3° Edição - 2011 | Ano 3
Informativo eletrônico trimestral do corpo discente do Programa de
Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Urbano da Unifacs
Edição impressa - Edição especial
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Texto principal
EMBEDDNESS
1
Gregory Höllenmaul
Sem um prévio estoque local de capital humano qualificado é difícil o desenvolvimento
local ou endógeno que depende, no que
tange a este capital social, de um processo
de embeddedness. Segundo Granovetter² os indivíduos não agem de maneira autônoma, suas ações estão imbricadas em
sistemas concretos, contínuos, de relações
sociais. Em redes sociais enraizadas na comunidade. A inexistência desta cumplicidade
é uma restrição que dificulta a ocorrência de
processos de desenvolvimento endógeno em
muitas regiões subdesenvolvidas. Contudo, é
compreensível o esforço dos organismos de
fomento na tentativa de “descobrir” arranjos
produtivos (Apls) e similares em economias
pobres. A experiência vale, pelo menos, como
um processo de aprendizado.
Observa-se a influência de Schumpeter³ e
da sua teoria do desenvolvimento capitalista
nas abordagens do desenvolvimento local ou
endógeno, o que não se aplica a muitas
regiões dos países subdesenvolvidos, porque estes carecem de uma estrutura
acadêmica e científica consolidada e de recursos humanos e institucionais qualificados
para o surgimento espontâneo dos processos
de desenvolvimento, segundo esse modelo
onde é fundamental a capacidade de inovar.
Sendo assim, a solução para a problemática
das regiões atrasadas, depende da formação
eficaz de capital social e da criação de
mecanismos que evitem os vazamentos e retenham este capital nos territórios de origem.
Neste caso específico é importante observar
a desvantagem dos estados geograficamente
centrais, a exemplo da Bahia que, no Brasil,
constitui passagem obrigatória dos fluxos migratórios que se deslocam do Nordeste para
o Sudeste/Sul e vice-versa, e que contribuem
para ampliar exogenamente os seus indicadores de pobreza.
4
Aprendamos porém, com Marshall , que também na economia Natura non facit saltum.
Inexistem fórmulas mágicas que permitam ampliar imediatamente a eficiência
dos esforços produtivos. O processo de
formação de capital humano e crescimento orgânico descrito por Marshall é
por natureza lento.
Como a economia é afetada pelas mudanças do mundo que a rodeia, as
causas e a explicação do desenvolvimento devem ser buscadas, também,
fora dos estudos da teoria econômica. Um
dos pilares fundamentais da política de desenvolvimento local reside na adequação da
oferta de capacitação às necessidades dos
diferentes sistemas produtivos locais. A isto
se podem associar iniciativas que favoreçam
a difusão das inovações no tecido produtivo
da localidade ou do território.
Também se devem esquecer a ortodoxia e
certos pré-requisitos da teoria do desenvolvimento endógeno, certas regras tecnológicas
da inovação e o fantasma da globalização,
cujos arautos pretendem transformar todo local numa função do mundo – uma fantasia
– e ajustar as técnicas e procedimentos à realidade. Pode-se, como faz o SEBRAE, produzir efeitos catalisadores de modernidade
(sem violentar a cultura local) em atividades
artesanais, como ocorre com as rendeiras
do Nordeste e outras similares. Quando se
trabalha sem paternalismo os empreendimentos enraizados histórica e culturalmente
nas comunidades, não se corre o risco da
alta mortalidade que assola as pequenas empresas fomentadas Brasil afora sem maiores
critérios de avaliação sociológica.
A criação de um ambiente inovativo constitui
uma medida de longo prazo. Caracteriza-se
pelo engajamento gradativo das pessoas
qualificadas nas causas de inovação e modernização tecnológica, mediante programas
de aperfeiçoamento seja de pessoal, seja das
atividades técnicas e produtivas e, principalmente, pela indução da cooperação entre os
Imagem: Local Data
atores envolvidos. Pode existir também um
potencial elevado de inovação primitiva que se observado e tratado segundo pa-
drões sociológicos e antropológicos poderá
ser fomentado e certamente produzirá resultados alentadores.
5
Desta forma, como alertou Hirschman
a
retomada da discussão acerca do desenvolvimento é indispensável nos
dias de hoje, seja em razão da situação de
estagnação econômica e da deterioração das
condições sociais de vastas regiões da periferia capitalista, seja em razão dos próprios
limites ecológicos da sociedade de consumo.
O grande desafio consiste em repensar o
desenvolvimento levando em consideração
esse conjunto de problemas, despindose dos preconceitos elitistas herdados
do primeiro mundo e construindo modelos e
padrões econômicos coerentes com a nossa
realidade.
Referências
1.POLANYI, Karl. A grande transformação. Rio de
Janeiro: Campus, 2000.
2.GRANOVETTER, M., Economic Action and Social Structure: the Problem of Embeddedness.,
American Journal of Sociology, 91 (1985), 481-93
3.SCHUMPETER, Joseph. A teoria do desenvolvimento econômico. São Paulo: Abril Cultural, 1985.
4.MARSHALL, Alfred. Principles of Economy. Madrid: 2005
5 HIRSCHMAN, A. Auge y ocaso de la teoría
económica del desarrollo. El Trimestre Económico.
México: Fondo de Cultura Económica, v.47, n.188,
1980
1
3° Edição - 2011 | Ano 3
Por que Stricto Sensu?
O editor
2
Este pequeno jornal digital, agora totalmente
assumido pelo corpo discente do Programa
de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Urbano (PPDRU) da Universidade
Salvador (Unifacs), segundo contam seus
fundadores, nasceu em 2003, ano muito
difícil para a pós graduação que enfrentava
as drásticas restrições financeiras decorrentes da crise econômica nacional à época
e a competição que ameaçavam a sua sobrevivência. O título escolhido, segundo os
pioneiros, foi como um grito de afirmação
na luta pela consolidação de um espaço arduamente conquistado, visto que, à época,
não se acreditava que instituições de ensino
particulares fossem capazes de realizar pesquisas e produzir conhecimento. Preconceito
totalmente derrubado pela Unifacs.
