UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA Políticas Públicas de Segurança: O Caso da Lei Seca Por: Sabrina Demétrio de Souza de Menezes Orientador Prof. Flavia Martins Rio de Janeiro 2012 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA Póliticas Públicas de segurança: O Caso da Lei Seca Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Gestão Pública Por: Sabrina Demétrio de Souza de Menezes 3 AGRADECIMENTOS A Deus e minha família meus sinceros agradecimentos 4 DEDICATÓRIA Dedica-se ao meu esposo e a todos os colegas que enfrentam a madrugada trabalhando na Operação Lei seca. 5 RESUMO Este trabalho tem por objetivo abordar o tema da Operação Lei Seca como forma de Política Pública aplicada pelo Estado nas vias públicas em específico na cidade do Rio de Janeiro. Daremos uma breve introdução de Políticas Públicas e citaremos o inicio do processo da reforma administrativa. Logo após abordaremos as Políticas Públicas aplicadas no trânsito em âmbito Nacional, a iniciativa da Semana Nacional de Trânsito, e a educação no trânsito como um todo. Apresentaremos estudo sobre o uso do álcool no trânsito e suas consequências. Discorreremos, rapidamente, sobre a fiscalização de trânsito, onde abordaremos o tema Operação Lei Seca, seu funcionamento e os impactos da mesma na sociedade, antes e depois desta política nas vias do Estado e concluiremos com os resultados da Operação e da conscientização seus resultados. 6 METODOLOGIA A metodologia aplicada foram trabalhos anteriores em relação à políticas públicas e seu desenvolvimento no nosso país, sites do Governo federal, pesquisas em relação aos acidentes de trânsito, em específico na cidade do Rio de Janeiro, envolvendo vítimas com a suspeita de uso de álcool. Leitura de livros e periódicos, além de dados gentilmente fornecidos pela Secretaria Estadual de Governo do Estado do Rio de Janeiro. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 08 CAPÍTULO I - Políticas Públicas: Noções Introdutórias 10 CAPITULO II- Políticas Públicas no Trânsito 18 CAPÍTULO III-Uso de Álcool no Trânsito Brasileiro 23 CAPÍTULO IV – Fiscalização de Trânsito 33 Considerações Finais 41 Referências Bibliográficas 43 ÍNDICE 46 8 INTRODUÇÃO Nos últimos anos tem-se observado uma série de acidentes de trânsito envolvendo o uso abusivo de bebida alcoólica. Como se não fosse suficiente, esses acidentes ocorrem no período noturno, principalmente aos fins de semana e na maioria dos casos com jovens, entre 20 à 39 anos, que saem da “balada” após o uso excessivo de bebida e que arrisca sua vida e a dos outros transeuntes. Nos hospitais de Emergência, em específico os da zona sul da cidade, a ocorrência de acidentes no trânsito com vítimas eram causadas por ações imprudentes, em que na maioria dos casos o condutor havia feito uso de bebida. O trânsito carioca estava sendo comparado a uma guerra. Ao pegarmos o volante, deveríamos nos preocupar não só com a nossa conduta, mas também com a de outros condutores imperitos, às vezes não habilitados ou que faziam uso não só de álcool, mas de outras substâncias entorpecentes. De acordo com Louro (2003), uma pesquisa feita pela Fundação Oswaldo Cruz em parceria com o Hospital Miguel Couto, aponta que 30% das vítimas de acidentes de carro que deram entrada no hospital haviam bebido ou se drogado. Além disso, 55% das ocorrências aconteceram na noite de sexta, sábado e domingo. Segundo os médicos deste hospital, a embriaguez é a principal causadora de acidentes de automóveis, e afirmam que muitas nem chegam a dar entrada no hospital, ou por não terem se machucado, ou por terem morrido no próprio local do acidente. Os acidentes automotores, em sua maioria têm sequelas graves, que requerem tratamento por toda vida, o que, na maioria dos casos é custeada pelo Governo, além das sequelas irreversíveis, mesmo após o tratamento, causado dor à família do acidentado. Os médicos exemplificam passo a passo os estágios mentais de uma pessoa que ingere bebida alcoólica: no início a euforia, que ocorre logo nas primeiras doses, causando uma autoconfiança exacerbada ao condutor, que faz com que ele cometa ações imprudentes no trânsito; em seguida a confusão mental, onde os reflexos são reduzidos e por fim a depressão, onde o condutor fica 9 cansado e sonolento. Este é o estágio onde ocorre a maioria dos acidentes, segundo os médicos, pois o condutor perde a capacidade de reação. Dirigir sob a influência de álcool é falta gravíssima, o condutor que for pego sob essas condições terá sua carteira recolhida por cinco dias, paga multa de R$ 957,00 e posteriormente a isso pode ter seu direito de dirigir suspenso por um ano. Entretanto, se fazia necessário uma política governamental para o trânsito, uma fiscalização, para que fosse possível a aplicabilidade da lei e a constante manutenção da mesma. Em 19 de Março de 2009 surge a Operação Lei seca, no Rio de janeiro, com o intuito de reduzir os acidentes no trânsito, em específico nos horários entre as 22h e 06 da manhã, onde ocorre a maioria dos acidentes. O projeto tem dado resultados e até agora 13 comitivas de outros Estados brasileiros vieram ao Rio de Janeiro para observarem de perto como funciona a Operação, a fim de que se possa implantar a ideia em suas cidades. Este trabalho tenciona-se apenas a apresentar uma das formas de Políticas Públicas adquiridas pelo Governo do Estado em resposta ao grande número de acidentes e perda de vidas no trânsito carioca e nas vias do Estado do Rio de Janeiro. 10 CAPÍTULO I Políticas Públicas: Noções Introdutórias Ao analisar alguns textos da área, dificilmente encontraremos uma definição exata para o termo Políticas Públicas e tampouco como ela se originou. Mead (1995) a define como um campo dentro do estudo da política que analisa o governo à luz de grandes questões públicas. Lynn (1980), como um conjunto de ações do governo que irão produzir efeitos específicos; Dye (1984) sintetiza a definição de política pública como “o que o governo escolhe fazer ou não fazer”. A definição mais usual é a de Laswell, que diz que decisões e análises sobre política pública implicam responder às seguintes questões: quem ganha o quê, por que e que diferença faz. Cunha (2008) discorre que entre o fim do século 19 e início do século 20, prevalecia a idéia de que o Estado era responsável somente por assegurar a ordem e a propriedade, não existia uma preocupação com a questão social. Esta questão se intensificou com a crise econômica de 1929, fazendo com que as elites aceitassem que o estado ditassem regras e criassem direitos civis, políticos e sociais que até então não existiam. É importante salientar que essa mudança ocasionou-se graças a diversos movimentos que lutaram para garantir esses direitos. Segundo a autora “as políticas públicas têm sido criadas como resposta do Estado às demandas que emergem da sociedade e do seu próprio interior, sendo expressão do compromisso público de atuação numa determinada área em longo prazo.” Souza resume política pública da seguinte maneira: Campo do conhecimento que busca, ao mesmo tempo, “colocar o governo em ação” e/ou analisar essa ação (variável independente) e, quando necessário, propor mudanças no rumo ou curso dessas ações (variável dependente). A formulação de políticas públicas constitui-se no estágio em que os governos democráticos traduzem seus propósitos e plataformas eleitorais em programas e ações que produzirão resultados ou mudanças no mundo real.(Souza, 2006). 