LITERATURA ROMANTISMO PROSA O Romantismo se deve a ascensão de uma nova classe social a Burguesia, que trouxe com ela um público leitor. Em 1830 na Europa surgiu um grupo de escritor que escrevia para jornais, pequenos capítulos por dias, os folhetins. Eles chegaram ao Brasil e conquistaram o público principalmente o feminino e os estudantes. Os romances brasileiros se dividem em quatro vertentes: Romance Urbano: romance de costumes, retrato e crítica os costumes da sociedade carioca do século XIX. Romance Indianista: os românticos seguindo a tradição européia procuraram recuperar o passado, enquanto os europeus se voltaram para a Idade Média o brasileiros resgataram o índio. Romance Regionalista: procura fixar traços peculiares da cultura e natureza de determinada região do Brasil. Romance Histórico: reconstruir fatos históricos do país predomina função histórica. JOAQUIM MANUEL DE MACEDO (1820-1882); nosso primeiro romancista juntou os aspectos do romance europeu dentro de um clima nacional. A obra vale como documento dos costumes da corte no século XIX, retratando a vida doméstica e social da burguesia da época. A Moreninha (1844): Conta a história da fidelidade do amor infantil, centrada nas figuras de Carolina e Felipe. JOSÉ DE ALENCAR (1829-1877): o mais importante escritor romântico, sua obra abrangeu todos os temas do romantismo. Procurou fazer um levantamento de todo Brasil. Iracema (1865): Conta a história do romance de Iracema e Martim (português). Da união nasce Moacir. Explicação da origem do Ceará. O Guarani (1857): Peri é um índio que se batiza para poder proteger Ceci. Senhora (1875): Casamento por interesse. Fernando Seixas abandona a noiva, Aurélia Camargo, trocando-a por Adelaide Amaral. Aurélia herda uma fortuna e se vinga comprando um marido, o escolhido Fernando. Lucíola (1862): Paulo, jovem bacharel pernambucano, escreve cartas á senhora G. M., para narrar-lhe a história de seu relacionamento com uma cortesã (Lúcia). BERNARDO GUIMARÃES (1825-1884): tendência sertanista, interior de Minas. A Escrava Isaura (1875): denuncia da escravidão, na figura de Isaura (branca), tratada como propriedade por Leôncio, mas Álvaro se apaixona por ela. O Seminarista (1872): crítica ao celibato clerical e ao patriarcalismo. Eugênio e Margarida são amigos de infância, ele vai para seminário para virar padre. Final trágico morte de Margarida e loucura de Eugênio. VISCONDE DE TAUNAY (1843-1899): romance regionalista Inocência (1872): Pereira, pai de Inocência, promete a filha para Manecão. Inocência adoece e seu a entrega a cuidado de um curandeiro, Cirino, que se apaixona pela protagonista. No final eles sucumbem às adversidades. MANUEL ANTÔNIO DE ALMEIDA (1831-1861): É considerado um autor de transição entre o Romantismo e o Realismo. Retrata uma época o tempo do rei e uma classe social diferentes dos outros autores, o povo pobre. Leonardo é o primeiro anti-herói (picaresco) da nossa literatura, afasta-se do idealismo nas Memórias de um Sargento de Milícias - Narrado em terceira pessoa - romance que trata da ordem x desordem: todos os personagens representam os dois polos - é uma crônica sobre os costumes na época de Dom João no Brasil - Leonardo Pataca é o pai do protagonista do romance, este nasce de uma pisadela e um beliscão à bordo do navio que trazia os pais( Leonardo e Maria Hortaliça) para o Brasil. Maria da Hortaliça traí o marido e o protagonista fica a cargo dos cuidados do Padrinho o Barbeiro - Leonardinho: o protagonista é um malandro que vive na desordem até que caía na mão do Major Vidigal que o colocará na vida militar. - Leonardinho ama Luisinha, mas atente que no primeiro encontro entre eles Leonardinho não para de rir da garota e é o barbeiro que chama a atenção para o fato de ele rir sempre que lembra dela. Os fogos no morro. - Leonardinho se envolverá com a Vidinha após fugir de casa e Luisinha casará com José Manuel, mas quando este morre Leo casa com ela. - Maria regalada com sua promessa de morar junto com o Major Vidigal é que livra Leonardinho da prisão. Lembrando Leonardo não sobe de posto militar por méritos e sim por interferência de Maria Regalada. mântico. TEATRO ROMANTICO MARTINS PENA (1815-1848): escritor de comédias onde retratava a sociedade da sua época o teatro de costumes. Escreveu peças onde os costumes rurais estavam presentes, seus personagens apesar de broncos são puros. Grande parte de sua obra está voltada pra realidade carioca e seus temas: casamento por interesse e praticas da realidade patriarcal e criticas aos comerciantes corruptos e a corrupção das autoridades, seus personagens são tipos sem aprofundamento psicológico. O amor não realizado é seu grande tema. REALISMO E NATURALISMO CONTEXTO HISTÓRICO: Arte da sociedade burguesa em expansão, Revolução Industrial. O mundo tem que ser mais racional, a ciência predomina em razão do sentimento. Correntes científicas e filosóficas: Positivismo (Augusto Conte, a ciência como uma única explicação para o mundo e homem), Evolucionismo (Charles Darwin, evolução da espécie) e Determinismo (Hippolyte Taine, comportamento do 1 homem seja determinado pela raça, meio e momento histórico). No Brasil, campanha abolicionista a partir de 1850 que culmina com a Lei Áurea em 1888. fundação do Partido Republicano nacional após a Guerra do Paraguai. decadência da monarquia brasileira. fim da mão-de-obra escrava e sua substituição por trabalho assalariado.imigrantes europeus para a lavoura cafeeira. NATURALISMO CIENTIFICISMO – A defesa de que a vida e as ações dos homens são determinadas pela ciência é postura radical do Naturalismo. DETERMINISMO – O Naturalismo constrói personagens cuja conduta obedece a três variáveis: a hereditariedade (que explica as tendências, os caracteres e as patologias), o meio (capaz de determinar o comportamento) e o momento histórico (responsável pelas ideologias). PROBLEMAS PATOLÓGICOS – A literatura passa a retratar temas que chocam a sociedade: homossexualismo, lesbianismo, incesto, taras sexuais, loucura, adultério, racismo, prostituição. ZOOMORFIZAÇÃO- A aproximação, por meio de similaridade, entre o homem e animal. ex: "(...) via-se-lhes [das mulheres] a tostada nudez dos braços e do pescoço, que elas despiam suspendendo o cabelo todo para o alto do casco [couro cabeludo]; os homens, esses não se preocupavam em não molhar o pêlo, ao contrário, metiam a cabeça bem debaixo da água e esfregavam com força as ventas [narizes ou focinhos] e as barbas, fossando [revolver com o focinho] e fungando contra as palmas da mão." ALUÍSIO DE AZEVEDO (1857-1913): O Cortiço (1890): O cortiço é o próprio personagem, como se estivesse vivo ex: “Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas”. A Sociedade Brasileira representada nos seus extratos português, brasileiros, negros e mulatos. João Romão é o dono do Cortiço, vive com Bertoleza. Rivaliza com Miranda, que é mais rico que ele. Romão tem uma pedreira, contrata o português Jerômino que se apaixona pela mulata Rita Baiana, é passa a se transformar em brasileiro. O Ateneu de Raul Pompéia. Obra que não se encaixa propriamente no Realismo. Narrado por Sérgio adulto, falando sobre o tempo de colégio interno O Ateneu, administrado por Aristarco. Olhar do adulto sobre a infância. REALISMO Os romances realistas são de caráter social e psicológico, abordando temas polêmicos para a sociedade da segunda metade do século XIX. Caráter documental, sendo o retrato de uma época. Critica a sociedade a partir