Why use biofuels for aviation? The aviation industry has seen huge growth since its beginning. Today, more than two billion people enjoy the social and economical benefits of flight each year. The ability to fly conveniently and efficiently between nations has been a catalyst for the global economy and has shrunk cultural barriers like no other transport sector. But this progress comes at a cost. In 2008, the commercial aviation industry produced 677 million tones of carbon dioxide (CO2). This is around 2% of the total man-made CO2 emissions of more than 34 billion tones. While this amount is smaller compared with other industry sectors, such as power generation and ground transport, these industries have viable alternative energy sources currently available. For example, the power generation industry can look to wind, hydro, nuclear and solar technologies to make electricity without producing much CO2 . Cars and buses can run on hybrid, flexible fuel engines or electricity. -------powered trains can replace locomotives-----The aviation industry has identified the development of biofuels as one of the major ways it can reduce its greenhouse gas emissions. Biofuels provide aviation with the capability to partially, and perhaps one day fully, replace carbon-intensive petroleum fuels. They will, over time, enable the industry to reduce its carbon footprint significantly. 30. Duas das razões apontadas para o desenvolvimento de biocombustíveis e sua utilização em aviões são a) a eliminação das pegadas deixadas na história da indústria aeronáutica e dos combustíveis derivados do petróleo. b) a redução das taxas de emissão de carbono pelos aviões e do efeito estufa sobre o nosso planeta. c) a eliminação do efeito estufa e das pegadas deixadas na história da indústria aeronáutica. d) a redução de combustíveis derivados do petróleo e do custo das viagens aéreas. e) a redução do custo elevado das viagens aéreas e das taxas de emissão de carbono pelos aviões. 31. Entre as opções indicadas no texto para que se reduzam as taxas de emissão de carbono no setor energético, estão a) a energia eólica, as hidrelétricas e a energia solar. b) o uso da água, do vento e a geração de eletricidade a partir do CO2. c) a energia nuclear, a energia solar e o gás carbônico. d) o uso da água, a energia nuclear e o gás carbônico. e) a geração de eletricidade a partir do CO2 e as hidrelétricas. 32. De acordo com o texto, os setores que ocasionam as menores taxas de emissão de CO2 no mundo são a) as formas de transporte que excluem os aviões, indústrias variadas e de aquecimento. b) os processos industriais diversos, o transporte rodoviário e as indústrias de cimento. c) os processos industriais diversos, de aquecimento e as substâncias químicas. d) o transporte rodoviário e outras formas de transporte, menos os aviões. e) as indústrias variadas, o transporte aéreo e outras formas de transporte. 33. A partícula but, na última oração do primeiro parágrafo, estabelece um contraste entre a) os benefícios do desenvolvimento da indústria aeronáutica e o alto custo do progresso que afeta a economia global. b) as barreiras culturais estabelecidas pela economia global e o desenvolvimento da indústria aeronáutica. c) as barreiras culturais estabelecidas pela economia global e o alto custo do desenvolvimento da aviação no mundo. d) o desenvolvimento da aviação e seus benefícios para a sociedade, e uma consequência negativa do crescimento do setor aéreo. e) o desenvolvimento da indústria aeronáutica e o seu alto custo, como o estabelecimento de barreiras culturais. 34. Quais palavras completam corretamente os dois espaços no segundo parágrafo do texto? a) Carbon e electric. b) Diesel e wind. c) Electric e diesel. d) Petroleum e diesel. e) Carbon e wind. 35. O sentimento amoroso é um tema inesgotável e tem influenciado muitas das produções artísticas, incluindo a poesia e a canção. Leia os dois textos abaixo e assinale a alternativa INCORRETA. Texto 1 Soneto da Separação De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto. De repente da calma fez-se o vento Que dos olhos desfez a última chama E da paixão fez-se o pressentimento E do momento imóvel fez-se o drama. De repente, não mais que de repente Fez-se de triste o que se fez amante E de sozinho o que se fez contente. Fez-se do amigo próximo