Capítulo XII – Técnicas de Logística – LOG 1. TEMAS CORRENTES PARA REFLEXÃO “Nunca se chegou a nada grandioso sem empolgação” (Ralph Waldo Emerson) 2. LOGÍSTICA: ESTRATÉGIA PAR A AUMENTAR GANHOS A LOGÍSTICA PODE FUNCIONAR COMO IMPORTANTE FERRAMENTA DE MARKETING Parece que a onda finalmente acalmou: em todo o País, os empresários estão conscientes de que os custos logísticos freqüentemente consistem na sua despesa operacional mais alta, responsáveis por uma fatia de 10% a 35% das vendas brutas. As companhias também começam a ver na logística um tremendo potencial competitivo. De fato, ouvi recentemente que, segundo cerca de 80% de todos os diretores, é necessário ter algum tipo de estratégia logística. Embora o meio empresarial esteja começando a demonstrar interesse significativo pela logística, continua a encará- la como ferramenta técnica e raramente inclui profissionais dessa área em e q u i p e s m u l t i d i s c i p l i n a r e s . C o m o r e s u l t a d o , es s e a s p e c t o m a n t é mse apenas como suporte, sem proporcionar algumas das vantagens mais lucrativas. Quantas pessoas, por exemplo, já haviam imaginado a logística como ferramenta de marketing? Entre tantas empresas, que percentual considerou a utilização da logística como forma de melhorar o preço de seus produtos? Um importante varejista de desconto certamente pensou nisso e apostou em uma agressiva estratégia logística para garantir significativa economia de custo aos clientes. Ao praticar o conceito de reabastecimento contínuo, eliminou a necessidade de dedicar a maior parte do espaço aos estoques e reduziu drasticamente os custos de manutenção do inventário. Além disso, e como aspecto mais importante, ganhou r e p u t a ç ã o n a c i o n a l c o m o o l o c a l c e r t o p a r a e n c o nt r a r o s m e l h o r e s preços. Finalmente, vale perguntar: quantas empresas consideraram que a presença de profissionais de logística ajudariam a reprojetar as embalagens? Provavelmente, um operador logístico poderá dizer o motivo da quebra de produtos ou ainda mostrar maneiras de substituir as caixas danificadas, justamente porque movimenta o produto diariamente e vê a embalagem enfraquecer em primeira mão. Com essas observações, não se pretende diminuir a importância ou os benefícios obtidos com a atenção dada pela empresa aos elementos táticos da logística. Com razão, considera-se atualmente que grande parte dos processos de armazenagem, transporte e atividades relacionadas significa importante oportunidade de melhoria. De qualquer maneira, vale incentivar as e mpresas a considerar seriamente qualquer procedimento que Ihes possibilite 1 movimentar materiais de forma mais inteligente, mais rápida e mais eficiente. Para fazer a operação logística de sua empresa render ao máximo, você precisa, além de considerar todos esses aspectos, fazer as seguintes questões: - Que novas capacidades podem ser oferecidas por intermédio da logística? - Como a logística pode ajudar a criar mais valor aos clientes? - O que os profissionais de logística da empresa sabem que os outros não sabem? As respostas poderão surpreende- lo - e também à sua concorrência. A logística jamais poderá ser tão estimulante ou capaz de absorver tanta atenção quanto o lançamento de um produto, a escolha de um novo slogan ou o desenvolvimento de uma embalagem (a menos, evidentemente, que você seja um profissional de logística). Ainda assim, isso não significa que não poderá proporcionar melhores embalagens ou provocar maior impacto na linha de lucro. Como importante desafio a vencer, está a sua disposição de e xp a n d i r a s f r o n t e i r a s d o p r o g r a m a d e l o g í s t i c a p a r a a l é m d a d o c a e dar aos seus profissionais da área a oportunidade de planejar mais atividades, não relacionadas apenas ao carregamento de veículos ou ao empilhamento de caixas. Acredite: seu processo logístico pode ser um dos maiores ativos. Além do mais, os profissionais de logística da sua empresa finalmente poderão receber o respeito que merecem. Fonte: Reinaldo A. Moura Revista Global, Editora Margraf, 2003: P. 58. 