do comportamento de personagens, capitalistas. As instituições criticadas são: a Igreja Católica e a família mais precisamente o casamento. REALISMO PORTUGUÊS Questão Coimbra: foi uma polêmica entre escritores de Coimbra que queriam uma renovação literária em oposição aos escritores de Lisboa que defendiam o Romantismo. As conferências do cassino Lisbonense. EÇA DE QUEIROZ (1845-1900): O Primo Basílio (1878): com o subtítulo de Episódio da Vida Doméstica. Sua crítica se volta para a hipocrisia das relações familiares da pequena burguesia de Lisboa, as idéias românticas e o inevitável adultério. O romance conta a história de Luísa, casada com Jorge, um engenheiro que se ausenta de casa a negócio. Ela recebe a visita de exnamorado, Primo Basílio, ele acabam tendo um caso descoberto pela criada Juliana. Esta passa a chantagear a patroa, mas com ajuda de Sebastião ela recupera as provas (que era uma carta). Luísa acaba adoecendo, Jorge volta e descobre tudo e perdoa a esposa, mas esta falece. MACHADO DE ASSIS (1839-1908): Romances Realistas Dom Casmurro (1899): Seu personagem principal, Bento Santiago, é também o narrador da história que, contada em primeira pessoa, pretende "atar as duas pontas da vida", ou seja, unir relatos desde sua mocidade até os dias em que está escrevendo o livro. Entre esses dois momentos Bento escreve sobre suas reminiscências da juventude, sua vida no seminário, seu caso com Capitu e o ciúme que advém desse relacionamento que ele suspeita do seu melhor amigo Ezequiel, que se torna o enredo central da trama. Esaú e Jacó (1904): - - o manuscrito do livro teria sido encontrado na biblioteca do Conselheiro Aires com o título de último e foi publicado com o Nome de Esaú e Jacó, o narrador é em terceira em pessoa. - tema a rivalidade entre os irmãos, já fundada pela escolha do nome destes; Pedro e Paulo ( que foram apóstolos rivais, pela questão da igreja inicial sobre a necessidade sim ou não da cicuncisão para ser cristão) e o nome do livro fala dos dois gêmeos rivais biblícos pela questão da primogenitura. - o Livro trata de aspectos históricos como o final do Império e o inicio da República. Lembrar dos capítulos das tabuletas do Custódio. - a previsão da cabocla do castelo “serão grandes mas inimigos” - o capítulo dos quadros mostra as tendências dos gêmeos políticos Pedro compra um quadro de Luís XVI e Paulo compra de Robespierre - Aires é um personagem de discurso dúbio - Flora a paixão dos gêmeos representa a ambiguidade e na tentativa de fundir os dois por amar ambos acaba por ficar doente, ela incapaz de decidir entre um é outro. - os gêmeos farão dos pactos de amizade; o primeiro após a morte de Flora e um por pedido de Natividade antes da morte desta. - Nóbrega é o irmão das almas que Natividade dá a esmola é a partir desta ele começa enriquecer, mas principalmente se torna rico durante a política do encilhamento de Ruí Barbosa. - Pedro: monarquista, médico e conservador e depois vira candidato da situação. - Paulo: republicano, advogado e oposicionista. Memorial de Aires (1908): Escrito em forma de diário, o narrador Aires, conta a vida após se aposentar. Quincas Borba (1891): Conta a história de Rubião, discípulo de Quincas Borba, que ao morrer lhe deixa todo o dinheiro com a condição de cuidar do seu cachorro. Rubião se envolve com um casal capitalista Cristiano de Almeida e Palha e sua esposa Sofia. Ingênuo, Rubião deixa-se guiar pelo casal. Apaixonado por Sofia e explorado por Cristiano acaba ficando louco. 2 Memórias postúmas de Brás Cubas (1881): Narrado em primeira pessoa, seu autor é Brás Cubas, um "defuntoautor", um homem que já morreu e que deseja escrever a sua autobiografia. Nascido numa típica família da elite carioca do século XIX, do túmulo o morto escreve suas memórias póstumas. PARNASIANISMO A denominação da escola remete ao Monte Parnaso, lugar que segundo a lenda morava os deuses e poetas, que se isolavam do mundo para se dedicar a arte. - Movimento poético reagiu contra os abusos sentimentais dos românticos. - Arte pela Arte (ars gratia artis): esta é gratuita, que só vale por si própria. Sem compromisso com o social. - Retomada do valor clássico - Culto da forma (construção do poema): 1- Metrificação rigorosa 2- Rimas ricas # rimas pobres: aquelas estabelecidas por palavras da mesma classe gramatical (rima pobre). Rima rica, classes diferentes. 3- Preferência pelo soneto. 4- Objetividade e impassibilidade: fugir do eu, neutralidade. 5- Descritivismo: mundo dos objetos: vasos, colares, muros. Parnasianismo no Brasil Literatura descompromissada das elites/afrancesados Formação da Tríade Uma das causas da Semana de Arte Moderna Autores: OLAVO BILAC (1865-1918): Poesia lírica, culto a forma e ufanista (exaltação a pátria) Ex: Profissão de fé Invejo o ourives quando escrevo: Imito o amor Com que ele, em ouro, o alto relevo Faz de uma flor. Imito-o. E, pois, nem de Carrara A pedra firo: O alvo cristal, a pedra rara, O ônix prefiro. Por isso, corre, por servir-me, Sobre o papel A pena, como em prata firme Corre o cinzel. ALBERTO DE OLIVEIRA (1857-1937): Temas naturezas e objetos decorativos RAIMUNDO CORREIA (1859-1911): A melancolia da existência As Pombas... Também dos corações onde abotoam, Os sonhos, um por um, céleres voam, Como voam as pombas dos pombais; No azul da adolescência as asas soltam, Fogem... Mas aos pombais as pombas voltam, E eles aos corações não voltam mais... SIMBOLISMO (DECADENTISMO) - A Proclamação da República 1889 - Reação contra o Realismo, Naturalismo, Positivismo e Cientificismo - Poetas de centros marginais sul do Brasil e Minas - “nefilibatas”: aqueles que vivem nas nuvens Características - Misticismo e espiritualismo: valorização do mistério e sobrenatural, nega o espírito científico - Subjetivismo: particular e individual - Aproximação da poesia da música: aliteração - Expressão da realidade de maneira vaga e imprecisa - Ênfase na sugestão - Percepção intuitiva da realidade Autores: CRUZ E SOUZA (1861-1898): Nasceu em Nossa Senhora do Desterro, era negro. Temas da sua poesia: morte, espiritualização, sublimação, obsessão pela cor branca (imaculada) e problemas sociais (negro escravo) ANTÍFONA Ó Formas alvas, brancas, Formas claras De luares, de neves, de neblinas! Ó Formas vagas, fluidas, cristalinas... Incensos dos turíbulos das aras Formas do Amor, constelarmante puras, De Virgens e de Santas vaporosas... Brilhos errantes, mádidas frescuras E dolências de lírios e de rosas ... Flores negras do tédio e flores vagas De amores vãos, tantálicos, doentios... Fundas vermelhidões de velhas chagas Em sangue, abertas, escorrendo em rios... Tudo! vivo e nervoso e quente e forte, Nos turbilhões quiméricos do Sonho, Passe, cantando, ante o perfil medonho E o tropel cabalístico da Morte... Violões que choram Ah! plangentes violões dormentes, mornos, Soluços ao luar, choros ao vento... Tristes perfis, os mais vagos contornos, Bocas murmurejantes de lamento Vozes veladas, veludosas vozes, Volúpias dos violões, vozes veladas, Vagam nos velhos vórtices velozes Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas. ALPHOSUNS DE GUIMARAENS (1870-1921): místico-religioso, divinizando a mulher sem erotismo, toda obra foi marcada pela presença da noiva morta (Constança) e loucura Ismália Quando Ismália enlouqueceu, Pôs-se na torre a sonhar... Viu uma lua no céu, Viu outra lua no mar. No sonho em que se perdeu, Banhou-se toda em luar... Queria subir ao céu, Queria descer ao mar... E, no