PROGRAMA DE ESTUDOS DO PORTUGUÊS POPULAR DE SALVADOR – PEPP
INQ Nº 03 – Mulher – idade: 17 anos – Escolaridade: 2º Grau
DOCUMENTADOR: Constância Souza
DATA: 20/05/1999
TRANSCRIÇÃO: Alessandra Fontoura
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DOC : Quando você era pequena, o que é que você se lembra, o que é que as pessoas
diziam de você, como você era?
03:
Bem, quando eu era pequena eu morava ali no dezenove BC, no shopping M um, eu
era muito mimada.
DOC : Sim.
03:
Eh, tinha a fama de tagarela, que eu acho que eu não era, era muito protegida por
minha mãe, de meu pai eu tinha um certo receio assim, porque ele trabalha
embarcado na Petrobrás, ele passa quinze dias fora e vinte e um dias em casa, aí
tinha muita dificuldade de me, de me adaptar com ele quando eu era pequena, eu era
mais apegada a minha mãe do que a ele.
DOC : E ele viajava é?
03:
Hum, hum.
DOC : Passava assim quanto tempo fora?
03:
Quinze dias trabalhando e vinte e um dias folgando.
DOC : Oxe. Aí em função disso você acha que você ficou mais apegada com sua mãe.
03:
A minha mãe, agora que está tendo mais um, aproximação entre eu e ele, mais
liberdade, antigamente era assim medo, medo dele, (...inint...)
DOC : Já apanhou alguma vez?
03:
Apanhava muito, que eh, meu pai é meio assim impaciente...
DOC : Hum, hum.
03:
Eh, qualquer bobagem ele está gritando, e criança mesmo ele gritava muito, era mais
assim na base da, como é que se diz, você se sentir assim oprimida, não sei.
DOC : Você, mas você achava que ele fazia isso, era mais o jeito dele ou porque era pra
proteger vocês, era pra orientar?
03:
É, primeiro porque a gente só, a pessoa só faz uma coisa como aprende né e a
família dele sempre trataram ele assim, todo mundo, e é o jeito dele, não tem outro
jeito, até hoje mesmo, só que agora a gente leva mais assim na brincadeira, quando
ele está falando alto demais a gente dá risada, eu e a menina lá, mas quando é
criança não, a gente chora logo.
DOC : Assustada.
03:
É.
DOC : Aí você falou de, de surra não é?
03:
É.
DOC : Se lembra assim de alguma?
03:
Eu não lembro assim especificamente porque mas ele batia muito quando a gente
brigava, eu e minha irmã, quando a gente era pequena, que a gente brigava muito,
até agora mudou né, mas antigamente ele batia quando a gente brigava, agora não.
DOC : E as brigas eram por causa de que?
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03:
Geralmente quando ela pegava alguma coisa minha, quebrava, deixa eu ver, pirraça,
é controle remoto de televisão, ela quer um canal eu querer outro, ficar uma
puxando o controle da mão da outra, bobagens (risos), um absurdo isso.
DOC : Qual a diferença de idade?
03:
É, quatro anos, ela tem treze eu tenho dezessete.
DOC : É, e aí você se acha com autonomia...
03:
É.
DOC : Sup, superior em relação a ela né?
03:
É.
DOC : E aí o que é que você faz?
03:
Bem, se eu chego primeiro na televisão, ligo e ela chega depois querendo mudar eu
não deixo de forma alguma, agora se ela já está e eu querendo assistir outra coisa, e
ela fica, não deixa também eu desligo a televisão, aí tiro, não sei que lá, tiro do, do
bocal.
DOC : Da tomada.
03:
Isso, da tomada.
DOC : Da tomada, e aí?
03:
Ela faz a mesma quando é comigo, é quando a gente se irrita que fica, quan, quando
começa a ter corporal, enquanto está falando não acontece nada, mas as vezes uma
dá um ponta pé sem querer aí começa.
DOC : Oh meu Deus do céu (risos)! Mas não tem nenhum momento de afinidade não?
03:
Têm muitos, tem, (...inint...) assim que...
DOC : E aí como é que são essas coisas?
03:
Agora que ela está crescendo mais aí está melhor pra gente se aproximar, que a
gente, assim as conversas são mais parecidas, antigamente era mais criança não
tinha muita coisa assim que conversar, hoje a gente conversa mais eh, as atividades
são mais parecidas do que antigamente (...inint...).
DOC : Saem muito juntas?
03:
Juntas não, ela sai mais com as amigas dela.
DOC : Certo, certo, então eu vou pedir pra você voltar, quando você era pequena ver se
você lembra em relação a escola. Como era a escola?
