HEAR N’ AID: UMA PLATAFORMA COLABORATIVA ONLINE DE TRADUÇÃO PARA LIBRAS Vinícios Faustino de Carvalho – IFMS/NA, [email protected] Rodrigo Silva Duran – IFMS/NA, [email protected] Evandro Luís Souza Falleiros – IFMS/NA, [email protected] Resumo. Uma das prerrogativas do avanço tecnológico é fornecer alternativas e ferramentas para aprimorar a qualidade de vida da população. Sendo uma das parcelas mais atingidas pela dificuldade de comunicação, os deficientes auditivos podem beneficiar-se de sobremaneira com softwares que contribuam para sua acessibilidade. O presente trabalho consiste no desenvolvimento de uma plataforma colaborativa online de tradução para Libras que possa ser acessada de qualquer dispositivo, com o objetivo de facilitar, ou em alguns casos, possibilitar a comunicação entre os ouvintes e a comunidade surda. Os resultados mostram-se promissores uma vez que a plataforma apresentou uma interface amigável e a possibilidade exponencial de expansão de seu vocabulário através da colaboração da comunidade. 1. Introdução De acordo com o CENSO 2010, existem no Brasil mais de 45 milhões de pessoas com necessidades específicas, dentre elas, cerca de 9 milhões possuem alguma deficiência auditiva. Para a comunicação, a comunidade com necessidades específicas auditivas utiliza de uma Língua de Sinais, no caso do Brasil a Libras (Língua Brasileira de Sinais). Porém, a comunicação fica comprometida quando o ouvinte não é instruído em Libras, o que interfere em sua socialização, principalmente em ambientes escolares, onde o aprendizado e desenvolvimento intelectual são prejudicados. (PEIXOTO, 2006, p. 207). Em Libras, ocorre a ausência de um padrão para os gestos que representem palavras ou expressões, sendo assim, há uma variação regional nos movimentos. Para minimizar ou até mesmo eliminar as dificuldades cotidianas dessas pessoas, existe a tecnologia assistiva, que pode ser compreendida como qualquer equipamento, serviço, estratégia ou prática que diminua esses problemas. (COOK & HUSSEY,1995). Todavia, o que é pouco difundido entre a população local, ou até mesmo aqueles os quais possuem um determinado contato com a LIBRAS, é que a mesma não é rigidamente formalizada. A linguagem pode possuir regionalismos que distinguem-se em padrões diferentes de sinais e até mesmo sinais novos surgidos de necessidades específicas do cotidiano. O âmbito de tecnologia é especialmente atingido por tais características, uma vez que descrever objetos sem associação com objetos reais, tais como CDs, Placas-mãe, etc, torna-se um desafio complexo para os estudiosos da linguagem. Com base nestas premissas, a proposta é desenvolver uma plataforma colaborativa que possa realizar a tradução de palavras e expressões simples para animações com o gesto em Libras, com suporte para variações regionais nos gestos. 2. Procedimentos Metodológicos O trabalho consiste numa plataforma colaborativa online de tradução para Libras, onde esse processo acontece através da entrada de texto, seja por digitação ou por fala, para que o mesmo seja tratado e seja exibida a animação correspondente em Libras, incluindo uma imagem que exemplifique a palavra e descrições tanto da palavra quanto do gesto, já que a algumas palavras podem ter sentido abstrato. Caso não haja nenhuma animação no sistema para determinada palavra ou expressão, usuários cadastrados podem montar a animação com uma framework que será disponibilizado, juntamente com a palavra e a região onde esse gesto é usual, então é feita uma verificação dos dados, e caso não haja inconsistências, a palavra já será salva na base de dados. A plataforma está sendo construída utilizando a linguagem de marcação HTML5 (HyperText Markup Language) para estruturação do conteúdo. O HTML5 traz diversas vantagens e recursos novos, como a navegação via atalhos de teclado, que facilita a o acesso por parte das pessoas com necessidades específicas visuais. O CSS3 (Cascading Style Sheets) está sendo empregado para a estilização do página, que será adaptável para dispositivos com telas reduzidas ou maiores. Para realizar os cadastros e consultas na parte do servidor, a linguagem Ruby está sendo utilizada através da DSL (Domain Specific Language) Sinatra, que é extremamente leve e facilita altos números de requisições por segundo. Os dados da plataforma, como cadastro de usuários e as próprias animações serão salvas em um banco de dados construído com o MongoDB, que é um banco de dados NoSql (Not Only SQL) orientado a documentos de alta performance, que permite escalabilidade horizontal, capaz de trabalhar com grandes quantidades de dados e múltiplos acessos. Para as animações, o formato utilizado é o GIF, que é amplamente utilizado na internet, que permite exibir imagens animadas com um tamanho relativamente pequeno. Além das animações, uma imagem no formato JPG (Joint Photographics Experts Group) será exibida para facilitar a compreensão da palavra, observando que em alguns casos são termos abstratos que necessitam de alguma outra informação para que possam ser compreendidos 3. Resultados e Discussões O resultado almejado é uma plataforma web, que possa ser acessada de qualquer dispositivo com acesso à Internet, seja um computador desktop, um smartphone, ou um tablet, incluindo a construção de um aplicativo para os principais sistemas operacionais de dispositivos móveis. Dessa forma, a quantidade de pessoas que podem acessar o sistema é muito maior, do que em um aplicativo para uma determinada plataforma. Com o caráter colaborativo do sistema, será possível alimentar a base de dados com maior velocidade e qualidade, incluindo as variações regionais dos gestos. Como a plataforma pode receber contribuições de qualquer usuário, é possível apresentar inclusive traduções para outras linguagens de sinais vigentes em outros países. 4. Conclusões O desenvolvimento da plataforma irá auxiliar no processo de ensinoaprendizagem de Libras e pelo fato de possuir caráter colaborativo, permite que haja uma adaptação não só aos regionalismos, como também para outras línguas, onde o crescimento da base de dados será impulsionado pela ajuda da comunidade, através do cadastro de novas expressões técnicas e tecnológicas. 5. Referências BERSCH, R.; TONOLLI, J. Introdução à tecnologia assistiva. [Online]. 2008. Disponível em: < http://proeja.com/portal/images/semana-quimica/2011-10-19/tecassistiva.pdf>. Acesso em: 30 maio 2013. COOK, A.M. & HUSSEY, S. M. (1995) Assistive Technologies: Principles and Practices. St. Louis, Missouri. Mosby - Year Book, Inc. IBGE. Censo Demográfico 2010: Características gerais da população, religião e pessoas com deficiência: Banco de Dados. Disponível em < ftp://ftp.ibge.gov.br/Censos/Censo_Demografico_2010/Caracteristicas_Gerais_Religiao _Deficiencia/tab1_3.pdf > Acesso em 30 mar. 2013. PEIXOTO, Renata Castelo. Algumas considerações sobre a interface entre a língua brasileira de sinais (LIBRAS) e a língua portuguesa na construção inicial da escrita pela criança surda. Cad. Cedes, v. 26, n. 69, p. 205-229, maio/ago. 2006.