Um olhar sobre a Grande Vitória
diagnóstico socioeconômico
ESPÍRITO SANTO
Região Metropolitana
da Grande Vitória
Sumário
4 A Fundação Vale
6 Como Atuamos
8Presença Local
Estações Conhecimento – Núcleos
de Desenvolvimento Humano e Econômico
9Entrevista
Sílvio Vaz de Almeida
Diretor-superintendente da Fundação Vale
10Abordagem Territorial
Diagnóstico Socioeconômico
11Entrevista
Jaime Almeida
Diretor de Negócios Vale/Ambiental
12Introdução ao Diagnóstico
Socioeconômico da Grande Vitória
14Entrevistas
Andréia Gama
Coordenadora do território da Grande Vitória
[Fundação Vale]
ugênio Fonseca
E
Coordenador-executivo de Relações Institucionais
[Departamento de Pelotização – Vale]
16O Território Estudado
Contexto histórico
Ocupação do território
18Como o Território foi Estudado?
O que são as dimensões
do Diagnóstico Socioeconômico?
21Dimensão Histórico-Cultural
27 Dimensão Demográfica
35 Dimensão Econômica
49Dimensão Urbano-Ambiental
65 Dimensão Social
75 Bairros Vizinhos à Vale
86Próximos Passos:
Linhas de Atuação da Fundação Vale
A Fundação Vale
Para a Fundação Vale, as pessoas são a grande
riqueza de um lugar. Por isso, nosso trabalho
procura fortalecer o capital humano e contribuir
com o desenvolvimento social e econômico
das comunidades, implantando parcerias com o
Poder Público e organizações da sociedade civil, e
potencializando os investimentos sociais da Vale.
4 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
Dessa forma, buscamos deixar um legado de
sustentabilidade nas regiões onde a Vale atua,
agindo de forma a melhorar as condições
de vida das populações, fortalecendo o
relacionamento com as comunidades e
realizando ações estruturantes em três áreas
de atuação: infraestrutura, gestão pública e
desenvolvimento humano e econômico.
Missão
Contribuir para o desenvolvimento integrado – econômico,
ambiental e social – dos territórios onde a Vale atua,
articulando e potencializando os investimentos sociais,
fortalecendo o capital humano nas comunidades e
respeitando as identidades culturais locais.
Valores
Norteamos nossa atuação por valores relevantes: ética,
transparência, comprometimento, corresponsabilidade,
accountability (capacidade de prestar contas e de assumir
a responsabilidade sobre seus atos e uso de recursos) e
respeito à diversidade.
Desenvolvimento Sustentável Para a Vale, o
desenvolvimento sustentável é atingido quando seus
negócios, em particular as suas atividades de mineração,
geram valor para seus acionistas e demais partes
interessadas, e deixam um legado social, econômico e
ambiental positivo nos territórios onde opera.
FUNDAÇÃO VALE 5
Como
Atuamos
As ações da Fundação
Vale estão reunidas em
três áreas de atuação:
Gestão Pública Trabalhamos junto ao
Poder Público, por meio de protocolos de intenção
assinados com as prefeituras. Dessa forma, podemos
contribuir para uma aplicação mais eficiente dos
recursos públicos gerados pelas atividades da mineração,
colaborando com o desenvolvimento dos territórios. O
objetivo é que esses recursos sejam direcionados para
questões de infraestrutura, serviços públicos
(educação, saúde, segurança) e de ordenação urbana.
Programas sociais
Melhoria da qualidade do
ensino: Escola que Vale
Trabalha a melhoria da gestão
pública da educação e a
qualificação e a formação
continuada de professores,
aumentando a qualidade da
aprendizagem dos alunos da
rede pública da 1ª à 5ª série
dos Ensinos Infantil e
Fundamental. Conta com a
parceria do Centro de Educação
e Documentação para Ação
Comunitária (Cedac) e das
prefeituras locais (Secretarias
Municipais de Educação).
Organização dos Conselhos
da Criança e do Adolescente:
Novas Alianças
Ajuda a desenvolver a
capacidade dos conselhos de
gestão pública na conquista
de melhorias para a vida de
crianças e adolescentes de
suas comunidades. A intenção
é fomentar a democracia
participativa na construção de
alianças no Poder Legislativo e
nos meios de comunicação, e
zelar pelas conquistas sociais
estabelecidas no Estatuto da
Criança e do Adolescente.
Parceiros: Instituto Caliandra,
Assembléia Legislativa de
Minas Gerais, Fundação Avina,
Instituto Ágora em Defesa
do Eleitor e da Democracia,
Agência de Notícias dos
Direitos da Infância (ANDI) e
Instituto C&A.
Redução da mortalidade
infantil: Projeto Saúde
Com o apoio do Canal Futura
e da Escola Nacional de Saúde
Pública (ENSP) da Fiocruz, o
programa tem como temática
prioritária a saúde maternoinfantil. O objetivo é contribuir
na redução da mortalidade
infantil e na melhoria dos
índices de saúde pública nas
regiões em que é implantado.
Educação de jovens e
adultos: Vale Alfabetizar
Colabora com a estruturação
da Educação de Jovens e
Adultos (EJA) nos municípios
onde é implantado. Capacita o
alfabetizador, alfabetiza jovens
e adultos, cria as turmas de
EJA necessárias para acesso
ao repasse de recurso federal
e promove o fluxo constante
de novos alunos às salas de
aula. Parceiros: Alfabetização
Solidária, prefeituras locais
(Secretarias Municipais de
Educação) e instituições de
Ensino Superior.
Cuidando do Patrimônio histórico e cultural:
Museu da Vale
O Museu preserva a história do universo ferroviário. O espaço reúne o
passado e o futuro, promovendo exposições de arte contemporânea,
workshops de arte e filosofia para universitários e artistas e oficinas de
arte com crianças e adolescentes da rede pública de ensino.
6 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
Trem da Vale
Conjunto estruturado, diversificado e integrado de ações no campo
da educação patrimonial no Brasil. É desenvolvido nas estações do
trem turístico que liga as cidades mineiras de Ouro Preto e Mariana, em
parceira com a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) e a Santa Rosa Bureau.
Infraestrutura Nosso objetivo
é contribuir para reduzir o déficit em
saneamento (água e esgoto) e habitação.
A Fundação Vale atua ao lado das prefeituras,
desenvolvendo projetos executivos para
apoiar a captação de recursos disponíveis para
esses fins, nas esferas federal e estadual do
governo, como, por exemplo, no Programa de
Aceleração do Crescimento (PAC).
Programa social
Cidadania:
Voluntários Vale
Estimula a cultura de
voluntariado dentro da
Vale, fortalecendo o diálogo
social e contribuindo com o
desenvolvimento local dos
territórios onde a empresa
atua. Conta com o apoio
do Portal do Voluntário,
da Iniciativa Brasil, de
empresas do grupo Vale,
de empregados da empresa
e seus familiares, de
fornecedores da Vale,
das comunidades e de
parceiros locais.
Desenvolvimento Humano e
Econômico As Estações Conhecimento – Núcleos
de Desenvolvimento Humano e Econômico são a principal
iniciativa nessa frente. São centros urbanos ou rurais, que atuam
no desenvolvimento físico, emocional e intelectual, por meio
do esporte, da cultura e da qualificação profissional, e no
desenvolvimento econômico, nas áreas de apoio técnico,
organização da produção, processamento e comercialização
de produtos de vocação regional.
Programas sociais nas
Estações Conhecimento
Brasil Vale Ouro
Apoia a descoberta de novos talentos olímpicos nas modalidades de
judô, natação e atletismo, nas cidades onde a Vale atua. O objetivo do
programa é que o Brasil obtenha um maior número de medalhas nas
Olimpíadas de 2016. Os jovens que atingem índices olímpicos são
transferidos para o Centro Nacional de Excelência do Brasil Vale Ouro,
na Vila Militar de Deodoro, no Rio de Janeiro. O programa conta com a
parceria do Ministério do Esporte, do Ministério da Defesa e do
Exército Brasileiro.
Empregabilidade: Rede que Vale
Investe na inclusão social dos jovens pelo trabalho por meio de uma
rede baseada em projetos de responsabilidade social e de voluntariado
empresarial, que promove profissionalização e estágios. Implementado
em parceira com a Rede Cidadã, prefeituras locais, iniciativa privada,
universidades, organizações sociais e voluntários.
Participação juvenil: Vale Juventude
Visa ao desenvolvimento pessoal, social e produtivo de adolescentes e
jovens dos municípios atendidos, trabalhando a participação
juvenil, a cidadania e a educação afetivo-sexual. Parceiros: Instituto
Aliança, Martins Pereira Consultoria Educacional, prefeituras (Secretarias
de Educação, Saúde, Assistência Social e da Mulher) e ONGs locais.
Cultura: Vale Música
O programa valoriza as características culturais do território e a arte
musical de seus habitantes, abrindo caminho para a formação de grupos
musicais, corais e orquestras. Desenvolvido em parceria com a Sociedade
Artística e Cultural Phylarmonia, a Associação de Amigos da Orquestra
Filarmônica do Espírito Santo (AAOFES), o Centro Cultural Caieiras (Cecaes),
o Instituto Homem Pantaneiro e a Fundação Amazônica de Música.
Programas da Vale
Junto com as ações da Fundação
Vale, a Vale procura maximizar o
crescimento econômico nas
regiões onde atua, por meio da
qualificação profissional e da
capacitação de seus fornecedores.
Inove
Programa da Vale que tem
como objetivo fortalecer o
relacionamento com pequenos
e médios fornecedores
regionais, por meio de
capacitação, disponibilização
de linhas de crédito e incentivo,
tornando-os mais competitivos
para atender aos níveis de
exigência do mercado.
Valer
Atua na qualificação profissional
da população do território,
com a finalidade de formar
profissionais para trabalhar
na Vale. É um programa da
empresa, desenvolvido com o
apoio de CEFET, SENAI e SEBRAE
de várias regiões.
FUNDAÇÃO VALE 7
Presença Local
Estações Conhecimento –
Núcleos de Desenvolvimento
Humano e Econômico
As Estações Conhecimento – Núcleos de Desenvolvimento
Humano e Econômico são centros que seguem o modelo
rural ou urbano, idealizados pela Fundação Vale, com o
objetivo de contribuir para a melhoria da qualidade de
vida e o desenvolvimento integrado e sustentável das
comunidades. Os núcleos são organizações da sociedade
civil de interesse público (OSCIPs), viabilizadas por meio
de parcerias locais com o Poder Público e entidades da
sociedade civil organizada.
As Estações Conhecimento têm como público prioritário
crianças e jovens. A intenção é promover ações integradas,
de longo prazo, que contribuam para o desenvolvimento
integral da pessoa – físico, emocional e cognitivo – de
maneira a fazer com que os jovens tenham autonomia e
condições de sonhar e conquistar seus sonhos.
Nos núcleos, os participantes são estimulados em
práticas esportivas, com aulas de judô, natação e
atletismo, em atividades culturais, no convívio social e no
empreendedorismo. Respeitando as vocações produtivas
locais, o conhecimento adequado para a região é
trabalhado, elegendo cadeias produtivas com maior valor
agregado, que possam ganhar escala de produção. Nesse
sentido, essas cadeias são organizadas junto aos produtores,
que recebem apoio técnico e encontram na Estação a
tecnologia e a articulação necessárias para o processamento
e comercialização da produção.
Com a intenção de disseminar conhecimentos, novas
tecnologias e formas de ensinar, a maioria dos profissionais
que trabalham nas Estações Conhecimento é de funcionários
públicos cedidos pela prefeitura parceira. Esses profissionais
são capacitados para estimular práticas educativas
relacionadas ao cotidiano dos alunos e das comunidades.
É um legado sistematizado e institucionalizado, para as
regiões e municípios onde atuamos.
8 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
Instalações da Estação Conhecimento, em Tucumã.
Aluno de atletismo do Programa Brasil Vale Ouro,
Estação Conhecimento, em Tucumã.
Objetivo
Desenvolvimento das potencialidades
e competências das pessoas
de cada território e valorização dos
setores produtivos locais.
Focos de atuação
 Centro
educacional
 Apoio técnico permanente
 O rganização dos processos
de negócios
 Centro de referência tecnológica
 Centro de processamento e
comercialização
Entrevista
Como é o modelo de atuação da
Fundação Vale?
A Fundação Vale atua como articuladora,
procurando unir esforços do setor
privado, do governo e da sociedade
civil. Nosso objetivo é colaborar com o
desenvolvimento das pessoas e dos
territórios onde a Vale está presente, em
três frentes de atuação: infraestrutura,
para a melhoria de serviços básicos,
como, por exemplo, saneamento e
habitação, gestão pública, para
contribuir com os municípios numa
aplicação mais eficiente dos impostos
gerados pelas atividades da Vale, e
desenvolvimento humano e econômico,
onde trabalhamos, localmente, com as
Estações Conhecimento, que atuam
nas áreas de educação profissional,
cultura e esportes, e que contribuem
ainda com a economia local.
De que maneira a Fundação Vale
atua ao lado da Vale?
O foco da Fundação Vale e da Vale
é a dimensão territorial do
desenvolvimento sustentável.
Por isso, é muito importante se ter
uma visão de cada território, como um
médico que investiga um sintoma e
pede uma série de exames. No nosso
caso, temos as radiografias da
Sílvio Vaz
de Almeida
D i re tor - Pres i den t e da Fu ndaç ão Va l e
“Nosso objetivo é colaborar
com o desenvolvimento das
pessoas e dos territórios
onde a Vale está presente.”
educação, da saúde, demográfica e
econômica de cada região. Gosto
muito de fazer essa comparação. Há
uma realidade e queremos conhecê-la,
para isso servem os Diagnósticos
Socioeconômicos. A partir desse
conhecimento, elabora-se o Plano de
Porque ajuda a pensar além de sua
casa, como reduzir qualquer impacto
e deixar um saldo positivo nos
locais por onde se passa. Permite
também conhecer outras ações do
mesmo território, a curto, médio
e longo prazos: a região como um
todo, os empreendimentos, as
alianças estratégicas, os governos
locais, as políticas públicas. A minha
Gestão dos Investimentos Sociais (PGIS).
Como a Fundação Vale colabora
com o desenvolvimento das
pessoas, nesses territórios?
Conseguir melhorar a infraestrutura
de um local é um processo rápido,
“Conseguir melhorar a
infraestrutura de um local
é um processo rápido, mas
o desenvolvimento humano
leva até 20 anos.”
mas o desenvolvimento humano
leva até 20 anos. Queremos construir
“Trabalhamos, localmente,
com as Estações Conhecimento, que atuam nas áreas
de educação profissional,
cultura e esportes, e que
contribuem ainda com a
economia local.”
Por que a abordagem territorial é
importante para sustentabilidade
da Vale?
relacionamentos, com o dia a dia,
não apenas repassar recursos. Esse
processo de acompanhar a população
junto às Estações Conhecimento,
trazendo informação e qualificação
profissional, permite construir um
legado. Não é um processo de curto
prazo e, sim, de comprometimento.
responsabilidade ultrapassa o que eu
faço, pressupõe ainda a visão do que os
outros estão fazendo e de que forma
podemos somar esforços. A abordagem
territorial abrange também aspectos
para o desenvolvimento econômico da
região, como a necessidade de mãode-obra qualificada e a organização
local de setores produtivos.
FUNDAÇÃO VALE 9
Abordagem
Territorial
Diagnósticos Socioeconômicos
Como espaço de vida, sempre em movimento, cada um dos
territórios tem demandas presentes e futuras e também
potenciais a serem estimulados. Queremos agir escutando a
voz do território. Para cumprir com a nossa missão de contribuir
para o desenvolvimento das regiões onde estamos presentes,
a Fundação Vale realizou, em parceria com a empresa Diagonal
Urbana, os Diagnósticos Socioeconômicos, estudos que reúnem
informações de cada comunidade e que permitem identificar as
necessidades específicas de cada uma. Esses estudos servem de
base para a elaboração dos Planos de Gestão dos Investimentos
Sociais (PGIS), com foco nas áreas de atuação da Fundação Vale.
Fluxo de pessoas no deck de embarque do canal de Guarapari.
10 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
“O território é o chão e
mais a população, isto é,
uma identidade, o fato e o
sentimento de pertencer
àquilo que nos pertence.
O território é a base do
trabalho, da residência,
das trocas materiais e
espirituais da vida, sobre
os quais ele influi.”
Milton Santos, Por uma Nova Globalização, 2000.
Entrevista
“O primeiro passo é formar
uma equipe com profissionais
de diversas áreas de conhecimento, como, por exemplo,
Economia, Sociologia, Demografia, Urbanismo, Geografia e Direito. Depois, todos
os trabalhos existentes e informações disponíveis sobre
a região são levantados.”
Como são realizados os Diagnósticos
Socioeconômicos?
O primeiro passo é formar uma equipe
com profissionais de diversas áreas de
conhecimento, como, por exemplo,
Economia, Sociologia, Demografia,
Urbanismo, Geografia e Direito. Depois,
todos os trabalhos existentes e informações
disponíveis sobre a região são levantados.
As informações que faltam são, então,
pesquisadas e se inicia a análise dos
dados, por área e também de forma
integrada, isto é, entendendo como as
questões econômicas se relacionam com
as sociais e assim por diante. Finalmente,
são elaboradas projeções para o futuro
da região, que estimam o crescimento
da economia e da renda, quantos
habitantes virão, quais as tendências de
crescimento das cidades, as necessidades
de infraestrutura. Ao final, chega-se a uma
boa visão de presente e futuro do território,
oportunidades e desafios pela frente.
De que maneira a pesquisa de campo
enriquece os estudos?
A visita à região estudada permite o
conhecimento específico da realidade
local, que ainda não está registrada
em nenhuma pesquisa anterior. Cobre
Jaime Almeida
D i re tor de N eg ó c i os Va l e /A m b i en ta l
aspectos importantes como, por
exemplo, a infraestrutura das cidades, o
conhecimento das organizações sociais
e do ensino superior e profissionalizante.
Além disso, podemos registrar a história
verbal da ocupação dos territórios.
Capta-se também a visão da população
local sobre a sua realidade, já que são
realizadas entrevistas qualitativas com
diversas pessoas da comunidade –
lideranças comunitárias, empresariais e
sindicais, moradores antigos.
Quais os desafios encontrados na
realização dos Diagnósticos?
