O APRENDER PARA ENSINAR - O TRATAMENTO DE
INFORMAÇÃO ATRAVÉS DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA
Inês Rogovski
UnC- Canoinhas
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A Coordenação do curso de Pedagogia da Universidade do Contestado –
Canoinhas, no mês de maio de 2003, implementou o Centro de Desenvolvimento
Infanto-Juvenil. Este centro contempla diversos núcleos dentre eles, o Núcleo de
Estudos em Educação Matemática. O referido Núcleo tem como objetivo principal dar
suporte pedagógico à comunidade acadêmica da área e proporcionar à comunidade em
geral palestras, oficinas e outras atividades relativas ao ensino da Matemática. Nesse
espaço, alunos e professores manipulam e confeccionam materiais didáticos, além de ter
acesso e a uma pequena biblioteca. Participam alunas do curso de Pedagogia. Após
algumas conversas com as participantes, constatamos que a maior dificuldade em sala
de aula era como trabalhar o Tratamento de Informações. Através do Núcleo realizamos
atividades e estudos referente a este tema.
Palavras Chaves: Tratamento de Informação, Interdisciplinaridade.
Introdução.
Os currículos e os programas resultantes das últimas Reformas Educativas
apontam para a inovação nas finalidades e nos objetivos, conteúdos e metodologias, e
na avaliação do ensino-aprendizagem da Matemática. Defendem as conexões entre
tópicos matemáticos, entre várias áreas disciplinares e com o dia-a-dia, numa
perspectiva nacional (sistema educativo) e local (comunidade educativa). Os saberes são
construídos a partir da experiência, da reflexão e da prova; gradualmente, da intuição
até à dedução. Privilegia-se a comunicação e a investigação, não ficando apenas por
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tarefas rotineiras. Em suma, trata-se, também, de adequar a educação escolar à evolução
da sociedade.
O Núcleo de Estudos em Educação Matemática tem por objetivo principal dar
suporte pedagógico à comunidade acadêmica e docente da área e proporcionar à
comunidade em geral palestras, oficinas, minicursos e outras atividades relativas ao
ensino da Matemática. Nesse espaço, alunos e professores podem manipular e
confeccionar materiais didáticos, além de ter acesso a uma pequena biblioteca de
Educação Matemática.
Com a existência do Núcleo de Educação de Matemática, desenvolveu-se um
espaço e recursos adequados ao ensino-aprendizagem da Matemática, realizando aulas
de acordo com as novas tendências educacionais.
O Núcleo é um projeto dinâmico, construído gradualmente e avaliado e revisto
periodicamente por toda a Comunidade envolvida. (professores, alunos do curso de
Pedagogia, alunos das séries iniciais). Desenvolve projetos na área de Educação
Matemática, envolvendo a comunidade a onde está inserida para provocar o
desenvolvimento da mesma.
No ano de 2003, inicialmente organizamos e
estruturamos o núcleo, após
realizamos uma pesquisa entre 10 professores integrantes do núcleo para verificarmos
qual o assunto de maior dificuldade em trabalhar em sala. Foi unânime a escolha do
Tratamento de Informação, então estudamos a proposta e buscamos alternativas de
ensino e aprendizagem para este tema.
Elaboramos um roteiro de leituras tais como: Leitura e discussão dos PCNs,
reflexões sobre o Tratamento de Informação e o por que é importante isso para a
matemática? O que é interdisciplinaridade? Porque Tratamento de Informações e
interdisciplinaridade?
Através de leituras percebemos que a interdisciplinaridade é uma proposta de
apoio aos movimentos da ciência e da pesquisa, é a possibilidade de eliminar a barreira
que existe entre a atividade profissional e a formação escolar, é a condição de
recuperação da unidade pessoal, como podemos sentir na afirmação de JAPIASSÚ: “o
grande desafio não é a reorganização metódica dos estudos e das pesquisas, mas a
tomada de consciência sobre o sentido da presença do homem no mundo” (1976, p.31).
