PONTUAÇÃO
Definição
A pontuação é um conjunto de sinais gráficos destinados a organizar as relações e a
proporção das partes do discurso e das pausas orais e escritas. Tem como objectivo a
compreensão, a clareza e a expressividade da frase. Os sinais gráficos utilizados na
pontuação são ponto (.), ponto de interrogação (?), ponto de exclamação (!), dois pontos
(:), ponto e vírgula (;), vírgula (,), reticências (…) e travessão (-).
PONTO
O ponto denota a pausa máxima da voz e indica:
a) o fim de uma frase declarativa, simples ou complexa (Ex.: Vivo em Lisboa.);
b) abreviaturas (Ex.:Sr. Dr.);
c) serve ainda, em alternativa ao asterisco e ao travessão, para assinalar a entrada
de um novo elemento numa listagem:
Ex.:
A pontuação compreende os sinais seguintes:
. ponto;
. ponto de interrogação;
.
PONTO DE INTERROGAÇÃO
Ponto de interrogação é o sinal colocado:
a) em final de frase interrogativa (Ex.: - Em que pensas?);
b) em frases em que a pergunta revela dúvida, surpresa ou não tem resposta,
fazendo-se acompanhar de outros sinais de pontuação:
Ex.: -Ah, quem és tu?!
- Quem bateu?...
PONTO DE EXCLAMAÇÃO
O ponto de exclamação é um sinal colocado:
a) em final de frase exclamativa (Ex.: - Como estás bela!);
b) depois de interjeição (Ex.: - Oh! – disse admirada);
c) em final de frase que indique ordem (imperativo) - (Ex.: - Cale-se!);
chamamento (vocativo) - (Ex.: António! - gritou o irmão.); e ironia (Ex.: Bonito
serviço!);
d) aparece ainda combinado com outros sinais de pontuação (Ex.: - Ah, és tu?!).
DOIS PONTOS
Os dois pontos indicam uma suspensão da voz na melodia de uma frase não concluída,
introduzindo:
a) uma enumeração (Ex.: - Comprou os livros: gramática, dicionário e selecta);
b) uma explicação (Ex.: - Vivia naquele dilema: optar por Medicina ou Letras);
c) um discurso directo:
Ex.:O António encontrou os pais e disse:
- Passei no exame.
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PONTO E VÍRGULA
Representa uma pausa mais forte que a vírgula e menos forte que o ponto, utiliza-se
para:
a) separar orações bastante longas, já separadas por vírgula (Ex.: Chegada a sua
vez, o António comprou o seu bilhete; e eu, sussurrando-lhe ao ouvido, disse-lhe
que comprasse outro para um amigo.);
b) separar as orações coordenadas adversativas nas quais se pretende realçar o
contraste (Ex.: Não disse mais nada; mas, de manhã, trouxe uma ideia nova.);
c) separar itens de enunciados, considerandos, leis ou outros documentos (Ex.:
Considerando o poder da comunicação social; considerando a sensibilidade da
opinião pública; considerando a vulnerabilidade dos governos; os
ambientalistas avançaram com uma proposta de lei para a protecção do
ambiente.).
RETICÊNCIAS
As reticências assinalam uma interrupção na frase, para:
a) indicar a continuação de uma reflexão por parte do leitor, apelando à sua
imaginação e experiência (Ex.: - Como estás bela…);
b) traduzir perturbações físicas ou de natureza emocional (Ex.: - Oh! – disse
admirada…; Cale-se…);
c) marcar suspensões devidas a hesitação, surpresa ou dúvida (Ex.: António… gritou o irmão );
d) realçar uma palavra ou expressão, quando colocadas antes das mesmas (Ex.:
Bonito serviço…);
e) indicar uma réplica muda (Ex.: - Ah, és tu?...).
TRAVESSÃO
O travessão é um sinal de pontuação que se utiliza para:
a) marcar a mudança de locutor ou de personagem num diálogo
(Ex.:
- Ele não quer responder.
-Mas porquê?
- Diz que não está autorizado.);
b) separar palavras ou frases num determinado contexto (Ex.: Julgo – e retomou a
palavra – que estamos no bom caminho.);
c) traduzir um enquadramento ou uma sucessão na narrativa ou numa enumeração
(Ex.:
A pontuação inclui os sinais seguintes:
- ponto;
- ponto de interrogação;
- …);
d) marcar uma relação de analogia ou de oposição entre dois termos (Ex.: Todos
vivemos nos limites entre vida – morte);
e) anunciar uma conclusão, aproximando-se dos dois pontos (Ex.: Só lhes resta
uma solução razoável – desaparecer.).
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VÍRGULA
A vírgula marca uma pausa de pequena duração.