Após seu segundo número o jornal parou de
circular. Não porque houvesse sido reprovado, censurado oucriticado. Muito pelo contrário, foi recebido com grande simpatia em
todos os segmentos da Universidade. Desapareceu por que é muito difícil publicar na
Bahia. Falta vontade de escrever. Não é que
os baianos não o saibam, mas é que gostam
mais do discurso. Adoram a história oral. Ademais o jornal se propunha circular em versão
impressa. Aí morava o problema. O custo
de editoração mais a impressão em Salvador são proibitivos. E assim sendo o Stricto
Sensu submergiu.
Vem à tona agora, trazido por uma geração
entusiasta, onde se ressalta o papel de Paulo
Patrício e Francisca Vasconcellos. O primeiro
um ativo e irrequieto foguista, um catalisador
que acelera ao máximo a produção das matérias e não deixa “a peteca cair”. A segunda
uma serena, competente e generosa designer cujo talento viabilizou o novo formato
gráfico do jornal, a criação de um site e a sua
consequente inserção na web. Esta combinação é reforçada pelas judiciosas e bem
humoradas intervenções da Antonia Carlinda,
as preocupações turísticas do Leandro Gouveia e a metódica aplicação da Aliger Pereira.
Outros também estão contribuindo, cada
qual ao seu modo. Aqui também se registra,
por um dever de justiça e gratidão, o apoio
e incentivo derivados da coordenadora do
programa, a Profa. Dra. Carolina de Andrade
Spinola.
O jornal é independente política, institucional
e financeiramente. No plano político porque
é eminentemente universitário, democrático,
entendendo que a universidade é o espaço
da diversidade no sentido plural e, neste
mesmo sentido, do debate, da discussão,
do confronto de idéias sem o predomínio
de vieses ideológicos à esquerda ou à di-
reita. Bem que poderia assumir o lema do
velho Voltaire, que muitos acham bem atual,
quando dizia je ne suis pas d’accord avec
un mot de ce que vous dites, mais je me
battrai jusqu’à la mort pour votre droit de
le dire. No plano institucional o Stricto Sensu está sob os cuidados do corpo discente
dos cursos de pós-graduação – mestrado e
doutorado – em Desenvolvimento Regional
e Urbano da Universidade Salvador. É financiado exclusivamente pelos estudantes que o
produzem e por ele respondem, sendo assim,
pois, independente. O que não impede que
trabalhe pela pós-graduação e privilegie a orientação e as diretrizes do Programa de Pós
Graduação em Desenvolvimento Regional e
Urbano da Unifacs (PPDRU). Do ponto de
vista financeiro, é poético-idealista, não tendo qualquer finalidade mercantil ou lucrativa.
A moeda que para ele tem valor chama-se
cultura.
Mas, como acrescenta o Paulo Patrício vaticinando o futuro, com o seu estilo típico. Será
“poético, mas incisivo, fará crítica, autocrítica
e esclarecerá; falará do passado, do presente
e apontará o futuro. (...) Desamarra as pontas
políticas, vacinará contra as críticas anticonstrutivas, e dará o tom da liberdade que precisamose na qual apostamos...”
Aceitará, também, a contribuição dos professores e de outros intelectuais que se disponham a nele escrever suas idéias. Buscará
promover a maior integração dos corpos
discente e docente do PPDRU e pela sua
naturezastricto sensu trabalhará focando as
áreas de concentração em processos urbanos e regionais do desenvolvimento e as
linhas temáticas: do desenvolvimento e políticas regionais; e do desenvolvimento, políticas urbanas e redes de cidades. Na área de
concentração em turismo e desenvolvimento
trabalhará com a linha de pesquisa voltada
para os circuitos internacionais e locais do
turismo. Em outras palavras o seu foco concentrar-se-á, stricto sensu, sobre a Economia
Regional e Urbana, Planejamento Regional e
Demografia, Geografia, Turismo e a Teoria do
Desenvolvimento.
Os seus redatores esperam, com este
pequeno grande jornal, produzir cultura a
partir dos seus próprios esforços, interagindo
com aqueles que orientam os seus passos
acadêmicos. Como disse Norberto Bobbio:
acreditam saber que existe uma saída, mas não
sabem onde está. Não havendo ninguém do lado
de fora que possa indicá-la, devem procurá-la por
si mesmos. O que o labirinto da vida ensina não
é onde está a saída, mas quais são os caminhos
que não levam a lugar algum.
Expediente
O Stricto Sensu é um informativo
eletrônico trimestral do Corpo Discente do Programa de Pós- Graduação em Desenvolvimento Regional
e Urbano da Universidade Salvador – UNIFACS. - Versão impressa
- edição especial.
O Stricto Sensu tem como objetivo
maior estimular a produção e leitura
de textos científicos
CONSELHO EDITORIAL
Aliger Pereira
Antonia Carlinda Oliveira
Francisca Mathilde B. Vasconcellos
Gregory Höllenmaul
Leandro C. A. Gouveia
Milton Sampaio Filho
Paulo Patrício Costa
CONSULTORES AD HOC
Profa. Dra. Carolina de Andrade
Spinola
Prof. Dr. Carlos Alberto da C.
Gomes
Prof. Dr. Edivaldo Boaventura
Prof. Dr. Fernando C. Pedrão
Prof. Dr. Laumar Neves de Souza
Prof. Dr. Noelio D. Spinola
Profa. Dra. Regina Celeste de
Souza
DIRETOR EXECUTIVO
Paulo Patrício Costa
EDITOR
Gregory Höllenmaul
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores.
Os direitos, inclusive de tradução, são
reservados.
É permitido citar parte dos artigos sem autorização prévia desde que seja identificada
a fonte.
É vedada a reprodução integral de artigos
sem a formal autorização da redação.
