Seminário Metrópoles Saudáveis PUCCAMP e entidade PROAM
21 de setembro de 2005
Roteiro para apresentação na mesa “Capacidade de Suporte de Regiões Metropolitanas”
“Duas fontes de riscos metropolitanos: indústria petrolífera – e - degradação dos rios na
R.M. de Campinas, e em suas ligações com as R.M. de São Paulo e da Baixada Santista” 1
autor : Prof A . Oswaldo Sevá Fo.
Qualificando as questões e o tipo de explanação adotada.
Para um morador de várias décadas, uma parte delas como pesquisador dos problemas
regionais, essa “Região de Campinas” deve ser bem qualificada desde o início: ela fica, no mapa –
mundi, localizada num eixo de expansão, rumo Norte - Noroeste a partir da macro - metrópole (a
maior do continente sul-americano, e se pensamos em escala mundial, há poucos exemplares em
cada continente) – que é a conurbação metropolitana da capital São Paulo.
Em seguida, recoloco indagações elementares, mas obrigatórias: A quantas andam o relevo,
sua cobertura vegetal, os solos e subsolos desse pedaço do mundo? E os córregos, ribeirões e rios,
as águas e os esgotos nas Bacias Capivari, Atibaia, Jaguari, Corumbataí e Piracicaba? E a quantas
anda a atmosfera – e em especial, a atmosfera respirável, aquela casquinha de ar sobre o relevo, de
poucos metros de espessura, que os homens e muitos animais têm que respirar? Como varia essa
mesma atmosfera conforme os vários recantos dessa “Depressão periférica” do Planalto Paulista?
Para se saber a quantas andam tais situações, locais e seres vivos que neles vivem, precisa-se,
pelo menos, de um plano de vôo, no campo do conhecimento. Responder a todas essas indagações
é necessário e crucial – para que seja informado corretamente o cidadão, mas é tarefa impossível
para um pesquisador isolado, o qual seria soterrado pelo volume de informação e pela exigência de
muitos métodos distintos. Tarefa muito difícil mesmo para organismos de governo e empresas, os
quais tenderiam a esconder parte do problema –ou-direcionar interpretações para determinadas
responsabilidades, -ou-induzir e até forçar certos tipos de medidas corretivas ou paliativas.
Só pode ser tarefa coletiva e deve ser uma tarefa aberta, pois a situação estudada é variável e
vai mudando ao longo do tempo, aparecem mecanismos novos, sempre haverá o quê saber a mais,
o quê correlacionar e interligar aumentam as séries históricas e as chances de comparação com
outras épocas e outros locais. E ...uma tarefa mantida em várias frentes, feita de modo simultâneo
entre grupos de distintas instâncias (escolas, faculdades, ongs, setores da administração publica,
setores da mídia e da industria cultural) e que possam cobrir todos os trechos da geografia regional,
com menor ou maior âmbito, sempre de modo intenso, buscando ser completo, e buscando as
ligações entre as partes.
O grande potencial coletivo de revelar nexos e integrar interpretações nesse âmbito nos foi
comprovado em duas ricas experiências, uma em 1991 e 92, com uma centena de militantes e
especialistas apontando riscos no trabalho e na vizinhança das fábricas em três estados do país (ver
BARBOSA e SEVA, 1992) e outra que tivemos com cerca de 30 participantes de um curso de
extensão em 1994 e 95.(ver SEVA (org), 1997)
Por escolha do autor, quando convidado para o 1º seminário Metrópoles Saudáveis, (São Paulo,
novembro 2004), foram enfocados os setores de energia elétrica, combustíveis, a situação dos rios.
Esquematicamente são duas dentre as grandes formas de riscos metropolitanos: 1.as conseqüências
e contingências da indústria petrolífera – e – 2. a degradação crescente dos rios. Tal fato já é
conhecido (enquanto conseqüência da urbanização e da pouca proporção de esgoto tratado, e
resultante também das descargas das atividades industriais), mas re-apresentamos aqui: rios sujos e
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Publicado em “Cadernos da Extensão” da Pró - Reitoria de Assuntos Comunitários /Puccamp no.4 Ano 2005
,“Metrópoles Saudáveis”, pp. 28-35.
