O PROFESSOR DE CIÊNCIAS E A METODOLOGIA EM SAÚDE E HIGIENE Ana Carolina Gobbo Francis Krieger Leopoldo Busato Rafael Ruiz1 - PUCPR Reginaldo R. da Costa² - PUCPR Resumo Este trabalho tem como objetivo apresentar uma proposta de investigação sobre o ensino de ciências e a abordagem de temas relacionados à saúde. Inicialmente o texto aborda questões conceituais em relação à saúde, como também elementos legais ao direito de saúde. Esclarece alguns elementos considerados importantes para a avaliação das condições de vida e saúde. Posteriormente, apresenta alguns princípios de ensino apresentados pelos parâmetros curriculares nacionais, no tema transversal saúde. Apresenta também as relações estreitas entre o tema saúde e a disciplina de ciências, como também orientações metodológicas sobre o tema. Finalmente, traz alguns esclarecimentos em torno dos procedimentos que serão utilizados na realização desta pesquisa que objetiva levantar dados quanto a metodologia utilizada pelos professores de ciências para abordar o tema saúde. Palavras – chave: Ensino de Ciências, Saúde escolar, Higiene, Ação docente. Introdução Sabendo que saúde, higiene e educação estão diretamente ligados, e assim, contribuem com o equilíbrio e bem-estar dos alunos e professores, dentro e fora da sala de aula. Um ambiente sujo e mal higienizado é prejudicial a saúde das pessoas que freqüentam este local? Que relação existe entre saúde, escola e estudos? Com isso queremos levantar os meios que o professor de ciências aborda temas relacionados à saúde, higiene e limpeza do ambiente escolar. Acadêmicos do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. ²Professor da PUCPR, orientador do projeto de pesquisa. 1 1411 Levando em conta a importância da higiene dentro das escolas e a grande relação entre a limpeza com o bem-estar físico e psicológico dos alunos, justifica-se a extrema importância do papel dos professores de ciências, sendo os principais vinculadores dos conhecimentos de biologia e de saúde. Pois, uma escola e residência com ambientes limpos e agradáveis fazem com que alunos e mestres se sintam bem dentro deles, e assim uma maior motivação em relação ao estudo irá acontecer das duas partes envolvidas. Sendo assim este trabalho tem como objetivo, pesquisar a metodologia utilizada pelo professor de ciências sobre saúde, limpeza e higiene escolar, buscar alternativas metodológicas de abordagem em relação à estes temas e compará-las com as metodologias já aplicadas pelos professores em relação ao tema. Referencial Teórico Profissionais da Educação e da saúde têm voltado sua atenção para a grande afinidade existente entre suas áreas de pesquisa, sendo nos aspectos positivos como nos negativos. O ensino de saúde tem sido um desafio para a educação, no que se refere à possibilidade de garantir uma aprendizagem efetiva e transformadora de atitudes e hábitos de vida. As experiências mostram que transmitir informações a respeito do funcionamento do corpo e descrição das características das doenças, bem como um elenco de hábitos de higiene, não é suficiente para que os alunos desenvolvam atitudes de vida saudável. Entende-se Educação para a Saúde como fator de promoção e proteção à saúde e estratégia para a conquista dos direitos de cidadania. Sua inclusão no currículo responde a uma forte demanda social, num contexto em que a tradução da proposta constitucional em prática requer o desenvolvimento da consciência sanitária da população e dos governantes para que o direito à saúde seja encarado como prioridade. 1412 É preciso educar para a saúde levando em conta todos os aspectos envolvidos na formação de hábitos e atitudes que acontecem no dia-a-dia da escola. A primeira relação que se observa entre ambas é a busca pelo mesmo objetivo da felicidade, harmonia, equilíbrio, bem-estar e auto-realização do ser humano. Idealistas, professores e governantes procuram constantemente pelo “perfeito estado físico, emocional e social” da criança na escola, porém isso é muito mais aspiração do que realidade, é quase um estado impossível de ser alcançado pelo ser humano. Associar, na prática, saúde e educação é muito mais complicado do que se imagina. Para o aluno, saúde é um conceito abstrato, que