ATENÇÃO FARMACÊUTICA AO PACIENTE IDOSO Vivian Machado Fidêncio, Acadêmica do 5º ano do curso de Farmácia Fabiane Yuri Yamacita – Docente do curso de Farmácia Introdução O modelo de prática profissional entendida por Atenção Farmacêutica, proposta pelo Consenso Brasileiro surgiu com a finalidade de garantir ao paciente uma farmacoterapia racional, segura e com custo acessível, orientando o paciente através de ações educacionais, aconselhamento e o mais importante, disponibilizando informações referentes ao uso do medicamento, como: formas de ingerir ou aplicar, interações com outros medicamentos que possam estar sendo utilizados pelo paciente e os horários corretos. O acompanhamento ao paciente, faz com que o farmacêutico realize um trabalho que beneficiará seu paciente. O profissional farmacêutico de hoje está percebendo a importância de não apenas dispensar o medicamento e sim interagir com o indivíduo, listando e classificando os problemas descritos pelo mesmo e contribuindo para uma melhora terapêutica. A atenção farmacêutica ao paciente idoso cresce cada vez mais, estima-se que a proporção de idosos na população brasileira em 2025 aumente em cinco vezes comparado com a população de 1950 e teremos 15 vezes mais o número de pessoas acima de 60 anos. Com o crescimento da população idosa, o consumo de medicamentos também aumentou, isso devido à elevada prevalência de doenças crônico degenerativas que se associam ao envelhecimento. O idoso sadio é um individuo com alterações biológicas, morfológicas, funcionais e psicológicas, estando no limite entre o normal e o patológico. Esse processo é definido como envelhecimento, sendo complexo e multifatorial. O envelhecimento passa a ser marcado pela impossibilidade progressiva de o organismo adaptar-se às condições variáveis do seu ambiente. Velhice não é sinônimo de doença, porém, o avanço da idade diminui severamente a capacidade funcional, e faz com que o paciente idoso perca sua autonomia e independência, comprometendo assim sua qualidade de vida. As alterações apresentadas pelo envelhecimento, tendência o paciente idoso a evoluir mais nas patologias e, consequentemente, a consumir mais medicamentos, aumentando as chances de erros de administração e interações com outros medicamentos. Desenvolvimento Estando certos que o uso de medicamentos atinge todas as faixas etárias, as pesquisas sobre o assunto demonstram que os idosos, são os maiores consumidores e os que mais se beneficiam da farmacoterapia moderna. A atenção farmacêutica é um dos componentes das estratégias de atenção à saúde, onde promove, mantêm e restaura o bem estar do paciente e dos indivíduos que o compõem, permitindo prevenir a recorrência das enfermidades, em especial ao uso racional de medicamentos. Sua ação consiste na responsabilidade com o paciente, inicialmente para que o medicamento prescrito pelo médico tenha o efeito desejado, alertando sobre possíveis interações, reações adversas e possíveis intoxicações. Os idosos constituem uma média de 50% dos usuários de medicamentos, sendo necessário um constante cuidado, pois nessa fase da vida são mais comuns os erros de medicação. A hipertensão e o diabetes são as doenças crônicas mais comuns nos idosos, portanto, os fármacos anti- hipertensivos e hipoglicemiantes são os que merecem maior atenção e cuidados na administração e dispensação. As interações medicamentosas podem ocorrer por diversos fatores, não só relacionados ao uso de vários medicamentos, fato este denominado de polifarmácia, mas também fatores externos, como alimentação, tabaco e as próprias co-morbidades já existentes. A automedicação também é um fator relevante para o sucesso do tratamento, já que no caso de uma gripe, por exemplo, o paciente faz uso de medicamentos que eventualmente estão em casa ou por orientação de uma pessoa leiga no assunto. A atenção farmacêutica ao idoso requer mais comprometimento, pois eles necessitam de orientação especial, verbal e/ou escrita, para otimizar o tratamento e reduzir riscos à saúde. Algumas opções de orientação podem ser seguidas, tais como: - Paciente idoso hipertenso: elaborar fichas de controle para acompanhamento de aferição da pressão arterial; - Paciente idoso diabético: orientá-lo na administração dos fármacos quanto ao melhor horário, realizar a verificação da concentração de glicemia através de teste de sangue capilar; - Ao paciente idoso que não sabe ler, elaborar desenhos, como sol e lua, que indica o dia e a noite no esquema posológico de medicamentos; - Ao paciente idoso que faz uso de mais de um medicamento e que os comprimidos podem ser confundidos por ter a mesma cor, por exemplo, pode-se estudar alguns símbolos que possa ajudá-lo a diferenciar tais medicamentos; - Orientar quanto a importância de uma boa alimentação e realização de atividades físicas para auxiliar nos bons resultados do tratamento; - Não fazer uso de medicamentos sem acompanhamento do médico ou farmacêutico responsável. Conclusão A atenção farmacêutica ao paciente idoso com objetivos de esclarecer, orientar e acompanhar o indivíduo torna-se uma aliada na adesão terapêutica ao tratamento, por diminuir os riscos de ocorrência de efeitos adversos aos fármacos. O profissional farmacêutico deve obter meios que orientem e auxiliem o paciente idoso no esquema posológico dos medicamentos utilizados nas doenças crônicas, como a hipertensão arterial e diabetes. A orientação adequada e o cuidado podem proporcionar ao idoso uma melhor qualidade e expectativa de vida. Referências bibliográficas • NOVAES, M.R.C.G. Assistência farmacêutica ao idoso. Uma abordagem multiprofissional. Brasília: Thesaurus; 1º Ed. 2007. • OLIVEIRA, A.B; OYAKAWA C.N; MIGUEL, M.D; ZANIN S.M.W; MONTRUCHIO, D.P. Obstáculos da atenção farmacêutica no Brasil. Revista Brasileira Ciências Farmacêuticas. Vol. 41, n. 4, out/dez., 2005. • MENESES, A.L.L; SÁ, M.L.B. Atenção farmacêutica ao idoso: fundamentos e propostas. 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