Duas fontes de riscos metropolitanos: indústria petrolífera – e - degradação dos rios
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envenenados são focos de novos riscos para todos, a começar pelo risco na captação de água para
distribuição pública pelas autarquias e empresas como Sabesp, Sanasa e congêneres.
Nos dois temas (combustíveis e rios) temos que tratar tudo no âmbito da RM de Campinas,
conforme a delimitação oficial, mas ampliando para as terras da bacia do Piracicaba e para as
encostas da Mantiqueira; analisando os problemas sabendo-se de todas as ligações físicas e
institucionais existentes (destacando os combustíveis, os rios e a água dos rios) com as outras duas
RM paulistas: a principal, da capital São Paulo; e a sua metrópole portuária: a Baixada Santista.
O viés assumido é que esta é uma interface entre pesquisa e militância junto a entidades
ambientalistas e sindicais na região. Todo o texto segue um roteiro de ilustrações (cartografias,
fotos de satélite e áreas, fotos de campo, croquis) e em boa parte, foi reproduzido nas legendas das
três séries de imagens de minha autoria, exibidas no dia do seminário na Puccamp, e que se
encontram editadas em formato pdf, disponíveis no site www.fem.unicamp.br/~seva
1. Fontes de Risco associados ao funcionamento da indústria do petróleo e do gás e ao
esquema geral de suprimento de combustíveis derivados.
A figura 1 a seguir resume uma visão muito especial da macro metrópole: é o “centro
econômico e populacional do Estado de São Paulo, do ponto de vista das “oil sisters”: o grupo
Petrobrás, atuando na infra-estrutura dos terminais marítimos (São Sebastião e Alemoa-Santos) e
terrestres (Guararema, Utinga, Barueri, Guarulhos e Suzano), nos troncos de oleoduto e gasodutos,
no refino, com quatro complexos industriais (Cubatão, São José dos Campos, Capuava e Paulínia).
E mais as empresas estrangeiras, as mais conhecidas são a Pecten-Shell, a El Paso, que atuam no
gás da bacia de Santos; a British Gas, a Gas de Espanha e a italiana Agip (que partilharam a
estadual Comgás que revende e distribui gás natural canalizado); mais Exxon, Texaco, Repsol,
Atlantic, Ultra, o grupo brasileiro Ipiranga, e dezenas de outras que atuam no atacado e varejo de
combustíveis derivados de petróleo. Nota: Descrição mais pormenorizada desta e outras áreas de
atuação das petrolíferas estão no capitulo do livro organizado na Fiocruz sobre prevenção de
acidentes industriais de grande porte (SEVA, 2000, PORTO e outros ,2000); uma análise pioneira
dos impactos ambientais do petróleo foi feita por BARCELLOS, 1986.
figura 1 Indústria do petróleo e gás em SP (SEVA, 2000)
Os fluxos de processamento de petróleo cru (todo desembarcado em São Sebastião, vindo de
bacias produtoras no Brasil e no exterior são da ordem de 150 milhões de litros por dia) e - os
volumes de armazenamento de cru e de derivados são da ordem de um bilhão de litros. São
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números desmesurados se comparados com os de outras atividades; o uso de água é de
aproximadamente um litro de água para cada litro de petróleo processado; as maiores refinarias em
Paulínia e São José dos Campos têm outorgas para captar até 1.000 litros por segundo –
equivalente ao consumo de 250 a 300 mil habitantes, e de fato usam mais da metade desse limite.
A vazão d’água perdida por evaporação, nos circuitos de vapor das refinarias, pode chegar à
metade dessa vazão; e a produção de águas servidas e de esgotos é proporcional à diferença entre
captação e perda evaporativa , embora o fluxo de águas pluviais e de pátios faça aumentar bastante
o processamento nas ETDI - Estações de Tratamento de Despejos Industriais das refinarias.