03:
Minha primeira escola foi a São Gerônimo que eu não lembro, eu lembro que tinha
uma farda azul, marrom, só isso, depois eu fui pro Ieda Marquesa, o que eu lembro do
Ieda Marquesa era o parque e uma professora chamada A ... que eu não suportava,
depois eu fui pra o Ana Maria Simões, o que eu lembro de lá? A professora minha
M... que gostava muito de ensinar, terceira série, que ela teve que sair do colégio, a
gente chorou muito na despedida dela, eh, no primeiro dia de aula na alfabetização
que tinha uma musiquinha que, arroz, tam, tam, tam, feijão, batia palma nas comidas,
aí no final dizia rato podre, eu fiquei no, no fim, aí eu não sabia, aí bati palma o rato
podre sozinha na sala, aí todo mundo começou a mangar. Eu lembro de uma festa na
quarta série...
DOC : Rato podre não era pra bater palma.
03:
Não, era só nas comidas, eu não sabia dessa brincadeira, aí todo mundo mangou de
mim, eh, lembro de uma festa de despedida na quarta série, que foi a noite aí
fecharam uma sala aí botaram papel celofane na luz aí ficou parecendo que era
discoteca, eu me diverti muito nesse dia. Só tenho...
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DOC : O que é que você lembra mais, o que é que, como é que foi, o que é que marcou
mais você em escola?
03:
Escola, hum, difícil de falar o que marcou.
DOC : Então está bom, espera aí, eu vou lhe perguntar então outra coisa, em escola você
tinha mais dificuldade, mais facilidade com que disciplina? Pequena, agora o que é
que mudou?
03:
Pequena eu achava dificuldade em nada, eh, até a sétima série exatas, depois da
sétima exatas equilibrada, mas o que eu gosto mais é história, é mais fácil dizer o que
não gosta né, então não gosto de qui, de física, física eu não gosto, português também
eu não, não gosto muito, o que é mais, acho que só.
DOC : Agora em relação por exemplo a professor, atitude de professor, você acha que
antigamente os professores eram mais mandões, hoje ainda continuam, ou se mudou
alguma coisa?
03:
Não, tem exceções né’, que com essa M... mesmo foi uma professora maravilhosa, e
essa (...inint...) ela era mandona, tinha a voz chata, e já me colocou de castigo uma
vez.
DOC : O que é que você fez?
03:
Eh, eu nem lembro quantos anos eu tinha, mas eu era jardim dois, eu acho, eu saí
com um grupo de, de meninas, acho que foi umas três, também não lembro mais
quem eram, fomos pro banheiro em plena aula e pegamos sabonete que estava no
negócio e começamos a lavar a mão e passamos um tempão só lavando a mão com o
sabonete só dando risada, aí ela chegou procurando a gente na sala não achou foi no
banheiro e encontrou a gente lá gastando o sabonete todo lá, aí ela levou pra sala e
botou de, com a cara na parede até o fim do, da aula.
DOC : E aí?
03:
Agora assim...
DOC : A sua mãe soube?
03:
Soube, mas não ligou porque foi bobagem, porque eu nunca fui indisciplinada,
nunca fui assim de fazer bagunça.
DOC : Mas você falou antes que era tagarela né?
03:
É porque quando eu era pequena eu achava que eu não falava muito, porque sempre
fui muito tímida, agora mesmo né, eh, que a minha voz era muito alta, aí agora que
eu morava, morava em, minha mãe morava em terceiro, terceiro andar do prédio, aí
estava lá em baixo brincando e sempre chamava a minha mãe com aquela vozinha
fina gritando...
DOC : Aí gritava.
03:
Aí o pessoal chamava de tagarela, ara, araponga, me chamavam de araponga, acho
que foi por causa disso.
DOC : É araponga por que a voz é mais estridente né? E mudou a voz?
03:
Mudou.
DOC : (risos) Que eu já ia dizer, não estou achando com jeito de araponga agora não. Mas e
escola, briga de, briga em sala menino com menina, já presenciou, já teve isso com
você?
03:
Já, na, de escola mesmo só foi, foi na quarta séria, com uma colega chamada C...,
também não lembro, só sei que teve a briga, agora assim com colega de sala que foi
amiga, muito amiga minha, eh, mas foi na casa dela.
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DOC : Brigou na casa dela?
03:
Não foi assim uma briga, foi uma bobagem que ela fez, que, foi a festa de
aniversário dela, aí estava todos os amigos no quarto dela, porque apartamento
pequeno né, aí só estava os amigos da mãe, do, do pai na sala conversando, e os
amigos dela na, no quarto dela conversando, aí abriram o guarda roupa dela e
pegaram um álbum de fotografias, a gente começou a ver, e ela tem um corpo meio
esquisitinho, todo mundo dando risada ela de biquíni, aí eu peguei com a minha
liberdade, peguei a foto e falei, “olhe M... que coisa horrorosa”, aí ela começou a
xingar e empurrou o meu rosto com um tapinha, e porque sei, por mais fraco que seja,
eh tapa no rosto sempre magoa, aí eu era muito amiga dela mesmo depois desse dia
parei de se falar.