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Editorial
3° Edição - 2011 | Ano 3
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Corpo Cientifico
VIII Semana de Análise
Regional e Urbana - SARU
Carlos Alberto da Costa Gomes 1
Referências 1. Professor Titular da Cadeira de Metodologia das Ciências Sociais Aplicadas II
As turmas sucessivas superaram inúmeros obstáculos, entre eles as dúvidas pessoais. É natural
a existência de dúvidas durante um curso Stricto
O Chanceler Manoel Barros e a Reitora Marcia de Barros,
prestigiando a VIII SARU
Sensu. A mais constante é o questionamento sobre a oportunidade de expor seu estágio pessoal
de desenvolvimento. Esta dúvida sobre o próprio
conhecimento nasce frente à descoberta de um
universo que se encontrava acobertado da visão
pelas capas dos clássicos, da falta de crítica
das informações disponíveis e do impacto das
próprias novas idéias. A reação natural humana é
contornar a ameaça a exposição de suas próprias
dúvidas em público. A SARU possui esta dinâmica: proporcionar uma oportunidade para identificar suas dúvidas e forma de superá-las.
A SARU nos seus oito anos de existência passou por diversas modificações cuja descrição não
caberia neste espaço, restando ressaltar a mais
significativa. De uma iniciativa quase que solitária
de um único professor passou a ser produto da
cooperação de todos e capaz de superar as
restrições naturais da atualidade, permanecendo
viva como escola da vida acadêmica, com todas
as peculiaridades do Stricto Sensu.
Foto: StrictoSensu
turmas responderam é: como
fazer um evento acadêmico do
nível Stricto Sensu?
Iniciaram por compreender
que um evento desta natureza
começa pela escolha de um
tema que seja coerente com
as linhas de pesquisa do programa e com a emergência da
busca de soluções para problemas reais da sociedade que
sejam capazes de transformar
uma reunião de pesquisadores
em um evento factível e, ao
mesmo tempo, necessário a
Imagem: Instituto Integro
sociedade, e coerente com o
Volta a circular o Jornal Stricto Sensu, veículo de
propósito da universidade em
difusão do conhecimento e de idéias produzido contribuir para as soluções dos problemas regiopelo corpo discente do Programa de Pós-gradua- nais.
ação em Desenvolvimento Regional e Urbano - Após a escolha do tema segue-se a organiPPDRU. Tenho a honra de inaugurar este espaço zação. Salas, auditórios, coffee break, diplomas,
do Jornal apresentando uma visão da SARU.
inscrições, palestrantes, mesas redondas, etc.
O primeiro passo é esclarecer que a SARU nas- dentro da perspectiva de custos, orçamento e
ceu e sobreviveu graças à dedicação do Profes- patrocínio condicionados pelas características
sor Doutor Alcides dos Santos Caldas, coorde- universais e inerentes à atividade acadêmica: a
nador do programa de
crítica e multiplicidade de
“As três finalidades básicas
2004 ao início de 2011.
interesses.
da SARU. A primeira e mais
Foi ele que criou, buscou
Ao longo destes oito
simples é a de tornar publico
financiamento,
reuniu
anos, as diferentes turos trabalhos de pesquisa do
meios, pessoas e enconmas descobriram que
trou o caminho em meio programa; a segunda é discutir
planejar é um exercíà estrutura acadêmica temas palpitantes relacionados
cio hipotético dedutivo.
e, através da persistên- ao Desenvolvimento Regional
Construir uma hipótese
cia a transformou em
que responda a todos
e Urbano e a terceira (e mais
um evento permanente.
os
questionamentos
difícil) é a de ser um evento
Vamos proceder a um
teóricos (para um evento
escola para os alunos.”
pequeno estudo de caso
científico) para ser testaneste objeto de pesquisa definido: SARU.
da em uma verdadeira pesquisa ação (os planeQual a origem do nome? O que é a SARU? Para jadores estarão dentro do objeto, interferindo na
que serve? Como ocorre? Qual é a sua dinâmica? sua dinâmica e direcionando seus resultados).
SARU tem origem na designação antiga do pro- O maior problema enfrentado pelo corpo
grama (1999-2005): Programa de Pós-graduação discente residiu nas reuniões onde o debate
em Análise Regional e Urbana. Tentei em 2006 sempre permite a apresentação de uma
modificar para Semana de Desenvolvimento Re- idéia e a sua imediata contestação por outro
gional e Urbano e desisti, pois a iniciativa quebrar- ponto de vista, refletindo a dialética natural
ia a perspectiva histórica do evento e o reconheci- que existe no meio acadêmico. Pode-se
mento que já possuía.
afirmar através da pesquisa (história oral,
A SARU é um espaço de tempo, dentro da agi- entrevistas ou questionários, etc.) que semtação natural da vida acadêmica (de alunos e pre existiu uma idéia melhor ou alternativa
professores) destinado a reunião do corpo dis- possível, mas as teses, antítese e sínteses
cente e docente com três finalidades básicas. A foram condicionadas pelo tempo. Mesmo
primeira e mais simples é a de tornar publico os que ainda houvesse possibilidades de altetrabalhos de pesquisa do programa; a segunda rações qualitativas e quantitativas, a síntese
é discutir temas palpitantes relacionados ao De- final teria de ser encontrada, em um prazo
senvolvimento Regional e Urbano e a terceira (e determinado, para tornar factível a consmais difícil) é a de ser um evento escola para os trução da hipótese fundamental (o próprio
alunos. A pergunta norteadora que as sucessivas evento).
Público presente à abertura da VIII SARU em 26 de outubro/2011.
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Redes tecno-econômicas de poder
Milton Correia Sampaio Filho 1
A Terceira Revolução Industrial ou Revolução Tecno-científica é caracterizada pela etapa de profundas evoluções
no campo tecnológico desencadeada
principalmente pela junção entre conhecimento científico e produção industrial, ocorridas depois da Segunda
Guerra Mundial. O processo industrial
pautado no conhecimento e na pesquisa caracteriza essa etapa ou fase
produtiva: todos os conhecimentos
gerados em pesquisas são repassados quase que simultaneamente para
o desenvolvimento industrial. Nesse
contexto, economista Fritz Machup
iniciou os estudos sobre o o efeito das
patentes na pesquisa (The production
and distribution of knowledge in the
Imagem: Adaptada do autor
United States, 1962). Ele foi um dos
que iniciou a discussão do conceito de So- produtivas de conhecimento, redes (compleciedade da Informação, também chamada de xas) de inovação, EBT – empresas de base
Sociedade do Conhecimento, vinculado ao tecnológica, KIBS = knowledge intensive
discutível termo Globalização (de forma mais business services, IESICS = infra estrutura
coerente Mundialização).
e serviços de informação e comunicações.
