquele escritor do livro Uma História de Amor?
– Sim, senhora. Sou eu mesmo!
– Nó, que maravilha poder encontrar o senhor aqui! É uma satisfação muito
grande! Já li todos os seus livros! Tá voltando para casa? – perguntou a senhora,
ansiosa, com o sotaque característico daquele estado.
– A satisfação é minha por encontrar, logo de manhã, uma senhora tão bon-
dosa! Sim, estou de volta – respondeu o jovem, caloroso.
– Ô trem bom os seus livros! Já comprei o mais novo – revelou a mulher,
orgulhosa.
O jovem levantou-se, puxou uma cadeira e, sorrindo daquele sotaque regio-
nal que tão bem conhecia, pediu:
– Por favor, queira sentar-se! Acompanhe-me no café; está uma delícia!
A senhora, sem se fazer de rogada, sentou-se, muito feliz. Aceitou um café
e um pedaço de bolo, agradecendo em seguida:
– Agradeço a gentileza. Tumá só um golim. Até porque, não é todo dia que
tenho a satisfação de sentar com um escritor tão renomado. Né verdade?
Hugo sorriu e respondeu:
– Renomado fica por conta da senhora! A satisfação é minha também! En-
tão, como se chama? – perguntou, interessado.
– Maria do Socorro.
– Já leu o livro mais novo, Dona Socorro?
– Uai, com certeza! Sabe, estou esperando minha neta. Coitadinha, acabou
de sair de um relacionamento... O danado do rapaz a traiu! – disse a senhora,
tomando um gole do café. Como se tivesse pressa em falar, continuou a narração:
– Eu num gostava dele! Credeuspai! Minha Bia é moça honesta e trabalhado-
ra! Ela é advogada, se formou faz pouco tempo, mas já está trabalhando. Merece algo
muito melhor! Triste ver uma pessoa tão querida passando por isso... O cabra num
presta mesmo! Pron, já falei! – rematou a senhora, comendo um pedaço do bolo.
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Hugo, divertindo-se muito com o jeito da simpática senhora, disse, também
sorvendo um gole do café:
– A vida é assim mesmo, Dona Socorro! Aposto que logo ela irá encontrar
uma pessoa que a merecerá.
– Assim espero! Eu tive foi sorte, encontrei o meu Joaquim ainda era
mocinha! Num precisei procurar muito, não! E aí já vão uns 50 anos! Hoje
tem um tal de “ficar”, né? Mais é assim mesmo, o tempo vai se modificando e
a gente num pode parar, não! Uns perdem um tempão falando do modo dos
outros, de como vivem... Eu acho que cada um tem que viver conforme ache
certo, sô! Só num pode prejudicar ninguém, né? – dizia a senhora, olhando
para o rapaz.
– Concordo com a senhora, Dona Socorro. Se cada um olhasse mais para
si em vez de olhar para a vida do próximo, iria ver mais os seus próprios defeitos
em vez de estar sempre procurando encontrar as imperfeições dos outros! Logo,
sobraria mais tempo para sua própria corrigenda – respondeu Hugo.
– Gostei tanto desse seu último livro... Ô história bonita! Chorei foi muito!
Aquilo é que é amor de verdade! Difícil nos dias de hoje! Vou comprar um livro e
dar para minha neta ler. O meu livro num tem jogo! Quem sabe num ajude ela a
ver que o que é dela tá guardado! Eu acredito nisso, sabia? Nó, eu sou uma romântica boba, sô!
O rapaz pegou o livro que carregava e estendeu para a senhora, dizendo
gentilmente:
– Pois quero agradecer esse papo tão agradável presenteando sua neta com
este livro! Vou até fazer uma dedicatória especial!
Abriu o livro, escreveu algo e, em seguida, entregou-o à senhora, que não
cabia em si de tanta alegria.
– Nó! Como vou poder lhe agradecer? O senhor é tudo o que falam:
simples, gentil, educado, humilde e de um coração tão grande... – disse a mulher, emocionada.
– Nó! Desse jeito vou ficar sem jeito, Dona Socorro! – respondeu Hugo
sorrindo, imitando-a.
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A senhora abraçou o livro e disse olhando para o jovem:
– Eu tenho certeza de que este livro vai mudar a vida de minha Bia! Eu
acredito em energia, e este livro aqui deve ter uma energia tão boa, mais tão boa
que... Bem, o senhor sabe, né?
Hugo ia responder quando escutou a buzina do ônibus que já estava a pon-
to de partir. Ele olhou para a plataforma de embarque, levantou-se rapidamente,
despediu-se da simpática senhora e correu até o carro, que por pouco não o deixou.