o distante Fez-se da vida uma aventura errante De repente, não mais que de repente. Vinícius de Moraes Texto 2 Soneto. Por que me descobriste no abandono Com que tortura me arrancaste um beijo Por que me incendiaste de desejo Quando eu estava bem, morta de sono Com que mentira abriste meu segredo De que romance antigo me roubaste Com que raio de luz me iluminaste Quando eu estava bem, morta de medo Por que não me deixaste adormecida E me indicaste o mar, com que navio E me deixaste só, com que saída Por que desceste ao meu porão sombrio Com que direito me ensinaste a vida Quando eu estava bem, morta de frio Chico Buarque de Holanda. a) Tanto Vinícius de Morais quanto Chico Buarque de Holanda são considerados letristas e literatos, representando, com lirismo e apuro poético, temas verossímeis e universais. b) O soneto de Vinícius de Morais expressa, de forma suave e equilibrada, uma série de sentimentos dolorosos que estão associados à separação de dois amantes. A voz masculina é flagrante nas marcas linguísticas. c) A canção de Chico Buarque de Holanda faz uso da forma do soneto e revela uma voz feminina que expressa seu espanto por ter tido seu amor despertado por uma outra pessoa. d) No texto 2, o último verso dos dois quartetos e da última estrofe fazem ver que o sujeito poético se escondia, fugindo da vida e de sua expressão máxima, o amor. e) Como os dois textos permitem concluir, o amor e a vida são uma aventura errante, que não oferece as garantias de um porto seguro. 36. Lima Barreto foi uma das figuras mais contraditórias e controvertidas da literatura brasileira do início do século XX. Sobre sua obra, podemos dizer o que segue. a) Seu conto, o Homem que sabia Javanês, é um relato mordaz sobre um trapaceiro que se passa por tradutor de um idioma exótico. b) O autor foi um dos pioneiros no uso do estilo jornalístico na literatura. Com linguagem objetiva e informal, descreve com clareza e simplicidade o cotidiano das classes desfavorecidas, às quais pertencia. c) Nos seus escritos, denuncia os problemas políticos e os preconceitos sociais de seu tempo, que ele, como mulato pobre, vivenciou. d) Em seu livro mais famoso, Triste Fim de Policarpo Quaresma, Lima Barreto foca a vida de uma personagem cujo nacionalismo beira a xenofobia. Por trás disso, faz uma grande crítica à política da República Velha. e) O romancista transforma o Marechal Floriano Peixoto num grande herói nacional em Triste Fim de Policarpo Quaresma, atribuindo-lhe um caráter magnânimo e superior. 37. — Tu prisioneiro, tu? — Vós o dissestes. — Dos índios? — Sim. — De que nação? — Timbiras. — E a muçurana funeral rompeste, Dos falsos manitôs quebraste a maça... — Nada fiz... aqui estou. — Nada! — Emudecem; Curto instante depois prossegue o velho: — Tu és valente, bem o sei; confessa, Fizeste-o, certo, ou já não foras vivo! — Nada fiz; mas souberam da existência De um pobre velho, que em mim só vivia... — E depois?... — Eis-me aqui. — Fica essa taba? Na direção do sol, quando transmonta. — Longe? — Não muito. — Tens razão; partamos! — E quereis ir?... — Na direção do ocaso. DIAS, Gonçalves. I-Juca-Pirama. Gonçalves Dias: antologia. São Paulo: Melhoramentos, s.d. p. 164. Com base no texto, contextualizado na obra, está incorreto o que se afirma na alternativa a) A narrativa, em sua totalidade, evidencia uma imagem sentimentalizada do índio. b) Tanto o pai quanto o filho, na narrativa, são apresentados como heróis idealizados. c) O diálogo entre pai e filho traduz a resignação daquele em relação ao comportamento deste. d) O comportamento do filho, na condição de prisioneiro dos Timbiras, para o pai, fere a honra dos Tupis. e) O velho pai lança mão de sua história de invencibilidade como guerreiro para reconduzir o filho ao rito de morte. 38. Ah! lilásis de Ângelus harmoniosos, Neblinas vesperais, crepusculares, Guslas gementes, bandolins saudosos, Plangências magoadíssimas dos ares... Serenidades etereais d‘incensos, De salmos evangélicos, sagrados, Saltérios, harpas dos Azuis imensos, Névoas de céus espiritualizados. [...] É nas horas dos Ângelus, nas horas Do claro-escuro emocional aéreo, Que surges, Flor do Sol, entre as sonoras Ondulações e brumas do Mistério. [...] Apareces por sonhos neblinantes Com requintes de graça e nervosismos, fulgores flavos de festins flamantes, como a Estrela Polar dos Simbolismos. CRUZ e SOUSA, João da. Broquéis. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1995. p. 90. Marque V ou F, conforme sejam as afirmativas verdadeiras ou falsas. Os versos de Cruz e Sousa traduzem a estética simbolista, pois apresentam ( ) descrição sintética do mundo imediato. ( ) uso de recursos estilísticos criando imagens sensoriais. ( ) enfoque de uma realidade transfigurada pelo transcendente. ( ) apreensão de um dado da realidade sugestivamente ambígua. ( ) imagens poéticas que tematizam o amor em sua dimensão física. A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é a a) F V V V F b) V F F V F c) V F V V F d) V F V F F e) V F V F V 39. “(...) de um lado, a preocupação com os problemas sociais; de outro, com os problemas individuais, ambos referidos ao problema decisivo da expressão, que efetua a sua síntese. O bloco central da obra de Drummond é, pois, regido por inquietudes poéticas que proveem uma das outras, cruzam-se e, parecendo derivar de um egotismo profundo tem como consequência uma espécie de exposição mitológica da personalidade.” (CÂNDIDO, Antonio. Inquietudes na poesia de Drummond. Vários escritos. S. Paulo: Duas Cidades, 1977, p. 96) Sobre as considerações acerca da poética de Drummond, realizadas por Antonio Candido na citação acima, analise as estrofes abaixo. I. “Perdi o bonde e a esperança. Volto pálido para casa. A rua é inútil e nenhum auto passaria sobre o meu corpo.” II. “Casas entre bananeiras mulheres entre laranjeiras pomar amor cantar.” III. “O jardim tornou-se fantástico. As flores são placas cinzentas. E a areia, sob pés extintos, é um oceano de névoa.” IV. “E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora José? e agora, você? você que é sem nome, que zomba dos outros, você que faz versos, que ama, protesta? e agora, José?” V. “Tenho apenas duas mãos e o sentimento do mundo, mas estou cheio de escravos, minhas lembranças escorrem e o corpo transige na confluência do amor.” As estrofes que não contemplam as considerações de Antonio Candido são: a) I e IV. b) III e V. c) II e III. d) II e IV. e) I e III. 40. Leia o seguinte excerto do poema A viagem, de Mario Quintana. “A louca agitação das vésperas de partida! Com a algazarra das crianças atrapalhando tudo E a gente esquecendo o que devia trazer, Trazendo coisas que deviam ficar... Mas é que as coisas também querem partir, As coisas também querem chegar A qualquer parte! – desde que não seja Este eterno mesmo lugar... E em vão o Pai procura assumir o comando: Mas acabou-se a autoridade... Só existe no mundo esta grande novidade: VIAJAR!” Todas as afirmativas estão corretamente associadas ao poema, EXCETO: a) O objetivo, tanto das pessoas como das coisas, é poder sair dos espaços da vida cotidiana. b) A autoridade paterna esvai-se porque viajar é a coisa mais importante para a família. c) A expectativa da viagem faz o viajante levar objetos necessários e desnecessários. d) A preparação para a viagem altera completamente a rotina de quem vai viajar. e) O esquecimento de objetos necessários impede o eu lírico de desfrutar adequadamente a viagem programada. 41. Leia o texto que segue, de Cecília Meireles. “Grande é a diferença entre o turista e o viajante. O primeiro é uma criatura feliz, que parte por este mundo com a sua máquina fotográfica a tiracolo, o guia no bolso, um sucinto vocabulário entre os dentes (...) O viajante é criatura menos feliz, de movimentos mais vagarosos, todo enredado em afetos, querendo morar em cada coisa, descer à origem de tudo, amar loucamente cada aspecto do caminho, desde as pedras mais toscas às mais sublimadas almas do passado, do presente e até do futuro – um futuro que ele nem conhecerá.” Sobre o turista e o viajante, é correto afirmar que a) o turista pertence à classe social superior à do viajante, motivo por que é mais feliz. b) o movimento do viajante e do turista é caracterizado pelo sentimento de intensa felicidade. c) a diferença entre o viajante e o turista está no envolvimento pessoal que cada um experimenta ao visitar os lugares desconhecidos. d) o viajante e o turista partem em busca de conhecimento acerca do passado, do presente e do futuro das cidades incluídas em seu roteiro. e) o viajante e o turista preocupam-se em carregar uma máquina fotográfica, um guia e um sucinto vocabulário. 