DOC : Até hoje?
03:
Hum, hum.
DOC : Nunca mais se encontraram?
03:
De vez em quando eu vejo ela no ponto do ônibus mas eu viro o rosto (risos).
DOC : Mas na mesma escola ela estuda?
03:
Não, ela saiu do colégio um ano depois.
DOC : E agora, na escola onde você está agora, o que é que você gosta mais de lá, o que é
que você não gosta?
03:
O que é que eu gosto? Do pessoal da sala, do que eu não gosto, não sei.
DOC : Como é a sala? Tem muita gente?
03:
Tem, e...
DOC : Tem mais menino, menina, como é que é?
03:
A quantidade maior é menina, mas de todas as, as turmas que eu já estudei que foi
mais unida foi esse ano, está sendo esse ano, ano passado com o mesmo pessoal, ano
passado e esse ano, pessoal mais unido.
DOC : E aí todo mundo preocupado com alguma coisa agora ou você acha que está todo
mundo só naquela de brincar?
03:
Vestibular?
DOC : Sim.
03:
Tem uns grupinhos né que estão estudando desde o primeiro ano pro vestibular, mas
a maioria que não recebeu o baque ainda né, então não está nem aí, assim entre
aspas, está, mas está lá no fundo, por enquanto agora é só estudar pra passar de ano.
DOC : E aí o que é que você acha disso?
03:
Eh, eu no início do ano estava com o propósito de estudar todo o dia, eu estudei
mais ou menos umas três semanas, um mês mais ou menos depois eu parei, todo o dia
eu estudava o que estava dando e o que ia dar, parei, eu acho, bem, vou dizer assim
normal porque a gente começa a ver as dificuldades no colégio, a gente estuda,
estuda, estuda, consegue alguma coisa aí relaxa mais um pouco, aí pra despreocupar
um pouquinho vestibular que o início do ano estava aquele tensão toda do vestibular,
vestibular, vestibular, agora já não estou tão assim.
DOC : Já acalmou mais né? Mas em relação por exemplo a atitude dos professores você
acha que eles estão empenhados, preocupados com o ensino?
03:
Estão.
DOC : São preparados?
03:
São, alguns vacilam mas são.
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DOC : Me, me, me converse um pouquinho mais sobre isso, quem é que você acha que tem
mais problemas e porque? Pode até não dizer, não se preocupe com nome não.
03:
Professor (...inint...)
DOC : Não se preocupe com dizer nome não.
03:
Professor de matemática, que ele as vezes não consegue passar (...inint...), a pessoa
pergunta, ele as vezes não sabe tirar a dúvida da pessoa, sabe que ele sabe mas eh,
não sei se é dificuldade de passar, deixa eu ver...
DOC : E o contrário, quem é que você acha que é mais espontâneo?
03:
(risos) Eh, (...inint...), ah meu Deus, é que sabe ensinar mesmo, sabe passar pro
aluno, o professor de história, fora a prepotência, a professora de redação e
português ela ensina muito bem, só que ela tem aquele, o ego dela é muito grande,
tem o professor de biologia.
DOC : Já vi que você não gosta dessa outra professora né?
03:
Professor de química, eh, professor de química, Q..., agora não é o casa de não
gostar que, o caso dela é o seguinte, está me incomodando então saia, eh, ela fala com
os alunos como se ela fosse, superior ela é, mas ela fala de um jeito muito arrogante,
ela age como se fosse a toda poderosa.
DOC : Então você acredita que um professor deva ter então que qualidades?
03:
Acima de tudo não ser como ela, ter um pouco mais assim, (...inint...) tratamento
fechado com os alunos mas ter um pouquinho mais de abertura como os professores
que eu falei o de história, e o de biologia, conversar, bater papo, falar sobre a vida,
eh, saber ensinar, com certeza, e saber impor respeito mas não de, de forma dura,
alguns pensam que tem ser assim.
DOC : E a escola, ela proporciona assim coisas mais agradáveis, brincadeiras, passeios,
alguma coisa que agrade mais vocês?
03:
Hum, hum, tem todo o início do ano tem o projeto sítio que vai pra clubes, (risos),
tem as excursões da oitava série, do segundo e do terceiro ano, e tem terceiro ano e
segundo ano aula de biologia tem algumas aulas que são fora, eh, ilha de Maré, eh,
esse ano vai ter pra a praia que tem a tartaruga, eu esqueci.
DOC : Praia do Forte.