A logística geral da região é condicionada pelo esquema dos combustíveis e pela configuração
de armazenamentos no atacado e no varejo (postos de serviço e de frotas). Os transportes de cargas
perigosas provocam problemas estatísticos, numa situação de volume transportado crescente (em
tonelada x km), numa rede de auto-estradas de grande calibre por onde todos circulamos
(Anhanguera, Bandeirantes, Dutra, Dom Pedro I, Santos Dumont, Ademar de Barros, Luiz de
Queiroz). Aumentam os riscos e a freqüência de emanações de material volátil armazenado e em
trânsito, e de vazamentos de todo tipo, inclusive subterrâneos (postos de serviço, oleodutos,
tubulações industriais). E, claro, aumentam sempre os volumes de produtos de combustão emitidos
na atmosfera: além da queima “própria” nas refinarias, terminais e bases de armazenamento, somase aqui o maior volume (no país) de queima de combustíveis em conversores fixos (caldeiras e
fornos de indústrias e termelétricas) e em conversores móveis: frotas terrestres, marítimas e aéreas.
Os acidentes de grandes proporções, que são estatísticos nessas instalações de alto risco como
refinarias, tancagens, químicas, podem evoluir desta ou daquela forma segundo a organização
social pré-existente ; e de fato, terminam por provocar verdadeiros desarranjos sociais - como
destacam LAGADEC, 1988, e PORTO, 1994. Um apanhado de várias situações de risco na região
de Campinas está em nosso relatório SEVA, 1997.
1.1. Por aqui, a maior refinaria de petróleo do país: Replan, da Petrobrás . A gleba
ocupada pela Replan em Paulínia,SP, tem aproximadamente 2km de frente para a rodovia SP-332
(Campinas a Cosmópolis) por 5 km de fundo, algo como 10 km2 ou 1000 hectares. Que vão se
tornando cercados de outras atividades industriais correlatas: na divisa Leste, fica o complexo de
dez plantas industriais da Rhodia e suas associadas; no lado oposto, os pátios das distribuidoras de
gasolina e diesel; a Norte, as engarrafadoras de GLP e outras distribuidoras; ao Sul, fábricas da
Exxon, da Calorisol, da Degussa. Na outra margem do rio Atibaia, o bairro Recanto dos Pássaros,
contaminado pelos resíduos venenosos da Shell Química.
Comecei na função de assessor sindical, a acompanhar a situação na Replan em 1992; naquele
ano, vários acidentes operacionais e situações de risco motivaram a abertura de um primeiro
Procedimento para Inquérito Civil no Ministério Público do Trabalho. Algumas das anormalidades
são visíveis de fora da Replan, nas vizinhanças, em Paulínia, como o caso das tochas de segurança
da refinaria (“flare”) quando estão com chama alta e fumaceando muito, chegam a ser visíveis de
30 , 40 km de distância! Ou como rolos de fumaça e ou de poeira, densos, saindo das chaminés do
forno das unidades de destilação e das chaminés das caldeiras das unidades de craqueamento de
gasóleo (nuvens de pó catalizador). Em 1994 após incidente de explosão em um setor de uma
dessas caldeiras, foi instaurada Ação Civil Pública com a finalidade de recompor equipes e
priorizar segurança operacional.
Durante a perícia judicial, foi constatada situação de atolamento da ETDI Estação de
Tratamento de Despejos Industriais; lá, uma equipe terceirizada de manutenção, numerosa, intervia
durante dias seguidos para esgotar o excesso de óleo, e “limpar” vários trechos do circuito de
tratamento.
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O laudo pericial, do professor SIMONI, foi depositado na JCJ de Paulínia em fins de 1996, e
após três anos, foi dado um despacho favorável. (Ver relato da atuação sindical nessa área em
SEVA, 2004)
Nestes anos até 2000, houve variados tipos de acidentes na Replan: vazamentos,
derramamentos, explosões, incêndios, quedas de peças em canteiros de obras, descargas elétricas
com vítimas. Até mesmo tecnologias recentes falham: numa planta recém inaugurada (quatro
vasos de coqueamento retardado de resíduos viscosos), um vaso de grandes dimensões sofreu um
golpe de vácuo e colapsou, deformando-se inteiramente, sem fazer vítimas. Mas, esta é uma
condição intrínseca do processo de trabalho dos petroleiros, demonstrado pelas médicas
FERREIRA e IGUTI; e conforme os episódios compilados até 1998 por SEVA, HORTA e GIL.