42. Considere o enunciado a seguir e as quatro propostas para completá-lo. A Semana de Arte Moderna de 1922, ocorrida em São Paulo, veio a se tornar referência nacional. Entre as razões de sua importância, pode-se citar 1 - sua capacidade de crítica ao academicismo e ao parnasianismo, que a levou a romper o marasmo da cultura verbalista e alienada, impulsionando, por exemplo, a renovação literária. 2 - as influências artísticas das tendências futurista, dadaísta, surrealista e expressionista, e a influência de artistas como Menotti Del Pichia, Anita Malfatti, VillaLobos e Di Cavalcanti. 3 - a oposição ao "servilismo lusitano", presente em instituições acadêmicas como a Academia Brasileira de Letras, o Museu Nacional de Belas-Artes, a Escola Nacional de Belas-Artes. 4 - a expressão artística da crise de um Brasil classista, urbano, industrial e moderno. Quais propostas estão corretas? a) Apenas 1 e 2. b) Apenas 1 e 3. c) Apenas 3 e 4. d) Apenas 1, 2 e 3. e) 1, 2, 3 e 4. TEXTO PARA AS QUESTÕES 43 e 44. O Brasil sempre despertou a curiosidade do mundo. Seja por seu exotismo natural, seja pelas suas dimensões continentais ou pelo caldeirão cultural formado por uma das sociedades mais miscigenadas do planeta. Nos últimos anos, no entanto, o interesse internacional pelas coisas brasileiras andava um tanto quanto arrefecido, principalmente pelo fato de a agenda geopolítica mundial estar voltada para o Oriente Médio. Mas agora, com a ascensão do País a um papel de protagonista, ainda que emergente, no cenário mundial, acadêmicos de todo o mundo, em especial os americanos, começam a voltar seus olhos novamente para o Brasil. Só nos Estados Unidos, estima-se que quase mil pesquisadores em diversas universidades estejam dedicados exclusivamente a estudar assuntos tão diversos quanto a poluição da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, ou a história do Plano Real. Ao mesmo tempo, cerca de dez mil estudantes universitários estão matriculados em cursos para aprender português. “Há um interesse crescente pelo Brasil, por várias razões, desde as econômicas até o fato de termos mais brasileiros vivendo nos Estados Unidos”, diz o professor de História do Brasil da universidade americana de Brown, James Green, integrante da Associação Norte-Americana de Estudos Brasileiros, que conta com cerca de 1,2 mil sócios. A história desse interesse acadêmico pelo Brasil não é nova. Desde os anos 50, quando o Brasil iniciou um rápido processo de industrialização, pesquisadores estrangeiros passaram a colocar o País em suas pautas. Esse movimento cresceu nos anos 60 e 70 com a intensificação da Guerra Fria. Nessa época, o governo dos Estados Unidos começou a financiar estudantes interessados em estudar o Brasil, um país com informações sobre seu tecido social tão escassas quanto a Cuba tomada por Fidel e Che Guevara. Mas, desde o fim da década de 90, tanto o Brasil quanto a América Latina deixaram de atrair a atenção internacional, monopolizada pelo déjà vu: a batalha entre Ocidente e Oriente encarnada nas guerras do Iraque e do Afeganistão. “O desempenho econômico do Brasil durante a crise e as conquistas sociais do País voltaram a despertar o interesse acadêmico”, diz Joseph Love, diretor do Instituto Lemann, voltado exclusivamente para financiar estudantes brasileiros ou americanos interessados no Brasil. Love, como outros brasilianistas, está percebendo uma mudança importante no perfil dos pesquisadores de agora em relação aos de décadas passadas. “Antes o interesse era quase exclusivamente antropológico. Questões como raça e gênero sempre cativaram os pesquisadores. Agora o que vemos é uma curiosidade crescente por temas relacionados à economia, experiências no sentido de diminuir o abismo social e questões ambientais”, diz ele. (ISTOÉ, 03 set 2010.) 