depende somente da intervenção de um adulto para se concretizar. Porém sabemos que a verdade não é essa, muitas vezes nem o próprio adulto tem consciência do significado da palavra saúde. Tambellini, apud Mataruna (2000), conceitualiza saúde como um bem coletivo que é compartido individualmente por todos os cidadãos. Minayo (1992) acrescenta que saúde é o resultado das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de saúde. A legislação brasileira declara que saúde é um direito de todos e um dever do estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas (ART. 196 DA CONSTITUIÇÂO BRASILEIRA, 1988). Apesar da existência de todos esses conceitos apresentados acima é difícil uma criança ter consciência de seus significados ou mesmo da sua existência. Porém, a escola sozinha não levará os alunos a adquirirem saúde. E sim, pode e deve, fornecer elementos que os capacitem para uma vida saudável, e é esse o papel do educador, levar estas informações até elas. 1413 Entretanto, não se pode compreender ou transformar a situação de saúde de um indivíduo ou de uma coletividade sem levar em conta que ela é produzida nas relações com o meio físico, social e cultural. Intrincados mecanismos determinam as condições de vida das pessoas e a maneira como nascem, vivem e morrem, bem como suas vivências em saúde e doença. Entre os inúmeros fatores determinantes da condição de saúde, incluem-se os condicionantes biológicos (idade, sexo, características pessoais eventualmente determinadas pela herança genética), o meio físico (que abrange condições geográficas, características da ocupação humana, fontes de água para consumo, disponibilidade e qualidade dos alimentos, condições de habitação), assim como o meio socioeconômico e cultural, que expressa os níveis de ocupação e renda, o acesso à educação formal e ao lazer, os graus de liberdade, hábitos e formas de relacionamento interpessoal, a possibilidade de acesso aos serviços voltados para a promoção e recuperação da saúde e a qualidade da atenção por eles prestada. A humanidade já dispõe de conhecimentos e de tecnologias que podem melhorar bastante a qualidade da vida das pessoas. Mas, além de muitos deles não serem aplicados por falta de priorização de políticas sociais, há uma série de enfermidades relacionadas ao potencial genético de cada um ou ao inevitável risco de viver. Por melhores que sejam as condições de vida, necessariamente convive-se com doenças, problemas de saúde e com a morte. Os serviços de saúde desempenham papel importante na prevenção, na cura ou na reabilitação e na minimização do sofrimento de pessoas portadoras de enfermidades ou de deficiências. Deveriam funcionar como guardiões da saúde individual e coletiva, até mesmo para reduzir a dependência com relação a esses serviços, ou seja, aumentando a capacidade de auto-cuidado das pessoas e da sociedade. O conceito de "Cidade Saudável", originado no Canadá na década de 80, serve hoje como parâmetro para nortear projetos de saúde que vêm se desenvolvendo em diversas partes do mundo, a partir da sua incorporação pela OMS. Considera-se que uma "Cidade Saudável" deve ter: 1414 − uma comunidade forte, solidária e constituída sobre bases de justiça social, na qual ocorre alto grau de participação da população nas decisões do poder público; − ambiente favorável à qualidade de vida e saúde, limpo e seguro; satisfação das necessidades básicas dos cidadãos, incluídos a alimentação, a moradia, o trabalho, o acesso a serviços de qualidade em saúde, a educação e a assistência social; − vida cultural ativa, sendo promovidos o contato com a herança cultural e a participação numa grande variedade de experiências; − economia forte, diversificada e inovadora. Nesse contexto, falar de saúde implica levar em conta, por exemplo, a qualidade da água que se consome e do ar que se respira, as condições de fabricação e uso de equipamentos nucleares ou bélicos, o consumismo desenfreado e a miséria, a degradação social ou a desnutrição, estilos de vida pessoais e formas de inserção das diferentes parcelas da população no mundo do trabalho; envolve aspectos éticos relacionados ao direito à vida e à saúde, direitos e deveres, ações e omissões de indivíduos