4 BAURU, quarta-feira, 20 de maio de 2015 GERAL Hospitais promovem ‘visita ampliada’ Ideia é aumentar o tempo de familiares com pacientes para humanizar atendimento e até reduzir tempo de internação em unidades públicas Fotos: João Rosan VINICIUS LOUSADA H [ [ á mais de cinco meses, a dona de casa Valdete dos Santos Júlio, 31 anos, tem cumprido a mesma rotina. Ela vem de Jaú a Bauru para visitar a filha de 18 anos, internada na cidade por conta de complicações ocasionadas a partir da dengue. Nas últimas semanas, ela ganhou uma horinha a mais para estar ao lado de sua menina todos os dias. Isso porque o Hospital de Base (HB), o Hospital Estadual (HE) e a Maternidade Santa Isabel – todos públicos, geridos pela Famesp – aumentaram o tempo permitido para a visitação a seus pacientes. A medida vai ao encontro do Programa Nacional de Humanização do Sistema Único de Saúde (SUS). No Base, onde a filha de Valdete está sendo tratada, os doentes instalados nas enfermarias da unidade podem receber seus familiares das 11h às 14h e das 16h às 21h. O total de oito horas de visitas, patamar preconizado pelas diretrizes, é permitido desde o mês de abril. Antes disso, eram sete horas. “Hoje, minha filha está na UTI porque o caso dela se agravou um pouco. Mas, quando ela esteve no quarto, era muito bom passar todo aquele tempo com ela. Como viajo todos os dias para chegar aqui, gastando com combustível e pedágio, cada hora a mais faz muita diferença. É recompensador. Ela reagia muito melhor, interagia e eu percebia como se recuperava mais rápido”, relata a dona de casa de Jaú. Médica infectologista do hospital, Geovana Momo Nogueira de Lima garante: a impressão de Valdete é confirmada por diversos estudos. “Todas as vezes em que a gente traz a família para perto, percebe melhoras mais relevantes no paciente. A ideia é transformarmos um ambiente inóspito em acolhedor, proporcionando maior recuperação em menos tempo. Isso leva à redução do tempo de hospitalização, que reflete ainda na queda das taxas de infecção hospitalar. Em suma, quanto Filosofia Política adotada pela Famesp está em consonância com as diretrizes do SUS mais aconchegante para o paciente, melhor”, avalia. Pelo viés da humanização, a profissional cita que sempre é positivo a participação dativa de familiares e amigos no processo saúde-doença. “Estando mais tempo nos hospital, eles conseguem ficar por dentro, acompanhar a evolução, novos pareceres”. PRÓXIMOS PASSOS Alguns hospitais já oferecem a visita ampliada mesmo aos pacientes de UTI, com quadros clínicos mais críticos. No Base, ainda são disponibilizadas apenas duas horas por dia, mas Geovana Lima afirma que a ideia é estender a política de humanização para esse setor. “Precisamos vencer algumas barreiras de estrutura e até de equipe. Além disso, quando se executa uma ação como essa, é prudente que isso ocorra de forma gradativa, até mesmo para sentir a recepção da comunidade à proposta”, pondera. A médica ressalta, no entanto, que os resultados observados até agora têm sido extremamente positivos. “Essa é a parte que nos deixa mais felizes. Quando a gente constata o apoio e a participação familiar, sente que os nossos objetivos estão sendo cumpridos”. Infectologista do HB, Geovana prega transformação de ambiente inóspito em acolhedor E o risco de infecções? z A presença mais constante de visitantes em hospitais não interfere nos riscos de aumento nas taxas de infecção hospitalar, segundo a médica infectologista Geovana Momo Nogueira de Lima. Segundo ela, a presença de bactérias muito resistentes nos hospitais é provocada pela alta dosagem de antibióticos ministrada dentro das unidades. “Os visitantes não correm riscos de terem uma infecção por conta disso. Fora desse ambiente, essas bactérias não costumam sobreviver. Por isso é tão importante a questão da desospitaização. Quanto menos tempo os pacientes ficam