03:
Praia do Forte, e ano, esse ano teve de história pra conhecer (...inint...) quatrocentos
e cinqüenta anos de Brasil, conhecer a visão assim de Salvador, a visão marítima, a
gente pegou uma escuna aí fomos pra ilha dos Frades, depois fomos pra ilha de
Itaparica e voltamos, isso tudo com uma guia dentro do barco explicando a, o que
acontecia, as coisas, os pontos principais da cidade, visto do mar.
DOC : Aproveitaram também pra tomar banho?
03:
Isso.
DOC : Que professor que levou?
03:
Eh, de história.
DOC : E se comportaram direitinho ou aconteceu algum problema na viagem?
03:
Não.
DOC : Agora fora essas atividades você falou em bio, biologia, atividades mais para
estudar a ecologia né?
03:
Hum, hum.
DOC : E o que é que vocês fizeram lá na Praia do Forte?
03:
Na, a gente foi na ilha de Maré, Praia do Forte é esse ano, na ilha de Maré a gente,
que a gente estava dando sobre, eh, laços do reino animal, a gente foi coletar assim
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esponjas, algas, alga (risos), esponjas, algas, alguns, tudo quanto foi assim animal
assim marítimo a gente estava coletando, pra a gente fazer os, nos potezinhos colocar
álcool, botar eh, o nome, o filo e a, e a classe.
DOC : O filo? O que é o filo?
03:
Filo, (...inint...), não sei eu não lembro.
DOC : Não lembro, você me disse que é pra botar o filo, eu não sei o que é filo.
03:
Filo.
DOC : Deixa pra lá, deixa pra lá, me conte aí o seguinte, você já foi na escola injustiçada
por alguma coisa que você não fez e acusaram você?
03:
Não, quer dizer uma coisa que eu achei injustiça foi a professor de geografia, esse é
outro que puxa muito pelo ego dele, eh, muitos alunos já tiveram problema com ele,
não fui a única, todo o ano tem um, uma boa quantidade de alunos que brigam com
ele, e no meu caso não foi nem briga, primeiro dia de aula ele entrou na sala, eu
estava com um, um, uma cartolina, estava todo mundo da sala assinando pra uma
colega da gente que tinha repetido o ano e saiu do colégio, aí eu estava só
escrevendo, aí ele virou pra mim e falou assim, eh, “eu vou começar a aula, guarde”,
eu, “espera aí, que eu já estou terminando”, ele, “eu já vou começar guarde”, eu,
“professor eu não tenho lugar pra guardar”, que era uma cartolina eu não podia
dobrar e guardar dentro da mochila, e ainda estava escrevendo, só se colocar
debaixo da cadeira, ele, ele falou, repetiu de novo, “vou começar a aula, guarde”, eu,
“professor eu não vou guardar porque eu não tenho lugar pra guardar”, ele, “então
saia da sala”, eu saí como foi assim a primeira vez que algum professor mandou eu
sair da sala, tomei aquele susto né, chorei muito, fui na disciplina, falei, só que não
adianta que parece que eles têm medo do professor, tudo quanto é aluno que briga
com ele que vai falar com a disciplina não adianta em nada porque parece que tem
medo do professor, e todo mundo que sai fala a mesma coisa, eu achei isso uma
injustiça.
DOC : E já aconteceu com alguém que você tenha, (...inint...) de injustiça, com outra
pessoas que vocês tenham se colocado a favor, tentaram ajudar essa outra pessoa em
alguma coisa? Já aprontaram alguma brincadeira com um professor?
03:
Não, nossa sala não, mas no colégio já, foi esse mesmo professor.
DOC : O que é que fizeram com ele?
03:
Eh, acho que foi turma da tarde, coloram, botaram super bonder na cadeira dele, aí
ele sentou e ficou com as calças coladas no, na cadeira.
DOC : Quanto tempo?
03:
Não sei (risos), também não tenho detalhes, soube detalhes dessa, dessa história, sei
que teve isso, e ele ficou com a calça toda colada.
DOC : E isso acabou como?
03:
Não sei também, só fiquei sabendo disso.
DOC : Que teve essa história. Mas do tipo assim, coisa de apagar luz, alguém roubar a
prova do outro durante, durante uma prova.
03:
Não, não tem nada disso não.
DOC : Não.
03:
Não.
DOC : Ah, são bem comportadinhas né?
03:
Eu?
DOC : Sim, são bem comportadas.
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03:
Ah é.
DOC : Em escola pesca, como é que é essa história de pesca?
03:
Pesca muito.
DOC : Existe ou não existe?
03:
Com certeza, demais.
DOC : O que é que, o que é que acontece com mais freqüência?
03:
Com quem acontece?
DOC : Não, o que, não se preocupe com quem.
03:
Pra pesca.
DOC : É pra pesca.
03:
Eh, normal, falar, pedir no meio da, do teste, da prova, ou então papeizinhos, botar a
questão no papel e manda, eh, tudo conhecido já, borracha, deixa eu ver, eh, sinais
com o dedo, cada dedo é uma letra.