desvario seu, 3 Na torre pôs-se a cantar... Estava longe do céu... Estava longe do mar... E como um anjo pendeu As asas para voar. . . Queria a lua do céu, Queria a lua do mar... As asas que Deus lhe deu Ruflaram de par em par... Sua alma, subiu ao céu, Seu corpo desceu ao mar... EDUARDO GUIMARAENS (1892-1928): Poeta gaúcho, amor espiritualizado, sensibilidade extremada e gosto pelos tons crepusculares. Escreveu o livro de poema A divina quimera. PRÉ-MODERNISTA -Ideário literário (corrente) não é uma escola literária - obras entre 1902-22 - República do café-com-leite (economia cafeeira, entrada de imigrantes) em oposição à República da Espada - São Paulo se urbaniza e o Rio de Janeiro passa por um processo de saneamento e embelezamento. Belle Époque na classe dominante e nasce uma nova classe média constituída de burocratas, comerciantes e profissionais liberais que pretendem participar do processo econômico. - 1904 Revolta da Vacina - 1910 Revolta da Chibata: João Cândido o “almirante negro” revolta contra os castigos corporais Características das obras: / denúncia da realidade Brasileira: do Brasil não oficial do sertão nordestino, caboclos interioranos / o regionalismo, um vasto painel Brasileiro: Norte e Nordeste com Euclides, Vale do Paraíba e o interior Paulista com Monteiro e o Subúrbio Carioca com Lima Barreto / os tipos humanos marginalizados: os mulatos, funcionários públicos, sertanejos e caipiras / ligação com fatos políticos, econômicos e sociais: diminui a distância entre realidade e ficção ex: Triste fim de Policarpo Quaresma (retrata o governo Floriano Peixoto e a Revolta da Armada), Os Sertões (Guerra de Canudos), Cidades Mortas (mostra a passagem do café pelo Vale do Paraíba) e o Canaã (um documento sobre a imigração alemã no Espírito Santo) Autores e obras AUGUSTO DOS ANJOS (1884-1914): 1 - Morte 2 - Referência a decomposição da matéria, deus-verme 3- Pessimismo diante da vida 4- Amor reduzido ao instinto 5- Incorporação de vocabulário científico VERSOS ÍNTIMOS Vês?! Ninguém assistiu ao formidável Enterro de tua última quimera. Somente a Ingratidão — esta pantera — Foi tua companheira inseparável! Acostuma-te à lama que te espera! O Homem, que, nesta terra miserável, Mora, entre feras, sente inevitável Necessidade de também ser fera. Toma um fósforo. Acende teu cigarro! O beijo, amigo, é a véspera do escarro, A mão que afaga é a mesma que apedreja. Se a alguém causa inda pena a tua chaga, Apedreja essa mão vil que te afaga, Escarra nessa boca que te beija! MONTEIRO LOBATO (1882-1948): Obras Cidade Morta e Urupês (contos) - Os contos se passam quase na totalidade cidade de Itaoca - linguagem mais próxima da coloquial com colocação, termos expressões típicas da fala regional. - Nesse espaço decadente, aparece o caipira subnutrido, vivendo na miséria, na ignorância, no desamino (doente e subnutrido). O Jeca- Tatu- símbolo do caboclo Brasileiro (no livro Urupês-1918). LIMA BARRETO (1881-1922): Foi o crítico mais agudo da época da República Velhano Brasil, rompendo com o nacionalismo ufanista e pondo a nu a roupagem da República, que manteve os privilégios de famílias aristocráticas e dos militares. Em sua obra, de temática social, privilegiou os pobres, os boêmios e os arruinados. Impregna sua obra com uma justa preocupação comos fatos históricos e com os costumes sociais, foi cronista da Capital Federal. Foi severamente criticado pelos seus contemporâneos parnasianos por seu estilo despojado, fluente e coloquial, que acabou influenciando os escritores modernistas. É um escritor de transição: fiel ao modelo do romance realista e naturalista do final do século XIX, procurou entretanto desenvolvê-lo, resgatando as tradições cômicas, carnavalescas e picarescas da cultura popular, ao mesmo tempo em que manteve "uma visão neo-romântica e elegíaca da natureza, da cidade e do ser humano".Também queria que a sua literatura fosse militante. Escrever tinha finalidade de criticar o mundo circundante para despertar alternativas renovadoras dos costumes e de práticas que, na sociedade, privilegiavam pessoas e grupos. Para ele, o escritor tinha uma função social. Triste Fim de Policarpo Quaresma (1911): Policarpo Quaresma, conhecido por outros como major Quaresma, vive em uma casa isolado com sua irmã Adelaide e tinha os mesmos hábitos a 30 anos. Quaresma possui um fanatismo patriótico que se reflete nos autores nacionais, onde possui uma grande biblioteca. Para ele, tudo o que é nacional é superior. Por esse grande patriotismo decide começar a ter aulas de violão, instrumento marginalizado na época, então decide ter aulas com o Prof. Ricardo Coração dos Outros. Decide estudar algo nacional: os costumes tupinambás, Após alguns duas o compadre Vicente Ceoni e a afilhada Olga decidem visitar o major e são recebidos por choros e descabelamentos, no caso era o comprimentos tupinambá. Ainda com seu patriotismo exercido decide mandar uma carta ao congresso Nacional, para que substituíssem o português pelo tupi-guarani. Uma carta por engano foi enviado ao ministério de guerra e assim é aposentado por invalidez depois de passar alguns meses no hospício. Após recuperar-se, Quaresma compra um sitio no interior do Rio de Janeiro, que está decidido trabalhar na terra, com sua irmã Adelaide e Anastácio. E assim decide tirar o sustento da terra. Adquire livros e instrumentos de agricultura. Após alguns dias recebe a visita de Ricardo Coração dos Outros e afilhada Olga, que não vê tanto progresso no campo 4 assim major nota tanto desanimo naquela gente simples. E assim decide alistar-se na frente de combate em defesa do marechal Floriano, acaba tornando-se comandante de um destacamento, onde estuda artilharia,balística e mecânica. Após meses de revolta, a Armada ainda existe e Quaresma continua lutando e acaba ferido. Enquanto Adelaide ainda sozinha, vê o sitio com sinais de completo abandono. Ao fim da revolta que durou sete meses, Quaresma é designado carcereiro da Ilha das Enxadas, prisão de marinheiros. Um dia o governo o visita escoltando 12 prisioneiros para serem levados ao fuzilamento, indignado escreve a Floriano, denunciando o governador, mas é interpretado como traidor e levado para a ilha dos Cobras e Quaresma condenado a morte. EUCLIDES DA CUNHA (1866-1909) - Acompanhou a quarta e última expedição das forças armadas a Canudos - artigo “A nossa vendéia” onde tratava Canudos como um reduto de monarquistas ferozes - Sertões é uma mescla de romance e ensaio científico, relatos históricos e reportagem jornalística - Primeira denúncia vigorosa que se faz na cultura brasileira contra a miséria e o abandono em que vive o sertanejo - A obra foi concebida segundo o esquema rigoroso do determinismo de Taine, que via o homem como um produto de três fatores: meio ambiente, raça e momento histórico. Os Sertões (1902): dividido em três partes A terra Na primeira parte são estudados o relevo, o solo, a fauna, a flora e o clima da região nordestina. Euclides da Cunha revelou que nada supera a principal calamidade do sertão: a seca. O homem O determinismo julgava que o homem é produto do meio (geografia), da raça (hereditariedade) e do momento histórico (cultura). O autor faz uma análise da psicologia do sertanejo e de seus costumes.ex: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços do litoral. A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. É desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo, reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. (...) Basta