3. GESTÃO DE CADEIA Em 2002, a Quest In ternacional do Brasil, uma das maiores produtoras de aromas e fragrâncias para a indústria alimentícia, registrou um crescimento de 300% em suas exportações, em relação ao período anterior. Boa parte desse processo deve -s e à reestruturação de seu suplply c hain e à formação de novas parcerias, que prometem dar muito que falar este ano. E como funciona, na prática, a cadeia de suprimentos? Nas transações de importação, imediatamente após a colocação dos p e d i d o s j u n t o a o f o r n e c e d o r , a Q u e s t d i s p o n i b i l i z a a s in f o r m a ç õ e s para a Panalpina, para que ela possa dar início ao trabalho de gestão. "Cabe a ela a responsabilidade de todo o processo, desde a coleta no fornecedor, a contratação do frete, a administração burocrática da operação, o acompanhamento da entrega, a seleção do modal de transporte, o desembaraço alfandegário e, chegando ao Brasil, o transporte até à fábrica," descreve Anderson Dornelas. Embora a Panalpina não tenha nenhuma ação nos termos da negociação dos pedidos, ela deve reportar a Quest sempre q ue houver algum problema de produção por parte do fornecedor, "para 2 que eles possam rever as condições de planejamento e estabelecer um plano B de logística," ressalta Maricéa. Lilian Guimarães Lobenwein, executiva de Contas da Panalpina, acrescenta que a diversidade de países com os quais a Quest negocia, com diferentes tipos de exigências, documentos e perfis, muitas vezes faz com que seja preciso acionar as filiais internacionais da empresa, que estão à disposição para dar todo o suporte necessário para a operação. "Fazemos a assessoria burocrática e logística do processo, lançando mão de todos os modais disponíveis, sejam eles próprios ou terceirizados." No transporte aéreo, a Panalpina opera das duas maneiras. "Temos aviões próprios e também trabalhamos com grandes companhias aéreas. No marítimo, como nenhum agente de cargas pode ser proprietário de navios, temos contrato com vários armadores e nos utilizamos desses acordos para fazer os embarques. O mesmo acontece no transporte rodoviário, em que temos contrato de exclusividade com algumas empresas no Brasil e no exterior",explica Lilian. Em razão da própria dinâmica do negócio da Quest, não há a necessidade de dispor de armazéns para os produtos no porto, por exemplo. "As quantidades que trazemos são relativamente pequenas pelo número de itens que manipulamos. Temos um giro muito rápido, a t é e m f u n ç ã o d o s h e l f- l i f e d a m a t é r i a - p r i m a , q u e é m u i t o c u r t o . Mas, se no futuro decidirmos mudar o sistema de importação, vamos contar com a Panalpina também para a armazenagem," avalia o gerente de Operações da Quest. Lilian comenta que existe a perspectiva de se fazer uma programação mais extensa, juntando várias cargas. "Nesse caso, vamos designar pontos logísticos estratégicos, em que serão feitas as coletas dentro de um determinado país, para que então essas cargas sejam consolidadas e venham em único frete internacional, mas isso ficará para um segundo momento." Fonte:CARDOSO, p.40, 41. Fátima TECNOLOGÍSTICA, Editora Publicare, 2003: 4. A REGIONALIZAÇÃO DOS CENTROS DE DISTRIBUIÇÃO COMO SOLUÇÃO LOGÍSTICA As grandes redes de varejo vêm sendo forçadas a multiplicar seus pontos-de- venda, de modo a acompanhar a redistribuição geográfica de seus clientes e manter suas participações no m e r c a d o . O p r o c e s s o d e r e o r d e n a ç ã o do s c l i e n t e s é c o n s e q ü ê n c i a da intensa urbanização e expansão das cidades, enquanto a ampliação dos pontos -de- venda está associada a busca pelo consumidor, hoje mais exigente diante de um mercado altamente concorrido. Acrescente -se a todo o processo acima a dinâmica imposta ao mercado por novos agentes estrangeiros e pela modernização de varejistas brasileiros. Como a localização conveniente do ponto -de - venda é um diferencial competitivo, a 3 disputa pelo cliente, impôs, tanto a nível regional quanto local, um a significativa descentralização do