11 O processo de políticas públicas numa sociedade democrática é extremamente dinâmico e conta com a participação de diversas pessoas e em vários níveis: de um tratado internacional à Câmara de Vereadores de um município do interior do Brasil, da rede nacional de televisão à sociedade de amigos de bairro, do presidente da República ao professor universitário, todos em sinergia. O ideal é que todos os afetados e envolvidos em política pública participem o máximo possível de todas as fases desse processo: identificação do problema, formação da agenda, formulação de políticas alternativas, seleção de uma dessas alternativas, legitimação da política escolhida, implementação dessa política e avaliação de seus resultados. Souza (2006) afirma que as politicas públicas e políticas sociais são campos multidisciplinares, que se interligam e que toda política pública repercute na economia e nas sociedades daí o interesse comum de outras áreas do conhecimento como economia, ciência política, planejamento, gestão, entre outras, na área de políticas públicas. Souza-Lima e Silva (2010), citando Lourenço (2005), afirmam que para o entendimento de politicas públicas no Brasil, deve-se compreender todo o processo político e social do país, além das forças externas que impulsionam e limitam a elaboração dessas políticas. Os autores afirmam ainda que as políticas devem ser realizadas em conjunto: sociedade e estado, ambos devem assumir o compromisso de levar as políticas à frente, para que a mesma dê frutos. “As políticas envolvem a sociedade, poderes público-privado, sociedade civil organizada e organismos e dinâmica internacional”. (Souza-Lima e Silva 2010). 1.2-Reforma da Gestão Pública no Brasil De acordo com Pereira (1998), em 1995, no Governo Fernando Henrique, ocorreu a reforma da gestão pública no Brasil, que foi iniciada pela antiga MARE (Ministério da Administração Federal e reforma do Estado). Neste ano, foi encaminhado ao Congresso Nacional um plano diretor que, em 1998 se transformou na Emenda 19. Esta reforma teve como principal objetivo, contribuir para a criação de um Estado brasileiro forte e eficiente e foi dividida em três dimensões: Institucional-legal, que foi voltado à descentralização da 12 máquina do estado, surgindo assim as agências executivas, regulatórias e as organizações sociais; dimensão gestão, onde passou-se a existir uma maior autonomia dos gestores, além do surgimento de três novas formas de responsabilizá-los- administração por resultado, controle social e competição administrada por excelência-. Essas três formas substituíram parcialmente os antigos moldes da administração burocrática; por último a dimensão cultural, que foi a mudança de pensamento, visando passar da desconfiança generalizada, característica da administração burocrática, para uma maior confiança, mesmo que essa fosse limitada. Essa descentralização do estado tem como principal objetivo transformar o Brasil num Estado gerencial, descentralizando os serviços (telefonia, transporte, etc.) e executando diretamente somente funções que são exclusivas do Estado, como segurança pública, por exemplo. Entretanto, Martins (1997) observa o tema privatização de uma forma diferente. Segundo ele: “(...) a privatização, por exemplo, não resultou de uma mudança cultural (embora a lei da privatização tenha sido aprovada pelo Congresso), mas sim de uma decisão pragmática, vinculada às realidades externas, à crise fiscal do Estado e ao lobby de interesses especiais, atraídos por condições de pagamento muito favoráveis oferecidas pelo governo. Na verdade, e até o momento, a privatização no Brasil tem de ser considerada como uma venda de algumas empresas estatais mais do que como uma mudança de visão do mundo, resultantede uma nova concepção com respeito ao papel do Estado.” (Martins, 1997) Segundo Martins (1997), o Brasil começou o seu processo de reforma tardiamente, em meio a um período nebuloso da alta da inflação no país. A política de liberalismo e privatizações, no governo FHC, causou estranheza e muitos receios por grande parte de pessoas. O Estado era o principal empregador do país e a grande parte da classe média era composta em sua totalidade de servidores públicos, que viram, com a política de desestatização, 13 sua zona de conforto diminuir drasticamente. O Autor menciona também a nossa raiz histórica. A cultura do nosso país vem de uma colônia de exploração e não de povoamento, como nos EUA. Nossos colonizadores também não se industrializaram, passaram pelas principais reformas (industrial e o iluminismo) à sombra. Infelizmente esses fatos refletiram na nossa tardia industrialização e posteriormente nas diversas tentativas fracassada de reforma administrativa. Na visão de Pereira (1998), a globalização dos mercados, concomitantemente com a crise hiperinflacionária do Brasil, foi o fator principal para a reforma. Segundo o autor, antes da globalização, os países tinham como primordial a proteção de suas economias da competição internacional. Com essas mudanças, as possibilidades de se viver como em um feudo, diminuíram drasticamente. A intervenção do Estado nas áreas da saúde e bem estar social continuam sendo de extrema importância até mesmo para que, nas palavras do próprio autor, “uma intervenção que não apenas compense os desequilíbrios distributivos provocados pelo mercado globalizado, mas principalmente que capacite os agentes econômicos a competirem em nível mundial”. 1.3-Crise e reforma Segundo Pereira (1998), a constatação de que o país estava em uma crise de grandes proporções e de que se fazia necessária a reforma se deu em meio ao desenrolar da própria crise. Entre 1979 e 1994 o Brasil viveu um período de estagnação da renda per capita e de alta inflação sem precedentes. Em 1994, finalmente, estabilizaram-se os preços através do Plano Real, criando-se as condições para a retomada do crescimento. A causa fundamental dessa crise econômica foi a crise do Estado — uma crise que ainda não está plenamente superada, apesar de todas as reformas já realizadas. Crise que se caracteriza pela perda de capacidade do Estado de 14 coordenar o sistema econômico de forma complementar ao mercado. Coordenação econômica que envolve alocação de recursos, acumulação de capital e distribuição de renda. Em economias capitalistas esse papel é desempenhado pelo mercado e pelo Estado. Quando o Estado (ou o mercado) entra em crise, essa função fica seriamente prejudicada. (Pereira, 1998). A crise do Estado, manifestada nos anos 80 foi definida por Pereira como uma crise fiscal, burocrática e política, sendo esta ultima dividida em três fases: crise do regime militar (entre 1977 e 1985); crise de adaptação ao regime democrático, e a crise que levou ao impeachment de Fernando Collor de Mello, crise essa definida pelo autor como crise moral. A crise fiscal ou financeira caracterizou-se pela perda do crédito público e por poupança pública negativa. A crise do modo de intervenção, acelerada pelo processo de globalização da economia mundial, caracterizou-se pelo esgotamento do modelo protecionista de substituição de importações, que foi bem-sucedido em promover a industrialização nos anos de 30 a 50, mas que deixou de sê-lo a partir dos anos 60; transpareceu na falta de competitividade de uma parte ponderável das empresas brasileiras; expressou-se no fracasso de se criar no Brasil um Estado do Bem-Estar que se aproximasse dos moldes social-democratas europeus. Por fim, a crise da forma burocrática de administrar um Estado emergiu com toda a força depois da Constituição de 1988, antes mesmo que a própria administração pública burocrática pudesse ser plenamente instaurada no País.