e grupos sociais, dos serviços privados e do poder público. A saúde é produto e parte do estilo de vida e das condições de existência, sendo a vivência do processo saúde/doença uma forma de representação da inserção humana no mundo. Saúde constitui um dos temas transversais propostos nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN/MEC) e, antes de tudo, é um direito fundamental do cidadão. Nesse sentido, a escola tem a função de orientar o estudante com as noções básicas de higiene e saúde, lembrando-lhe que cada indivíduo deve ser responsável pelo seu próprio bem-estar. Os PCN prevêem que, ao final do Ensino Fundamental, os alunos sejam capazes de compreender a saúde como direito de cidadania, valorizando ações de promoção, proteção e recuperação; conhecer a saúde nos aspectos físico, psíquico e social; entender que a saúde é produzida nas relações com o meio físico, econômico e sociocultural, identificando fatores de risco à saúde pessoal e coletiva presentes no meio em que se vive; identificar e utilizar formas de intervenção sobre os fatores desfavoráveis à saúde, agindo com responsabilidade 1415 em relação à saúde individual e coletiva; responsabilizar-se pela própria saúde, respeitando as possibilidades e os limites do corpo. Para auxiliar a escola a traçar diretrizes de trabalho em sala de aula, a Organização Mundial da Saúde (OMS) relacionou as seguintes condições que contribuem para a promoção das questões ligadas à saúde: − ter visão ampla de todos os aspectos da escola, garantindo um convívio saudável e que favoreça a aprendizagem não só na sala de aula, mas em outros ambientes escolares; − reconhecer que os conteúdos de saúde devem ser necessariamente incluídos nas diferentes áreas curriculares; − entender que o desenvolvimento da auto-estima e da autonomia pessoal é fundamental para a saúde; − valorizar a promoção da saúde na escola para todos os que nela estudam ou trabalham; − conhecer todos os serviços de saúde voltados para o escolar; − reforçar o desenvolvimento de estilos saudáveis de vida; − conceder importância à estrutura física da escola, assim como ao efeito psicológico que ela tem sobre professores e alunos; − apoiar-se num modelo de saúde que inclua a interação dos aspectos físicos, psíquicos, socioculturais e ambientais; − estimular a participação ativa dos alunos; − favorecer a participação ativa dos educadores na criação do projeto pedagógico da educação para a saúde; − buscar estabelecer inter-relações na elaboração do projeto escolar. Quando se compromete com a educação para a saúde de seus alunos, a escola consegue alcançar dois objetivos. Primeiro, funciona como referência para a prática de estilos de vida saudáveis. Segundo, faz o assunto tomar parte nos diferentes componentes curriculares. Somente a participação em diversas áreas, cada qual enfocando conhecimentos 1416 específicos, pode garantir que os adolescentes construam uma visão ampla do que é saúde, e como ela é importante. Às vezes, o interesse pode ser despertado por manifestações afetivas, conflitos ou casos de doença entre os colegas. Em outras ocasiões, o desenvolvimento do tema pode se dar por meio da organização de campanhas, seminários ou trabalhos artísticos, para mobilizar diversas classes e divulgar informações. Atividades como essas são oportunidades para unir diversas disciplinas, como Língua Portuguesa, Matemática, Ciências Naturais, História, Geografia e outras. Segundo Brito Bastos (1979), a educação para a saúde escolar não deve se limitar a simples informações de assuntos de saúde. A educação para saúde só pode ser efetiva se promover mudança no comportamento da criança, tornando-a consciente do que é necessário à conservação da saúde. A educação em saúde tem por função tornar o cidadão capaz de alterar seus hábitos e comportamentos e de estar em condições de reivindicar seus direitos, portanto, a prática educativa em saúde ajuda a construir um cidadão consciente de seu papel enquanto agente social (LOUREIRO,1996). Ensinar saúde ou educar para a saúde? No primeiro caso (ensinar saúde) o foco é colocado numa formação sobre saúde e na coincidência de conceitos que fundamentou a proposta clássica de inserção dos programas de saúde