atendimento ao cliente, com todos os desafios conseqüentes. A tomada de decisão sobre a redistribuição espacial da rede é um grave problema estratégico e as decisões tomadas podem ser um sucesso ou uma frustração send o os custos envolvidos em uma eventual revisão dessas decisões muito superiores aos custos da localização implementada. Enfrentando os desafios resultantes encontram-se tanto as grandes redes de varejo como os fabricantes de bens e oferta ntes de serviços, compelidos a assumir a distribuição de seus produtos e satisfazer os clientes que se dispersaram e pulverizaram a demanda. Focando o problema da empresa industrial, ela tem a opção de e m b a r c a r p r o d u t o s d e s u a f á b r i c a d i r e t a m e n t e a o s c l i e nt e s o u e n v i a r para depósitos regionais. Esses depósitos podem ser próprios ou envolver o tradicional sistema de atacadistas e distribuidores locais, que oferecem maior penetração junto ao mercado varejista. As Figuras anteriores ilustram essas alternativas . Na opção 1a, a empresa vai atender diretamente um grande número de clientes, muitos dos quais deverão receber cargas pequenas ou fracionadas, enquanto na opção anterior ela devera transportar grandes volumes e m l o n g o s t r a j e t o s d a f á b r i c a a o s d e p ó s i t o s i nt e r m e d i á r i o s , a o p a s s o 4 que volumes menores deverão seguir dos depósitos aos clientes, porém em trajetos reduzidos. A conveniência de se ter poucos ou muitos depósitos, ou seja, centralizar versus descentralizar a distribuição, em contraposição a o s c u s t o s re s u l t a n t e s e a q u a l i d a d e d o s e r v i ç o o f e r e c i d o a o c l i e n t e , pode ser expressa conforme a segunda figura . O eixo horizontal indica um número crescente de pontos de armazenagem, havendo dois eixos verticais, o da esquerda medindo custos e o da direita, o servi ço ao cliente. Há quatro linhas na figura: a linha azul indica os custos decrescentes de transporte; a linha vermelha indica os custos crescentes de manutenção de estoque, incluindo o custo de operação dos depósitos; a linha verde escura de custo total resulta da soma dos dois custos anteriores. A quarta linha, em verde claro, mensura a qualidade do serviço ao cliente, como função crescente do número de depósitos. Na extremidade esquerda do gráfico, a existência de um único depósito central implica entregas diretas a cada cliente, o que se traduz por cargas menores e fragmentadas e custos de transporte mais elevados. Ao se caminhar para a direita do gráfico, a existência de depósitos regionais significa agregar a demanda de vários clientes e, portanto, cons olidar as cargas transportadas até esses depósitos, o que resulta em custos de transporte mais baixos. Assim, os custos de transporte são decrescentes em função do maior número de depósitos. Naturalmente, a vantagem de um crescente número de depósitos tem limite, pois, caso excessivo, o sistema voltaria a exigir cargas fragmentadas e, conseqüentemente, custos de transporte mais elevados. Custo de manter estoques cresce à medida que o número de depósitos aumenta, conforme expresso pela linha vermelha, por duas razões. Por um lado, cada depósito acrescenta um determinado volume de estoque ao sistema, incluindo estoques de reposição e de segurança. Por outro lado, existem os custos de operar depósitos, onde mais um significa um certo acréscimo de custos ao sistema. A soma dos custos de transporte, de estoque e operação de depósitos gera uma curva cuja forma convexa sugere que a política de menor custo e aquela intermediária, que foge a idéia de uma distribuição consolidada, ou seja, centralizada em um único ponto, sugerindo a criação de alguns depósitos regionalizados. Naturalmente, a identificação do ponto ótimo, ou seja, quantos depósitos criar, não e simples, exigindo uma avaliação criteriosa das opções. A quarta curva da segunda figura indica a qualidade do serviço oferecido ao cliente. Para medir essa qualidade de serviço há uma escala indicada no eixo vertical da direita cujo ponto extremo é 100%. A figura sugere que, ao se aumentar o número de depósitos, melhora-se o serviço ao cliente, mas antes de interpretar o eixo da direita há que introduzir o conceito de satisfação do cliente. 