O primeiro desafio é o metodológico:
conseguir traduzir a realidade complexa e
multifacetada de um território, de maneira
abrangente e equilibrada, de modo a
oferecer à Fundação Vale e à sociedade
local um instrumento para o conhecimento
da realidade e o planejamento de ações.
Outro desafio metodológico é o de fazer
projeções para o futuro. Há também os
desafios práticos, como os de encontrar
“A visita à região estudada
permite o conhecimento
específico da realidade
local, que ainda não está
registrada em nenhuma
pesquisa anterior.”
“O primeiro desafio é o metodológico: conseguir traduzir a
realidade complexa e multifacetada de um território, de
maneira abrangente e equilibrada, de modo a oferecer à
Fundação Vale e à sociedade
local um instrumento para o
conhecimento da realidade e
o planejamento de ações.”
especialistas em diversos assuntos,
deslocá-los para as regiões, lidar com a
fragilidade de informações existente.
Qual é a importância de retornar o
conhecimento reunido nos Diagnósticos
Socioeconômicos para as comunidades?
O Diagnóstico é uma importante
contribuição da Vale para a região, uma
vez que é significativo o investimento para
reunir, em um só estudo, informações
e análises de especialistas, com grande
abrangência da realidade local. Tratase de um instrumento valioso para o
planejamento de investimentos sociais
e de políticas públicas. Ao realizar as
devolutivas, devolvendo à comunidade o
conhecimento obtido junto a ela própria,
a empresa não apenas divulga o resultado
do trabalho, mas se insere na discussão do
desenvolvimento sustentável da região.
FUNDAÇÃO VALE 11
Introdução ao
Diagnóstico
Socioeconômico
da Grande Vitória
Nesta publicação estão reunidos os principais
dados e resultados do Diagnóstico Socioeconômico
conduzido na Região Metropolitana da Grande
Vitória. O documento foi originalmente
produzido entre os anos de 2007 e 2008
e conta com cerca de 1.800 páginas.
Para facilitar o acesso a esse trabalho, buscamos
apresentar aqui, de uma maneira objetiva,
suas principais informações, em textos, mapas,
gráficos e tabelas, que nos permitem conhecer
melhor a realidade do território estudado.
Essa pesquisa tem como objetivo contribuir
com soluções para questões estruturantes da
região, promovendo o desenvolvimento local
e a redução das desigualdades sociais.
13
Entrevistas
Qual é a importância do Diagnóstico
Socioeconômico para o
desenvolvimento do Território
da Grande Vitória?
A Vale faz parte da história local,
com presença importante na Grande
Vitória, participando inclusive de
vários conselhos e fóruns que
discutem as questões das cidades.
Então, a preocupação em contribuir
para o desenvolvimento da região
é natural. Conhecer o território é
indispensável para o planejamento
dos investimentos sociais da empresa,
pois orienta nossas ações e traz
aderência às necessidades do local
onde a Vale está inserida. O estudo
que desenvolvemos apresenta o
contexto regional nas perspectivas
econômica, social, demográfica,
histórica e urbana, assim como as
identidades culturais. Reúne dados
de fontes secundárias da Região
Metropolitana, mas também fomos
a campo entrevistar lideranças,
presidentes de associações de
moradores, diretores ou participantes
de ONGs, vereadores e políticos, e
trouxemos informações sobre os
municípios e os bairros próximos às
instalações da Vale.
investimentos de acordo com as
reais necessidades do território. De
setembro a dezembro de 2008 nos
reunimos com os gerentes da Vale
para discutir a fundo e integrar nossas
ações para o desenvolvimento local.
Quais as principais questões do
território, levantadas pelo estudo,
que você destacaria?
Há várias situações de fragilidade,
mas nem todas são específicas
da Grande Vitória, são comuns às
grandes cidades do país. As redes de
assistência social em alguns bairros
pesquisados precisam ser fortalecidas,
principalmente no setor da infância e
adolescência, que é o mais vulnerável.
A questão da violência também é
um grande desafio na região, por
isso é fundamental incluir os jovens
e seus familiares em programas de
geração de renda e de educação
profissionalizante. A cultura é outro
setor importante, assim como questões
relativas ao desenvolvimento urbano,
que incluem infraestrutura de
saneamento, habitação e mobilidade,
por exemplo.
Como o Diagnóstico determina
as ações da Fundação Vale para
essa região?
Terminamos o estudo em 2008 e
passamos a fazer um trabalho interno
para criar o que chamamos de
Plano de Gestão dos Investimentos
Sociais (PGIS), que orienta nossos
14 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
É importante identificar atores locais
como parceiros para essas ações?
É fundamental. Contamos com o
apoio do Poder Público e de líderes
comunitários locais, além, é claro, dos
próprios funcionários da Vale, já que eles
mesmos são moradores da Grande Vitória.
As prefeituras são grandes parceiros, o
governo estadual e o próprio governo
federal, com programas voltados para
o desenvolvimento dos municípios,
como o Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC), o Programa Nacional
de Segurança Pública com Cidadania
(Pronasci) e o Minha Casa, Minha Vida,
por exemplo. Há ainda universidades,
institutos e agências de desenvolvimento
produzindo conhecimento e apontando
caminhos para a Região Metropolitana. E,
em esferas locais, existem as organizações
de bairro e as ambientalistas, que tratam
de questões relativas à qualidade da
água e do ar e à preservação de
vegetações remanescentes de mangue
e da Mata Atlântica. Enfim, são atores
locais que, assim como as empresas,
atuam no território da Grande Vitória
e podem contribuir para o seu
desenvolvimento de maneira cada vez
mais integrada e sustentável.
Andréia
Gama
Coordenadora do terr i tó r i o da G rande
V i tó r ia – Fu ndaç ão Vale
Eugênio
Fonseca
Coordenador- e xecu t ivo de R e l açõ es
Ins t i t uci onais – D epar ta m en to
de Pe lot iz aç ão – Vale
Qual é a importância da parceria
entre a Vale e a Fundação Vale, para
a realização do Diagnóstico
Socioeconômico?
A Fundação Vale foi muito
importante no processo porque tem
experiência no desenvolvimento
desse mesmo tipo de estudo, em
outras unidades operacionais da
Vale. O expertise da Fundação é a
questão social, nas regiões onde
a Vale atua. Essa sensibilidade
contribuiu de forma decisiva para
construirmos o Plano de Gestão dos
Investimentos Sociais (PGIS) da Vale
e para apoiar o desenvolvimento da
Grande Vitória.
De que forma o Plano de Gestão
dos Investimentos Sociais é
construído dentro da Vale?
A partir do Diagnóstico e da nossa
vivência, chamamos representantes
de diversas áreas da Vale que atuam
no Complexo de Tubarão e montamos
um grupo para elaborar o plano. A
percepção de cada um é diferente:
o engenheiro vê a situação de uma
forma, o técnico ambiental de outra.
Com a união de todos esses olhares
diferenciados, somados aos dados
do Diagnóstico, foi possível dar
início à construção de um plano
elaborado a várias mãos. Depois
fizemos uma releitura do plano com
as contribuições dos empregados
da Vale, e agora vamos para a
comunidade, para ouvir o que ela
considera importante também. Não
queremos que o PGIS seja só mais um
plano, mas que seja útil para todos,
que agregue qualidade de vida para a
população e para a própria Vale.
Sendo integrante da comunidade,
como você analisa o Território da
Grande Vitória?
desenvolvida, o setor ambiental já
tem ações implantadas, mas ainda
precisamos caminhar para ter mais
equilíbrio nesse campo. Segurança,
saúde, educação... Em todas as áreas
é necessário agir. Mas o que a Vale
deve fazer? A grande discussão que
estamos conduzindo é sobre o que
é papel do Estado, o que é papel da
Vale e o que cabe aos outros atores
que compõem a sociedade. Temos
que ser criativos e ponderar onde
investir e como.
Qual é o principal ganho que a
região pode esperar, a partir de
agora?
Uma mudança na forma como a
Vale se relaciona com a comunidade
e o Poder Público locais. Estamos
inaugurando uma nova fase, mais
madura: de ouvir mais e estar mais
perto. O Diagnóstico foi muito
profundo, é uma oportunidade de
consolidar nossas relações sociais.
Elas são estáveis, mas há pontos que
precisam ser aperfeiçoados. Nossas
ações agora precisam ser objetivas,
não podemos perder tempo com
ações que não sejam de interesse
local. O objetivo é inserir, de fato,
a Vale na vida da comunidade.
Queremos ser um bom vizinho.
A Grande Vitória tem os desequilíbrios
de toda grande metrópole brasileira.
Estamos falando de uma região
muito urbanizada, com 1 milhão e
700 mil habitantes, a capital de um
estado e as cidades à sua volta. Várias
áreas têm gargalos: a infraestrutura
e o transporte precisam melhorar,
a área da cultura pode ser mais
FUNDAÇÃO VALE 15
O Território
Estudado
16 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
Contexto histórico
Quando os portugueses chegaram nessa região havia não
apenas um povo indígena, mas dois grupos de troncos étnicos
diferentes: o Tupi e o Macro-Jê. No litoral, os Tupis ou Tupinambás
eram agricultores, e não tardaram a se entender e a colaborar
com os brancos. Já os índios Jês, chamados de “botocudos” pelos
portugueses (devido aos grandes botoques que adornavam suas
orelhas e lábios), eram caçadores e extrativistas seminômades, que
resistiram à ocupação – os combates com o colonizador quase os
levaram à completa extinção.
Aos portugueses e indígenas juntaram-se os negros, que
formaram numerosos quilombos e, a partir do século XIX, houve
uma sucessão de levas migratórias. Fosse para trabalhar na
construção de estradas de ferro, ou em projetos de colonização
agrícola, diversos grupos ajudaram a compor o mosaico humano
do Espírito Santo: italianos, pomeranos, açorianos, poloneses,
alemães, suíços, tiroleses, belgas, holandeses, japoneses.
Antiga estação Pedro Nolasco, onde atualmente se encontra o Museu Vale.
Ocupação do território
Emancipada do governo da Bahia em 1810, a província tornou-se
Sítios arqueológicos comprovam que a ocupação humana na
vez com colonos imigrantes. A consolidação do ciclo do café
atual Região Metropolitana da Grande Vitória iniciou-se há mais de
elevou o Espírito Santo a terceiro maior exportador brasileiro do
4 mil anos. Eram grupos de pescadores e extrativistas litorâneos..
produto. Datam de 1876 os primeiros estudos para a construção
alvo de uma nova política de povoamento e interiorização, dessa
da Ferrovia Vitória a Minas, que visava transportar matérias-primas
O colonizador português, ao chegar no início do século XVI e
de e para a região de Diamantina (MG). As obras se completariam
fundar Vila Velha, deparou-se com uma área bastante povoada
nos primeiros anos do século XX.
por indígenas. Para se defender dos ataques dos botocudos,
transferiram o aldeamento para uma ilha, onde nasceria a futura
A crise de 1929 atingiu a economia capixaba, levando a um
capital capixaba, Vitória.
forte êxodo rural rumo à capital, que aumentou nas décadas
seguintes, especialmente a partir dos anos 1960, com a instalação
Ao longo da história, a região acompanhou os principais
de importantes empreendimentos industriais em Vitória e nos
processos econômicos do país. Houve plantio de cana-de-açúcar
municípios de seu entorno. Os chamados grandes investimentos,
e o estabelecimento de engenhos movidos pelo braço escravo.
realizados, sobretudo, a partir do final da década de 1960 e nos
1970, que incluem a instalação do complexo portuário e de
pelotização de ferro de Tubarão e da Companhia Siderúrgica de
Tubarão, modificaram o perfil econômico do estado como um
todo, fazendo da Grande Vitória o ponto de convergência de uma
economia em franca expansão.
FUNDAÇÃO VALE 17
Como o Território
foi Estudado?
F u n dã o
Para fins de estudo, foram adotados três recortes territoriais neste
Diagnóstico:
1. a Região Metropolitana da Grande
Vitória, constituída pelos municípios
de Viana, Fundão, Guarapari, Vitória,
Vila Velha, Cariacica e Serra,
Serra
2. a Grande Vitória, compreendendo as
quatro últimas cidades, que delimitam
a área principal do estudo, e
3. os bairros vizinhos aos
empreendimentos da Vale.
O levantamento de dados, para o
Diagnóstico Socioeconômico da
Região Metropolitana da Grande Vitória,
foi realizado em 2007 e levou seis meses
para ser finalizado. Um trabalho de
campo, para recolher depoimentos de
moradores e outros dados na própria
região, foi uma das partes mais
importantes do estudo.
C a r i ac i c a
Viana
Vila Velha
Gua r a pa r i
Região Metropolitana da Grande Vitória
F o n t e : I B GE – C a r t a I n t e r n a c i o n a l a o M i l i o n é s i m o , 2 0 0 4 .
SEd e s m u n i ci pa i s
G r a n d e V i tó r i a
D e m a i s m u n i cí pi os da R e g ião M e t r o p o l i ta n a
da G r a n d e V i tó r i a
Vitória
A empresa Diagonal Urbana foi a principal parceira da
Fundação Vale nesse projeto, que contou com profissionais
de diferentes formações e a colaboração de prefeituras e
outras instituições privadas e públicas nos sete municípios.
Consultas a pesquisas de outros órgãos, como, por
exemplo, dados coletados pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), em anos anteriores, serviram
também de referência para as análises do estudo.
Serra
c ariacic a
Bairros Vizinhos aos Empreendimentos da Vale
na Grande Vitória
Vitória
F o n t e : D i a g o n a l U r b a n a , 2 0 07.
Ba i rros V i z i nhos
ao Co m pl e xo d e Tuba r ão
à E s t r a da d e Fer r o V i tó r ia a M i n a s (E F V M)
à Fer r ov i A Cen t r o -At l â n t i c a (FCA )
Vila velha
sed e s m u n i ci pa i s
co m pl e xo d e t uba r ão
E s t r a da d e fer r o v i tó r ia
A m i n a s (E F V M)
ferrovia centro -atlântica (FCA)
O que são as
dimensões dos
Diagnósticos
Socioeconômicos?
As dimensões dos Diagnósticos são
as diferentes maneiras de se olhar o
território, de acordo com os aspectos
da região que serão considerados.
Por exemplo, aqui, aspectos históricos
e culturais, demográficos, econômicos,
urbano-ambientais e sociais da região
estudada correspondem a cada uma
dessas dimensões.
Proteção social,
saúde, educação e
segurança pública.
Distribuição,
crescimento e
movimentos
da população.
Dimensão
Demográfica
Dimensão
Social
Dimensão
HistóricoCultural
Dimensão
Econômica
Dimensão
UrbanoAmbiental
Herança e
preservação dos
bens materiais
e imateriais.
Produção, balança
comercial, mercado
de trabalho
e contas públicas.
Expansão e
infraestrutura
urbanas, recursos
naturais e
preservação
ambiental.
FUNDAÇÃO VALE 19
Dimensão
HistóricoCultural
Herança e preservação
dos bens materiais e imateriais
A proteção do patrimônio histórico e cultural
é de importância reconhecida pelo seu
valor para a preservação da memória das
sociedades. Na Região Metropolitana da
Grande Vitória, a política de proteção do
patrimônio revela não apenas a riqueza dessas
heranças, mas principalmente a forma como o
poder público as identifica e prioriza.
Patrimônio material
Embora seja constituído principalmente por edificações,
ou seja, bens visíveis e palpáveis, o chamado patrimônio
material revela mais do que apenas as informações
arquitetônicas da época em que foi construído. Ajuda
também a compreender o ambiente sociocultural da região,
tanto no passado quanto no presente.
Patrimônio Material – Distribuição dos Bens Tombados
Fonte: IPHAN/SEC , 20 07
Religioso:
igrejas, capelas,
conventos.
O patrimônio material protegido,
que se identificou na região, foi
classificado em diferentes categorias:
17%
13%
Artístico:
imagens,
esculturas,
estátuas,
monumentos.
6%
63%
Vitória (30)
9%
Viana (4)
Vila Velha (5)
Cariacica (0)
Fundão (1)
Serra (4)
Vitória e os municípios da Região Metropolitana
têm, juntos, 47 bens materiais tombados por órgãos
de proteção estaduais e federais. A capital concentra
cerca de dois terços deles.
2% 6% 0% 11%
Guarapari (3)
9%
Institucional:
sedes de órgãos e
instituições públicas.
30%
19%
Civil:
residências,
hotéis, fazendas,
clubes privados.
15%
Estrutural: obras
de engenharia,
como pontes e
estações de trem.
Natural:
formações naturais,
ecossistemas (este
item será objeto de
análises somente na
Dimensão UrbanoAmbiental).
Categorias do Patrimônio Material e Respectivas
Percentagens em Relação ao Total de Tombamentos, na
Região Metropolitana da Grande Vitória
Fontes: IPHAN , 20 07; CEC , 20 07.
As construções religiosas representam a quase totalidade
dos tombamentos federais. Apenas duas edificações
protegidas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (IPHAN), ambas em Vitória, não são eclesiásticas.
Já a lista de imóveis tombados pelo órgão estadual é mais
diversificada. Há várias edificações civis – como palácios,
instituições educacionais, teatros e mercado – e exemplos
de arquitetura residencial (duas sedes de fazenda, uma
residência urbana e um hotel).
22 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
Ponte Florentino Ávidos, em Vitória.
Na categoria estrutural, merecem destaque as obras de
engenharia de transporte: as pontes Florentino Ávidos
e do Príncipe (conhecida como Ponte Seca), e a Estação
Ferroviária Pedro Nolasco, que hoje abriga o Museu Vale.
Períodos Enfatizados pelos Tombamentos
Fontes: IPHAN , 20 07; CEC , 20 07.
B en s
to m ba d os
Critérios para tombamento
10
O conjunto de igrejas tombadas pelo IPHAN inclui
edificações jesuíticas – construídas entre os séculos XVI
e início do XVII em aldeias de catequização indígena –
e construções particulares, mantidas pelos senhores
de engenho.
9
O órgão estadual, por sua vez, privilegiou imóveis ligados
ao ciclo do café, entre fins do século XIX e a década de
1950. O interessante é que esse critério de preservação
atua de forma suplementar aos tombamentos federais, já
que esses não incluem nenhum bem do século XIX. Não
há bens tombados correspondentes às décadas de 1960 e
posteriores. O bem mais recente tombado data de 1953: o
Radium Hotel, em Guarapari.
4
8
7
6
5
3
2
1
n.i.
1960...