A. A vírgula destaca ou põe em relevo os elementos seguintes:
1. o vocativo (Ex.: “Oh primo Mateus, não diga isso!”);
2. o aposto ou qualquer elemento de valor meramente explicativo (Ex.: “ No
topo da escada, esbatendo-se na penumbra, surgiu o abdómen e logo o rosto
avermelhado de Macedo, proprietário da “Flor da Amazónia”.”);
3. o complemento adverbial quando colocado em ordem inversa (Ex.: “Mesmo
às cegas, a justiça instaurou-me um processo.”);
4. o nome do lugar, nas datas (Ex.: Setúbal, 2 de Outubro de 2006);
5. a oração subordinada adverbial principalmente quando anteposta à principal
(Ex.: “E, a meu lado, pela avenida escura das palmeiras, ia dizendo em voz
baixa: - Se for polícia, tu não sabes de nada.”);
6. a oração intercalar (Ex.: “Mas, no dia seguinte, como disse, encontrei-me na
serra com companheiros de escola.”);
7. a oração relativa explicativa ou expositiva (Ex.: “Aquele seu gesto, que o
Largo da Matriz conhecia há vinte anos, dava à calçada a rápida aparência
de uma clareira de selva que deixa passar o elefante pesado e soberano.”);
8. as orações reduzidas de infinitivo, de gerúndio e de particípio quando
equivalentes a orações adverbiais. (Ex.: Ordinariamente ao meio-dia, ao
acabar de almoçar, Maria Eduarda, ouvindo rodar o trem na estrada
silenciosa, vinha esperar Carlos à porta de casa, no topo dos degraus
ornados de vasos e resguardos por um fresco toldo de fazenda cor-de-rosa.”;
“E Januário, suspendendo o passeio ao longo do escritório, bateu com a
mão espalmada num costal de escrituras, como se acabasse de sair a trunfo
puxando a ás.”).
B. A vírgula separa:
1. elementos com a mesma função sintáctica (sujeito composto, verbos e
complementos), não unidos por uma das três conjunções: e, ou e nem (Ex.:
- E não tenho mesmo, não tenho – e ficou contemplando o seu próprio fumo
que subia. Depois disse: - Às vezes, nas aulas, eu dou comigo a falar, a
explicar, a gritar, a bater nos alunos, porque eu bato neles, e pergunto-me a
mim mesmo o que estou ali a fazer.” Jorge de Sena);
2. as orações coordenadas assindécticas (sem conector presente) ou justapostas
(Ex.: “O emigrante português chega ao Brasil, busca trabalho, instala-se.”;
“Atenas produziu a escultura, Roma fez o direito, Paris inventou a
revolução, a Alemanha achou o misticismo. Lisboa que criou?
O Fado.”);
C. Usos especiais da vírgula.
1. Em caso de elipse: supressão de uma palavra ou grupo de palavras (Ex.:
“Um é meu, o da calça branca; o outro, de meu genro.”);
2. Com as conjunções
a) - e – os termos de uma enumeração são separados por vírgulas; o
penúltimo e o último são separados por e, não se usando a vírgula (Ex.:
“ – Sevilha, Barcelona, Paris e Roma são as cidades que penso visitar.”);
Contudo, a vírgula aparece antes de e:
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b)
c)
d)
e)
o quando a conjunção e marca, além de uma simples adição, uma
ideia de consequência, de oposição ou de surpresa (Ex.: “ –
Cumprimentei os pais dela, e juntei-me ao grupo”.) ;
o quando as orações coordenadas têm sujeitos diferentes (Ex.:
“Estávamos num jardim que eu não conhecia, e havia vultos
pelos bancos.”);
o quando aparece repetida numa enumeração (Ex.: “Sim, é
verdade: tudo é magnífico, e são, e banhado pelo sol.”).
– ou – com esta conjunção, como podemos ver, seguem-se os mesmos
princípios que com e.( Ex.: “Num ano, ou morre o burro, ou morre o rei,
ou morro eu”.)
- nem – quando usada uma ou duas vezes, em geral, não é precedida de
vírgula; se é repetida mais vezes, a vírgula é usada.
(Ex.:
“E hás-de concordar que nem eu nem ela precisamos de pedir-te
licença.”
“- Ó mulheres! Vós todas que tendes dentro do peito o mal que nada
cura, nem os simples, nem os bálsamos, nem os orvalhos, nem as rezas,
nem o pranto, nem o sol, nem a morte, vinde ouvir-me esta história
florida.”)
– mas – pode ser precedida ou seguida de vírgula: no primeiro caso, ela
indica uma restrição ou oposição ((Ex.: “ – Muito obrigado, mas não
vale a pena.”); no segundo caso, indica um tempo de reflexão, uma
hesitação ((Ex.: “ – Mas, ah gente! No meio daqueles negros todos,
cabeça alta, bem escorado nas pernas, o lódão a ensarilhar tão lesto que
nem se via, dava ganas de lhe gritar:
- Aí, filho de bô’mãe! Aí!”)
– porém, todavia, contudo e no entanto, adversativas; logo, portanto,
por conseguinte e por consequência, conclusivas, podem aparecer:
o seguidas de vírgula quando se encontram no início de período
ou depois de ponto e vírgula ((Ex.: “Todavia, é com verdadeira
alegria que me acho neste canto que q polícia me deixa.”);
o precedidas de vírgula se vêm no início de uma oração, no
interior do período ((Ex.: “ Vá onde quiser, porém fique
morando connosco.”
o entre vírgulas quando se encontram após um dos termos da
oração a que pertencem ( Ex.: “- Era, contudo, verdade porque
lá estava no chão, o balde que Firmino deixara.”; “Preferiu,
portanto, ignorar que Germa estava nesse momento totalmente
desligada e ausente de si (…).”; “ O seu lugar estava, pois,
esquecido, alguma coisa avassaladora e única tinha ganho
terreno naquela alma, e não era possível expurgá-la mais”).
Observação : pois – quando conjunção conclusiva, vem sempre
posposta a um termo da oração a que pertence e, assim, isolada
por vírgulas.
Adaptação de Terminologia Linguística
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PONTUAÇÃO Definição A pontuação é um