Cenários de Longo Prazo Abril/2009 Sumário 1 2 3 4 Introdução 5 6 Projeções de Longo Prazo Cenário Externo Eleições 2010 Cenário Doméstico Conclusões 2 1. Introdução • A crise econômica mundial intensificou-se nos últimos meses, trazendo maiores impactos sobre a economia brasileira. • Neste relatório de cenários, discutimos a evolução da crise internacional, ressaltando as dificuldades relacionadas ao processo de saneamento do sistema financeiro, e, por fim, seus impactos nos países desenvolvidos. • Também são analisados os impactos sobre a economia brasileira e o desenrolar das eleições presidenciais de 2010. • Participantes das discussões: Sócios e analistas da Tendências Consultoria Integrada, incluindo a nova economista da casa Prof. Dra. Elizabeth Farina (FEA-USP e ex-presidente do CADE) Prof. Dr. Samuel de Abreu Pessoa, economista, professor da FGV-RJ e consultor externo da Tendências Consultoria Integrada Prof. Dr. Carlos Melo, cientista político e professor do IBMEC-SP Dr. Murilo de Aragão, cientista político da Arko Advice Dr. John Welch, economista do Banco Itaú Prof. Dr. José Márcio Camargo, economista-chefe da Opus Gestão de Recursos e professor da PUC-RJ 3 2. Cenário Externo 4 • A crise financeira internacional está longe de ser solucionada e as repercussões sobre a economia real mundial têm ficado cada vez mais claras. O PIB das regiões desenvolvidas já se retraiu por três trimestres consecutivos e o dos países emergentes, se não mostrou contração, está passando por desaceleração importante. A verdade é que os efeitos da crise financeira têm sido piores que o inicialmente estimado. • As perdas acumuladas até agora por instituições financeiras ao redor do globo já somam cerca de US$ 1,25 trilhão, valor que supera o capital levantado por estas empresas. 5.0 1.5 4.0 1.0 0.5 3.0 0.0 -0.5 2.0 -1.0 -1.5 1.0 -2.0 -2.5 0.0 -3.0 -3.5 2007Q3 2007Q4 2008Q1 2008Q2 2008Q3 2008Q4 2009Q1 Relação perdas/capital levantado de instituições financeiras (mundo) PIB real (% t/t-1) 2007Q1 2007Q2 2007Q3 2007Q4 2008Q1 2008Q2 2008Q3 2008Q4 Japão Zona do Euro EUA Países emergentes estão sofrendo menos, mas também passam por grande desaceleração econômica. O ritmo de crescimento da China passou de taxas acima de 9,0% em relação ao mesmo período do ano anterior para “apenas” 6,8% no quarto trimestre de 2008 Fonte: Bloomberg. 2. Cenário Externo 5 • O futuro da economia mundial depende essencialmente da solução do problema financeiro. A depender da solução da crise, que inicialmente parecia ser um problema de liquidez de instituições financeiras e, hoje, muito mais um problema de solvência, caminhamos para cenários diferentes. • As medidas adotadas por BCs ao redor do mundo têm conseguido estabilizar certos mercados, especialmente em relação ao período de pânico (quebra do Lehman Brothers em setembro/08), mas estão longe de ser suficientes para solucionar o problema dos bancos, que continuam com elevado volume de ativos tóxicos e não retomam suas operações de crédito. • Temos três cenários para os próximos 10 anos – básico, pessimista e otimista, cujas probabilidades continuam em 60%, 30% e 10%, respectivamente. 5 2.20 4 2.00 1.80 3 1.60 2 1.40 1 1.20 -1 0.80 Spread libor over T-bill (3 meses) Flexibilizaçãomonetária monetáriareduziu reduziujuros jurosaa Flexibilização mercado... mercado... Fonte: Federal Reserve, Bloomberg. Jan-99 May-99 Sep-99 Jan-00 May-00 Sep-00 Jan-01 May-01 Sep-01 Jan-02 May-02 Sep-02 Jan-03 May-03 Sep-03 Jan-04 May-04 Sep-04 Jan-05 May-05 Sep-05 Jan-06 May-06 Sep-06 Jan-07 May-07 Sep-07 Jan-08 May-08 Sep-08 Jan-09 1.00 Jan-98 Jul-98 Jan-99 Jul-99 Jan-00 Jul-00 Jan-01 Jul-01 Jan-02 Jul-02 Jan-03 Jul-03 Jan-04 Jul-04 Jan-05 Jul-05 Jan-06 Jul-06 Jan-07 Jul-07 Jan-08 Jul-08 Jan-09 0 Multiplicador (M1/base monetária) ...masos osbancos bancosseguem seguemrelutantes relutantesem em ...mas emprestar emprestar 2. Cenário Externo Resultado fiscal do gov. federal am ericano (% do PIB) 4% 2% 0% -2% -4% -6% -8% -10% -12% -14% 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 • Além de todas as medidas dos bancos centrais para prover liquidez ao mercado, governos anunciam pacotes de estímulo fiscal. • Os Estados Unidos lideram neste front, com a promessa de investir em infraestrutura e outras áreas quase US$ 800,0 bilhões. • Projeções para o déficit fiscal americano são desanimadoras. 