Percebemos que esta necessidade é muitas vezes camuflada por certas realidades
distorcidas. “O verdadeiro espírito interdisciplinar nem sempre é bem compreendido.
Há o perigo de que as práticas interdisciplinares tornem-se ou práticas vazias, produtos
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de um modismo..., ou constituam-se em meras proposições ideológicas, impedindo o
questionamento de problemas reais” (FAZENDA, 1979, p.51-52).
De acordo com PCNs (2001), a finalidade do Tratamento de Informações é fazer
com que o aluno venha construir procedimentos para coletar, organizar, comunicar e
interpretar dados, utilizando tabelas, gráficos e representações que parecem
freqüentemente em seu dia-a-dia.
Para Mendes (2002), a aprendizagem dos conceitos estatísticos desde as séries
iniciais é uma tarefa bastante interessante, pois informações em gráficos e tabelas
aparecem quase todos os dias nos órgãos de circulação de notícias do país, integrando
nosso cotidiano.
A habilidade de organizar e interpretar dados se desenvolve ao longo dos anos e
aprender a trabalhar com informações estatísticas também se desenvolve gradualmente.
Sendo assim, a proposta de começar nos anos iniciais deve ser feita para que os alunos
do ensino fundamental e médio estejam aptos a trabalhar com eles, pois, a formalização
desses conhecimentos torna-se um ponto importante no contexto atual, podendo ser
considerado como um conhecimento essencial para facilitar a compreensão de algumas
situações que se apresentam no dia-a-dia.
Ainda em Mendes (2002), após pesquisa evidenciou-se que muitos professores
de Matemática não ministram os conteúdos de Estatística sugeridos nos Parâmetros
Curriculares Nacionais, por desconhecerem como ensiná-los.
Em vista disto, concordamos com Moore (1997), para quem o ato de ensinar é
uma arte, deduzindo que o bom ensino é baseado na aprendizagem do professor e não
apenas no seu conhecimento sobre o assunto que ensina, mas também sobre como
ensinar.
Esses conhecimentos não são independentes e nem podem ser dissociados, pois
da sua integração conjunta depende a atuação bem sucedida do professor. Além de
necessitar do conhecimento específico sobre o tratamento de informações em si,
também precisa saber como ensiná-la e isso inclui saber como relacionar observações
do mundo real com representações (tabelas, gráficos) e também como trabalhar com
representações gráficas, desenhos, organizações de tabelas.
Nesse sentido, trabalhar de forma interdisciplinar é considerado relevante por
vários autores da área, dentre eles Scheaffer (1990) citado por MENDES (2002). O
autor sugere que o trabalho com os alunos deve ter problemas interdisciplinares reais
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para terem experiências consistentes de aprendizagem, sugerindo ainda que as soluções
sejam representadas numérica, gráfica e verbalmente.
Após as leituras, realizamos pequenos ensaios com temas interdisciplinares no
grupo, tais como: condições de moradia, educação e lazer, realizamos as tabulações e
desenvolvemos diversas atividades(aulas).
Esperamos com isso poder apresentar nossa contribuição para auxiliar na
definição de práticas pedagógicas a serem utilizadas no ensino do Tratamento de
Informação, de forma de levar os alunos do ensino fundamental a desenvolverem
gradativamente um pensamento estatístico.
REFERÊNCIAS
FAZENDA, I. C. A - Interação e Interdisciplinaridade no Ensino Brasileiro. São Paulo:
Edições Loyola, 1979.
BRASIL, MEC. Secretaria de Educação Média e Tecnológica. Parâmetros Curriculares
Nacionais: Matemática. Brasília: 2001
JAPIASSÚ, H. Interdisciplinaridade e Patologia do saber. Rio de Janeiro: Imago, 1976.
MENDES, C.Entrelaçando saberes: contribuições para a formação de professores e
as práticas escolares. Florianópolis: Insular, 2002.
MOORE, D.S., New pedagogy and new content: the case os statistics. International
Statistical Review, 65(2), 1997, 123-165.
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