CC EE N N AA CCO ONNSSEELLHHO O EESSTTRRAATTÉÉGGIICCO O NNAACCIIO ONNAALL DDO O AARRTTEESSAANNAATTO O FORUM ARTESANATO ‘FIA 2011’ 29 de Junho de 2011 – 16h A MARCA e o ARTESANATO certificado A história veio descobrir que os primeiros utensílios marcados eram de barro, na região do Mediterrâneo, particularmente nas antigas civilizações de Etrúria, da Grécia e de Roma. Foram os Mestres Oleiros os primeiros a marcar as suas peças, inicialmente colocando a sua impressão digital no barro húmido, na parte de baixo do recipiente ou fazendo a sua marca: um peixe, uma estrela, uma cruz, ..... . Os símbolos de então, o peixe, a estrela e a cruz entre outras, constiuiram as primeiras formas visíveis da Marca. Mas desde sempre muitos tentaram copiar ou adulterar as marcas originais para poderem beneficiar do prestígio que os Mestres Oleiros que possuiam mais qualidade no fabrico dos seus utensílios. Na Roma Antiga foi mesmo preciso regulamentar a autenticidade dos produtos, tendo-se desenvolvido, os princípios da lei comercial que defendiam o reconhecimento da origem e do título das marcas dos Oleiros. Pretendia-se assim, impedir que outros oleiros que fabricavam utensílios de qualidade inferior, podessem imitar as marcas de Oleiros reconhecidos, para que não viessem a enganar os consumidores finais. No Museu Britânico estão expostos vários exemplos de falsificação de cerâmica romana com a imitação das marcas romanas, que foram feitas na Bélgica e exportadas para a Grã-Bretanha no século I d.c.. Com a expansão do Império Romano, e à medida que o comércio seguia a Águia Romana, também a prática de imitação ilegal a seguia de perto. A imitação é uma prática que continua a ser comum, apesar das restrições impostas pelos nossos sistemas legais modernos e amplamente desenvolvidos. As Marcas distintivas foram sempre usadas por reis, imperadores e governos. A Flôr-deLiz em França, a águia de Habsburgo no Império Austro-Hungaro e o Crisântemo Imperial no Japão são exemplos dessa realidade. Num mundo Global, em que os valores culturais e tradicionais de cada povo têm de ser rigorosamente defendidos, e em que constantemente assistimos a uma devassa da identidade e das fronteiras culturais, importa concrentrar energias e meios na defesa da autenticidade e da originalidade. É por isso e para isso que a certificação ajuda a proteger os produtos e suas características fundamentais. No entanto recomenda-se o registo das Marcas de cada Artesão Consagrado, uma vez que se constata com frequência a violação das características de determinadas criações pela ausência de Marca e motivada pela pressão comercial e concorrencial. Uma peça de artesanato, é uma obra de arte que, estabelece ligações emocionais fortes entre consumidor e artesão, que se afirma pela sua identidade, pela sua personalidade e carácter. Tem uma idiosincrasia própria, inimitável e que só através da marca e da certificação é possível garantir. Uma peça de artesanato de um artesão consagrado cumpre uma promessa e oferece uma experiência única ao cliente, transformando-o normalmente num amigo respeitador. Quando se adquire uma peça de Figurado ou Olaria de Barcelos (com a Marca Júlia Ramalho, Júlia Côta, Conceição Sapateiro, Irmãos Baraça, Manuel Macedo,....), um Lenço de Namorados do Minho ( com a Marca Milinha, Rosa Lopes, Helena Silva, Glória Barros, Céu Cunha,....), uma peça de Bordado Guimarães ( com a Marca Adélia Mendes Faria, Mª Conceição Miranda Ferreira, Mª Rosário Ribeiro Pereira, Mª Isabel Oliveira, ......) ou dentro em breve uma peça de Bordado de Viana do Castelo (com a Marca das Artesãs Produtoras), obtem-se uma peça de cultura popular e das tradições portuguesas. Estamos em contacto com a memória colectiva de um povo que se afirma através dos tempos pela arte que perdura. Conhecem-se as características, a identidade, a personalidade e o carácter de cada peça, a sua genuinidade e autenticidade visíveis na assinatura, no registo e na certificação. Cada peça evidencia-se por si própria, é como estar marcada a ferro incandescente, como se fazia nos animais para os marcar. Recorda-se que outrora os homens marcavam a propriedade do seu gado a ferro quente com as suas insígnias para não misturar ou confundir. A Certificação do Artesanato, em conjugação com a Marca do seu criador, são o garante da defesa dos interesses dos artesãos e dos consumidores, evitando as réplicas e as cópias. É o único caminho que protege os produtores e os consumidores e qualifica a relação comercial evitando a deturpação. Muito Obrigado pela atenção Presidente do Conselho Estratégico Nacional para o Artesanato, Artes e Ofícios Tradicionais – Engº Abílio Vilaça 29/06/2011