PIRACLOSTROBINA EM DIFERENTES ÉPOCAS DE APLICAÇÃO, E DIFERENTES
SISTEMAS DE MANEJOS FITOSSANITÁRIOS
Autores: Marcelo Raphael Volf1*; Diego Sichocki1; Janderson Fagundes Ribeiro2; Mauricio
Conrado Meyer3; Esequiel Magionni2
1: Marcelo R. Volf Dalcin Planejamentos e Universidade do Estado de Mato Grosso UNEMAT
[email protected] (66) 3438 1978 1: Diego Sichocki – 2: Universidade do Estado de
Mato Grosso UNEMAT – 3: EMBRAPA
Introdução
Specht et al (1999) afirmam que a soja possui capacidade de produzir 8000 kg ha -1 de
grãos. Com a expansão da cultura da soja e as práticas inadequadas de manejo fitossanitário,
ocorrem perdas que limitam em muito a expressão total do potencial produtivo da soja.
Segundo EMBRAPA (2006) um dos fatores que, mais afetam a produtividade é o manejo
incorreto de doenças devido a utilização inadequada ou não utilização de fungicidas no
combate as doenças.
O fungicida piraclostrobina do grupo das estrobilurinas atua em alguns processos
fisiológicos, promovendo efeitos benéficos às plantas, os benefícios AgCelence. Segundo
Venâncio et al (2003), a utilização desse fungicida promove maior compensação na taxa de
assimilação de carbono pelo fato de ocorrer a inibição da respiração mitocondrial, a taxa de
senescência de folhas também decresce pelo fato da síntese de etileno ser menor em plantas
tratadas. Outro efeito observado por Venâncio et al (2003) é que plantas tratadas com
piraclostrobina produzem maior quantidade de ácido abssícico, hormônio promotor de
crescimento (Taiz e Zeiger, 2004)
Material e Métodos
Este trabalho foi resultado de um ensaios experimental, conduzidos no município de Nova
Xavantina (MT), no período de novembro de 2009 a Março de 2010. O ensaio foi instalado em
uma área cultivada com soja, no Sistema de Plantio Direto por mais de 10 anos, localizada á
14° 87' 91" de latitude, 52° 38' 15" de longitude e 300 m de altitude, sob Latossolo Vermelho
distrófico – LVd (Embrapa, 1999).
O ensaio consistiu de um delineamento de blocos inteiramente casualizados (DIC) sendo
composto por 4 tratamentos representados e caracterizados como Sistemas (ST)
demonstrados e explicados na Tabela 01, As dimensões das parcelas experimentais foram de
5x5 m (25,0 m2) com área útil de 4x4 m (16 m2).
As aplicações foram feitas, utilizando-se pulverizador costal pressurizado com CO2,
acoplado a barra com quatro pontas de pulverização XR 110/02, aplicando-se volume de
calda equivalente a 125 l ha-1.
As avaliações efetuadas constituíram em: stand da cultura, aos 30 DAE (Dias Após a
Emergência) e aos 60 DAE foi avaliado a altura da planta medindo-se, foi feito a coleta de
raízes das plantas de soja, com o auxilio de um cilindro de ferro com dimensões de 0,10m de
diâmetro, 0,10m de altura, aos 30 DAE (Dias Após a Emergência). A medição de clorofila foi
efetuada com o auxílio do medidor de clorofila portátil (clorofilometro clorofiLOG cfl 1030 da
Falker), aos 80 DAE após as aplicações de fungicida, e na maturação fisiológica da cultura foi
efetuado a colheita e produtividade esta corrigida para umidade de 13 %
Os dados obtidos de todas as variáveis analisadas, em cada ensaio, foram submetidos a
analise de variância pelo teste F, e as médias foram comparadas pelo teste de Scott-Knott, a
5% de probabilidade, usando o programa SASM-Agri (Sistema para analise e separação de
médias em experimentação agrícola), versão 8,2 Canteri., et al (2001).
-1Producción Vegetal: Malezas
Tabela 01: Caracterização dos Sistemas, referindo-se aos tratamentos utilizados. Nova Xavantina, MT.
2010.