no escopo da disciplina de Ciências Naturais. Entretanto, essa estratégia não se revelou suficiente para a garantia de abordagem dos conteúdos relativos aos procedimentos e atitudes necessários à promoção da saúde. Quando inicia sua vida escolar, a criança traz consigo a valoração de comportamentos favoráveis ou desfavoráveis à saúde oriundos da família e outros grupos de relação mais direta. Durante a infância e a adolescência, épocas decisivas na construção de condutas, a escola passa a assumir papel destacado devido à sua função social e por sua potencialidade para o desenvolvimento de um trabalho sistematizado e contínuo. Deve, por isso, assumir explicitamente a responsabilidade pela educação para a saúde, já que a conformação de atitudes estará fortemente associada a valores e que o professor e toda a comunidade 1417 escolar os transmitirão inevitavelmente aos alunos durante o convívio escolar. Os valores, que se expressam na escola através de aspectos concretos como a qualidade da merenda escolar, a limpeza das dependências, as atividades propostas, a relação professor-aluno, são apreendidos pelas crianças na sua vivência diária. A tendência é a conformação de hábitos legitimados pelos diversos grupos de inserção do aluno e não necessariamente aqueles considerados teórica ou tecnicamente adequados. Pesquisa recente do Ministério da Saúde revelou que a maioria dos estudantes de segundo grau que usa algum tipo de droga considera o consumo prejudicial à saúde! No caso, os valores afetivos e sociais associados ao consumo habitual de drogas são muito mais decisivos do que o conhecimento dos agravos que causam. Isso não quer dizer que as informações e a possibilidade de compreender a problemática que envolve as questões de saúde não tenham importância ou que não devam estar presentes no processo de ensinar e aprender para a saúde, mas sim que a Educação para a Saúde só será efetivamente contemplada se puder mobilizar as necessárias mudanças na busca de uma vida saudável. Para isso, os valores e a aquisição de hábitos e atitudes constituem as dimensões mais importantes. A experiência dos profissionais de saúde vem comprovando, de longa data, que a informação, isoladamente, tem pouco ou nenhum reflexo em mudanças de comportamento e que a mera informação, ou o "biologismo" — que valoriza a anatomia e a fisiologia para explicar a saúde e a doença —, não dá conta dessa tarefa. Os detalhes relativos a processos fisiológicos ou patológicos ganharão sentido no processo de aprendizagem na medida em que contribuírem para a compreensão das ações de proteção à saúde a eles associadas. Não é pressuposto da Educação para a Saúde a existência do professor "especialista"; o que se pretende é um trabalho pedagógico cujo enfoque principal esteja na saúde e não na doença. Por isso, o desenvolvimento dos conceitos deve ter como finalidade subsidiar a construção de valores e a compreensão das práticas de saúde favoráveis ao crescimento e ao desenvolvimento. Ao longo da aprendizagem e do desenvolvimento, os conceitos adquirem importância cada vez maior ao instrumentalizar os alunos para a crítica 1418 frente aos desafios que lhes serão apresentados de maneira crescente em suas relações sociais e com o meio ambiente, no enfrentamento de situações adversas, de opiniões grupais negativas para a saúde, ou diante da necessidade de transformar hábitos e reavaliar crenças e tabus, inclusive na dimensão afetiva que necessariamente trazem consigo. Nessa concepção, os conteúdos do tema não serão suficientemente contemplados se ficarem restritos ao interior de uma única área. Concepções sobre saúde ou sobre o que é saudável, valorização de hábitos e estilos de vida, atitudes frente às diferentes questões relativas à saúde perpassam todas as áreas de estudo escolar, desde os textos literários, informativos, jornalísticos até os científicos. Por outro lado, para ser construída a visão ampla de saúde aqui proposta, é necessário ter acesso a informações de diversos campos, como, por exemplo, as mudanças históricas e as diferenças geográficas e socioculturais que interferem nas questões da saúde. O trabalho na área de Educação Física, por sua vez, tem uma interação especial com a