6 Casa Branca Tendências O principal problema que precisa ser resolvido é o da saúde do sistema financeiro, que fragilizada impede retomada consistente do crescimento nos Estados Unidos e conseqüentemente no mundo. Mais recentemente, o governo americano criou o Capital Assistance Program (CAP), cuja ideia central é disponibilizar recursos aos bancos para formação de um capital buffer para absorver perdas futuras, dados os resultados de testes de estresse conduzidos em dois cenários macroeconômicos, um básico e um mais pessimista. A principal e mais promissora novidade, no entanto, é o plano de parceria público-privada para compras de ativos podres dos bancos, que através de leilões e garantias governamentais precificará estes títulos, tema mais espinhoso para a recuperação das instituições financeiras. Caso a implementação destes programas não levem o sistema ao caminho certo, ainda restam algumas opções para o governo. A nacionalização ou estatização (parcial ou total) tem sido adotada por vários governos. Uma vantagem é que, ao penalizar acionistas e gestores com a transferência do controle para o Estado, a nacionalização fornece um adequado sistema de incentivos. Há também a possibilidade de esquemas do tipo bad bank ou good bank, mas que parecem descartados pelo Tesouro americano. Fonte: Casa Branca 2. Cenário Externo 7 • Levando-se em conta as medidas adotadas mais recentemente pelos governos e a possibilidade de intervenções mais drásticas no sistema com a criação de instrumentos como os discutidos anteriormente, temos três distintos cenários. • No cenário básico, a hipótese é de que os pacotes sejam minimamente suficientes para restabelecer a confiança no sistema financeiro e garantir, consequentemente, certa estabilização das economias. • Consideramos também, a adoção de medidas mais drásticas ao longo deste ano, caso os pacotes implementados até agora não estejam surtindo os efeitos esperados sobre confiança e retomada do crédito. • No longo prazo, a reversão das políticas de aumento de déficit fiscal e monetização devem se refletir em taxas de juros mais elevadas, limitando a expansão econômica em níveis abaixo da média de 5,0% observada nos anos anteriores á crise. PIB m undial (%) 6.0 5.0 4.0 3.0 2.0 1.0 0.0 Fonte: FMI Projeção: Tendências 2018 2017 2016 2015 2014 2013 2012 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 -1.0 Crescimento real (%) - cenário básico 2009 2010 Mundo -0.5% 1.9% EUA -2.5% 1.0% China 7.5% 8.0% Europa -3.5% 0.7% Japão -5.5% 0.5% Brasil 0.3% 3.5% 2. Cenário Externo 8 • No cenário pessimista, a hipótese é de os pacotes adotados até então não sejam suficientes para restabelecer a confiança no sistema e que os governos, por restrições institucionais ou políticas, tardem a tomar atitudes mais drásticas para sanear o sistema financeiro. • Como consequência, o crédito não seria retomado, e as economias, especialmente as desenvolvidas, amargurariam estagnação por um período de cerca de seis anos neste cenário. • Além disso, a economia chinesa apresentaria uma trajetória bem mais pessimista neste contexto, uma vez que com a demora na recuperação das demais economias do mundo, os instrumentos de política monetária e fiscal se esgotariam e o governo não seria capaz de sustentar taxas de crescimento em torno de 7% a 8%. Neste período crítico, a taxa de expansão do país asiático ficaria ao redor de 6%. Crescimento