As grandes redes econômicas são projetadas Nota-se que tais programas são sustentados
como mega-redes flexíveis contendo as mais por conglomerados (visando seu expansionivariadas competências e competitividades, smo capitalista) e não mais pelo Estado (que
os mais distintos fatores econômicos (con- deveria promover o expansionismo sóciojuntos de mão-de-obra, reservas de matéri- econômico).
as-primas, estruturas comerciais, industriais São todas redes produtivas de conhecimento
e financeiras e
ou redes tecnomercados) tor“...para a Bahia e Região Metropolitana
econômicas
nando países de Salvador, entende-se que a automação (Callon, 1992)
ou regiões nós
com alta comjuntamente com as novas técnicas de
dessas redes,
plexidade para
reengenharia geraram desemprego, o
retiram-lhes
serem estruturanúmero de trabalhadores estáveis vem
toda
margem
das, articuladas,
caindo gradativamente”
de autonomia
fazer-se o ene os convertem
frentamento das
em um eficiente e previsível acessório, uma instabilidades para consolidá-la e mantê-la.
máquina viva, uma região modificada para Isso exige um continuado processo de negoassimilar um DNA corporativo.
ciações, de um continuado alinhamento de inO processo econômico da Terceira Re- teresses entre todos os atores envolvidos Se,
volução Industrial iniciou-se com o Estado, em algum momento, estes interesses deixam
mas aparentemente encontra-se na situação de estarem alinhados, a rede se desestabide Firma-Estado, empresas e conglomerados liza e a trajetória cessa. Manter os interesses
econômicos com mais poder e dominação de todos os atores alinhados ao interesse do
que as próprias políticas públicas nacionais construtor da rede exige muita persuasão e
oferecem. Foi a forma como planejaram a convencimento por parte do ator construtor.
otimização das redes comerciais, alongando A reflexão desafiadora proposta por Fernand
e potencializando seu espectro de atuação. Braudel (1987) em olhar-se além da econoComo o fazem? Desmontando cadeias mia de mercado e acompanhar o capital até
produtivas nacionais antes protegidas e sub- o andar de cima, no qual ele se encontra com
sidiadas pelo Estado, afetando programas o poder político com seus segredos sobre a
nacionais de desenvolvimento tecnológico obtenção dos sistemáticos lucros tornou-se
necessários a estabelecer a conexão das três uma questão contemporânea bem mais comfases (invenção-inovação-difusão). Esses plexa: o andar de cima potencializa a acumuprogramas (coletivo de projetos) recebem lação pela revolução vigiada da tecnologia da
vários nomes: incubação de empresas, redes informação e pela possibilidade
4
de fragmentação das cadeias produtivas globais.
Como fica a força de trabalho? Os atrativos são conhecidos: os trabalhadores
ganham menos e trabalham mais, a fiscalização é discreta e os lucros podem
passear à vontade nos fluxos financeiros informatizados antes de voltar ao
sólido terreno pátrio da matriz dessas
redes. Quase uma abordagem darwinista – seleção natural das espécies
ou das qualificações, uma higienização
dessa força de trabalho com processos estruturados de exclusão sócioeconômica.
Como olhar direcionado de forma mais
específica para a Bahia e Região
Metropolitana de Salvador, entende-se
que a automação junta com as novas
técnicas de reengenharia geraram desemprego, o número de trabalhadores estáveis
vem caindo gradativamente, aumento do emprego informal e precário. Grande parte dos
desempregados tem se constituído de jovens
que ingressam no mercado de trabalho, forçando boa parte dos recémformados a aceitar empregos em atividades que requerem
um nível de instrução inferior aos possuídos
por estes mesmos jovens. Ao que parece, a
tendência será a menor criação de postos de
trabalho pelas grandes corporações uma vez
que, a automação e a informatização da
gestão aliada aos processos de seletividade
de investimento, características da nova
dinâmica, vão gerar cada vez menos empregos por dólar investido, inferindo-se o cenário
de: (a) geração cada vez menor de empregos
formais; (b) urgência na flexibilização contínua da força de trabalho e (c) exploraçãocrescente do trabalho informal nas atividades
mais sim
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Doutorando
Referências
1.Doutorando em Desenvolvimento Regional e Urbano pela
Universidade Salvador (UNIFACS), possui Mestrado em Informação Estratégica pela Universidade Federal da Bahia,
Especialização em Administração pela Universidade Salvador
- UNIFACS e Graduação em Engenharia Mecânica com ênfase
em Equipamentos Industriais pela Universidade Federal do Rio
de Janeiro. Atualmente é professor titular da Universidade Salvador, professor titular - Centro Universitário Jorge Amado e
professor titular da Faculdade Ruy Barbosa, atuando principalmente nos seguintes temas: Business Intelligence, Gestão e
Projeto, Consultoria, Gestão de Competências, Gestão Estratégica, Gestão de Operações.
BRAUDEL, Fernand. A Dinâmica do Capitalismo. Rocco, 1987.
CALLON, M. (1992), The dynamics of Technoeconomic Networks. In Coombs, R.; Saviotti, P. e Walsh, v., (eds.) Technological Change and Company Strategies. London: Academic
Press, pp. 72- 102.
3° Edição - 2011 | Ano 3
Envelhecimento populacional no contexto urbano
Karen Valadares Trippo 1
As projeções para o início do século XXI indicam que 82% dos idosos no Brasil residem nas
cidades, o que caracteriza um fenômeno urbano
que tem total implicação sobre a qualidade de vida
do idoso, a este sofrer as ações determinantes da
própria organização das cidades. Dessa forma é
importante conhecer melhor a velhice, não necessariamente no contexto da saúde física, mas
especialmente na perspectiva da cidade, já que
o envelhecimento populacional foi também influenciado por todo processo histórico da medicina
urbana, através de medidas político-sanitárias
no sentido de elevar o nível de saúde da cidade
como forma de poder (FOUCAULT, 2007), o que
contribuiu, em certa medida, para a longevidade.