Março de 2004. Em um sobrevôo das entidades ambientalistas de SP, vários problemas antigos
da Replan foram mais uma vez evidenciados, dentre eles, os antigos “borreiros”. Na mesma foto,
dois deles: o da Rhodia foi objeto de um Termo de Ajustamento de Conduta ambiental (com a
Cetesb e o MPE) e está sendo “esvaziado”; o da Replan parece continuar em uso, após 30 anos.
Outro problema recalcitrante: no parque de tanques da Replan, bastante água oleosa no interior dos
diques de mais de um tanque. Seqüência política que sintetiza a situação atual por aqui: fotos
dessas irregularidades publicadas em jornais da região e o questionamento sobre a presença da
gerente regional da Cetesb no sobrevôo precipitaram as demissões da gerente e depois, de toda a
diretoria de Controle da Cetesb, emanadas diretamente do gabinete do governador Alckmin.
2. Focos e evidencias do Risco, do Prejuízo e do Lucro associados à degradação dos rios,
represas e do ciclo das águas em âmbito regional
No conjunto das três Regiões Metropolitanas paulistas, o quê caracteriza de modo dramático a
situação da água é que há uma escala muito desproporcional entre –
- as dimensões da reprodução humana, da produção e acumulação econômica – e- a base
territorial e os mecanismos regionais que são afetados pela atividade humana e econômica.
Como resultado de tudo isto, num processo intenso de mais de um século, pode não ter mais a
menor lógica aumentar a população residente, e até mesmo um crescimento vegetativo teria
dificuldades de ser atendido em termos de base territorial, recursos essenciais, a começar por água
segura e ar limpo.
Há também razões para moratórias em certas rotas tão adotadas no passado: não dá mais para
ampliar o uso industrial e agro industrial da água dos rios. Sinais de alerta: o bombeamento dos
aqüíferos vai esgotando a maioria deles; os sistemas residenciais e coletivos de separação e
tratamento de resíduos e esgoto inexistem (nem mesmo nos condomínios de luxo, e nos chamados
“prédios inteligentes”).
As estações apropriadas para receber e tratar esgotos das coletividades, as E.T.Es são bem
poucas em cada cidade, há cidades sem nenhuma, as que funcionam tratam bem menos fluxo do
que seria correto (100% do coletado, em princípio) . No dizer do pesquisador Ari FERNANDES,
2004: em nossos rios, as captações não captam mais água e sim esgoto, as E.T.As se tornaram
E.T.Es. Fechando o nosso cenário, a novidade são compensações e derivativos que os mercados
emergentes criaram: as vendas de água mineral crescem de modo acelerado; os empreendimentos
de lazer na água também, os “Waterparks" e a “febre” da construção de piscinas. E mais os
pesque-pagues proliferando pelo interior adentro, a açudagem desenfreada...
Os casos mais importantes, entretanto, são os das grandes represas e usinas hidrelétricas. O
caso crítico, por excelência é um conjunto de mega – transposições de vazões entre bacias fluviais.
E isto confirma que
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- a macro - metrópole foi e continua sendo definida pelas empresas de energia elétrica (SP
LIGHT, AMFORP e sucessoras) e de distribuição de água (SABESP, SANASA, DAEEs); os
chamados recursos hídricos regionais estão sob pressão direta, fortíssima, que perdura muitas
décadas, por parte de grandes consumidores de água e grandes produtores de descargas nos rios.
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2.1. As mega-transposições de água limpa, de água suja e de esgoto.
Transposições de água limpa: Quase 2/3 da água tratada vendida pela Sabesp aos habitantes da
Região Metropolitana de SP, uma vazão da ordem de 33mil litros /segundo, é retirada das quatro
grandes represas feitas nos rios da Serra da Mantiqueira: Jaguari - Jacareí, no rio JaguariPiracicaba, logo acima de Bragança Paulista; a do rio Cachoeira, a do rio Atibainha e a do rio
Juqueri. Esse é um sistema erroneamente chamado de “Cantareira” – e que de fato retira – lá no
alto da Mantiqueira – uma boa parte da vazão das bacias formadoras do rio Piracicaba. O
suprimento da RMSP é complementado por represas nos rios da bacia do Alto Tietê (Taiaçupeba,
Jundiaí), do Pinheiros (represa Guarapiranga e de um braço da Billings) e do rio Cotia.