real (%) - cenário pessimista 2009 2010 Mundo -2.0% 0.7% EUA -3.5% 0.0% China 4.0% 5.5% Europa -4.0% -1.0% Japão -6.0% -2.0% Brasil -1.8% 0.8% PIB m undial (%) 6.0 5.0 4.0 3.0 2.0 Fonte: FMI Projeção: Tendências 2018 2017 2016 2015 2014 2013 2012 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1.0 0.0 -1.0 -2.0 -3.0 2. Cenário Externo 9 • No cenário otimista, a premissa é que a resolução da crise financeira é rápida. Obstáculos políticos e/ou institucionais seriam superados facilmente, a ponto de garantir a implementação de medidas mais drásticas para saneamento do sistema financeiro já no curto prazo. • Entretanto, considerando as dificuldades políticas já observadas no caso americano para aprovação de um programa como o TARP, é pouco provável que medidas mais contundentes como estatização/bad bank/good bank sejam implementadas rapidamente. Justamente por isso, atribuímos baixa probabilidade a este cenário, de somente 10%. • Nesse cenário, já ocorreria importante recuperação das economias centrais em 2010, com os Estados Unidos crescendo 2,0%, Europa, 1,5% e Japão, 1,5%. Neste ambiente, a economia chinesa volta a crescer a uma taxa de 9%. Como consequência, o PIB mundial mostraria expansão de 3,5% em 2010, caminhando para taxas próximas a 5% a partir de 2016. Crescimento real (%) - cenário otimista 2009 2010 Mundo -0.5% 3.5% EUA -2.5% 2.0% China 7.5% 9.0% Europa -3.5% 1.5% Japão -5.5% 1.5% Brasil 1.0% 4.2% PIB m undial (%) 6.0 5.0 4.0 3.0 2.0 1.0 0.0 Fonte: FMI Projeção: Tendências 2018 2017 2016 2015 2014 2013 2012 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 -1.0 3. Eleições 2010 10 • A aproximação das eleições presidenciais de 2010 faz com que o cenário político em torno da disputa ganhe forma mais clara já neste ano, com a definição dos candidatos e o início da composição de alianças. Dada a relevância da corrida pela sucessão do presidente Lula, principalmente em uma época de forte instabilidade na atividade econômica, é importante analisar de forma cuidadosa os cenários mais prováveis dessa disputa e seus possíveis impactos sobre a política e a economia do País nesse e no próximo governo eleito. • Nas condições atuais, é certo que as eleições terão – e muito provavelmente girarão em torno deles – candidatos do PT e do PSDB. Assim como aconteceu nas últimas quatro campanhas presidenciais, os dois partidos serão novamente as principais forças envolvidas e, muito provavelmente, de um deles sairá o vencedor. X ProvávelCandidato Candidato: :Dilma DilmaRousseff Rousseff Provável Vantagens:Amplo Amploapoio apoiode deLula Lulaee Vantagens: faltade dealternativas alternativasdentro dentrodo doPT PT falta ProvávelCandidato: Candidato:José JoséSerra Serra Provável Vantagens:força forçaeleitoral eleitoraleepolítica política Vantagens: emSP SPeerecall recallno noeleitorado eleitoradonacional nacional em 3. Eleições 2010 11 • Apesar da projeção nacional e do bom desempenho nas pesquisas de intenção de votos, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB-MG), não deve ser capaz de sobressair em um cenário no qual Serra conta com o apoio de grandes quadros tucanos e um recall significativo no eleitorado nacional (enquanto Aécio aparece com cerca de 23% na última pesquisa CNT/Sensus, o paulista recebe algo como 42% das intenções de voto). • Além das duas candidaturas centrais, pode-se especular sobre alternativas bem menos prováveis, como o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) e o senador Cristovam Buarque (PDT-DF). O maior partido do País, o PMDB, muito dificilmente terá um candidato próprio – a possibilidade de Aécio Neves trocar o PSDB pelo PMDB, em busca da nomeação, sempre foi remota e é um cenário cada vez mais improvável. • Há grande possibilidade de o PMDB entrar dividido na disputa, sem escolher oficialmente nenhum dos dois lados e deixar que suas lideranças regionais