(Pereira, 1998) A primeira tentativa de reforma gerencial administrativa surgiu com o DecretoLei 200 de 1967, onde foi priorizada a descentralização e autonomia da administração indireta. As fundações,autarquias, empresas Públicas, sociedades de economia mista passaram a exercer as atividades de produção, de bens e serviços.Com a flexibilização buscava-se a eficiência nos serviços e nas atividades econômicas do estado. Pereira, no entanto afirma que o decreto fracassou, pois: 15 “(...) ao permitir a contratação sem concurso público, facilitou a sobrevivência de práticas patrimonialistas e fisiológicas. De outro lado, ao não se preocupar com mudanças no âmbito da administração direta ou central, que foi vista pejorativamente como burocrática” ou rígida, deixou de realizar concursos e de desenvolver carreiras de altos administradores”. (Pereira 1998) Foi no governo de Fernando Henrique que finalmente surgiu uma forma de reforma do Estado em geral, em especial na folha de pessoal, onde houveram grandes cortes, aumento do tempo de contribuição e idade para aposentadoria, fixação do teto remuneratório dos servidores, privatizações e a criação das agências reguladoras. 1.4- Ciclos da Política Pública De acordo com Souza (2006), esta tipologia enxerga a política pública como um ciclo deliberativo formado por diversos estágios e gerando assim um ciclo dinâmico e de aprendizado. Este ciclo é formado por cinco estágios, a saber: definição de agenda, identificação de alternativas, avaliação das opções, seleção das opções, implementação e avaliação. • Definição da agenda: Inclusão de demanda ou necessidade social na lista de prioridades do poder público. É importante ressaltarmos aqui que este processo envolve a emergência com que cada questão será tratada. É de conhecimento que ao escolher uma questão, outras serão deixadas de lado, daí a importância da escolha da demanda. Além disso, mesmo quando um assunto entra na agenda, não quer dizer que ele será considerado prioritário; • Identificação de alternativas-tomada de decisões: Identificar e delimitar um problema atual ou potencial da sociedade; determinação das possíveis alternativas para sua solução; avaliação dos custos e efeitos de cada uma delas. É na fase de tomada de decisão que iremos definir 16 recursos, prazos e que serão expressas em leis, decretos, normas resoluções, dentre outros atos administrativos; • Avaliação e seleção das opções: Selecionar e especificar as alternativas consideradas mais convincentes, seguida de declaração que explicita a decisão adotada, definindo seus objetivos e seu marco jurídico, administrativo e financeiro. • Implementação: Planejamento e organização do aparelho administrativo e dos recursos humanos, financeiros, materiais e tecnológicos que consistem nos planos, programas e projetos. É neste momento que planejamento e a escolha são transformados em atos. • Avaliação: apesar de ela ser apresentada por último, ela pode ser realizada em todas as fases do processo, contribuindo para o sucesso da ação governamental e dos resultados obtidos com os recursos destinados. A avaliação permite a administração gerar informações uteis a administração para futuras políticas públicas, prestar contas dos seus atos, corrigir e prevenir falhas, justificar ações e explicar decisões, identificar barreiras que impedem o sucesso do programa. Existem alguns fatores que podem alterar modificar, reestruturar ou até mesmo encerrar algumas etapas do desenvolvimento de uma política pública. Segundo Souza-Lima e Silva (2010), o período das eleições é um deles. Os autores afirmam que durante todo o processo, deve existir um acompanhamento e avaliação da sua efetividade, que pode ser realizado por um dos agentes (poder público, sociedade civil, poder privado). Para concluirmos que uma política pública atingiu os seus objetivos, temos que comparar em que ponto o programa sugerido cumpre os requisitos de uma boa política. Observar se as ações desenvolvidas por ela são apropriadas para o problema enfrentado. Alguns textos afirmam que para que se possa analisar eficácia e eficiência de um determinado programa, devemos observar se os produtos alcançados foram gerados em tempo hábil, se os custos para tais produtos foram os menores possíveis e se os mesmos atendem ao objetivo da 17 política. No quesito sustentabilidade é importante notarmos também que uma política deve ser capaz de que seus efeitos positivos se mantenham após o término das ações governamentais na área foco da Política Pública avaliada. É importante nos atentarmos também quais seriam as alternativas de ações que poderiam ter sido adotadas – e que poderão ser em intervenções futuras- e quais lições se tirarem da experiência tanto dos acertos quanto dos erros. 18 Capítulo II Políticas Públicas no Trânsito Segundo o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), a segurança e a prevenção de acidentes de trânsito em rodovias federais são obrigações das autoridades gestoras e operadoras de trânsito e transporte: o Ministério das Cidades, por meio do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran); o Ministério dos Transportes, por intermédio do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (DNIT); e o Ministério da Justiça, por meio da Polícia Rodoviária Federal (PRF); além dos Departamentos de Estradas de Rodagens (DERs) e Departamentos Estaduais de Trânsito (Detrans). Em cada Estado da federação, são criadas campanhas para a educação no trânsito, tendo como objetivo a redução de acidentes nas estradas e a conscientização da população não só de motoristas, mas também de pedestres, pois o trânsito é feito de pessoas. A redução das lesões e mortes no trânsito é um desafio mundial. Mais de um milhão de pessoas de todas as nações são vítimas fatais de acidentes de trânsito. Uma das campanhas do Governo Federal é a Semana Nacional de Trânsito (SMT), que ocorre no período de 18 à 25 de Setembro e onde são debatidos temas referentes à educação no trânsito, divulgação de resultado de políticas públicas referente ao tema em seus respectivos estados, além de atividades nas ruas de todo o Brasil, além de programas televisivos, a fim de divulgar a SMT. Em cada ano é escolhido um tema em especifico, apontado pelas pesquisas como primordial à educação, seja pelo índice de acidentes ou por uma nova inclusão no Código de Trânsito Brasileiro, como, por exemplo, em 2010, a SMT trouxe como tema o uso do cinto de segurança e da cadeirinha, tema que na ocasião, a Organização Mundial de Saúde (OMS), apontou como fator que causava o maior número de mortes e lesões no trânsito. Os acidentes de trânsito representam a principal causa de morte de crianças de 1 a 14 anos no Brasil. Em 2008 foram registradas 22.472 vítimas não fatais de acidentes de trânsito, com idade entre 19 0 e 12 anos de idade e 802 vítimas fatais de mesma faixa etária (Dados Denatran). Em 2011 a SMT trouxe uma novidade: A Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas, no dia 02 de março de 2010, proclamou oficialmente o período de 2011 a 2020 como a Década Mundial de Ação pela Segurança no Trânsito a fim de estimular esforços em todo o mundo para conter e reverter a tendência crescente de fatalidades e ferimentos graves em acidentes no trânsito no planeta. O tema então escolhido pelo Conselho Nacional de trânsito (CONTRAN),foi "Década Mundial de Ações Para a Segurança do Trânsito - 2011/2020: Juntos Podemos Salvar Milhões de Vidas", cujos principais pilares a serem trabalhados eram: • gestão nacional da segurança no trânsito; • infra-estrutura viária adequada; • segurança dos veículos; • comportamento e segurança dos usuários; • atendimento ao trauma, assistência pré hospitalar, hospitalar e à reabilitação; Este ano, dando continuidade a campanha do ano anterior, o CONTRAN apresenta o tema: Década Mundial de Ações para a Segurança do Trânsito – 2011/2020: Não exceda a Velocidade, Preserve a Vida”, tendo como foco a conscientização de jovens entre 18 e 25 anos, considerados o grupo mais vulnerável e de maior exposição ao risco de acidentes de trânsito. Para traçar e realizar as ações o Contran definiu como prioridade a necessidade de unir esforços Inter setoriais, visando a redução dos acidentes de trânsito. 