Sistemas
(ST)
01
02
03
04
Produtos
g.i.a há-1
Época Aplic
Fipronil+Pyraclostrobina+Tiofanato metilico
Pyraclostrobina
Piraclostroina+epoxiconazoli
Fipronil+Pyraclostrobina+Tiofanato metilico
Piraclostroina+epoxiconazoli
Piraclostroina+epoxiconazoli
imidacloprid + tiodicarb
Carbendazin+ thiram
Trifloxistrobin+Triazol
25+2,5+22,5
75
66,5+25
25+2,5+22,5
66,5+25
66,5+25
26,25+78,75
15+35
50+100
TS*
V5**
R1 e R5,1**
TS*
R1 e R5,1**
R1 e R5,1**
TS*
TS*
R1 e R5,1**
*Tratamento de Sementes
**Estádios Fenológicos
Resultados e Discussões
Tabela 2. Stand de plantas de Soja por metro linear aos 7 DAE*, em função dos Sistemas* utilizados.
Nova Xavantina, MT. 2010.
Tratamentos
Sistema 01
Sistema 02
Sistema 03
Sistema 04
C.V
Plantas m-1 L
11,42 a
11,84 a
10,30 b
10,82 b
5,41
Médias seguidas pelas mesmas letras não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Scott Knott a 5% de
probabilidade. CV = coeficiente de variação.*DAE = dias após a aplicação *Caracterizados na Tabela 1.
Os sistemas (ST) 02 e o sistema (ST) 01 aumentaram a emergência das plantas de soja,
porem não diferiram entres si, mas diferiram significamentivamente dos sistema (ST) 04 e 03
os quais não apresentaram diferença entre eles. Resultados semelhantes foram encontrados
por Dan et. al., (2010), onde o tratamento de sementes com Imidacloprid+ thiodicarb, tiveram
resultados de germinação de sementes de soja inferiores ao do Fipronil. Essa avaliação de
stand tem relação direta com o tratamento de semente, que dentro de cada ST teve diferentes
produtos e uma testemunha, sendo que o ST 01 e 02 são representados por Fipronil 25g i.a.
ha-1 + tiofanato metílico 22,5g i.a. ha-1+ piraclostrobina 2,5g i.a. ha-1, e o ST 03 corresponde a
testemunha, ou seja não contendo tratamento de semente, somente inoculação com a
bactéria Bradyrhizobium, e o ST 04 foi utilizado imidacloprid 26,25g i.a. ha-1 + tiodicarb
78,75g i.a. ha-1 associado a carbendazin 15 g i.a. ha-1 +35 thiram g i.a. ha-1 mostrando então
que o Tratamento de Semente (TS), tem interferência direta na emergência e em uma boa
formação inicial da cultura.
Tabela 3. Altura das plantas de soja aos 30 DAE* e aos 60 DAE*, em função dos Sistemas* utilizados.
Nova Xavantina, MT. 2010.
Tratamentos
Sistema 01
Sistema 02
Sistema 03
Sistema 04
C.V
Altura das Plantas
30 DAE* (cm)
23,29 a
23,36 a
20,58 b
22,16 a
4,13 %
Altura de Plantas
60 DAE* (cm)
71,56 a
73,12 a
60,44 c
66,02 b
5,48%
Médias seguidas pelas mesmas letras não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Scott Knott a 5% de
probabilidade. CV = coeficiente de variação.*DAE = dias após a aplicação *Caracterizados na Tabela 1.