Transposições de esgoto: O esgoto metropolitano, mais de dois terços não tratado, segue a
maior parte rio Tietê abaixo e outra parte é bombeado contra a correnteza do ex-rio Pinheiros, para
ser acumulado nas represas Billings e Rio das Pedras, junto com a água limpas das chuvas na Serra
do Mar. A mistura dos líquidos é despejada por tubos 720 metros abaixo, turbinada na usina Henry
Borden, no pé da Serra, Cubatão, com potência de 850 MW, da “Light-Eletropaulo-Emae”.
O esgoto de Jundiaí, parcialmente tratado, resultou de água captada no Atibaia, e vai para rio
Jundiaí, antes de Indaiatuba; os esgotos de Campinas vão (parcialmente tratados) para os rios
Capivari e Quilombo e, ainda em estado bruto para o rio Anhumas;os esgotos de Hortolândia e
Sumaré, produzidos com água do Jaguari e do Atibaia vão para o rio Quilombo.
Transposições de água suja: os casos mais conhecidos são as transposições do rio Atibaia para
abastecer Jundiaí, para Campinas, para Sumaré; do rio Capivari Mirim para Indaiatuba; do rio
Jaguari para Paulínia, para Replan, para Hortolândia; do rio Corumbataí para Piracicaba.
Fig 2 Transposições da Mantiqueira e da Serra do Mar
Fig 3 Setor Norte de Campinas e Barão Geraldo
2.2 Ex-Rio Atibaia: o quê sobra após o Sistema Sabesp; e o estigma da velha represa
A maior represa do rio fica no seu formador Atibainha, bem ao lado da cidade de Nazaré
Paulista. Lá como em toda grande represa, a memória da época da obra da Sabesp, anos 1970, é
cheia dos dramas da retirada de moradores, da destruição de chácaras, estradas vilas, igrejas; e das
manobras típicas da especulação com terrenos e chácaras (ver RODRIGUES, 1999). No varjão do
rio Atibainha, logo abaixo da cidade, a vazão do rio é a “descarga” da Sabesp (a vazão que é
liberada para nós, rio abaixo, pelo Sistema Cantareira) já misturada com o esgoto da cidade de
Nazaré. Dali em diante, a situação só faz piorar, com os esgotos das cidades de Bom Jesus dos
Perdões, Atibaia, Jarinu, e de Itatiba... quando podemos admirar o rio, durante quilômetros ao
longo da via Dom Pedro I.
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Próximo do distrito de Joaquim Egídio, o rio é barrado pela soleira da velha usininha elétrica
do Salto Grande (CPFL). Na saída da água, é ponto tradicional de pesqueiro. Mas, logo acima das
margens, acompanhando o rio bem de perto, é um trecho tradicional de trânsito de cargas
perigosas: a Via Dom Pedro I entre os km 105 e 123. Quando ocorrem acidentes, pode ser
necessário suspender a captação de água para Valinhos(DAEEV) e Campinas (SANASA), nas
estações de captação que rio abaixo, na mesma margem esquerda, ao lado de quem passa na Via
Dom Pedro I. Na altura dos km 120 a 23, ficam o trecho final do ribeirão Pinheiros, o Aterro
Municipal de Valinhos, que tem também um galpão de recepção de embalagens de produtos
químicos, e rio Atibaia entra no distrito de Souzas(Campinas).
Bem ali fica a captação de água da Sanasa (vazão: 3,6 m3/seg, 90% do consumo da cidade).
Para atingir as condições básicas de captação, barraram o rio Atibaia com um dique, e fazem
sempre a dragagem do lodo e entulho do leito do rio. A zona urbana do distrito, o “arraial” de
Souzas da época do café, é a testemunha da degradação do Atibaia, e de sua morte algumas vezes
por ano, bem como da degradação progressiva do Ribeirão das Cabras.