20 Símbolo-tema da SMT de 2012 Símbolo-tema SMT de 2010 2.1- Gestão do trânsito De acordo com o Programa Nacional de Trânsito, apresentado pelo Governo Nacional em Setembro de 2004, a gestão do trânsito brasileiro é responsabilidade de um amplo conjunto de órgãos e entidades, devendo ambos estar em constante integração, dentro da gestão federativa, para efetiva aplicação do CTB e cumprimento da Política Nacional de Trânsito. Os órgãos e entidades foram descritos pelo programa da seguinte maneira: a) Ministério das Cidades: tendo como sua competência o saneamento ambiental, programas urbanos, a habitação, trânsito, transporte e mobilidade urbana. O Ministério das Cidades também é o coordenador máximo do Sistema Nacional de Trânsito- SNT e a ele está vinculado o Conselho Nacional de Trânsito- CONTRAN e subordinado o Departamento Nacional de Trânsito – DENATRAN. Cabe ao Ministério presidir o Conselho das Cidades e participação na Câmara Interministerial de Trânsito. b) Câmara Interministerial de Trânsito: constituída por dez Ministérios, tem como objetivo a harmonização dos respectivos orçamentos destinados às questões de trânsito. c) Conselho Nacional de Trânsito: compete a este conselho, dentre outras coisas, o estabelecimento de diretrizes da Política Nacional de Trânsito e as 21 normas regulamentares referidas ao CTB. Vale lembrar que o Conselho é constituído por representantes de sete Ministérios. d) Conferência Nacional das Cidades: prevista no Estatuto das Cidades, é realizada a cada dois anos e tem por objetivo propor princípios e diretrizes para as políticas setoriais e para a política nacional das cidades. e) Conselho das Cidades: colegiado constituído por representantes do estado em seus três níveis de governo e da sociedade civil - 71 membros titulares e igual número de suplentes, e mais 27 observadores -, tem por objetivo estudar e propor diretrizes para o desenvolvimento urbano e regional com a participação social. f) Departamento Nacional de Trânsito: tem por finalidade a coordenação e a supervisão dos órgãos delegados e a Política Nacional de Trânsito. Órgão executivo máximo da União, cujo dirigente preside o Contran. g) Câmaras Temáticas: são órgãos técnicos que são compostos por representantes do estado e da sociedade civil e que tem a finalidade de estudar e oferecer sugestões e embasamento técnico para decisões do Contran. Possuem seis Câmaras Temáticas, cada qual com treze membros titulares e seus respectivos suplentes. h) Fórum Consultivo de Trânsito: colegiado constituído por 54 representantes, e igual número de suplentes, dos órgãos e entidades do Sistema Nacional de Trânsito, tendo como finalidade assessorar o Contran em suas decisões. i) Sistema Nacional de Trânsito: conjunto de órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que tem por finalidade o exercício das atividades de planejamento, administração, normalização, pesquisa, registro, licenciamento de veículos, formação, habilitação e reciclagem de condutores, educação, 22 engenharia, operação e fiscalização de trânsito, policiamento, julgamento de recursos a infrações de trânsito e aplicação de penalidades. Atualmente conta com cerca de 1.240 órgãos e entidades municipais, 162 estaduais e 6 federais. Congregando assim mais de 50.000 mil profissionais. Políticas Públicas do Governo Câmara Interministerial de Trânsito Conferência Nacional das Cidades Ministério das Cidades Conselho das Cidades Conselho Nacional de Trânsito Departamento Nacional de Trânsito Câmaras Temáticas Fórum Consultivo Fonte: Ministério das Cidades. Departamento Nacional De Trânsito. Política Nacional de Trânsito; pag. 12. 23 Capítulo III Uso de Álcool no Trânsito Brasileiro 3.1- O Consumo de Bebida Alcoólica. De acordo com Duarte e Stempliuk (2010), foi feita uma pesquisa intitulada Global Status Report on Alcohol, posteriormente publicada pela Organização Mundial de Saúde – OMS, em 2004, onde se estimava em aproximadamente 2 bilhões o número de consumidores de bebidas alcoólicas no mundo. O Brasil ocupava a 80ª posição quando comparado a outros 185 países em termos de consumo anual de litros de álcool puro por habitante com idade superior a 15 anos. No entanto, o mesmo estudo indicava que o País ocupa a 25ª posição em termos do crescimento do consumo de bebidas alcoólicas. Entre as décadas de 70 e 90, o consumo de álcool cresceu mais de 70% no País. Um estudo feito em 2005 intitulado de “II Levantamento Domiciliar sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas” nas 108 maiores cidades do país, aponta o álcool como a substância mais consumida pela população (Senad/Cebrid, 2005).De acordo com esse estudo, 74,6% dos brasileiros entre 12 e 65 anos já consumiram bebidas alcoólicas pelo menos uma vez na vida, o que correspondia na época, a 37.953.000 de indivíduos. Na a faixa etária dos 12 a 17 anos 54,3% dos adolescentes já consumiu algum tipo de bebida alcoólica pelo menos alguma vez na vida, o que correspondia a 4.327.000 jovens, sendo que a proporção entre homens e mulheres era praticamente a mesma. Quando analisada a dependência de álcool, a prevalência foi de 7%, correspondendo a 554.000 jovens, sendo 7,3% para homens e 6,0% para mulheres. É de notório saber que o álcool é a substância psicotrópica mais fácil de ser encontrada e consumida, pois além de ser legalizada, encontramos a bebida facilmente e seu custo é mais barato do que outros entorpecentes. Com isso criou-se uma grande preocupação, por parte do governo em relação ao número de pessoas, em especial os jovens, com problemas de alcoolismo. Nos hospitais psiquiátricos, os casos mais graves de internação estão 24 ocorrendo por problemas envolvendo bebidas alcoólicas, seja por sérias crises de abstinência ou por delírios e crises causadas pelo uso excessivo da bebida. A Organização Mundial de Saúde, (OMS) sugere que sejam tomadas medidas a fim de que se combatam os danos causados pelo álcool como, por exemplo, o de se elevar o preço da bebida, assim como foi feito em relação ao preço dos cigarros. Há evidências claras na literatura científica de que o preço das bebidas alcoólicas exerce influencia no consumo dessa substância. Nessa lógica, quanto menor o preço, maior o consumo de álcool e quanto maior o preço, menor o consumo. Além disso, criar leis onde se limite a idade em que as pessoas podem fazer uso de álcool e principalmente fiscalizar a venda da mesma, evitando que a bebida seja vendida em estradas e rodovias. De acordo com a OMS, quanto menor o acesso às bebidas alcoólicas, menor será o consumo e os problemas relacionados ao uso dessa substância. A tabela abaixo dispõe a idade mínima de venda e de compra de álcool em diferentes países da América. PAÍS Idade Mínima Permitida para Idade Mínima Permitida para Consumo de Álcool Compra de Álcool Argentina 18 anos - Brasil - 18 anos Bolívia - 18 anos Colômbia 18 anos 18 anos México 18 anos 18 anos Uruguai - 18 anos Estados Unidos 21** 21** ** Exceções feitas em alguns estados para o uso com fins religiosos; para o uso acompanhado dos pais, do cônjuge ou guardião legal; fins médicos; em clubes noturnos ou estabelecimentos. Fonte: Centro de Informações sobre a saúde e álcool. 