construam acordos com os candidatos, dadas as características do partido. Cenários Mais Prováveis Cenários Menos Prováveis Datafolha Nov/08 Mar/09 Dez/08 CNT/Sensus Jan/09 Nov/08 Dez/08 Mar/09 Datafolha Nov/08 Mar/09 Fev/09 Mar/09 Nov/08 Mar/09 Serra (PSDB) 47 47 46,5 42,8 45,7 Serra (PSDB) 41 41 Heloísa Helena (PSOL) 17 15 12,5 11,2 11 Ciro Gomes (PSB) 15 16 Dilma (PT) 10 13 10,4 13,5 16,3 Heloísa Helena (PSOL) 14 11 Dilma (PT) 8 11 Heloísa Helena (PSOL) 27 26 19,1 18,2 17,4 Ciro Gomes (PSB) 25 25 Aécio (PSDB) 23 22 25,3 23,3 22 Heloísa Helena (PSOL) 19 17 Dilma (PT) 12 16 12,9 16,4 19,9 Aécio (PSDB) 17 17 Dilma (PT) 9 12 Fonte: Datafolha, CNT/Sensus 3. Eleições 2010 • Apresentados os cenários mais prováveis para as candidaturas, destaca-se a relevância que o desempenho econômico nos dois anos finais de governo Lula terá para estabelecer as condições nas quais a disputa ocorrerá. Além da importância usual que a economia possui sobre eleições nacionais independentemente dos candidatos ou do cenário, três aspectos fazem com que os números de crescimento em 2009 e 2010 sejam ainda mais decisivos nessas eleições: 1. A ministra Dilma Rousseff depende da exposição oferecida por um Lula amplamente bem avaliado. 2. A definição de partidos da base de apoio ao governo no Congresso, de ingressarem ou não na candidatura do Planalto – notadamente o PMDB – depende das chances apresentadas pela ministra no início do ano que vem. Uma grande piora na economia que afete significativamente a avaliação positiva do governo pode diminuir a aliança partidária em torno da petista. 3. A crise é uma situação excepcional que amplifica os riscos e a exposição da condução da política econômica. Até agora, o governo parece confortável com o discurso de que não tem responsabilidade pela origem da crise, no entanto, certamente será julgado pela competência com a qual gerenciou a situação – a maior duração do mau desempenho da economia municia a campanha oposicionista. 12 3. Eleições 2010 Aprovação do Governo Lula (Ibope) 80% 13 Avaliação Ótimo/Bom % (Datafolha) 80 70 70% 60 60% FHC I FHC II Lula I Lula II 50 50% 40 40% 30 30% 20 10 Mar-95 Sep-95 Mar-96 Sep-96 Mar-97 Sep-97 Mar-98 Sep-98 Mar-99 Sep-99 Mar-00 Sep-00 Mar-01 Sep-01 Mar-02 Sep-02 Mar-03 Sep-03 Mar-04 Sep-04 Mar-05 Sep-05 Mar-06 Sep-06 Mar-07 Sep-07 Mar-08 Sep-08 Mar-09 Mar-03 Jun-03 Sep-03 Dec-03 Mar-04 Jun-04 Sep-04 Dec-04 Mar-05 Jun-05 Sep-05 Dec-05 Mar-06 Jun-06 Sep-06 Dec-06 Mar-07 Jun-07 Sep-07 Dec-07 Mar-08 Jun-08 Sep-08 Dec-08 Mar-09 20% • Quanto maior a crise e mais severos os seus impactos sobre a economia nacional, melhor será a situação para a candidatura Serra e pior para a candidatura Dilma. É preciso enfatizar, no entanto, que nos cenários mais prováveis para o desempenho econômico em 2009 e 2010, as chances de vitória da candidata do Planalto são muito maiores do que sugerem os números atuais nas pesquisas. • A tendência de alta nos índices de intenção de votos na ministra mostra que a crescente exposição – em um cenário de avaliação positiva do governo em níveis recordes – está funcionando e alavancando suas chances. Com cerca de um ano e meio ainda disponível até as eleições, a tendência natural é que a diferença entre Serra e Dilma diminua e a campanha seja iniciada em um panorama de maior equilíbrio, em 2010. Fonte: Datafolha 3. Eleições 2010 14 • O processo eleitoral e a composição do governo que será escolhido no ano que vem certamente aumentam as incertezas a respeito da condução da política econômica, antes e depois das eleições. • No curto prazo, de fato têm embasamento as especulações de que o governo Lula pode vir a adotar uma postura mais ousada na política fiscal – como resposta à crise e como forma de evitar efeitos negativos sobre a candidatura Dilma. A redução da meta de superávit primário é, possivelmente, a medida mais emblemática e significativa que