43. A partir das informações do texto, é correto afirmar: a) O interesse mundial pelo Brasil manteve-se constante desde a metade do século 20. b) A liderança do Brasil no cenário mundial é ainda incipiente. c) A miscigenação da população brasileira é vista com desconfiança pelos pesquisadores estrangeiros. d) Atualmente, nos estudos de pesquisadores estrangeiros, os temas econômicos e sociais do Brasil suplantam os ambientais. e) O interesse de pesquisadores estrangeiros pelo Brasil a partir do final do século 20 é motivado pelo exotismo do país. 44. O autor usa no segundo parágrafo a expressão francesa “déjà vu” (já visto), empregada usualmente para indicar que uma situação parece conhecida, devido à semelhança com outra vivida anteriormente. Essa expressão é usada destacar a semelhança entre: a) o processo de industrialização no Brasil e nos Estados Unidos. b) a atuação dos grupos de esquerda no Brasil nos anos 1960 e 1970 e os líderes da revolução cubana. c) o desenvolvimento econômico e industrial do Brasil na década de 1950 e no início do século 21. d) as guerras do Iraque e Afeganistão e a Guerra Fria nas décadas de 1960 e 1970. e) o interesse de pesquisadores americanos pelo Brasil e pelo Oriente Médio. TEXTO PARA AS QUESTÕES 45 a 48. Pau de Dois Bicos Um morcego estonteado pousou certa vez no ninho da coruja, e ali ficaria de dentro se a coruja ao regressar não investisse contra ele. – Miserável bicho! Pois te atreves a entrar em minha casa, sabendo que odeio a família dos ratos? – Achas então que sou rato? Não tenho asas e não voo como tu? Rato, eu? Essa é boa!... A coruja não sabia discutir e, vencida de tais razões, poupou-lhe a pele. Dias depois, o finório morcego planta-se no casebre do gato-do-mato. O gato entra, dá com ele e chia de cólera. – Miserável bicho! Pois te atreves a entrar em minha toca, sabendo que detesto as aves? – E quem te disse que sou ave? - retruca o cínico - sou muito bom bicho de pelo, como tu, não vês? – Mas voas!... – Voo de mentira, por fingimento... – Mas tem asas! – Asas? Que tolice! O que faz a asa são as penas e quem já viu penas em morcego? Sou animal de pelo, dos legítimos, e inimigo das aves como tu. Ave, eu? É boa... O gato embasbacou, e o morcego conseguiu retirar-se dali são e salvo. Moral da Estória: O segredo de certos homens está nesta política do morcego. É vermelho? Tome vermelho. É branco? Viva o branco! (LOBATO, José Bento Monteiro. Fábulas. 45ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1993. p. 49.) 45. A hesitação do gato, na fábula, e do caçador, na charge, deve-se a) à contradição existente entre a fala do morcego e a da pomba e suas características físicas. b) à tentativa frustrada do morcego e da pomba em disfarçarem sua condição apelando para o fingimento e a mentira. c) ao medo de serem agredidos pelas garras afiadas do morcego e pelo bico semiaberto da pomba. d) à aversão do gato e do caçador em relação à aparência física dos morcegos. e) à postura submissa da pomba e do morcego diante dos olhares arregalados do caçador e do gato. 46. O texto Pau de dois bicos é uma fábula, a) pelo predomínio do discurso direto, com consequente apagamento da figura do narrador. b) pois o tempo cronológico é marcado pela expressão “certa vez” e pelos verbos no passado. c) pois apresenta trama pouco definida e trata de problemas cotidianos imediatos, o que lhe confere caráter jornalístico. d) por utilizar elemento fantástico, como o fato de os animais falarem, para refletir sobre problemas humanos. e) por resgatar a tradição alegórica de representação de seres heroicos que encarnam forças da natureza. 47. Considerando o trecho em negrito no texto Pau de dois bicos, assinale a alternativa correta. Nos dois casos, a palavra “mas” a) opõe-se ao argumento “sou muito bom bicho de pelo”. b) revela a causa do “voo de mentira”. c) expressa a consequência dos fatos narrados. d) marca a condição do “voo de mentira”. e) explica o argumento “sou muito bom bicho de pelo”. 48. A charge de Sassá refere-se a um problema que afeta a cidade de Londrina e muitas outras cidades brasileiras: o risco de contrair doenças transmitidas pelas pombas que vivem na região urbana. O que permite ao morcego, da fábula, e à pomba, da charge, disfarçarem sua condição é a) o fato de suplicarem pela vida e pela misericórdia de seus inimigos. b) a postura corporal, visto que um imita o comportamento do outro. c) o uso de recursos argumentativos presentes na fala. d) a confiança na consciência ambiental dos interlocutores. e) a esperteza simbolicamente atribuída a esses animais. 