A Vila Nova de Vicente Monteggia Letícia Souza Monteggia Prof. Dra. Núncia Santoro de Constantino [email protected] [email protected] Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas Av. Ipiranga,6681 – Partenon- Porto Alegre/RS – CEP: 90619-900 Na segunda metade do século XIX foram desenvolvidos projetos brasileiros para atrair imigrantes europeus, que também atenderam o desejo do governo italiano de expatriar uma grande população pobre ou miserável. Neste contexto, Vicente Monteggia (1856 – 1933) veio para o Brasil. Nascido em 24 de maio de 1856, em Laveno, muito jovem ficou órfão; procurando trabalho viajou à África e posteriormente ao Brasil. * Por volta de 1880 chegou ao Rio Grande do Sul onde trabalhou na construção da estrada de ferro Rio Grande - Bagé, entre outras obras públicas. Alguns anos mais tarde instalou-se em Alfredo Chaves, onde casou-se com Marietta Morandi, em 1886.* * Em Alfredo Chaves, antiga colônia italiana, trabalhou com o engenheiro José Montaury de Aguiar Leitão, que seria o primeiro intendente eleito para Porto Alegre no período republicano. Foi então do relacionamento com Montaury que surgiu a idéia de comprar terras para formar uma colônia. A dez quilômetros do centro de Porto Alegre adquiriu uma propriedade de 20 hectares, em cuja vizinhança já encontravam-se instaladas outras duas família italianas: Passuelo e Dallariva. Transferiu-se para esta propriedade em 1897. Estabelecida a colônia, Monteggia patrocinou a vinda das primeiras vinte famílias italianas, que adquiriram terras mais tarde transformadas em chácaras com plantações de videiras entre as verduras e árvores frutíferas. Logo nos primeiros tempos, Monteggia, organizou a sede da Villanova D´Itália: “[..]fundou a colônia para a produção agrícola onde assentou imigrantes que buscou da Itália. A produção de frutas e hortaliças de primeira qualidade encontrava mercado consumidor até mesmo em outros estados brasileiros.”1 Desse modo foi construída uma escola “Escola Elementar da Vila Nova”. Em seguida foi construído um moinho onde instalou-se um engenho de moer cana-de* Informação retirado do “Cinquantenario della colonizzazione italiana nel Rio Grande del Sud (18751925) ** Informação retirada do artigo de ANDRÉ, Alberto. Nossa colônia de Vila Nova. Correio do povo, Porto Alegre, 25 junho. 1972. Reportagem p. 16. 1 SPALDING, Walter. Pequena História De porto Alegre. Porto Alegre: Sulina 1967. apud, CONSTANTINO, Núncia Santoro de. O italiano da esquina. Porto alegre, Suliana. 1991. 1991. P. 50 açúcar e um alambique completo. Foi neste local que, em 1908, instalou-se o primeiro telefone da Vila Nova. Uma das primeiras realizações de Monteggia foi à construção da capela São José de Vila Nova, e posteriormente da igreja, em terrenos doados por ele e pelos seus filhos.*** No ano de 1911 criou a Cooperativa Agrícola e uma Caixa de Credito Rural; e neste mesmo ano chegou um novo contingente de imigrantes japoneses, alemães e poloneses para ocupar lotes na Vila Nova. *** Com o desenvolvimento da colônia, houve um aumento no tráfego na estrada de acesso; uma estrada nova foi inaugurada nos primeiros dias do ano de 1912. Trata-se da estrada de Belém Velho, que iniciava na Cavalhada e que passava pela Vila Nova. Hoje este trajeto tem diferentes denominações: avenida João Salomoni, avenida Rodrigues da Fonseca e estrada de Belém Velho. *** Para facilitar o transporte de produtos da colônia também inaugura-se, em 1926, um trecho de linha férrea, estendido da Tristeza até a Vila Nova, que passou a ser considerado um bairro residencial de Porto Alegre a partir de 07 de dezembro de 1959 (lei n. 2022). Portanto Villanova D´Itália foi uma colônia particular, distante da cidade , que com o passar do tempo integrou-se à mesma, transformando-se em um grande bairro da zona sul de Porto Alegre. Vicente Monteggia chegara ao Brasil ainda no Império, mas seria com as facilidades geradas pela Constituição Republicana que consegue fundar a colônia particular Villanova D´Itália. Com a proclamação da República, progressivamente diminuem as atividades colonizadoras dirigidas pelo Estado, ocorrendo a transferência destas diligências públicas para o setor privado, em grande parte. . Escrevem os autores Giron e Bernamaschi “ Com a República, a colonização será regida, pois pelas leis de mercado. Será um empreendimento capitalista destinado a ser suporte da economia brasileira.”2 “Em 28 de junho de 1890 é promulgado o Decreto 528 que estabelecia a propósitos do novo regime político este Decreto regulava a imigração e a colonização”.3 Em suma, a formação das colônias particulares é assunto ainda pouco explorado. Esta pesquisa pretende, ao analisar a trajetória de Vicente Monteggia, demonstrar como foram os processos de colonização através de particulares no Estado. *** Informações retiradas de MALLMANN, Ana Maria Monteggia. Vila Nova. Porto Alegre, SMC. 1991 *** Idem *** Idem 2 GIRON, Loraine Slomp; BERGAMASCHI, Heloisa Ebele. Colônia um conceito controverso. Caxias do Sul, EDUCS. 1996. 3 Idem Referências Bibliográficas ANDRÉ, Alberto. Nossa colônia de Vila Nova. Correio do povo, Porto Alegre, 25 junho. 1972. Reportagem p. 16. COSNTANTINO, Núncia Santoro de. O italiano da esquina. Porto alegre, Sulian. 1991. DE BONI, Luís ª ; COSTA Rovílio. Os italianos no Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brindes; Caxias do Sul, Universidade de Caxias; Correio Riograndense. 1984. GIRON, Loraine Slomp; BERGAMASCHI, Heloisa Eberle. Colônia um conceito controverso. Caxias do Sul, UDUCS. 1996 MALLMANN, Ana Maria Monteggia. Vila Nova. Porto Alegre, SMC. 1991 MANFROI, Olívio. A colonização italiana no Rio Grande do Sul: implicações econômicas, políticas e culturais. Porto Alegre Grafosul_Gráfica Editora Fotogravura do Sul Ltda., Instituto Estadual do Livro. 1975.