pode ser tomada nesse sentido. • De qualquer maneira, a condução da política monetária deve seguir as mesmas linhas dos últimos seis anos. A possível saída do presidente do BC, Henrique Meirelles, para concorrer ao governo do Estado de Goiás, não deve levar ao posto um economista de outra tendência. O substituto de Meirelles deve ser escolhido entre os diretores atuais do BC e o processo de troca deve ser conduzido de maneira discreta pelo presidente Lula. CenárioPós-Eleições Pós-Eleições Cenário Asincertezas incertezascontinuam, continuam,eetalvez talvezaté atéem emmaior maiorgrau, grau,relacionadas relacionadasàs àspossíveis possíveis As administraçõesDilma Dilmaou ouSerra. Serra.Enquanto Enquantooogovernador governadorpaulista paulistatem temadotado adotadouma umapostura postura administrações bastantecrítica críticaao aoBC, BC,aaministra ministraé,é,notadamente, notadamente,ligada ligadaààparcela parcela“desenvolvimentista” “desenvolvimentista”da daequipe equipe bastante econômicado dogoverno. governo.Mesmo Mesmoassim, assim,oocenário cenáriomais maisprovável provávelééque, que,com comaavitória vitóriade dequalquer qualquer econômica umdos dosdois doisnomes, nomes,as asmodificações modificaçõesna nacondução conduçãoda daeconomia economiasejam sejammarginais marginaiseeos os um principaispilares pilaresda dapolítica políticaeconômica, econômica,mantidos. mantidos.OOdiscurso discursocrítico críticoadotado adotadopor porSerra Serracom com principais relaçãoao aoBC BCpode podeser servisto vistocomo comouma umaestratégia estratégiaadequada adequadano noperíodo períodopré-eleitoral. pré-eleitoral.Ademais, Ademais,oo relação sucessopolítico políticodo dogoverno governopragmático pragmático––eenão nãoideológico ideológico––conduzido conduzidopelo pelopresidente presidenteLula Luladeve deve sucesso servisto vistopelos peloscandidatos candidatoscomo comoexemplo exemplode deêxito êxitoeleitoral, eleitoral,tamanha tamanhaaapopularidade popularidadedo dopresidente. presidente. ser 4. Cenário Doméstico - Atividade • O PIB do quarto trimestre mostrou que os reflexos da crise no Brasil foram maiores do que o esperado e comprometeram os resultados deste ano, carregando um efeito carry-over de -1,5%. Isso significa que, se o Brasil mantiver seu crescimento constante a partir de agora até o final do ano, teria um resultado anual de -1,5%. PIB dessaz - Var QoQ 3% 1.7% 2% 1.2% 1.7% 1.1% 1.4% 1.2% 1.8% 1.6% 1.6% 1.7% 1.6% 1.3% 1.1% 0.6% Com isso, nossas projeções trimestrais, apesar de sugerirem uma recuperação a partir do segundo trimestre, resultam numa taxa anual de 0,3% para 2009 1% -1% -0.9% -2% -3% -4% 2009 - IV 2009 - III 2009 - II 2009 - I 2008 - IV 2008 - III 2008 - II 2008 - I 2007 - IV 2007 - III 2007 - II 2007 - I 2006 - IV 2006 - II 2006 - I 2006 - III -3.6% -5% Mesmo com uma taxa de crescimento próxima a zero, a economia brasileira crescerá mais do que a taxa média mundial, que projetamos em -0,5% Fonte: IBGE Projeção: Tendências 15 4. Cenário Doméstico - Política Monetária • 16 Nesta projeção já consideramos as ações do governo em relação à crise. As ações no lado de política monetária vão desde as liberações de compulsórios e a redução da Selic, que deve cair para 9,75% até o final do ano. Depósitos compulsórios Taxa de Juros - SELIC • 13.1% 11.2% fe v /0 9 ja n /0 9 d e z /0 8 n o v /0 8 o u t/0 8 s e t/0 8 a g o /0 8 ju l/0 8 ju n /0 8 m a i/0 8 a b r/0 8 m a r /0 8 fe v /0 8 8.9% ja n /0 8 dez/09 out/09 set/09 jul/09 7.0% jun/09 8.3% 8.0% abr/09 9.0% mar/09 9.5% jan/09 10.0% dez/08 10.8% out/08 11.0% set/08 12.0% jul/08 12.0% jun/08 13.3% abr/08 13.0% mar/08 14.5% jan/08 14.0% Efeitos da política monetária não são imediatos. Pode levar mais de seis meses para que se observem efeitos reais. Além disso, em um quadro de incertezas quanto ao futuro, os agentes podem reter a moeda adicional, e reduzir o efeito da