1941 - 1960
1921 - 1940
1901 - 1920
Séc. XIX
Séc. XVIII
Séc. XVII
Séc. XVI
0
ano de
co n s t r ução
FUNDAÇÃO VALE 23
Patrimônio imaterial
A partir do ano 2000, o Brasil institucionalizou o conceito de
patrimônio imaterial, que permite identificar, reconhecer,
salvaguardar e promover expressões culturais diversas.
A arte de fazer panelas
O Ofício das Paneleiras foi o primeiro bem imaterial a
conquistar o registro de patrimônio junto ao IPHAN. A
atividade, presente no distrito de Goiabeiras Velha, resistiu à
modernização e ao crescimento da cidade.
Estudos em sítios arqueológicos comprovaram que
essa técnica de criar panelas de barro tem origem
indígena (provavelmente das etnias Tupi-guarani e Uma).
Caracteriza-se pela modelagem manual das peças à base
de argila, queima a céu aberto e pintura em tanino. A
fabricação artesanal das panelas de barro é uma atividade
eminentemente feminina, um saber repassado de mãe para
filha através das gerações.
As panelas de Goiabeiras são o melhor suporte para a
elaboração da moqueca capixaba – referência obrigatória
da culinária local. “Peixe e marisco têm que ser na panela
de barro”, costumam dizer as Paneleiras. A tradicional torta
capixaba, consumida na Semana Santa, é outra razão para a
continuidade histórica da fabricação das panelas de barro.
De utensílios domésticos, as panelas passaram à
categoria de ícone da identidade cultural do estado. E,
progressivamente, as Paneleiras de Goiabeiras Velha têm
se apropriado desse significado, atraindo a atuação de
entidades públicas e privadas e se organizando cada vez
mais em defesa de sua atividade. Assim nasceu a Associação
das Paneleiras de Goiabeiras (APG).
Da parte do IPHAN, um Plano de Salvaguarda visa garantir
a sustentabilidade dessa produção, o que inclui: melhoria
da infraestrutura de trabalho, incentivo à organização
das ceramistas e à comercialização direta dos produtos e
adequação à preservação ambiental (com restrições à extração
de matéria-prima no mangue e no Vale do Mulembá).
A arte de bater tambor
Uma das manifestações culturais capixabas que mais tem
conquistado visibilidade é o congo. Fruto de tradições
negras e indígenas devotadas a São Benedito, ele continua
mobilizando grupos em vários municípios.
Panelas de barro produzidas pelas paneleiras de Goiabeiras Velha,
bairro de Vitória.
Crianças da Escola Francisco Lacerda de Aguiar, na Ilha das Caieiras, se divertem
com os instrumentos produzidos pelo projeto Vale Música/Congo na Escola.
24 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
O Congo na Região
Metropolitana da
Grande Vitória
Serra Sede, Nova Almeida – Serra conta
com a mais ativa organização de congueiros:
a Associação de Bandas de Congo (ABC).
Os grupos estão nos bairros de presença
negra histórica, como a sede municipal e a
antiga aldeia de Reis Magos, no distrito de
Nova Almeida, além de Queimado, palco
de conhecida revolta de escravos em 1849.
O Congo de Nova Almeida é objeto de um
Inventário Nacional de Referências Culturais
(INRC) feito pelo IPHAN.
Fo n te: D i a g o n a l U r b a n a , 20 07. B a s e C a r to g r á f i c a: I B GE , 20 0 4
1
sa n ta m a r ta
2
n ova a l m e i daba
r r a d o j u cu
4
3
r o da d ’ág ua
SEd e s m u n i ci pa i s
G r a n d e V i tó r i a
D e m a i s m u n i cí pi os da R e g ião
M e t r o p o l i ta n a da G r a n d e V i tó r i a
F u n dã o
2
Congo de Máscaras
(Roda D’Água) – A Roda
D’Água, única banda no
estado a ter um Congo
de Máscaras, é uma
comunidade remanescente
de quilombo em Cariacica.
Serra
C a r i ac i c a
Vitória
1
3
4
Viana
Vila Velha
Gua r a pa r i
Goiabeiras, Caieiras – Em Vitória, a mais
tradicional banda de congo em atividade,
a Amores da Lua, originou-se no bairro
de Mulembá (atual Santa Marta), em 1945.
Por iniciativa de instituições culturais
atuantes na cidade, foram fundadas
bandas de congo ligadas a escolas
públicas, como a Banda de Congo Mirim
da Ilha, de Caieiras, e a Banda de Congo
Mirim Estrelinha, também em
Santa Marta. Merece destaque, por fim,
a Banda de Congo Panela de Barro,
ligada às paneleiras de Goiabeiras.
Barra do Jucu – Em Vila Velha
há quatro bandas de congo,
todas na Barra do Jucu,
pequeno balneário a 15
quilômetros do centro. Antiga
vila de pescadores, guarda até
hoje as características de vila.
FUNDAÇÃO VALE 25
26 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
Dimensão
Demográfica
Distribuição, crescimento
e movimentos da população
Depois de décadas de crescimento das áreas
urbanas, o aumento populacional começa a
se estabilizar em níveis reduzidos em toda
a Região Metropolitana da Grande Vitória.
Persiste, no entanto, uma intensa mobilidade
entre os moradores dos diferentes municípios,
que se deslocam diariamente entre seus locais
de residência e de trabalho. Se, por um lado,
isso indica a forte integração econômica
da região, por outro revela a distribuição
desigual das ofertas de emprego, assim como a
considerável diferença no preço da terra e das
moradias, de município para município.
FUNDAÇÃO VALE 27
Densidade Populacional (Hab/Ha)
Fonte: IBGE – Censo D emo gr áf ico, 20 0 0.
0 -5
31- 45
76 - 95
6 -15
46-60
9 6 -121
16 -3 0
61-75
s e d e s m u n i ci pa i s
comple xo d e t ubar ão
E s t r ada d e fer r o v i tó r ia a m ina s (EF VM)
fe r r ov i a ce n t r o -at l â n t i c a (FCA )
Serra
por tos
1
p o r to d e t uba r ão
2
P o r to d e pr a i a m o l e
3
p o r to d e v i tó r i a
C a r i ac i c a
Vitória
3
Viana
Vila Velha
28 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
1
2
Densidade populacional
A Região Metropolitana da Grande Vitória concentra cerca
de 48% da população do Espírito Santo. Em 2006, eram
1.661.626 habitantes. Dos dez municípios mais populosos do
estado, cinco fazem parte dessa região.
População, Área e Densidade da Área de Estudo
Fonte: IBGE /Cidades – M alhas Digit ais , 20 05
Novas construções sobressaem em Vitória.
População 2006
Área (Km 2 )
Densidade
(Hab/Km 2 )
V itória
317.0 85
93
3.410
V ila Ve lha
4 05. 374
209
1.9 4 0
S e rra
39 4. 370
553
713
Cariacic a
361.058
280
1. 289
15.0 82
280
54
10 8.120
592
183
6 0.537
312
155
1. 6 61. 626
2 . 319
717
Região Metropolitana
da Grande Vitória
Fundão
G uarap ari
V iana
Total Geral
Cena urbana em Vitória: área pequena,
com alta densidade populacional.
Região Metropolitana da Grande Vitória: População Total – 1970/2006
Concentração urbana
Fonte: IBGE – Censo D emo gr áf ico, 20 0 0.
(*) E s timativa de p op ulaç ão p ar a o TCU.
450.000
20 0 6*
400.000
20 0 0
350.000
19 91
19 8 0
300.000
1970
250.000
200.000
150.000
100.000
50.000
Fundão
Viana
Guarapari
Vitória
Cariacica
Serra
0
Vila Velha
No último meio século, a dinâmica
populacional capixaba foi
profundamente alterada. Basta
dizer que em 1950 apenas 20% dos
moradores viviam em área urbana,
e em 2000 esse índice ultrapassaria
os 90% em todos os municípios da
Região Metropolitana da Grande
Vitória, com exceção de Fundão (83%).
FUNDAÇÃO VALE 29
Taxas de crescimento da
população e projeções
Todos os municípios tiveram crescimento
intenso a partir da década de 1970, com
destaque para Serra, com 16,9% de
acréscimo populacional ao ano.
Vitória e Vila Velha alcançaram um grau
de urbanização próximo a 100% ainda nos
anos 1970. Por isso, entre 1980 e 1991, o
crescimento concentrou-se nos municípios
periféricos, mais distantes do núcleo
produtivo das grandes indústrias. Nesse
período, Serra, Viana e Guarapari tiveram
taxas de crescimento superiores às dos
outros municípios.
Taxas de Crescimento da População e Projeções
Fonte: IBGE – Censo D emo gr áf ico, 20 0 0.
(*) E s timativa de p op ulaç ão p ar a o TCU.
18,0%
B r a si l
16,0%
C a r iaci c a
E spí r i to Sa n to
Fu n dão
Gua r a pa r i
14,0%
Ser r a
V ia n a
12,0%
Vila Velha
V i tó r ia
10,0%
8,0%
6,0%
4,0%
2,0%
0,0%
1970 - 1980
A ocupação urbana de Vila Velha se integra à de Cariacica, ao fundo.
30 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
1980 - 1991
1991 - 2000
2000 - 2006*
Entre 2000 e 2006, Serra e Guarapari apresentam taxas
de crescimento acima da média dos outros municípios.
Mas a tendência geral é de declínio e convergência do
crescimento populacional para níveis inferiores a 3,5% ao
ano. Isso reflete as mudanças no padrão de fecundidade
brasileiro, mas principalmente a diminuição das migrações
para municípios da Região Metropolitana.
Os resultados de projeções até 2013 mostram que o núcleo
metropolitano – representado pelos municípios de Vitória,
Vila Velha, Serra e Cariacica – permanece como a área mais
dinâmica em termos populacionais.
A exceção é Vitória, cuja taxa de crescimento mantém-se
em declínio ao longo do período. O motivo é a intensa
migração intrametropolitana, que provocou o deslocamento
da população de Vitória para os municípios de seu entorno,
especialmente Serra e Vila Velha.
Moradores na Praça dos Diamantes, bairro Diamantina, em Serra.
Resultado das Projeções
Fonte: IBGE – Censo D emo gr áf ico, 20 0 0. Elab or aç ão das Proje çõ es Pop ulacionais: Diagonal Urb ana, 20 07.
2008
Município
2013
Mínima
Média
Máxima
Mínima
Média
Máxima
360. 8 41
36 6.792
372.742
382.395
392.652
4 02.9 09
Fundão
14.143
15.0 49
15.955
14. 821
16.362
17.9 02
G uarap ari
97. 816
10 4.012
110. 207
103. 291
113.614
123.937
S e rra
360.732
385. 20 0
4 09.6 68
38 4.328
425.798
4 67. 268
V iana
59.631
62.682
65.732
63.36 6
68.473
73.579
V ila Ve lha
381.397
4 0 4.737
428.077
4 01.601
4 4 0.937
4 80. 272
V itória
321. 837
321. 837
321. 837
337.531
337.531
337.531
1.424. 807
1.478.56 6
1.532.324
1.505. 855
1.596.918
1.687.980
171.59 0
181.742
191. 89 4
181.478
198.4 4 8
215.418
1.596.397
1.6 60.308
1.724. 218
1.687.333
1.795.36 6
1.9 03.398
Cariacic a
G rande V itória
D e mais Municípios da Re gião
M e trop olit ana da G rande V itória
Re gião M e trop olit ana
da G rande V itória
FUNDAÇÃO VALE 31
Movimento pendular
Fundão
Uma forma de movimento populacional que
vem ganhando crescente importância nas regiões
metropolitanas brasileiras é o deslocamento
pendular. Trata-se da movimentação de pessoas
que se dirigem a outro município para
trabalhar e retornam às suas residências no final
de cada jornada.
Movimento Pendular
– Origem e Destino
Fonte: IBGE – Censo Demográfico, 2000.
sed e s m u n i ci pa IS
Ser r a
sa í da
en t r a da
Na Região Metropolitana da Grande Vitória, cerca
de 130 mil pessoas fazem esse deslocamento
todos os dias. Há intensos movimentos entre os
municípios, envolvendo especialmente os centrais:
Vitória e, em menor medida, Vila Velha. Em 2000, a
capital recebia diariamente cerca de 86 mil pessoas,
enviando pouco mais de 10 mil.
c ar iaci c a
V iana
V il a V elha
Todos os outros municípios enviam mais
trabalhadores do que recebem, ficando com saldos
negativos. As trocas entre os municípios não
centrais refletem a variação do preço da terra, que
impede parte da população de morar próximo a
seu local de trabalho.
VItória
Guar apar i
10. 388
86.720
Proporção da PEA Ocupada que Realiza Deslocamento
Pendular, Região Metropolitana da Grande Vitória – 2000
Fonte: IBGE – Censo D emo gr áf ico, 20 0 0.
PEA ocupada total
% PEA ocupada pendular com
deslocamento intrametropolitano
261.717
18
Fundão
10.6 4 6
5
G uarap ari
71.725
1
Serra
256. 326
13
V iana
43.169
20
V ila Ve lha
288.079
12
V itória
247.4 0 4
4
Município
Cariacic a
32 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
O deslocamento pendular é uma alternativa à migração
e serve como indicador do grau de integração que
existe entre os municípios metropolitanos. Prova disso
é a elevada proporção da População Economicamente
Ativa (PEA) que se desloca diariamente a partir de Viana,
Cariacica, Serra e Vila Velha.
O fenômeno revela também a forte concentração de
oportunidades de trabalho na capital, Vitória.
Fundão
Fundão
Fundão
Ser r a
Ser r a
c ar iaci c a
c ar iaci c a
V i tó r ia
V iana
V i tó r ia
V iana
V il a V elha
guar apar i
V i tó r ia
V iana
V il a V elha
guar apar i
guar apar i
cariacica
Serra
Vil a Velha
4 6.689
33.6 45
33.780
9. 232
15. 873
21.6 43
O f luxo pendular provoca trânsito na Segunda Ponte, entre Vitória e Cariacica.
FUNDAÇÃO VALE 33
34 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
Dimensão
Econômica
Produção, balança comercial,
mercado de trabalho e contas
públicas
Como se sabe, o Brasil viveu, desde a década
de 1980 até recentemente, um crescimento
econômico abaixo do experimentado nas
décadas do pós-Segunda Guerra Mundial.
Enquanto entre 1947 e 1980 o PIB cresceu, em
média, 7,1% ao ano, entre 1981 e 2006 a média
ficou bem abaixo: 2,2% ao ano.
Mas esse quadro de modesto crescimento não
é uniforme em todo o país. Polos e subpolos
de desenvolvimento em várias regiões têm se
estabelecido ao longo dos anos – boa parte
deles influenciados por tendências favoráveis
às exportações.
O Espírito Santo é um desses espaços de
crescimento. Desde os anos 1990, esteve
sempre à frente das médias nacionais.
FUNDAÇÃO VALE 35
A riqueza do
Espírito Santo: PIB
O estado do Espírito Santo tem uma posição singular.
É o menos populoso do Sudeste (3,5 milhões de habitantes,
contra 19,5 milhões de Minas Gerais em 2006), e o segundo
menor em território. Sua economia respondeu por 3,92% do
PIB da Região Sudeste – ou cerca de 2,23% do nacional, no
ano de 2006. Mas, por outro lado, pertence ao núcleo mais
forte e dinâmico da economia brasileira, capitaneado pelo
estado de São Paulo.
Com posição geográfica estratégica, o Espírito Santo vem
se beneficiando de uma industrialização impulsionada
por grandes investimentos, desde o final dos anos 1960.
E também por investimentos recentes nas áreas de
petróleo, minério de ferro e logística. O comércio externo
é o principal estímulo a esse crescimento. Já a Região
Metropolitana da Grande Vitória pode ser considerada um
polo de crescimento no estado, estimulado fortemente pela
produção industrial.
Por to de Vitória visto do Palácio Anchieta, sede do governo.
36 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
A produção da Vale, em 2005, representava 17,4% do valor
bruto da produção da Grande Vitória.
Diferenças entre os municípios estudados
A partir da análise do PIB per capita, de 2004, percebe-se
que existem diferenças relevantes entre as médias dos
municípios que compõem a Grande Vitória, revelando a
importância de Vitória e Serra – cidades que concentram
grandes investimentos industriais e respondem por 71%
do PIB e 42,8% da população. Logo, esses municípios têm
maior peso na geração do produto, embora menor peso
na população. Tal fato tem maior importância no caso de
Vitória, que concentra 40% do produto e menos de 20%
da população da região.
Essa constatação sobre diferenças do PIB per capita
entre municípios pode ser observada pela evolução do
desvio padrão dessa variável, conforme gráfico ao lado,
em termos intermunicipais. A tendência global é de
aumento das disparidades.
Índice de Crescimento do PIB – 1999/2006
Fonte: IBGE – PIB Municip al, 20 07. Elab or aç ão: CEPL AN , 20 07.
175
163,3
165
157,4
159,4
155
151,3
142,7
145
134,4
138,2
135
128,7
123,3
125
117
108
113
107,9
115,3
E spí r i to Sa n to
114,1
G r a n d e V i tó r ia
105
Su d e s t e
104,3
105,7
103,8
100
95
116,4
113,6
115
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
Municípios da Grande Vitória: Desvio Padrão do PIB Per Capita – 1999/2004 (R$)
Fonte: IBGE – PIB Municip al, 20 07. Elab or aç ão: CEPL AN , 20 07
9.000
8.774,52
8.800
8.600
8.400
8.196,49
8.200
8.000
7.888,48
7.800
7.600
7.744,05
7.678,14
7.596,13
7.400
7.200
1999
2000
2001
2002
2003
2004
FUNDAÇÃO VALE 37
Crescimento industrial
A indústria capixaba cresceu 82% entre 1985 e 2004,
um incremento muito superior ao do Brasil (44%) e do
Sudeste (28%). E, quando se fala em indústria capixaba,
deve-se entender Região Metropolitana da Grande Vitória,
localidade que reúne grandes empreendimentos.
A distribuição da economia local por setores produtivos não
deixa dúvidas: a indústria (ou setor secundário) é a principal
alavanca da geração de riquezas. Acompanhando-a, em
uma situação altamente urbanizada, não poderia faltar
um forte setor de serviços, privados e públicos (conhecido
como setor terciário) que, conjuntamente com o secundário,
respondeu por 99,8% do produto metropolitano.
Estrada de Ferro Vitória a Minas: trem da Vale transpor ta bobinas de aço, no
município de Serra.