DOC : E os professores não vêem isso não?
03:
Se vêem não percebem, ou se percebem as vezes reclama, percebem.
DOC : Você acha que eles fazem de conta que não estão vendo é?
03:
As vezes sim.
DOC : Por que isso?
03:
Eu acho que eles ficam com pena, está vendo que a pessoa não está conseguindo
fazer nada, entregar a prova em branco, não tem como ele ficar, ficar o tempo todo,
eh, reclamando também, e é coisa de, de não criar confusão, de tomar prova de um
aluno, aí ter aquela confusão, aquela rebelião, rebelião toda na sala, eu acho que é
mais por isso.
DOC : Mas acontece muito do professor tomar prova de aluno?
03:
Não, até hoje só vi um caso lá no colégio.
DOC : Hum.
03:
Foi um colega meu.
DOC : O que foi que ele fez?
03:
Pescando, a professora já tinha reclamado com ele, aí ele continuou, ela foi e tomou
a prova.
DOC : E ele se revoltou?
03:
Eu não sei, mas eu acho que não, acho que é a natureza dele mesmo não.
DOC : E o que você acha disso?
03:
Tomar a prova?
DOC : Sim.
03:
Desde que avisem antes né, eu acho certo.
DOC : Você acha que ele estava certo pescando?
03:
Bem, certo não está né, mas na hora do sufoco, tirar nota baixa, ficar em
recuperação, aí pesca (risos).
DOC : Ainda dentro dessa questão de escola, pequena e de pequena até agora, as, as fardas,
você acha que elas evoluíram, mudaram um pouco, ou continuam feias ou são
bonitas? O que é que você acha das fardas?
03:
O único colégio que eu estudei que eu gostei da farda foi o Ana Maria Simões, que
era a calça e a blusa somente, porque no, no São Gerônimo que eu lembro era farda,
a farda era uma saia marrom, no (...inint...) Marquesa era saia também, saí do, do
Ana Maria Simões pra entrar no Adventista que é saia também, e é melhor calça.
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DOC : E vocês já reclamaram isso na escola já que a maioria usa calça?
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Já, e mudaram até esse ano, eh, pra liberaram a calça masculina pras mulheres esse
ano, não podia antigamente, mas ir de calça jeans não.
DOC : Por que?
03:
Quem sabe, quem é que discute?
DOC : É, a questão da religião?
03:
Acho que com a religião também porque se, até mesmo porque eles não botaram
assim um modelo feminino pra calça masculina? E a mulher fica com um corpo feio
porque a calça é toda folgadona, e eles devem proibir também porque causa jeans,
sim, aí umas vão com a calça lá em baixo, outras vão com a calça toda manchada,
outras com a calça toda lascada, toda apertadinha, e por causa da religião também né,
(...inint...) sensualidade.
DOC : Está pecando.
03:
É.
DOC : E as professoras lá podem ir de calça?
03:
Professoras, não, só quem usa calça é educação física, o resto é tudo saia.
DOC : Porque já é praticamente o uniforme de trabalho né?
03:
Hum, hum.
DOC : Está certo, mas eu quero ainda agora saber o seguinte, você me falou que eh, nas
férias costuma viajar, e falou geralmente pra onde?
03:
Pra Alagoinhas.
DOC : Pra Alagoinhas e?
03:
Feira de Santana eu só fui duas vezes.
DOC : E Feira de Santana. E, geralmente em férias, o que é que você faz geralmente em
férias, vai em casa de quem.
03:
Feira é uma casa de um, de um tio meu que se mudou daqui e foi morar lá em Feira,
ele e a família, a gente só vai, eu só foi duas vezes lá pra visitar, agora em Alagoinhas
é a minha tia, L... que é a minha prima, e o marido dela e outra que é, (...inint...) ia
começar agora, agora não está com três anos, V... e a gente foi, sempre foi muito, foi
muito ligados, desde pequena, aí eu passo as férias porque ela geralmente não pode
passar aqui, porque as vezes ela fica em recuperação...
DOC : É?
03:
Aí tem que ficar lá, agora muito não, mas antigamente sim, aí fica lá, aí eu ia mais lá
agora eu, no ano passado eu fui.
DOC : Sim, o que é que vocês fazem normalmente nesse período?
03:
Lá em Alagoinhas? A gente sai muito, porque lá em fim de ano chega um parque...
DOC : São muitos, são muitos primos?
03:
É, são muitos, não sei muito o número assim, mas são muitos.
DOC : Mais de dez?
03:
É, tanto até assim que fim de ano geralmente em natal, quando se reúne todo mundo,
eh, a casa fica lotada de gente.
DOC : Isso lá no interior.
03:
É, na casa de minha tia.