25 Importante lembrarmos que apenas leis não adiantam. Os estabelecimentos de bebidas alcoólicas também devem fazer sua parte, em especial as pessoas que estão ligadas diretamente a venda dessas bebidas, no caso garçons, barman, etc. “(...) A venda responsável de bebidas alcoólicas inclui mudança de atitudes dos estabelecimentos e treinamento do staff de funcionários visando à prevenção ao uso abusivo de álcool. A venda responsável de bebidas é uma medida que pode ajudar no combate ao uso abusivo de álcool e na prevenção dos problemas decorrentes desse uso”. (Moreira JR. 2005) As campanhas de marketing de vendas de bebidas alcoólicas estão cada vez mais agressiva e totalmente voltadas para os jovens. O jogador de futebol, a modelo capa de revista, todos aparecem desfilando com um copo de cerveja na mão passando uma ideia exacerbada de felicidade que a bebida oferece, atraindo cada vez mais adolescentes ao vício. Em alguns países essas propaganda tem até hora para serem exibidas na TV. A tabela abaixo se encontra disposto o status atual das propagandas de bebidas alcoólicas em alguns países da América e da Europa. País Status Brasil A Lei n° 9.294, de 15 de julho de 1996 dispõe sobre a restrição às propaganda de bebidas alcoólicas. De acordo com a lei, fica vedada a veiculação, nas emissoras de rádio e televisão, da propaganda de bebidas com teor alcoólico acima de 13o Gal-Lussac (GL) durante o período compreendido entre as seis e as vinte e uma horas, além de proibir a associação desses produtos ao esporte, à condução de veículos, ao desempenho saudável de qualquer atividade e a imagens ou idéias de maior êxito ou de sexualidade das pessoas. Ademais, há para todas as bebidas com teor alcoólico a autoregulamentação publicitária. Argentin a A Ley Nacional de Lucha contra el Alcoholismo, em vigor desde 1997, dedica um dos seus 23 artigos ao controle da publicidade do álcool. O dispositivo proíbe que a propaganda seja dirigida a menores ou os mostre bebendo, sugira que o consumo de bebidas melhora o rendimento físico e intelectual das pessoas, e utilize o consumo de álcool como estimulante da sexualidade ou da violência. É obrigatória a inscrição, na propaganda, de frases 26 recomendando moderação no consumo e advertindo sobre a proibição da venda a menores de 18 anos. Adicionalmente, há um código de autorregulamentação. Chile O país tem uma nova lei, em vigor desde janeiro de 2004, que regula o comércio de bebidas alcoólicas, fixando inclusive limites de horário para o funcionamento dos bares e lojas nas diversas comunidades. Em relação à propaganda, a lei proíbe somente a indução ao consumo por menores, sem outras restrições de conteúdo ou de associação com o esporte. Adicionalmente, há um código de autorregulamentação. EUA Na esfera federal, a publicidade de bebidas é regulada pelo Federal Alcohol Administration Act. A lei proíbe a associação com atividades esportivas, bem como a utilização de atletas famosos consumindo álcool. Também são vedados: o direcionamento a menores; a associação com maturidade; o uso da graduação alcoólica elevada como um atrativo; e a sugestão de que a bebida tem propriedades terapêuticas ou melhora o desempenho físico. Existem, ainda, leis estaduais e três códigos de autorregulamentação, um para cada ramo daindústria do álcool (cervejas, vinhos e destilados). Espanha A partir de 1990, por força de lei, as bebidas com graduação alcoólica superior a 20º GL não podem ser anunciadas na TV. Adicionalmente, há um código de autorregulamentação e o TWF, Television Without Frontiers Directive (Diretrizes da Televisão Sem Fronteiras) que foi implementado em 1994. O art. 15 da TWF determina que a propaganda de álcool não deva ser especificamente direcionada para menores, associar o consumo de álcool à condução de veículos nem criar a impressão de que o álcool melhora a performance física ou contribui para o sucesso social ou sexual. A publicidade não deve estimular o consumo excessivo ou menosprezar a abstinência e a moderação. Tampouco pode sugerir que a alta concentração alcoólica seja uma característica positiva de uma marca ou bebida. Ademais, leis regionais fazem restrições suplementares. Fonte: Centro de Informações sobre a saúde e álcool. Moreira JR (2005), afirma que a elaboração de campanhas de educação e prevenção feita nas escolas têm se mostrado eficiente na mudança de atitudes e na disseminação de informações sobre o uso de álcool sem, entretanto, alterar o padrão vigente de consumo. Medidas como a melhora da auto-estima dos estudantes e o incentivo de práticas esportivas são exemplos dessas estratégias. Assim, fica nota-se que o impacto dos programas de educação e persuasão tende a ser pequeno e inconsistente. O Autor discorre também que 27 o tratamento do uso indevido do álcool além de toda sua importância na diminuição do sofrimento e da dor de pacientes e familiares, pode ajudar a prevenção de futuros casos da doença na sociedade. Muitos pacientes, juntamente com os familiares, participam de campanhas contra o uso indevido do álcool na sociedade, dando como exemplo a sua experiência, seja ela como usuário, ou até mesmo como vítima de acidentes de trânsito causado pelo uso indevido da substância, como é o caso dos cadeirantes da Operação Lei seca, que circulam pelos bares e locais de grande consumo de bebida alcoólica, falando um pouco de sua historia, e servindo de exemplo vivo de como pode acabar uma noite de excesso de bebida. 3.2- Álcool e Direção. A violência, em específico no trânsito, atinge proporções alarmantes passando a ser uma questão de saúde pública extravasando os limites da segurança pública, levando-se em conta os fatores, políticos e econômicos. Infelizmente, é na área da saúde onde ocorrem as maiores consequências e prejuízos relacionados com o fenômeno da violência urbana, na qual se destacam os acidentes de trânsito. Os acidentes de trânsito despontam como um grave problema de saúde pública. De acordo com pesquisas realizadas pela OMS, Os acidentes de trânsito matam 1,2 milhão de pessoas a cada ano e representam 2,3% do número total de mortes no mundo, tratando-se, portanto, da décima causa de mortalidade mundial. De acordo com Duarte e Stempliuk (2010), a relação entre o uso de álcool e acidentes de trânsito já é bem estabelecida na literatura internacional. O consumo de bebidas alcoólicas, mesmo em quantidades relativamente pequenas, afeta as habilidades cognitivas necessárias para dirigir com segurança (Moskowitz, Burns et al., 1985), sendo que o consumo episódico pesado é fortemente associado a acidentes de trânsito (Cherpitel, 1989; Duncan, 1997; Quinlan, Brewer et al., 2005). Além disso, motoristas alcoolizados têm maior chance de envolver-se em acidentes fatais (Hingson e Winter, 2003). De acordo com o boletim da OMS, para cada 0,02% de aumento no nível sérico de álcool há um aumento 28 de duas vezes no risco de envolvimento em um acidente fatal. Duarte e Stempliuk (2010), explicam que Existe uma correlação linear entre o aumento da alcoolemia e o risco de acidentes de trânsito: a) com alcoolemia de 0,05 – 0,09 MG/dl o risco de acidentes de trânsito é quatro vezes maior; b) com alcoolemia acima de 0,15% o risco de acidentes de trânsito é quarenta e cinco vezes maior (Hingson e Winter, 2003; Kelly, Darke et al., 2004). O álcool não é a única substância psicoativa que influi significativamente nos comportamentos relacionados ao trânsito. As SPA ilícitas – dentre elas a maconha - vêm sendo fortemente associadas a acidentes de trânsito (Fergusson e Horwood, 2001; Kelly, Darke et al., 2004; Blows, Ivers et al., 2005). Segundo dados da OMS, anualmente 1,2 milhões de pessoas morrem em acidentes de trânsito em função do consumo de álcool (OMS, 2004a). Informações do governo francês apontam que 34% dos acidentes de trânsito com morte são causados pelo álcool. Entre a população jovem (entre 18 e 24 anos) este dado sobe para 42% dos acidentes. Os acidentes de trânsito com vítimas também são responsáveis por alto impacto econômico no Brasil: embora representem apenas 14% do total dos acidentes de trânsito em aglomerações urbanas, eles respondem por 69% dos custos totais. Um acidente com vítima custa 11 vezes mais do que um acidente sem vítimas, podendo custar 44 vezes mais se houver morte (Ipea, 2003). Baseando-se ainda nas estatísticas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), observamos que as perdas econômicas advindas dos acidentes de trânsito situam-se entre 1 e 2% do PIB nacional, algo entre R$ 11,67 a 23,34 bilhões por ano. Conforme afirmação de Duarte e Stempliuk(2010), Em 2003, os acidentes de trânsito totalizaram 114.189 internações hospitalares em nosso país, o que significa 15,56% das hospitalizações por lesões e envenenamentos. Além do impacto das perdas humanas, de custos imensuráveis, ainda há o impacto financeiro que este tipo de acidente representa em termos de custos para o Estado. 