A análise do valor adicionado em cada setor comprova
esse perfil. O termo se refere ao valor adicional que
adquirem bens e serviços ao serem transformados
durante o processo produtivo até o produto final. Esse
valor adquirido é relativo aos custos de fatores obtidos na
transformação de insumos (matérias-primas, serviços ou
bens intermediários) em bens finais.
Brasil, Sudeste e Espírito Santo: Índice de Crescimento do PIB Industrial (1985 = 100)
Fonte: IPEADATA , 20 05. Elab or aç ão: CEPL AN , 20 07
180,0
160,0
140,0
120,0
100,0
B r a si l
Su d e s t e
E spí r i to Sa n to
80,0
1985
1986
1987
1988
1985
1989
1990
1991
38 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
Carregamento de minério no Por to de Tubarão.
A participação da indústria na economia local
não para de crescer. Entre 1999 e 2004, o valor
adicionado da indústria passou de 41,3% para 47,6%.
Em consequência, caiu a importância proporcional
do setor de serviços, de 58,2% para 52,2%.
Participação no Valor Adicionado por Setores – 2004
(Total = 100%)
Fonte: IBGE – PIB Municip al, 20 05. Elab or aç ão: CEPL AN , 20 07.
Valor adicionado (%)
Especificação
Interessante também constatar o papel do setor
público nessa dinâmica econômica. Nos municípios
em que segmentos da economia privada têm
maior peso – indústria, logística e serviços –, a
administração pública participa menos do setor
terciário. Em Vitória, a economia mobilizada pelos
serviços públicos representa 13,5% do total dos
serviços. Nos municípios menos industrializados –
e, portanto, com economias menos dinâmicas –
a presença do setor público ronda os 40% de todo
o setor terciário. É o caso de Viana, Guarapari,
Fundão e Cariacica.
Agropecuária
Indústria
Serviços
E spírito S anto
5,0
4 4,0
51,0
Região Metropolitana
da Grande Vitória
0, 2
47, 6
52, 2
Cariacic a
0,3
41,3
58,4
Fundão
6,0
55,9
38,1
G uarapari
2,9
23,4
73,7
Serra
0,1
6 4,1
35, 8
V iana
2,1
55,0
43,0
V ila Ve lha
0,1
39, 6
60,3
V itória
0,0
38,9
61,1
FUNDAÇÃO VALE 39
Metais e papel
Exploração de petróleo
A indústria capixaba concentra-se em poucos segmentos de
produção. Apenas três tipos de atividades correspondem a
cerca de 66% do Valor Bruto da Produção industrial (VBP).
São elas: extração de minérios, metalurgia e celulose e papel
Embora os dados de 2005 mostrem que as atividades
ligadas ao setor petrolífero não chegavam a 5% do Valor
Bruto da Produção capixaba, tudo indica que esse segmento
experimentará forte crescimento nos próximos anos.
A indústria extrativa de minerais metálicos – o que inclui
atividades de beneficiamento, como moagem, trituração,
classificação, concentração, pelotização, sintetização etc. –
respondia por 29,8% do VBP em 2005. A metalurgia básica,
por sua vez, atendia por 27,1% da produção.
Informações sobre investimentos previstos para o Espírito
Santo, no período de 2006 a 2011, contidas em relatório do
Governo do Estado publicado em 2007, calculam que os
segmentos de extração e refino de petróleo, fabricação de
coque e outros combustíveis devem receber aportes de
cerca de R$18 bilhões. Isso representa 36,2% do total dos
investimentos previstos para o período.
Portanto, esses dois gêneros – com óbvias interligações –
geram quase 60% do VBP industrial do estado. Somando-se
a eles o segmento de fabricação de celulose e papel, tem-se
quase 66% do valor produzido pela indústria capixaba.
Em cerca de uma década (1996-2005), o crescimento médio
anual da extração de minerais metálicos e da metalurgia básica
ficou no patamar de 20%, extremamente elevado, considerado
o perfil da economia brasileira no mesmo período.
Valor Bruto da Produção Industrial no Espírito Santo – 2005
Fonte: IBGE – PIB Municip al, 20 05. Elab or aç ão: CEPL AN , 20 07.
(*) A s ativ idades de b en e f iciam ento asso ciadas ou em continuaç ão à e x tr aç ão (mo agem,
tritur aç ão, classif ic aç ão, concentr aç ão, p e lotiz aç ão, sinte tiz aç ão e tc .) t amb ém entr am na
CNAE como “ E x tr aç ão de M in er ais M e t álicos”.
A título de comparação, a extração de minerais metálicos
e a metalurgia básica, segmentos mais fortes da economia,
devem atrair, juntos, R$11,3 bilhões (ou 18,7% do total).
O investimento tem razão de ser. Nos últimos dez anos,
o estado esteve presente em 40% das notificações de
descobertas de óleo e gás no país, em particular no Polo de
Linhares. Prevê-se uma produção de 500 mil barris por dia
de petróleo e de 14 milhões de metros cúbicos de gás até
2014. Exploração que gera dividendos: em 2006, o estado
arrecadou R$200 milhões em royalties.
Vocação exportadora
Especificação
Total
2005 (%)
Taxa Anual de
Cresc. Real (% a.a.)
1996/2005
10 0,0
17,1
Indústrias ex trativas
36,7
22,1
E x tração de minerais metálicos *
29, 8
20, 8
E x tração de petróleo e ser viços
relacionados
4, 8
—
Outras indústrias ex trativas
2,0
—
Indústrias de transformação
63,3
15,0
Metalurgia básica
27,1
20,0
Fabricação de celulose, papel
e produtos de papel
9,1
14,3
Fabricação de produtos alimentícios
e bebidas
7,4
5,5
Fabricação de produtos
de minerais não metálicos
6,4
15,7
13,3
—
Outras indústrias de transformação
40 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
É inequívoca a importância do comércio exterior para
a economia brasileira e, nos últimos anos, a demanda
internacional por commodities agrícolas e industriais tem
sido extremamente favorável ao país.*
Nesse contexto, o Espírito Santo desempenha papel de
relevo – particularmente pela presença de atividades
capitaneadas por grandes empresas industriais. O
estado é o sétimo maior exportador do país e o sexto
maior importador. Desde 2002, as exportações mantêm
crescimento superior ao das compras internacionais, o que
garante, ano a ano, um saldo comercial positivo.
(*) Cabe lembrar que essa análise foi realizada antes de setembro de 20 08,
por tanto antes do novo cenário econômico atual se estabelecer.
Balança Comercial do Espírito Santo – 1997-2006
Fonte: M inis tério do D es envo lv im ento, Indús tria e Com ércio E x terior/SECEX , 20 07. Elab or aç ão: CEPL AN , 20 07.
8.000
7.000
6.722
6.000
5.593
5.000
4.287
3.535
3.469
3.000
2.620
2.791
2.450
2.409
2.000
2.547
4.896
4.089
4.056
4.000
2.447
2.508
2.429
3.011
2.597
2.157
2.020
E x p o r tação
I m p o r tação
1.000
0
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
Exportações do Espírito Santo Segundo Categoria de Bens – 2006
Fonte: M inis tério do D es envo lv im ento, Indús tria e Com ércio E x terior/SECEX , 20 07.
Elab or aç ão: CEPL AN , 20 07.
Quase toda a exportação capixaba é de bens
intermediários (94,8%), principalmente insumos
industriais. Só o minério de ferro responde por
43,4% das exportações do estado. Adicionados
outros insumos dessa cadeia produtiva, esse
percentual sobe para 67%.
Especificação
Tot al do Perío do
Bens de Capit al
ens de Capital (E xceto Equipamentos
B
de Transp or te de Uso Indus trial)
Equipamentos de Transp or te de Uso Indus trial
Dos US$ 6,7 bilhões exportados pelo Espírito Santo
em 2006, a Região Metropolitana da Grande Vitória
responde por US$ 4,6 bilhões, quase 70% do total.
Destacam-se os municípios de Vitória e Serra,
respectivamente, com 52,4% e 35,1% das
exportações da região, e 60% das exportações
do estado.
Bens Interme diários
Alimentos e Bebidas D es tinados à Indús tria
Insumos Indus triais
e ças e Acessórios de
P
Equipamentos de Transp or te
Bens Diversos
Bens de Consumo
2006 ( Jan/Dez) %
10 0,0 0
1,76
1,76
—
9 4, 80
4,49
9 0,30
0,02
—
2,12
Bens de Consumo Duráveis
0,11
Bens de Consumo Não Duráveis
2,01
Combus tíveis e Lubrif ic antes
0,02
Demais O p eraçõ es
1,30
FUNDAÇÃO VALE 41
Desigualdade social
Crescimento econômico e distribuição de renda
nem sempre andam juntos. No Espírito Santo, como
no Brasil, aumentou a concentração de renda nos
anos 1990.
O Índice de Gini – que varia entre 0 e 1, sendo
crescente com a desigualdade – mede a
desigualdade de rendimentos entre a população
ocupada. Com exceção de Fundão, em todos os
municípios da Região Metropolitana da Grande
Vitória houve ampliação da desigualdade de renda
entre 1991 e 2000.
Mercado de trabalho e setores
econômicos
O Espírito Santo tem taxa média de desocupação
inferior à do Sudeste como um todo. Esse indicador,
combinado à alta taxa de participação da força de
trabalho no Espírito Santo, reflete a dinâmica de
crescimento da economia estadual.
Os segmentos que concentram mais de 70% do
produto industrial no Espírito Santo – minerais
metálicos, metalurgia, celulose e papel, petróleo
– têm menor peso no contingente de pessoal
ocupado: 12,6% dos trabalhadores industriais estão
nessas áreas. Os empregos industriais concentramse nas atividades de transformação (59%) e de
construção civil (36%).
A indústria, como um todo, emprega menos do que
o setor terciário. Embora responda por quase 48%
da produção econômica da Região Metropolitana
da Grande Vitória, é responsável por cerca de 24%
do pessoal ocupado. O setor terciário (serviços
privados e do setor público) absorve 74% do
pessoal ocupado.
O quadro ao lado mostra a necessidade de políticas
de diversificação econômica – que pode ampliar o
volume de ocupações e, possivelmente, reduzir as
desigualdades de rendimentos.
42 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
Sudeste e Estados, Região Metropolitana da Grande Vitória
e Municípios: Índice de Gini – 1991/2000
Fonte: PNUD – Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2000. Elaboração: CEPLAN, 20 07.
Índice de Gini
Especificação
1991
2000
Sudes te
0,583
0, 603
S ão Paulo
0,555
0,592
R io de Janeiro
0, 609
0, 614
M inas G erais
0, 614
0, 615
E spírito S anto
0,598
0, 608
Re gião M e trop olit ana da G rande V itória
0,522
0,556
Cariacic a
0,4 80
0,520
Fundão
0,580
0,560
G uarapari
0,550
0, 60 0
Serra
0,510
0,530
V iana
0,450
0,4 80
V ila Ve lha
0,520
0,570
V itória
0,580
0, 610
Distribuição do Pessoal Ocupado na Indústria do Espírito
Santo, Segundo Atividades – 2005
Fonte: IBGE – Pes quis a Indus trial Anual, 20 05. Elab or aç ão: CEPL AN , 20 07.
(*) A s ativ idades de b en e f iciam ento asso ciadas ou em continuaç ão à e x tr aç ão (mo agem,
tritur aç ão, classif ic aç ão, concentr aç ão, p e lotiz aç ão, sinte tiz aç ão e tc .) t amb ém entr am na
CNAE como “ E x tr aç ão de M in er ais M e t álicos .
Especificação
Tot al
Indús trias e x trativas
2005 (%)
10 0,0
10,9
E x tração de minerais metálicos *
2, 8
E x tração de p etróle o e ser viços relacionados
1,4
Outras indús trias e x trativas
6,7
Indús trias de trans formaç ão
89,1
Metalurgia básica
6, 6
Fabricação de celulose, pap el e pro dutos de pap el
1, 8
Fabricação de pro dutos alimentícios e b ebidas
13,3
Fabricação de pro dutos de minerais não - metálicos
17,9
Outras indús trias de trans formação
49,3
Mulheres e força de trabalho
A participação das mulheres na força de trabalho do
Espírito Santo ainda é inferior à dos homens. Em idade
economicamente ativa, eles têm presença de 75,5% no
mercado de trabalho, enquanto apenas 56,5% delas
trabalham. A diferença entre os gêneros é uma tendência
em todo o Brasil, e mesmo em países desenvolvidos. O
que varia é o grau. Mas essa desigualdade de participação
vem caindo tanto no Sudeste quanto no Espírito Santo.
No estado, entre 2000 e 2005, a participação dos homens
cresceu 3,7%, enquanto a das mulheres, 19,2%.
O mesmo é observado no nível de desocupação (calculado
levando-se em conta as pessoas que procuram emprego).
Entre as mulheres, a desocupação é superior à dos homens.
A taxa de desemprego entre os homens ronda os 7%, e
12,9% para as mulheres.
Taxa de Desocupação por Gênero – 2005
Fonte: IBGE / PNAD (SIDRA), 20 0 6 . Elab or aç ão: CEPL AN , 20 07
Taxa de desocupação (%)
Especificacão
Total
Homens
Mulheres
Sudes te
10,9
8,3
14,1
S ão Paulo
11,5
8,9
14,9
R io de Janeiro
12, 6
9,7
16,3
M inas G erais
8,5
6,4
11,1
E spírito S anto
9, 6
7,0
12,9
Associando os dois indicadores (participação no mercado
de trabalho e desocupação), as condições adversas para as
mulheres ficam evidentes: apesar de participarem menos da
força de trabalho, elas sofrem mais com a desocupação.
Atendimento médico no Hospital Santa Rita, em Vitória.
FUNDAÇÃO VALE 43
Formalidade x informalidade
No ano de 2004, em todo o Sudeste, o setor
formal ocupava 19,5 milhões de pessoas.
Delas, 713.621 estavam no Espírito Santo
(e 446.379 na Grande Vitória). Os quatro
principais municípios (Vitória, Vila Velha,
Serra e Cariacica) absorviam 92% do total
de pessoal do território metropolitano,
com destaque para a capital.
Grau de Informalidade: Distribuição da POC Formal e Informal – 2000 (%)
Fonte: IBGE – Censo D emo gr áf ico (SIDRA), 20 0 0. Elab or aç ão: CEPL AN , 20 07.
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
Vitória
Vila Velha
Viana
Serra
Guarapari
Fundão
Cariacica
Região Metropolitana
da Grande Vitória
Espírito Santo
Minas Gerais
Rio de Janeiro
São Paulo
0
Sudeste
Como mostra o gráfico ao lado, em 2000 a
informalidade na região era menor do que
a média do Espírito Santo e próxima da
média do Sudeste.
i n fo r m a l %
fo r m a l %
Escolaridade, qualificação profissional
e massa salarial
Com relação ao grau de instrução da força de trabalho, o
quadro geral é de baixa escolaridade: 45,6% da população
ocupada no Espírito Santo tinha, em 2005, menos de
oito anos de estudo. Na Região Metropolitana da Grande
Vitória, onde, em média, o emprego é mais qualificado,
possuíam essa formação 34,3% dos trabalhadores. Mas
cabe lembrar, ainda, que anos de estudo não representam,
necessariamente, qualificação da força de trabalho. Afinal,
eles não expressam a qualidade da educação recebida e
podem incluir os anos de repetências.
Entre os municípios estudados há diferenças significativas.
Enquanto Vila Velha e Vitória apresentam uma porcentagem
menor de trabalhadores com menos de oito anos de estudo
(33,7% e 26,6%, respectivamente), eles são maioria em
Fundão (61,3%), Viana (57,7%) e Guarapari (56,2%).
Estudantes visitam o Museu Vale, em Vila Velha.
44 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
Distribuição da População Ocupada por Estratos de Anos de Estudo – 2005*
Fonte: IBGE / PNAD (SIDRA), 20 0 6 . Elab or aç ão: CEPL AN , 20 05.
(*) Par a a R e gião M e trop o lit ana da G r ande V itória, os dados do ano de 20 05 for am es timados utiliz ando -s e a t a xa de crescim ento anual do es t ado do E spírito S anto no p erío do 20 0 0/20 05.
(%)
Especificação
Total
Sem instrução e
menos de 1 ano
1 a 3 anos
4 a 7 anos
8 a 10 anos
11 a 14 anos
15 ou mais
Não determinados
Sudes te
10 0,0
5,0
8,4
25, 2
17,9
32,4
10,7
0, 2
S ão Paulo
10 0,0
4,0
6,7
22,7
18,1
36, 2
12,1
0,3
R io de Janeiro
10 0,0
3,9
7, 8
23, 2
19,1
32,9
12,9
0, 2
M inas G e rais
10 0,0
7,5
11,9
31,3
16,9
25,3
6, 8
0, 2
E sp írito S anto
10 0,0
7,1
10, 8
27,7
18,0
27, 8
8,3
0,3
Região Metropolitana
da Grande Vitória
10 0,0
3, 8
7,3
23, 2
21,0
31,7
12,7
0,3
Evolução da Massa Salarial – 2001/2004
Fonte: IBGE /CEMPRE (SIDRA). Elab or aç ão: CEPL AN , 20 07.
Massa Salarial (em R $ mil a preços correntes)
Especificação
2001
2004
Sudes te
163.6 49.071
227.920.577
S ão Paulo
103.975.19 4
143.630.558
R io de Janeiro
32.585.930
45. 277.6 6 4
M inas G e rais
22. 873.10 4
32.4 6 6.673
E sp írito S anto
4. 214. 8 43
6.545.682
Região Metropolitana
da Grande Vitória
3.131.128
4.796.501
276.4 0 6
271. 265
Fundão
13.913
26.595
G uarap ari
58.796
86.602
S e rra
495. 80 8
80 0.319
V iana
4 0.6 09
70.630
356.118
516.960
1. 889.478
3.024.130
Cariacic a
V ila Ve lha
V itória
Isso é compreensível pelo fato de que os maiores
municípios abrigam empresas dos setores de ponta da
economia e contam com melhor infraestrutura social
urbana (de educação e saúde, entre outros serviços). Sua
população, como um todo, tem maior nível de escolaridade,
assim como de renda.
O Espírito Santo gerava, em 2004, uma massa salarial de
R$ 6,5 bilhões, dos quais R$ 4,8 bilhões eram provenientes
da Região Metropolitana da Grande Vitória. Seus quatro
principais municípios (Vitória, Serra, Vila Velha e Cariacica)
eram responsáveis por 96,2% da massa salarial.
A Vale respondia, em 2005, por 8,6% dos empregos gerados
e 12,4% da massa salarial da Grande Vitória.