internados, menos vulneráveis estão”, pontua. Por outro lado, segundo ela, as bactérias trazidas pelos visitantes não são alvo de preocupação. “Bactérias são seres sociáveis. Os principais problemas estão com as intra-hospitalares. De qualquer forma, sempre instruímos os familiares e amigos a tomar as medidas de higiene e cuidado necessárias”. Pais: a qualquer hora para os bebês Tempo a mais: Valdete dos Santos diz que cada hora a mais com a filha internada vale a pena LOTERIAS QUINA 3.791 17 - 26 - 37 - 66 - 79 Ganh s Ganhadores Quina Quadra Terno (0) (63) (5.178) TIMEMANIA Prêmio R$ 0,00 R$ 9.258,74 R$ 160,92 727 02 - 12 - 34 - 51 - 60 - 70 - 80 Ganhadoress Ganh 7 acertos 6 acertos 5 acertos 4 acertos 3 acertos Prêmio (0) R$ 0,00 (2) R$ 42.309,66 (119) R$ 1.015,83 (2.522) R$ 6,00 (24.404) R$ 2,00 Time do coração: JOINVILLE/SC DUPLA SENA 1.386 1º sorteio 01 - 13 - 18 - 25 - 28 - 38 Ganhadoress Ganh Sena Quina Quadra (0) (54) (3.765) Prêmio R$ 0,00 R$ 3.820,45 R$ 52,18 2º sorteio 05 - 12 - 16 - 27 - 35 - 44 Ganhadoress Ganh Sena Quina Quadra (1) (118) (4.647) Prêmio R$ 275.072,24 R$ 1.748,34 R$ 42,28 Os resultados são obtidos pelo site da Caixa Econômica Federal. A publicação atualizada das extrações depende do horário dos sorteios em relação ao fechamento da edição. Site oficial: www. caixa.gov.br Hospital Estadual z Por tratar de casos mais complexos, cujos pacientes demandam cuidados especiais, o Hospital Estadual ainda não oferece horários de visitas ampliados a oito horas. O tempo permitido varia de duas a sete horas, de acordo com o setor. A unidade, contudo, deixou de autorizar o recebimento de apenas um visitante por período. Agora, esse número é ilimitado, mas há o controle de que somente uma pessoa acesse os leitos por vez. Na Maternidade Santa Isabel, a política de humanização já é adotada de forma plena. Desde o mês de fevereiro, foram abolidas as restrições de horário de visitas a pais, mães ou responsáveis legais dos bebês internados na unidade de cuidados intermediários ou mesmo na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A chamada “visita aberta” é um direito dos recém-nascidos, garantido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), segundo a gerente de enfermagem da unidade, Andréa Carvalho. “Se a mãe chegar aqui às 2h da manhã, pode entrar para ver o filho e ficar o tempo que quiser”. Ela explica que o principal objetivo da política é o fortalecimento de vínculos, essencial para o estímulo de bebês, nor- malmente, prematuros. “Antes disso, muitos responsáveis não conseguiam sequer pegar as crianças no colo, até mesmo com receio de machucá-las. Hoje, a gente já aplica o ‘método canguru’, pelo qual o recém-nascido tem contato com a pele da mãe e fica superaquecido. Também envolvemos os pais nesse trabalho. É claro que, por termos começado há pouco tempo, ainda não temos indicadores. No entanto, trabalhos científicos comprovam os benefícios”, observa Andréa. A gerente de enfermagem garante que, desde a implantação da “visita aberta”, não foram registrados problemas ou intercorrência, graças também à massiva orientação aos pais sobre cuidados necessários, como, por exemplo, a rigorosa higiene nas mãos. As mães podem acompanhar, inclusive, a realização de procedimentos mais complexos. “O bebê fica até mais calmo se recebe um carinho durante o ato”, pontua. EXCEÇÃO Diferentemente do que ocorre na UTI e na unidade de cuidados intermediários, os bebês instalados nos alojamentos conjuntos da maternidade já têm a companhia de suas mães durante todo o tempo. Dessa forma, as visitas de parentes e amigos podem ocorrer das 10h às 13h, das 14h às 17h e/ou das 18h às 21h. O total é de nove horas diárias, número superior ao de oito, preconizado pelo Programa Nacional de Humanização. Malavolta Jr./Arquivo Desde fevereiro, Maternidade Santa Isabel implantou “visita aberta” aos bebês da UTI