política. Fonte: Banco Central Projeção: Tendências 4. Cenário Doméstico – Política Fiscal • 17 A política fiscal é expansionista, mesmo em um ano com arrecadação descendente. O governo aumentou a projeção da despesa total de 17,9% do PIB em 2008 para 19,3% do PIB em 2009, mesmo com uma projeção de crescimento otimista do PIB, de 2%, no decreto de contingenciamento. Despesas sem contingenciam ento (% do PIB) Receita líquida (% do PIB) 20.0% 21.2% 21.0% 19.0% 20.8% 20.6% 18.5% 20.4% 20.4% 20.4% 18.0% 17.9% 17.5% 20.2% 17.0% 20.0% 2008 • 19.4% 19.3% 19.5% 21.0% LOA 2009 Reprog. 2009 2008 LOA 2009 Reprog. 2009 Ainda assim nosso cenário prevê que o governo terá que utilizar as sobras do PPI e do fundo soberano para fechar as suas contas, dada a meta de 3,8% do PIB, e ainda cortar as despesas de R$ 578 bilhões para R$ 537 bilhões. Com isso, nossa projeção é de um superávit primário de 2,8% do PIB no final do ano. O quadro mostra o cenário para que o governo central atinja a parcela de 1,55% do PIB e o setor público consolidado, a de 2,8% do PIB, dada a projeção da Tendências para as receitas Fonte: Banco Central Projeção: Tendências Receita total Transf a estados e munic. Receita líquida Despesas Primário Meta PPI Meta para cumprir LDO (+) Esforço/ (-) sobras Em R$ milhões 690 204 122 256 567 949 537 140 30 809 46 677 15 552 31 125 317 Em % PIB 22.92% 4.06% 18.86% 17.84% 1.02% 1.55% 0.52% 1.03% 0.01% 4. Cenário Doméstico – Setor Externo Atuações do Banco Central desde setembro de 2008 Vendas Recompra Líquido Mercado a vista 14.5 -14.5 Compra/Recompra 9.7 5.9 3.8 Financiamento de Exportações 10.6 2.1 8.5 Total 34.8 8 26.8 Swaps (líquido) 32.4 No curto prazo, Banco Central agiu até início de fevereiro e mostrou que pode utilizar reservas, se necessário, apesar da falta de uma política mais consistente Balanço de Pagamentos (US$ bi) 160 124.1 87.5 61.1 80 60.0 53.6 30.6 16.3 3.0 0 2006 -30.5 2007 -36.6 -80 Necessidades de Financiamento 2008 -50.7 2009 (p) -43.7 Fontes de Financiamento No longo prazo, o balanço de pagamentos do ano deve ser superavitário, afastando risco de depreciação do real Saldo Portanto, baseado nestas premissas, nossa projeção é que o câmbio se valorize até o final do ano, e que o pico da desvalorização já foi atingido Fonte: Banco Central Projeção: Tendências 18 5. Projeções de longo prazo Macroeconomic environment 19 Modelo de Consistência 10 variáveis exógenas 28 variáveis endógenas Hipóteses para exógenas Projeções Economia Brasileira de 2009 a 2018 * * Projeções de até 2 anos vêm de modelos de curto prazo 5. Projeções de longo prazo Variáveis Exógenas Domésticas Variáveis Exógenas Domésticas 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 20 Superávit primário Juros Nominais (SELIC) População Prêmio de Risco Produtividade Total de Fatores Relação PEA/PIA Meta de Inflação 1. Crescimento Mundial 2. Juros Nominais EUA (Fed Fund) 3. Inflação EUA (CPI) 5. Exógenas – Superávit Primário 21 Em 2009, dada a crise mundial, haverá menor crescimento econômico e política fiscal anti-ciclíca Nossa previsão é de um superávit de 2,8% do PIB, com viés de baixa, retomando 3,3% do PIB em 2010. Déficit nominal zero apenas em 2013 Superávit Primário (% PIB) 4.5% 4.0% Dadas estas circunstâncias, será pouco provável atingir meta de 3,8% do PIB 3.5% 3.0% 2.5% 2.0% 1.5% 1.0% 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Otimista Elaboração: Tendências 2012 2013 Pessimista 2014 Básico 2015 2016 2017 2018 5. Exógenas – Juros Nominais 22 No curto prazo, o Banco Central continua reduzindo juros, devido à inflação controlada e à queda da atividade A autonomia do Banco Central se mantém durante todo o processo Juros Nominais (média) 16.0% Selic deve atingir 9,75% ainda no primeiro semestre e deve se manter neste patamar até o final do ano. Juros voltam a cair em 2011 15.0% 14.0% 13.0% 12.0% 11.0% 10.0% 9.0% 8.0% 