29 “O melhor exemplo de que a partir de legislação e políticas de fiscalização e controle é possível reduzir a ocorrência de eventos que podem ser evitados são os resultados alcançados com a aprovação e a aplicação da Lei n° 11. 705, de 19 de junho de 2008, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que alterou a Lei n° 9.503, de 23 de setembro de 1997 instituindo o Código de Trânsito Brasileiro, modificando o limite aceito de alcoolemia do condutor de veículo automotor de 0,6 grama de álcool por litro de sangue para zero. Conhecida como “Lei Seca”, a nova lei prevê que o motorista flagrado excedendo este novo limite fica sujeito ao pagamento de multa, perda do direito de dirigir pelo prazo de um ano” (Duarte e Stempliuk 2010) Além do impacto das perdas humanas, de custos imensuráveis, ainda há o impacto financeiro que este tipo de acidente representa em termos de custos para o Estado. Baseado nas estatísticas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), as perdas econômicas advindas dos acidentes de trânsito situam-se entre1 e 2% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, algo entre R$ 11,67 a 23,34 bilhões / ano (valores de 2000). O consumo de bebidas alcoólicas pode ser apontado como um dos principais fatores responsáveis pela alta incidência dos acidentes com vítimas. De uma maneira geral, em muitos países, costuma-se considerar que entre metade dos acidentes com vítimas fatais estão associados ao uso do álcool. Segundo dados do Relatório sobre o impacto socioeconômico dos acidentes de trânsito nos EUA, apresentado pelo Departamento Nacional de Trânsito, , os acidentes de trânsito são responsáveis por cerca de 41.000 mortes / ano, correspondendo a prejuízos de cerca de U$ 230.6 bilhões. Nesse Relatório, a influência do álcool responde por 40% de mortes, ou seja, cerca de 16.000 vítimas fatais, o que representa gastos em torno de U$ 50 bilhões. Abreu,et all (2005) afirmam eu seu estudo que em diversos países existem leis que regularizam o uso de álcool por condutores de veículos e que foram estipulados limites legais de alcoolemia .A alcoolemia permitida em países como Bulgária, Hungria, Polônia, Romênia e Rússia são inferiores a 0,5gramas por litro de sangue (g/l). Do mesmo modo, na Austrália, Finlândia, França, Japão e Suécia, o nível de alcoolemia corresponde a 0,5g/l. Na Bélgica, Canadá, Dinamarca, Espanha, 30 Itália e Alemanha, o nível permitido é até 0,8g/l e nos Estados Unidos, em alguns estados é de 1,0g/l. O novo Código de Trânsito Brasileiro, de 23 de setembro de1997 (Lei n° 9503), em seu artigo 276, estabelece o nível de alcoolemia limite em 0,6 g/l ou o equivalente para outras formas de medidas (etilômetro). As autoras ressaltam ainda que o consumo de bebidas alcoólicas também é apontado em nosso país como um dos principais fatores causais de acidentes. Em aproximadamente 70% dos acidentes de trânsito violentos com mortes, o álcool é o principal responsável. De acordo com estatísticas do Grupo de Socorro Emergencial (GSE) do Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, 30,9% dos motoristas que precisaram de socorro exibiam sinais notórios da presença de álcool no organismo. Lima (2003) chama a atenção para a verdadeira noção do teor alcoólico das bebidas. Não sabemos com exatidão da concentração de álcool que cada uma tem. Portanto ficamos impossibilitados de calcular a real quantidade de álcool que ingerimos. Segundo o autor: Por ser pouco divulgada a noção do verdadeiro teor alcoólico das bebidas é que se deve dar atenção às chamadas “bebidas leves”. É importante observar que qualquer bebida contém a mesma quantidade de álcool puro por dose padrão e, ao beber um copo de 300ml ou uma “latinha” (350 ml) de cerveja, estaremos ingerindo a mesma quantidade de álcool puro, ou seja, em torno de 12 gramas, a mesma quantidade que há em uma taça de vinho ou dose de cachaça /uísque, alcançando a taxa de 0,2g/l (alcoolemia). Portanto, uma pessoa pode atingir 0,6g/l de álcool ao consumir três latas de cerveja ou três doses de uísque, variando um pouco conforme a massa corporal e a sensibilidade ao álcool do organismo. Ainda, a alcoolemia em torno de 0,40,6g/l já pode representar efetivo fator de risco ao provocar manifestações neuro-cognitivas e comportamentais em algumas pessoas a depender de certos fatores individuais. Acima dessa taxa, o álcool pode promover euforia, desinibição, impulsividade, agressividade ou passividade. Tais considerações são importantes noque tange à possibilidade de riscos com níveis mais baixos do que é habitualmente permitido (0,5g/l de sangue). O simples fato de coibir níveis de alcoolemia acima do permitido é insuficiente, em tese, para garantir ausência dos acidentes. Dessa forma, os resultados 31 dependem em grande parte da maneira de implementação de programas de prevenção (Lima,2003). Abreu, ett all (2005), afirma que em 1961, a magnitude alcançada pelos acidentes de trânsito fez com que a Organização Mundial de Saúde escolhesse como tema do ano “Acidentes e sua Prevenção”, com objetivo de chamar a atenção dos governos e das populações para o número crescente de acidentes e sua gravidade. As autoras fizeram um estudo em que se priorizou a mortalidade dos acidentes no trânsito, no período de Dezembro de 2001 à Fevereiro de 2002 na cidade do Rio de Janeiro e que houvesse presença de álcool no sangue . É importante salientarmos aqui que mesmo nos dias atuais é difícil encontrarmos esse tipo de referência acidente de trânsito x ingestão de bebida alcoólica. As autoras ressaltaram que nas pesquisas realizadas pelo IPEA, em nenhuma foi encontrada tal relação. A pesquisa centrou-se no Instituto Médico-Legal Afrânio Peixoto (IMLAP), localizado no centro da Cidade do Rio de Janeiro. Para ele são encaminhadas todas as vítimas fatais envolvidas em acidentes de trânsito, tanto por atropelamento quanto por colisão de veículos motorizado. Os dados foram retirados, segundo as autoras, de análise de 267 prontuários de vítimas fatais de acidentes de trânsito, registrados no IML do Rio de Janeiro no período do estudo. as pesquisas mostraram que o índice de mortalidade no período do estudo estava acentuado na faixa etária de 20 a 29 anos (18,3%) e igualmente para a faixa de 30 a 39 anos, seguido de 40 a 49 anos (16,9%). Esses índices revelam uma população de adultos na faixa etária produtiva e participativa do mercado de trabalho, que é brutalmente retirada do contexto da sociedade como um todo. Verificou-se também que em 67,1% da amostra não foi realizado o exame para detecção da alcoolemia, e em apenas 32,9% dos casos realizaram o exame. Isso acontece, segundo as autoras, porque, apesar de ser um exame de suma importância, ele somente foi realizado nas vítimas que vieram direto da via pública, sendo esta a rotina do IML, no momento da realização do estudo. Logo, o exame só era realizado nas vitimas fatais provenientes do hospital, até as primeiras 24 horas após a morte. De 88 32 registros de óbitos (32,9%) que realizaram teste de alcoolemia, (33%) tiveram testes positivos (acima de 0,6g/l). Porém, é importante observar os casos negativos (67%), que foram abaixo de 0,6g/l. Não é possível pressupor que a