DIÁRIO DA REGIÃO São José do Rio Preto, 2 de outubro de 2011 / 5 nação. Calma é uma mistura de bem-estar, percepção clara e confiança serena em nós mesmos e em nossa capacidade de lidar com situações e pessoas. Bem-Estar - De que forma a calma pode nos ajudar a enfrentar essas situações inesperadas? O’Donnell - Cada situação tem um passado, um presente e um futuro. Em um estado de calma, podemos ver mais. Se nossa visão é muito estreita, há grande risco de não entender a situação e, portanto, reagir mal a ela. Por exemplo: podemos reclamar de um engarrafamento pela quantidade de carros que estão nos impedindo de chegar ao nosso destino. Mas nos esquecemos que, assim como há muitos carros na nossa frente, estamos igualmente na frente de muitos outros. Em uma situação mais pessoal, alguém por quem temos expectativas melhores perde o controle e começa a nos culpar, com raiva, por algo que não fizemos. Se ampliarmos nossa visão, podemos começar a ver que a raiva da pessoa tem raízes mais profundas, relativas a um acúmulo de frustração durante um longo período de tempo - e que ela é, na verdade, uma expressão deste sofrimento. Desta forma, em vez de reagir à raiva dessa pessoa com a irritação, se vemos o sofrimento, tendemos a ser mais compassivos. Bem-Estar - Quais são as ferramentas que podem nos capacitar para superar o medo e a raiva e possibilitar, assim, a experiência da calma? O’Donnell - A prática regular de introspecção, meditação ou reflexão pessoal nos ajuda a centrar em torno desta sensação de calma. Isso significa que temos de afirmar a nós mesmos que a calma é a nossa propriedade interna. Ninguém e nada pode tirá-la de nós se não permitirmos. A raiva de alguém pertence a ela própria. Não nos pertence. Não há fórmulas mágicas. Exige autodisciplina. Todos os dias, antes de começar a nos envolvermos em atividades, devemos aproveitar a oportunidade para configurar este estado de calma interior. De tempos em tempos, durante o dia, devemos parar só para verificar o quão longe estamos deste estado de calma e voltar a ele. Bem-Estar - De que forma podemos utilizar esses recursos e essas ferramentas que irão nos possibilitar manter a calma? O’Donnell - Tudo começa com nosso estado de consciência. Se nos lembrarmos que somos seres essencialmente espirituais e que nosso estado interior é de calma, podemos quebrar o ciclo vicioso de consciência - atitude - visão - ação - resultado. Se queremos resultados diferentes, temos de pensar e ver as coisas de forma diferente. Einstein disse uma vez que a definição de insanidade é continuar fazendo as mesmas coisas e esperar resultados diferentes. A mudança começa com a consciência. Bem-Estar - Como podemos passar a responder de forma diferente em situações em que nossa irritação seria a escolha normal? O’Donnell - Existem tantas áreas da vida cotidiana que exigem uma chamada de atenção para a calma: um cidadão nos corta no semáforo; alguém salta à nossa frente na fila do supermercado; pessoas fazem uma barulheira quando estamos tentando pegar no sono ou nos acusam injustamente de fazer algo. Todas essas situações são aquelas em que podemos optar por sermos calmos ao invés de perdermos a cabeça. É uma questão de usar o tempo de reflexão silenciosa para fortalecer a nossa compreensão de nós mesmos e nossos papéis neste mundo, e afirmar a nossa natureza interior de paz. É como construir um estoque de poder espiritual para aqueles momentos em que realmente precisamos dele. No momento da situação desafiadora ou difícil, se não houver tal estoque não há como sermos capazes de produzi-lo a partir do nada. Assim, mesmo se nós preferirmos optar por sermos pacíficos, se nós não tivermos nos reforçado de dentro para fora, não seremos capaz de ter calma. Bem-Estar - Por que a Brahma Kumaris escolheu o tema? O’Donnell - Uma das crenças básicas da organização é que cada ser humano é um ponto individual de energia espiritual ou alma. A natureza básica ou original da alma é a de paz, amor e felicidade. Estas não são qualidades que temos de procurar no mundo externo ou esperar dos outros. Elas são propriedades dentro de nós mesmos, que temos de descobrir e expressar. A escolha por ser calmo é sempre presente. Desta forma, pensamos em uma campanha que poderia ajudar as pessoas, de maneira muito simples, a lembrar desta verdade básica. Violência, raiva, irritação, medo e frustração não são expressões de nosso verdadeiro eu, mas sim manifestações de falta de poder espiritual e direção. Em outras palavras, eles aparecem quando nos esquecemos de nós mesmos e o que realmente somos.