FUNDAÇÃO VALE 45
Contas públicas no azul
Receita Orçamentária dos Municípios da Região
Metropolitana da Grande Vitória – 2005 (R$)
Outra diferença entre os municípios é a capacidade de
intervenção do Poder Público. Ela é influenciada, entre
outros fatores, pelo valor da arrecadação e pelo equilíbrio
fiscal, tributário e de instrumentos de gestão. Serra, Vila
Velha e Vitória apresentam maior arrecadação e boa
capacidade de intervenção municipal.
Fonte: IJSN , 20 0 6 .
Receita Orçamentária Total
%
1.511.472.141
10 0,0 0
V itória
631.329.733
41,76
Cariacic a
151.019. 24 0
9,99
Serra
341. 895.982
22, 62
Fundão
16.562.50 6
1,09
V iana
52.10 4.752
3,4 4
G uarapari
74.058.459
4, 89
V ila Ve lha
24 4.501.4 69
16,17
Re gião M e trop olit ana
da G rande V itória
No quadriênio 2002-2005, melhorou a situação orçamentária
na região. Em 2002, tanto o estado quanto seus quatro
principais municípios (Vitória, Serra, Vila Velha e Cariacica)
apresentaram déficit orçamentário. Naquele ano, tiveram
resultado positivo os municípios de Fundão, Guarapari e
Viana. Mas, nos anos seguintes, o balanço entrou no azul.
Em 2005, nem o estado nem os municípios metropolitanos
foram deficitários.
Mesmo assim, no balanço das contas públicas, os municípios
do território estudado ainda dependem, em grande escala,
das transferências intergovernamentais, a maior parte
proveniente da cota-parte do Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS).
Balanço Total – 2002/2005 (R$ mil correntes)
Fonte: SEFA Z- ES , 20 0 6; Finanç as dos Muncípios Capi xab as , 20 0 6 . Elab or aç ão: CEPL AN , 20 07.
Balanço Total
Receita Total
Despesa Total
Especificação
2002
2003
2004
2005
2002
2003
2004
2005
2002
2003
2004
2005
(4 6.6 0 0)
313. 376
24 6.4 69
4 49.9 0 0
2.716.357
3.929.74 8
5.025.018
6.727.4 0 0
2.762.957
3.616.372
4.778.549
6. 277.50 0
(6.79 0)
10.028
9.474
12.165
86.960
9 4.167
117.331
151.019
93.751
8 4.14 0
107. 857
138. 855
70
172
671
1.024
9.103
11.105
12.54 6
16.563
9.033
10.933
11. 874
15.539
817
(1.478)
4. 213
5.178
45.634
52.091
60. 896
74.059
4 4. 817
53.569
56.683
68. 880
Serra
(22. 863)
1.76 0
5. 237
13.997
172.6 67
203.595
255.162
341. 896
195.529
201. 835
249.925
327. 899
V iana
51
(3.156)
1.550
4.963
25. 86 4
27.4 07
38. 209
52.105
25. 814
30.562
36.659
47.169
V ila Ve lha
(19.051)
(36 0)
(8.026)
13.9 02
133.375
16 6.959
198.505
24 4.502
152.426
167.320
20 6.532
230.599
V itória
(37. 895)
(9.162)
35. 26 6
97. 276
356.555
425. 899
539.023
631.330
39 4.4 49
435.0 61
503.757
534.054
E s t ado do
E spírito S anto
Cariacic a
Fundão
G uarap ari
46 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
Participação na Receita – 2005 (%)
Fontes: SEFA Z- ES; Finanç as dos Muncípios Capi xab as , 20 0 6 . Elab or aç ão: CEPL AN , 20 07.
(1) R e ceit a Tot al foi ajus t ada aos e feitos do FUNDEF, re tir ando -s e suas de duçõ es; (2) ISSQ N – Imp os to sobre Ser v iços de Q ualquer Nature z a; (3) IP T U – Imp os to Pre dial e Ter ritorial Urb ano;
(4) IT B I – Imp os to sobre Transmissão de Bens Imóveis (inter vivos); (5) FPM – Fundo de Par ticipação dos Municípios; (6) FPE – Fundo de Par ticipação dos Estados; (7) ICMS – Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Ser viços.
Especificação
Estado do
Espírito Santo
Região Metropolitana
da Grande Vitória
Cariacica
Fundão
Guarapari
Serra
Viana
Vila Velha
Vitória
%
Re ceit a Tot al
1
10 0,0
10 0,0
10 0,0
10 0,0
10 0,0
10 0,0
10 0,0
10 0,0
10 0,0
74,9
26,9
18,4
18, 6
27,7
22, 6
11,7
29, 8
31, 6
—
16, 6
9, 8
12,9
5, 2
14, 2
6,9
14,5
22,7
—
3,1
1, 6
1, 8
8,3
2,1
0, 8
4, 2
3,1
—
1,5
0,4
0,5
4,0
0, 8
0,3
2,9
1,4
2, 6
5,7
6,3
3,4
10,3
5,4
3,7
8,1
4,4
O utras Re ceit as
72,3
0,0
0,4
0,4
0,0
0,4
0,0
0,0
0,0
Cot a FPM 5 / FPE 6
6,7
10, 6
17, 8
19,7
10, 6
8, 2
—
35, 6
24, 8
26, 2
27,3
39, 6
Re ceit as Tribut árias
ISSQ N
I P TU
ITBI
2
3
4
Ta xas
Cot a - p ar te I CMS 7
20,1
18, 8
Por to de Vitória.
FUNDAÇÃO VALE 47
48 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
Dimensão
UrbanoAmbiental
Expansão e infraestrutura
urbanas, recursos naturais e
preservação ambiental
O relevo, a vegetação e a hidrografia
condicionaram o traçado da ocupação urbana
e industrial na Região Metropolitana da Grande
Vitória. Essa paisagem natural – embora
pressionada pelo crescimento urbano – é fator
vital para a qualidade de vida dos moradores.
Preservação
e ocupação desigual
A conservação e a valorização da paisagem natural vêm
sendo reconhecidas e existe um esforço nesse sentido, tanto
das unidades de conservação da natureza, assim como nos
novos planos diretores dos municípios. Mas isso, por si só,
não é garantia de que serão impedidas novas degradações.
Como faltam espaços de transição entre as áreas urbanas
e as naturais, os conflitos de uso e ocupação do solo
manifestam-se nas mais diversas formas e nos mais diversos
setores da vida urbana.
Ver ticalização e ocupação das encostas dos morros em Vitória.
Distribuição dos Padrões de
Vida na Região Metropolitana
da Grande Vitória
Fonte: IBGE – Censo D emo gr áf ico, 20 0 0.
co m pl e xo d e t uba r ão
E s t r a da d e fe r r o V i tó r i a
a M i n a s (E F V M)
fe r r ov i a ce n t r o -at l â n t i c a
(FCA )
Á r e a s s e m i n fo r m ação
D E ns i dade
popu l ac i ona l (ha b/ ha )
50 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
0 -5
46-60
0 -3 8 0
6 -15
61-75
3 81-1. 0 0 0
16 -3 0
76 - 95
31- 45
9 6 -121
R end i m en to
no m i na l m éd i o (R $)
1. 0 01-2 . 50 0
2 . 501- 9.710
Além disso, é uma região carente de medidas redistributivas
e, portanto, marcada pela desigualdade social. Muitos
esforços têm sido realizados para minimizar as desigualdades
de condições de vida, emprego e habitação de grande parte
da população. Mas ainda é um grande desafio para os
governantes, empresas e outros atores no território.
Os diferentes padrões de vida na Região Metropolitana
sugerem uma situação de segregação espacial.
De maneira geral, as zonas com precária infraestrutura
correspondem às áreas periféricas da metrópole.
As classes privilegiadas estão em áreas onde os serviços
básicos são amplamente disseminados.
Praia da Costa, em Vila Velha.
D o m i c í l i os at end i dos por
serv i ço de co l e ta de l i xo (%)
0 -37
0 -31
0 -24
38-68
32-73
2 5-5 6
69 - 9 0
74 - 9 4
91-10 0
D o m i c í l i os at end i dos
por rede gera l de ág ua (%)
95-10 0
D o m i c í l i os at end i dos por
rede gera l de esgoto (%)
57- 8 4
85-10 0
FUNDAÇÃO VALE 51
fu n dã o
Perímetros Urbanos e Vetores
de Expansão Urbana
Fonte: IEMA , 20 0 4; Pre feitur as dos Municípios da
R e gião M e trop o lit ana da G r ande V itória, 20 0 6 .
Pr i n ci pa i s v e to r e s d e e x pa n são u r ba n a
Per í m e t ros u r banos
Á r e a s u r ba n iz a da s
Á r e a s N at u r a i s
Á r e a s d e e x pa n são u r ba n a l e g a l
Serra
si s t e m a v i á r i o pr i n ci pa l
E s t r a da d e fe r r o v i tó r i a A m i n a s (E F V M)
fe r r ov i a ce n t r o -at l â n t i c a (FCA )
por tos
1
p o r to d e t uba r ão
2
p o r to d e pr a i a m o l e
3
p o r to d e v i tó r i a
A e r o p o r to d e v i tó r i a
C ar iacic a
Vitória
1
3
2
Viana
Vila Velha
g ua r a pa r i
52 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
Disputa por espaço
A situação geográfica da região é determinante para
a ocupação industrial e a valorização territorial. Uma
extensa faixa de urbanização ocupa a faixa costeira, onde
se intercalam grandes construções e amplas instalações
industriais. Nas bordas sul, norte e oeste, conforme se
caminha na área de mais antiga ocupação na orla de Vitória
em direção à periferia, o padrão de vida da população
diminui gradualmente.
Cerca de 60% do solo encontram-se ocupados pelo homem.
No entanto, 40% dessa área são constituídas por pastagens,
que não têm grande valor econômico e, por isso, funcionam
como áreas de reserva para o crescimento urbano, que
acaba sendo organizado em função dos obstáculos naturais
existentes no território, e da presença de infraestrutura,
como rodovias, ferrovias, portos e aeroportos, além de áreas
privadas desocupadas.
Mas isso não significa que esse crescimento potencial – não
só das cidades, mas das atividades industriais – poderá
ser realizado indiscriminadamente. Ele tem como limite a
necessidade de preservação dos recursos naturais no seu
entorno. A alta proporção de corpos d’água e áreas de
várzeas e mangues revela a dimensão das áreas sensíveis ou
impróprias à ocupação urbana.
Território como Obstáculo à Expansão Urbana da Grande Vitória
1m
Uso do so lo
Fonte: IEMA , 19 97.
275m
1. 50 0 m
Mapa de re l evo ( a lt i t u de)
Fonte: EMB RAPA .
Flo r e s ta n at u r a l
pa s tag e m
restingas
á r e a s ag r í co l a s
mangues
m i s to
vá r ze a s
s o lo e x p os to
flo r e s ta pl a n ta da
á r e a s u r ba n iz a da s
FUNDAÇÃO VALE 53
Caminhos da expansão
A aglomeração urbana da Grande Vitória
aumentou em aproximadamente 160 mil
pessoas na década de 1960, crescimento
que assumiu ainda maior intensidade
nas décadas seguintes. Em dez anos, a
população mais do que dobrou, passando
de 332.483 pessoas, em 1970, para 694.322
pessoas, em 1980.
Durante os três grandes períodos de
urbanização da região – relacionados
à cultura do café, ao crescimento
industrial e ao desenvolvimento do
setor de logística – desenvolveram-se
as grandes linhas de mobilidade social
populacional. Elas foram acompanhadas
pela verticalização das construções
na orla (que se expande ao sul, em
Vila Velha), pela implantação dos
grandes equipamentos industriais e de
infraestrutura e pelo crescimento urbano,
ao norte, ao sul e ao longo da ES-060 e
sua articulação com o sistema rodoviário
(BR-101 e BR-262) e ferroviário regional.
O crescimento das áreas residenciais
é permeado por presenças naturais
importantes (estuário, mangue, linhas de
drenagem) e construções de grande porte
e de alcance extrametropolitano.
Serr a
Cariacica
vitória
Viana
Vil a Velha
Novas construções
A atual escassez do solo, passivo de
ser ocupado por construções na ilha
de Vitória, impulsiona o processo de
ocupação vertical dos últimos lotes
remanescentes. Dois bairros se destacam.
A Enseada do Suá viu aumentar, em
seis meses, de 52 para 910 o número de
unidades em construção, com a chegada
de empresas de fora do estado. E a
boa infraestrutura viária e de serviços e
54 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
Linhas de Mobilidade e Expansão
Urbana da Grande Vitória
Fonte: IBGE, 20 0 0; D iagonal Urb ana – EIA V FL S, 20 0 6 .
O c u paç ão u r bana
at é 1976
at é 19 87
at é 20 02
Sed e s muni cipais
co m pl e xo d e t uba r ão
si s t e m a v iá r i o pr i n ci pa l
E s t r a da d e fer r o v i tó r ia a m i n a s (E F V M)
ferrovia centro -atl ântica (FCA)
comércio, além de espaço para expansão, estão
fazendo de Jardim Camburi outro grande polo de
atração de novos empreendimentos.
Ao mesmo tempo, seguindo modelo e negócios
de grandes incorporadoras paulistas, as grandes
glebas rurais de antigas propriedades familiares
em Serra passam a ser loteadas em grandes
condomínios fechados, voltados à classe média.
Em todas essas áreas e também em Laranjeiras –
outro bairro de grande interesse para a construção
civil e para o mercado imobiliário no município de
Serra – a valorização do preço do metro quadrado
passou de 20% entre 2004 e 2005.
Terceira Ponte ou Ponte Deputado Darc y Castello de Mendonça, que liga
a cidade de Vitória a Vila Velha.
Serr a
6
Infraestrutura da Região
Metropolitana da Grande
Vitória: Logística e Produção
Fonte: Diagonal Urb ana – Levant am ento
Primário, 20 07.
5
13
por tos
4
1
p o r to d e t uba r ão
2
p o r to d e pr a ia m o l e
3
p o r to d e v i tó r ia
vitória
i nd ú s t r i as
1
Cariacica
2
4
va l eb
e lg o -a r ce lo r
8
5
CST
6
Ci v i t s
7
g a r oto
12
r e a l c a fé
R e t ropor tos
3
7
8
11
r o d ov ia da ry sa n tos
12
r o d ov ia d o co n to r n o
13
tims
Co m pl e xo d e t uba r ão
si s t e m a v iá r i o pr i n ci pa l
9
11
10
Viana
9
10 g usa
Vil a Velha
E s t r a da d e fer r o v i tó r ia
A m i n a s (E F V M)
ferrovia centro-at l â n t i c a
(FCA )
FUNDAÇÃO VALE 55
Padrões Construtivos
na Grande Vitória
Padrão construtivo alto:
Áreas onde as edificações estão implantadas em
lotes de grandes dimensões (em torno de 10 x 25m
ou superiores), com grandes áreas construídas e
acabamento externo com materiais de boa qualidade.
Padrão construtivo médio:
Setores onde predominam lotes de dimensões menores
(em torno de 5 x 25m a 10 x 25m) em relação às áreas de
alto padrão. As áreas externas das edificações são
completamente revestidas com materiais de boa qualidade.
Padrão construtivo baixo:
Em sua maioria, as edificações dessas áreas se encontram
implantadas em lotes de aproximadamente 5 x 25m
ou inferiores, com revestimento incompleto das
fachadas, ou com materiais precários e/ou provisórios.
5
cariacica
Fonte: Diagonal Urb ana – Levant am ento Primário, 20 07.
Padr ão cons t r u t i vo
a lto
6
m é d i oba i xo
á r e a s I n d Us t r i a i s e d e Lo g í s t i c a
Lot e s vag os
á r e a s d e E sp o r t e e l a ze r
M aci ços e M a n g u e s
E s t r a da d e fe r r o v i tó r i a A m i n a s (E F V M)
4
fe r r ov i a ce n t r o -at l â n t i c a (FCA )
ba i rros
1
E n s e a da
7
sa n ta r i ta
2
Ja r d i m c a m bu r i
8
m atA da pr a i a
3
l a r a n j e i r a s
9
4
c a m p o g r a n d e
10
m a n g u i n h os
5
fl e x a l
11
jac a r eí pe
6
i taci bá
ce n t r a l c a r a pi n a
viana
11
Serra
3
9
10
2
8
vitória
1
7
vila velha
Uso do solo
Como já observado anteriormente, a ocupação do
território não é homogênea. Enquanto em Vitória a alta
concentração urbana convive com ambientes naturais
vulneráveis, na periferia da metrópole, menos habitada,
encontram-se grandes remanescentes florestais intocados,
como o de Guarapari.
fu n d ã o
Entretanto, em vários pontos, o rico patrimônio ambiental
remanescente está ameaçado pela expansão urbana.
Os espaços mais pressionados são as várzeas dos rios Jucu
e Santa Maria, fundos de vale em Serra, os manguezais e os
morros e maciços costeiros.
Além do avanço das cidades sobre essas áreas, a ocupação
urbana também prejudica a permeabilidade natural do
solo, o que leva a processos erosivos e ao carreamento de
sedimentos para os cursos d’água e para o mar. O resultado
é o assoreamento dos rios e do estuário.
serra
c ar iacic a
vitória
viana
vila velha
g u a r a pa r i
Manguez al no estuário de Vitória.
Uso do Solo
Fonte: IEMA , 19 97.
Flo r e s ta n at u r a l
Restingas
Mangues
Vá r ze a s
flo r e s ta pl a n ta da
Pa s tag e m
á r e a s ag r í co l a s
m i s to
S o lo e x p os to
Á r e a u r ba n iz a da
Ocupação urbana sobre encosta em Cariacica.
58 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
A região central da Grande Vitória se encaminha para uma
situação de saturação de curto a médio prazo. Nas áreas mais
carentes de Cariacica, Viana e Vila Velha, há deficiências de
infraestrutura urbana – ausência de esgotamento sanitário
e coleta de lixo – que impactam o meio social e ambiental
local. Em Serra, esse problema ocorre principalmente na
região de Carapina Grande e Central Carapina e, em Vila
Velha, nos bairros ao longo do Rio Marinho. Tudo isso
contribui para a poluição da Baía de Vitória.
Uso da água
A prioridade constitucional do uso da água para fins de
abastecimento humano coloca limites à expansão do uso
para fins industriais, exigindo medidas de racionalização
e reúso. O crescimento das demandas de água pode vir a
exigir investimentos na regularização do uso dos mananciais
atualmente utilizados.
