JORNAL DA
associação
médica
Página 8 • Abril/Maio 2013
ESPECIALIDADE
co
Em fo
Pediatria pede socorro
Ricardo Barbosa/ALMG
Novo vírus ataca
A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou,
em abril, que a nova cepa da gripe aviária, responsável
pela morte de 22 pessoas na China, é um dos tipos
mais letais. O vírus é transmitido mais facilmente aos
seres humanos do que a outra variação da gripe aviária,
a H5N1, que já matou centenas de pessoas desde 2003.
Segundo pesquisadores, ainda não está claro como o
vírus H7N9 está infectando o ser humano. Estudiosos
acreditam que a maior probabilidade é que ela ocorra
por meio do contato com aves vivas.
Liberação de novas drogas
A Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) regulamentará o acesso a medicamentos em fase de pesquisa. A proposta prevê regras para que pacientes,
médicos e indústrias solicitem à agência permissão
para o fornecimento desses remédios, ainda sem registro no país. Hoje, a análise é feita caso a caso. A
Anvisa propõe o fornecimento do remédio enquanto
o paciente estiver obtendo benefícios e não somente
durante um ano. O remédio em fase de pesquisa
também poderá ser fornecido para grupos específicos ou apenas para um paciente.
Vacina pode demorar
Até 2016, a única esperança para redução dos
casos de dengue no Brasil será a conscientização da
população para evitar os criadouros do mosquito
Aedes aegypti. O uso da única vacina contra a doença
que está sendo desenvolvida no país ainda vai demorar, pelo menos, três anos, segundo pesquisadores. O Instituto Butantan, ligado à Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo, aguarda a liberação da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
para começar, em junho, os testes em humanos.
Falta de uma proteína
Estudo publicado na revista Nature Medicine,
19 de abril, mostrou que ratos sem uma proteína
chamada SNX27 no cérebro apresentavam os mesmos problemas de aprendizado e memória de animais com síndrome de Down. Isso pode explicar os
transtornos de desenvolvimento e cognição das pessoas com essa alteração cromossômica. De acordo
com os cientistas, o cérebro de pessoas com a síndrome também não tem a proteína. O cromossomo
21 não está envolvido na produção da SNX27, mas
codifica um regulador que inibe essa produção.
Risco aumenta em fumante
Uma pesquisa feita por cientistas noruegueses
revela que mulheres fumantes têm mais risco de desenvolver câncer de intestino que homens fumantes.
Os pesquisadores da Universidade de Tromso analisaram os registros médicos de 600 mil pacientes e
concluíram que a incidência da doença é duas vezes
maior entre mulheres que fumam. O estudo foi divulgado na publicação especializada Cancer Epidemiology Biomarkers & Prevention, 30 de abril. Durante o período analisado, cerca de 4 mil pacientes
tiveram câncer no intestino.
Associação Médica de Minas Gerais,
Sociedade Mineira de Pediatria, operadoras
de planos de saúde, sociedade civil e
parlamentares participam de audiência
pública em prol da pediatria
A baixa remuneração e a precariedade
das condições de trabalho são alguns dos
itens que fazem parte da frente de batalha
da Sociedade Mineira de Pediatria (SMP),
divulgados amplamente junto à mídia nos
últimos meses.
Audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), realizada
no dia três de abril, e passeata na Praça da
Liberdade, no dia primeiro de maio, reforçaram a necessidade urgente de uma mudança no cenário atual.
Durante a reunião na ALMG foram
aprovados vários requerimentos, entre eles
um que propõe a realização de visita conjunta das Comissões de Direitos Humanos
e de Defesa do Consumidor e do Contribuinte à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a fim de averiguar os motivos da baixa remuneração dos médicos e
hospitais pelos planos de saúde privados.
De acordo com a SMP, 18 serviços de
pediatria já fecharam suas portas em Belo
Horizonte e região metropolitana, tornando a situação do atendimento infantil um
verdadeiro caos. Segundo a presidente da
Sociedade Mineira de Pediatria, Raquel Pitchon, a especialidade para o hospital não
gera lucros como tantas outras, uma vez
que utiliza poucos recursos propedêuticos
e terapêuticos.
Apesar de um estudo realizado pelo
Conselho Regional de Medicina (CRM MG)
e pela Associação Médica de Minas Gerais
(AMMG), em dezembro de 2012, demonstrar que a pediatria foi a terceira especialidade mais procurada pelos futuros formandos, nos últimos dez anos, a procura para
realização do título de especialista em Minas, caiu 50 %. “Isso demonstra que a pe-
diatria, atualmente, vem sendo utilizada como ponte para a formação médica de outras especialidades. Uma análise aprofundada deste fato traz a constatação de que
o motivo principal da não opção pela pediatria está assentado nas precárias condições de trabalho, associadas às perspectivas
econômicas insuficientes para a dedicação
à infância e à adolescência”, explica Pitchon
que afirma que a política de saúde pública
e suplementar nos últimos dez anos não
só não valorizou o trabalho pediátrico, como desconsiderou as suas peculiaridades.
Para Pitchon, as razões para que isso
chegasse a esse ponto são multifatoriais.
“Colocamos na balança a baixa remuneração e não valorização da especialidade,
a redução do número de especialistas em
pediatria e dos consultórios pediátricos,
sem deixar de falar nos preços vis praticados pelas operadoras de planos de saúde”, pontua.
Em reunião promovida pela Comissão
Estadual de Honorários Médicos, no dia
15 de abril, os hospitais de Belo Horizonte
apresentaram propostas como o reajuste
do valor da visita hospitalar, dos honorários
do pediatra na sala de parto, a remuneração médica para a avaliação do paciente
na sala de observação, ou seja, na semi-internação, dentre outros pontos aprovados
pela entidade.
Diante de todos os diálogos ou da falta
deles, Pitchon reintera que o que parece
faltar não são pediatras e sim sensibilidade
e desejo concreto de oferecer às crianças,
gestantes e população em geral uma solução sólida, perene e efetiva que garanta a
todos o direito básico de acesso aos serviços de saúde com agilidade e qualidade.
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