DOC : Certo, e aí numa dessas reuniões, festas, o que é que é mais freqüente?
03:
De acontecer?
DOC : Sim.
03:
Freqüente é o tradicional churrasco.
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DOC : Churrasco.
03:
Churrasco.
DOC : Mas eu cortei você, você falava das férias né, e falava que vocês eram muitos
primos e o que é que vocês fazem mais nas férias?
03:
Eh, quando a gente se reúne, que está todo mundo junto assim geralmente é em
Alagoinhas todos os primos juntos, eh, nesse fim de ano, é sempre fim de ano, época
de dezembro, tem um parque que chega lá, a gente vai pro parque, eh, pra igreja, a
igreja de minha tia, pra o sítio, o sítio que foi de meu tio, que ele vendeu mas o
pessoal que cuida da casa, o novo dono é muito amigo deles a gente fica lá passa o
dia, é o balneário, é um rio que, uma represa, que fizeram tipo uma piscina, com
chuveiro da água do rio mesmo.
DOC : E é bom?
03:
É, é ótimo.
DOC : Mas a água do rio não falam que é pesada?
03:
Não, não lembro não, mas eu tenho um pouco de medo porque é escura.
DOC : Ah...
03:
Eu não sei o que está lá dentro, não sei o que é que está me olhando (...inint...) lá
dentro, bicho, eu morro de medo, aí eu fico mais na beira, (...inint...)...
DOC : E existem, existem muitos casos assim de, de bichos ou de mortes no rio?
03:
Tem, até cobra.
DOC : E contam, cobra?
03:
Isso, no rio que eh, perto desse sítio, aí só que agora modificou tudo né, fizeram a
represa e fizeram o balneário, mas antigamente era uma rio livre, ficava todo mundo
nu lá, nesse rio eh, a gente nadava muito quando a gente era pequeno, assim na
idade de, de nove anos, aconteceu muitos casos de crianças morrer.
DOC : Ave Maria! Amigos seus?
03:
Não, minha prima que conhece porque ela é de lá, ela conhece as pessoas todas da
roça, mas a gente não conhecia não.
DOC : Mas mesmo assim vão pro rio?
03:
Hum, hum.
DOC : Porque no interior não tem muita coisa pra fazer né?
03:
Hum, hum, de ter até tem, tem muita festa lá, tem vez que não vai pra festa.
DOC : Agora uma outra coisa que eu sei que você faz muito aqui em Salvador, que é, é a
sua atividade principal na igreja, eu sei que você coordena um grupo, como é, como é
que você faz, o que é que você faz lá?
03:
Eh, as coreografias é em músicas evangélicas que a gente faz os passos em cima da
letra da música, e eu faço para os adolescentes e também apresento, aí ensino a eles e,
ensaio, e na apresentação todo mundo apresenta.
DOC : E quem inventa praticamente tudo?
03:
Eu nunca tive assim a oportunidade de inventar coreografia toda, assim que eu fui,
participei de uma campanha evangélica que eu aprendi muitas coreografias lá, aí
peguei essas coreografias que eu já aprender, que eu aprendi e coloquei os passos,
tirei os passos que eu não achava bonito e coloquei outros que eu criei de algumas
coreografias.
DOC : Você saiu fazendo uma mistura né?
03:
Isso.
DOC : Mas só com o que você já viu ou você criou algum novo?
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DOC :
03:
DOC :
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Como assim?
Você criou algum passo novo, alguma coisa que não existia antes?
Hum, que geralmente assim é tudo igual eh, os gestos, mas já.
Já.
Não nesse grupo mas em outro grupo, que é o grupo dessa minha prima, que ela
ensina coreografia também na igreja, aí nós duas criamos, fazer coreografia eu só fiz
com ela, que ela tem um grupo lá também.
DOC : Mas eu falo aqui...
03:
Agora da que, da que eu ensino não.
DOC : Aqui em Salvador você organiza.
03:
Isso.
DOC : Não é?
03:
Mas fazer as coreografias não, só modifico alguns passos.
DOC : você coordena assim um grupo de quantos adolescentes?
03:
Não sei a (...inint...) mesmo, mas deve ser, aproximadamente vinte, contando do
grupo antigo que foi (...inint...) foi muita gente, aí chegou entre quinze e vinte, por
aí.
DOC : Você está fazendo alguma atualmente?
03:
Estou.
DOC : É sobre o que?
03:
Eh, como posso dizer, o amor de Jesus por nós.
DOC : Sim.
03:
Que as pessoas eh, sabem a verdade, eh, que Deus, que Jesus deu a vida dele pra
salvar nossas vidas e não estão nem aí, eh...
DOC : Você acha que as pessoas são um pouco desligadas da religião?
03:
Isso, isso, Jesus exi, Deus existe, ele é do bem, ele está comigo, mas não estão nem
aí se ele está comigo ou não.