Cabe lembrar que a escassez de água refere-se não só à
vazão, mas também à qualidade dessa água diante dos
vários fatores poluidores (principalmente, próximo às áreas
mais urbanizadas), sobretudo o esgoto doméstico, que afeta
o estuário, a baía e as condições de banho das praias.
É baixo o atendimento da rede de esgotamento sanitário.
Na Grande Vitória, apenas Vitória apresenta atendimento
satisfatório. E, mesmo assim, a maior parte do esgoto
coletado não é encaminhada para estações de tratamento.
O estuário de Vitória acha-se comprometido não só pela
poluição urbana, como também pela contaminação e pelo
assoreamento carreados da Zona Rural pelos rios.
Já as vazões mínimas dos mananciais que atendem à
Grande Vitória totalizam cerca de 19m3/s. A Companhia
Espírito Santense de Saneamento (CESAN), responsável
pelo abastecimento da região, retira cerca de 8m3/s,
equivalente a mais de 40% das vazões mínimas. Mas é
importante considerar que parte da demanda da Grande
Vitória é hoje atendida por poços profundos, cabendo
também lembrar que outros mananciais são utilizados
pelos municípios não conurbados, como Guarapari. Ou
seja, apesar das deficiências observadas, atualmente ainda
não são observados déficits no atendimento à população
da região. De fato, estudos realizados pelo Consórcio Santa
Maria/Jucu concluem que não há problemas críticos para o
abastecimento de água até o ano 2016.
Qualidade da Água
Fonte: CESAN – Diagnóstico e Plano da Bacia Jucu (Santa Maria), 2007.
13
Q ua l i dade das ág uas da G rande V i tó r i a (IQ A m éd i o 19 9 8 -2 0 02)
serra
8
vitória
12
1
8 0 -10 0
B oa
52-79
Acei táv e l
37-51
Ru i m
20 -3 6
Pé ssi m a
0 -19
Ba l nea b i l i dade das pra i as da G rande V i tó r i a
(O u t u b ro/ 2 0 07)
E xce l en t e
Pr ó pr ia
2
I m pr ó pr ia
I n t er d i ta da
c ar iacic a
3
4
11
9
10
viana
Ót i m a
5
6
vila velha
7
pra i as
c u rsos d ’ág ua
1
pr a i a d e C a m bu r i
9
Rio aribiri
2
pr a i a d o Fr a d e
10
Rio marinho
3
pr a i a d o B o i
11
Có r r eg o d e pi r a n e m a
4
pr a i a d e suá
12
r i o bubu
5
pr a i a dA cos ta
13
6
pr a i a d e i ta puã
Córrego de
Manguinhos
7
pr a i a d e i ta pa r i c a
8
Pr a i a d e c a r a pe bus
FUNDAÇÃO VALE 59
Vista do Convento da Penha, no município de Vila Velha.
Monitorando o ar
A análise de medições feitas durante 25 anos na Região
Metropolitana da Grande Vitória mostra que a urbanização
e a chegada dos grandes projetos de logística e industriais
causou impacto nos recursos atmosféricos da região. Na
década de 1990, houve um maior investimento em controle
ambiental, que continua sendo cada vez mais aprimorado,
levando a um decréscimo nos níveis de concentração de
partículas em suspensão e inaláveis.
60 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
O CO (monóxido de carbono) e os NOx (óxidos de
nitrogênio) são poluentes associados fortemente ao
tráfego de veículos. Na região, a fonte principal é o tráfego
de veículos na BR-101. O SO2 (dióxido de enxofre) é
considerado o principal marcador das emissões industriais
por chaminés. Já as PTS (Partículas Totais em Suspensão)
e as MP10 (Partículas Inaláveis) são provenientes de fontes
diversas. Em geral, na região estudada, os valores médios de
todos esses parâmetros de qualidade do ar não extrapolam
os padrões adotados em âmbito nacional.
Fonte: IEMA , 20 0 4. B as e c ar to gr áf ic a: S até lite L ands at , 20 0 6 .
Co m p osi ção d e Us os
48%
Outros
19%
Usos
antrópicos
71%
Co m p osi ção d e us os a n t r ó pi cos
7%
18%
75%
Pastagens
Na Região Metropolitana da Grande Vitória localiza-se um
dos projetos prioritários dessa política ambiental: o corredor
que abrange os principais maciços da região – o Corredor
Duas Bocas – Mestre Álvaro e Mochuara –, além das várzeas
de Serra e as lagoas Juá e Juara. Esse corredor é vizinho
àquele do Complexo Centro-Norte Serrano, o que indica a
possibilidade de uma interconexão futura. Entre as ações
prioritárias estão o fortalecimento da agricultura orgânica
e o apoio ao agroturismo no entorno da Reserva Biológica
Estadual de Duas Bocas e da Área de Proteção Ambiental
(APA) Estadual Mestre Álvaro, bem como a criação de
Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN).
10%
Urbanos
O movimento preservacionista do estado foi integrado ao
Projeto Corredores Ecológicos, desenvolvido desde 2003 pelo
Ministério do Meio Ambiente, o que gerou a implementação
do Corredor Central da Mata Atlântica no Espírito Santo. Sem
delimitação precisa, esse corredor abrange todo o estado e o
sul da Bahia. Com cerca de 8,5 milhões de hectares, envolve
remanescentes do bioma Mata Atlântica e uma série de
Unidades de Conservação.
Co m p osi ção d e Á r e a s n at u r a i s
Outros
Na década de 1980 – quando o Brasil procurou entendimento
com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a
Ciência e a Cultura (Unesco) para a inclusão da Mata Atlântica
como Reserva da Biosfera (Patrimônio da Humanidade)
– começaram os movimentos para preservação desse
ecossistema, acompanhados, no Espírito Santo, pela criação
do Consórcio Mata Atlântica, em 1988, e pelo tombamento
do remanescente desse bioma, em 1989.
Áreas
naturais
A Mata Atlântica recobria originalmente 90% do território
do Espírito Santo. Ao longo do século XX, 85% dessa
cobertura natural fomos suprimidas, por isso sua atual
distribuição é fragmentada.
52%
Floresta
Embora a expansão residencial e industrial acarrete pressão
ambiental a importantes e sensíveis ambientes naturais,
não compromete boa parte das ricas e diversas paisagens
da região. Hoje, na própria mancha metropolitana, estão
preservadas grandes áreas verdes e diversos tipos de
ecossistemas (entre mangues, várzeas, morros, fundos de
vale, entorno de lagoas etc.).
Recursos Naturais: Cobertura Vegetal
Áreas
inundáveis
Patrimônio natural e gestão ambiental
flo r e s ta n at u r a l
Re gião M e trop olit ana da G rande V itória
30 %
E s t ado do E spírito S anto
7,7%
FUNDAÇÃO VALE 61
Unidades de Conservação
Fonte: Prefeituras dos Municípios da Região Metropolitana da Grande Vitória,
20 07; IBGE, 20 07; IEMA , 20 0 4. Elab or aç ão: D iagonal Urb ana, 20 07.
Serr a
de Uso S us t en táve l
R e ser va d e D e sen vo lv i m en to Sus t en táv e l (RDS)
1
M a n g u e z a l d e C a r iaci c a
Á r e a d e Pr ot eção A m b i en ta l ( A PA )
2
C ariacic a
M aci ço Cen t r a lI
3 L h a d o fr a d e
de Pro t e ç ão In t egra l
vitória
Estação Ecológica (EE)
4
Il h a d o L a m ei r ão
M o n u m en to N at u r a l (MN)
5
M o r r o d o Pen ed o
Pa r qu e E s ta d ua l (PE )/ N at u r a l Mu n i ci pa l (PNM)
6 Baía N o ro e s t e d e V i tó r ia
(D o m Lu iz G o nz ag a
Fer n a n d e s) (PNM)
V iana
7 Va l e d o Mul e m báCo n qu i s ta (PNM)
8 Ped r a d os Ol h os (PNM)
Vil a Velha
10 Manguezal de Itanguá (PNM)
11 G r u ta da O n ç a (PNM)
12 Il h a da s Flo r e s (PE )
13 Morro da Mantegueira (PNM)
14 Vo n S ch i lg en (PNM)
9 Fo n t e G r a n d e (PE )
O u t ras Áreas Lega l m en t e Pro t eg i das
guar apar i
To m ba m en to
Á r e a V er d e E specia l ( AV E )
Áreas de Proteção e Preservação Ambiental
Fontes: IEMA, 2004. Base car tográf ica: Satélite Landsat, 2006.
15 M o r r o d o Ju cu t uqua r a
18 M o r r o d e B en to Fer r ei r a
16 M o r r o d o R o m ão
19 M o r r o d o Suá
17 M o r r o d o Cr uz a m en to
Pa r qu e U r ba n o (PU)
Zo n a s e spe ci a i s d e i n t e r e ss e a m b i e n ta l
Zo n a s d e pr ot e ção a m b i en ta l
20 Fa zen d i n h a
24 Ba r r ei r os
Zo n a s n at u r a i s
U n i da d e s d e co n ser vação
21 M ata da Pr a ia (Pa d r e
25 Ta bua zei r o
Alfo n s o Pa s to r e )
22 Í ta lo Bata n R eg i s
(Ped r a da Ceb o l a )
23 M a n g u e Seco
Também foram estabelecidas Unidades de Conservação para
proteger legalmente ambientes notáveis e representativos
da região. Elas têm diversas modalidades e figuras de proteção
e se dividem em duas grandes categorias: Proteção Integral
e Uso Sustentável. A primeira, mais restritiva à ação humana,
engloba Estações Ecológicas, Reservas Biológicas, Parques
Estaduais, Parques Naturais Municipais e um Monumento
Natural. Já na categoria Uso Sustentável encontram-se
as Áreas de Proteção Ambiental (APAs) e uma Reserva de
Desenvolvimento Sustentável (RDS).
62 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
27 São B en ed i to
28 M os cos o
R e ser va Eco ló g i c a Mu n i ci pa l (REM)
29 M ata Pa lu d osa
32 São J osé
30 M ata d e G o ia b ei r a s
33 M o r r o da G a m e l a
31 R e s t i n g a d e C a m bu r i
34 M o r r o d o I ta pen a m b i
Á r e a d e Pr e ser vação Per m a n en t e ( A PP)
35 M a n g u e da Foz d o
49 M o r r o d o Co n v en to
da Pen h a
R i o SA n ta M a r ia
36 Il h a d o Cr i s ó g o n o
o u G a spa r
37 Il h a da Ba l eia
38 M a n g u e d e E s t r e l i n h a
39 Il h a da P ó lvo r a
40 Il h a d o U r ubu
41 Ilha das Pombas ou Araçá
Apesar de todas as áreas mais sensíveis já estarem protegidas
por algum dispositivo legal, verificam-se deficiências de gestão
ambiental. As unidades de conservação não contam, em geral,
com planos de manejo, nem com instâncias gestoras específicas.
Também não há recursos suficientes para o controle do uso
e da ocupação dessas áreas.
26 H o r to d e M a r u í pe
42 Il h a da Fu m aç a
43 Il h a da s Co b r a s
44 Co m pl e xo d o M o r r o
d o Ja bu r u n a
45 Il h a M a r ia C ato r é
46 Il h a d o Pa pag a i o
47 Il h a d o Su r u r u
48 Il h a d o B o d e
50 M o r r o d o M o r en o
51
Il h a d os Pr át i cos
52
I ta i t i s
53
Il h a d o I g a r a é s
54 Ilha da Galheta de Dentro
55
Il h a da G a l h e ta d e Fo r a
56 Il h a da s A n d o r i n h a s
57
Il h a R a sa
58 Il h a d os Í n d i os
59
Il h a d o Fato o u d o Pato
60 Mangue Canal da Passagem
61
Il h a d o S o có
62
M a n g u e da U FES
63 Il h a d o C a m pi n h o
29
20
4
35
30
36
6
1
31
37
62
21
22
63
61
7
23
32
60
24
38
59
25
2
58
57
26
33
8
14
9
15
39
3
27
56
34
54
55
16
19
17
11
18
10
40
28
51
47
52
45
41
5
48
46
42
43
53
50
44
49
13
12
FUNDAÇÃO VALE 63
64 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
Dimensão
Social
Proteção social, saúde, educação e
segurança pública
A Região Metropolitana da Grande Vitória
concentra grande parte da riqueza e da produção
do Espírito Santo, mas também apresenta
disparidades socioeconômicas entre os
municípios. O intenso processo de urbanização
e industrialização, ocorrido a partir da década
de 1960, e a desconcentração relativa rumo ao
interior do estado, nos anos 1990, possibilitaram
ganhos importantes na qualidade de vida
da população. Mas não asseguraram uma
distribuição da riqueza produzida.
Ao mesmo tempo, a região enfrenta os problemas
típicos das grandes metrópoles: precariedade
da infraestrutura urbana e dos serviços sociais,
favelização, desemprego, subemprego e
violência. Parte significativa da população
vive em condições de vulnerabilidade social.
O desenvolvimento econômico da região nos
últimos anos transcorreu em descompasso com
o desenvolvimento social.
FUNDAÇÃO VALE 65
66 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
0,679
0,752
0,797
0,856
0,693
Vitória
viana
Vila velha
g u a r a pa r i
0,789
0,737
0,658
C ar iacic a
0,692
Mas os bons índices alcançados por Vitória e a melhoria
geral da região não foram suficientes para diminuir as
desigualdades de renda entre a população, porque, no
mesmo período de 1991 a 2000, todos os municípios
registraram um aumento da concentração de renda.
Vitória tem o mais alto IDH da região, mas também
a maior desigualdade de renda; já Viana, apesar de
apresentar o IDH mais baixo, é o município onde a
desigualdade de renda entre os moradores é menor.
0,750
0,673
Serra
Durante a década de 1990, o IDH de todos os municípios
da Região Metropolitana teve aumentos significativos.
O resultado indica não apenas a ligeira recuperação
econômica do período, mas também a expansão das
políticas de assistência básica à saúde e à educação,
principalmente a partir da segunda metade da década.
Guarapari é o terceiro melhor colocado na região.
Os demais municípios – Cariacica, Fundão, Serra e Viana,
apesar de terem IDH mais baixo, também evoluíram
naquela década.
0,761
Fundão
O índice vai de 0 a 1, em ordem crescente de qualidade de
vida. Assim, um local que registre IDH entre 0 e 0,5 é
considerado de baixo desenvolvimento humano; um local
com IDH entre 0,5 e 0,8 é classificado como de médio
desenvolvimento humano; e um local que alcance IDH entre
0,8 e 1 tem características de alto desenvolvimento humano.
Vitória e Vila Velha passaram a ter IDH maior que 0,80,
número que os classifica como municípios desenvolvidos.
Em 2000, Vitória chegou ao 18º lugar entre todos
os municípios brasileiros e ao quarto lugar entre as
capitais (perdendo apenas para Florianópolis, Porto
Alegre e Curitiba).
0,818
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) foi
criado pelo Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD) para medir a qualidade
de vida de um determinado grupo – moradores de
uma cidade, estado ou mesmo de um país – levando
em conta três fatores: as condições de educação,
renda e longevidade da população.
0,759
Qualidade de vida
Vulnerabilidade social
Índice de Desenvolvimento Humano
Municipal (IDHM) – 1991 e 2000
Fonte: PNUD – Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2000.
IDHM 19 91
IDHM 20 0 0
0,766
0,696
0,765
b r a si l
0,690
E spí r i to sa n to
SEd e s m u n i ci pa i s
G r a n d e V i tó r i a
D e m a i s m u n i cí pi os da R e g i ão M e t r o p o l i ta n a
da G r a n d e V i tó r i a
A vulnerabilidade social de uma população pode ser
verificada a partir de um conjunto de fatores que afetam
suas condições de vida, a começar por seus rendimentos.
Em 2000, a Região Metropolitana da Grande Vitória
apresentava uma parcela significativa da população
ocupada (17,6%) com renda inferior a um salário mínimo
mensal, e cerca de 30,5% com renda entre um e dois salários
mínimos. Isso totalizava quase metade da população
metropolitana (48%) em situação de pobreza.
A população com renda entre três e cinco salários mínimos
representava 14% da população ocupada, e a faixa com
renda entre cinco e dez salários mínimos, 13%. As pessoas
com renda acima dos dez salários mínimos (6%) se
concentravam em Vitória e, em menor medida, Vila Velha.
Cariacica, Serra e Vila Velha são os municípios que
apresentam o maior número absoluto de famílias
consideradas em situação de pobreza (renda mensal familiar
per capita de meio salário mínimo). Mas, proporcionalmente,
há mais habitantes pobres em Viana (30,59%), Fundão
(29,17%) e Cariacica (27,46%).
Passageiros na Estação Pedro Nolasco, em Cariacica.
FUNDAÇÃO VALE 67
As famílias consideradas em situação de indigência
(renda per capita inferior a ¼ de salário mínimo) moram
principalmente em Cariacica e Serra.
Nos municípios de Viana, Fundão, Guarapari, Cariacica e
Serra, mais da metade das crianças até 14 anos são pobres
ou indigentes, o que significa que vivem em situação de
vulnerabilidade social.
Na outra ponta da pirâmide social, as pessoas com mais
de 65 anos que moram sozinhas são, em média, menos
numerosas do que em outras capitais, o que indica a
predominância dos jovens na população.
A vulnerabilidade nos rendimentos costuma resultar
em outras duas situações preocupantes: situações de
vulnerabilidade social que envolvem mães que precisam
sustentar a casa sozinhas, com filhos menores de 15 anos,
e ocorrência de trabalho infantil.
As mulheres chefes de família com filhos pequenos são
menos frequentes do que costuma acontecer em cidades
como São Paulo (onde chegam a 30%). E o trabalho infantil
(10 a 14 anos) está mais presente em Cariacica (6,41%)
e Serra (6,08%).
Crianças do projeto Vale Música, Núcleo de Novo Horizonte,
no município de Serra.
Segmentos Sociais em Situação de Vulnerabilidade Social
Fonte: M inis tério do D es envo lv im ento So cial e Comb ate à Fom e /G e osuas , 20 0 6 .