Os estudos atuais definem o envelhecimento
como um processo amplo, multifatorial, multidimensional, dinâmico e progressivo, onde há modificações tanto morfológicas como funcionais, bioquímicas, psicológicas e sociais que determinam
progressiva perda da capacidade de adaptação do
indivíduo ao meio ambiente e ao próprio processo
de envelhecer, ocasionando maior vulnerabilidade
e maior incidência de processos patológicos, que
termina por levá-lo à morte. (CARVALHO FILHO;
ALENCAR Apud PAPALÉO, 2000, p.01).
Já a palavra velhice, segundo Pickles et al (2000),
é de difícil definição. Está muitas vezes relacionada à presença de espírito e às idades cronológica
(tempo de vida desde o nascimento), psicológica
(relacionada às condições mentais e cognitivas
do indivíduo) e biológica (referente ao ritmo das
manifestações biológicas). Entretanto variável
cronológica é um dado determinante no conceito
de velhice, principalmente para efeito de lei, onde
em países desenvolvidos considera-se a partir
dos 65 anos e, para os países em desenvolvimento, a partir dos 60 anos, como é o caso do Brasil.
No Brasil, os idosos dispõem da Lei Nº 10.741,
instituída em 1º de outubro de 2003, o Estatuto do
Idoso, destinado a regular os direitos assegurados às pessoas com 60 anos ou mais; além da Lei
nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994, homologada em
1996, a qual trata da Política Nacional do Idoso.
Apesar destas leis serem consideradas como uma
das mais avançadas do mundo, os direitos dos
idosos carecem de maior atenção e investimentos
públicos, inclusive no que se refere ao direito à
cidade, a exemplo do direito à habitação digna,
gratuidade dos transportes públicos, ao exercício
de atividade profissional, lazer, bem como à acessibilidade aos serviços que respeitem sua peculiar
condição de idade de forma a promover qualidade
de vida urbana.
Propondo explicar o fenômeno do envelhecimento
aproximando-o ao contexto urbano, cabe aqui citar algumas teorias sociais: dos papéis, desengajamento, continuidade e dos eventos e estresse
da vida.
A Teoria dos Papéis defende que a manutenção da
atividade, mesmo com as sucessivas mudanças
de papéis na vida, é essencial para uma velhice
saudável. Essa teoria ressalta que “as pessoas
se comportam de acordo com as expectativas dos
outros” (NAHEMOW; POUSADA, 1987). Pode-se
inferir, com base nesta teoria, que também a cidade, enquanto espaço físico, determina aspec-
tos do comportamento do sujeito; onde, no caso
do idoso, pode favorecer um comportamento de
isolamento social, em virtude das inadequadas
condições das ruas e passeios públicos, por exemplo, levando o idoso à perda da manutenção
das suas atividades e da sua autonomia, com
consequente evolução para a instalação de uma
incapacidade e dependência, o que pode gerar
mais isolamento e exclusão.
Com base numa análise weberiana, a cidade, enquanto dominação racional, orienta os indivíduos
no sentido da ação social, ou seja, da conduta humana dirigida a terceiros (WEBER, 1999). Neste
sentido, numa sociedade capitalista institucionaliza-se e impõe ao indivíduo um comportamento
de desencaixe da ação familiar. Ou seja, o que
modifica a cidade é o capital, onde há um padrão
imposto, uniformizado, para atender ao próprio
capital. Assim, se algo não atribui um contexto
de valor para o capital, este o abandona. Dessa
forma, a cidade orienta o indivíduo para diversas
mediações, podendo gerar esquadrinhamentos, o
que se aproxima à teoria do desengajamento.
A Teoria do Desengajamento (Elaine Cumming e
Henry – 1960) afirma que na velhice se dá três
tipos inevitáveis de separação: física (declínio
de energia física); psicológica (desvio de preocupação para outrem) e social (diminuição da interação social com a família, amigos, atividades e
ambiente). Propõe que este seja um momento de
afastamento social gradativo, sendo iniciado pelo
próprio indivíduo ou pelo sistema (aposentadoria).
Opõem-se à teoria da atividade justificando ser
um sacrifício para um indivíduo idoso manter-se
ativo e participante por toda a sua vida.
Não se pode afirmar que o desengajamento seja
moral e eticamente correto. Sabe-se que a ausência de atividades pode levar o homem à depressão
e esta à morte, confirmando que um baixo nível
de engajamento está relacionado com um baixo
nível de satisfação. Assim, não estar engajado no
ambiente onde se vive (neste caso a cidade) pode
interferir negativamente na qualidade de vida do
indivíduo que envelhece. Entretanto, envelhecer
nas cidades pode significar maior exposição à violência, insegurança, medo, quedas e exclusão,
principalmente em algumas cidades dos países
periféricos e semi-periféricos.
Uma teoria intermediária entre as duas anteriores,
a da continuidade, afirma que as pessoas mais
velhas tendem a comportar-se em um padrão que
foi estabelecido antes da velhice, abandonando
ou não suas atividades com base na sua condição
de saúde e na organização do ambiente em que
vive.
Já a Teoria dos Eventos e Stress da Vida explica
o status do idoso em diferentes contextos: nas
sociedades estáticas, o idoso tem alto status,
com tendência à diminuí-lo com o advento de mudanças sociais (teoria de Ogburn e Nimkoff); nas
sociedades agrícolas, os idosos têm mais status
e respeito que em sociedades urbanas (teoria da
modernização de Cowgill e Holmes); e no processo de modernização, o status do idoso tende
a desaparecer proporcionalmente ao atravessar
as diferentes fases de aceleração deste processo
(teoria de Gilleard e Gurkan). Nesse contexto,
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Mestrando
a aposentadoria para o idoso pode representar,
além de diminuição de renda, perda de status.
Todas essas teorias, então, somadas às características históricas e conceituais do processo de
envelhecimento, influenciam no pensamento coletivo, criando mitos e atitudes diante da velhice,
muitas vezes preconceituosos, altamente aceitos
pela sociedade, até mesmo pelos próprios idosos,
nas diversas áreas, inclusive no ambiente urbano.
Assim, o urbano pode ser entendido como um “objeto ideológico” (CASTELLS, 2006), sendo função
da conjuntura e da especificidade histórica.
Dessa forma, a velhice na sociedade moderna é
cada vez mais marginalizada, caracterizando uma
fase da vida com raros projetos pessoais e com
um declínio importante da participação e convívio
social, os quais podem ser intensificados pela estrutura urbana das cidades e pelos próprios interesses do capital.