7.0% 6.0% 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Otimista Elaboração: Tendências 2012 2013 Pessimista 2014 Básico 2015 2016 2017 2018 5. Exógenas – Prêmio de risco 23 A relação Dívida líquida/PIB em queda deve trazer o risco para menor patamar As contas externas em ordem não pressionam o indicador EMBI-BR (Média) 700 600 A redução do prêmio de risco deve vir por conta da dissipação da crise internacional 500 400 300 200 100 0 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Otimista Elaboração: Tendências 2012 2013 Pessimista 2014 Básico 2015 2016 2017 2018 5. Exógenas – Produtividade Total dos Fatores No curto Prazo, a PTF é afetada pela crise internacional Gargalos de infraestrutura continuam limitando crescimento do indicador PTF 3.00% No médio prazo PTF volta a crescer, acima da média das últimas décadas, resultado das reformas institucionais já realizadas 2.00% 1.00% 0.00% -1.00% -2.00% 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Otimista Elaboração: Tendências 2012 2013 Pessimista 2014 Básico 2015 2016 2017 2018 24 5. Exógenas – Outras Variáveis Domésticas PEA/PIA Deve aumentar com a incorporação da mulher no mercado de trabalho e desenvolvimento de regiões mais pobres População Estimativas do IBGE, com informações da pirâmide populacional, expectativa de natalidade e expectativa de vida Metas de inflação As metas devem convergir lentamente para 3,0%, em linha com outros emergentes 25 5. Exógenas – Crescimento Mundial 26 No curto prazo, o crescimento cai devido à ação da crise financeira e consequente retração dos países centrais No médio prazo, o crescimento volta a convergir para algo entre 3,5% e 4,0% Crescimento Mundial 6.0% 5.0% 4.0% 3.0% 2.0% 1.0% 0.0% -1.0% -2.0% -3.0% 2006 2007 2008 2009 2010 Otimista Elaboração: Tendências 2011 2012 Pessimista 2013 2014 2015 Básico e Otimista 2016 2017 2018 5. Exógenas – Outras Variáveis Internacionais Juros Nominais EUA No curto prazo a escolha entre inflação e atividade recairá no segundo, mas haverá necessidade de voltar a subir os juros em 2011 Inflação EUA (CPI) Permanecerá baixa no curto prazo, e deve buscar um patamar de 2,0% no longo prazo 27 5. Cenários Alternativos Cenário Otimista – 10% Cenário Mundial igual ao Básico Cenário Doméstico melhor Maior aumento da produtividade (impactos das reformas já feitas e novas a partir de 2011) Juros nominais elevados no curto prazo (melhora dos índices de atividade) e menores no médio prazo Menor prêmio de risco Relação PEA/PIA cresce mais rápido Maior primário até 2011 e menor primário a partir de 2013 (déficit nominal zero a partir de 2012) 28 5. Cenários Alternativos Cenário Pessimista – 30% Cenário Mundial significativamente pior: Crise americana mais intensa e duradoura Mundo demora a retomar crescimento Juros Menores Cenário Doméstico pior Grande piora fiscal nos anos 2009, 2010 e 2011 (menor primário) Menor produtividade Elevação do prêmio de risco Juros nominais elevados (impactos inflacionários de uma nova desvalorização cambial) Relação PEA/PIA cresce mais devagar 29 5. Variáveis Endógenas 30 Crescimento do PIB 7.0% - PIB sofre no curto prazo em todos os cenários 6.0% 5.0% 4.0% 3.0% - Crescimento potencial depende de novas reformas e manutenção do tripé de política econômica 2.0% 1.0% 0.0% -1.0% -2.0% 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Otimista 2012 2013 Pessimista 2014 2015 2016 2017 2018 Básico Consumo das Famílias - Consumo das Famílias cresce pouco no curto prazo em todos os cenários - No médio prazo ele é limitado pelo crescimento efetivo do PIB 7.0% 6.0% 5.0% 4.0% 3.0% 2.0% 1.0% 0.0% -1.0% -2.0% 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Otimista Elaboração: Tendências 2012 2013 Pessimista 2014 Básico 2015 2016 2017 2018 5. Variáveis Endógenas 31 PIB per Capita - US$ 20 000 - Pequenas diferenças de crescimento ao longo do tempo, geram grande