o aparecimento de qualquer incidente transfigura-se. Reponta. Um titã acobreado e potente. De força e agilidade extraordinárias (...) Sua cultura respeita antiqüíssimas tradições. Torna-se um retirante, impulso pela seca cíclica, mas retorna sempre ao sertão”. “Sua religião, como ele, é mestiça. O catolicismo atrasado se mistura aos candomblés do índio e do negro e se enche de superstições, crendices e temores medievais, conservados pelo isolamento, desde a colonização. Ele é crédulo, supersticioso, e esse deixa influenciar por padres, pastores e falsos profetas...” “[Antônio Conselheiro] Pregava contra a República; é certo. (...) Mas não traduzia o mais pálido intuito político; o jagunço é tão inapto para apreender a forma republicana como a monárquico-constitucional. Ambas lhe são abstrações inacessíveis. É espontaneamente adversário de ambas. (...) Insistamos sobre esta verdade: a guerra de Canudos foi um refluxo em nossa história.” A luta Fala sobre o que foi a Guerra de Canudos e explica com riqueza de detalhes os fatos dessa guerra que dizimou a população de Canudos. “Fechemos este livro. Canudos não se rendeu. Exemplo único em toda a história, resistiu até ao esgotamento completo. Expugnado palmo a palmo, na precisão integral do termo, caiu no dia 5, ao entardecer, quando caíram os seus últimos defensores, que todos morreram. Eram quatro apenas: um velho, dois homens feitos e uma criança, na frente dos quais rugiam raivosamente 5 mil soldados. (...) Caiu o arraial a 5. No dia 6 acabaram de o destruir desmanchando-lhe as casas, 5.200, cuidadosamente contadas.” COISAS DO SUL SOCIEDADE PARTENON LITERÁRIO - Fundada 1868 nos últimos anos do Romantismo - Promovia intercâmbiocultural e não só literário - Idéias Republicanas e abolicionistas (angariava fundo para libertação) - Emancipação da mulher - Criam o Regionalismo Gaúcho ao se voltarem para as terras da campanha - Apolinário José Gomes Porto-Alegre lançou em 1872 o Vaqueano em resposta ao O Gaúcho de José de Alecar REGIONALISMO SÉCULO XX AMARO JUVENAL: Antônio Chimango “poemeto campestre” (1915) - Surge da discordância de Ramiro Barcelos com a indicação de Hermes da Fonseca para a cadeira de senador, discordância expressa em carta em carta para o Presidente do Estado (Borges de Medeiros) - Ramiro era Maragato e Borges era PRR - Sátira/tradição oral - Poemeto campestre:elabora um quadro vivo e fiel da vida e costumes no pampa gaúcho - Cinco rondas - A história se passa na Estância de São Pedro - Chimango é oposto do ideal do homem gaúcho Personagens: - Chimango (Borges de Medeiros): anti-herói, medroso, fofoqueiro - Coronel Prates (Júlio de Castilho); dono da estância - José Turuna (Senador Pinheiro Machado) - Tio Lautério; contador da história SIMÕES LOPES NETO: - Natural de Pelotas (polo cultural e econômico das charqueadas) - Contos Gauchescos (1912) e Lendas do Sul (1913) Vaqueano Blau Numes, que tem noventa anos, narrador que dá depoimento, alguém que viveu no campo. Contos Gauchescos (1912) Livro de 19 contos , fixação do mundo gauchesco e oralidade e o regionalismo da linguagem. Os contos de 1820 até a Guerra do Paraguai. Vaqueano Blau Numes, que tem noventa anos, narrador que dá depoimento,de alguém que viveu no campo. Contos de amor e morte 5 Homem universal Contos: Trezentas onças: Blau Numes como personagem, a perda da quantia de dinheiro que seria para pagar a compra do gado. Negro Bonifácio: Historia de Bonifácio e Tudinha. Nadico é pretendente da chinoca. Aposta na cancha de Carreira do Major Terêncio, vitória de Nadico e entrega dos doces. Todos contra Bonifácio e a morte deste pela mão de Tudinha. No manantial- roseira que se alimenta do sangue de Maria Altina. Chicão tem sentimentos fortes por Maria Altina. Morte no Pântamo. O Boi Velho- Gente Silva - Dois bois: Dourado/ Cabiúna e frase de Blau Numes “Cuê-pucha!… é bicho mau, o homem!”. Morte do boi que serviu a família por causa do couro deste. Jogo do osso- No jogo Chico Ruivo aposta a sua companheira Lalica contra o cavalo de Osoro. Melancia Coco Verde- história de amor que acaba bem. Índio Reduzo observador da história amorosa de Sia Talapa ( melancia) e Costinha(coco verde) Contrabandista- Blau foi testemunha. História do Casamento da filha de Jango Jorge. Vestido machado de sangue. Duelo de Farrapos- Blau foi testemunha. Ficção Histórica. Confronto de General Bento Gonçalves x Coronel Onofre Pires. Motivo do confronto seria uma mulher. Cabelos de china: buçalete feito com cabelo de uma mulher é entregue por Juca Picumã para Blau, antes de morrer Picumã conta que o buçalete foi feito com o cabelo da sua filha Rosa. O mate do João Cardoso: é um anedota que fala sobre as coisas quando são muito demoradas, João Cardoso era um senhor que gostava de conversar parava um vivente na estrada para conversar e para manter a pessoa na sua casa dizia que estava fazendo um mata entretanto este nunca chegava. Deve um queijo: um peleja entre o Velho Lessa e um castelhano envolvendo um queijo, o segundo leva à pior na história. O chasque do imperador: Blau conta quando foi mensageiro de Dom Pedro II e compara este aos homens do sul. O anjo da vitória: conta a infância de Blau quando este perde o padrinho na batalha entre os brasileiros e castelhanos no episódio que ficou conhecido como ‘fogo amigo”. Penar dos velhos: fala sobre a fuga do piá Binga Cruz e sua consequência para os seus pais. Batendo orelhas: compara a vida de um homem e de um cavalo desde seus nascimentos e suas mortes MODERNISMO BRASILEIRO E VANGUARDAS EUROPÉIAS ORIGENS E MOTIVOS: - I Guerra Mundial (1914-1918) - Recriar a arte e o mundo no colapso da guerra e a funçõ contribuir para a liberdade de expressão e para a pesquisa estética. OS MOVIMENTOS: O FUTURISMO - Italiano Marinetti – volta-se para o fascismo - Paris 1909 - Pregava a destruição do passado - Valorização da tecnologia(velocidade do trem e carro. Homens-máquinas - Proposta revolução da linguagem * Pela eliminação da antiga sintaxe,adjetivos e advérbios * Pela supressão do EU do texto literário - Incorporação da realidade (exaltação da velocidade e da máquina) - 1912 Oswald conhece o Futurismo O EXPRESSIONISMO - Surgiu em 1910 na Alemanha e na pintura - Preocupada com as manisfestações do mundo do interior e sua forma de se expressar não importando o conceito de belo - Distorce uma imagem para expressar a visão do artista, assemelhando á uma caricatura - 1912: Anita Malfatti estuda Expressionismo SURREALISMO - Paris, 1924 Ándre Breton - Perído entre guerras - Sondagem do mundo interior - Valorização do sonho/fantasia/ loucura - Escrita áutomática :escrever pelo impulso sem se preocupar com a lógica (percussor do fluxo de consciência DADAÍSMO - Em 1916, um grupo de refugiado em Zurique - Tristan Tzara - Protesto contra a civilização que provocara o conflito, negação mais radical das tradições artísticas do Ocidente. - Sem outro objetivo que não a destruição - Recusando as formas padronizadas, propondo o aniquilamento da linguagem literária e da linguagem social. - Importante era criar palavras pela sonoridade. Importante era o grito, urro contra o Capitalismo e o mundo em guerra. CONTEXTO BRASILEIRO (1922): SOCIAL -Imigrantes politizados/fazendeiros/indústrias ANTECEDENTES DA SEMANA 1912 Oswald e o Futurismo 1917 Exposição de Anita Malfatti e o artigo “Paranóia ou mistificação” de Monteiro lobato, ataque as vanguardas. “Estas considerações são provocadas pela exposição da sra. Malfatti, onde se notam acentuadíssimas tendências para uma atitude estética forçada no sentido das extravagâncias de Picasso & Cia. Essa artista possui um talento vigoroso, fora do comum. Poucas vezes, através de uma obra torcida em má direção, se notam tantas e tão preciosas qualidades latentes. Percebe-se, de qualquer daqueles quadrinhos, como a sua autora é independente, como é original, como é inventiva, em que alto grau possui umas tantas qualidades inatas, das mais fecundas na construção duma sólida individualidade artística. Entretanto, seduzida pelas teorias do que ela chama arte moderna, penetrou nos domínios de um impressionismo discutibilíssimo, e pôs todo o seu talento a serviço duma nova espécie de caricatura. 