5 5. A SATISFAÇÃO DO CLIENTE O nível de serviço oferecido ao cliente é parte fundamental de qualquer estratégia mercadológica. Tomando-se como base a t r a d i c i o n a l p o l í t i c a d o s q u a t ro P s ( p r o d u t o , p r o m o ç ã o , p r e ç o e posição), o melhor serviço consistiria em alcançar em todos os quesitos a satisfação completa do cliente e sua lealdade. Dos quatro Ps, o ultimo, posição, relaciona -se à distribuição física e, portanto, depende da estrutura de distribuição adotada. São elementos de interesse quanto à posição: a) o ciclo de entrega do produto ao cliente; b) a disponibilidade de estoque; e c) a confiabilidade do ciclo. O ciclo de entrega ao cliente corresponde ao espaço de tempo desde o recebimento do pedido até sua efetiva entrega. A ciclos muito curtos está associado um elevado grau de eficiência gerencial, mas também custos mais altos. Por isso, é comum a política de oferecer ao cliente ciclos e procedimentos diferenciados, a p r e ç o s i g ua l m e n t e d i f e r e n c i a d o s . A s s i m , e n t r e g a s r á p i d a s justificam tarifas adicionais. Aspecto essencial do gerenciamento do ciclo está na disponibilidade de estoques junto ao fornecedor. A falta de estoques, ou mesmo sua existência em depósitos distantes, cria inc e r t e z a s a d i c i o n a i s q u e p o d e m t o r n a r o c i c l o d e e n t r e g a totalmente errático. A confiabilidade do ciclo é uma característica mais apreciada que a sua duração. Para o varejista, a possibilidade de recebimentos emergenciais é um fator relevante e atrativo. Entretanto, pouco adianta prometer entregas em um dia se, com certa freqüência, a entrega ocorre após uma semana. Voltando -se às relações mostradas na segunda Figura, a existência de muitos depósitos reduz a distância física fornecedor-cliente e, como conseqüência, tende a reduzir o 6 ciclo do pedido e garantir a confiabilidade do ciclo. No caso contrário, depósitos centralizados - um único seria o caso extremo tenderiam a aumentar o ciclo e também reduzir sua confiabilidade. Portanto, ao se incorporar o conceito de serviço ao cliente, nota - s e q u e a s o l u ç ã o d e m e n o r c u s t o p o d e n ã o c o r r e s p o n d e r a d e melhor serviço. Existe, portanto, uma relação de mesmo sentido em que a custos de distribuição física maior corresponde uma melhor qualidade do oferecido. 6. OS DEPÓSITOS REGIONAIS Desde os primórdios da história, o homem aprendeu a operar com o armazenamento de produtos agrícolas. Essa sempre foi uma condição para sobrevivência no inverno ou na entressafra. No m u n d o m o d e r n o , a s a z o n a l i d a d e d a o f e r t a e s t á r e s t r i ta a p o u c o s itens agrícolas, mas a sazonalidade da demanda é muito mais generalizada. Por outro lado, a forma usual de comercialização de pedidos em lotes, em vez de fluxo contínuo, exige a acumulação de estoques em depósitos até completar o volume demandado. De qualquer modo, a criação de valor exercida pela função estoque costuma não ser valorizada, tendendo muito mais a ser vista como um mal necessário. Para muitos, os estoques agem como um encobridor de ineficiências operacionais, de modo que uma política de estoques elevados evita a ocorrência do problema maior, que seria sua inexistência. Porém, estoques são vorazes absorvedores de capital de giro das empresas. Com a evolução dos meios de comunicação e transporte, estes últimos propulsionados pela indústria automotiva e a criação da malha rodoviária no país, muitos anteviam a eliminação completa dos depósitos regionais. A exemplo de muitas empresas, a Fleischman & Royal Ltda., na década de 1970, desenvolveu um projeto de consolidação da distribuição. 