Educação para a Saúde, como se pode ver na leitura do documento correspondente. A organização do trabalho das áreas em torno de temas relativos à saúde permite que o desenvolvimento dos conteúdos possa se processar regularmente e de modo contextualizado. Pode-se, por exemplo, medir a estatura dos alunos e cotejá-las, desenvolvendo, a partir desse exercício, o conceito de medida, o estudo de diferentes formas de registro das informações coletadas, a herança genética e a diversidade, o estado nutricional de cada aluno e do grupo. O tratamento transversal do tema deve-se exatamente ao fato de sua abordagem darse no cotidiano da experiência escolar e não no estudo de uma "matéria". Na realidade, todas as experiências que tenham reflexos sobre as práticas de promoção, proteção e recuperação da saúde serão, de fato, aprendizagens positivas, até porque não se trata de persuadir ou apenas de informar, mas de fornecer elementos que capacitem sujeitos para a ação. No Brasil, na última década, vem se incorporando progressivamente à cultura e à legislação a concepção de que saúde é direito de todos e dever do Estado. Entretanto, as políticas públicas para o setor favorecem a 1419 cultura de que a saúde se concretiza mediante o acesso a serviços, particularmente ao tratamento médico. A implementação de modelos centrados em hospitais, em consultas médicas e no incentivo ao consumo abusivo de medicamentos vem resultando, historicamente, numa atenção à saúde baseada principalmente em ações curativas, desencadeadas apenas quando uma doença já está instalada e o indivíduo precisa de socorro. Um passo importante foi dado ao se promulgar a Constituição de 1988, que prevê a implantação do Sistema Único de Saúde — SUS. Conforme definido em lei, o SUS tem caráter público, é formado por uma rede de serviços regionalizada, hierarquizada e descentralizada, com direção única em cada esfera de governo e sob controle dos usuários através da participação popular nas Conferências e Conselhos de Saúde. A concepção abrangente de saúde assumida no texto constitucional aponta para uma mudança progressiva dos serviços, passando de um modelo assistencial, centrado na doença e baseado no atendimento a quem procura, para um modelo de atenção integral à saúde, onde haja incorporação progressiva de ações de promoção e de proteção, ao lado daquelas propriamente ditas de recuperação. A Constituição legitima o direito de todos, sem qualquer discriminação, às ações de saúde, assim como explicita o dever do poder público em prover pleno gozo desse direito. Trata-se de uma formulação política e organizacional para o reordenamento dos serviços e ações de saúde, baseada em princípios doutrinários que dão valor legal ao exercício de uma prática de saúde ética, que responda não a relações de mercado mas a direitos humanos: − Universalidade: garantia de atenção à saúde a todo e qualquer cidadão; − Eqüidade: direito ao atendimento adequado às necessidades de cada indivíduo e coletividade; − Integralidade: a pessoa é um todo indivisível inserido numa comunidade. 1420 O SUS, na forma como é definido em lei, segue a mesma doutrina e os mesmos princípios organizativos em todo o país, prevendo atividades de promoção, proteção e recuperação da saúde. A promoção da saúde se faz através da educação, da adoção de estilos de vida saudáveis, do desenvolvimento de aptidões e capacidades individuais, da produção de um ambiente saudável. Está estreitamente vinculada, portanto, à eficácia da sociedade em garantir a implantação de políticas públicas voltadas para a qualidade de vida e ao desenvolvimento da capacidade de analisar criticamente a realidade e promover a transformação positiva dos fatores determinantes da condição de saúde. Entre as ações de natureza eminentemente protetoras da saúde, encontram-se as medidas de vigilância epidemiológica (identificação, registro e controle da ocorrência de doenças), vacinações, saneamento básico, vigilância sanitária de alimentos, do meio ambiente e de medicamentos, adequação do ambiente de trabalho e aconselhamentos específicos como os de cunho genético ou sexual. Protege-se a saúde realizando exames médicos e odontológicos periódicos, conhecendo a todo momento o