DOC : você percebe isso com os seus colegas na escola?
03:
Percebo, teve uma semana geração agora mesmo que, tem um grupo, sempre tem o
grupo dos pagodeiros né?
DOC : Hum.
03:
Tem o grupo que gosta muito de pagode, e todas essas pessoas do grupo de pagode
aceitaram Jesus nesse dia, mas não vamos julgar assim os atos, mas eles continuam
a mesma coisa, coisas assim que na bíblia condena como eh, palavrão, eles
continuam, eh, bebendo continuam também.
DOC : Mas esses que fazem isso são ligados a igreja, não né?
03:
Não, só nesse dia mesmo da, da semana geração, que foi uma semana de pregação.
DOC : É que eles participaram.
03:
Isso, (...inint...).
DOC : Seus colegas da, de escola com essa faixa de idade eles bebem?
03:
Bebem.
DOC : Mesmo estudando em colégio...
03:
Tem as exceções, mas tem.
DOC : No colégio religioso?
03:
Tem, no colégio não, mas dia de sexta feira mesmo alguns vão ali pra praça tem uns,
umas barracas na praça, aí junta com as outras salas e ficam bebendo.
DOC : Em Nazaré?
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DOC :
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DOC :
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Isso, festas também vão todo mundo junto e bebem.
Oxe.
(..inint...)
E vocês reclamam, falam alguma coisa que não está certo? Ou se calam?
Os únicos que eu, que eu reclamo são os mais próximos né, foi o caso do M... ele
saiu da sala e só. M... eu pedi pra ele parar de beber, “ah rapaz que nada, (..inint...)”.
DOC : Mas a escola orienta sobre essas coisas, sobre bebida, sobre droga, orienta,
conversam com vocês sobre isso? Você acha que a escola cumpre esse papel ou ela é
omissa?
03:
Assim, de movimentar o colégio todo não, alguns professores que chegam lá, você
tem mais abertura que conversam, que falam, mais de movimentar o colégio todo não.
DOC : Mas o, o tipo, os textos por exemplo que os professores levam, professor de
português por exemplo leva textos desse tipo pra discussão, pra debate?
03:
Professora de religião, agora não, mas ano passado assim ela, ela fazia muitos assim
debate sobre aborto, drogas e outros temas assim polêmicos.
DOC : E vocês se posicionavam?
03:
Hum, hum, fazia trabalhos, cada pessoa ficava com um, um assunto, aí fazia
apresentações, eh, lia revistas, botava os, os resultados, o que é que acontecia com
as pessoas, essas coisas.
DOC : Pra conscientizar.
03:
Hum, hum.
DOC : E esses assuntos, essas coisas que são mais polêmicas como você falou, você discute
em casa? Ou quase nada?
03:
Eu converso mais com a minha mãe sobre essas coisas, com o meu pai quase nunca,
mas de minha mãe sim.
DOC : E com a sua irmã?
03:
Com minha irmã, porque pra essas coisas eu acho que a mente dela ainda não abriu
pra falar sobre essas coisas.
DOC : Ainda está muito novinha.
03:
É, então não fala muito.
DOC : Mas você não fica preocupada em querer orientar já que ela está novinha, você não
sente essa preocupação?
03:
Claro, algumas bobagenzinhas mesmo que ela fala que nessa fase, fase dos treze
anos né, é aquela fase do despertamento do sexo oposto, quando eu vejo que ela está
muito assanhada assim em algumas coisas, “E... não”, as vezes ela está botando
(..inint...) nosses vizinhos, as amigas dela mesmo eh, tem o costume de usar roupa
muito curta, lá em casa a gente não gosta das amizades dela, aí a gente fala, “E... esse
pessoal não, E... essa roupa não, esse jeito não”.
DOC : E as suas roupas como é que são? Já que você falou que não pode usar, ela não, ela
não deve usar roupas curtas, as suas são curtas?
03:
Não.
DOC : O que é que você gosta mais?
03:
Eu não gosto de mini, eu gosto mais, eu gosto de calça jeans, eu gosto de camiseta,
de saia eu, malmente eu uso saia, só pra ir pra igreja as vezes.
DOC : E praia?
03:
Gosto muito de praia, assim, vou.
DOC : Mas na igreja não pode ir de biquíni né?
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03:
Pode sim, agora assim nos acampamentos, nos passeios da igreja aí que não usa, só
usa maiô, e homem short.
DOC : Você vai freqüentemente aos acampamentos?
03:
Eh, eu ia.
DOC : Ia.
03:
Ano passado teve três acampamentos que o meu pai não deixou eu ir, porque, por
causa do namorado, ele não, vamos dizer assim...
DOC : O namorado vai, o namorado vai pra o acampamento.