Importante aqui ressaltar que tanto a “morfologia
material” da cidade como a “morfologia social” do
urbano (LEFEBVRE, 2004) se configuram presentes na discussão do envelhecimento populacional. A cidade, enquanto realidade presente,
prático-sensível e arquitetônica, cria espacialidades que tanto podem se adequar à realidade
do geronte como também oferecer obstáculos à
acessibilidade.
1.Fisioterapeuta, Docente do Centro Universitário Jorge Amado (UNIJORGE), Mestranda em Desenvolvimento Regional e
Urbano pela Universidade Salvador (UNIFACS), Especialista
em Gerontologia pela Escola de Enfermagem da Universidade
Federal da Bahia (UFBA).
BOECHAT, Norberto Serádio. No Envelhecimento: O que Queremos? Rio de Janeiro: Frôntis Editorial, 1999. (Sociedade
Brasileira de Geriatria e Gerontologia).
Referências
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CAMARANO, Ana Amélia. Os Novos Idosos Brasileiros: Muito Além dos 60?
Rio de Janeiro: IPEA, 2004.
CANÇADO, F. A. X. Noções Práticas de Geriatria. Belo Horizonte: Coopmed
1994.
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Clínica e Terapêutica. São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte: Atheneu,
2000, p.01.
CASTELLS, Manuel. A questão urbana. 3ª Edição. São Paulo: Paz e Terra,
2006.
FOUCAULT, Michel. Microfísica do Poder. 23ª Edição. São Paulo: Graal,
2007.
LEFEBVRE, Henry. O Direito à Cidade. 3ª Edição. São Paulo: Centauro Editora, 2004, p.41-49.
LEPARGNEUR, Hubert. Os Desafios do Envelhecimento. O Mundo da Saúde
– São Paulo, ano23 v.23 n.4 jul. ago. 1999, p.230-243.
MAGALHÃES, D. N.. A Invenção Social da Velhice. Rio de Janeiro: Edição
do autor, 1987
NAHEMOW; POUSADA. Diagnóstico Geriátrico – Um Enfoque Baseado no
Estudo de Casos. São Paulo: Organização Andrei Editora, 1987, p.36.
NORONHA FILHO, Miguel Arantes. A Sociedade em Transformação: Velhice
um Evento Complexo. Cadernos das Escolas de Negócios, UNIBRASIL, Curitiba, n.05, 2007, p.1-22.
PAPALÉO. Geriatria – Fundamentos, Clínica e Terapêutica. São Paulo, Rio
de Janeiro, Belo Horizonte: Atheneu, 2000, p.09-29
PAVARINI; NERI Apud DUARTE; DIOGO. Atendimento Domiciliar – Um Enfoque Gerontológico. São Paulo: Editora Atheneu, 2000, p.53.
PICKLES et all. Fisioterapia na Terceira Idade. 2ª edição. São Paulo: Livraria
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QUEIROZ, José Ramos de. Velhice sem Solidão. Salvador: Press Color,
1999, p.17.
VERAS; SILVESTRE; KALACHE; RAMOS. O Envelhecimento Populacional
Brasileiro e o Setor Saúde. Editora Científica Nacional. Arq geriatr gerontol.
n.1, setembro, 1996, p.81-89.
WEBER, Max. Economia e Sociedade. Vol.2, Brasília, Editora UNB, 1999.
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3° Edição - 2011 | Ano 3
Entrevista com Gilton Aragão
Doutorado sanduíche em
Montreal, Canadá
Gilton Aragão é um técnico experiente sendo o seu doutorado, concluído
no final de outubro deste ano, o coroamento de uma bem sucedida carreira
acadêmica e técnica. Só para exemplificar, destacamos do seu longo currículo
que é Mestre em Economia pela Universidade Federal da Bahia (1988; Pesquisador; Consultor; Professor do Curso de Economia da Universidade Estadual de Feira de Santana; Autor do Livro: Cooperativismo e Gestão Agroindustrial, o caso da CCLB. Vice-Presidente do Instituto de Pesquisas Sociais
(IPS.). Fez seu doutoramento em Desenvolvimento Regional e Urbano na Universidade Salvador (UNIFACS), com Doutorado Sandwich na HEC Montreal,
afiliada a Université de Montréal – Canadá;
Stricto Sensu: Por que “doutorado
sanduíche”?Não parece mais uma coisa
gastronômica??
Gilton Aragão: Doutorado Sanduíche é o
nome dado no Brasil a uma complementação
dos estudos de doutorado feitos em outra
universidade, em geral no exterior, por um
período mínimo de 4 meses e
máximo de 12 meses. Quanto ao lado gastronômico, lembra um pão (doutorado no
país) que recebe um recheio (o estágio no
exterior). Para ser rigoroso, Doutorado Sanduíche seria todo o Doutorado que fosse
misto composto da parte nacional e da parte
estrangeira. A CAPES concede bolsas para
realização desse estágio no exterior através
do Programa Institucional de Bolsas de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE) que
objetiva qualificar recursos humanos de alto
nível por meio da concessão de cotas de bolsas de doutorado sanduíche às Instituições
de Ensino Superior brasileiras (IES).
Stricto Sensu: Qual a vantagem de ingressar numa empreitada dessas?
Gilton Aragão: São várias as vantagens:
do ponto de vista acadêmico é uma oportunidade de conhecer uma nova estrutura de
ensino que lhe agrega novos conhecimentos.
Pela ótica de se obter uma vivencia que lhe
permita fazer uma comparação com a realidade de seu país é uma ótima oportunidade.
Por exemplo: No Brasil a violência é banalizada; é tratada como se fosse algo normal.
E não é. Existem países que sabem gerir
essa problemática; nós não sabemos como
enfrentá-la e somos levados a crer que é assim em todo lugar. Um estágio como esse,
aguça e fortalece nossa visão crítica. Ajuda a
perceber que não basta o país ser tropical e
bonito por natureza, tem que formar cidadãos
que respeitem a si e aos outros.
Em qual Universidade você fez o doutorado sanduiche?