Muitos km rio abaixo, passando por terras de Campinas, Jaguariúna, Barão Geraldo, Paulínia,
Sumaré e Americana, fica a represa mais antiga, que em 1950 inundou 13 km2. A barragem feita
sobre as lajes do maior salto do rio Atibaia, na antiga fazenda Salto Grande, bem perto da
confluência do rio Atibaia no rio Jaguari – Piracicaba, uma das grandes obras dos anos 1940, feita
pelos norte-americanos da American Foreign Power (Amforp). Prevendo vazões de até 120 m3/ s
no rio Atibaia, foram instalados três geradores somando 30.000 kW de potência. A CPFL foi
estatizada pelo governo de SP no final dos anos 1970 e novamente privatizada nos anos 1900 (hoje
é do consórcio Votorantin –Bradesco - Camargo Correa, com Fundos de pensão de funcionários da
CPFL e outros).
Na conhecida represa de Americana, o tapete da infestação de Pístias (verde claro, repolhinho
d’água) e de Eichornias (verde escuro, aguapés); no horizonte Leste da represa, o “colchão” de
fuligem, poeira e gases vindos da rodovia SP 332, da Replan, da Rhodia e demais indústrias
próximas. Em terras de Nova Odessa, um açude onde é feita a captação de água fica um pouco
acima da represa, ali a primeira camada da água é gelatinosa das colônias de algas e bactérias
cianofíceas e outras, proliferando por causa da eutrofização (lançamento excessivo de esgotos,
efluentes orgânicos e de resíduos de nutrientes agrícolas). Situações de piora visível na qualidade
de vida para bairros populares como a Praia Azul em Americana e para seu vizinho de borda do
lago, o bairro fechado do Iate Clube, e também para as emergentes chácaras na margem direita da
represa em Paulínia. Bem defronte, resiste o mini Pantanal com seus bandos de aves migratórias;
mas o gado provocou infestação de capim e formam-se ilhas de detritos( manchas anaeróbicas).
Ao lado da barragem , na vila residencial da CPFL, tanques de criação de peixes, um clube dos
funcionários, com piscina, e dragas para retirar aguapés; ali bem perto, na forquilha entre a represa
e o rio Jaguari, as imagens inacreditáveis do “canyon” da pedreira Basalto e do esqueleto da usina
São José (fraude do conhecido grupo Abdalla).
O encontro das águas verdes escuras, mal cheirosas do Atibaia com as águas barrentas,
marrons e amarelas, menos mal cheirosas, do Jaguari é bem o retrato de nossa região.
2.3. O Jaguari-Piracicaba vai se tornando um grande Atibaia
O rio Jaguari vem limpo lá do Sul de Minas até passar por Bragança Paulista. Dali rio abaixo,
nunca mais será um rio de primeira. Muitas cidades na beira dele ou na beira de ribeirões que nele
desembocam, trazendo esgoto e entulho. Morungaba, Pedreira e suas indústrias, mais o que vem
pelo rio Camanducaia depois de passar por Amparo e Monte Alegre do Sul, e mais Jaguariúna,
com a sua enorme fabrica de cerveja e refrigerante, Cosmópolis, a usina Ester de açúcar e álcool, e
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depois disso tudo, a captação de Limeira e o ponto da confluência do Atibaia no Jaguari – onde
esse rio muda de nome para Piracicaba.