Dona Socorro olhou para o livro e, curiosa, disse para si mesma:
– Acho que num tem problema se eu ler primeiro a dedicatória. Afinal, num
deve ter algo de grave, né?
Curiosa, abriu o livro e leu:
Cara Beatriz,
A vida é feita de alegrias e tristezas. Devemos saber entender o que
cada uma delas tem a oferecer e nos ensinar. O que nos entristece
hoje é, na maioria das vezes, o que nos pode fazer crescer amanhã.
Para tanto, precisamos deixar que as pessoas e as coisas passem pela
nossa vida e deixem em nosso íntimo sempre o melhor. Assim, o
nascer do sol se fará sempre bonito. Nenhuma tristeza dura para
sempre, cada dia desaparecerá um pouco! Acredite nisso.
Fraternal abraço,
Hugo Teodoro
– Nó! Foi Deus que trouxe esse homem aqui hoje! Obrigada, meu Deus! E
como ele sabia que o nome dela era Beatriz? Num disse? Acho que é um médium
sério – pensou alto a senhora, emocionada.
Passados alguns minutos, ela viu aproximar-se uma jovem esguia, cabelos
longos, castanho-escuros, lisos, presos em um rabo de cavalo, olhos pretos, encobertos por uns belos óculos de sol e trazendo na aparência uma tristeza visível.
Sorridente, a mulher aproximou-se da jovem e cumprimentou-a:
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– Minha filha, ainda bem que chegou! Tudo bem? Nó! Demorou esse
trem, hein?
Beatriz olhou para sua avó e sorriu abraçando a alegre senhora:
– Oi, vó! Demorou só um pouco! Como a senhora está?
– Agora, melhor. E você? Eu já sei do trem do noivado! Num fique triste,
não. Uma mulher bonita como você não ficará sozinha por muito tempo! Quem
perdeu foi ele, minha filha!
A jovem suspirou, pois sabia que a responsável pela “fofoca” tinha sido sua
mãe. Apesar de tudo, sentia-se bem com a espontaneidade de sua avó e respondeu, calma:
– Eu sei, vó, e aposto que a senhora irá ajudar-me, não é?
– Uai, mais é claro, sô! Eu nunca gostei daquele sujeitim! Nossinhora! Cre-
deuspai! – fez o sinal da cruz e, mudando de assunto, estendeu o livro que segurava
entre as mãos para sua neta e falou sorrindo:
– Veja, tive sorte hoje. Um tantim de tempo atrás encontrei com Hugo,
aquele escritor famoso; ele me deu esse livro e dedicou a você!
Beatriz dirigiu seu olhar ao livro e, curiosa, perguntou:
– Como assim? Por que ele deu esse livro para a senhora?
– Ora, sô, eu disse para ele que estava esperando você! Uai, qual o problema?
– perguntou a senhora encaminhando-se para um carro parado no estacionamento
da rodoviária.
Beatriz, já acomodada no banco da frente do carro guiado por sua avó, se-
gurou o livro entre as mãos e leu o título da obra. Mostrando interesse, abriu-o,
vendo que havia uma dedicatória. Após lê-la, olhou para sua avó e disse, chamando
sua atenção:
– Só disse que estava me esperando, hein vó? Sei... Aposto que contou toda
minha vida a esse homem.
– Cê besta, ele é um homem diferente! Leia o livro. Num istantim você ter-
mina e aí cê vai ver o que é livro bom! O trem é bom demais! Eu já li todim!
A neta olhou de viés para a avó e colocou o livro sobre o console do carro.
Mirou a paisagem e sentiu a tristeza querer novamente tomar conta de seu coração.
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Beatriz, carinhosamente chamada de Bia, tinha 26 anos e estava de casa-
mento marcado. Todavia, descobrira que seu noivo a estava traindo já havia algum
tempo. Tomada pela raiva, rompera o noivado e buscara refúgio na casa de seus
avós. Sentia-se enganada de todas as formas; por mais que gostasse do rapaz, não
conseguia entender o porquê da traição, uma vez que fora ele mesmo que quisera
marcar o casamento. A imagem do noivo beijando a outra não saía de sua cabeça,
fazendo-a sentir náuseas. Hoje, não conseguia mais chorar; apenas sentia um vazio
que parecia querer tomar o seu ser. Era uma dor misturada com revolta que crescia
a cada dia.
No ônibus, Hugo seguia seu trajeto lembrando-se da simpática senhora.
Sorrindo, pensou: “Que bom ter alguém que goste verdadeiramente de nós! Assim
são os avós! Espero que o livro possa ajudar aquela moça! É tão difícil conviver
com uma perda... Eu que o diga... Mas a vida continua e não posso parar. Espero
que Roberta possa encontrar o que tanto procura”.
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