As coisas estão no mundo
(Things are in the world)
Marilá Dardot, 2013
Detalhe da instalação, Galeria Silvia Cintra + Box4, Rio de Janeiro, 2013
Installation detail at Galeria Silvia Cintra + Box4, Rio de Janeiro, 2013
Vista da exposição As coisas estão no mundo, Galeria Silvia Cintra + Box4, Rio de Janeiro, 2013
As coisas estão no mundo
(Things are in the world)
Marilá Dardot, 2013
3 toneladas de papéis de teste de impressão
offset distribuídas em pilhas esculpidas no local
3 tons of offset printing test paper distributed in
stacks and carved on site
Exhibition view at Galeria Silvia Cintra + Box4, Rio de Janeiro, 2013
Papéis usados em gráfica para acertar cor e registro de impressão de livros
de arte formam 20 pilhas no chão. Em cada pilha é esculpida uma letra,
formando a frase "As coisas estão no mundo".
Papers used in printing house to adjust color and print registration for art
books form 20 stacks on the floor. In each one is carved a letter, writing
the phrase ”As coisas estão no mundo” (Things are in the world).
As coisas estão no mundo
(Things are in the world)
Marilá Dardot, 2013
Detalhe da instalação, Galeria Silvia Cintra + Box4, Rio de Janeiro, 2013
Installation detail at Galeria Silvia Cintra + Box4, Rio de Janeiro, 2013
As coisas estão no mundo
(Things are in the world)
Marilá Dardot, 2013
Detalhe da instalação, Galeria Silvia Cintra + Box4, Rio de Janeiro, 2013
Installation detail at Galeria Silvia Cintra + Box4, Rio de Janeiro, 2013
As coisas estão no mundo
(Things are in the world)
Marilá Dardot, 2013
Detalhe da instalação, Galeria Silvia Cintra + Box4, Rio de Janeiro, 2013
Installation detail at Galeria Silvia Cintra + Box4, Rio de Janeiro, 2013
As coisas estão no mundo
(Things are in the world)
Marilá Dardot, 2013
Detalhe da instalação, Galeria Silvia Cintra + Box4, Rio de Janeiro, 2013
Installation detail at Galeria Silvia Cintra + Box4, Rio de Janeiro, 2013
As coisas estão no mundo
(Things are in the world)
Marilá Dardot, 2013
Detalhe da instalação, Galeria Silvia Cintra + Box4, Rio de Janeiro, 2013
Installation detail at Galeria Silvia Cintra + Box4, Rio de Janeiro, 2013
As coisas estão no mundo
(Things are in the world)
Marilá Dardot, 2013
Detalhe da instalação, Galeria Silvia Cintra + Box4, Rio de Janeiro, 2013
Installation detail at Galeria Silvia Cintra + Box4, Rio de Janeiro, 2013
As coisas estão no mundo
(Things are in the world)
Marilá Dardot, 2013
Detalhe da instalação, Galeria Silvia Cintra + Box4, Rio de Janeiro, 2013
Installation detail at Galeria Silvia Cintra + Box4, Rio de Janeiro, 2013
As coisas estão no mundo
(Things are in the world)
Marilá Dardot, 2013
Detalhe da instalação, Galeria Silvia Cintra + Box4, Rio de Janeiro, 2013
Installation detail at Galeria Silvia Cintra + Box4, Rio de Janeiro, 2013
V E R N I SSAG E
109
AQU… M E AL… M
DA LINGUAGEM
Na exposiÁ„o As Coisas Est„o no Mundo, na Galeria Silvia
Cintra+Box4, Maril· Dardot d· continuidade ‡s suas leituras
transversais entre os campos das artes visuais e a literatura
ANA MARIA MAIA
O TÍ TULO DESTE TEXTO FOI EMPRESTADO DA PRÓ PRIA ARTISTA. EM UMA CONVERSA EM SEU ATELIÊ ,
ENQUANTO ME MOSTRAVA O PROJETO DA INDIVIDUAL E AFIRMAVA CERTOS CAMINHOS E RECORRÊ NCIAS
DO SEU TRABALHO, Marilá Dardot me presenteou com esse
termo- sí ntese para o que persegue como artista. A escrita é
referendada quase sempre em sua obra: pá ginas de livros, citaç õ es de autores, a forma literá ria, os arquivos e í ndices remissivos, as palavras e as letras.
Apesar desse universo, que a artista toma como maté ria, asA
sunto e imagem, ela ratifi ca: “ Nã o optei por ser escritora” .
Optou por acercar- se da linguagem escrita pelas bordas e
submetê- la a outros espaç os de fruiç ã o. Com isso pô de, por
um lado, corromper o estado de reclusã o e autonomia que é
particular à literatura e, por outro, atribuir e ampliar sensaç õ es, visualidades e espacialidades a partir do que os textos
prescrevem. Aqué m e alé m de obras de nomes como Mallarmé , Cortá zar, Borges, Barros e Leminski, Dardot apresenta- se
como inté rprete que suscita, a partir deles, experimentos de
leitura que reinventam o original.
Ou seja, nem só de perdas e ganhos é feito o trabalho da artista. Como em Terceira Margem (2007), dupla de livros que, ao
SELECT.ART.BR
serem encadernados um em frente ao outro, a partir do mesmo
miolo, ganha a solidez velada de uma escultura, as ambiguidades
incontorná veis sã o comuns em outros projetos.