-2Producción Vegetal: Malezas
Aos 30 DAE todos os Sistemas que continham TS, sendo ST 01; 02; e 04, Promoveram
acréscimo na Altura das Plantas (AP) diferindo então somente do ST correspondente a
testemunha, ST 03, provando que o TS contendo inseticida e fungicida melhora o
estabelecimento inicial das plantas. Os sistemas 01; 02; e 04 não diferem entre si, isso se
deve por que os produtos utilizados para o TS são compostos por moléculas associadas com
inseticidas e fungicidas, promotores de uma proteção das raízes e da parte aérea das plantas
fazendo com que estas tenham um bom desenvolvimento e formação inicial da cultura. No
entanto resultados encontrados por Pereira et AL., (2009) mostra que o TS somente com
fungicida não promoveu aumento no tamanho das plantas de soja, e ainda houve um
decréscimo do tratamento com tiofanato metílico em relação à testemunha. Já aos 60 DAE o
ST 01 e 02 não diferiram entre si, mas foram diferentes estaticamente do ST 04, o qual
mostrou-se diferente significativamente da testemunha ST 03, isso se deve por que os ST 01
e 02, tem a adição da molécula do ingrediente ativo piraclostrobin que faz parte do sistema
AgCelenceR, (F500). Venâncio et.al(2003) quando utilizou piraclostrobina observou aumento
na taxa de compensação de CO2 e também aumento da síntese de Ácido Abcíssico que é
um hormônio promotor de crescimento(TAIZ & ZEIGER, 2004), provavelmente o maior
crescimento das plantas é devido ao fato da aplicação de piraclostrobina. Esta hipótese
também é levantada por Fagan (2007). No ST 01 (como sendo demonstrado na tabela 01)
teve a adição desta molécula no tratamento de semente e no estádio V5 das plantas com isso
essa molécula estará presente na planta desde a emergência até o momento das avaliações,
porém numericamente o valor é menor, isso porque a aplicação de Piraclostrobina foi
associado a glifosato promovendo assim um leve fitotoxidez, que pode ter gerado um
pequeno atraso no desenvolvimento das plantas. Petter et al., (2007) comprovaram que o
glyphosate em mistura com Chlorpyriphos causou fitotoxidez à cultura da soja. A diferença
que não existia entre o ST 01; 02 e 04 aos 30 DAE, ficou evidente aos 60 DAE que pode ser
explicado devido ao stand do ST 04 ser inferior ao ST 01 e 02 (como mostrado na tabela 02),
sendo assim plantas mais juntas ocasionam um estiolamento das mesmas o que se expressa
em um tamanho maior das plantas. Fernandes (2009), notou um aumento linear na altura de
plantas de trigo em função do aumento de densidade de plantas por metro quadrado.
Tabela 4. Fitomassa Seca das raízes de plantas de soja aos 30 DAE*, em função dos Sistemas*
utilizados. Nova Xavantina, MT. 2010.
Tratamentos
Sistema 01
Sistema 02
Sistema 03
Sistema 04
C.V
FTMS_RZ Kg ha-1
1.315,02 a
1.418,03 a
990,69 b
1.163,16 b
14,58 %
Médias seguidas pelas mesmas letras não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Scott Knott a 5% de
probabilidade. CV = coeficiente de variação.*DAE = dias após a aplicação *Caracterizados na Tabela 1.
A fitomassa seca de raiz mostrou diferença estatística entre os Sistemas, caracterizando o
ST 01 e ST 02 com uma maior quantidade de raiz por hectare, porem, no entanto não se
diferiram, mas foram estatisticamente diferentes do ST 03 e 04 os quais na diferiram entre si,
mostrando que o TS aplicado nos dois sistemas influenciou positivamente, tanto no que diz
respeito a manutenção radicular quanto no incremento de raízes por conta da piraclostrobina,
isso porque quando analisamos os números nota-se que o ST 04 que também tem TS no
tratamento teve um número, que apesar de não diferir estatisticamente, isso pode ser
explicado pelo valor alto do C.V (coeficiente de Variação), 14,58%, do ST 03 que corresponde
a testemunha, superior de raízes chegando até 14,87% de raízes a mais que o ST 03, mas foi
inferior ao ST 01 e 02, que tem o incremento da piraclostrobina, mostrando assim que o
tratamento de semente com esse princípio ativo é benéfico à cultura. Resultados obtidos por
Pereira et al., (2009) mostraram que o TS somente com fungicidas não incrementou no
volume das raízes de plantas de soja, e principalmente o Tratamento com Tiofanato Metilico
resultou em volume inferior ao da testemunha. Segundo Lana et al., (2009) o TS com
Fipronil+Tiofanato Metilico+Pyraclostrobina proporcionaram um acréscimo no índice de massa
-3Producción Vegetal: Malezas
fresca radicular em relação à testemunha e ao TS com Carbendazim + Thiram na cultura da
soja.
Tabela 5. Avaliação de clorofila das folhas de soja, feita no estádio fonológico R5.3, em função dos
Sistemas* utilizados. Nova Xavantina, MT. 2010.