7 Esse projeto previa a eliminação de seus depósitos regionais de Bauru, Ribeirão Preto, Jundiaí (SP) e Brasília (DF), entre outros, por entender que toda a região poderia ser atendida diretamente por São Paulo, com significativas economias decorrentes do fecha mento dos depósitos. Esse tipo de iniciativa, entretanto, tende a acarretar, como visto acima, o aumento dos custos de transporte e uma significativa deterioração da qualidade do serviço oferecido. Essa situação demonstra o quão difícil é a tomada de decisão em relação aos tradeoffs de custos e nível de serviço para o planejamento e dimensionamento logístico e como as condições mudam ao longo do tempo. 7. FUNÇÕES DE UM DEPÓSITO NA DISTRIBUIÇÃO FÍSICA Hoje, além da função tradicional de armazenagem, os depósitos oferecem funções operacionais diversificadas. As figuras anteriores ilustram as novas funções executadas pelos depósitos. Na terceira figura tem-se o depósito de consolidação, que consiste em juntar pedidos de baixos volumes feitos a vários fornecedores e acumulá los para conseguir uma entrega consolidada a um cliente. Na quarta figura , tem-se a situação oposta da desconsolidação de carga, ou break bulk, em que grandes volumes são transferidos do fornecedor a um depósito e, a partir daí, volumes menores e fracionados são entregues aos clientes. A função complementar exercida por esse tipo de depósito, denominada cross-d o c k i n g , corresponde a um desembarque e imediato embarque em outro veículo de carga. Nesse tipo de depósito, o produto não chega a ser propriamente armazenado, ficando retido somente o tempo necessário para seu redirecionamento mediante troca de veículos. N a q u i n t a f i g u r a t e m- s e u m c e n t r o d e d i s t r i b u i ç ã o ( C D ) , q u e reúne a função armazenagem e as diversas funções básicas apresentadas acima. O CD recebe cargas consolidadas de vários fornecedores, agrupa os produtos e os redespacha para clientes nas proximidades ou, eventualmente, armazena o produto até sua futura requisição pelo cliente. As vantagens do uso dos CDs são significativas. Para o fo r n e c e d o r d e p r o d u t o s e s e r v i ç o s , o g a n h o r e l a c i o n a - s e c o m a qualidade do atendimento ao cliente, agora servido mais rapidamente a partir de pontos mais próximos. Para as grandes redes de varejo, os ganhos são variados. Por um lado, o sistema libera espaços nobres na ponta da cadeia, na medida em que os pontos finais de venda reduzem seus espaços de armazenagem; por outro lado, ao transferir atividades de recepção e controle das lojas para um posto especializado, há uma redução dramática dos espaços exigidos para estacionamento de caminhões, movimentação de carga e administração dos procedimentos de recepção de mercadorias e pagamento, liberando espaços de elevado custo justamente nos pontos finais de venda. A sistemática do processo consiste em receber e armazenar volumes agregados recebidos dos fornecedores e abastecer as lojas com caminhões menores, quando 8 necessário, nas exatas conferidos e liberados. 8. REGIONALIZAÇÃO VAREJO quantidades DE demandadas, ESTOQUES NAS com EMPRESAS produtos DE Observa -se, notadamente na última década, uma reestruturação das empresas varejistas no Brasil. Com o término dos ganhos financeiros, a lucratividade passou a ser obtida por meio de boas práticas comerciais e da eficiência operacional. Várias redes identificaram no seu processo de distribuição de mercadorias uma oportunidade de obtenção de ganhos. Um caráter estratégico foi dado à logística para o eficiente desempenho operacional e a melhoria do nível de serviço aos consumidores. Modelos de distribuição regionalizada, com estoques c e n t r a l i z a d o s , m o s t r a r a m- s e o s m a i s a d e q u a d o s p a r a s e o b t e r reduções de custo, a exemplo de sistemáticas aplicadas em cadeias varejistas de outros países. Algumas constatações, nesse segmento de negócios, evidenciaram oportunidades para projetos de racionalização do sistema de distribuição: • elevada quantidade de mão -de-obra das lojas alocada para trabalhos de recebimento, conferência, armazenamento e movimentação de mercadorias; • área necessária para armazenamento de mercadorias nas lojas reduz a área de vendas; • o custo logístico, desde a atividade de compras