6 Sejamos sinceros: futurismo, cubismo, impressionismo e tutti quanti não passam de outros ramos da arte caricatural. É a extensão da caricatura a regiões onde não havia até agora penetrado. Caricatura da cor, caricatura da forma – mas caricatura que não visa, como a verdadeira, ressaltar uma idéia, mas sim desnortear, aparvalhar, atordoar a ingenuidade do espectador” 1920 Victor Brecheret: escultor 1921- Oswald critica Os Passadistas x Arte Moderna - Mário de Andrade * Paulicéia Desvairada * agosto artigos sobre os Parnasianos “mestres do passado”: "Malditos para sempre os Mestres do Passado! Que a simples recordação de um de vós escravize os espíritos no amor incondicional pela forma! Que o Brasil seja infeliz porque os criou! Que o universo se desmantele porque vos comportou! E que não fique nada! Nada! Nada!" SEMANA DE ARTE MODERNA 1922- 100 anos da Independência/Fundação do Partido Comunista/Revolta Tenentista (Forte de Copacabana, os 18 do Forte) - Objetivo dos organizadores era acima de tudo a destruição das velhas formas ártisticas na literatura, músicas e artes plásticas - Semana Fevereiro (13, 15,17) 13 de fevereiro (Segunda-feira) - Casa cheia, abertura oficial do evento. Espalhadas pelo saguão do Teatro Municipal de São Paulo, várias pinturas e esculturas provocam reações de espanto e repúdio por parte do público. O espetáculo tem início com a confusa conferência de Graça Aranha, intitulada "A emoção estética da Arte Moderna". Tudo transcorreu em certa calma neste dia. 15 de fevereiro (Quarta-feira) - Guiomar Novais era para ser a grande atração da noite. Contra a vontade dos demais artistas modernistas, aproveitou um intervalo do espetáculo para tocar alguns clássicos consagrados, iniciativa aplaudida pelo público. Mas a "atração" dessa noite foi a palestra de Menotti del Picchia sobre a arte estética. Menotti apresenta os novos escritores dos novos tempos e surgem vaias e barulhos diversos (miados, latidos, grunhidos, relinchos…) que se alternam e confundem com aplausos. Quando Ronald de Carvalho lê o poema intitulado Os Sapos de Manuel Bandeira, (poema criticando abertamente o parnasianismo e seus adeptos) o público faz coro atrapalhando a leitura do texto. A noite acaba em algazarra. Ronald teve de declamar o poema pois Bandeira estava impedido de fazê-lo por causa de uma crise de tuberculose. Os Sapos Enfunando os papos, Saem da penumbra, Aos pulos, os sapos. A luz os deslumbra. Em ronco que aterra, Berra o sapo-boi: - "Meu pai foi à guerra!" - "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!". O sapo-tanoeiro, Parnasiano aguado, Diz: - "Meu cancioneiro É bem martelado. Vede como primo Em comer os hiatos! Que arte! E nunca rimo Os termos cognatos. O meu verso é bom Frumento sem joio. Faço rimas com Consoantes de apoio. Vai por cinquüenta anos Que lhes dei a norma: Reduzi sem danos A fôrmas a forma. Clame a saparia Em críticas céticas: Não há mais poesia, Mas há artes poéticas..." Urra o sapo-boi: - "Meu pai foi rei!"- "Foi!" - "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!". Brada em um assomo O sapo-tanoeiro: - A grande arte é como Lavor de joalheiro. Ou bem de estatuário. Tudo quanto é belo, Tudo quanto é vário, Canta no martelo". Outros, sapos-pipas (Um mal em si cabe), Falam pelas tripas, - "Sei!" - "Não sabe!" - "Sabe!". Longe dessa grita, Lá onde mais densa A noite infinita Veste a sombra imensa; Lá, fugido ao mundo, Sem glória, sem fé, No perau profundo E solitário, é Que soluças tu, Transido de frio, Sapo-cururu Da beira do rio... 17 de fevereiro (Sexta-feira) - O dia mais tranquilo da semana, apresentações musicais de Villa-Lobos, com participação de vários músicos. O público em número reduzido, portava-se com mais respeito, até que VillaLobos entra de casaca, mas com um pé calçado com um sapato, e outro com chinelo; o público interpreta a atitude como futurista e desrespeitosa e vaia o artista impiedosamente. Mais tarde, o maestro explicaria que não se tratava de modismo e, sim, de um calo inflamado HERANÇAS DE 22: - A estabilização de uma consciência criadora nacional, preocupada com as Vanguardas Européia. O direito permanente de pesquisa e criação estética. 7 O MODERNISMO DE 22 A 30 (FASE DE DESTRUIÇÃO E EXPERIMENTAÇÃO) - Desintegração da línguagem tradicional (paródia,piada, sarcasmo) - Adoção das conquistas das Vanguardas: liberdade expressão, uso do cotidiano, o coloquialismo e contemporanidade - Busca da expressão nacional * Em 1924, Oswald assiste uma exposição de máscaras africanas, elas pareciam expressar toda a indentidade dos povos negros da África. Ele se interroga “e nós brasileiros? Quem somos? Qual nossa identidade?alguma arte nos representaria tão significativamente como aquelas máscaras? - Discutir o nacional e o popular na literatura brasileirana perspectiva crítica. Nos folclores e a volta ao índio. MANIFESTOS PAU- BRASIL - Lançado em março de 1924, publicado num jornal - Uma literatura extremamente vinculada à realidade brasileira, apartir de uma redescoberta do Brasil - Luta por uma nova línguagem - Descoberta do popular: camadas populares A poesia existe nos fatos. Os casebres de açafrão e de ocre nos verdes da Favela, sob o azul cabralino, são fatos estéticos. A nunca exportação de poesia. A poesia anda oculta nos cipós maliciosos da sabedoria. Nas lianas da saudade universitária. A poesia Pau-Brasil. Ágil e cândida. Como uma criança. A língua sem arcaísmos, sem erudição. Natural e neológica. A contribuição milionária de todos os erros. Como falamos. Como somos. VERDE-AMARELISMO - Em 1926, como resposta ao nacionalismo do Pau-Brasil, crítica ao nacionalismo “afrancesado” de Oswald - Proposta: um nacionalismo primitivista, ufanista. Idolatria a Tupi e a anta símbolo nacional - O nacionalismo Tupi não é intelectual é sentimental. ANTROPOFAGIA - 1928 a partir do quadro de Tarsila do Amaral “Abaporu” (o comedor de gente) - Ano 374 da deglutição do Bispo Sardinha - A retomada das raízes - O humor como forma crítica. Há deglutição das referências européia, não a simples cópia das idéias originais. “Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. Tupi, or not tupi that is the question. Nunca fomos catequizados. Vivemos através de um direito sonâmbulo. Fizemos Cristo nascer na Bahia. Ou em Belém do Pará. Nunca fomos catequizados. Fizemos foi Carnaval. O índio vestido de senador do Império. Fingindo de Pitt. Ou figurando nas óperas de Alencar cheio de bons sentimentos portugueses. Antes dos portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha descoberto a felicidade.” ESTILO MODERNISTA POESIA - Utilização do Verso Livre - Livre associação de idéias - Valorização do cotidiano: tudo presta à literatura - Humor (poema-piada) – paródia - Aproximação com a prosa - Linguagem coloquial - Nacionalismo PROSA - Texto colagem - Fluxo de consciência - Prosa e poesia se misturam OSWALD DE ANDRADE (1890-1954): Escreveu prosa e poesia. Os livros Serafim Ponte Grande, Memórias sentimentais de João Miramar. Característica da sua poesia, reaproveitamento dos textos da nossa literatura em forma de paródia. Humor: poesia-piada e poemas-pílulas. MARIO DE ANDRADE (1893-1945): 1917 como Mario Sobral lançou Uma Gota de Poema em Cada Poema 1922 Paulicéia Desvairada: São Paulo é poetizada por sua gente e seu progresso. - Sua prosa dois núcleos básicos: universo familiar da burguesia paulista e o primitivismo de fundo folclórico e popular 1927 Amar, Verbo Intransitivo: o pai de família contrata uma perceptora alemã (Fraülein Elza) para iniciar o filho (Carlos). 