A concentração de eventos e de focos de degradação e risco em poucos km desse rio dali até
passar por Americana em si já atesta a situação critica do rio e da sociedade regional. Logo em
frente ao “encontro das águas”, desce espumando a cascatinha da descarga industrial da Papirus,
cuja borra apenas engrossa um tanto que já descia pela mesma margem desde a descarga da
Ajinomoto, aquela mesma do grande vazamento de 1977, marcante na memória dos
freqüentadores do rio e das duas cidades que ali extraem água, Americana, e na época , a própria
Piracicaba. Logo abaixo, a colorida descarga da industria de confecções Santista, um tanto depois,
os pescadores perto da boca do córrego Bertin, que traz esgotos da Good Year e do Cadeião, dois
km abaixo, a indústria de celulose e papel Ripasa (margem direita do rio Piracicaba, município de
Limeira). Ali, no bairro pioneiro de Carioba, defronte uma da outra, as estações de captação de
água, uma para a cidade de Americana (aproximadamente 800 litros / segundo) e outra, para a
Ripasa (1000 l/seg). Completa a paisagem poluída a foz do “rio” Quilombo no Piracicaba, bem ao
lado da Estação de Tratamento de Esgotos da cidade de Americana, mais um ex-rio típico da
RMC, que nasce no planaltinho do Chapadão em Campinas e nos altos entre Betel e Paulínia,
depois passa já morto em área urbana praticamente contínua: Matão, Nova Veneza, Hortolândia,
recebe o poluído Jacuba, Sumaré, Nova Odessa e Americana! Logo abaixo, na mesma margem
esquerda do Piracicaba, a usina termelétrica Carioba , da CPFL, 30 MW, com turbinas a vapor,
produzido em caldeiras a óleo; ao lado, a faixa da ferrovia antiga Fepasa, perto da divisa com S
Bárbara d Oeste, onde se previu há poucos anos, a instalação de uma termelétrica a gás, de
tamanho recorde 1.200 MW, ali em gleba vizinha da também poluente fábrica FIBRA e da
Degussa Hulls. (Sobre o projeto Carioba II , ver FERREIRA e SEVA, 2001 no site
www.fem.unicamp.br/~seva ; e FERREIRA, 2000). E o panorama ainda fica incompleto, faltou
mencionar as mazelas e os pontos críticos pros lados do Capivari, do Ribeirão do Tatu, do dos
Toledos, do Corumbataí, os aterros de lixo e de resíduos industriais, os bota fora e lixões
impensáveis, a disseminação dos venenos. Um panorama avaliado como insustentável no
seminário promovido pela Unimep em 2000, e resumido no trabalho de FIGUEIREDO e GRAF.
Fim de linha: todas os líquidos do Piracicaba e seus formadores, após passarem pela RMC, se
juntam com o líquido do rio Tietê na represa de Barra Bonita, depois que esse ex-rio passa pela
RMSP, e após ele ter recebido seus poluídos afluentes Sorocaba, o Capivari, o Jundiaí.
3. Aqui mesmo, onde estamos, a situação ambiental pode ser considerada como crítica
Uma síntese do que ocorre muito perto desse auditório, no entorno desses dois campus
universitários vizinhos: - grande trânsito de cargas perigosas, - vários dutos de óleo e de gás
percorrendo a região, - solos, valas e aterros contaminados, alguns dos maiores focos fixos de
emissão de produtos de combustão e de emanações de hidrocarbonetos e ácidos orgânicos, a
qualidade do ar piora muito quando há inversão térmica ou quando venta do Norte e do Oeste, - os
córregos, ribeirões e rios estão bastante assoreados, quase não têm matas ciliares, com muito
esgoto e outras descargas, estão mortos ou moribundos. (obs: na Figura 3, uma foto de satélite do setor
Norte de Campinas, os rios foram destacados em preto, as áreas rosa mais escuras são construídas)
No “lago” do Parque Ecológico Professor Hermógenes de Freitas Leitão (municipal), a
mortandade de peixes chegava, em 2003 e 2004, a várias dezenas, e até mais de uma centena por
dia; uma das razões era o lançamento pela Unicamp de esgoto bruto e águas pluviais contaminadas
em córregos que desembocam no lago. Em Barão Geraldo, outra síntese da nossa situação:
próximo do bairro Guará, o ex- rio Anhumas carregado do esgoto bruto de uns 400 mil habitantes,
recebe seu afluente o ex - rio das Pedras e junto, a descarga do tubo da Sanasa, com esgoto bruto
de 50 mil habitantes do distrito e mais a parte coletada do esgoto da Unicamp.
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Mais problemas em outros trechos da mesma pobre bacia: os formadores do rio Anhumas
cortam e drenam a área central antiga de Campinas e muitos bairros dos quadrantes Norte e Leste
da cidade. Para toda essa área, até os anos 1950 somente havia uma ETE, no bairro Cambuí. Não
espanta que já nos anos 1970 as partes baixas já eram fedidas.
