ÁREA: FARMACOLOGIA CV (X) CHSA ( ) ECET ( ) MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA – MEC UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO – PRPPG Coordenadoria Geral de Pesquisa – CGP Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, Bloco 06 – Bairro Ininga Cep: 64049-550 – Teresina-PI – Brasil – Fone (86) 215-5564 – Fone/Fax (86) 215-5560 E-mail: [email protected]; [email protected] ANALISE DO POTENCIAL ANTIINFLAMOTORIO E NOCICEPTIVO DO POLISSACARIDEO SULFATADO EXTRAIDO DA ALGA MARINHA VERMELHA, Agardhiella ramosíssima. Eulina Gabriela do Nascimento Dias (bolsista do PIBIC/UFPI), André Luiz dos Reis Barbosa (Orientador dep. de fisioterapia – CMRV/UFPI) 1. INTRODUÇÃO. Muitas plantas utilizadas na medicina popular já foram descritas contendo polissacarídeos biologicamente ativos, incluindo atividade antiviral, antitumoral, imunoestimulante, antiinflamatória, anticomplemento, anticoagulante, hipoglicemiante e, até mesmo, atividade antiúlcera gástrica (SRIVASTAVA e KULSHVESHTHA, 1989; CAPEK et al., 2003). As algas são a fonte mais abundante de polissacarídeos, como os alginatos, agar e agarose, bem como carragenanas. Os diferentes perfis de atividades biológicas exibidas por estes polissacarídeos dependem de variações de suas características estruturais (CROC et al., 2011). Como os possíveis efeitos farmacológicos de muitos desses polissacarídeos ainda estão por revelar, o estudo dessas algas e principalmente da ação dos polissacarídeos delas extraído, permite produzir compostos que possam ser usados na terapêutica de diversos tipos de patologias bem com no tratamento de inflamação e dor. Sabendo do potencial terapêutico dos polissacarídeos extraídos de algas marinhas, o presente estudo teve como objetivo avaliar o possível potencial anti-inflamatório e nociceptivo de um polissacarídeo extraído da alga vermelha Agardhiella ramosíssima. 2. METODOLOGIA. 2.1. ANIMAIS. Foram utilizados camundongos Swiss machos, procedentes do Biotério Central da Universidade Federal do Ceará. Os animais foram acondicionados no laboratório de farmacologia da UFPI- Paranaíba, com temperatura controlada e receberam água e alimentação ad libitum. Todos os tratamentos e procedimentos cirúrgicos realizados estiveram de acordo com o guia de cuidado em uso de animais de laboratório do National Institutes of Heath (Bethesda, MD, USA) e esse projeto foi enviado para apreciação pelo Comitê de Ética em Experimentação Animal (CEEA) da UFPI. 2.2. MIGRAÇÃO DE NEUTRÓFILOS PARA A CAVIDADE PERITONEAL INDUZIDA POR CARRAGENINA. Foram injetados intraperitonealmente, por cavidade de cada animal, 500 μg de carragenina diluídos em 250μl de salina estéril. Após quatro horas, a cavidade peritoneal foi lavada com 1,5 mL da solução de PBS heparinizado, massageada e incisada com bisturi para coleta do líquido com pipeta Pasteur. As contagens totais e diferenciais foram feitas de acordo com o método descrito por Souza & Ferreira (1985). 2.3. TESTE DE CONTORÇÃO INDUZIDO POR ÁCIDO ACÉTICO Os animais foram divididos em 4 grupos (n = 5 por grupo), que receberam injeção de ácido acético ip. a 0,6% (10 ml • kg-1 de peso corporal), e a intensidade de nocicepção foi quantificada através da contagem do número total de contorções. Os animais receberam PLS (30 mg • kg-1, ip) ou solução salina estéril (grupo de controle, 0,9%, w / v), 30 minutos antes da injeção de ácido acético. A Morfina (5 mg • kg-1, sc) foi administrada 30 minutos antes do ácido acético como um composto de referência. 