Na HEC Montreal no Canadá, uma Escola
afiliada a Université de Montreal, com o
apoio de Bolsa concedida pela CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal
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de Nível Superior. Através do link seguinte
(http://www.hec.ca/en/experience/videos/index.html) pode-se assistir a um dos muitos
vídeos sobre a Hec Montreal.
O que foi melhor e o que foi pior na sua
experiência?
No meu caso específico deixo de falar da
parte negativa porque simplesmente não teve
parte negativa. A vivência em Montreal foi
altamente gratificante; uma cidade que tem
muita beleza, civilidade, parques, museus,
restaurantes, festivais, efetiva multiculturalidade, transporte público perfeito, com ônibus
e metrô funcionando em harmonia. Dava até
uma certa vergonha quando eu me lembrava
dos ônibus de Salvador. e de seus motoristas
mal treinados ou mal educados ou ambos e
do nosso metrô calça curta.
Como um nordestino consegue sobreviver ao frio do Canadá?
O frio de menos trinta graus eu não peguei,
porque cheguei em Março e voltei em Julho.
Mas peguei o de menos 15. Foi muito frio,
vento, neve, chuva. Mas superamos com
muita boa vontade; é aceitável, embora eu
prefira o nosso clima. Além disso, a cidade
subterrânea ajuda a driblar o frio. (amplos
espaços climatizados subterrâneos onde
funcionam teatros, shoppings, etc.). Todas as
universidades da cidade podem ser acessadas via metrô. Em Maio, em plena primavera,
a temperatura já estava semelhante à de Salvador e com a chegada do verde, a beleza
da cidade só fez aumentar, o que dava para
compensar o frio.
Quem foi o seu orientador canadense?
Que avaliação você faz dele?
O meu co-orientador externo foi o Professor
Emmanuel Raufflet do qual tenho a melhor
das impressões. A capacidade de acatar as
idéias e interagir com o Professor Pedrão,
meu orientador no Brasil, foi uma das suas
qualidades mais importantes. O que não foi
uma surpresa uma vez que o professor da
Unifacs, Jair Santos, colega da UEFS, tinha
me falado muito bem dele quando o procurei
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Por onde anda
Imagem: LocalData.
pedindo apoio para o meu pleito de fazer
um Doutorado Sanduíche no Canadá. Aliás,
tenho que reafirmar o meu agradecimento ao
professor Jair pela sua recomendação para
a HEC Montreal; seu apoio foi decisivo para
eu ter sido aceito pelo Professor Emmanuel.
Quais as atividades que você desenvolveu
neste sanduíche?
Basicamente foram quatro:
a) Continuidade da preparação e discussão
doconteúdo das etapas da tese de doutorado.
b) Preparação do artigo: Estudo Comparativo
Brasil Canadá: níveis de desenvolvimento e
possibilidades de cooperação;
c) Apresentação do artigo em Colóquio internacional de Estudantes do CRISIS (centro de
pesquisa sobre inovação social) um centro
multidisciplinar composto por membros de
sete universidades.
d) Levantamento de informações sobre o cooperativismo no Canadá, especialmente no
Quebec.
E a família? Aguentou o tranco?
Com as dificuldades naturais, tudo foi bem
assimilado; mesmo porque minha esposa me
acompanhou na viagem e os meus três filhos
já são adultos.
O que ganha a Unifacs/PPDRU com esta
sua experiência?
Nesta minha experiência no Canadá, ganha
a Unifacs/ PPDRU porque represento um
testemunho e um estímulo para que outros
estudantes possam fazer Doutorado Sanduíche seja na Hec Montreal ou em outra
universidade, em qualquer outra parte do
Canadá. Percebi que o trabalho acadêmico
daqui da Unifacs/PPDRU está muito próximo
do que se faz por lá. Esse intercâmbio provoca maior motivação para se estudar o Brasil
e a Bahia, enriquecendo as perspectivas dos
estudantes. São novas luzes e novos horizontes.
Que conselho você daria a quem quisesse
seguiro seu exemplo?
Não deixem de fazer um Doutorado Sanduíche e comecem desde já a dominar um
idioma estrangeiro.(Yes, we can).
3° Edição - 2011 | Ano 3
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Aconteceu
VIII SARU foi um sucesso
A Semana de Análise Regional e Urbana é um
evento acadêmico reconhecido pela CAPES
que vem sendo realizado há oito anos com
a finalidade de divulgar e registrar o esforço
dos alunos no PPDRU no transcurso da elaboração de suas dissertações (mestrandos) e
teses (doutorandos).
O Chanceler Manoel Barros Sobrinho em sua palestra de
abertura da VIII SARU, acompanhado pela mesa inaugural
formada pela Reitora Márcia de Barros e professora doutora
Carolina Spinola (Coordenadora do PPDRU).
A VIII SARU, realizada no período de 26 a 29
de outubro de 2011, neste ano foi novamente
capitaneado pelo Profº Drº Carlos Costa
Gomes e marcou também a disposição das
sucessivas coordenações do PPDRU e do
seu corpo docente de enfrentar o desafio de
formar massa crítica capaz de desenvolver
trabalhos científicos (stricto sensu) que contribuam para o desenvolvimento local e regional.
Temáticas
A VIII SARU buscou foco nos desafios gerados pelo desenvolvimento recente em grades
temáticas de: Energia; Educação; Meio ambiente; Colapso Urbano e Serviços, que foram
debatidos por conferistas de expressão regional, nacional e internacional.
Conferencistas Internacionais:
Tema: Alternativas sócio-políticas para o desenvolvimento sustentável
• Geneviève Ancel (França) - Cientista política, foi chefe de gabinete do Ministro do Meio
Ambiente durante o governo de François Mitterrand. Durante doze anos foi Diretora Geral
de Serviços Urbanos da Prefeitura de Strasbourg;
• Viviane Labrie (Canadá) - Foi a porta voz
e coordenadora do movimento “Coletivo por
um Québec sem pobreza” que foi a base da
aprovação da Lei contra a pobreza e a exclusão social , que chegou à votação através
de uma emenda popular e foi adotada por
unãnimidade pela Assembléia Nacional do
Quebec em 2002;
• Henryane de Chaponay (França) - Ativista
internacional que participou da elaboração da
proposta de criação do Fórum Social Mundial, assim como da Rede Diálogos em Humanidade e esteve envolvidas em diversas
lutas emancipatórias de países ao redor do
mundo, entre eles a independência do Marrocos e a luta contra as ditaduras militares
de vários países sul americanos, entre eles
o Brasil.