1928 Macunaíma o herói sem nenhum caráter: uma rapsódia, nasce índio, negro e vira branco MANUEL BANDEIRA (1881-1968): Característica da sua poesia - O desejo insatisfeito - A evocação da infância - A tristeza da vida - A preparação para a morte -Temática social Caso português: Alberto Caeiro: heterônimo Característica Linguagem objetiva, escassez de metáforas,presentismo, A Natureza,paganismo radical, antimetafísica (pensar é estar doente dos olhos) ROMANCE DE 30 CONTEXTO HISTÓRICO - Quebra da bolsa de Nova York - Revolução de 30 (chegada de Getúlio ao poder) PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS: - Profundo compromisso social, consciência do subdesenvolvimento do país. - Nacionalismo crítico em oposição ao ufanismo romântico - Denúncia social, encontro do escritor com o povo GRACILIANO RAMOS (1892-1953): 1938 Vidas Secas: personagens: Fabiano, Sinhá Vitória, os dois meninos (o novo e o mais velho), a cadela Baleia e Soldado Amarelo. 1934 São Bernardo: Relata da ascensão social de um extrabalhador, Paulo Honório, que em negócios duvidosos, adquire uma fazenda falida, transformando-a em um modelo. Casa-se para ter um herdeiro, escolhe a professora Madalena (com inclinações socialistas e filantrópicas) e os 8 dois mundos se chocam Levada pelo ciúmes de Paulo ela se suicida, fazendo o fazendeiro ter uma tomada de consciência. Revolução de 30. RAQUEL DE QUEIROZ (1910-2003) - O romance Quinze: trata sobre a grande seca de 1915 e como ela afeta os nordestinos de todas as classes. Seus personagens principais a moça Conceição e o vaqueiro Chico Bento. JORGE AMADO (1912-2001): Em sua obra, Jorge Amado destaca o pobre, o negro, os marginalizados, enfim, todos os excluídos da sociedade, e os apresenta de modo diferente, narrando lhes a vida, os pensamentos, os desejos. O cenário é, normalmente, a zona urbana ou de plantação de cacau ou café da Bahia. Jorge Amado em suas obras coloca a necessidade de justiça social Também acrescenta um tanto de ideologia política, sempre em defesa do povo. Jorge Amado era grande apreciador da cultura negra e usa muito esse elemento em seus livros. Também ressalta o erotismo, além da sensualidade da mulher brasileira. Escreveu livros de caráter político O Cavaleiro da Esperança, sobre Carlos Prestes. JOSÉ LINS DO REGO (1901-1957): - Ciclo da cana-de- açúcar, partindo de experiência autobiográfica (a vida no engenho do avô). Predomínio do memorial sobre a prosa ficção. Personagem autobiográfico Carlos de Melo é o narrador e o protagonista de três livros: Menino de Engenho, Doidinho e Banguê. - Fixar o esplendor e a decadência do engenho-de-açúcar logo substituído pela usina, mudando as estruturas sociais. Menino de engenho (1932): Carlos Melo narra — em primeira pessoa —, com um tom saudoso, a infância vivida no engenho Santa Rosa. Carlos, ou melhor, Carlinhos, ficou órfão de mãe e o pai é enviado para um sanatório após assassiná-la. O menino foi viver no engenho Santa Rosa, que pertencia ao seu avô materno, o Coronel José Paulino. A infância de Carlinhos foi dividida entre o "bem" e o "mal"; ou seja, na companhia de sua tia seu comportamento era mais terno (o "bem"), já quando convivia com seus primos, era extrovertido e libertino (o "mal").Vivendo no engenho, Carlinhos conheceu as desigualdades sociais entre os senhores de engenho e os seus empregados; também quase partiu para o cangaço (chegou a pensar em pedir ao cangaceiro Antônio Silvino para ir com o bando até o conhece-lo melhor). Ali Carlinhos conheceu também o amor, primeiramente com a prima Lili, que veio a falecer ainda criança e depois com outra prima, Maria Clara, que morava no Recife e foi passar alguns dias no engenho. Maria Clara era um pouco mais velha que Carlinhos e contava-lhe as diversões e novidades da cidade. Mas o romance durou pouco, a prima voltou para o Recife. O garoto, com apenas doze anos, ficar gálico (contrair gonorréia).A saída encontrada por seus responsáveis para "endireitar" o garoto foi enviá-lo ao colégio. Fogo Morto (1943): Conta a derrocada do engenho de Santa fé. Dividido em três partes, com cada personagem representado uma classe social, os personagens se cruzam na obra. Primeira parte Mestre Zé Amaro, segunda parte Coronel Lula de Holanda e terceira parte Capitão Vitorino (um personagem quase quixotesco). AUTORES GAÚCHOS ÉRICO VERISSIMO (1905-1975): O Tempo e o Vento: Constituido de sete livros, que abordam da formação do Rio Grande do Sul até a decadá XX (1745-1945). Santa Fé é a localidade onde passa a história, com algumas partes no Rio de Janeiro. - O Continente (1948): Famílias Terra e Cambará. Posse da Terra e formação da sociedade patriarcal. O ponto de partida é a chegada de uma mulher grávida na colônia dos jesuítas e índios nas Missões. Esta mulher dará à luz o índio Pedro Missioneiro, que depois de presenciar as lutas de Sepé Tiaraju através de visões e ver os portugueses e espanhóis dizimarem as Missões Jesuíticas, conhecerá Ana Terra, filha dos paulistas de Sorocaba Henriqueta e Maneco Terra, este filho de um tropeiro(Juca Terra) que ficou encantado com o Rio Grande de São Pedro ao atravessá-lo para comerciar mulas na Colônia do Sacramentoe obtêm uma sesmaria na região do Rio Pardo.Ana Terra terá um filho com o índio, chamado Pedro Terra. Logo que seu pai descobre sobre a gravidez, ele manda os irmãos de Ana matarem Pedro Missioneiro. Quando castelhanos invadem a fazenda da família Terra, matam pai e irmãos da moça e a violentam, mas ela conseguira esconder o filho, a cunhada e a sobrinha. Partem para Santa Fé. Lá Pedro Terra cresce e tem uma filha, Bibiana Terra, que se apaixonará por um forasteiro, o capitão Rodrigo Cambará (parte que representará a Revolução Faurropilha). - O Retrato (1951): Início do Século XX. Toda a história é marcada pelo contraste entre o Dr. Rodrigo Cambará, homônimo do capitão, homem da cidade e médico, de um lado, e o Coronel Licurgo, seu pai, homem do campo, de outro. Como mediador desse conflito, aparece seu irmão Toríbio. aparecem vários personagens reais, como Getúlio Vargas, Osvaldo Aranha, Luís Carlos Prestes, que contracenam com os personagens. Novamente, no seio da família Cambará, desenrolam-se as contradições de uma época marcada por uma radical revolução de costumes, sob a influência do cinema americano. Na família Cambará e suas relações, há desde comunistas a oportunistas. No meio deles, assumindo uma postura crítica e não engajada, aparece Floriano, alter ego do próprio Erico. - O Arquípelago (1961-1967): Parte da ação transcorre no Rio de Janeiro, então a capital do país, com o Dr. Rodrigo Cambará eleito deputado federal. Ao longo do romance, DYONÉLIO MACHADO (1895-1985): - Os Ratos (1935): é um romance urbano, passa-se em Porto Alegre, com análise psicológica. Modesto funcionário público (Naziazeno) deve conseguir dinheiro para pagar o leiteiro, que prometeu cortar o fornecimento caso não pague. Ação passa-se em 24h, enquanto o Protagonista tenta conseguir o dinheiro. CYRO MARTINS (1908-1995): Triologia do Gaúcho a pé (Sem Rumo, Porteira Fechada e Estrada Nova) os livros são interindependentes. O gaúcho de Cyro são os peões despossuídos de terra e que vão perdendo a honra. Porteira Fechada (1944): Conta a história de João Guedes e sua família, que de arredantário das terras de Julio Bica, são expulso por ele ao vende a propriedade. Vão viver na cidade, onde João passa a roubar para sobreviver. 