2.4. TESTE DE FORMALINA 20 μg de formalina a 2,5% foram administrados (i.pl) na pata traseira direita dos camundongos. O tempo de lambedura foi gravado de 0 a 5 min (fase 1, neurogênica) e de 20 a 25 minutos (fase 2, inflamatória), após a injeção de formalina. Os animais (n = 5 por grupo) foram, em seguida, tratados com 30 mg (PLS • kg-1, ip) ou solução salina estéril (0,9%) 30 min antes da injeção de formalina. A Morfina (5 mg • kg-1, sc) foi também administrada 30 min antes da injeção de formalina e utilizada como um composto de referência. 2.5. TESTE DE PLACA QUENTE Cada camundongo foi colocado duas vezes sobre uma placa aquecida (51 ± 1 ° C), separadas por um intervalo de 30 min. Após a segunda tentativa (tempo de reação controle), os grupos de animais (n = 5) receberam solução salina estéril (0,9%, i.pl.), PLS (30 mg • kg-1, ip) e morfina (5 mg • kg -1, sc; medicamento de referência). Os tempos de reação foram medidos no tempo zero (0 hora) e 30, 60, 90 e 120 minutos após os compostos serem administrados, com um tempo de corte de 45 s. 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES Os animais tratados apenas com solução salina não apresentaram inflamação na cavidade peritoneal. Entretanto os animais tratados com carragenina apresentaram peritonite. A administração de PLS (10 mg/kg) reduziu significativamente o número de leucócitos total nas cavidades peritoneais dos camundongos (4313±711.4 10³cells/ml) quando comparou ao controle (3550±263.0 10³cells/ml). O PLS também reduziu significativamente o número de leucócitos (migração de neutrófilos) na contagem diferencial (1906±351.2 10³ celas / ml) comparada com o grupo controle salina (738.4 ±77.80 10³ celas / ml). A dose de 10 mg/Kg foi a que apresentou o efeito protetor na cavidade peritoneal (nível de significância de p<0,05). Vários estudos demonstraram que a inibição da migração de neutrófilos reduz hipernocicepção induzida por diferentes estímulos inflamatórios. Assim, avaliou-se a ação da nossa fração PLS em experimentos sobre a hipernocicepção. O potencial antinociceptivo do PLS extraídos da A. ramosíssima foi avaliada por meio de três modelos bem aceitos de dor, ou seja, contorção induzida por ácido acético, teste de formalina e placa quente. Os animais tratados com PLS (ip; 30 mg kg-1) 30 minutos antes do ácido acético possuiu efeito antinociceptivo através da inibição significativa de contorções abdominais. A porcentagem de inibição foi de 82,0% em relação ao grupo controle (soro fisiológico e ácido acético). O efeito inibitório das contorções foi expresso de forma mais intensa quando 5 mg kg-1 de morfina (ip) foi administrado, indicando uma redução de 98,80%. Isso demonstra a ação antihiperalgésica periférica da fração de PLS. No ensaio de formalina o PLS (30 mg • kg-1), injetados ip 30 min antes da formalina, demonstrou um efeito antinociceptivo significativo, reduzindo o tempo de lambedura, apenas na segunda fase (inflamatória) do teste. Isto resultou numa redução de 80,54% em comparação com o grupo de controle (solução salina). Para confirmar que o PLS diminui eventos inflamatórios periféricos, foi realizado o teste da placa quente. O PLS não mostrou qualquer efeito antinociceptivo em todos os intervalos. 4. CONCLUSÃO O polissacarídeo sulfatado extraído da alga vermelha Agardhiella ramosissima teve uma ação antiinflamatória por reduzir leucócitos (contagem total) e neutrófilos (contagem diferencial) para o foco da inflamação aguda in-vivo e também atividade antinociceptiva por reduzir o número de contorções e tempo de lambedura. APOIO: PIBIC 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BHATTACHARYA D. & MEDLIN L. 1998. Algal phylogeny and the origin of land plants. Plant. Physiol., 116: 9 – 15. FERREIRA S. H. A new method for measuring variations of rats paw volumes. J. Pharm Pharmacol. 31:648, 1979 RANG H. P.; DALE M. M.; RITTER J. M.; MOORE P. K. Farmacologia. 6 ed., Rio de Janeiro: Ed. Elsevier, p. 829, 2007. PALAVRAS-CHAVE: Agardhiella ramosíssima; Inflamação; Nocicepção.