03:
Isso, vamos dizer assim que ele não confia, mas como ele mesmo disse, (..inint...)
não confiava, esse negócio de deixar muito queijo perto do rato não dá certo (risos),
aí não deixa.
DOC : Quer dizer que depois que você passou a namorar não vai pra acampamento.
03:
É, não.
DOC : É melhor acabar com o namoro né?
03:
(risos) Não.
DOC : Não? O que é que faziam mais no acampamento?
03:
Acampamento, eh, de manhã culto, café, culto, aí tinha o período de almoço, depois
de almoço tinha o de lazer, (..inint.../superp) de piscina
DOC : E como eram as brincadeiras?
03:
Eh, meninos futebol né, o tempo todo futebol, menina nem tanto, menina eu acho
que fica mais, na época no bate papo, no vôlei, no dominó, os homens só futebol.
DOC : Tem algum esporte que você pratique?
03:
Eh, dizer assim, de praticar muito não, mas o que eu mais gosto é handebol.
DOC : Gosta mais de assistir.
03:
Handebol.
DOC : Sim você pratica, você está no meio, joga?
03:
Sim, em educação física sim.
DOC : Ah, e natação?
03:
Natação, eu nadei mas eu parei ano retrasado, ano passado, eu parei ano passado,
pra esse ano eu entrar na academia, eu gosto de nadar, também não competindo.
DOC : Qual foi... E qual foi o motivo da troca?
03:
Eh, cabelo (risos).
DOC : Sim.
03:
Cabelo não tava, não estava dando certo.
DOC : Estava estragando.
03:
É, e também que o resultado mais rápido do corpo, e na academia é mais rápido.
DOC : Está com pressa?
03:
(risos) Antes que despenque tudo né?
DOC : Oxente. Vai demorar pra despencar, ainda está muito novo (risos). Sim, e me conte
assim, em termos de viagem, sem ser essa de férias você tem alguma coisa especial
que você gostaria de fazer?
03:
Viajar, eh...
DOC : Existe assim a chamada viagens do sonho?
03:
Tem.
DOC : Qual é?
03:
Paris.
DOC : Paris. Você imagina que vai, sim...
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03:
É, a que era do sonhos já, já realizou né, mas a que eu, o que eu prefiro assim do, de
viajar pra outros países Paris, mas eu tenho vontade de conhecer outros estados, que
eu não conheço nenhum estado assim fora da Bahia, do Brasil não.
DOC : O que é que você imagina que você vai encontrar em Paris?
03:
Eh, eh, tudo quando é filme né, até propagandas também diz que a cidade é muito
romântica, tem aquele clima assim friozinho, os lugares, eu imagino isso, (..inint...)
DOC : E Disney que todo mundo é assim encantado pela Dis, Disney World você tem
pretensões?
03:
Eu imaginava que seria uma coisa assim maravilhosa, como foi né, (..inint...) disse
era a viagem dos meus sonhos, foi bom mas eu acho que só duas coisas que eu não
gostei que foi o grupo, que geralmente a ex...
DOC : Você foi quando?
03:
Fui ano passado em junho, não, ano passado não ano retrasado, em noventa e sete,
junho de noventa e sete, eh, os adolescentes do grupo, as pessoas que têm mais
dinheiro eh, metidos, e também muita gente, os parques gente demais, você não
consegue andar direito, um sol quente horrível, muita fila, as vezes até desanima pra
ir nos brinquedos porque muita fila, você passa quarenta e cinco minutos numa fila
num brinquedo de dez minutos, as vezes não compensa, mas no geral foi bom.
DOC : Foi presente de quinze anos.
03:
Foi quinze anos.
DOC : Foi caro?
03:
Mais ou menos uns cinco mil reais.
DOC : Poxa! (risos) É agora é se preparar pra ir pra Paris né?
03:
É (risos) com meu dinheiro, se depender de meu pai não.
DOC : Mas aí começar a colocar esse sonho, a meta né? Então quais são os próximos, a,
digamos assim, os próximos planos?
03:
Primeiro passar no vestibular, depois disso não sei, só Deus sabe.
DOC : Esperar, e venha cá, e mais adiante quando tiver filhos, o que é que você imagina
que, que tipo de futuro você quer construir pra eles?
03:
Eh...
DOC : Que tipo de educação você quer dar a eles?
03:
Eu falo sempre muito com André que eu gosto dos pais que eu tenho, mas eu tenho
medo de no futuro repetir as mesmas bobagens que ele fazem, tudo que a gente faz é
o que a gente aprende como eu já disse né, e da mesma forma de alguma, que
algumas vezes meu pai me trata ou minha mãe me trata eu tratar um filho meu, não,
que as vezes eu não gosto, isso que eu tenho medo.
DOC : Então você vai trocar algumas coisas.
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É.
DOC : Pois é, obrigada.
03: (risos)
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