49. O texto a seguir é parte da entrevista intitulada “Desprezo com caipira é tentativa de negar raízes”, concedida pelo professor-doutor Romildo Sant’Anna, da Unesp de Rio Preto (SP) e do curso de Jornalismo da Unimar de Marília (SP). Para o professor, assim como as modas caipiras, a música sertaneja também retrata a realidade do povo e não deve ser desprezada. DEBATE - Há alguma semelhança de conteúdo entre a música sertaneja e a música caipira? Romildo - A grande característica contida nas letras das músicas caipiras é que elas refletem a falta da terra, falta de uma coisa fundamental que é o símbolo da mãe. Assim como ela, a música sertaneja também mostra a falta de alguma coisa. É sempre a mãe, a mulher que foi embora, que se casou com outro, é a diferença social, um que é pobre outro rico, enfim, o desencontro amoroso. Dessa maneira, a mulher, também mãe e criadora, substituiu a “mãe terra” cantada na música caipira. É claro que isso tem um caráter mais banal. É a banalização da própria falta de educação formal no Brasil, no sentido de se ter maiores aprofundamentos filosóficos. A música caipira fala de valores muito antigos, já a sertaneja reflete valores mais ordinários, coisas mais passageiras desse mundo sem raízes. Há essa diferença, mas não podemos ter preconceitos em relação a nenhum dos dois gêneros, já que ambos refletem uma realidade da qual o povo é a grande vítima. A população que consome a música sertaneja não é culpada. (Adaptado de: Disponível em: <http://www2.uol.com.br/debate/1337/caad/cadernod01a.htm>. Acesso em: 23 out. 2010.) De acordo com o entrevistado, assinale a alternativa correta. a) A música sertaneja avança em qualidade técnica e elabora temas mais sofisticados, tornando-se, assim, culturalmente superior à música caipira. b) A música caipira tem fundamento na emoção do homem simples mediante sua falta de opção amorosa no campo e seu anseio por viver na cidade. c) A música caipira, diferentemente da música sertaneja, é feita para analfabetos, por isso revela humildade e simplicidade em suas letras e na composição. d) A música sertaneja torna banal o tema da sensibilidade do homem da terra, uma vez que, em suas letras, quase sempre remete ao universo afetivo-sexual. e) Hoje em dia, a classe média dos grandes centros urbanos prefere a música sertaneja por representar melhor a vida do homem na cidade e fazer esquecer as dores. 50. “É no plano político que a Razão, na Grécia, primeiramente se exprimiu, constituiu-se e formou-se. A experiência social pode tornar-se entre os gregos o objeto de uma reflexão positiva, porque se prestava, na cidade, a um debate público de argumentos. O declínio do mito data do dia em que os primeiros Sábios puseram em discussão a ordem humana, procuraram defini-la em si mesma, traduzi-la em fórmulas acessíveis a sua inteligência, aplicar-lhe a norma do número e da medida. Assim se destacou e se definiu um pensamento propriamente político, exterior a religião, com seu vocabulário, seus conceitos, seus princípios, suas vistas teóricas. Este pensamento marcou profundamente a mentalidade do homem antigo; caracteriza uma civilização que não deixou, enquanto permaneceu viva, de considerar a vida pública como o coroamento da atividade humana”. Considerando a citação acima, extraída do livro As origens do pensamento grego, de Jean Pierre Vernant, e os conhecimentos da relação entre mito e filosofia, é incorreto afirmar que a) os filósofos gregos ocupavam-se das matemáticas e delas se serviam para constituir um ideal de pensamento que deveria orientar a vida pública do homem grego. b) a discussão racional dos Sábios que traduziu a ordem humana em fórmulas acessíveis à inteligência causou o abandono do mito e, com ele, o fim da religião e a decorrente exclusividade do pensamento racional na Grécia. c) a atividade humana grega, desde a invenção da política, encontrava seu sentido principalmente na vida pública, na qual o debate de argumentos era orientado por princípios racionais, conceitos e vocabulário próprios. d) a política, por valorizar o debate publico de argumentos que todos os cidadãos podem compreender e discutir, comunicar e transmitir, distancia-se dos discursos compreensíveis apenas pelos iniciados em mistérios sagrados e contribui para a constituição do pensamento filosófico orientado pela Razão. e) ainda que o pensamento filosófico prime pela racionalidade, alguns filósofos, mesmo após o declínio do pensamento mitológico, recorreram a narrativas mitológicas para expressar suas ideias; exemplo disso é o “Mito da Caverna” encontrado em sua principal obra, A República.