PORTUGAL
ANTÓNIO COSTA.
NATACHA CARDOSO /DIÁRIO DE NOTÍCIAS
O presidente da Câmara
Municipal de Lisboa num
momento de descontracção
num dos miradouros
da capital
Oseutemperamentocoléricoleva-oahumilharcolaboradoreseadversários.Nasemana
passada,criticouoGovernonaSIC.FoioprimeirosinaldequeseestáaafastardeSócrates.
AspolémicasdeAntónioCosta,omaisfortecandidatoàsucessãonoPS. Por FernandoEsteves
S
entados àportafechada, António
Costa, o executivo camarário e os
vereadores daoposição discutem
assuntos quotidianos relativos à
capital do País. O ambiente está
tenso, como muitas vezes acontece nas reuniões lideradas pelo presidente da Câmara
Municipal de Lisboa (CML). António Proa,
doPSD,pedeapalavra. “Cale-se!”,responde
abruptamente António Costa, irritado com
ofactodeoseuadversáriopolíticoquererintervir sobre uma questão alheia à ordem de
trabalhos. Proa insiste. Costa repete, já exaltado: “O senhor,porfavor,cale-se!” Aconfusãoinstala-se,comProaaexigirqueCostase
retracte e este a subalternizá-lo. No auge da
discussão,overeadordoPSDrecebeumSMS
notelemóvel. Discretamente,olhaparaoecrã
e lê: “Não se deixe ficar, ele tambémjáfoiordinário comigo. Helena Roseta.”
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Proa – a quem Costa também jáapelidou
de “marialva político” – seguiu o conselho
da deputada independente eleita nas listas
do PS (que não quis falar à SÁBADO): “Acabei por intervir. Não é ele que me diz aquilo
dequefalooudeixodefalar.Achoqueamaioriaabsolutalhe subiu àcabeça”, diz àSÁBA-
no caso de se confirmar um cenário de eleições antecipadas no próximo ano. Na quinta-feiradasemanapassada,Costa–quenainfânciaeratratado por“Babuch”, que significa “menino” em concani, o dialecto falado
em Goa, onde nasceu o seu pai – deu aquilo
que alguns comentadores interpretaram
como um primeiro sinal de que a
corrida à sucessão de José Sócrates jácomeçou. E que ele estarána
primeira linha para a disputar.
NoprogramaQuadraturadoCírculo,daSICNotícias,acusoumembros do Governo de passividade e
de não acompanharem a determinação do
primeiro-ministro. Vindas dele, as palavras
pesam. Semprefoiassim,aliás. Com13 anos
já era um influente dirigente estudantil no
LiceuPassos Manuel,emLisboa. Nessaaltura,do outro lado dabarricadaestavaManuel
“É uma espécie de escorpião:
quando atira, é a matar”, diz
Baker Rosas, deputado do MPT
DO o vereador do PSD, que considera que o
socialistaperdeuorumonagovernação: “Navega à vista. Vê-se que está mais preocupado com outras coisas do que com a CML.”
Por“outrascoisas”,leia-seaeventualsubstituição deJoséSócrates no PS eno Governo
22 JULHO 2010
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“É uma espécie de escorpião: quando atira, é a matar”, diz Baker