Famílias
c/ renda
nominal
mensal
familiar per
capita inferior
a 1/2 sm
Pobres
(renda per
capita abaixo
de 1/2 sm)
Famílias
%
%
Famílias
%
%
%
%
Cariacic a
20.70 6
27,4 6
39,36
4.314
16, 24
3,74
12,32
6,41
Fundão
979,0 6
29,17
4 0,59
19 0
15, 6 6
5,30
8, 60
3,9 0
5.707
28,0 0
4 0, 83
1.0 69
13,45
6,32
13,9 4
5,52
Serra
18.499
27,01
37,59
3. 880
15,49
3,18
12, 60
6,08
V iana
3.711
30,59
42,58
853
16,96
4,78
11,56
5, 20
V ila Ve lha
13. 34 0
14, 62
23, 85
2. 299
9,12
3, 25
11,74
5,45
V itória
10.419
13,77
23, 61
2.050
10,18
1,97
13,45
5,71
Município
G uarap ari
Crianças
(até 14 anos)
pobres (renda
domiciliar per
capita abaixo
de 1/2 sm)
68 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
Famílias
c/ renda
nominal
mensal
familiar per
capita inferior
a 1/2 sm
Crianças
(até 14 anos)
indigentes
(renda
domiciliar per
capita abaixo
de 1/4 sm)
Crianças
de 10 a 14
anos que
trabalham
Pessoas de 65
anos ou mais
que vivem
sozinhas
Mulheres
chefes de
família s/
cônjuge e
c/ filhos
menores de
15 anos
Saúde: um novo modelo
O Programa de Saúde da Família (PSF) propõe uma
nova forma de assistência à saúde. Ela inclui a inserção
de agentes comunitários de saúde, a ênfase em
prevenção, o planejamento a partir de diagnósticos
situacionais e o estabelecimento de metas com base
nos indicadores de saúde.
A adesão dos municípios brasileiros ao PSF é estimulada
pelo Ministério da Saúde por meio de incentivos financeiros,
repassados mensalmente. Em contrapartida, os municípios
devem apresentar informações de produção e alguns
indicadores de Atenção Básica. A meta do programa era
alcançar, em 2006, 80% da população em cada município,
parâmetro recomendado pelo Ministério da Saúde.
Dois municípios da Região Metropolitana da Grande
Vitória superaram esse patamar: Fundão e Viana. Os demais
municípios, embora abaixo da meta, também expandiram a
cobertura do PSF no período entre 2004 e 2006.
Mas algumas situações impedem uma abrangência maior
do programa, e uma delas é a dificuldade de fixação da
equipe médica em áreas mais remotas.
Atendimento médico no Hospital Santa Rita, em Vitória.
Vitória é o único município que agrega todos os serviços de
referência do estado, inclusive os de alta complexidade. Por
isso, para lá converge a demanda dos demais municípios
metropolitanos e também do interior do estado. Isso
resulta em filas e demora no atendimento. Já as demandas
por serviços de média complexidade convergem, além de
Vitória, para Serra e Vila Velha.
De forma geral, os municípios de Cariacica, Serra e Vila Velha
são os que enfrentam maior fragilidade na Atenção Básica
à Saúde. Em Cariacica, apenas 17,2% da população têm
atendimento pelo PSF.
Cobertura do Programa de Saúde da Família
Fonte: M inis tério da S aúde / DATASUS, 20 0 6 .
% de
co b e r t u r a
100
20 02
90
20 0 4
80
20 0 6
70
60
50
40
30
20
10
0
Fundão
Viana
Vitória
Vila Velha
Serra
Guarapari
Cariacica
FUNDAÇÃO VALE 69
Educação: desafio para os jovens
Como se viu, a maioria dos municípios da Região
Metropolitana apresenta o IDH mais elevado do que a
média brasileira e a Região Sudeste. Isso se deve, sobretudo,
aos indicadores de educação, que incluem a taxa de
alfabetização da população acima de 15 anos e a taxa de
escolarização bruta.
A cidade de Vitória apresenta o maior índice educacional da
região, seguida por Vila Velha, Serra e Cariacica. Fundão é o
único município em que o componente relativo à educação
do IDH é mais baixo do que a média estadual, com os piores
indicadores de analfabetismo e de escolarização – nesse
último caso, junto com Viana: a maioria da população adulta
desses municípios não completou o Ensino Fundamental
(estudou menos de oito anos).
A situação nacional indica que, apesar de ter ocorrido
praticamente a universalização do acesso à Educação
Fundamental, que é obrigatória, enfrentam-se ainda
problemas de fluxo educacional e de qualidade no
aprendizado. Há problemas de evasão, reprovação,
qualificação dos docentes e de qualidade de ensino na
Educação Básica do Brasil, que se refletem também no
Espírito Santo.
Crianças indo para a escola em Vila Velha.
Nos últimos anos, o crescimento econômico do Espírito Santo
tem sido acompanhado por uma evolução dos indicadores
da área da educação. Houve melhorias em aspectos como
o número de escolas, a média de alunos por sala, as taxas
de aprovação e abandono e o percentual de docentes com
curso superior. No entanto, o desafio de qualificar o Ensino
Básico ainda é grande para todos os municípios.
O Ensino Fundamental de Vitória apresenta a melhor
situação em relação às taxas de aprovação e reprovação, e
o de Serra, a menor taxa de abandono. As avaliações mais
negativas se verificam nos municípios de Viana (aprovação e
reprovação) e Cariacica (abandono).
Rendimento Escolar
Fonte: M inis tério da Educ aç ão/ INEP, 20 0 4
Território
Aprovação
Reprovação
Abandono
Nível Fundamental
Nível Médio
Nível Fundamental
Nível Médio
Nível Fundamental
Nível Médio
Cariacic a
78,9 %
65,5%
10,1%
6, 2%
11,0 %
28,3%
Fundão
82,1%
61,5%
11, 8%
11, 8%
6,1%
26,7%
G uarap ari
79,0 %
76,0 %
11,7%
7,5%
9,3%
16,5%
Serra
8 4,5%
6 6,9 %
9, 6%
8, 6%
5,9 %
24,5%
V iana
77, 6%
58,5%
15,4%
6,7%
7,0 %
34, 8%
V ila Ve lha
82, 2%
70,7%
9,4%
5, 8%
8,4%
23,5%
V itória
85, 6%
69,0 %
7,1%
8,5%
7,3%
22,5%
E spírito S anto
81, 8%
71,7%
11,3%
7, 2%
6,9 %
21,1%
Sudes te
87,1%
76,4%
8,9 %
11, 8%
4,0 %
11, 8%
Brasil
78,7%
73,3%
13%
10,7%
8,3%
16,0 %
70 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
Já no Ensino Médio, as melhores taxas estão em Vila Velha
e Guarapari (aprovação e reprovação), enquanto as mais
desfavoráveis estão em Viana (aprovação e abandono) e
Fundão (reprovação).
Em termos gerais, no Ensino Médio, a situação mais
preocupante é a do abandono, pois apenas um município
(Guarapari) tem índice melhor do que a média estadual
e compatível com a nacional. A manutenção dos
adolescentes e jovens na escola é um grande desafio
para os municípios, em um contexto de convívio com a
violência, principalmente na Grande Vitória. A cobertura
e a qualidade do ensino no nível médio são inferiores às
do Ensino Fundamental e a oferta de vagas no Ensino
Profissionalizante é limitada.
Segurança: crimes letais
A Grande Vitória sustenta taxas de crimes que superam
outras capitais, como Rio de Janeiro e São Paulo. De
maneira geral, o estado do Espírito Santo tem altas taxas de
criminalidade desde a década de 1990, com seus principais
municípios figurando, nos últimos anos, entre os mais
violentos do país.
Na Região Sudeste, a criminalidade se expressa, sobretudo,
nas grandes cidades, principalmente nas capitais, que
concentram grande parte da riqueza do país. A maior
organização do tráfico de drogas internacional e a
ampliação de suas ações no Brasil, a partir da metade final
da década de 1980, tornaram mais complexo o cenário de
violência nessa região.
Em 2005, foram registradas 43.847 ocorrências de crimes
violentos letais (que causam morte), intencionais, no Brasil.
A maior incidência desses crimes foi verificada na Região
Sudeste, que concentra 42% do total do país. Ao se analisar
as taxas por 100 mil habitantes, as maiores encontram-se em
Pernambuco e no Rio de Janeiro.
Nos municípios da Grande Vitória, nota-se sensível melhora
nos índices de 2005 – principalmente em Serra e Vitória –
mas a região ainda fica muito acima da média nacional e
regional. Em Vila Velha e Cariacica, a diminuição desse tipo
de crime é mais modesta.
Crimes Violentos Letais Contra a Pessoa
Fonte: M inis tério da Jus tiç a /SENASP, 20 0 6 .
ta x a p o r
10 0 m i l h a b
120
20 0 4
20 05
100
80
60
40
20
0
Serra
Cariacica
Vitória
Vila Velha
Rio de Janeiro
São Paulo
Brasil
Sudeste
FUNDAÇÃO VALE 71
Segurança: crimes contra o patrimônio
As capitais do Sudeste invertem posição quando o que se
analisa são os crimes violentos contra o patrimônio (roubo,
furto, extorsão). Nesse caso, São Paulo lidera, seguido pelo
Rio de Janeiro e por Vitória. Os outros municípios da Grande
Vitória registram taxas menores.
Entre 2004 e 2005, a tendência geral foi de queda nesse
índice. Para o Espírito Santo, verificaram-se taxas de 207,7
crimes por 100 mil habitantes, em 2004, e de 168,6, em 2005.
Na Região Metropolitana, esse tipo de crime se concentra
nos municípios mais ricos.
Policiamento em bicicleta, em Vitória.
Crimes Contra o Patrimônio
Fonte: M inis tério da Jus tiç a /SENASP, 20 0 6 .
ta x a p o r
10 0 m i l h a b
20 0 4
20 05
1.600.00
1.400.00
1.200.00
1.000.00
800.00
600.00
400.00
200.00
0.00
São Paulo
Rio de Janeiro
Vitória
Vila Velha
Serra
Cariacica
Brasil
Sudeste
Taxas de Crimes Relacionados a Drogas
Fonte: M inis tério da Jus tiç a /SENASP, 20 0 6 .
20 0 4
ta x a p o r
10 0 m i l h a b
20 05
200
180
160
140
120
100
80
60
40
20
0
Rio de Janeiro
São Paulo
Vitória
72 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
Serra
Cariacica
Vila Velha
Brasil
Sudeste
Segurança: tráfico de drogas
O tráfico de drogas afeta principalmente
adolescentes e jovens, vítimas tanto do uso de
entorpecentes quanto do aliciamento para o
trabalho no tráfico. Estão em curso tentativas de
debelar esses movimentos e recuperar territórios
onde se observa a presença do tráfico.
Fundão
Nos anos de 2004 e 2005, Vitória apresentava taxas
de crimes relacionados ao tráfico de drogas muito
superiores a cidades notoriamente vítimas da ação
do crime organizado, como o Rio de Janeiro. Por
um lado, essa constatação pode estar relacionada à
posição estratégica da capital em relação aos outros
municípios, funcionando como eixo de ligação
com a Região Nordeste, além das possibilidades
oferecidas pela geografia da cidade.
Serra
Além disso, nesse tipo de crime, os números
apresentados podem ser resultados de uma atitude
mais ativa da corporação nas atividades de
registro das ocorrências, não representando,
necessariamente, maior incidência do delito.
Segurança: homicídios entre jovens
Vitória
C ar iacic a
Viana
Vila Velha
Gu a r a pa r i
Os jovens (entre 14 e 25 anos) são as maiores
vítimas de homicídio na Grande Vitória. Nessa faixa
etária, a taxa chega a ser duas vezes maior do que
entre a população em geral.
Taxa Média de Homicídios – 2002/2004
Fonte: IBGE – Malhas Digitais, 20 05; SIM – Sistema de Informações sobre
Mor talidade/SVS/MS, 20 06.
por 10 0 m i l ha b i tan t es
31- 43
4 4 - 67
6 8 - 83
8 4 -111
P o pul ação
36
222
31
P o pul ação J ov e m
111
Entre os municípios, a maior taxa de homicídios
de jovens está em Serra, seguida por Vitória. Nos
municípios mais afastados da capital – Fundão,
Guarapari e Viana – os homicídios de jovens são
menos frequentes do que a taxa geral, também
mais baixa do que na metrópole.
sed e s m u n i ci pa i s
FUNDAÇÃO VALE 73
74 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
Bairros
vizinhos
à Vale
Perfil social, infraestrutura urbana
e questões ambientais
Esta seção se dedica a detalhar a situação
social, urbana e ambiental de bairros situados
na vizinhança dos empreendimentos da Vale
na Região Metropolitana da Grande Vitória,
como o Complexo de Tubarão, a Ferrovia
Centro-Atlântica (FCA) e a Estrada de Ferro
Vitória a Minas (EFVM). Após a apresentação
de cada uma dessas vizinhanças, as mesmas
são comparadas entre si.
FUNDAÇÃO VALE 75
Vizinhança da Estrada de
Ferro Vitória a Minas (EFVM)
População estimada (2008): 117.793 hab.
D en si da d e b r u ta : 29 h a b . / h a
C ariacic a
21
17
Cen t r a l C a r a pi n a
18
D ia m a n t i n a
19
C a r a pi n a G r a n d e
20
N ova C a n ã a
21
Fl e x a l I
22
Fl e x a l II
23
R e t i r o Sau d os o
24
M o r r o da Apa r eci da
25
M o r r o d o M ei o
26
P o r to N ovo
27
P o r to d e Sa n ta n a
28
I taci bá
29
S ot e m a
30
Alto dA B oa V i s ta
31
I taqua r i
32
São To r quato
33
Ch ác a r a d o Co n d e
34
Argolas
20
22
23
Vitória
26
25
24
27
Vizinhança da Ferrovia
Centro-Atlântica (FCA)
Á r e a : 5 43h a
P o pul ação e s t i m a da : 4 6 . 35 6 h a b .
28
D e n si da d e b r u ta : 73 h a b . / h a
35
Ja r d i m A m ér i c a
36
B oa S o r t e
37
Campo Grande
38
Co b i
30
29
34
31
32
33
35
37
38
36
viana
Vil a velha
Serr a
17
18
19
1
2
3
4
Vizinhança Imediata
do Complexo de Tubarão
5
6
Á r e a : 5 43h a
P o pul ação e s t i m a da : 4 6 . 35 6 h a b .
7
D en si da d e b r u ta : 73 h a b . / h a
8
1
São G er a l d o
2
R osá r i o d e Fát i m a
3
M a n o e l Pl a z a
4
Eu r i co Sa ll e s
5
H é l i o Fer r a z
6
C a r a pi n a I
7
Ba i r r o d e Fát i m a
8
Ja r d i m C a m bu r i
9
10
11
12
13
14
16
15
Vizinhança Remota
do Complexo de Tubarão
Á r e a : 6 63h a
População estimada: 59.699 hab.
D en si da d e b r u ta : 9 0 h a b . / h a
9
M ata da Pr a ia
10
Ja r d i m da Pen h a
11
Ba r r o V er m e l h o
12
Pr a ia d o C a n to
13
Il h a d o Fr a d e
14
Il h a d o B o i
15
E n se a da d o Suá
16
Pr a ia d o Suá
Vizinhanças dos
Empreendimentos
da Vale
Fonte: Diagonal Urb ana – Levant am ento Primário, 20 07.
V i z i nhan ç as
Do complexo de tubarão
da Estrada de ferro vitória A minas (EFVM)
da fer r ov ia cen t r o -at l â n t i c a (FCA )
co m pl e xo d e t uba r ão
Estrada de ferro vitória A minas (EFVM)
ferrovia centro-at l â n t i c a (FCA )
Bairros Vizinhos ao
Complexo de Tubarão
Vizinhança imediata
Abrange os bairros de Jardim Camburi, em Vitória, e Fátima,
Hélio Ferraz, Manoel Plaza, Eurico Sales, Rosário de Fátima,
São Geraldo e Carapina I, em Serra.
A história desses bairros tem forte relação com o processo
de industrialização que se instalou na região na segunda
metade da década de 1960. Nessa mesma época, teve início a
ocupação urbana no Jardim Camburi e no Bairro de Fátima, a
partir do loteamento de antigas propriedades rurais.
Outro marco do desenvolvimento urbano dessa região foi
a construção, a partir do final dos anos 1970, de conjuntos
habitacionais para abrigar, principalmente, os funcionários
das empresas da região, como Carapina I, Eurico Salles, Hélio
Ferraz e Manoel Plaza.
A ocupação da vizinhança imediata foi originada, ainda,
pela apropriação de outros terrenos privados e públicos,
que deram origem a outros bairros: Rosário de Fátima e São
Geraldo. A diferença entre os dois é que, no caso do segundo,
também houve o loteamento de propriedades rurais.
Dos bairros na vizinhança imediata do Complexo de
Tubarão, Jardim Camburi é atualmente o mais dinâmico.
Apresenta um intenso processo de verticalização e
valorização imobiliária, atraindo a implantação de
empreendimentos de alto padrão.
Em 2008, havia uma população de 46.356 habitantes na
vizinhança imediata do Complexo de Tubarão. O bairro mais
populoso é Jardim Camburi, com 58,6% dos moradores. Com
exceção dos bairros de Fátima e Hélio Ferraz – que, juntos,
respondiam por mais 24% da população – os demais bairros
respondiam, cada um, por não mais de 5% dos moradores.
78 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
A interação dos usos na cidade, vista pela Praia de Camburi.
Vizinhança remota
A vizinhança considerada neste estudo como remota
é constituída pelos bairros que, mesmo não fazendo
fronteira com as áreas dos empreendimentos, relacionamse diretamente com a Vale. São eles: Mata da Praia, Jardim
da Penha, Ilha do Boi, Ilha do Frade, Praia do Canto, Barro
Vermelho, Enseada do Suá e Praia do Suá, todos em Vitória.
Esses bairros, juntamente com Jardim Camburi, concentram
uma melhor infraestrutura urbana, a rede de serviços e
comércio, além de receber uma significativa parcela do
turismo de negócios da Grande Vitória.
A ocupação dos bairros da orla foi possível a partir do aterro
de áreas de mangue ou de baixo calado no estuário da Baía
de Vitória. A construção de novos acessos viários permitiu
a urbanização e o loteamento das Ilhas do Boi e do Frade,
assim como a construção da Terceira Ponte e do Shopping
Vitória estimularam a verticalização das edificações na
Enseada do Suá e na Praia do Canto.
Bairros vizinhos à
Estrada de Ferro Vitória
a Minas (EFVM)
A ferrovia percorre 30 bairros dos municípios de Cariacica,
Serra e Vila Velha. No entorno da ferrovia,
o mais antigo – Argolas – se desenvolveu estimulado pela
presença das estações da Estrada de Ferro Vitória a Minas
e da Estrada de Ferro Leopoldina, cujas movimentações
de cargas e passageiros demandavam mão-de-obra e
movimentavam o comércio do bairro.
