VII Colóquio Internacional do LEPSI IP/FE-USP I Congresso da RUEPSY Rede Universitária Internacional de Estudos em Educação e Psicanálise Formação de Profissionais e a Criança-Sujeito 06, 07 e 08 de novembro de 2008 - USP - São Paulo O século que acabamos de deixar foi considerado por muitos como o século da criança. A obra de Phillipe Ariès, “A História social da família e da infância”, tornada um clássico entre nós, apesar das fortes objeções metodológicas que lhe foram feitas, foi recebida com encanto, pois denunciava nosso suposto esquecimento, historicamente constatável, da criança. Até então ela não teria despertado senão o interesse de mignotage, o mesmo obtido com os animais de estimação quando nos divertem com suas micagens e ingenuidade. Mas diferentemente do que acreditava Ariès, novas fontes de arquivo e outra proposta metodológica de estudo viriam mostrar que a criança já tinha sido celebrada com vigor na Idade Média. Já no útero materno tinham direitos legais e as grávidas eram protegidas contra acidentes; os árabes acreditavam que o feto tinha consciência desperta e protegiam os recém nascidos dos ruídos e da luz; a quantidade existente, já na época, de termos pra distinguir etapas da infância ( infans, puer, puella, parvulus, juvenis, etc.) são evidências de uma consideração da criança no Cosmos. Mas não é por acaso que tais estudos não ganharam a mesma notoriedade que os de Ariès. Seu livro celebra nosso encantamento, nossa paixão contemporânea pela criança. De fato, como “majestade” (His majesty the baby), segundo sábia observação freudiana, nunca a havíamos considerado. Mas sabemos que a majestade possui uma condição paradoxal. Ao mesmo tempo em que é alvo de adoração, devoção e proteção, “não pode falar”, não pelo menos em nome próprio, ou fora do protocolo, nem mesmo escolher, já que suas escolhas também já estão prescritas. Tal é o paradoxo que parece viver a contemporânea criança. Passamos a sentá-las na mesa, a não escondê-las nas festas, a estudar seu desenvolvimento, suas peculiaridades, enfim, a “compreendê-la” melhor. Mas é esta “compreensão”, lembrando as advertências de Lacan sobre este termo, ao marcar o que ele comporta de “prisão”, “aprisionamento” do outro pelo saber, que justamente implicará no silenciamento da criança. De fato nunca se falou tanto “sobre” a criança e nunca tanto se deixou de ouvi-la. O paradoxo é apenas aparente, pelo menos a Psicanálise está em condições de esclarecê-lo. Trata-se das armadilhas narcísicas do apagamento do outro, construídas, neste caso, através da compreensão. Nossa ignorância da criança, nos diz Freud, se deve a razões inconscientes, ao recalque da criança que fomos nós. Pois bem, é com “A” criança, objeto constituído pelo discurso científico, que a sociedade contemporânea tenta responder a esta ignorância particular. Daí os inúmeros profissionais treinados num saber “sobre “ela. Podemos olhar para este saber constituído e ver nele os resultados de um esforço de pesquisa que buscou e constituiu um saber “objetivo”. Mas podemos também tomá-lo por outro ângulo, mais próximos da psicanálise, e ver nele uma tela onde se projeta nosso desejo. Por acaso não seria demasiado considerar que a criança tornou-se o ícone de nossa época porque ela congrega nosso desejo contemporâneo, em seus traços fundamentais, a saber: o gozo múltiplo ou polimorfo; a impunidade generalizada; o prazer imediato e imperativo e a ilusão do futuro libertador de toda insuficiência. Pena que Ariès não tenha extraído as conseqüências de seu principal instrumento de pesquisa, o retrato. Ele é um dos signos de uma sociedade que começara a entender o indivíduo como o centro e procurava celebrá-lo destacando-o através de sua representação iconográfica.“A “criança surge no auge de um projeto individualista que visa constitui-la para dominá-la. E é por isso que a Psicanálise, que veio justamente demonstrar, não a criança que dominamos, mas a que nos domina, está num bom lugar para discuti-la, sem o risco de engrossar o coro dos que acabaram por silenciá-la. 6/11 Seminários Préquinta colóquio (a definir) feira 7/11 sexta feira Seminários Précolóquio (a definir) 8h recepção e controle de inscrições 13h30 - 16h Mesa 2 Entre o tratar e o 9h30 - 12h Mesa 1 educar: o mesmo Prevenção: o há de vir sujeito? do sujeito Bernard Pechberty – Ana Beatriz Freire – Université Paris 5 Universidade Federal de Leny Magalhães Rio de Janeiro Mrech– - USP Léia Priszkunik - USP Maria Cristina Machado Leda Fischer Bernardino Kupfer – - USP – Pontifícia Universidade Católica do Paraná 8h30 - 10h - Sessões de comunicações livres 13h30 - 16h Mesa 4 A criança: direitos, saberes e o infantil Laurence Gavarini Université Paris 08 Mercedes Minnicelli – Universidad Nacional de Mar del Plata – Argentina Leandro de Lajonquière – USP 8/11 sábado Seminários Précolóquio (a definir) 16h30 - 19h Mesa 3 Formação: cuidado, ensino e transmissão Claudine BlanchardLaville - Université Paris 10 Maria Cecília Cortez Christiano de Souza USP Sandra Francesca Conte de Almeida – Universidade Católica de Brasília 16h30 - 19h - Mesa 5 A escola e os profissionais d'A Criança Perla Zelmanovich – FLACSO – Buenos Aires Marcelo Ricardo Pereira – Universidade Federal de Minas Gerais Rinaldo Voltolini - USP Realização Comissão Organizadora Prof. Dr. Leandro de Lajonquière – FEUSP (coordenador geral) Prof. Dr. Rinaldo Votolini – FEUSP Douglas Emiliano Batista – Mestrando FEUSP Ricardo Dias Sacco – Mestrando FEUSP Comissão Científica Prof. Dr. Leandro de Lajonquière – FEUSP (coordenador) Profa. Dra. Maria Cristina Machado Kupfer – IPUSP Profa. Dra. Maria Cecília Cortez Christiano de Souza – FEUSP Profa. Dra. Claudine Blanchard-Laville – Université Paris 10 Profa. Dra. Mercedes Minnicelli - Universidad Nacional de Mar del Plata – Argentina Profa. Dra. Sandra Francesca Conte de Almeida – Universidade Católica de Brasília - Universidade de São Paulo Reitora: Profa. Dra. Suely Vilela Sampaio - Faculdade de Educação Diretora: Profa. Dra. Sonia Penin LEPSI Laboratório de Estudos e Pesquisas Psicanalíticas e Educacionais Sobre a Infância - IP/FE - USP [email protected] VII Colóquio Internacional do LEPSI IP/FE-USP. Mensagem recebida por: [email protected]>, em 18 abr. 2008. Disponível em: < http://www2.fe.usp.br/estrutura/ >, acesso em: 25 abr. 2008.