Tratamentos
Sistema 01
Sistema 02
Sistema 03
Sistema 04
C.V
Clorofila
51,22 b
52,32 a
50,69 b
51,03 b
47,16 %
Médias seguidas pelas mesmas letras não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Scott Knott a 5% de
probabilidade. CV = coeficiente de variação.*DAE = dias após a aplicação *Caracterizados na Tabela 1.
Esta avaliação se da pelo índice SPAD (Soil Plant Analisys Development, Wolff e Floss,
2008), através de cálculos da quantidade de luz absorvida pela folha, o aparelho
(clorofilometro clorofiLOG cfl 1030 da Falker) estima um teor relativo de clorofila existente na
folha, (Waskom et al., 1996 apud, Wolff e Floss., 2008). E segundo Castelli et al., (1996);
Argenta et al., (2001) apud Zotarelli et al., (2003) existe uma correlação direta dos índices
com os níveis de Nitrogênio e de clorofila nas plantas de milho. O ST 02 apresentou o maior
índice SPAD, diferindo de todos os outros sistemas, isso se deve por conta deste tratamento
(ST) ter em sua configuração a aplicação de piraclostrobina no tratamento de semente e nos
estádios fenológicos R1 e R5, pois as avaliações foram feitas após asses estádios, isso
porque segundo Argenta et al, (2001) apud Zotarelli et al., (2003), cita que as coletas dos
dados devem ser feitas nos estádio finais da cultura pois no início os resultados não são muito
precisos, tendo então um acúmulo desta molécula na planta por todo o seu ciclo, este ST se
diferiu do ST 01 que também tinha esta configuração, mas com uma aplicação a mais de
Pyraclostrobina em associação com Glifosato em V5, que interferiu no índice SPAD deste
sistema isso por que são dois produtos sistêmicos (piraclostrobin e Glifosato) o glifosato
ocasiona uma leve fitotoxidez à cultura da soja RR, e esta pode ter sido acentuada pela ação
sistêmica da piraclostrobina, então esta diminuiu a clorofila das plantas, fazendo com que a
piraclostrobina não expressasse sua característica, efeito F500, que tem como uma das
funções ativação da Redutase de Nitrato. Isso foi comprovado por Fagan (2007), que
observou um incremento de ate 87% na ativação desta enzima em relação a testemunha e ao
tratamento com Triazol . O ST 01; 03; e 04 não diferiram entre si tendo assim um índice
inferior ao ST 02.
Tabela 6. Produtividade dos grãos de soja, em função dos Sistemas* utilizados. Nova Xavantina, MT.
2010.
Tratamentos
Sistema 01
Sistema 02
Sistema 03
Sistema 04
C.V
Sacas há-1
53,70 a
55,34 a
51,81 b
51,02 b
4,01 %
Médias seguidas pelas mesmas letras não diferem estatisticamente entre si, pelo teste de Scott Knott a 5% de
probabilidade. CV = coeficiente de variação.*DAE = dias após a aplicação *Caracterizados na Tabela 1.
A maior produtividade observada pelo ST 01 e 02 os quais diferiram do ST 03 e 04,
mostram a eficiência destes sistemas, isso pode ser relacionado as avaliações de stand
(Tabela02), Altura (Tabela 03), Fitomassa de Raiz (Tabela 04) e índice SPAD de clorofila
(Tabela 07), as quais mostraram-se estatisticamente na mesma seqüência de Sistemas que a
produtividade. Fagan (2007), comprovou o acréscimo de produtividade com relação aos
efeitos dos produtos a base de piraclostrobina, onde notou que houve um ganho de 4 sacas
há-1 com relação aos tratamentos com tebuconazole e 14 sacas há-1 em comparação com
uma testemunha absoluta.
-4Producción Vegetal: Malezas
Conclusão
O Tratamento de Sementes é extremamente necessário para um bom desenvolvimento da
cultura da soja.
O trabalho mostrou efeito positivo da molécula de piraclostrobina nas variáveis altura de
plantas; clorofila; enraizamento da cultura; produtividade, sendo assim pode-se afirmar o
efeito fisiológico desta molécula.
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-5Producción Vegetal: Malezas
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