9 GERAÇÃO DE 30 E 45 MARIO QUINTANA O Mapa Olho o mapa da cidade Como quem examinasse A anatomia de um corpo... (E nem que fosse o Que faz com que o teu ar Pareça mais um olhar, Suave mistério amoroso, Cidade de meu andar (Deste já tão longo andar!) E talvez de meu repouso meu corpo!) Sinto uma dor infinita Das ruas de Porto Alegre Onde jamais passarei... Ha tanta esquina esquisita, Tanta nuança de paredes, Ha tanta moca bonita Nas ruas que não andei (E ha uma rua encantada Que nem em sonhos sonhei...) Quando eu for, um dia desses, Poeira ou folha levada No vento da madrugada, Serei um pouco do nada Invisível, delicioso Os poemas Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam no livro que lês. Quando fechas o livro, eles alçam vôo como de um alçapão. Eles não têm pouso nem porto alimentam-se um instante em cada par de mãos e partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias, no maravilhoso espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti... A RUA DOS CATAVENTOS Da vez primeira em que me assassinaram Perdi um jeito de sorrir que eu tinha... Depois, de cada vez que me mataram, Foram levando qualquer coisa minha... E hoje, dos meus cadáveres, eu sou O mais desnudo, o que não tem mais nada... Arde um toco de vela, amarelada... Como o único bem que me ficou! Vinde, corvos, chacais, ladrões da estrada! Ah! Desta mão, avaramente adunca, Ninguém há de arrancar-me a luz sagrada! Aves da Noite! Asas do Horror! Voejai! Que a luz, trêmula e triste como um ai, A luz do morto não se apaga nunca! CECÍLIA MEIREILES Retrato Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro, nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo. Eu não tinha estas mãos sem força, tão paradas e frias e mortas; eu não tinha este coração que nem se mostra. Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil: — Em que espelho ficou perdida a minha face? Motivo Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste: sou poeta. Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento. Atravesso noites e dias no vento. Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço, — não sei, não sei. Não sei se fico ou passo. Sei que canto. E a canção é tudo. Tem sangue eterno a asa ritmada. E um dia sei que estarei mudo: — mais nada. VINÍCIUS DE MORAES A rosa de Hiroxima Pensem nas crianças Mudas telepáticas Pensem nas meninas Cegas inexatas Pensem nas mulheres Rotas alteradas Pensem nas feridas Como rosas cálidas Mas oh não se esqueçam Da rosa da rosa Da rosa de Hiroxima A rosa hereditária A rosa radioativa Estúpida e inválida A rosa com cirrose A anti-rosa atômica Sem cor sem perfume Sem rosa sem nada. Soneto da separação De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto. De repente da calma fez-se o vento 10 Que dos olhos desfez a última chama E da paixão fez-se o pressentimento E do momento imóvel fez-se o drama. De repente, não mais que de repente Fez-se de triste o que se fez amante E de sozinho o que se fez contente. Fez-se do amigo próximo o distante Fez-se da vida uma aventura errante De repente, não mais que de repente. Soneto da fidelidade De tudo, ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento. E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama Eu possa (me) dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure. Carlos Drummond de Andrade José E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? e agora, Você? Você que é sem nome, que zomba dos outros, Você que faz versos, que ama, protesta? e agora, José? Está sem mulher, está sem discurso, está sem carinho, já não pode beber, já não pode fumar, cuspir já não pode, a noite esfriou, o dia não veio, o bonde não veio, o riso não veio, não veio a utopia e tudo acabou e tudo fugiu e tudo mofou, e agora, José? E agora, José? sua doce palavra, seu instante de febre, sua gula e jejum, sua biblioteca, sua lavra de ouro, seu terno de vidro, sua incoerência, seu ódio, - e agora? Com a chave na mão quer abrir a porta, não existe porta; quer morrer no mar, mas o mar secou; quer ir para Minas, Minas não há mais. José, e agora? Se você gritasse, se você gemesse, se você tocasse, a valsa vienense, se você dormisse, se você cansasse, se você morresse.... Mas você não morre, você é duro, José! Sozinho no escuro qual bicho-do-mato, sem teogonia, sem parede nua para se encostar, sem cavalo preto que fuja do galope, você marcha, José! José, para onde? Poema de sete faces Quando nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. As casas espiam os homens que correm atrás de mulheres. A tarde talvez fosse azul, não houvesse tantos desejos. O bonde passa cheio de pernas: pernas brancas pretas amarelas. Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração. Porém meus olhos não perguntam nada. O homem atrás do bigode é sério, simples e forte. Quase não conversa. Tem poucos , raros amigos o homem atrás dos óculos e do bigode. Meu Deus, por que me abandonaste se sabias que eu não era Deus se sabias que eu era fraco. Mundo mundo vasto mundo se eu me chamasse Raimundo, seria uma rima, não seria uma solução. 11 Mundo mundo vasto mundo, mais vasto é meu coração. Eu não devia te dizer mas essa lua mas esse conhaque botam a gente comovido como o diabo JOÃO CABRAL DE MELLO NETO (1920-1999): Poeta da construção verbal e da preocupação com a palavra reflexão sobre o fazer poético, poesia entendida como esforço em busca da síntese do Rio Capibaribe (Cão Sem Plumas) e do aspecto social, não tem lirismo. dividido em nordeste e não-nordeste em 48 poemas -a pedra pode ser entendida como a palavra é a dureza da vida no nordeste”pedra entranhada na alma” - catar feijão: poesia metalinguística que fala sobre o ato de escrever o comparando com o ate de escolher feijão, que neste não devemos deixar as impurezas, mas que na poesia devemos principalmente a pedra que deve incomodar o leitor ao ler o poema. - nas poesias está presente a ironia e intertextualidade com Gulliver(Houyhnhnms) e vidas Secas(falar do sertanejo e amarelo do sertão) Catar Feijão Catar feijão se limita com escrever: joga-se os grãos na água do alguidar e as palavras na folha de papel; e depois, joga-se fora o que boiar. Certo, toda palavra boiará no papel, água congelada, por chumbo seu verbo: pois para catar esse feijão, soprar nele, e jogar fora o leve e oco, palha e eco. Ora, nesse catar feijão entra um risco: o de que entre os grãos pesados entre um grão qualquer, pedra ou indigesto, um grão imastigável, de quebrar dente. Certo não, quando ao catar palavras: a pedra dá à frase seu grão mais vivo: obstrui a leitura fluviante, flutual, açula a atenção, isca-a como o risco. Uma educação pela pedra: por lições; para aprender da pedra, freqüentá-la; captar sua voz inenfática, impessoal (pela de dicção ela começa as