alcoolemia fosse zero. Por isso, seria necessário também investigar a presença de álcool no sangue com taxas menores que a permitida em nosso país, já que o índice menor que o índice legal pode modificar significativamente o comportamento de quem ingere bebidas alcoólicas e dirige automóvel. É importante ressaltarmos também, que o álcool atua de forma diferenciada em cada organismo. Uma pessoa que bebe regularmente teria uma maior tolerância ao álcool, ao contrário de uma pessoa que bebe esporadicamente, esta por sua vez teria seus reflexos alterados pela mínima quantidade de álcool ingerida. Além disso, fatores como peso e altura influenciam na tolerância da bebida no organismo. O Código de Trânsito Brasileiro (CTB) estabelece o limite de 0,6 g/l. No entanto em alguns países já ouve uma diminuição desse índice em sua legislação, como é o caso da Suécia (0,2g/l) e do estado da Califórnia, nos EUA, no qual a alcoolemia aceitável para menores de 21 anos é zero. Contudo, apesar dos diferentes níveis de alcoolemia adotados para cada país, na nossa posição é importante destacar que os acidentes relacionados com abuso de álcool, além de mais frequentes, são mais graves (maior taxa de morbidade) e estão ligados à ocorrência de mais vítimas fatais (mortalidade). No Brasil existe um projeto que altera os índices de alcoolemia para zero que ainda está em tramitação. 33 Capítulo IV Fiscalização de Trânsito Como já foi explicitado anteriormente, o trânsito é feito de pessoas, e assim sendo, um organismo vivo que constantemente precisa de educação, regras de convivência, e fiscalização dessas regras. No caso do trânsito, o Código de Trânsito Brasileiro cumpre bem essa meta, necessitando, porém de fiscalização do cumprimento dessas regras, para que se faça cumprir as normas do trânsito. Autuar, fiscalizar e aplicar penalidades, vistoriar veículos, controlar o fluxo de trânsito nas entradas e saídas dos estabelecimentos de ensino situados em conflitos de trânsito, apoiar atividades esportivas, culturais e sociais de interesse público. No estado do Rio de Janeiro o órgão responsável pela fiscalização de trânsito é o DETRAN, Departamento de Trânsito do Estado do Rio de Janeiro, que firma parcerias com outros órgãos, como Polícia Militar Do Estado do Rio de Janeiro, (PMERJ) e a Guarda Municipal do rio de Janeiro, (GM) para atuarem em vias públicas do estado, fiscalizando o trânsito metropolitano e fluminense. Este trabalho limita-se a tratar da fiscalização de trânsito no âmbito da alcoolemia, tema polêmico, que com certeza sugerem outros estudos mais aprofundados. 4.1- A Operação Lei Seca A Operação Lei Seca surgiu, pela necessidade de um controle da mistura álcool e direção. Em todo País milhares de vidas foram perdidas pela imprudência no trânsito devido consumo de álcool. Muitas pessoas acreditam que apenas uma tulipa de chope não irá causar qualquer diferença em seus reflexos, entretanto já foi comprovado que qualquer quantidade de álcool no organismo interfere sim no metabolismo e posteriormente no comportamento do indivíduo, tornando-o mais desinibido, “audacioso”, “corajoso” e é ai que começam os problemas. O surgimento da Operação Lei Seca, foi uma 34 resposta do Governo do Estado à solicitação da própria sociedade devido ao numero de acidentes e vidas perdidas no trânsito no estado. 4.2- Legislação Em 19 de Junho, foi aprovada a Lei 11.705, modificando o CTB denominada “Lei Seca”, onde fica proibido o consumo da quantidade de bebida alcoólica superior a 0,1 mg de álcool por litro de ar expelido no exame do bafômetro (ou 2 dg de álcool por litro de sangue) por condutores de veículos, ficando o condutor transgressor sujeito a pena de multa, a suspensão da carteira de habilitação por 12 meses e até a pena de detenção, dependendo da concentração de álcool por litro de sangue. Entretanto, muitos condutores que ingerem bebida alcoólica antes de pegarem no volante, são beneficiados pelo Tratado de São José da costa Rica, tratado que versa sobre Direitos Humanos, este assinado pelo Brasil, em 1969 , que entrou em vigência em 1978, (pleno período da Ditadura) onde dentre outras normas, trata-se de que nenhuma pessoa é obrigada a criar provas contra si mesmo. Mediante a isso, surge o direito a RECUSA do teste do Etilômetro, pois ao o cidadão que for pego ao volante sob a influência de álcool, em quantidade acima da permitida, é preso em flagrante por crime de trânsito, sendo encaminhado à Delegacia Policial, onde é afixado fiança pelo Delegado de Polícia, que pode chegar até 30 salários mínimos Esta deve ser paga em até 24 horas, do contrário o condutor é encaminhado à Polinter. O condutor que for pego cometendo crime de trânsito, responde a processo criminal. Em 16 de Novembro de 2011 entrou em análise um projeto para o endurecimento da Lei seca em todo País. O projeto determina que dirigir sob o efeito de qualquer nível de álcool passa a ser considerado crime e determina que a prova contra quem se recuse a fazer o teste pode ser feita através de testemunhas, vídeos ou imagens. Em todo país, o etilômetro utilizado é o Alco-sensor IV, que de acordo com O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Instituto de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial - Inmetro através das Portarias Inmetro/Dimel números 189/2003, 152/2004, 032/2006 e 35 Portaria Denatran 28/2004 e 95/2008, aprovaram o AS IV em caráter definitivo como etilômetro portátil, indicador da concentração etílica no sangue pela análise do ar pulmonar profundo. Além da recomendação do OIML R126. Fonte:Ricbo do Brasil Fonte:Ricbo do Brasil Em Maio de 2009 a Polícia Rodoviária Federal, em parceria com o ministério da Justiça e com o apoio do ministério da saúde lançou a campanha para reforçar o conceito de dirigir embriagado nas principais rodovias do país em seu primeiro ano de existência. A campanha foi concentrada nos estados onde havia os maiores índices de acidentes envolvendo alcoolemia. 4.3-A Operação Lei Seca no Estado do Rio de Janeiro A Operação Lei Seca iniciou-se, em torno de muita polêmica em 19 de Março de 2009. A Operação é composta por três órgãos estaduais, a saber: Secretaria de Governo, Polícia Militar e DETRAN. Em cada equipe existem dois coordenadores, o civil, que representa a Secretaria de Governo e é o coordenador geral da Operação, respondendo por toda equipe; o coordenador militar, responsável pela equipe de policiais e os agentes do DETRAN. Os Policiais abordam os veículos e passam todas as informações pertinentes a operação de trânsito. Logo após, os condutores são convidados a realizarem o teste do etilômetro; Os agentes do DETRAN verificam a parte de documentação tanto do veículo, como do condutor e lavram os autos de infração pertinentes ao CTB. A princípio muitas pessoas não aceitavam terem 36 de se submeterem ao teste do “bafômetro”, terem sua habilitação recolhida ou ter seu veículo rebocado a depósito público pela falta de licenciamento. Por ser uma operação em conjunto com o DETRAN, além dos casos de alcoolemia, também são fiscalizadas todas as infrações no trânsito que estão previstas no CTB. Como já citado anteriormente, em caso do teste ultrapassar o valor permitido por lei e extrapolar a esfera administrativa, crime de trânsito, o condutor é encaminhado à Delegacia policial e tem o direito à fiança estipulada pelo Delegado Policial. Em caso de recusa do teste, o condutor tem sua CNH recolhida, e caso o veículo esteja em situação regular, é permitido a apresentação de condutor habilitado para levar o mesmo. É importante ressaltarmos aqui que mesmo com a recusa do teste, o agente do DETRAN conversa com o condutor em busca dos notórios sinais de embriaguez. Estes são lançados no auto de infração para que seja averiguada posteriormente a