A Vale também conduzia atividades em outros bairros
vizinhos à ferrovia, nos quais mantinha vínculos com as
comunidades, como na pedreira próxima ao Morro da
Aparecida e as oficinas em Itaquari, instaladas por volta
de 1940. Em muitos casos, a ferrovia contribuiu para o
desenvolvimento de bairros inteiros, como Alto da Boa
Vista e Morro da Companhia – onde foram instaladas as
residências de funcionários graduados da empresa. Parte
dessas áreas de Itaquari e Porto de Santana pertenciam,
inicialmente, ao município de Vitória, sendo incorporadas,
posteriormente, ao município de Cariacica.
Edifício da antiga Estação Leopoldina, no bairro de Argolas, em Vila Velha.
Vista da orla de Cariacica. Ao fundo, as encostas do Bairro de Itaquari.
FUNDAÇÃO VALE 79
Os bairros vizinhos à ferrovia, inclusive
aqueles cuja origem está ligada
às atividades da Vale, cresceram,
posteriormente, em função do
desenvolvimento industrial da Grande
Vitória. Entre as décadas de 1960 e 1980,
a instalação de novos empreendimentos,
como o Complexo de Tubarão e a
Companhia Siderúrgica de Tubarão,
atraiu novos moradores para a região. A
rápida expansão urbana dos municípios
de Serra e Cariacica contribuiu para a
formação de bairros com deficiências
de infraestrutura urbana, especialmente
Central Carapina, Flexal e Morro da
Aparecida. São bairros que se somam a
outros que apresentam características
próprias da segregação espacial e social,
baixo nível de escolaridade, precariedade
da infraestrutura urbana e dos serviços
públicos, como ocorre nas periferias das
grandes cidades brasileiras.
Entorno do Bairro Flexal, beirando a linha férrea.
Bairros vizinhos à
Ferrovia CentroAtlântica (FCA)
Os bairros de Cobi e Jardim América
foram inicialmente ocupados a partir da
instalação de uma indústria siderúrgica
junto à antiga Estrada de Ferro
Leopoldina, em meados do século XX.
Com a construção da BR-262, Cariacica se
transforma em vetor de expansão urbana
da Região Metropolitana, intensificando
o processo de loteamento e arruamento
de novas áreas no entorno da ferrovia e
provocando adensamento e verticalização,
principalmente no bairro de Campo
Grande, centro comercial do município.
O bairro Cobi, em Vila Velha, f ica no entorno da Ferrovia Centro -Atlântica.
80 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
A população
População – 2000/2008
Fonte: IBGE – Censo Demográf ico, 2000. Elaboração Estimativa 2008: Diagonal Urbana, 20 07.
A população vizinha aos empreendimentos da
Vale na Região Metropolitana da Grande Vitória é
bastante expressiva e continua crescendo. Quase
um terço dos moradores de Vitória se concentra
nas vizinhanças imediata e remota do Complexo
de Tubarão. Entretanto, chama a atenção também
o fato de que as áreas mais povoadas da Grande
Vitória estão nas proximidades das duas ferrovias
(Estrada de Ferro Vitória a Minas e Ferrovia
Centro-Atlântica): são aproximadamente 200 mil
pessoas. Juntas, as vizinhanças dessas ferrovias
compreendem cerca de 11,5% da população de
toda a Região Metropolitana.
Vizinhança
2000
2008
Ime diat a de Tubarão
39.772
4 6.356
Remot a de Tubarão
59.699
6 4.910
10 0.0 65
117.793
87.965
103.631
318.69 4
369.438
E s trada de Ferro V itória a M inas (E F VM)
Ferrovia Centro -Atlântic a (FC A)
Total Geral
Fila no Terminal Rodoviário de Itacibá, em Cariacica.
FUNDAÇÃO VALE 81
A renda
Renda Média Mensal dos Chefes de Domicílios (R$)
Fonte: IBGE – Censo D emo gr áf ico, 20 0 0 (agre gado de s e tores censit ários).
Os diferentes conjuntos de bairros vizinhos aos
empreendimentos da Vale são muito diferentes em termos
socioeconômicos. Nos bairros da vizinhança remota do
Complexo de Tubarão, o padrão é de classe média-alta –
com média de renda de R$ 3.200. Isso é praticamente o
dobro da renda média do município de Vitória (R$ 1.588).
Em alguns bairros, quase todas as residências têm renda
superior a dez salários mínimos. Destacam-se a Ilha do
Frade, com 92% dos chefes de família ganhando acima
desse valor, e a Ilha do Boi, com 87%.
3.500
3287
3.000
2.500
2.000
1.500
1571
1.000
669
Na vizinhança imediata de Tubarão, o rendimento médio
fica na faixa dos R$ 1.500. O bairro com maior renda dessa
região é o Jardim Camburi, e com a menor é São Geraldo,
onde 29% dos chefes de família não têm renda ou ganham
menos de um salário mínimo.
500
436
Ferrovia
CentroAtlântica
(FCA)
Estrada de
Ferro Vitória
a Minas
(EFVM)
Remoto
Tubarão
Imediato
Tubarão
0
A situação econômica de moradores das proximidades das
ferrovias é ainda mais difícil. Seu rendimento médio é muito
inferior, na faixa dos R$ 450.
Serra
Renda Mensal dos
Chefes de Domicílio
nas Vizinhanças (R$)
2
Fonte: IBGE – Censo Demográf ico, 2000.
At é R $70 9
En t r e R$70 9 e R$1. 4 49
1
En t r e R$1. 4 49 e R$2 .743
En t r e R$2 .743 e R$ 4 . 493
C ar iacic a
En t r e R$ 4 . 493 e R $9. 819
v i z i nhan ç as
1
2
Vitória
1
co m pl e xo d e t uba r ão
2
estrada de ferro vitória
a minas (EFVM)
3
fer rov ia cen t ro -at l ân t i c a
(FCA )
complexo de tubarão
Estrada de ferro vitória
A minas (EFVM)
3
Viana
Vila Velha
82 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
ferrovia centro-at l â n t i c a
(FCA )
A escolaridade
A desigualdade em termos de rendimentos se reproduz
nas diferenças de nível de escolaridade dos responsáveis
pelo domicílio. Mais uma vez, as vizinhanças imediata e
remota de Tubarão têm os melhores índices, enquanto as
vizinhanças das ferrovias apresentam baixa escolarização.
A vizinhança remota de Tubarão se destaca, com 54% dos
chefes de família tendo estudado 15 anos ou mais. Ou seja,
a maior parte dos moradores cursou o Ensino Médio e
parte expressiva também o Ensino Universitário. Nas Ilhas
do Frade e do Boi, esse índice passa dos 74%. Já a média da
vizinhança imediata de Tubarão é de 11%.
Padrões de consolidação
urbana
As diferentes características urbanas dos bairros vizinhos
aos empreendimentos da Vale foram classificadas de modo
a estabelecer uma padronização que permitisse observar,
numa ordem decrescente, os bairros mais consolidados e os
mais carentes em termos de infraestrutura.
Para a realização desse mapeamento, definiu-se como
abrangência territorial uma área de 500 metros para cada
lado da ferrovia e uma setorização dos bairros próximos
ao Complexo de Tubarão. Para avaliação dos diferentes
padrões de consolidação urbana, foram considerados
fatores como a abrangência do atendimento das redes de
serviço (abastecimento de água, coleta e tratamento de
esgoto e fornecimento de energia elétrica), a infraestrutura
viária (pavimentação e drenagem), a mobilidade urbana
(acessibilidade e transporte coletivo), o padrão construtivo
das edificações, o uso predominante do solo (residencial,
comercial/serviços e industrial) e a presença de áreas de
expansão urbana.
As características urbanas e ambientais dessas áreas
permitiram qualificá-las segundo cinco níveis de consolidação
urbana: médio-alto, médio, médio-baixo, baixo e precário.
A análise dos padrões de consolidação urbana permite
identificar a maior vulnerabilidade das vizinhanças da Estrada
de Ferro Vitória a Minas e da Ferrovia Centro-Atlântica,
enquanto o Complexo de Tubarão reúne algumas condições
de urbanização mais favoráveis. A situação de alguns bairros é
apresentada nos mapas nas páginas a seguir.
Escolaridade do Chefe de Domicílio
Fonte: IBGE – Censo D emo gr áf ico, 20 0 0 (agre gado de s e tores censit ários).
70,0
15 A n os o u
mais de estudo
11 a 14 a n os
60,0
8 a 10 a n os
4 a 7 a n os
1 a 3 a n os
Se m i n s t r ução
o u m en os d e 1 a n o
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
Vizinhança da
Estrada de
Ferro Vitória a
Minas
Vizinhança
remota de
Tubarão
Vizinhança
imediata de
Tubarão
0,0
FUNDAÇÃO VALE 83
Padrões de
Consolidação
Urbana
Padrão médio-alto:
 Abastecimento de água pela concessionária.
 Esgotamento sanitário através
da concessionária.
 Ruas pavimentadas em bom estado
de conservação.
 Drenagem subterrânea.
 Iluminação pública adequada.
 Fornecimento de energia elétrica.
 Macro e microacessilidade com acesso
para veículos, ônibus e pedestres.
 Não possui interface física com os
empreendimentos da Vale.
 Uso predominantemente residencial,
com construções em bom estado de
conservação.
 Processo de verticalização.
Padrão médio:
 Abastecimento de água pela concessionária.
 Esgotamento sanitário através
da concessionária.
 Ruas pavimentadas em bom estado
de conservação.
 Drenagem subterrânea.
 Iluminação pública adequada.
 Fornecimento de energia elétrica.
 Macro e microacessiblidade com acesso
para veículos, ônibus e pedestres.
 Pontos de conflitos (alagamento
em algumas ruas).
 Áreas de expansão urbana sem
infraestrutura adequada.
 Interface com as instalações da Vale,
sem problemas físicos.
 Uso predominantemente residencial,
com construções em bom estado
de conservação.
Padrão médio-baixo:
 Abastecimento de água pela concessionária.
 Esgotamento sanitário através
da concessionária.
 Ruas pavimentadas, algumas em precário
estado de conservação.
 Calçadas estreitas.
 Drenagem subterrânea.
 Iluminação pública adequada.
 Fornecimento de energia elétrica.
 Macro e microacessilidade com acesso
para veículos, ônibus e pedestres.
 Pontos de conflitos (alagamento em
algumas ruas, fluxo de caminhões, acúmulo
de lixo e esgoto nas ruas e calçadas, erosão).
 Interface com as instalações da Vale com
problemas de transposição e acúmulo de
lixo em alguns pontos.
 Uso predominantemente residencial, com
construções em processo de expansão,
algumas sem revestimento e sem recuos
laterais e frontal.
 Adensamento construtivo.
Padrão baixo:
 Abastecimento de água pela concessionária
e através de ligações clandestinas.
 Esgotamento sanitário lançado na drenagem.
 Pavimentação das ruas precária.
 Iluminação pública adequada.
 Fornecimento de energia elétrica.
 Macroacessibilidade com acesso
para veículos, ônibus e pedestres.
 Microacessibilidade com acesso
para veículos e pedestres.
 Pontos de conflitos (alagamento em
algumas ruas, acúmulo de lixo e esgoto nas
ruas e calçadas, processos erosivos).
 Interface com as instalações da Vale,
com problemas de transposição e acúmulo
de lixo em diversos pontos.
 Uso da ferrovia como circulação.
 Uso predominante residencial, com
construções em processo de expansão,
algumas sem revestimento e sem recuos
laterais e frontal.
 Ocupação de encostas com processo erosivo.
 Adensamento construtivo.
84 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
Padrão precário:
 Abastecimento de água através de
ligações clandestinas.
 Esgotamento sanitário em canais abertos
ou no leito das ruas.
 Pavimentação ausente.
 Iluminação pública.
 Fornecimento de energia elétrica;
 Macroacessibilidade com acesso para
veículos, ônibus e pedestres.
 Microacessibilidade com acesso para
veículos e pedestres (em alguns pontos
o acesso é apenas para pedestres).
 Pontos de conflitos (alagamentos, acúmulo
de lixo e esgoto nas ruas e calçadas,
processos erosivos).
 Interface com as instalações da Vale, com
problemas de transposição e acúmulo de
lixo em diversos pontos.
 Uso da ferrovia como circulação.
 Uso predominante residencial, com
construções em processo de expansão,
algumas sem revestimento e sem recuos
laterais e frontais.
 Ocupação irregular de encosta.
 Adensamento construtivo.
Fonte: Diagonal Urbana – Levantamento Primário, 20 07.
Padrões de consolidação urbana
médio -alto
médio
médio -baixo
baixo
precário
Área industrial
Terminal Intermodal (TIMS)
Áreas portuárias e retroportuárias
Área com atividades ferroviárias
Área verde
Área verde/Rural
complexo de tubarão
Estrada de ferro vitória A minas (EFVM)
ferrovia centro-at l â n t i c a (FCA )
5
4
Bairros Vizinhos à
Estrada de Ferro Vitória
a Minas (EFVM)
4
Ce n t r a l C a r a pi n a
5
T e r m i n a l I n t e r m o da l ( TIMS)
6
P o r to E n g e n h o
7
Vila Ca jueiro
8
N ova C a n a ã
9
Fl e x a l I
10
M o r r o da Apa r e ci da
11
V i l a Oá si s
Serra
3
6
2
Bairros Vizinhos ao
Complexo de Tubarão
(Vizinhança Imediata)
7
1
Ja r d i m C a m bu r i
2
H é l i o Fer r a z
3
Eu r i co Sa ll e s
1
8
C a r i ac i c a
9
Vitória
10
11
16
12
17
Bairros Vizinhos à
Ferrovia Centro-Alântica
(FCA)
14
Viana
13
15
Vila Velha
12
M o r r o da Co m pa n h ia
13
B oa S o r t e
14
L a r a n j ei r a s
15
Vila Rica
16
Argolas
17
São To r quato
FUNDAÇÃO VALE 85
Próximos Passos:
Linhas de Atuação
da Fundação Vale
86 Um olhar sobre a Grande Vitória d iag n ós t i co so ci o eco n ôm i co
O Diagnóstico Socioeconômico da Grande Vitória
apresentou um conjunto de aspectos históricoculturais, demográficos, urbano-ambientais,
sociais e econômicos, e hoje é um importante
instrumento para tomada de decisões na gestão
dos investimentos sociais da Vale.
Com base nisso, a Vale e sua Fundação vêm
desenvolvendo um Plano de Gestão dos
Investimentos Sociais (PGIS) na Grande Vitória,
buscando contribuir com o desenvolvimento
local integrado e o permanente aprimoramento
do diálogo com a sociedade.
Esse plano está sendo estruturado em três linhas
de atuação, que priorizam ações de apoio à
gestão pública, projetos para implantação de
infraestrutura e ações para o desenvolvimento
humano e econômico:
 Apoio
à gestão pública: atuamos junto
ao Poder Público, por meio de protocolos
de intenção assinados com as prefeituras,
auxiliando na redução de déficit em
infraestrutura, no fortalecimento dos serviços
públicos e de ordenação urbana.
 Desenvolvimento
humano e econômico: com
ênfase em crianças e jovens, é concretizado
por meio de ações que promovam a formação
profissionalizante e atividades esportivas e
culturais. A principal iniciativa nessa frente
são as Estações Conhecimento – Núcleos
de Desenvolvimento Humano e Econômico,
centros rurais ou urbanos, idealizados pela
Fundação Vale, para contribuir com a melhoria
da qualidade de vida e o desenvolvimento
integrado e sustentável das comunidades.
Os núcleos são organizações da sociedade civil
de interesse público (OSCIPs), viabilizadas por
meio de parcerias locais com o Poder Público
e entidades da sociedade civil organizada.
Busca-se com isso integrar os esforços da
empresa aos do Poder Público, das instituições
de ensino e organizações da sociedade civil,
que trabalham para a melhoria das condições
de vida da população da Grande Vitória.
A parceria intersetorial é fundamental para
o sucesso desse trabalho.
 Infraestrutura:
atuamos ao lado das prefeituras,
desenvolvendo projetos executivos para
apoiar a captação de recursos como, por
exemplo, os do Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC), do Governo Federal.
FUNDAÇÃO VALE 87
Fundação Vale
Diagonal Urbana
Silvio Vaz de Almeida
Álvaro Jucá
Diretor-Presidente da Fundação Vale
Co-Presidente
Liesel Filgueiras
Katia Mello
Redação:
Gerente-Geral de Responsabilidade Social Corporativa
Co-Presidente
Lorenzo Aldé
Andréia Gama
Geraldo Barbosa
Coordenadora do Território da Grande Vitória
Diretor-Executivo
Livia Zandonadi
Jaime C. Almeida
Analista do Território da Grande Vitória
Diretor de Negócios Vale/Ambiental
Edição:
Gabriela Varanda
Fotog raf ia:
Agência Tyba - Rogério Reis
Diagonal Urbana
Karin Ianina Matzkin
Vale
Coordenadora-Executiva
do Diagnóstico da Grande Vitória Felipe Guardiano
Ana Weisz
Diretor do Departamento de Pelotização
Fábio Brasileiro
Diretor do Departamento de Desenvolvimento
e Gestão de Portos e Navegação
Renato Torres
Diretor do Departamento de Operações Portuárias
e Rebocadores
Marcelo Barros
Renata Villas Boas
Direção de Ar te:
Socióloga – Dimensão Social
Dupla Design
Daniel Pessini Sobreira
Demógrafo – Dimensão Demográfica
Felipe Ozores
Arquiteto – Dimensão Urbano-Ambiental
Jorge Jatobá
Eugênio Fonseca
Marcos Virgílio
Coordenador-Executivo de Relações Institucionais –
Departamento de Pelotização
Arquiteto – Dimensão Histórico-Cultural
Gerente de Comunicação Regional Espírito Santo
Magali Bueno
Vera Santana
Analista Social – Dimensão Social
Diretor do Departamento de Operações
da Estrada de Ferro Vitória a Minas
Elis Ramos
Rev isão:
Economista – Dimensão Econômica
Comunicação Orgânica
Ana Lúcia Oliveira
Projeto e Planejamento:
Analista de Comunicação
Leticia Monte
Fernanda Jaguaribe
Gabriela Varanda
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Um olhar sobre a Grande Vitória