Em 2005, a “ solução” parece despontar num ponto panorâmico da via Dom Pedro I, do lado
oposto do Carrefour e da favela da rua Moscou, entre a moderna fábrica Lucent e o balão da
rodovia Campinas Mogi Poços , bem próximo das quadras do Careca Center. Está ali em
construção (prometida para dezembro 2004!) a ETE da bacia do rio Anhumas, a maior da cidade,
que tratará o material coletado do Centro, Cambuí, Guanabara, Botafogo, Taquaral, Proença,
Bosque, Nova Campinas, Planalto, e todos os bairros ao longo da avenida Moraes Sales, daí na
direção do shopping Iguatemi , com aproximadamente 300 mil habitantes. O raciocínio
materialista elementar obriga a formular o impasse, com clareza: Há vários anos foi feita uma obra
cara e demorada para coletar esgoto nos fundos de vale dessa região da cidade, as galerias
passando sob as avenidas Anchieta, Orosimbo Maia, Princesa d’Oeste, Norte-Sul, ao lado dos
antigos córregos canalizados, cujas descargas clandestinas deveriam ter sido eliminadas. A
descarga final do tronco coletor é num ponto do Anhumas próximo ao Carrefour. Mas em todo o
trecho das avenidas, os córregos fedem esgoto, muitos dias por ano. Quando a ETE Anhumas
começar a operar, isso não vai mudar nada !!!
De forma semelhante, em volume bem menor, no Ribeirão das Pedras: após o “córguinho”
receber o esgoto tratado do Shopping Dom Pedro, ao entrar em Barão Geraldo, deveria estar
limpo, pois o tronco coletor de esgoto passa ao lado e vai até o ponto em que descarrega de volta
no ribeirão. Mas, em todos os cruzamentos do ribeirão com as avenidas 1,2, e 3 e nas imediações,
o Ribeirão das Pedras fede. Também não melhoraria, se um dia fizerem a ETE Barão Geraldo!!!
4. O risco da ingovernabilidade
Esta sociedade que hoje convive com riscos tão diversificados, disseminados e freqüentes,
parece reagir por sustos, após as tragédias e as calamidades. Esta mesma sociedade teria (terá?)
que fazer valer as conquistas das gerações anteriores; exercer suas liberdades e solidariedades
básicas; lutar contra a desinformação e manipulações falseadoras e desviantes. Aprofundar o
conhecimento do seu passivo, dos focos e mecanismos de risco; para tentar garantir alguma
reforma, correção e aperfeiçoamento do quê funciona mal.(ver propostas de ação, SEVA 1989).
Há chances? Raras, duríssimas, pois do lado oposto desse “front”, ficam as grandes empresas e
a parte do Estado por elas aparelhada. Quem nos decifrou isso foi o professor Milton SANTOS:
“À medida que se impõe esse nexo de grandes empresas, instala-se a semente da ingovernabilidade, já
fortemente implantada no Brasil, ainda que sua dimensão não tenha sido adequadamente avaliada.
Todavia, mediante o discurso oficial, tais empresas são apresentadas como salvadoras dos lugares e são
apontadas como credoras de reconhecimento pelos seus aportes de emprego e de modernidade.
Daí a crença da sua indispensabilidade, fator da presente guerra entre os lugares, e em muitos casos,
de sua atitude de chantagem frente ao poder público, ameaçando ir embora quando não atendidas em seus
reclamos. Assim, o poder público passa a ser subordinado, compelido, arrastado. À medida que os
institutos encarregados de cuidar do interesse geral são enfraquecidos, com o abandono da noção e da
prática da solidariedade, estamos, pelo menos a médio prazo, produzindo as precondições da
fragmentação e da desordem, claramente visíveis no pais, por meio do comportamento dos territórios, isto
é, da crise praticamente geral dos estados e dos municípios.”
(pp 67-69, SANTOS, 2000)
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Duas fontes de riscos metropolitanos: indústria petrolífera – e - degradação dos rios
Oswaldo Sevá
2005
Referências mencionadas:
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BARCELLOS, Phillipe P. “Impactos Ambientais da Indústria do petróleo: da produção ao Consumo Final”
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regional: benefícios privados, prejuízos coletivos, degradação dos recursos naturais e da capacidade suporte do meio”
pp. 59 – 70 “Revista de Ciência e Tecnologia” Unimep especial Empreendimentos em Piracicaba e região:
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**disponível também no www.fem.unicamp.br/~seva
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“Duas fontes de riscos metropolitanos: indústria petrolífera – e