• Ali Serhrouchni (Marrocos) - Diretor do
prestigiado Institut des Hautes Etudes de
Management em Rabat, no Marrocos. Este
instituto organiza um evento com conferências e atividades extensionistas dentro da
Rede Diálogos em Humanidade sobre como
empreender humanamente.
Prof. Doutora Débora Nunes Sales (Mediadora PPDRU)
Imagem: Instituto Integro
Conferencistas Nacionais:
Tema: Indicadores econômicos e sociais da
Bahia
• Prof. Urandi Roberto Paiva Freitas (Coordenador de Estatísticas da SEI)
• Prof. Doutor Laumar Neves (Mediador
PPDRU)
Tema: Meio ambiente e desenvolvimento
• Prof. Doutor Fernando Cardoso Pedrão
(PPDRU - Palestrante e professor homenageado).
Profº Fernando C Pedrão durante sua palestra “Meio
Ambiente e Desenvolvimento” Após a palestra recebeu uma
homenagem supresa do corpo discente da turma 2011.
Lançamento do Livro: “MATA ESCURA:
heranças e permanências como possibilidade para o desenvolvimento local”
• Prof. Doutor Alcides dos Santos Caldas (Coescritor do livro e mediador PPDRU)
• Profª. Lilian Gomes dos Santos. (Profª da
Escola e co-autora do livro)
Sessão de Autógrafos do Livro:
• Mestre Davidson de Magalhães Santos (Escritor e doutorando PPDRU)
Prof. Dr. Alcides dos Santos Caldas, a Profª Lilian Gomes dos Santos e a Diretora da Escola Márcia Méccia apresentando o
Livro: MATA ESCURA: heranças e permanências como possibilidade para o desenvolvimento local.
O escritor Davidson Magalhaes ( Doutorando PPDRU ) em
concorrida sessão de autógrafos durante a VIII SARU.
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3° Edição - 2011 | Ano 3
Seminários
Foram apresentados um total de 44 seminários de projetos de pesquisa, sendo 26 projetos de dissertação de mestrado e 18 projetos de tese
de doutorado, avaliados por banca de docentes do PPDRU e aberto ao público. O Informativo Stricto Sensu capturou alguns destes momentos
em registros fotográficos:
www.strictosensu.inf.br
Aconteceu
O doutorando Davidson de Magalhães Santos com o tema:
“O Estado e a Nova Estratégia de Desenvolvimento para a
Região Sul da Bahia” - acompanhado de sua banca de avaliadores formada pelos professores DoutorFernando Cardoso
Pedrão & Doutor Carlos Alberto da Costa Gomes.”
“Os professores doutora Regina Celeste de A. Souza & Professor Doutor Alcides dos Santos Caldas, em formação de
banca de avaliação dos seminários discentes.”
O mestrando Danilo Uzeda da Cruz com o tema: “Democracia
e desenvolvimento territorial na Bahia: um estudo das politicas
públicas” acompanhado de sua banca de avaliadores formada
pelos professores Doutor Fernando Cardoso Pedrão & Doutor
Carlos Alberto da Costa Gomes.”
“A mestranda Rita de Cássia Machado Lordêlo com tema: “O
legado da copa de 2014 para a hotelaria de Salvador: investimentos feitos na rede hoteleira na cidade de Salvador com
vistas a copa do mundo de 2014.” - acompanhada de sua
banca de avaliadores formada pelos professores Doutor Laumar Neves de Souza & Doutora Carolina de Andrade Spinola.”
“O mestrando Ricardo Luciano Silva Pereira de Souza com o
tema: “Agronegócio e desenvolvimento: mito ou realidade?”
- acompanhado de sua banca de avaliadores formada pelos
professores Doutora Carolina de Andrade Spinola & Doutor
Laumar Neves de Souza.”
“O mestrando Temistocles Damaceno com o tema: “Políticas
públicas de esporte e seus reflexos: o caso de Jequié/BA 2006 à 2009?” - acompanhado de sua banca de avaliadores
formada pelos professores Doutora Carolina de Andrade Spinola & Doutor Laumar Neves de Souza.”
“O mestrando Leandro Tavares dos Santos com o tema: “Retrato do PRONAF na Bahia nos anos 2000: uma análise comparativa entre o nordeste e o Brasil” - acompanhado de sua
banca de avaliadores formada pelos professores Doutor Laumar Neves de Souza & Doutora Carolina de Andrade Spinola.”
“O mestrando Sebastião dos Santos com o tema: “Uma Estratégia de Combate a Fome e a Miséria via Agricultura Familiar”
- acompanhado de sua banca de avaliadores formada pelos
professores Doutora Carolina de Andrade Spinola & Doutor
Laumar Neves de Souza.”
A banca de avaliação formada pelo profº doutor Noélio Spínola
e profª Carolina Spínola, com seus orientados e seminaristas:
Paulo Patrício Costa, Aliger dos Santos Pereira, Karen Valadares Trippo e Adenilson Rosa dos Santos.
“Alunos da turma do PPDRU 2011 em momento de confraternização num dos coquetéis oferecidos durante a VIII SARU:
Leandro Gouveia, Regina Lúcia, Iracema (Unifacs), Paulo
Patrício, Gabriele Sanches, Nerivaldo Júnior e Tauan Reis.”
“A doutoranda Sueli Maria Leon com o tema: “Desenvolvimento local e o Programa Flores da Bahia: uma visão analítica
de projetos comunitários ligados a esse Programa.”, que foi
avaliada pela banca formada pelos professores doutor Noelio
Spinola & doutora Carolina de Andrade Spinola.”
“Membros da comissão organizadora da VIII SARU em momento gourmet - Francisca Mathilde, Paulo Patrício e Antonia
Carlinda.”
A relação de todos os trabalhos e seminaristas
estão disponíveis em: saru.integro.org.br
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Download

Informativo StrictoSensu Ed 03 – Ano 2011