possível suspensão do direito de dirigir, de acordo com a Resolução 206 do Contran. A CNH é recuperada após cinco dias úteis na sede do DETRAN. No órgão, é aberto processo de suspensão do direito de dirigir por um ano, onde o usuário tem direito a ampla defesa. Caso seja comprovada a direção sob a influência de álcool, é aplicada a medida administrativa de suspensão do direito de dirigir. Existe ainda o teste administrativo, que ocorre quando o usuário sopra o etilômetro e ultrapassa o valor mínimo permitido por lei, ou seja, 0,3mg por litro de ar expelido dos pulmões, porém não alcançou o valor considerado crime de trânsito. A ele é somente aplicado a penalidade administrativa de suspensão do direito de dirigir, logicamente após a ampla defesa, o condutor responderá somente na esfera administrativa. Em ambos os casos é concedido ao condutor o direito a um condutor habilitado para levar o veículo, caso o mesmo encontre-se em situação regular. Na falta de condutor habilitado o veículo é removido a depósito público. Pessoas famosas, autoridades do meio político e jurídico já tiveram sua habilitação recolhida ou seu veículo removido ao depósito na OLS. Os agentes da lei seca são treinados para atenderem a população com urbanidade, cortesia, porém sem distinção, todos são tratados da mesma maneira, 37 respeitando sempre o CTB. Alguns casos, entretanto são polêmicos, como o da delegada de polícia que agrediu um oficial da operação ao ser flagrada dirigido com a CNH vencida, os documentos do veiculo em situação irregular e com os notórios sinais de embriaguez. A Operação Lei Seca atua também com operações com os cadeirantes em diversos pontos da cidade, em especial em áreas de venda de bebidas alcóolicas, como na Lapa, Baixo Gávea, etc. Todos eles estiveram envolvidos em acidentes de trânsito e hoje em dia passam suas experiências de vida as pessoas, como uma forma de conscientizar a todos do resultado de combinar direção e álcool. Além disso, foi lançado dia 29/08 site da Operação Lei Seca, http://www.operacaoleisecarj.rj.gov.br, tendo como objetivo do portal é informar e interagir com a população através de um site oficial. “A intenção é ampliar as nossas ações de conscientização e prevenção junto a sociedade, para isso, estamos lançando o site, o Twitter, o Facebook, além de um canal do Youtube”. (Major Marco Andrade, Coordenador da OLS). Ainda segundo o coordenador geral da OLS, no espaço “colabore” o usuário vai poder, inclusive, ajudar a fiscalização dando informações sobre locais onde há grande consumo de bebida alcoólica. "As pessoas já fazem isso nas palestras que damos. Esse canal vai facilitar esse tipo de integração", explica Andrade. Outra área de serviço do site é o espaço ‘Como eu vou’, integrado com a Fetranspor, onde a pessoa digita qual meio de transporte vai utilizar e o site dá as melhores alternativas para chegar ao destino. Abaixo banners e imagens extraídas do 38 site, produzidos pela equipe Fonte: http://www.operacaoleisecarj.rj.gov.br/colabore/ de educação no trânsito. 39 Banner da Campanha Até agora o DETRAN já suspendeu quase duas mil habilitações envolvendo alcoolemia e esse número tende aumentar. De acordo com reportagem do Jornal O Globo, em apenas um ano, o número de pacientes vítimas de acidente de trânsito no Hospital Municipal Lourenco Jorge, na Barra, caiu em aproximadamente 32%,reduzindo o numero de 3.800csos em 2009 para 3.683em 2010. De acordo com a reportagem, as quatro maiores emergências públicas da capital tiveram redução de 13% do total de acidentes. 4.4-Lei Seca em Números Atualmente a Operação Lei seca é composta por dez equipes, que atuam na região metropolitana do Rio, Niterói, São Gonçalo, Baixada Fluminense e atualmente em alguns municípios do Estado, em caso de grandes eventos na cidade. Além da equipe de educação (cadeirantes) que faz o trabalho de conscientização. O local de escolha dos pontos é feito através de pesquisas do número de acidentes e do horário de incidência dos mesmos que ocorre geralmente a partir das 21 horas até às 06 da manhã. De acordo com a Secretaria de Governo, obtemos os dados abaixo referentes à estatística de vítimas de trânsito no RJ de acordo com o horário estipulado 40 acima: Logo abaixo teremos uma tabela com os resultados obtidos pela OLS no mês de Agosto/2012: Condutores abordados 30.003 Multas 6.922 Veículos removidos 966 CNH recolhidas 2.677 Teste com etilômetro 23.996 Condutores habilitados 3.243 Recusa do Teste 2.754 Testes no índice permitido 23.851 Testes administrativos 111 Criminais 34 41 Considerações Finais Após a pesquisa podemos concluir que grande parte dos acidentes de trânsito são causados pela combinação direção e álcool. O índice de vítimas nos hospitais, em maioria aos fins de semana, eram vítimas de trânsito com sintomas de embriaguez. A lei 11.705, mais conhecida como “Lei seca”, altera os artigos 165, 276 e 277 do CTB, passando a considerar crime de trânsito, como já ocorre em diversos países, dirigir sob a influência de álcool. A Operação Lei seca foi a iniciativa dada pelo Governo do Estado para reduzir o número de acidentes de trânsito, trazendo o conceito de fiscalização de trânsito em conjunto com a Secretaria de Governo, Polícia Militar e DETRAN, com o intuito principal de salvar vidas a partir da fiscalização das vias públicas, realizando o “teste do etilômetro” e promovendo a educação para o trânsito. Os dados aqui apresentados mostram que a iniciativa é válida e tem dado resultados, com a diminuição dos acidentes de trânsito. Muitas pessoas aderiram à campanha, criando a figura do “condutor da vez”, ou deixando seus veículos em casa ao saírem para beber. É claro que a sociedade tem de colaborar e ainda falta conscientização de muitos condutores que ainda pensam que “uma latinha” não vai fazer mal. É necessário a ajuda de todos, governo e condutores para que possamos combater os acidentes e salvar vidas no trânsito. Um leito de hospital que poderia ser utilizado por quem realmente precisa, pode está ocupado com pessoas que vieram da “balada” e excederam na bebida. Os gastos do Governo com esse tipo de acidentes são enormes, principalmente porque na maioria dos casos há sequelas, o que comprometem profissionais, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e psicólogos, além de ajuda familiar e de uma série de fatures que poderiam ser evitados se as pessoas se conscientizassem que a partir do momento que elas dirigem sob a influência de álcool, elas estão cometendo crime de trânsito, pois estão colocando vidas em jogo, além da sua própria. A OLS desde sua criação conseguiu reduzir os índices de atendimentos a vítimas de acidente de trânsito nas Emergências dos grandes hospitais do Rio de Janeiro. Sabemos que 42 existem muita discussão sobre a Operação Lei Seca e seus métodos, além das Políticas de Governo em relação ao Trânsito, discussões essas que devem ser discutidos em trabalhos posteriores. 43 Referências Bibliográficas. Abreu, Angela Maria Mendes; Lima, José Mauro Braz; Alves, Thais de Araujo. O Impacto do Álcool na mortalidade em acidentes de trânsito: uma questão de saúde pública. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem N. 10, Abr. 2006, pág. 87-94. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/ean/v10n1/v10n1a11.pdf>. Acesso em 21 Ago. 2012. BRASIL. Portaria Denatran N. 95, de 02 de Outubro de 2008. Dispõe sobre as especificações do etilômetro. Departamento Nacional de Trânsito, Brasília, 2008. Disponível em:<http://www.denatran.gov.br/download/Portarias/2008/PORTARIA_DENAT RAN_95_08.pdf>. Acesso em 21 Ago. 2012. BRASIL. Portaria N. 28, de 29 de Novembro de 2004. Dispõe sobre a Homologação, em caráter definitivo, o etilômetro da marca Intoximeters. 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