aulas). A lição de moral, sua resistência fria ao que flui e a fluir, a ser maleada; a de poética, sua carnadura concreta; a de economia, seu adensar-se compacta: lições da pedra (de fora para dentro, cartilha muda), para quem soletrá-la. Outra educação pela pedra: no Sertão (de dentro para fora, e pré-didática). No Sertão a pedra não sabe lecionar, e se lecionasse, não ensinaria nada; lá não se aprende a pedra: lá a pedra, uma pedra de nascença, entranha a alma. - Morte eVida Severina: Um imigrante, Severino, que abandona o Sertão rumo ao Litoral, só encontrando morte no caminho. Decide se matar, encontra o Mestre Carpina que o comunica de um nascimento. POESIA CONCRETISTA - Poesia da Revolução Industrial, sem lirismo. Uma linguagem necessariamente sintática, dinâmica, homóloga à sociedade industrial. - Abolição do Verso Tradicional: poesia objetiva feita quase só de substantivos e verbos. Utilização de paronomásais. Valorização de palavras soltas. O poema transforma-se em espaço visual. ex: de sol a sol soldado de sal a sal salgado de sova a sova sovado de suco a suco sugado de sono a sono sonado VVVVVVVVVV VVVVVVVVVE VVVVVVVVEL VVVVVVVELO VVVVVVELOC VVVVVELOCI VVVVELOCID VVVELOCIDA VVELOCIDAD VELOCIDADE (Ronaldo Azeredo) COCA-COLA BEBACOCACOLA BABECOLA BEBACOCA BABECOLACACO CACO COLA CLOACA (Décio Pignatari) ROMANCISTAS DE 45 CLARICE LISPECTOR (1920-1977): Literatura intimista, mundo interior do personagem, fluxo consciência. - A Hora da Estrela (1977): Romance narrado por Rodrigo S. M., narra as desventuras de Macabéa, uma moça sonhadora e ingênua, recém-chegada do Nordeste ao Rio de Janeiro, às voltas com valores e cultura diferentes. Macabéa leva uma vida simples e sem grandes emoções. Começa a namorar Olímpico de Jesus, que não vê nela chances de ascensão social de qualquer tipo. Assim sendo, abandona-a para ficar com Glória (colega de trabalho), cujo pai era açougueiro, o que sugeria ao ambicioso nordestino a possibilidade de melhora financeira.Sentindo dores constantes, Macabéa vai ao médico e descobre que tem tuberculose mas não conta a ninguém. Glória percebe a tristeza da colega e a aconselha a buscar consolo numa cartomante. Madame Carlota prevê um futuro feliz, que 12 viria de um estrangeiro que ela conheceria assim que ela saísse daquela casa, homem louro com quem casaria. De certa forma, é o que acontece: ao sair da casa da cartomante, Macabéa é atropelada por um homem que dirigia um luxuoso Mercedes-Benz e acaba morrendo. No romance aparece uma pequena denúncia social, que não está presente nas suas outras obras. JOÃO UBALDO RIBEIRO (1944): - Sargento Getúlio (1971): A narrativa está centrada num monólogo, quebrado por alguns diálogos, do sargento da polícia militar de Sergipe Getúlio Santos Bezerra. Ele recebera, como última incumbência antes da aposentadoria, a ordem de prender um adversário de um importante chefe político e levá-lo de Paulo Afonso para Aracaju. No meio da viagem a situação política muda, e Getúlio não a compreende, por isso te que ser eliminado. JOÃO GUIMARÃES ROSA (1908-1967): Realismo mágico, forte reoginalismo e liberdade línguistica e neologismo marcam as suas obras. Uma Estória de Amor (Manuelzão): Narrado em Terceira Pessoa, Manuelzão -;velho,vaqueiro, solteirão, sentindo chegar o peso da idade e o temor da morte, faz construir uma capela(em homenagem a mãe) e, para inaugurá-la, teve a idéia de fazer uma festa que duraria três dias e que começaria com a primeira missa a ser celebrada ali. Campo Geral (Miguilim): Narrado em Primeira Pessoa por Miguilim, conta a estória de um menino e sua família na região do Mutum. Sua relação com o irmão Dito, seu pai autoritário. Vemos tudo pela perspectiva do menino, seu amadurecimento até ir pra cidade estudar. TEATRO ARIANO SUASSUNA (1927): Tradição nordestina, junta o folclore e o erudito para montar suas peças. Auto da Compadecida (1955): Elementos da Literatura de Cordel, mistura popular e religioso. PLÍNIO MARCOS (1935-1999): Mundos dos que vivem à margem da sociedade (gigolôs, prostitutas e desempregados) linguagem impregnada de violência e seca. Escritas na época da Ditadura Militar. Dois perdidos numa noite suja (1965): Dois personagens —- Paco e Tonho —- dividem um quarto numa hospedaria barata e durante o dia trabalham de carregadores no mercado. Todas as cenas se passam no quarto durante as noites. As personagens discutem sobre suas vidas, trabalho e perspectivas, mantendo uma relação conflituosa. Tonho se lamenta constantemente por não possuir um par de sapatos decente, fato ao qual atribui sua condição de pobreza. Ele inveja Paco que possui um bom par de sapatos e este, por sua vez, vive a provocar Tonho chamando-o de homossexual ao mesmo tempo que o considera como um parceiro. No final, na tentativa de melhorar suas vidas, ambos são compelidos à realização de um ato que modificará radicalmente suas vidas eles cometem um assalto. Navalha na carne (1966): É a história de três personagens num quarto de bordel: a prostituta Neusa Sueli, o gigolô Vado e o homossexual Veludo falam de suas vidas e expõem sua marginalidade. DIAS GOMES(1922-1999): O Pagador de promessas (1959): Denúncia do sincretismo religioso. O personagem principal, o sertanejo Zé-do-Burro, deseja levar uma grande cruz até o interior da Igreja de Santa Bárbara para pagar uma promessa e, ao longo do trajeto, sofre com as mentiras, com a corrupção e com a ganância da sociedade. NELSON RODRIGUES (1912-1890); Críticou a sociedade e as instituições, principalmente o casamento. Erotinismo, hipocrísia da classe média. Vestido de noiva (1943): A peça é dividida em trê planos de ação (plano da realidade,plano da alucinação e memória)Conta a história de Alaíde, uma moça que é atropelada por um automóvel e, enquanto é operada no hospital, ela relembra o conflito com a irmã (Lúcia), de quem tomou o namorado (Pedro), e imagina seu encontro com Madame Clessi, uma cafetina assassinada pelo namorado de dezessete anos. Beijo no asfalto (1961): A obra versa a respeito de um embaraçoso ato de misericórdia (um beijo na boca dado a um homem por outro homem na hora de sua morte) e suas repercussões na sociedade. Um repórter sensacionalista e um delegado corrupto fazem do ato um escândalo social, abalando a reputação do homem (Arandir), que atendeu o pedido. Ridicularizado perante a opinião pública os amigos e desamparado pela esposa (Selminha) vem a refugiar-se em uma pensão É visitado pelo sogro (Aprígio) que declara-lhe seu ódio, revelando-se apaixonado por ele e com ciúmes pelo fato de Arandir ter-se casado com Selminha e por vir a beijar outro . Com dos tiros Arandir é morto por Aprígio. Toda nudez será castigada (1965): Herculano, pertencente a uma família conservadora povoada de tias faladeiras e beatas, fica viúvo e com um filho para tutoriar. Este filho, Serginho, pede ao pai que jure nunca mais casar-se e Herculano faz o juramento. Patrício, irmão de Herculano, endividado com mulheres e jogo, consegue apresentar ao irmão uma prostituta, por quem o protagonista fica perdidamente apaixonado. Ela é Geni, uma mulher que vive diariamente a agonia e o êxtase de uma obsessão: morrer de câncer no seio. Contra tudo e contra todos, Herculano casa-se com Geni e a leva para viver consigo no casarão da família. Ali esta conhece Serginho, por quem se envolve e se apaixona. Serginho pretende acabar com o casamento do pai a todo custo e, apesar, de suas tendências homossexuais, mantém um relacionamento com a madrasta. 13