estado de saúde da comunidade e desencadeando oportunamente medidas dirigidas à prevenção e ao controle de agravos à saúde mediante a identificação de riscos potenciais. As medidas curativas e assistenciais, voltadas para a recuperação da saúde individual, complementam a atenção integral à saúde. No Brasil, a maior parte dos casos de doença e morte prematura tem, ainda hoje, como causa direta, condições desfavoráveis de vida: convive-se com taxas elevadas de desnutrição infantil e anemias e uma prevalência inaceitável de hanseníase, doenças típicas de ausência de condições mínimas de alimentação, saneamento e moradia para a vida humana. Uma realidade de contrastes se espelha, paradoxalmente, na ocorrência de problemas de saúde característicos de países desenvolvidos: as doenças cardiovasculares vêm ganhando crescente importância entre as causas de morte, associadas principalmente ao estresse, à predisposição individual, a hábitos alimentares impróprios, à vida sedentária e ao hábito de fumar. Este quadro sanitário compõe o 1421 chamado "duplo perfil de morbi-mortalidade", típico dos países denominados em desenvolvimento: convivem hoje, no Brasil, doenças próprias do Primeiro e do Terceiro Mundo. A educação para saúde deverá ser aceita como parte integrante do progresso educacional, devendo ter inicio praticamente na fase pré-escolar com um limitado número dos mais importantes assuntos e ser continuada através dos estágios da vida escolar, reforçada na vida adulta de maneira acidental ou mesmo formal (BRITO BASTOS, 1979). E é na segunda fase da vida escolar, ensino fundamental, onde daremos o total enfoque de pesquisa. Noções de higiene pessoal e do ambiente são os principais meios de se levar a questão da saúde até os alunos, pois maior parte das doenças físicas e, de certo modo, mentais estão associadas a hábitos de higiene, os quais são utilizados no dia a dia, como: lixo, reciclagem e higiene pessoal. A falta de higiene leva o aluno a um estado de fadiga e estresse, quando não à algum tipo de doença, e assim obviamente o rendimento escolar é afetado. Por isso ressalta-se a importância de trabalhar com as crianças assuntos que estejam ligados a todos os tipos de higiene. Metodologia da pesquisa Como alunos pesquisadores iremos realizar esta pesquisa de maneira exploratória, ou seja, iremos coletar as informações necessárias dentro das escolas, falando diretamente com professores e alunos que estejam respectivamente, trabalhando e matriculados na mesma instituição de ensino. Para realizar a pesquisa em campo irão ser coletados dados, usando basicamente dois instrumentos de pesquisa. Primeiramente será realizada uma entrevista semi-estruturada com três diferentes professores, de três diferentes séries do ensino fundamental. Contribuindo com os resultados referentes a análise dos dados coletados será, em 1422 seguida, entregue a 15 alunos de cada professor, um questionário com questões relacionadas a este tema, a fim de confrontar as informações dadas pelos professores, com a realidade vivida e presenciada pelos alunos dentro da sala de aula. Após a realização desses dois passos, os dados coletados serão posteriormente, analisados, comparados com referenciais teóricos já pesquisados, e por fim será apresentado um relatório com a realidade da pesquisa e opiniões ou sugestões sobre o problema anteriormente proposto. Referências BRITO BASTOS, N. C. “Educação para Saúde na Escola”. Revista da FSESP, vol.XXIV, n°2, 1979. LOUREIRO, C.F.B. “A Educação em Saúde na Formação do Educador”. Revista Brasileira de Saúde Escolar, vol. 4, n° ¾, 1996. LOUREIRO, C.F.B. “A Problemática de Saúde da Criança no Brasil: Desafios para uma Prática Educativa”. Revista Brasileira de Saúde na Escola, 4 ( 1/2 ) 1996. MATARUNA DOS SANTOS, L.J. A Educação Física Hospitalar em Desenvovimento: uma Breve Apresentação das 32 Sub-Especialidades de Atuação Profissional no Campo da Saúde. Artigo Publicado no Periódico Lecturas: Educación Física y Deportes. n° 27. Buenos Aires. Novembro, 2000. MINAYO, M. C. S. A Saúde em Estado de Choque. Rio de Janeiro: FASE, 1992. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO, Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF, vol.9, 1998.