Na exposiç ã o As Coisas Estã o no Mundo, a artista mostra duas
obras novas, que bem exemplifi cam esse ponto intermé dio entre
as artes visuais e a literatura. A instalaç ã o que dá tí tulo à individual é composta de 20 pilhas de papel de testes de impressã o comprados em grá fi cas industriais. Em cada uma das pilhas, a artista
desbastou com um estilete as letras da estrofe de Paulinho da Vio
V la na mú sica Coisas do Mundo, Minha Nêga (1969). A frase toma
toda a porç ã o central da galeria. Ela pró pria “ está no mundo” , infl etida da partitura para a vida, convivendo com os visitantes e
organizando seu trâ nsito na sala de exposiç ã o.
CIT « ’ ES ¿ M⁄ SICA
CITA
CA E ¿ LITERATU
RA RA
Apesar da possibilidade de tocar as folhas, nã o se trata de uma
A
obra interativa, como a anterior, A Origem da Obra de Arte
A
(2002- 2011), que consiste em um conjunto de letras do alfabeto
em cerâ mica para manuseio do pú blico. Em uma chave oposta
à desta instalaç ã o atualmente montada nos jardins do Instituto Inhotim, em Brumadinho (MG), qualquer movimento desmancha o arranjo de As Coisas Estã o no Mundo. Essa condiç ã o
AGO/SET 2013
Texto publicado em revista Select n. 13, agosto/ setembro de 2013
Originally publish in Select n. 13, August / September 2013
110
111
MARIL¡
DARDOT OPTOU POR ACERCAR≠ SE DA LINGUAGEM ESCRITA
PELAS BORDAS E SUBMET ≠ LA A OUTROS ESPA« OS DE FRUI« √ O
Na p· gina anterior, detalhes
da obra Cores, Nomes (2013);
‡ esquerda, detalhe de As
Coisas Est„ o no Mundo
(2013), ambas expostas na
individual de Maril· Dardot,
no Rio. Acima, ‡ direita, No
SilÍ ncio Nunca H· SilÍ ncio
SELECT.ART.BR
AGO/SET 2013
Texto publicado em revista Select n. 13, agosto/ setembro de 2013
Originally publish in Select n. 13, August / September 2013
atesta o tanto de perigo e delicadeza que concerne
aos gestos de apropriaç ã o. Como na canç ã o, a obra
leva a crer que tudo está dado, “ só que (se precisa)
aprender” , ou reverenciar sem se inibir, tornar familiar e nã o menos complexo.
Se considerarmos que, resguardada pela integridade
de sua volumetria, esta instalaç ã o abarca um pensamento escultó rico que foge à s prá ticas tradicionais,
pode- se dizer que o segundo trabalho da mostra trata de pintura. Cores, Nomes (em citaç ã o ao disco de
Caetano Veloso) é uma sé rie de seis quadros feitos
a partir da ampliaç ã o de frases extraí das de poemas
que descrevem cores. Dessa premissa nasceram o
Branco e o Vermelho, Murilo (Mendes); o Negro e o
Amarelo, Joã o (Cabral de Melo Neto); o Verde, Paulo (Leminski) e o Azul, Manoel (de Barros).
Particulares a seus autores e à s analogias com que
descrevem e tornam subjetivo o aparentemente ó bvio, cada cor é aplicada pela artista em tinta guache
sobre a frase. O pigmento toma o papel inteiro, deixando apenas leves marcas de pincel. No caminho
aberto pela linha orgâ nica “ descoberta” por Lygia
Clark em 1954, Cores, Nomes afi rma a sujeiç ã o da
obra de arte ao contexto em que é produzida e acesFOTOS: MARILÁ DARDOT, CORTESIA DA ARTISTA E DA GALERIA SILVIA CINTRA+BOX4
sada. Conduzidos por um mesmo guache, os verbetes dos poetas ganham texturas e tonalidades diferentes ao alcanç ar outras superfí cies.
Se Tratado de Pintura e Paisagem (2008) criava
situaç õ es de mimetismo – em que capas de livros
de uma cor camufl avam- se na vegetaç ã o em que
eram fotografadas – , Cores, Nomes adentra pelo
terreno da refraç ã o, dos pequenos desvios. Esta,
como toda sorte de coleç ã o que a artista organiza
no intuito de conter um universo (a exemplo do
conjunto de “ silê ncios” que resultou em No Silê ncio Nunca Há Silê ncio, 2013, ou de apariç õ es do
termo “ palavra” em Ulysses, de James Joyce, que
rendeu Ulyisses, 2008), multiplica- se em leituras
transversais, que fogem ao que inicialmente se espera dos enunciados, sejam eles uma cor ou um
texto, uma imagem ou uma histó ria. Dessa maneira, os atuais trabalhos de Marilá Dardot levam a
crer que, sim, as coisas estã o no mundo, mas, mais
ainda, há mundos inteiros em cada coisa.
Na sess„ o Vernissage, projeto realizado em parceria com galerias de arte
brasileiras, publicamos uma an· lise crÌ tica da obra de um artista con≠
tempor‚ neo que estar· em exposiÁ „ o durante os meses de circulaÁ „ o da
ediÁ „ o. O projeto prevÍ o lanÁ amento de seLecT na abertura da exposiÁ „ o.
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As coisas estão no mundo (Things are in the world)