diferença no acumulado 18 000 16 000 14 000 12 000 10 000 8 000 6 000 4 000 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Otimista 2012 2013 Pessimista 2014 2015 2016 2017 2018 Básico FBCF (% PIB) - FBCF depende do crescimento econômico - FBCF de 19% do PIB é suficiente para PIB potencial em torno de 4% ao ano 21.0% 20.0% 19.0% 18.0% 17.0% 16.0% 15.0% 14.0% 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Otimista Elaboração: Tendências 2012 2013 Pessimista 2014 Básico 2015 2016 2017 2018 5. Variáveis Endógenas 32 Taxa de Desemprego - Taxa de desemprego sofre com baixo crescimento no curto e médio prazo 13.0% 11.0% 9.0% - Limites de queda devido ao elevado “desemprego natural” no Brasil 7.0% 5.0% 3.0% 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Otimista 2012 2013 Pessimista 2014 2015 2016 2017 2018 Básico IPCA - Autonomia operacional do BC garante que a inflação não saia do controle mesmo no cenário pessimista - Inflação converge lentamente para patamares mais baixos 7.0% 6.5% 6.0% 5.5% 5.0% 4.5% 4.0% 3.5% 3.0% 2.5% 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Otimista Elaboração: Tendências 2012 2013 Pessimista 2014 Básico 2015 2016 2017 2018 5. Variáveis Endógenas 33 Dívida Líquida Setor Público (% PIB) 45.0% - Nos cenários básico e otimista, a dívida sobe no curto prazo pelo efeito cambial 40.0% 35.0% 30.0% - No médio e longo prazo, a dívida segue trajetória de queda 25.0% 20.0% 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Otimista 2012 2013 Pessimista 2014 2015 2016 2017 2018 Básico Taxa de Câmbio - R$/US$ - Nos cená cenários bá básico e 4.00 otimista, a taxa de câmbio se aprecia no curto prazo devido aos fluxos positivos 3.50 - No mé médio prazo, a estabilidade cambial significa apreciaç apreciação real devido ao diferencial de inflaç inflação 2.50 3.00 2.00 1.50 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Otimista Elaboração: Tendências 2012 2013 Pessimista 2014 Básico 2015 2016 2017 2018 5. Variáveis Endógenas 34 Juros Reais (deflacionado pelo IPCA) 12.0% - Juros reais devem continuar em trajetória de queda devido ao menor risco Brasil 11.0% 10.0% 9.0% 8.0% 7.0% 6.0% - No cenário pessimista, os ganhos dos últimos anos são revertidos 5.0% 4.0% 3.0% 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Otimista 2012 2013 Pessimista 2014 2015 2016 2017 2018 Básico Balança Comercial (US$ bilhões) 60.0 - Balança comercial deve continuar se deteriorando devido ao maior crescimento do Brasil em relação ao mundo, em todos os cenários 50.0 40.0 30.0 20.0 10.0 0.0 -10.0 -20.0 -30.0 -40.0 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Otimista Elaboração: Tendências 2012 2013 Pessimista 2014 Básico 2015 2016 2017 2018 5. Variáveis Endógenas 35 Conta Corrente (% PIB) 1.5% - Déficit em conta corrente deve piorar nos cenários básico e otimista devido ao maior crescimento 1.0% 0.5% 0.0% -0.5% -1.0% -1.5% -2.0% -2.5% -3.0% -3.5% 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Otimista Elaboração: Tendências 2012 2013 Pessimista 2014 Básico 2015 2016 2017 2018 - Déficit de até 3% do PIB é tranquilamente financiável no médio/longo prazo 6. Conclusões Conclusões • A crise internacional afeta o crescimento no curto prazo em todos os cenários. • Pós-crise, reformas institucionais já feitas garantem ganhos de produtividade e, consequentemente, crescimento econômico. • Não há espaço para rupturas nos campos econômico e político. • Estamos caminhando para a consolidação de juros reais mais baixos. • O menor crescimento mundial eleva os déficits nas contas externas (Brasil cresce mais que o mundo). 36 6. Conclusões - Riscos Cenário Externo Problemas Fiscais Falta de reformas Gargalos de infra-estrutura Energia Transporte e Logística Conclusões 37 38 Rua Estados Unidos, 498, 01427-000, São Paulo, SP Tel 55-11 3052-3311, Fax 55-11-3884-9022 [email protected] www.tendencias.com.br