até a colocação da mercadoria na prateleira, pode representar percentuais elevados do faturamento de uma loja; • com entregas loja a loja há uma ineficiência no transporte, representada por tempo de espera de caminhões nas docas de recebimento; • com pedidos feitos aos fornecedores para cada loja, em uma freqüência média mensal, o número total de transações a serem controladas é muito elevado. Como principais objetivos a serem alcançados pela regionalização de estoques temos: a redução dos níveis de inventario pela alocação de estoques de segurança aos centros de distribuição e a redução do índice de faltas de mercadoria pelo abastecimento diário as lojas; a redução dos custos de transporte decorrentes da consolidação de cargas e ganhos de produtividade de mão-de-obra, visto que as atividades de armazenamento e manuseio de mercadoria são executadas de forma centralizada em vez de loja a loja . Os centros de distribuição adotaram l a y -outs possibilitando a utilização das mais modernas técnicas de movimentação e armazenamento de cargas. Equipamentos especialmente projetados são utilizados em processos de recebimento, estocagem, picking, preparação de produtos e expedição. As unidades são também automatizadas, com softwares de gestão de armazéns. 9 Pontos de vendas Faturamento bruto ano 2001 Dispersão geográfica Quantidade de itens Quantidade de fornecedores Quantidade de centros de distribuição F u nc i o n á r i o s Visão geral das lojas americanas 98 R$ 1,684 bilhão 20 estados 55.000 1.500 3 9.715 O volume de mercadorias entregue diretamente aos centros de distribuição passou a representar índices superiores a 70% do faturamento das empresas, sendo o seu transporte realizado geralmente por frotas especializadas. Programas de homologação de fornecedores foram iniciados por empresas varejistas de forma a desenvolver e implementar padrões operacionais, trazendo benefícios para ambas as partes. Com a adoção de sistemas de abastecimento automático, a reposição de produtos às lojas passou a corresponder a efetiva venda dos itens, atingindo um atendimento mais rápido às demandas dos clientes. 9. CONCLUSÕES A distribuição física de produtos constitui -se em permanente desafio logístico. Trata -se do mais antigo e, certamente, do mais característico dos problemas logísticos em que o produtor planeja o atendimento de sua clientela distribuída geograficamente. Os centros de distribuição, ou CDs, vêm a ser um conceito relativamente novo no processo de distribuição. A idéia por trás dos CDs é de um depósito regional capaz de desempenhar o papel dos depósitos normalmente existentes em todas as lojas. Essa transferência promove um significativo ganho operacional, com forte impacto na redução dos custos e em ganhos de efi ciência. Por outro lado, os CDs exigem uma importante reestruturação administrativa e intenso envolvimento de parceiros logísticos, responsáveis pelo acompanhamento do sistema. A experiência das redes varejistas no Brasil é muito expressiva. Na realidade, pode-se afirmar que todas as grandes redes de lojas de departamentos, redes de supermercados etc., criaram nos últimos anos seus centros de distribuição. Observação casual que pode ser testemunhada por todo leitor consiste em notar que o s u p e r m e r c a d o d e s ua v i z i n h a n ç a s o f r e u u m a r e f o r m a r e c e n t e e ganhou mais espaços de venda, sem aumento da área física. Esse fenômeno deve -se certamente a introdução dos CDs na sua rede. Por outro lado, os ganhos experimentados pelas grandes redes vêm sendo também compartilha dos pelas pequenas redes, mediante o uso de armazéns gerais ou de depósitos de propriedade de seu operador logístico. Um outro aspecto importante decorre do congestionamento das grandes cidades e da conseqüente restrição ao tráfego de caminhões pesados e a circulação e entrega de 10 mercadorias em determinados horários. O sistema de CDs permite a racionalização desses processos e uma sensível redução no tráfego nas regiões urbanas centrais• Fonte: Pinho Alexandre , TECNOLOGÍSTICA, Editora Publicare, 2003: p 50 a 59. 11